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IUS RESUMOS Ação Penal – Parte II Organizado por: Max Danizio Santos Cavalcante IUS RESUMOS I. AÇÃO PENAL – PARTE II ..................................................................................................................... 3 1. Ação Privada .......................................................................................................................................... 3 1.1 Princípios .......................................................................................................................................... 4 1.2 Modalidades ................................................................................................................................... 5 2. Casos Especiais ..................................................................................................................................... 6 2.1 Crime contra a honra de funcionário público .................................................................... 6 2.2 Crimes contra a dignidade sexual ........................................................................................... 6 2.3. Lesões corporais leves e culposas na Lei Maria da Penha (art. 41 da Lei nº 11.340/06): .............................................................................................................................................. 7 2.4 Crime de Injúria Racial ou Injúria qualificada (art. 145, parágrafo único do CP): .. 7 2.5 Ação Penal ex officio ................................................................................................................... 7 3. Inicial acusatória .................................................................................................................................. 8 4. Referências .......................................................................................................................................... 10 SUMÁRIO AÇÃO PENAL –PARTE II [3] Nesse resumo vamos dar continuidade ao estudo da Ação Penal, seguindo o roteiro do Código de Processo Penal. Vamos falar sobre a ação privada, seu regime jurídico e suas espécies, casos especiais e em seguida teceremos breves considerações sobre o processamento da inicial acusatória até seu efetivo recebimento pelo magistrado. Boa leitura! Max Danizio Santos Cavalcante Equipe Ius Resumos --- ♠ --- I. AÇÃO PENAL – PARTE II 1. Ação Privada Determinados crimes ofendem sobremaneira a intimidade da vítima, de modo que a deflagração do processo penal pode gerar ainda mais danos. Em razão disso o legislador conferiu à própria vítima o exercício do direito de ação em algumas infrações: Ação Privada Nessas ações o direito de ação cabe ao ofendido ou ao seu representante legal (art. 30, CPP), que possuem a faculdade de exercê-lo ou não. Isso ocorre em algumas infrações, para preservar a intimidade da vítima Em caso de morte ou declaração de ausência da vítima, o direito de ação transfere-se ao cônjuge ou companheira, ascendentes, descendentes e irmãos, nesta ordem (art. 31, CPP) Diante desses conceitos, passemos agora à análise pormenorizada dos princípios que regem a ação privada e institutos correspondentes. AÇÃO PENAL – PARTE II IUS RESUMOS 1.1 Princípios São balizadores da ação privada os seguintes princípios1: Princípios da Ação Privada A vítima decide se a ação penal será ofertada ou não, conforme a sua conveniência. Se ela não exercer o seu direito, teremos os institutos da decadência e da renúncia A vítima tem 6 meses contados da data do conhecimento da autoria da infração (art. 38, CPP) para ajuizar a queixa, sob pena de extinção da punibilidade. A decadência ocorre quando ela fica inerte, deixando transcorrer o prazo A vítima pode dispor da ação já deflagrada. Ela pode se arrepender, seja perdoando o réu ou mesmo sendo desidiosa com o processo Princípio da Oportunidade ou conveniência Princípio da Disponibilidade Ocorre quando a vítima pratica ato incompatível com a vontade de processar o réu ou quando declara expressamente a intenção de não processá-lo Se a vítima renunciar em favor de um réu, todos os outros serão beneficiados (art. 49, CPP) A vítima pode perdoar o réu até o trânsito em julgado da sentença É quando o querelante (autor) age com desídia durante o processo, demonstrando descuido ou desinteresse Decadência Renúncia Perdão do ofendido (art. 58, CPP) Perempção (art. 60, CPP) As hipóteses são, de acordo com o art. 60 do CPP: Deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos; Sucessores que não comparecem em juízo dentro de 60 dias do falecimento do autor; Faltar sem justificativa a ato do processo ao qual deva comparecer; Deixar de formular pedido condenatório nas alegações finais O perdão precisa ser aceito por ele no prazo de 3 dias. O silêncio implica em aceitação. O perdão em favor de um réu beneficia os demais Ex: se após o crime a vítima manter um relacionamento amoroso com o infrator, não poderá depois demandá-lo AÇÃO PENAL –PARTE II [5] Se o particular ajuizar a queixa deverá fazê-lo em face de todos os suspeitos, nos termos do art. 48 do CPP Princípio da Indivisibilidade A ação penal só pode ser manejada contra a pessoa a quem se imputa a prática do delito Princípio da Intranscendência ou pessoalidade Mesmo na ação privada o MP poderá aditar a queixa, velando pela indivisibilidade da ação penal 1.2 Modalidades Finalizados os princípios, vamos estudar as modalidades de ação penal privada, quais sejam: exclusiva, personalíssima e subsidiária da pública. Vejamos: Modalidades de Ação Privada Pode ser exercida pela vítima ou por seu representante legal. Caso ocorra o falecimento do autor durante o curso da ação, este pode ser sucedido no prazo de 60 dias - art. 31 do CPP Ação Privada Exclusiva Somente a vítima pode exercer o direito de ação. Não há a figura do representante nem da sucessão processual em caso de falecimento. Se o autor falecer, estará extinta a punibilidade do agente Ação Privada Personalíssima Como a regra é que as ações penais sejam públicas, deve constar expressamente na lei que a infração admite ação privada Atualmente só existe um infração em nosso ordenamento que comporta essa espécie de ação: o crime de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento ao casamento (art. 236 do CP) IUS RESUMOS Ocorrerá quando o crime for de ação pública, mas o Ministério Público (real titular da ação) quedar-se inerte após esgotado o prazo legal (5 ou 15 dias após a conclusão do inquérito, a depender se o réu estiver solto ou preso) Ação Privada Subsidiária da Pública O MP permanecerá como parte adjunta no processo, podendo aditar a queixa para adicionar corréu ou repudiá-la, caso entenda que não foi desidioso nem deixou correr o prazo legal, cabendo ao juiz decidir Após esse prazo, o particular terá seis meses para exercer a ação por meio de queixa-crime substitutiva (art. 29, CPP) O MP pode também recuperar a titularidade da ação caso haja desídia do particular. Vale dizer que a ação privada subsiária da pública é ação pública, não cabendo os institutos do perdão, perempção, etc 2. Casos Especiais Existem casos especiais regidos por legislações específicas e que contêm algumas peculiaridades, merecendo o nosso estudo. Selecionamos alguns, em razão da sua importância. 2.1 Crimecontra a honra de funcionário público Legitimidade concorrente O funcionário público pode escolher ajuizar ele mesmo a queixa-crime ou representar ao Ministério Público para que ofereça a denúncia: ambos possuem legitimidade Crime contra a honra de funcionário público praticado no exercício de suas funções (Súmula 714 do STF) 2.2 Crimes contra a dignidade sexual A Lei nº 12.015/09 modificou o tratamento processual aos crimes contra a dignidade sexual (antigamente chamados de “crimes contra os costumes”), a exemplo do crime de estupro, principalmente no que diz respeito às modalidades de ação penal aplicáveis aos casos concretos. Em resumo, a configuração das ações ficou assim: AÇÃO PENAL –PARTE II [7] Ação Pública Incondicionada Vítima menor de 18 anos ou pessoa vulnerável Ação Penal – Crime de Estupro após a Lei nº 12.015/09 Ação Pública condicionada É a regra geral, mesmo quando ocasionem lesão corporal ou morte Ação Privada Não mais subsiste, a não ser que ocorra inércia do MP 2.3. Lesões corporais leves e culposas na Lei Maria da Penha (art. 41 da Lei nº 11.340/06): Conforme art. 88 da Lei nº 9.099/95, os crimes de lesões corporais leves e culposas serão de ação pública condicionada à representação do ofendido Entretanto, se tais crimes foram praticados no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher caberá em relação a eles ação pública incondicionada, não se aplicando a Lei dos Juizados Especiais Lei Maria da Penha (art. 41) 2.4 Crime de Injúria Racial ou Injúria qualificada (art. 145, parágrafo único do CP): Era previsto no art. 140, §3º do CP como crime de ação privada. Contudo, a Lei nº 12.033/99 alterou a redação do art. 45, p. único, do CP, passando a determinar que este crime ficasse sujeito a ação pública condicionada à representação do ofendido Injúria Racial A modificação só se aplica a crimes cometidos após a entrada em vigor do dispositivo legal 2.5 Ação Penal ex officio É aquela modalidade de ação penal que pode ser iniciada de ofício pelo magistrado2: IUS RESUMOS Ação Penal ex officio (art.654, §2º, CPP) Atualmente o Habeas Corpus é a único processo que inicia-se de ofício... Pois a lei nº 11.719/08 extinguiu o processo judicialiforme, que nas contravenções penais iniciava-se por meio do auto de prisão em flagrante ou de portaria do juiz ou do delegado Tribunais e juízes poderão conceder ordem de habeas corpus de ofício, para prevenir ou reprimir coação ilegal à liberdade Feitas essas considerações, passamos aos requisitos da inicial acusatória, bem como o seu devido processamento até o seu efetivo recebimento pelo magistrado. 3. Inicial acusatória A inicial acusatória, em razão das modalidades já estudadas, pode ser conceituada da seguinte forma3: Inicial acusatória Requisitos I - Descrição do fato, com todas suas circunstâncias; II - Qualificação do acusado ou fornecimento de dados que possibilitem a sua identificação; III - Rol de testemunhas; IV - Pedido de condenação; V - Endereçamento; VI - Nome e assinatura É a peça que inaugura o processo, contendo a imputação formulada pelo órgão acusador, sendo que, nos crimes de ação penal pública, recebe o nome de denúncia, enquanto que nas ações penais privadas é denominada de queixa- crime AÇÃO PENAL –PARTE II [9] Prazos para oferecimento da queixa-crime Prazos para oferecimento da denúncia Regra geral 6 meses, contados da descoberta da autoria 6 meses, a partir do trânsito em julgado da sentença que, por erro ou impedimento, anule o casamento (art. 236, CP) Mesmo quando se tratar de ação privada, o MP irá atuar como fiscal da lei (custos legis), podendo aditar a queixa-crime no prazo de 3 dias 10 dias (tráfico de drogas e crime eleitoral) 48 horas (crime de abuso de autoridade) 05 dias se o acusado estiver preso 15 dias se estiver solto Outros prazos Regra geral Outros prazos 30 dias, a contar da homologação do laudo pericial (art.529, CPP) Importante! Cumpre ressaltar que não basta que a inicial acusatória (denúncia ou queixa) cumpra os requisitos do art.41 do CPP, como explicitado acima. É necessário que ela não contenha os vícios descritos no art.395 do CPP, sob pena de ser rejeitada. Vejamos: Rejeição da denúncia (art. 395 do CPP) As hipóteses de rejeição da denúncia/queixa equivalem à figura da extinção do feito sem resolução do mérito no processo civil, uma vez que o magistrado põe fim à demanda, sem analisar os pedidos contidos na inicial IUS RESUMOS A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; A inépcia é a ausência dos requisitos do art. 41 do CPP, principalmente no que diz respeito à falhas graves da narrativa da inicial, que pode prejudicar o julgamento dos fatos bem como embaraçar o direito de defesa II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; III - faltar justa causa para o exercício da ação penal Se o juiz não verificar qualquer desses vícios, deverá receber a inicial, dando início ao processo. Esse assunto será tratado com mais rigor no resumo sobre procedimentos. Até o próximo IUS RESUMO! Veja esse e outros resumos de direito, além de notícias e atualidades do mundo jurídico Acesse www.iusresumos.com.br --- ♠ --- 4. Referências ALVES, Leonardo Barreto Moreira. Processo Penal Para os Concursos de Técnico e Analista. Salvador: Editora JusPodivm, 2013. TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de direito processual penal. Salvador: JusPodivm, 2014. NOTAS: 1 Nestor Távora e Rosmar Alencar (2014, p. 219-224). 2 Leonardo Barreto (2013, p. 90). 3 Nestor Távora e Rosmar Alencar (2014, p. 236).
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