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Universidade Federal de Goiás – Regional Goiás Docente: Eduardo Gonçalves Discente: Raiana Lopes Matrícula: 146342 Resenha- Um Defeito de Cor, Ana Maria Gonçalves Ambientado num dos momentos mais vergonhosos e cruéis de nosso país, temos um romance narrado pela perspectiva de uma mulher negra durante o período de escravidão, que conheceu desde cedo os horrores de uma vida cercada por violência. Ainda em sua cidade natal, Savalu, viu soldados matarem seu irmão, além de estuprarem e também matarem sua mãe. Após o episódio muda-se, juntamente com sua avó e sua irmã gêmea, para Uidá a fim de fugir destes horrores. Já na nova cidade, mas uma vez Kehinde viu-se golpeada pelo destino, ela, juntamente com a irmã gêmea Taiwo foram capturadas a fim de serem traficadas para o Brasil para se tornarem escravas, e sua avó acaba por juntar-se a elas. A princípio, as duas garotas serviriam para serem dadas de presente, devido a sua condição de serem gêmeas e pela tradição davam sorte. Tal fato deu tranquilidade a ela, visto que pela crença de alguns escravos eles virariam “carneiros”, para alimentar os humanos, que apreciavam o sabor da sua carne. Havia ainda alguns escravos de origem mulçumana que foram enganados para acharem que estavam indo em direção a Meca. No caminho para o Brasil temos a visão de uma situação agoniante, cruel e devastadora contada narrada pelos olhos inocentes de uma criança. O modo como a personagem conta do tratamento recebido dentro de um navio carregado de escravos traz um desespero que não se pode explicar. A maneira desumana como eram tratados os escravos mostra a crueldade humana para com seus semelhantes. No trajeto, a garota se vê totalmente sozinha após perder a avó e a irmã, que morreram devido à falta de alimentação, maus tratos e as doenças que eram fatos frequentes na travessia de escravos. Ao chegar ao Brasil, Kehinde desembarca na Ilha dos Frades, onde fica maravilhada pelo ambiente. Nessa ilha, juntamente com outros escravos, passa um tempo até que melhorem sua imagem a fim de ficarem mais apresentáveis para a venda. Após essa temporada na ilha, foram para a cidade de São Salvador, aonde viriam a ficar em um barracão até que fossem comprados. Ao chegar a tal lugar, Kehinde se depara com a triste realidade de quem está no barracão há muito tempo e não foi escolhido. Porém este não é seu destino, já no segundo dia ela é comprada por um senhor chamado José Carlos de Almeida Carvalho Gama. Agora Kehinde era Luisa Gama. A mudança de nome era procedimento padrão na chegada dos escravos, eram batizados para que deixassem de ser pagãos e adotavam o sobrenome de seus donos. Mesmo não sendo batizada na chegada, Kehinde adotou o nome dado a outra escrava que a acompanhou durante a viagem. Quando chega a propriedade de seu dono, é apresentada a outras escravas, que lhe ensinam as regras da casa. Uma delas fala a Luisa que a mesma havia sido comprada para servir de dama de companhia para a filha do senhor José Carlos. Logo na chegada a garota é advertida que não poderá mais se comunicar usando sua língua, terá de aprender o português; além de não mais poder praticar sua religião, apenas a religião de seus donos. Dessa maneira tem-se retirada além de sua preciosa liberdade, seu direito a culto e idioma. Incontáveis violações marcam, de maneira brusca, cruel e irreparável, a vida da personagem até este trecho da história. Ao ler as páginas deste livro, pode-se sentir um pouco mais próximo do que representou o período da escravidão, tanto para os escravos como para o mundo. Leituras como essa são de extrema importância para que nos tornemos mais sensíveis a tais situações, lutando sempre para que ela não se repita e não permitir que permaneçam resquícios dela em nossa realidade.
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