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HISTORIA 2017 2 AULA 11 REGIME MILITAR aluno

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AULA 11 O DIREITO NO BRASIL NO PÓS-2ª GUERRA MUNDIAL: A IMPLANTAÇÃO DO REGIME MILITAR-TECNOCRÁTICO - A BUSCA PELA INSTITUCIONALIZAÇÃO
CONTEXTO POLÍTICO BRASIL
1945 – EURICO GASPAR DUTRA ELEITO PRESIDENTE
Sindicatos vistos como braço do comunismo
Governo retaliou sindicatos
PCB foi cassado (cancelado registro partidário) por ato do TSE 
1961 – JANEIRO A AGOSTO – JANIO QUADROS ELEITO PRESIDENTE
Jânio condecorou com Grã-Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, Ernesto Che Guevara
Porém, Jânio não era simpático da esquerda
Política de austeridade com congelamento de salários, restrição ao crédito e combate à especulação desagrada setores influentes
Proibiu o biquíni nos concursos de miss, proibiu as rinhas de galo e o lança-perfume em bailes de carnaval 
1961 – AGOSTO - JOÃO GOULART (JANGO) VICE-PRESIDENTE ASSUME PRESIDÊNCIA
Fortaleceu movimentos sindicais, estudantis, camponeses e populares
Aproximou o Brasil da URSS
Essa política preocupou a classe burguesa do Brasil e investidores estadunidenses
EUA influenciam no Brasil (Filme O dia que durou 21 anos – Flávio e Camilo Tavares)
1964 – 31 DE MARÇO – GOLPE MILITAR
Início da Decretação dos Atos Institucionais
AI 1
Suspendeu garantias Vitaliciedade e Estabilidade
Possibilidade de suspensão direitos políticos por 10 anos, com cassação de mandatos legislativos 
Censura à imprensa, movimentos culturais e sociais
Institucionalização da tortura 
Repressão aos opositores 
Razões de ordem econômica e política que demarcam o contexto de crise do governo populista de Jango e o Golpe Militar de 1964. Fatores econômicos (inflação e descontrole das contas públicas) e políticos levaram a um grande descontentamento de vários grupos da sociedade brasileira, refletindo o desgaste intenso do populismo como forma de exercício do poder, desde a morte de Getúlio Vargas.
 A intervenção militar, neste sentido, não deve ser entendida como um ato à revelia de forças políticas importantes, pois, no momento do golpe, teve adesões de grande parte da classe política e também de significativa parte da classe média. 
“Com efeito, o governo de Jango não caiu por seus defeitos... ele foi derrubado por suas virtudes. Essencialmente porque representava uma ameaça inadmissível para as classes dominantes. Quem viveu aqueles últimos meses de tensão recordará tanto a animosidade e o ódio que se alastraram por toda a casta de privilegiados contra o governo nacionalista e sindicalista, como o entusiástico apoio popular ao governo trabalhista e reformista”. (Darcy Ribeiro, Folha de São Paulo, 30/03/1982).
O Golpe Militar e  sua correlação com a Guerra Fria e com a Revolução Cubana
Neste ponto é importante compreender que os acontecimentos no Brasil, além dos fatores internos, correlacionam-se com a Revolução Cubana e com a Guerra Fria. Por isso, o tão propalado apoio americano à ação militar deve-se em grande parte a uma defesa dos interesses geopolíticos americanos na região. 
O golpe militar de 1964 iniciou mais de duas décadas de ditadura e foi saudado por grande parte do empresariado, da imprensa, dos proprietários rurais, da Igreja católica. Vários governadores de estados importantes e amplos setores de classe média pediram e estimularam a intervenção militar, como forma de pôr fim à ameaça de esquerdização do governo e de controlar a crise econômica. 
O golpe também foi recebido com alívio pelo governo norte-americano, satisfeito de ver que o Brasil não seguia o mesmo caminho de Cuba, onde a guerrilha liderada por Fidel Castro havia conseguido tomar o poder. 
Substituindo o populismo decadente pela ditadura que dizia ter a missão de estabilizar o país, acabando com a corrupção e subversão, o que vimos nesses 20 anos porém, foi a opressão, o aumento da dependência econômica e o crescimento da dívida externa.
Nos primeiros dias após o golpe, uma violenta repressão atingiu os setores politicamente mais mobilizados à esquerda). Milhares de pessoas foram presas de modo irregular, e a ocorrência de casos de tortura foi comum, especialmente no Nordeste. O líder comunista Gregório Bezerra, por exemplo, foi amarrado e arrastado pelas ruas de Recife.
Os grupos militares e a liderança do movimento
No final de 1968, a ditadura enfrentava enorme isolamento. As manifestações estudantis daquele ano haviam reduzido a quase zero o apoio do regime militar na classe média. As greves de Osasco e de Contagem, bem como a articulação do Movimento Intersindical contra o Arrocho, sinalizavam a retomada das lutas operárias, enquanto a oposição política, agrupada na Frente Ampla e no MDB, tornava-se mais crítica. 
Mas as coisa não estavam tranquilas, nem entre os militares. Tão logo se concretizou o Golpe, caracterizou-se a ruptura na unidade do movimento entre os militares, com a formação de dois grupos distintos: O primeiro, que lidera os primeiros momentos do Golpe, denominado "Grupo da Sorbonne", tinha inclinações "democrático-conservadoras", acreditando que seria necessário purificar o país contra as forças populistas e comunistas, para, então, devolver o poder aos civis. O segundo grupo, denominado “Grupo da Linha-Dura”, defendia total dureza contra qualquer força opositora, entendendo que a democracia não era algo possível naquele momento histórico. É o pendular domínio desses grupos que explica as diversas etapas do período da ditadura militar.
O isolamento acabou favorecendo o crescimento, dentro das Forças Armadas, da chamada “linha dura”, que passou a defender o fechamento político completo e a agir de forma cada vez mais audaciosa, chegando ao ponto de planejar uma série de atentados terroristas contra a população, com o objetivo de lançar a culpa na esquerda e forçar o fechamento político (episódio Para-Sar). (Franklin Martins – jornalista)
Os atos institucionais como atos de exceção
Os atos institucionais, (assim chamados, pois não previstos pela Constituição de 1946), tiveram a pretensão de dar suporte jurídico ao Golpe e, por via de consequência, à ditadura. Por terem se sobreposto à Constituição de 1946, devem ser entendidos como atos de natureza  “supraconstitucional”, o que, dentro do ponto de vista técnico-jurídico, não possui a menor sustentação. Neste sentido, apenas a força do regime pôde respaldar a efetividade de tais atos.
São uma invenção do governo militar que não estava prevista na Constituição de 1946 nem possuía fundamentação jurídica. Esses dispositivos não tinham qualquer fundamentação jurídica e davam poder quase absoluto ao Executivo. Eles justificavam e tornavam legal qualquer arbitrariedade cometida pelo governo. 
O AI-1 - concedia aos militares o direito de cassar os mandatos de deputados e suspender os direitos políticos de qualquer cidadão por dez anos. 
O AI-2 – Em27 de outubro de 1965 extinguiu todos os partidos políticos. O povo não tinha mais o direito de eleger o presidente, que agora podia decretar estado de sítio por 180 dias sem precisar consultar o Congresso. 
O AI-3 - Em 5 de fevereiro de 1966, acabou com as eleições diretas para governador e prefeito, cargos seriam ocupados por pessoas escolhidas pelos militares. 
O AI-4 - Em 7 de dezembro, convocou o Congresso a discutir, votar e promulgar uma nova Constituição que incluísse todas as determinações dos atos institucionais, atos complementares e decretos-leis anteriores. 
A Constituição de 1967 como tentativa de se restabelecer a ordem constitucional
A sexta Constituição brasileira foi outorgada em 24 de janeiro de 1967 e posta em vigor em 15 de março do mesmo ano. A forma federalista do Estado foi mantida, todavia com maior expansão da União. 
A Constituição de 1967, mesmo tendo por primeira tarefa a de normalizar a ordem constitucional, também tinha por pretensão institucionalizar e legalizar o regime militar, aumentando a influência do Poder Executivo sobre o Legislativo e Judiciário, de forma a criar uma hierarquia constitucional centralizadora que, por via de consequência, mitiga o alcance do federalismo. Neste sentido, e para estes fins,conferiu somente ao Executivo o poder de legislar em matéria de segurança e orçamento; estabeleceu eleições indiretas para presidente, com mandato de cinco anos; estabeleceu a pena de morte para crimes de segurança nacional; restringiu o direito de greve; ampliou o papel da Justiça Militar, entre outras medidas.
Na separação dos poderes foi dada maior ênfase ao Executivo que passou a ser eleito indiretamente por um colégio eleitoral, mantendo-se as linhas básicas dos demais poderes, Legislativo e Judiciário. Alterou-se a estrutura do processo legislativo, surgindo o regime da legislação delegada e dos decretos-leis. ... “A Constituição de 1967 sofreu diversas emendas, porém, diante de diversos atos institucionais e complementares, cogitou-se de uma unificação do seu texto. Até então haviam sido promulgados dezessete atos institucionais e setenta e três atos complementares. 
Em 17.10.1969 foi promulgada a Emenda N.º 1 à Constituição de 1967, combinando com o espírito dos atos institucionais elaborados. A Constituição de 1967 recebeu ao todo vinte e sete emendas, até que fosse promulgada a nova Constituição de 5-10-1988, que restaurou as liberdades públicas no País.” (Pinto Ferreira, Curso de D.Constitucional, Saraiva,9.ª ed.p.62).
Comparada com a Constituição de 1946 a Constituição de 24 de janeiro de 1967 apresenta graves retrocessos:
a) suprimiu a liberdade de publicação de livros e periódicos ao afirmar que não seriam tolerados os que fossem considerados (a juízo do governo) como de propaganda de subversão da ordem - art. 150 8º);
b) restringiu o direito de reunião facultando à policia o poder de designar o local para ela. 
c) estabeleceu o foro militar para os civis na mesma linha da emenda constitucional ditada pelo Ato institucional n.º 2, art. 122. 1º. 
d) criou a pena de suspensão dos direitos políticos, declarada pelo Supremo Tribunal Federal, para aquele que abusasse dos direitos políticos ou dos direitos de manifestação do pensamento, exercício de trabalho ou profissão, reunião e associação, para atentar contra a ordem democrática ou praticar a corrupção - art. 151. (Essa competência punitiva do Supremo era desconhecida pelo Direito Constitucional brasileiro);
e) manteve todas as punições, exclusões e marginalizações políticas decretadas sob a égide dos Atos Institucionais.
AULA 12 - AI-5 - GOLPE DENTRO DO GOLPE
ANTECEDENTES HISTÓRICOS
Estava acontecendo uma grande onda de protestos nas principais cidades do país, a maioria organizada por estudantes. Greves em Osasco (SP) e em Contagem (MG) mexeram com a economia nacional. Formou-se a Frente Ampla, uma aliança entre Jango, Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda contra o regime. O estudante secundarista Édson Luís morreu no Rio de Janeiro, por causa de um desentendimento em um restaurante, o que originou confrontos entre policiais e estudantes. O movimento estudantil, juntamente com a Igreja e setores da sociedade civil, promoveu a Passeata dos Cem Mil, a maior mobilização pública contra o regime militar.
Depois disso, o deputado Márcio Moreira Alves, do MDB, convocou a população a não participar das festividades do dia 7 de setembro de 1968.
Sob o pretexto de que o deputado Márcio Moreira Alves (MDB-GB) pronunciara um discurso ofensivo ao Exército, exigiu da Câmara licença para que ele fosse processado - na prática, a cassação de seu mandato. Diante da negativa da Câmara, o marechal Costa e Silva editou o AI-5 - o golpe dentro do golpe, o regime da ditadura sem freios. Desencadeou-se feroz repressão política em todo o país, com a supressão de todas as liberdades democráticas e a institucionalização da tortura contra os opositores do governo. O Congresso foi fechado e dezenas de parlamentares, cassados. O Supremo Tribunal Federal sofreu intervenção, com o afastamento de vários ministros. A censura instalou-se em todas as redações de jornais.
O AI-5 - o mais radical, de 13 de dezembro de 1967. O presidente podia intervir nos estados e nos municípios sem respeitar os limites impostos pela constituição, cassar qualquer mandato eletivo, confiscar os bens de quem ele julgasse que tivesse enriquecido ilicitamente e suspender a garantia de habeas corpus de qualquer um. Naquele mesmo dia, o Congresso entrou em recesso forçoso por tempo indeterminado. Imediatamente, diversos jornalistas e políticos contrários ao governo foram presos, inclusive Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda.
Era o mais abrangente e autoritário de todos os outros atos institucionais, e na prática revogou os dispositivos constitucionais de 67, além de reforçar os poderes discricionários do regime militar. A partir desta data, a repressão política não teria mais freios. O AI-5 só foi revogado em 1979, no governo do general Ernesto Geisel.
O exercício do poder pela chamada linha dura em pleno ano de 1968 ficou conhecido como "o ano que não acabou" e o Ato Institucional nº 5 inaugurou os chamados "anos de chumbo".
O AI-5, instrumento que deu ao regime poderes quase absolutos e foi a expressão mais acabada da ditadura militar brasileira (1964-1985). Tendo  vigorado até dezembro de 1978, expressou o instrumento "legal" que tinha por pretensão dar sustentação jurídica ao período mais duro do regime, proporcionando poder de exceção aos governantes para punir, arbitrariamente, os que fossem inimigos do regime ou como tal considerados. 
Esta a razão pela qual muitos consideram que a Emenda Constitucional nº5 à Constituição de 1967 teria estabelecido uma nova Constituição. 
É importante ressaltar que a Emenda Constitucional nº 5, ao desfigurar pontos essenciais da Constituição de 1967, principalmente no que toca aos direitos e garantias fundamentais - ponto crucial de qualquer constituição -, reduziu em grau elevado seu alcance, sendo que, para alguns importantes historiadores e constitucionalistas, acabou por estabelecer uma nova Constituição, esta sim, mais adequada à visão da nova classe dirigente (a vertente militar de linha-dura). 
O ano de 1968, "o ano que não acabou", ficou marcado não apenas na história do Brasil, mas na história mundial como um momento de grande contestação nos âmbitos da política e da cultura. Se no mundo inteiro os jovens, por intermédio do lema “é proibido proibir”, lutavam  contra a política tradicional, e, principalmente, por novas liberdades; no Brasil, o movimento se associou a um combate mais organizado contra o regime ditatorial. Por outro lado, a "linha dura", submetida por uma linha mais intelectualizada no início do Golpe, passava, a partir de então, à liderança do processo, sofisticando, progressivamente, os métodos de repressão contra qualquer oposição ao regime.
O “milagre econômico”
Entre 1968 e 1973 o país experimentou um rápido, desenvolvimento econômico. O PIB cresceu, em termos médios, de 3,7% de 1962 a 1967 para 11,3% nos anos de 1968 a 1974, sendo a indústria o principal responsável por esse boom, expandindo-se a taxas de 12,6% anuais. A inflação atingiu os menores índices desde os anos 50 (Baer, 1996). Porém, a concentração de renda aumentou significativamente em relação aos períodos anteriores. 
O crescimento econômico caracterizou-se pela grande participação do Estado na economia em vários pontos da cadeia produtiva de diversos setores industriais. As estatais de aço, mineração e produtos petroquímicos representavam quase 80% da capacidade geradora de energia do país. 
O Governo Médici e o Endurecimento da Ditadura
Convivem, ao mesmo tempo, o “milagre econômico” e os instrumentos de intensa repressão, entre eles o uso da tortura. São famosos os “porões da ditadura” que, a serviço do Estado, promoveram a tortura e o assassinato no interior de delegacias e presídios pelo país. 
Ao mesmo tempo, no que se refere à liberdade de expressão, a repressão aos órgãos de imprensa e a censura aos movimentos artísticos-culturais foi dura e contínua, dificultando a denúncia das arbitrariedades que se espalhavam pelo país. 
Ainda, observa-se, no governo Médici, o uso intensivo dos meios de comunicaçãopara criar uma visão positiva do regime, sendo que a campanha publicitária oficial, ufanista e nacionalista, divulgava o discurso político da época, utilizando-se de palavras de ordem que ficaram famosas no período, tal como, “Brasil, ame ou deixe-o” ou “Este é um país que vai para frente”.
Distensão: uma saída digna para o regime
O denominado processo de "distensão", iniciado por Ernesto Geisel e continuado por João Figueiredo, como uma "saída" para que as Forças Armadas se retirassem dignamente do poder. 
Por intermédio da adoção de um conjunto de medidas políticas liberalizantes, cuidadosamente controladas pelo regime, foram tomadas medidas tais como a suspensão parcial da censura prévia aos meios de comunicação e a revogação gradativa de alguns dos mecanismos mais explícitos de coerção legal presentes no conjunto das leis em vigor, que cerceavam as liberdades públicas e democráticas e os direitos individuais e constitucionais.
AULA 13 - O DECLÍNIO DO REGIME MILITAR E A TRANSIÇÃO DEMOCRÁTICA
O reencontro do caminho democrático só começou com Anistia, alcançada em 1979. Isto porque foi justamente a Anistia que acabou com os efeitos de todas essas medidas ditatoriais.
Anistia nem tão ampla geral e irrestrita. Mas é o começo do Fim!
A Lei da anistia, que foi promulgada pelo último presidente militar, João Batista de Figueiredo em de 28 de agosto de 1979.
Em seu Artigo. 1º dispõe que: 
“Art. 1° - É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 02 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou conexo com estes, crimes eleitorais, aos que tiveram seus direitos políticos suspensos e aos servidores da Administração Direta e Indireta, de fundações vinculadas ao poder público, aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciário, aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais, punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (vetado). 
§ 1º - Consideram-se conexos, para efeito deste artigo, os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes políticos ou praticados por motivação política.  
A lei é clara quando se tratava de não anistiar os acusados de terrorismo: “§ 2º Excetuam-se dos benefícios da anistia os que foram condenados pela prática de crimes de terrorismo, assalto, sequestro e atentado pessoal.”.
O crescimento da oposição nas eleições de 1978 acelera a abertura política. O episódio mais grave é um malsucedido atentado terrorista promovido por militares no centro de convenções do Riocentro, no Rio, em 30 de abril de 1981. 
A crise econômica se aprofunda e mergulha o Brasil na inflação e na recessão. Crescem os partidos de oposição, fortalecem-se os sindicatos e as entidades de classe.
 As "Diretas já" e a efetiva participação popular pela reconstrução democrática
Desde o final de 1983 se iniciou um movimento para a realização de eleições diretas para Presidente da República no Brasil, que pretendia ampliar a ideia de redemocratização.
 No ano anterior, os governadores estaduais haviam sido eleitos pelo voto direto. 
Em 1984 esse movimento se ampliou e envolveu diversos partidos políticos e várias entidades da sociedade civil, apoiando uma Emenda Constitucional que possibilitaria as eleições presidenciais.
Neste ano de 1984 , o país assistiu a manifestações em todas as cidades e capitais da população expressando seu repúdio às eleições indiretas e exigindo o voto direto para presidente. 
A maior manifestação , realizada em São Paulo, reuniu aproximadamente 1,7 milhão de pessoas. 
O movimento "Diretas já" significou uma mobilização popular sem precedentes no contexto de reconstrução democrática. Neste sentido cabe ressaltar o protagonismo exercido por alguns personagens políticos (entre eles, Ulisses Guimarães, Tancredo Neves e Dante de Oliveira), mas, principalmente, a ampla e intensa participação popular em todo país, em apoio ao movimento.
 A ausência de sucesso imediato da proposta, com a rejeição de emenda constitucional que viabilizaria a realização de eleições diretas em 1985, não afasta o valor simbólico do movimento, ao estabelecer a esperança na possibilidade de construção  de uma tradição verdadeiramente democrática no país.
Rejeitada a Emenda Dante de Oliveira, em 25 de abril de 1984, que previa eleição direta para presidente e vice-presidente da República, a eleição do primeiro civil após o período de exceção se deu ainda indiretamente, por meio de um colégio eleitoral, em 15 de janeiro de 1985. 
Finalmente, em 15 de maio de 1985, a Emenda Constitucional nº 25 alterou dispositivos da Constituição Federal e estabeleceu outras normas constitucionais de caráter transitório, restabelecendo eleições diretas para presidente e vice-presidente da República, em dois turnos, eleições para deputado federal e senador para o Distrito Federal, eleições diretas para prefeito e vice-prefeito das capitais dos estados, dos municípios considerados de interesse da segurança nacional e das estâncias hidrominerais, aboliu a fidelidade partidária e revogou o artigo que previa a adoção do sistema distrital misto. 
TEMPOS DE ABERTURA - A retomada do processo democrático
Em 1986 foram realizadas eleições para os governos dos Estados e para o Congresso que se constituiria como Assembleia Nacional Constituinte.
Os embates ideológicos estabelecidos por uma Assembleia Constituinte que exercia concomitantemente as tarefas constituinte e legislativa ordinária, e dividida entre uma vertente de viés esquerdista e outra de viés  conservador de direita, determinou o que costuma-se chamar de constituição eclética. 
Isto porque não havia um fio condutor ideológico, de maneira que temos dispositivos completamente antagônicos em razão da divergência que existia entre os parlamentares. 
De qualquer modo, é importante ressaltar o papel do chamado Centro Democrático mais conhecido como “Centrão”, de cunho conservador, que, obtendo maioria congressual, teve importante  papel em questões cruciais. Porém, também  um fenômeno positivo e de grande relevância foi a participação da sociedade por meio de diversos grupos de pressão organizados (lobbies) com o propósito de influenciar as decisões dos constituintes, na direção de interesses específicos.
A Assembleia Constituinte iniciou seus trabalhos em 1º de fevereiro de 1987 e depois de um longo período de debates e de elaboração do texto constitucional, a nova Carta foi promulgada em 5 de outubro de 1988. Apesar de muito criticada por incorporar em seu texto assuntos que não pertenceriam ao âmbito das questões constitucionais, ela refletiu os avanços ocorridos no Brasil, especialmente na extensão dos direitos sociais e políticos a todos os cidadãos e às “minorias”.
A Constituição Cidadã  e suas características
Dentre as características mais significativas da Constituição de 1988, também denominada como Constituição cidadã, devem ser ressaltadas o amplo rol de direitos fundamentais, cuja posição no corpo da Constituição bem indica sua importância no contexto da Carta, e que contemplam uma larga gama de direitos e garantias (liberdades, direitos sociais, direitos difusos, direitos de minorias etc..). Deve-se apontar, igualmente, para a maior potencialidade para o exercício amplo da democracia, inclusive com o direito ao voto para escolha do ocupante do cargo de Presidente da República.
Em relação às Constituições anteriores, a Constituição de 1988 representa um avanço. As modificações mais significativas foram:
 Direito de voto para os analfabetos;
 Voto facultativo para jovens entre 16 e 18 anos;
 Redução do mandato do presidente de 5 para 4 anos;
 Eleições em dois turnos (para os cargos de presidente, governadores e prefeitos de cidades com mais de 200 mil habitantes);
 Os direitos trabalhistas passaram a ser aplicados, além de aos trabalhadores urbanos e rurais, também aos domésticos;
 Direito a greve;
 Liberdade sindical;
Diminuição da jornada de trabalho de 48 para 44 horas semanais;
Licença maternidadede 120 dias (sendo atualmente discutida a ampliação).
 Licença paternidade de 5 dias;
 Abono de férias;
Décimo terceiro salário para os aposentados;
 Seguro desemprego;
Férias remuneradas com acréscimo de 1/3 do salário
As emendas populares
O Regimento da Assembleia Nacional Constituinte acolheu o pedido do Plenário Nacional Pró-Participação Popular na Constituinte e admitiu a iniciativa de emendas populares. Por essa via, a população obtinha o direito a uma participação mais direta na elaboração constituinte.
Porém, como ponto por muitos considerados negativo, a Carta de 1988 é chamada de analítica por ser extensa e cuidar de forma pormenorizada de matérias que são tradicionalmente da competência do legislador ordinário, o que gera uma constante necessidade de emendas.
 
O movimento dos "caras-pintadas" e a queda de Collor pela via jurídico-institucional
Considerado um momento emblemático da história do país. Isto porque a queda do ex- Presidente Fernando Collor pelas vias legais não apenas demonstra o aprimoramento das instituições, mas também o amadurecimento da democracia brasileira, e o rompimento com as soluções golpistas. 
É importante visualizar que o processo de impeachment sofrido pelo ex-Presidente teve como agente catalisador o movimento dos caras-pintadas, movimento estudantil realizado no decorrer dos meses de agosto e setembro de 1992, e que contou com a adesão de milhares de jovens em todo o país. O nome "caras-pintadas" referiu-se à principal forma de expressão, símbolo do movimento: as cores verde e amarelo pintadas no rosto.
 
 O plebiscito de 1993 e a definição e a opção pelo Presidencialismo republicano
Previsto pela Constituição de 1988 e realizado em  de 21 de abril de 1993, o Plebiscito acabou estabelecendo de maneira definitiva a forma e o sistema de governo no Brasil. Isto porque a Constituição deu poderes ao povo, para que, por intermédio da vontade da maioria, pudesse este escolher como forma de governo entre a monarquia parlamentar ou a república; e, como sistema de governo, entre o parlamentarismo ou Presidencialismo. 
Na ocasião, a maior parte do povo brasileiro optou por manter a forma republicana e o sistema presidencialista, consolidando uma tradição cristalizada durante o século anterior.

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