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Notas de aula de Mecânica dos Solos Prof. André P. Lima pág. 1 de 17 1. Introdução a Mecânica dos Solos (PARTE II) 1.1. A Crosta Terrestre (Revisão de conceitos básicos da Geologia): 1.1.1. Definição A Terra é um planeta aproximadamente esférico, com 6370km de raio no Equador. A estrutura interna da Terra pode ser representada por 3 camadas distintas: a crosta ou litosfera, o manto e o núcleo. A Crosta possui uma espessura de até 120km. É a parte mais externa da Terra, parcial ou totalmente consolidada. O Manto é constituído por material rico em ferro e possui uma espessura em torno de 2900km. E, finalmente, o núcleo, é constituído por níquel e ferro e possui uma espessura de aproximadamente 3300km. O globo terrestre é formado por camadas sucessivas cuja densidade decresce a partir do centro, como indica a Figura 1. (δ = 2,7 – 3,0) (δ = 3,3 – 6,7) (δ = 9 – 12) Figura 1 – Estrutura Interna da Terra. A evolução da Terra é o resultado do embate de forças da natureza, que se manifestam na Dinâmica Interna (vulcões, terremotos, etc.) e na Dinâmica Externa (erosão, sedimentação, etc.), através de forças destrutivas e criativas da natureza. Enquanto os processos da Dinâmica Externa tendem a nivelar a superfície do planeta, pelos fenômenos de erosão e sedimentação, os processos da Dinâmica Interna originam novos relevos e depressões, com a formação de cadeias montanhosas, planaltos, etc. 1.1.2. Constituição: A crosta é constituída fundamentalmente de 2 partes distintas: o Sial, que é a parte mais externa, composta principalmente de silício e alumínio, representado por rochas de constituição granítica, e pelo Sima, que é a camada subjacente ao Sial e cuja composição é silício e magnésio, Notas de aula de Mecânica dos Solos Prof. André P. Lima pág. 2 de 17 representada por rochas basálticas. A espessura do Sial é variável, podendo atingir 50km nas áreas continentais, e praticamente zero sob os mares e oceanos (Figura 2). Figura 2 – A Crosta da Terra. A parte mais superficial da Crosta está representada por rochas, que são agregados naturais de um ou mais minerais. As rochas são divididas em três tipos principais, de acordo com sua gênese: magmáticas, sedimentares ou metamórficas. A composição da crosta da Terra é aproximadamente a mesma das rochas magmáticas. Em volume, as rochas magmáticas ocupam aproximadamente 95% do volume total da Crosta, sendo o restante coberto por rochas sedimentares. Rochas Magmáticas: São aquelas resultantes da solidificação de uma lava vulcânica. As rochas ígneas podem ser classificadas em: a) Extrusivas: são resultantes da solidificação de uma lava na superfície. Ex.: basalto, riolito. b) Intrusivas: são aquelas originadas pela solidificação de uma lava vulcânica no interior da crosta. Ex.: gabro, granito. Exemplos de Rochas Ígneas ou Magmáticas: o granito, o basalto e a pedra-pomes. Rochas Sedimentares: São rochas resultantes da consolidação de sedimentos, ou seja, partículas minerais provenientes da desagregação e do transporte de rochas preexistentes, ou da precipitação química, ou ainda, de ação biogênica. São elas (95%): folhelhos, arenitos e calcários (estes usados para fabricação de cimento Portland) – Tabela 1. São rochas brandas pois apresentam baixas resistências mecânicas. Notas de aula de Mecânica dos Solos Prof. André P. Lima pág. 3 de 17 Tabela 1 – Rochas Sedimentares: Sedimento de Origem Rocha Sedimentar Areia Grossa Arenito Conchas Calcário Argila Folhelho Silte Siltito Rochas Metamórficas: São rochas derivadas de rochas ígneas, sedimentares ou mesmo metamórficas que sofrem transformação na composição mineralógica, na estrutura e na textura, em resposta às novas condições físico-químicas que diferem das que prevaleciam durante sua formação (Figura 3). As principais mudanças observadas nas rochas são: substituição dos minerais originais por minerais metamórficos novos, devido a reações químicas (mudança de fase), e recristalização de minerais, produzindo novas texturas, tais como a orientação dos minerais lamelares em ardósias ou progressivo aumento de granulometria de calcário para mármore (mudanças texturais). Esses tipos de mudanças podem ocorrer simultaneamente ou mais ou menos independentemente, conforme a causa do metamorfismo ou tipo de rocha envolvida. Figura 3 – Processo de Formação de Rochas Metamórficas. Notas de aula de Mecânica dos Solos Prof. André P. Lima pág. 4 de 17 Exemplos de Rochas Metamórficas: ARDÓSIAS – Rochas de granulação muito fina de minerais praticamente imperceptíveis a olho nu. São produzidas em áreas onde sedimentos argilosos sofreram grande pressão. As cores mais comuns são: cinza-azulado ou preto, existindo verde, amarelo e vermelho. QUARTZITO - É uma rocha derivada do metamorfismo do arenito. MÁRMORE - Provém do calcário ou dolomito. A cor é bastante variável, podendo ser branca, rósea, esverdeada, cinza ou preta. GNAISSES - São rochas de granulação mais grosseira e mais dura que as anteriores. Apresentam uma orientação muito nítida dos minerais presentes (Figura 9), os quais por vezes se agrupam formando bandas ou faixas alternadas e tons claros e escuros. A estrutura é designada bandeada ou gnáissica. 1.1.3. Resumo sobre os tipos de Rochas: As rochas são classificadas tradicionalmente em três categorias por sua gênese: ígneas; sedimentares e metamórficas (Figura 4). As rochas ígneas são definidas como as que são formadas por meio do resfriamento de magmas, sendo consideradas como rochas primárias, ou seja, origem líquida. A energia formadora das rochas ígneas de magmas é o calor interno da Terra. O resfriamento dos magmas pode ocorrer tanto na superfície quanto no interior da Terra. As rochas sedimentares são definidas como as que são formadas por meio da sedimentação ou decantação de materiais na superfície da Terra. Normalmente existem rochas originais que foram desagregadas, decompostas e transportadas, e esses materiais foram levados até o local de sedimentação. Neste sentido, as rochas sedimentares são consideradas secundárias, origem sólida. A energia formadora das rochas sedimentares é fundamentalmente solar e química. O local de formação é especificamente a superfície da Terra. As rochas metamórficas são definidas como as que se formam por meio da transformação de rochas originais sob altas temperaturas e pressões do interior da Terra. As rochas originais podem ser tanto ígneas, sedimentares quanto metamórficas. Neste sentido, as rochas metamórficas são classificadas como as secundárias, também de origem sólida. A energia formadora das rochas metamórficas é térmica e mecânica da parte interna da Terra, e o local de formação é especificamente o interior do planeta. Notas de aula de Mecânica dos Solos Prof. André P. Lima pág. 5 de 17 Figura 4 – Tipos de Rochas. 1.2. Origem e Formação dos Solos: 1.2.1. Introdução: ? Solo: Material presente na crosta terrestre, apresentando-se nas 3 fases físicas: FASE SÓLIDA = minerais (primários e secundários) FASE LÍQUIDA = Água FASE GASOSA = Ar Do ponto de vista da engenharia civil, pode-se definir solo como sendo um materialpresente na crosta terrestre apresentando-se em três fases: sólida, líquida e gasosa que pode ser usado como material de construção ou elemento de suporte para obras de engenharia, podendo ainda ser escavado, arrimado e perfurado. Os Minerais: • Conceito: Mineral é uma substância sólida natural, inorgânica e homogênea, que possui composição química definida e estrutura atômica característica. Os minerais são os elementos constituintes das rochas, logo, o conhecimento dos minerais implica o conhecimento das rochas. Notas de aula de Mecânica dos Solos Prof. André P. Lima pág. 6 de 17 Os minerais se formam por cristalização, a partir de líquidos magmáticos ou soluções termais, pela recristalização em estado sólido ou, ainda, como produto de reações químicas entre sólidos e líquidos. Alguns minerais são amorfos, não têm forma própria, por não apresentarem estrutura interna definida. Minerais não amorfos ocorrem como cristais, que são corpos com forma geométrica, limitados por faces, arranjadas de maneira regular e relacionadas com a orientação da estrutura atômica. • Propriedades Físicas e Morfológicas: As propriedades que mais interessam no estudo de um mineral são as seguintes: Propriedades Físicas: Dureza, traço, brilho, cor, clivagem, fratura, tenacidade, flexibilidade, peso específico; Propriedades Morfológicas: Hábito; • Minerais mais comuns das rochas: Na Tabela 2, estão relacionados os dezenove minerais, que são os mais comumente encontrados em rochas. Tabela 2 – Minerais mais comuns em rochas: 1. Quartzo 6. Zircão 11. Topázio 16. Amianto 2. Feldspato 7. Magnetita 12. Calcita 17. Talco 3. Mica 8. Hematita 13. Dolomita 18. Zeólita 4. Anfibólios 9. Pirita 14. Caolim 19. Fluorita 5. Piroxênios 10. Turmalina 15. Clorita • Ocorrência de alguns dos minerais mais comuns das rochas: ? Quartzo (SiO2): nas rochas ígneas, em granitos e pegmatitos; nas rochas metamórficas, em quartzitos, micaxisto, gnaisses; nas rochas sedimentares, em arenitos, siltitos, conglomerados. É um dos minerais mais abundantes na crosta terrestre. É usado na fabricação de lentes e vidro. ? Feldspatos: os feldspatos ocorrem em quase todos os tipos de rochas ígneas e nas metamórficas. São mais raros nas rochas sedimentares, porque se decompõem em argila e caolim; ? Micas: em granitos, pegmatitos, gnaisses, mica-xistos, filitos; ? Piroxênios: em rochas ígneas. Porém são comuns em rochas metamórficas, como gnaisses, anfibolitos e mármores; ? Zircão (ZrSiO4): em rochas ígneas, metamórficas ou sedimentares; Notas de aula de Mecânica dos Solos Prof. André P. Lima pág. 7 de 17 ? Magnetita (Fe3O4): em rochas ígneas e metamórficas; ? Hematita (Fe3O3): em gnaisses e xistos cristalinos; ? Pirita (FeS2): em rochas ígneas, metamórficas e sedimentares; ? Calcita (CaCO3): é o mineral formador de calcáreos e mármores; ? Dolomita (CaMg(CO3)2): É semelhante à calcita; ? Caolim (H4Al2Si2O9): rochas sedimentares e ígneas decompostas; ? Clorita (Si4O10)Mg3(OH)2.Mg3(OH)6: rochas que tenham minerais ferromagnesianos; 1.2.2. Origem dos Solos: Todo solo tem sua origem na decomposição e desintegração de rochas, que constituíam inicialmente a crosta terrestre, por intemperismo químico (decomposição química) ou físico (desintegração mecânica), podendo ainda ter adição eventual de matéria orgânica. ? Intemperismo: processos físicos, químicos e biológicos (que acontecem simultaneamente) pelos quais a rocha se decompõe para formar o solo. Pode ser: • Intemperismo Químico: processo de decomposição das rochas através de alterações químicas e mineralógicas dos seus componentes. Agente: Água (principal) → reações químicas (hidrólise, hidratação, carbonatação) → transformação dos minerais primários em secundários. Processos Químicos do Intemperismo: Praticamente todos os processos dependem da presença da água. A hidratação, isto é, a absorção superficial de água abre caminho para as reações químicas mais complexas, muitas das quais ocorrem simultâneamente. Os processos químicos mais importantes são: a) Hidrólise – Talvez o mais importante dos processos químicos. É a reação entre os íons do mineral e o H+ e (OH) da água. As pequenas dimensões do H+ permitem-no entrar no mineral e substituir os cátions existentes. b) Oxidação e Redução – Perda (ou ganho) de elétrons trocados por cátions. A maioria dos processos importantes de oxidação dependem do oxigênio dissolvido na água. Exemplo: Oxidação da Pirita 2Fe S2 + 2H2O + 702----> 2 Fe SO4 + 2H2 SO4 Hidrólise: Fe SO4 + 2.H2O ---> Fe (OH)2 + H2SO4 − Oxidação de Fe (OH)² 4 Fe (OH)2 + O2 + 2H2O ---> 4 Fe (OH)3 2 Fe (OH)3 ----> Fe2 O3 . N H2O (limonita) Notas de aula de Mecânica dos Solos Prof. André P. Lima pág. 8 de 17 c) Carbonatação – Combinação de Íons de carbonato ou bicarbonato com materiais terrosos. O CO² atmosférico é a fonte de íons. Exemplo: Carbonatação do calcáreo dolomítico Ca Mg (CO3)2 +2 CO2 + 2H2O) ---> Ca (HCO3) 2 + Mg(HCO3)2 d) Remoção de Íons Metálicos e) Troca de cations • Intemperismo Físico: processo de decomposição da rocha sem a alteração química dos seus componentes. Ocasiona o fraturamento (leva ao aumento da superfície exposta ao intemperismo, aumentando a possibilidade de reataque físico ou químico) ou desintegração das rochas por mecanismos físicos. Agentes: Temperatura (dilatação diferencial → fraturas em minerais com diferentes propriedades térmicas), Congelamento das Águas, Espécies Vegetais (ação física). Processos Físicos do Intemperismo - São considerados os que causam destruição “in situ” das rochas sem modificação química 5 processos são importantes: a) Descarregamento – Quando a pressão efetiva confinante decresce por elevação da rocha, erosão ou variação nas pressões de fluido, fissuras e juntas se formam, podendo se estender até centenas ( e até milhares) de metros abaixo da superfície. A esfoliação, que frequentemente ocorre em abertura de túneis e escavações em rocha, é um resultado do alívio de tensões. b) Expansão e contração térmica – Causa desenvolvimento de planos de fraqueza e em certos casos, até fratura completa da rocha. Em regiões desérticas, grandes variações de temperatura do dia para a noite podem ser o agente físico principal do intemperismo. c) Crescimento de cristais e ação do gelo – Pressão de cristalização de sais e de congelamento da água em rochas saturadas pode ser um fator importante de desintegração de rochas. Muitos depósitos de talus foram formados por ação de gelo. d) Contração de material coloidal – pode exercer tensões de tração nas superfícies com as quais estejam em contato. e) Atividade Orgânica – Crescimento de raízes em fraturas existentes é um fator importante.. A atividade de insetos, roedores, etc, pode causar grandes alterações na zona intemperizada. O Intemperismo físico abre caminho para os agentes químicos e aumenta a superfície específica disponível a seu ataque. Notas de aula de Mecânica dos Solos Prof. André P. Lima pág. 9 de 17 • Intemperismo Biológico: decomposição das rochas por ação de vegetais, animais ou homem. ? Fatores que influenciam o Intemperismo: a) Clima: Clima tropical = predominância do intemperismo químico (mais chuvas); Clima árido = predominância do intemperismo físico; Clima temperado= equilíbrio do intemperismo químico e físico; b) Topografia: Maiores declives → maiores efeitos de enxurradas e ação da gravidade; Formações Rochosas → influenciam o regime de chuvas; c) Tipo de rocha: Influenciam na resistência ao intemperismo devido a presença de falhas, fraturas e porosidade, além da composição mineralógica da rocha. Ex: GRANITO: QUARTZO + FELDSPATO + MICA d) Vegetação: protege o solo e rochas subjacentes; Resumindo: O clima e o material original controlam a velocidade de intemperização. A topografia influi no clima e também a velocidade de erosão, a profundidade de solo depositado e o tempo disponível para a intemperização do material “in situ” antes de sua remoção. O clima determina a quantidade de água presente, a temperatura e as características da cobertura vegetal (e, portanto, dos fatores biológicos). Para uma certa precipitação pluvial, o intemperismo químico avança mais rápido em climas quentes que nos frios. Para uma certa temperatura, havendo drenagem franca da zona intemperizada, o intemperismo é mais rápido em clima úmido do que no seco. Ataque físico (areia) Ataque químico (argilas) Ataque físico e químico (lâminas de mica ou argilas) Notas de aula de Mecânica dos Solos Prof. André P. Lima pág. 10 de 17 A profundidade do lençol d'água influencia o intemperismo através da profundidade na qual o ar está disponível em forma de gás ou dissolvido na água, e do tipo de atividade biológica. O NA atual pode diferir muito do que existia ao tempo da formação do solo. O tipo de chuva é importante. Chuva forte e curta erode e escoa. Chuva fina e duradoura encharca e favorece a lixiviação. Nos primeiros estágios do intemperismo e formação do solo, a natureza do material original é muito mais importante que após longo período de intenso intemperismo. Embora até os solos mais velhos guardem ainda algumas características da rocha matriz, o clima acaba por se tornar o fator mais importante nos solos residuais. Dos minerais que formam as rochas ígneas, somente o quartzo e (menos) a muscovita (mica clara) têm durabilidade química suficiente para sobreviver a longos períodos de intemperismo. ? Produtos do Intemperismo: ? Minerais não alterados Ou altamente resistentes ou expostos há pouco tempo. ? Minerais novos – mais estáveis, com a mesma estruturados minerais anteriores. ? Minerais novos – de forma similar aos anteriores mas com estrutura interna modificada. ? Produtos dos minerais alterados – no local da alteração ou transportado a outro ponto: minerais argílicos, cátions e ânions dissolvidos, precipitados, “gels” coloidais de Al2 O3 e SiO2 e zeolitos (silicatos hidratados de cálcio, sódio e alumínio). Notas de aula de Mecânica dos Solos Prof. André P. Lima pág. 11 de 17 1.2.3. Classificação dos solos quanto à sua origem: Os solos, em sua formação, podem permanecer ou não no seu local de origem, sendo classificados em função de sua permanência ou transporte por diversos tipos de agentes, como solos residuais ou transportados. a) Solo Residual: produto do intemperismo de rochas que permanece no local de sua formação (ver Figura 5). Figura 5. Perfil Completo de um Solo Residual Ex. de Perfil de Intemperismo de Rocha ígnea (granito): Notas de aula de Mecânica dos Solos Prof. André P. Lima pág. 12 de 17 Figura 6. Escavação em Solo Residual. Notas de aula de Mecânica dos Solos Prof. André P. Lima pág. 13 de 17 b) Solo Transportado (ou Sedimentar): aquele que sofre ação de agentes transportadores e se acumulam em local diferente do de sua origem. São classificados conforme o tipo de agente transportador (Tabela 3). Tabela 3. Tipos de Solos Sedimentares: Solo Sedimentar Agente Transportador Eólico (ex. Dunas) Vento Glacial Geleiras Pluvial Água das chuvas Fluvial (Aluvião, seixos rolados de grãos arred.) Água dos rios Marítimo (piso marinho) Água dos mares Aterro (mecânico/hidráulico) “Lixúvio” (lixo lançado nas encostas) Homem Solo coluvionar ou colúvio (fração fina) + Tálus (fração grossa; pé das escarpas rochosas) – Fig. 02 Gravidade Em resumo, têm-se: • Coluviais ou Tálus = transporte se dá pela ação da gravidade (escorregamento, erosão superficial). Detritos se depositam ao pé de elevações e encostas. Figura 6. Exemplo de Solo Coluvionar. Solo Coluvionar Talude Notas de aula de Mecânica dos Solos Prof. André P. Lima pág. 14 de 17 • Aluviais (Fluviais ou Pluviais) = detritos se depositam nas margens e leitos dos rios, pela ação de transporte dos cursos d’água. A Deposição em rios resulta de redução da velocidade causada por: − decréscimo da declividade − resistência ao escoamento − redução da vazão − descarga em águas mais calmas (lago, mar) As partículas sedimentam, a superfície do terreno alteia e a corrente muda de curso. Acaba por haver um leque a partir do ponto de redução da velocidade. Em estágio posteriores o rio ocupa apenas pequena calha inserida no leque. Ocorrendo enchentes, o rio se espalha e deposita, principalmente areia e cascalho, nas zonas de profundidade de água menor. Formam-se diques naturais. Em lagos e, mais comumente, em mares, ocorre a floculação da argila em ambiente distinto ao do rio, acelerando a sedimentação. • Eólicos = transporte pela ação dos ventos. Ex.: Dunas das praias litorâneas e “Loess” (não identificado no Brasil). Depósitos Eólios: O vento erode areia e silte em geral, carreando o material bastante acima do terreno (principalmente silte, transportado a grandes distâncias). É o único agente que transporta colina acima (contra a gravidade). Transporte de areia “aos saltos”, em velocidade pequena de alteração da topografia, é a principal atividade eólica. A deposição ocorre por redução na velocidade do vento, em geral em regiões abrigadas de desertos. Dunas (areias) e loesses (siltes) são os principais tipos de depósitos eólios. • Glaciais = transporte pela ação do gelo. ? Sedimentos Marinhos: Em águas rasas, a deposição de ondas ocorre quando a intensidade da turbulência diminui devido a: − período de águas calmas, ou − correntes de retorno em direção e águas relativamente mais calmas. Tipos principais de depósitos marinhos: − areia de praia − solos finos em lagoas e zonas planas sujeitas a marés Na plataforma continental (30% da área de terra), os depósitos são originários do continente: areias, siltes, argilas. Notas de aula de Mecânica dos Solos Prof. André P. Lima pág. 15 de 17 Observar que durante a última glaciação terminada há 10.000/12.000 anos, o nível do mar baixou cerca de 100m. A geologia da plataforma é semelhante à do continente, e os solos têm propriedades comparáveis. As águas profundas (ou abissais) correspondem a regiões com depósitos de origem terrestre e aquática (restos de plantas, esqueletos de animais, conchas, etc.) c) Solos Orgânicos: particularidade de solo transportado. Ocorrem principalmente, em depressões continentais e baixadas de rios e litorâneas, pelo acúmulo de restos vegetais e animais. Sãoaltamente compressíveis. Quando ricos em matéria orgânica vegetal e apresentam consistência fibrosa são chamados de Turfa (cor escura, forte odor). Observação: Erosão, transporte e Deposição Rios, correntes marinhas, ondas, vento, gravidade, geleiras estão sempre transportando solo, cada um causando modificações físicas marcantes no sedimento. Partículas pequenas em fluxo laminar, têm uma velocidade de sedimentação proporcional ao quadrado do diâmetro. Partículas grandes em escoamento turbulento, tem velocidade de sedimentação proporcional à raiz quadrada do diâmetro. As partículas ficam em suspensão enquanto a turbulência da corrente é maior que a velocidade de sedimentação. As partículas maiores não ficam em suspensão, mas podem ser arrastadas pelo agente transportador ao longo da superfície do terreno. Partículas intermediárias podem avançar aos saltos. Materiais solúveis são carregados sem dissolução e precisam posteriormente se as condições se alteram. Assim, a concentração do sedimento não é constante com a profundidade da corrente. Pode ser, aproximadamente, para as partículas pequenas, mas as grandes se acumulam próximo ao fundo. Para a erosão, é necessário que a força de arraste do fluido exceda a resistência de origem gravitacional, coesiva e friccional da partícula. Para o transporte, menores velocidades médias são necessárias (embora seja de se notar que as velocidades junto às fronteiras são inferiores às velocidades médias). O transporte provoca separação de partículas em grupos diferentes diâmetros no sedimento: ou em camadas (ou lentes) ou em variação longitudinal (partículas mais finas avançam mais longe do ponto de origem). Grãos esféricos sedimentam mais rápido que os não-esféricos. Grãos mais densos também. Variações sazonais da velocidade da corrente podem tornar a seleção natural de diâmetros muito complexa. O fato da calha da corrente variar também complica muito o processo Notas de aula de Mecânica dos Solos Prof. André P. Lima pág. 16 de 17 de deposição. A abrasão afeta o tamanho e a forma das partículas grandes e apenas a forma das areias e partículas menores, (grãos de areia são arredondados e polidos pela ação da água). Os minerais são afetados diferentemente pelo transporte. Os feldspato, por exemplo, são decompostos quimicamente, enquanto o quartzo é muito menos afetado ( e só mecanicamente). Efeito do Transporte no Sedimento Água Ar Gelo Gravidade Tamanho Redução por dissolução, pequena abrasão em suspensão; alguma abrasão e impacto no arraste. Redução considerável Considerável desgaste e impacto Impacto considerável Forma e rugosidade Arredondamento de areia e cascalho Alto grau de arredondamento Partículas angulares e achatadas Partículas angulares, não- esféricas Textura superficial Areia: lisa, polida, brilhante silte: efeito pequena Impacto produz superfície c/ rugosidade fina Superfícies estriadas Superfícies estriadas Seleção de granulometria Considerável Grande (longitudinal) Muito pequena Nenhuma Notas de aula de Mecânica dos Solos Prof. André P. Lima pág. 17 de 17 EXERCÍCIOS ORIGEM DOS SOLOS ALUNO (A): _________________________________________________ 1. Cite três problemas de engenharia estudados e resolvidos pela mecânica dos solos, comentando os campos de ação. 2. Descreva, de maneira sucinta, os processos de formação rocha-solo. Comente a possibilidade de em um perfil de solo encontrarmos uma camada de solo residual sobrejacente a uma camada de solo sedimentar. 3. Com relação à formação dos solos, como eles podem ser classificados. Descreva resumidamente. 4. Defina: i) Solo residual jovem; ii) Solo residual maduro; iii) Tálus; 5. Por que o solo residual possui diferentes camadas? Desenhe esquematicamente o perfil de um solo residual. 6. Distingue intemperismo físico de químico, citando os mecanismos / agentes relacionados a estes processos. 7. Fale sobre a influência do agente de transporte na formação de solos sedimentares. 8. O que você entende por minerais primários? E por minerais secundários? 9. Descreva um perfil típico de solo residual, citando as principais características de cada horizonte. Como deve variar a resistência à compressão simples de um solo residual ao longo de seu perfil de intemperismo? Em um determinado local você acharia possível encontrar uma camada de solo residual sobreposta a uma camada de solo sedimentar?
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