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Resumo Penal II

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Resumo Penal II
Ação Penal
Ação, seja ela civil ou penal, é um direito subjetivo público de se invocar do Estado a sua tutela jurisdicional, a fim de que decida sobre determinado fato trazido ao seu crivo, trazendo de volta a paz social ao julgar o caso.
A ação penal condenatória busca apontar o autor da prática ilícita, fazendo com que o Poder Judiciário analise os fatos por ele cometidos, que deverão ser claramente narrados na peça inicial de acusação, para que, ao final, se for condenado, seja aplicada uma pena justa.
Para que o Estado possa conhecer e julgar a pretensão, é preciso que o autor preencha determinados requisitos, sem os quais a ação não conseguirá alcançar sua finalidade. Eles são
Legitimidade das partes: o titular da ação penal pode ser tanto o Ministério Público, acusador oficial, ou o particular. Por outro lado, legitimado passivo será aquele em face do qual se propõe a ação, atribuindo-lhe a prática de uma infração penal.
Interesse de agir: decorre da necessidade que possui o titular da ação de recorrer ao Estado para que este, se for o caso, condene o réu pela sua prática. Em outras palavras, consiste no interesse em obter o provimento solicitado, fazendo necessário o exercício da jurisdição penal.
Possibilidade jurídica do pedido: consiste na formulação de pretensão que, em tese, exista na ordem jurídica como possível, ou seja, que a ordem brasileira preveja a providência pretendida pelo interessado.
Justa causa: significa a necessidade de um lastro probatório mínimo, ou seja, indícios de autoria. É necessário que haja alguma prova, ainda que leve. Se faltar justa causa, a denúncia ou queixa será rejeitada.
A ação penal pode ser pública ou privada. Na realidade, em regra, toda ação é pública, salvo quando a lei expressamente a declara como privativa do ofendido.
Ação penal pública: pode ser a) incondicionada ou b) condicionada a representação do ofendido ou a requisição do Ministro da Justiça.
Incondicionada: é a ação que penal que não exige qualquer condição para ser iniciada pelo MP. É a regra geral das ações penais como assevera o artigo 100, CP.
Condicionada: pode ser que a lei exija que se escute o ofendido no sentido de esclarecer sua vontade, a fim de que o MP possa aduzir em juízo sua pretensão penal.
Da mesma forma que a representação do ofendido, a requisição do Ministro da Justiça também pode ser condição de procedibilidade, permitindo ao MP que dê início à ação penal. 
A ação penal pública obedece a alguns princípios:
Obrigatoriedade ou legalidade: o MP tem o dever de dar início à ação penal desde que o fato seja, pelo menos em tese, típico, ilícito e culpável, além dos pré-requisitos necessários.
Oficialidade: significa que a ação penal de inciativa pública deve ser procedida por órgão oficial, qual seja, o MP, obedecendo ao art. 129, I, CF.
Indisponibilidade: é vedado ao MP desistir da ação penal por ele iniciada.
Indivisibilidade: em caso de infrações penais cometidas em concurso de pessoas, todos aqueles que para elas concorreram devem receber o mesmo tratamento, o MP não pode escolher a quem acionar. Esse princípio é uma consequência lógica da obrigatoriedade.
Intranscedência: a ação penal só deve atingir aqueles que praticaram a infração penal.
Ação penal privada: é aquela em que o direito de acusar pertence, exclusiva ou subsidiariamente, ao ofendido ou a quem tenha qualidade de representa-lo. Pode ser a) privada propriamente dita ou b) privada subsidiária da pública.
Privada propriamente dita: são aquelas promovidas mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representa-lo. Decorrem de situações que interessam mais intimamente ao interessado do que propriamente ao Estado.
Privada subsidiária da pública: se apresenta tanto na legislação penal – art. 100, §3º, CP e art. 29, CPP – como na Constituição – art. 5º, LIX (o que faz dela uma cláusula pétrea). Com esses dispositivos, se o MP, por inércia sua, deixar de oferecer denúncia no prazo legal, abre-se ao particular a possibilidade de, substituindo-o, oferecer sua queixa-crime, dando-se, assim, início à ação penal.
OBS: o MP pode abrir denúncia, não abrir ou pedir o arquivamento do inquérito. O pedido de arquivamento é feito ao juiz, que caso discorde do pedido, pode reencaminhá-lo à chefia do MP para exame. Esta, se entender que o inquérito é passível de denúncia, irá indicar alguém para fazê-la; ou caso entenda que o MP determinou o arquivamento acertadamente, obrigará o juiz a determina-lo de vez.
OBS²: ação privada personalíssima
Assim como a pública, a ação de penal de iniciativa privada obedece a alguns princípios. São eles: a) oportunidade, b) disponibilidade, c) indivisibilidade, d) Intranscedência.
Oportunidade: confere ao titular da ação penal o direito de julgar da conveniência ou inconveniência quanto à propositura da ação penal, no sentido de promove-la ou não de acordo com seus próprios critérios.
Disponibilidade: mesmo depois da sua propositura, o particular pode dispor da ação penal, a exemplo do que ocorre com a perempção.
Indivisibilidade: a vítima não pode escolher a quem processar, sua ação penal deve se dirigir a todos os autores.
Intranscedência: a ação penal não pode transcender a pessoa do criminoso.
Concurso de crimes
Se caracteriza pela prática de uma pluralidade de delitos por uma só pessoa, ou por várias pessoas unidas por um vínculo psicológico. O Código Penal, antevendo a possibilidade de o agente praticar vários delitos, regulou o tema relativo ao concurso de crimes por intermédio dos seus artigos 69, 70 e 781, que preveem, respectivamente, o concurso material (real), o concurso formal (ideal) e o crime continuado.
Concurso material ou real de crimes (art. 69): o concurso material surge quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes que tenham entre si uma relação de contexto, ou em que ocorra conexão (art. 76, CPP) ou a continência (art. 77, CPP) cujos fatos criminosos poderão ser analisados em um mesmo processo, quando, ao final, se comprovados, farão com que o agente seja condenado pelos diversos delitos que cometeu, ocasião na qual, o juiz cumulará materialmente as penas de cada infração penal por ele levada a efeito. Com isso, o juiz deverá encontrar, isoladamente, a pena correspondente a cada delito e soma-las, sendo ainda possível a unificação no caso de o resultado da soma ser maior que 30 anos (limite máximo de cumprimento de pena, art. 75, CP).
No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e detenção, executa-se aquela primeiro (art.69).
O concurso material pode ainda ser homogêneo (crimes idênticos) ou heterogêneo (crimes diferentes).
Concurso formal (art. 70): foi criado com o objetivo de se beneficiar o agente que, com uma só ação ou omissão, praticou um ou mais delitos. Pode ser dividido em formal próprio (perfeito) ou impróprio (imperfeito):
Perfeito: hipótese em que a conduta do agente for culposa para todas as infrações cometidas, ou que a conduta era dolosa mas o resultado aberrante é culposo. Aplica-se a pena mais grave, ou só uma delas no caso de concurso homogêneo, ambas aumentadas de 1/6 até a metade.
Imperfeito: caso em que o agente atua com desígnios autônomos, ou seja, querendo, dolosamente, a produção dos diversos resultados. Nesse caso, a regra será do cúmulo material.
OBS: o julgador deverá aferir se, efetivamente, a regre do concurso formal está beneficiando o agente, caso contrário, deverá aplicar o cúmulo material (art. 70, § único).
Crime continuado (art. 71): deverá ser aplicado sempre que beneficiar o agente, devendo-se desprezá-lo quando for prejudicial. De acordo com o dispositivo penal, é quando o agente comete uma pluralidade de delitos de mesma espécie, através de diversas ações, com condições de tempo, lugar, maneira, ou seja, uma relação de contexto entre eles; de forma que as diversas infrações penais são reunidas e consideradas fictamente como um delito único. Com isso, o agente deverá cumprir a pena mais grave, ouuma delas em caso e crimes iguais, aumentada de 1/6 a 2/3; ou ainda, em caso de crime cometido com violência ou grave ameaça, poderá ser aumentada até o triplo.
OBS: a doutrina e a jurisprudência variam quanto ao entendimento dos requisitos necessários para se classificar o crime continuado. Existem os requisitos objetivos, apresentados no artigo, e os subjetivos, que seria a unidade de desígnio.
OBS²: assim como no concurso formal, aqui também deve ser analisado se a pena aplicada na hipótese de crime continuado beneficia o agente. Se isto não ocorrer, deverá ser aplicado o cúmulo material das penas (art. 71, § único).
OBS³: em termos de prescrição, deverão ser analisadas as penas aplicadas para cada infração isoladamente, ou seja, deve-se analisar a pena aplicada devido às regras do concurso, e sim cada uma individualmente.
 Crimes aberrantes
Erro na execução (aberratio ictus) (art. 73): não é erro no sentido de desconhecimento da realidade, o agente sabe exatamente aquilo que está acontecendo. Contudo, por um desvio no golpe ou por uma aberração no ataque, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa. Em outras palavras, ele dirige a conduta contra a vítima visada, mas a execução sai errada e a vontade criminosa vai concretizar-se em pessoa diferente. O erro surge na execução da vontade.
É um erro de pessoa para pessoa, de forma que o agente pode somente atingir aquela contra a qual não estava dirigindo a sua conduta ou mesmo produzir um duplo resultado. Na primeira hipótese, deve-se aplicar a regra do erro sobre a pessoa (art.20, §3º), de modo que o agente responderá como se efetivamente tivesse cometido o crime contra a vítima pretendida. Na segunda hipótese, aplica-se a regra do concurso formal de crimes (art. 70).
Além disso, somente se poderá falar em erro na execução se o resultado for proveniente de culpa, afastando-se o erro na hipótese de dolo, seja ele direto ou eventual.
Resultado diverso do pretendido (aberratio delicti) (art. 74): de acordo com a regra do artigo, se o erro for de coisa para pessoa, se houver um resultado único, devemos desprezar o dolo inicial do agente, que era de causar dano, e o responsabilizaremos pelo resultado por ele produzido a título de culpa. Numa situação inversa, quando o erro varia de pessoa para coisa, embora tenha o agente errado a pessoa que pretendia ofender, atingindo uma coisa, o agente deverá pelo seu dolo, em modalidade tentada.
Se o agente vier a acertar a pessoa, mas além disso acertar também alguma coisa, só responderá pelo crime cometido contra a primeira. No entanto, se além de causar o dano vier a atingir uma pessoa, será a plicada a regra do concurso formal de crimes.
Em qualquer um dos casos em que haja mais de um resultado, deverá ser observada a regra do concurso material benéfico.
Aplicação da pena
Ela é dividida em três fases, de acordo com o art. 68. Inicialmente, deverá o julgador encontrar a chamada pena-base, sobre a qual incidirão os demais cálculos, devendo para isso analisar as circunstâncias judiciais apresentadas no artigo 59.
Em seguida, serão consideradas a circunstâncias atenuantes e agravantes (arts. 61 e 65). Aqui, há uma ampla discussão sobre a possibilidade de se reduzir a pena aquém do mínimo, que para a maioria dos autores não seria possível.
O terceiro momento da aplicação da pena diz respeito as causas de aumento e diminuição da pena. Essas causa diferem das circunstâncias atenuantes e agravantes pelo fato de terem o seu quantum de redução e aumento sempre fornecido em frações pela lei, a exemplo do §4º do art. 121.
São 8 os requisitos da pena base previsto no art. 59:
Culpabilidade: se refere ao grau de reprovabilidade e censurabilidade do ato, ou seja, a gravidade do crime.
Antecedentes: diz respeito ao histórico criminal do agente que não se preste para efeitos de reincidência, ou seja, sentenças que transitaram em julgado, após o cometimento do crime pelo qual o agente está sendo condenado.
Conduta social: refere-se ao comportamento do agente perante a sociedade. Verifica-se o seu relacionamento com seus pares, procura-se descobrir o seu temperamento, se calmo ou agressivo, se possui algum vício, enfim, tenta-se saber como é o seu comportamento social, que poderá ou não ter influenciado no cometimento da infração penal.
Personalidade do agente: é possível afirmar que o julgador não possui capacidade técnica necessária para a aferição de personalidade do agente, o que somente poderia ser analisado por profissionais da saúde. Além disso, esse requisito representa uma fuga ao fato.
Motivos: são as razões que antecederam e levaram o agente a cometer a infração penal. O Código Penal muitas vezes valora o aumento ou diminuição da pena devido aos motivos, de forma que o julgador deve-se atentar para não considera-los, negativa ou positivamente, mais de uma vez, sob pena de incorrer no chamado bis in idem.
Circunstâncias: são elementos que facilitam a execução do crime por parte do autor (como o local e o relacionamento entre agente e vítima) e que, por isso, podem aumentar sua pena.
Consequências do crime: leva em conta os prejuízos trazidos á vítima ou a terceiros em decorrência do ato criminoso.
Comportamento da vítima: deve-se analisar se seu comportamento no caso concreto influenciou, em seu prejuízo, a prática da infração penal pelo agente.
Circunstâncias atenuantes e agravantes: são dados periféricos que gravitam ao redor da figura típica e têm por finalidade diminuir ou aumentar a pena. Ao contrário do que ocorre com as causas de aumento e diminuição, aqui, o Código Penal não fornece um quantum para fins de atenuação ou agravação da pena, de forma que deve ser usado o critério da razoabilidade para aplicá-la.
Circunstâncias agravantes: Inicialmente, deve ser observada a ressalva contida no artigo 61, que assevera serem circunstâncias que agravam a pena aquelas por ele elencadas, desde que não constituam ou qualifiquem o crime. Dessa forma, evita a lei penal o chamado bis in idem, quer dizer, que por um mesmo fato ou idêntica situação o agente seja punido duas vezes. Também merece destaque o fato de que o rol das circunstâncias agravantes é taxativo, não pode ser ampliado, sob pena de se ferir o princípio da reserva legal. As circunstâncias agravantes estão enumeradas nos artigos 61 e 62. Dentre elas, cabe destaque para:
Reincidência: parte de nossos doutrinadores entende que a reincidência não poderia ser consideradas para efeitos de agravar a pena aplicada ao sentenciado, uma vez que este estaria sendo punido duas vezes pelo mesmo crime. O art. 63 do CP diz verificar-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
 O art. 64 estabelece que a condenação anterior não prevalecerá se entre a data de cumprimento ou de extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido um tempo superior a cinco anos. Para fins de contagem desse prazo, quando ao condenado tiver sido concedida a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional, o início da contagem do prazo de 5 anos ocorrerá a partir da data da audiência admonitória ou da cerimônia do livramento condicional, desde que não revogada a medida e declarada a extinção da pena.
Ter o agente cometido o crime por motivo fútil ou torpe: motivo fútil é aquele motivo insignificante, gritantemente desproporcional. Torpe é o motivo abjeto, vil, que nos causa repugnância, pois atenta contra os mais basilares princípios éticos e morais.
OBS: antecedentes e reincidência: na primeira hipótese, o agente está sendo condenado por crime que cometeu antes dos demais que já transitaram em julgado. Na segunda, o agente comete um primeiro crime, que transita em julgado, e na sequência comete um segundo.
Circunstâncias atenuantes (art. 65): ao contrário dos arts. 61 e 62, que preveem circunstâncias agravantes, o rol disposto no artigo 65 não é taxativo, uma vez queo artigo 66 diz que a pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei. Dentre elas, cabe destaque:
Ter o agente cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral: valor social é que atende mais aos interesses da sociedade do que aos do próprio agente. Valor moral, ao contrário, é o valor individualizado, atributo pessoal do agente.
Ter o agente confessado espontaneamente, prante a autoridade, a autoria do crime: basta agora ter o agente confessado perante autoridade a autoria do delito, e que tal confissão seja espontânea. Não é mais mister que a confissão se refira às hipóteses de autoria ignorada do crime ou imputada a outrem. Se o agente vier a se retratar em juízo, não será considerada a referida atenuante.
OBS: de acordo com a súmula 231 do STJ, não pode circunstância atenuante reduzir a pena aquém do mínimo. Essa súmula, que não é vinculante, é objeto de intenso debate na doutrina devido ao texto do artigo 65.
OBS²: art. 67: em caso de concurso de circunstâncias atenuantes e agravantes, deve-se buscar as circunstâncias preponderantes, que são os motivos determinantes, a personalidade do agente e a reincidência.
O primeiro se refere, por exemplo, ao motivo fútil, torpe, de relevante valor social ou moral.
O segundo refere-se a dados pessoais, inseparáveis da sua pessoa, como é o caso da idade.
Por fim, a reincidência demonstra que a condenação anterior não conseguiu exercer seu efeito preventivo no agente.
No concurso de circunstâncias preponderantes, ignora-se as duas.
Para concluir, tem-se entendido que a menoridade do réu prepondera sobre todas as demais circunstâncias.
Regimes de cumprimento de pena
A pena pode ser de detenção ou reclusão. A primeira admite o início em regime fechado, enquanto a segunda não. Em caso de concurso material, aplicando-se cumulativamente as penas de reclusão e detenção, executa-se aquela primeiro.
De acordo com o inciso III do artigo 59, deverá o juiz, ao aplicar a pena ao sentenciado, determinar o regime inicial de seu cumprimento, a saber, fechado, semiaberto ou aberto. De acordo com a lei penal (art. 33, §1º), considera-se regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média; regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar; aberto, a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
O CP, pelo seu artigo 33, §2º, determina que as penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, e fixa os critérios para a escolha do regime inicial de cumprimento de pena, a saber:
O condenado a pena de reclusão superior a oito anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado
O condenado não reincidente, cuja pena seja superior a quatro anos e não exceda oito, poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto
O condenado não reincidente, cuja penal seja igual ou inferior a quatro anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
Vale ressaltar a regra contida no artigo 111 da LEP que diz que quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou remição. O instituto da detração (art. 42) deverá ser observado no instante que o julgador proferir a sentença condenatória, fixando o regime inicial de cumprimento de pena do condenado.
No caso, por exemplo, de falta de colônia agrícola ou industrial, é vedada a imposição de regime mais gravoso do que o determinado. Isso porque o condenado tem direito subjetivo em cumprir a sua pena sob o regime que lhe foi concedido, de acordo com a sua aptidão pessoal, na sentença condenatória. Essa hipótese também se encaixa quando não houver casa do albergado, de forma que o STJ tem entendido que, na ausência de estabelecimentos adequados para o cumprimento da pena, deve-se, excepcionalmente, ser declarada a prisão domiciliar. Esse posicionamento é objeto de debate pela doutrina.
O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período de prova, observado o disposto no inciso I, § 1º, artigo 126 da LEP. O condenado a regime fechado ou semiaberto poderá ainda remir a pena por meio do trabalho, observando ainda o disposto no artigo 126 da LEP.
No que se refere ao cumprimento da pena, o art. 117 da LEP prevê quatro hipóteses de cumprimento de prisão domiciliar em seus incisos.
Progressão e regressão de regime: 
As penas privativas de liberdade deverão ser executada de forma progressiva, segundo o mérito do condenado. A progressão é um misto de tempo mínimo de cumprimento de pena (ao menos 1/6 no regime anterior) e com o mérito do condenado (bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento). A progressão é um estímulo ao condenado durante o cumprimento de sua pena. Os cálculos para um segunda progressão deverão ser feitos sobre o tempo restante de pena a cumprir. Além disso, a progressão deve sempre obedecer ao regime legal imediatamente seguinte ao qual o condenado vem cumprindo sua pena.
A regressão vem disciplinada no artigo 118 da LEP, que estabelece a transferência para regime mais rigoroso quando o condenado praticar fato definido como crime doloso ou falta grave, ou quando sofrer condenação por crime anterior cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne em incabível o regime, levando em conta também art. 111 da LEP. Ao contrário do que ocorre na progressão, aqui, não precisa ser obedecida a ordem dos regimes.
Penas privativas de direitos:
Há casos em que podemos substituir a pena de prisão por outras alternativas, evitando-se, assim, os males que o sistema carcerário acarreta, principalmente com relação àqueles presos que cometeram pequenos delitos e que se encontram misturados com delinquentes perigosos.
As penas privativas de direitos são apresentadas no artigo 43, CP. Com relação a elas, é importante salientas que tais penas, agora, como regra, são substitutivas, ou seja, primeiramente aplica-se a pena privativa de liberdade e, quando possível, quando presentes os requisitos legais, procede-se à sua substituição.
Requisitos para a substituição:
O art. 44, CP elenca os requisitos necessários e indispensáveis para que o juiz possa levar a efeito a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos. São requisitos considerados cumulativos, ou seja, todos devem estar presentes para que se possa realizar a substituição. Dois deles são de ordem objetivo (incisos I e II) e o terceiro de natureza subjetiva (inciso III).
O inciso I exige que, em caso de crime doloso, a pena aplicada seja menor que 4 anos e que o crime não tenha sido cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, não tendo limite de pena para crime culposo.
O inciso II dispõe que o agente não pode ser reincidente em crime doloso, ou seja, qualquer das duas infrações pode ser culposa para que seja passível de substituição.
Por fim, o inciso III exige que se analise a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como o motivo e as circunstâncias.
As penas privativas de direito apresentadas nos incisos IV, V e VI do artigo 43 devem ter a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída (art. 55).
Conversão das penas restritivas de direitos: a pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitando o saldo mínimo de 30 dias de detenção ou reclusão (art. 44, §4º).
Pena de multa
A multa é uma das três modalidadesde penas cominadas pelo Código Penal e consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixa na sentença calculada em dias-multa. Ela atende às necessidades de descarcerização.
A multa pode substituir penas de até 1 ano.
A pena de multa será, no mínimo, de 10 e, no máximo, de 360 dias-multa. O valor do dia-multa será fixado pelo juiz, não podendo ser inferior a um trigésimo do valor do maior salário-mínimo mensal vigente à época do fato, nem superior a cinco vezes esse salário (art. 49, §1º). Na fixação da pena de multa, o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica do réu, podendo seu valor ser aumentado até o triplo se o juiz considerar que é ineficaz, embora aplicada no máximo (art. 60, §1º).
Para encontrar o número de dias-multa a ser aplicado, deve-se levar em conta o critério trifásico do artigo 68 do código penal.
A multa deverá ser paga em dez dias. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais (art. 50).
A multa, embora de natureza penal, é considerada dívida de valor, devendo ser aplicada na sua cobrança as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, ou seja, Lei de Execução Fiscal.
Suspensão condicional da pena
Verdadeira medida descarcerizadora, a suspensão condicional da pena tem por finalidade evitar o aprisionamento daqueles que foram condenados a penas de curta duração, evitando-se, com isso, o convívio promíscuo e estigmatizante do cárcere.
Trata-se de direito subjetivo do condenado e não simples faculdade do julgador, de forma todos os requisitos devem ser analisados para que se chegue á conclusão se cabe ou não a suspensão condicional da pena.
O juiz deverá analisar todos os requisitos presentes na art. 77, CP. Se presentes, concederá a suspensão condicional da pena e, na própria sentença condenatória, especificará as condições a que se terá de sujeitar o condenado. Essas condições são elencadas pelo artigo 78 e 79.
O condenado, na audiência admonitória, em que serão lidas as condições às quais será submetido, o condenado deverá dizer se as aceita ou não.
A suspensão da pena só poderá ser concedida se não houver possibilidade de substituição por pena privativa de direitos.
O sursis pode ser simples (previsto no §1º do art. 78), especial (quando o condenado houver reparado o dano, §2º do art. 78), etário (se o condenado for maior que 70 anos e não houver sido condenado a pena maior que quatro anos) e humanitário (concedido aos condenados com problemas sérios de saúde, com pena inferior a 4 anos).
O artigo 81 apresentas as causa de revogação obrigatória do sursis. Além disso, o seu §1º apresenta as causas de revogação facultativa.
Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo de suspensão até o julgamento definitivo.
Expirado o prazo sem que tenha sido revogado o benefício, será considerada extinta a pena privativa de liberdade, conforme determina o art. 82.
OBS: diferença entre sursis e suspensão condicional do processo: este é um instituo jurídico que tem por finalidade evitar a aplicação de pena privativa de liberdade nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou superior a um ano, ou seja, o réu nem chega a ser condenado. As condições para a suspensão condicional do processo e da pena são basicamente as mesmas, diferenciando-se mais nas consequências.
Reabilitação
Veio prevista nos artigos 93 a 95 do CP, sendo que, da forma como é tratada atualmente, pouca é a sua utilidade prática.
O art. 94 traz os requisitos necessários ao pedido de reabilitação.
Ela não apresenta utilidade prática já que seu principal efeito – que é o de assegurar ao condenado o sigilo dos registros sobre seu processo e condenação – é obtido de modo imediato e eficaz por aplicação do artigo 202 da LEP.
A única utilidade do instituto é a que permite a restauração da habilitação para dirigir veículo (art.92, III)
O artigo 95 traz a hipótese revogação da reabilitação, caso o reabilitado dor condenado, como reincidente, a pena que não seja a de multa.
Medidas de segurança
Aplica-se medida de segurança, como regra, ao inimputável que houver praticado uma conduta típica e ilícita, não sendo, porém, culpável. Assim, o inimputável que praticou um injusto típico deverá ser absolvido, aplicando-se-lhe, contudo, medida de segurança, cuja finalidade difere da pena.
Ela não traduz castigo, na realidade busca a defesa coletiva, atendendo à preocupação de prestar ao delinquente uma assistência reabilitadora. As medidas de segurança não representam senão meios assistenciais e de cura do indivíduo perigoso, para que possa readaptar-se à coletividade.
O tratamento a que será submetido o inimputável sujeito a medida de segurança poderá ocorrer dentro de um estabelecimento hospitalar ou fora dela. Assim, a medida de segurança poderá iniciar-se em regime de internação ou tratamento ambulatorial. O julgador tem a faculdade de optar pelo tratamento que melhor se adapte ao inimputável, não importando se o fato definido como crime é punido com pena de reclusão ou de detenção.
A medida de segurança não prazo máximo estipulado em lei. Ela terá duração enquanto não for constatada, por meio de perícia médica, a chamada cessação de periculosidade do agente, podendo, não raras vezes, ser mantida até o falecimento do paciente (art. 97, §§ 1º e 2º)
Caso demonstre melhora, o paciente pode, caso internado, iniciar um tratamento ambulatorial, ou até ser liberado do tratamento, devendo obedecer a certas condições neste caso. Se no prazo de 1 ano o agente voltar a cometer fato que demonstre uma continuidade de periculosidade, deverá ser restabelecida a medida de segurança.
O cálculo da prescrição deverá ser realizado sempre pela pena máxima cominada ao fato definido como crime por ele levado a efeito.
Extinção da punibilidade
O Estado, em determinadas situações expressamente previstas em seus diplomas legais pode, mesmo tenha ocorrido uma infração penal, abrir mão ou perder seu ius puniendi, razão pela qual haverá aquilo que o Código Penal chamou de extinção de punibilidade.
O art. 107 traz o rol das causas de extinção de punibilidade, que não é taxativo, já que em outras passagens apresenta outras hipóteses com a mesma natureza jurídica.
A redação do artigo 61 da legislação processual penal deixa entrever que a declaração de extinção de punibilidade somente poderá ocorrer após o início da ação penal, quando já se puder falar em processo. Caso haja ocorrido, em tese, causa extintiva de punibilidade ainda durante a fase de inquérito policial, deve apenas ser determinado seu arquivamento. Essa interpretação permite, por exemplo, rever um erro ocorrido quando da determinação do arquivamento do inquérito, já que se tivesse sido declarada a extinção de punibilidade, o processo não poderia ser reaberto.
As causa de extinção de punibilidade são:
Morte do agente: como a pena não pode passar da pessoa do condenado, o Estado fica impossibilitado de exercer seu direito de punir. Aqui, cabe destacar a discussão acerca dos casos em que é apresentado atestado de óbito falso. Caso seja declarada extinta a punibilidade e depois seja descoberto a falsidade do documento comprovante da morte, discute-se se a decisão anterior pode ser desconsiderada ou não. Parte da doutrina entende que não, de forma que o réu só poderia ser processado pela apresentação de documento, pautando-se na proteção à coisa julgada. Por outro lado, o STF e o STJ têm decidido de maneira distinta.
Anistia, graça e indulto: pela primeira causa, o Estado renuncia ao seu ius puniendi, perdoando a prática de infrações penais que, normalmente, têm cunho político. A concessão da anistia é de competência da União.
Além disso, pode ser concedida antes e depois da sentença penal condenatória, sendo classificada, respectivamente como própria e imprópria. Poder ser também geral (não conhece exceção de crimes ou pessoas) ou restrita (exclui determinados crimes ou pessoas, ou estabelececláusulas para a fruição do benefício).
A graça e o indulto são de competência do Presidente. A diferença entre os dois é que a graça é concedida individualmente a uma pessoa específica, sendo que o indulto é concedido de maneira coletiva. 
A graça pode ser pedida pelo próprio condenado, pelo MP ou pelo Conselho Penitenciário.
Retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso: ocorre quando o Estado entende que o bem protegido pela lei penal já não goza mais da importância exigida pelo Direito Penal e, em virtude disso, resolveu afastar a incriminação, de forma que, todos aqueles que ainda se encontram cumprindo suas penas em razão da prática da infração penal agora revoada deverão interromper o seu cumprimento, sendo declarada a extinção da punibilidade. Nenhum efeito penal permanecerá, tais como a reincidência e maus antecedentes.
Prescrição, decadência e perempção: a decadência é o instituto jurídico mediante o qual a vítima, ou quem tenha qualidade de representa-la, perde o seu direito de queixa ou de representação em virtude do decurso de um certo espaço de tempo. O prazo estipulado é de 6 meses (art.103). 
A perempção é instituto jurídico aplicável às ações penais de inciativa privada propriamente ditas ou personalíssimas (art. 60). Ela é uma sanção jurídica, imposta ao querelante por sua inércia, negligência ou contumácia. Não pode ocorrer, portanto, antes de proposta a queixa.
Renúncia ao direito de queixa ou perdão aceito nos crimes de ação privada: a primeira hipótese pode se dar d forma expressa ou tácita. Diz-se expressa a renúncia quando formalizada por meio de declaração assinada pelo ofendido ou representante legal. Renúncia tácita ao direito de queixa é aquela na qual o ofendido pratica atos incompatíveis com a vontade de exercê-lo.
O perdão do ofendido, que poderá ser concedido somente nas hipóteses em que se procede mediante queixa, pode ser: processual (quando levado a efeito depois de iniciada a ação penal privada), extraprocessual (quando procedido fora dos autos da ação penal privada), expresso (quando constar de declaração assinada pelo ofendido ou representante legal) ou tácito (quando o ofendido pratica ato incompatível com a vontade de prosseguir com ação penal por ele iniciada)
Ambas formas aproveitam a todos os autores em caso de concurso de pessoas.
Retratação do agente nos casos em que a lei a admite: é o ato pelo qual o agente reconhece o erro que cometeu e o denuncia à autoridade, retirando o que anteriormente havia dito. O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação fica isento de pena; o que ocorre também nos crimes de falso testemunho e falsa perícia.
Perdão judicial nos casos previstos em lei: possui natureza meramente declaratória de extinção de punibilidade, sendo um direito subjetivo do réu se presentes os requisitos e for previamente prevista em lei a possibilidade do perdão.
Prescrição
A prescrição como causa extintiva de punibilidade veio prevista no art. 107, IV, além de ter sido regulada pelos arts. 109 a 119, também do CP. A prescrição é uma das situações em que o Estado, em virtude do decurso de certo espaço de tempo, perde seu ius puniendi. Dessa forma, poderíamos conceituar a prescrição como o instituo jurídico mediante o qual o Estado, por não ter tido capacidade de fazer valer seu direito de punir em determinado espaço de tempo previsto pela lei, faz com que ocorra a extinção da punibilidade.
É um instituto de natureza material, regulado pelo código penal.
A legislação prevê duas espécies de prescrição, a saber: prescrição da pretensão punitiva e prescrição da pretensão executória.
Prescrição da pretensão punitiva
Por intermédio da prescrição da pretensão punitiva, o Estado perde a possibilidade de formar o seu título executivo de natureza judicial. O réu do processo no qual foi reconhecida a prescrição ainda continuará a gozar do status de primário e não poderá ver maculado seus antecedentes penais, ou seja, será como se não tivesse praticado a infração penal. Na esfera cível, a vítima não terá como executar o decreto condenatório, quando houver, visto que a prescrição da pretensão punitiva impede a formação de título executivo judicial.
Na prescrição da pretensão punitiva (antes de transitar em julgado) o cálculo é feito a partir da pena cominada, e esse instituto é regulado pelo artigo 109.
OBS: como as penas restritivas de direitos são substitutivas, o prazo para efeitos de cálculo de prescrição será aquele previsto para a pena privativa de liberdade aplicada (art. 109, § único).
Prescrição da pretensão executória
Aqui, em razão do decurso de tempo, o Estado somente terá perdido o direito de executar sua decisão. O condenado, se vier a praticar outro crime, poderá ser considerado reincidente; caso a condenação anterior não sirva para efeitos de reincidência, como na hipótese do artigo 64, I, do Código Penal, ainda assim importará em maus antecedentes.
É regulada pelo artigo 110, de forma que se refere à prescrição depois de transitada em julgado a sentença condenatória.
De acordo com § 1º do artigo, após o transito em julgado da sentença para a acusação, os cálculos são regulados pela pena aplicada – já que se apenas a defesa recorrer não seria possível aumentar a pena. A doutrina em geral considera essa hipótese como a de prescrição da pretensão executória, no entanto, é possível discordar desse ponto de vista. Isso porque, em tese, só se poderia falar em prescrição da pretensão executória quando o Estado já tiver formado seu título executivo judicial, o que só possível após a sentença transitar em julgado para ambas as partes. Desse modo, poderia-se falar em prescrição da pretensão punitiva.
A reincidência, no caso da prescrição da pretensão executória, aumenta os prazos em 1/3.
OBS: sendo a prescrição matéria de ordem pública, em qualquer fase do processo ela pode ser reconhecida de ofício pelo juiz (art. 61, CPP).
Prescrição retroativa e superveniente
Diz-se retroativa, atualmente, após a revogação do § 2º do artigo 110, a modalidade de prescrição calculada com base na pena aplicada na sentença penal condenatória recorrível, com trânsito em julgado para a acusação, contada a partir da data do recebimento da denúncia, até a data da publicação da sentença ou acórdão condenatórios irrecorríveis.
Considera-se como superveniente (intercorrente) a prescrição a que é contada a partir da publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis, tomando-se por base o trânsito em julgado para a acusação ou o improvimento de seu recurso. É reconhecida pelo nome superveniente por ocorrer após a sentença ou acórdãos condenatórios irrecorríveis. Para que ela seja possível, não pode ter ocorrido prescrição retroativa, de forma que ela será calculada para a frente, ou seja, a partir da sentença recorrível.
OBS: termo inicial da prescrição: arts. 111 e 112.
OBS²: prescrição da multa: art. 114.
Redução dos prazos prescricionais
É aplicada quando o réu atingir 70 anos até a primeira decisão condenatória. Além disso, menores de 21 anos também têm os prazos prescricionais reduzidos pela metade.
Causas suspensivas da prescrição
São aquelas que suspendem o curso do prazo prescricional, que começa a correr pelo tempo restante, após cessadas as causas que a determinaram. Dessa forma, o tempo anterior é somado ao tempo posterior à cessação da causa que determinou a suspensão do curso do prazo prescricional.
As causas suspensivas estão dispostas no art. 116.
Causas interruptivas da prescrição
A partir delas, o prazo é reiniciado, ou seja, após cada causa interruptiva da prescrição, deve ser procedida nova contagem do prazo, desprezando-se, para esse fim, o tempo anterior ao marco interruptivo.
As causas interruptivas são reguladas pelo artigo 117, e são elas:
Recebimento da denúncia ou da queixa: vale destacar aqui que recebimento não é o mesmo que o oferecimento. Para que seja interrompida a prescrição deve haver o despacho de recebimento da peça inicialde acusação.
Pronúncia: é o ato formal de decisão pelo qual o juiz, nos caos de competência do Tribunal do Júri, convencendo-se da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, encerra a primeira fase do julgamento.
Decisão confirmatória da pronúncia: acórdão que confirma a decisão de pronúncia interrompe a prescrição.
Publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis: a sentença penal condenatória recorrível interromperá a prescrição quando da sua publicação em cartório.
Início ou continuação do cumprimento da pena: a data de início ou continuação do cumprimento da pena interrompe a prescrição da pretensão executória do Estado. Caso o condenado fuja, o prazo prescricional começa a correr a partir da sua fuga, e será regulado pelo tempo restante da pena. Sendo recapturado, a pena será interrompida novamente.
Reincidência.
OBS: a prática de racismo e a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático são crime imprescritíveis.
Roteiro de aplicação da pena
Introdução da sentença: norteado pelo princípio da individualização da pena previsto pelo art. 5º, XLVI, CF, e à luz do critério trifásico disposto no art. 68, CP, condeno Tício por................................ e passo a dosar sua pena.
Primeira fase: análise das circunstâncias do art. 59
Segunda fase: agravantes e atenuante, artigos 61 e 65 respectivamente.
Terceira fase: causas de aumento e diminuição (presentes nos próprios artigos).
Tipo de pena e regime inicial (art. 33)
Substituição por pena privativa de direitos: as penas estão presentes no artigo 43 e os requisitos da substituição no artigo 44. Só é necessário analisar a possibilidade de substituição.
Fixação de multa ou substituição da pena por multa
Sursis.

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