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2. CPC 00 R1 Estrutura Conceitual

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1 
 
 
 
Contabilidade Internacional Profa. Ana Cristina Pereira 
 
AULA 02: CPC 00 R1 – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de 
Relatório Contábil-Financeiro 
Correlacionado às Normas Internacionais de Contabilidade – The Conceptual Framework for Financial 
Reporting (IASB – BV 2011 Blue Book) 
 
1. Introdução 
 
O International Accounting Standards Board – IASB está em pleno processo de atualização de sua Estrutura 
Conceitual. O projeto dessa Estrutura Conceitual está sendo conduzido em fases. À medida que um capítulo 
é finalizado, itens da Estrutura Conceitual para Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis, 
que foi emitida em 1989, vão sendo substituídos. Quando o projeto da Estrutura Conceitual for finalizado, o 
IASB terá um único documento, completo e abrangente, denominado Estrutura Conceitual para Elaboração 
e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro (The Conceptual Framework for Financial Reporting). 
 
Em face da edição do Pronunciamento Conceitual Básico (R1) pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis 
(CPC), o Conselho Federal de Contabilidade emitiu a Resolução nº. 1.374/11, dando nova redação à NBC TG 
ESTRUTURA CONCEITUAL – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-
Financeiro. Tal Resolução entrou em vigor na data de sua publicação, aplicando-se aos exercícios iniciados a 
partir de 1º de janeiro de 2011. 
 
A Estrutura Conceitual trata: 
(a) elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro; 
(b) qualidade da informação contábil-financeira útil; 
(c) definição, reconhecimento e mensuração dos elementos que compõem as demonstrações contábeis; e 
(d) conceitos de capital e sua respectiva manutenção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Objetivo do Relatório Contábil-financeiro de propósito geral 
 
A definição do objetivo do relatório contábil-financeiro de propósito geral é a parte mais importante da 
estrutura conceitual, pois ele é quem baliza como essa informação deve ser gerada. Assim, as qualidades da 
informação contábil-financeira são definidas para se atingir o objetivo definido, os elementos das 
demonstrações e seus reconhecimentos e mensurações são feitos para se atingir esse objetivo, e todas as 
normas específicas também devem estar voltadas para o atingimento desse objetivo estabelecido. 
 
A Estrutura Conceitual não é um pronunciamento que define 
normas para nenhuma questão específica de mensuração ou 
divulgação. Nesse sentido, nada contido na Estrutura Conceitual 
substitui qualquer pronunciamento específico. É importante 
ressaltar que nos casos em que houver um conflito entre a 
Estrutura Conceitual e uma IFRS específica, essa última deve 
prevalecer sobre os requisitos da Estrutura Conceitual. 
2 
 
O objetivo do relatório contábil-financeiro de propósito geral é fornecer informações contábil-financeiras 
acerca da entidade que reporta essa informação (reporting entity) que sejam úteis a investidores existentes 
e em potencial, a credores por empréstimos e a outros credores, quando da tomada decisão ligada ao 
fornecimento de recursos para a entidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Basicamente, os investidores necessitam tomar decisão sobre a compra, venda ou manutenção de 
investimentos, e os credores precisam decidir se darão crédito ou não para a entidade que reporta. Para 
tanto, necessitam de avaliar a capacidade de essa entidade gerar fluxos de caixa futuros, e suas incertezas, 
para suas tomadas de decisão. Portanto, devem os relatórios contábil-financeiros de propósito geral 
auxiliar os usuários nas suas previsões sobre a geração futura de fluxos de caixa da entidade que reporta. 
Veja-se que não é objetivo prover a capacidade de geração de fluxos de caixa, mas sim dar informações que 
sirvam de inputs nos modelos decisórios dos usuários ao realizarem as suas previsões individuais. 
 
Além disso, os relatórios contábil-financeiros também têm como objetivo apresentar o quão eficiente e 
efetiva a administração da entidade (e seu conselho de administração) têm cumprido com suas 
responsabilidades, no uso dos recursos. 
 
Entretanto, relatórios contábil-financeiros de propósito geral não atendem e não podem atender a todas as 
informações de que os usuários necessitam. Por isso devem ser consideradas informações pertinentes de 
outras fontes, como, por exemplo, condições econômicas gerais, cenário político, perspectivas e 
panoramas tanto para a indústria quanto para a entidade. 
 
3. Informação acerca dos recursos econômicos da entidade que reporta a informação, reivindicações e 
mudanças nos recursos e reivindicações 
 
Os relatórios contábil-financeiros devem fornecer informações tanto da posição patrimonial e financeira 
das empresas quanto sobre os efeitos de transações e outros eventos que alterem estas posições. Tais 
informações são primordiais para a tomada de decisões ligadas ao fornecimento de recursos para a 
entidade, pois são úteis para a previsão de geração de fluxos de caixa futuro. 
 
3.1. Recursos econômicos e reivindicações 
É importante que os usuários tenham acesso a informação sobre a natureza e os montantes dos recursos 
econômicos e das reivindicações da entidade que reporta a informação. Essas informações permitem 
identificar a fraqueza e o vigor financeiro da entidade, assim como suas necessidades de financiamento, 
liquidez e solvência. 
 
3.2. Mudanças nos recursos econômicos e reivindicações 
Mudanças nos recursos econômicos e reivindicações da entidade resultam da performance financeira da 
entidade e de outros eventos ou transações, como, por exemplo, a emissão de títulos patrimoniais ou de 
dívida. Para poder avaliar adequadamente as perspectivas de fluxos de caixa futuros os usuários precisam 
estar aptos a distinguir a natureza dessas mudanças. Informações sobre a performance financeira da 
entidade auxiliam os usuários a compreender o retorno que a entidade produz (ou produzirá) sobre os seus 
recursos econômicos. Essa informação, por sua vez, serve como indicativo de quão diligente a 
administração tem sido no desempenho de suas responsabilidades para tornar eficiente e eficaz o uso dos 
recursos disponíveis. 
A estrutura conceitual define o foco das demonstrações elaboradas 
com base nas normas emanadas do IFRS para investidores e 
credores. Outros tipos de usuários, apesar de poderem se utilizar 
dessas informações, não constituem seu foco específico. 
3 
 
Veja-se, então, que a estrutura patrimonial e suas alterações são relevantes não somente para a previsão 
de fluxos de caixa futuro, mas também para a avaliação do desempenho passado da administração da 
entidade. 
 
3.3. Performance financeira refletida pelo regime de competência 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O regime de competência proporciona uma visão clara dos efeitos que as transações e circunstâncias têm 
sobre os recursos econômicos da entidade, nos períodos em que esses efeitos são produzidos, mesmo que 
os recebimentos e pagamentos referentes ocorram em períodos distintos. Esse regime fornece uma base 
de avaliação da performance passada e permite a previsão da performance futura da entidade melhores do 
que aquelas informações puramente baseadas em recebimentos e pagamentos em caixa ao longo desse 
mesmo período. 
 
Sem a adoção do regime de competência é praticamente impossível verificar a capacidade de geração 
futura de caixa. 
 
Vejamos um simples exemplo: se uma entidade qualquer adquire um estoque a vista por $ 1.000, e o vende 
por $ 1.200, a prazo, em 12 vezes, recebendo somente a primeira parcela, a informação de recebimentos e 
pagamentos, isoladamente, irá demonstrar que a empresa pagou $ 1.000 por um estoque e recebeu $ 100. 
Não há nenhuma informação sobre o lucro da transação nem sobre se há algo mais a receber ou a pagar. 
Não há como se prever o fluxo de caixa total futuro que irá ocorrer somente com base nessasinformações. 
Todavia, a informação por competência irá demonstrar um custo do produto de $ 1.000, uma venda por $ 
1.200 e um contas a receber de $ 1.100. Portanto, há, com base nessas informações, a possibilidade de se 
verificar que a transação de venda foi realizada com um lucro de $ 200, ainda não integralmente realizado 
em caixa, e que irá ser recebido $ 1.100 adicionais pela venda realizada. Esse simples exemplo permite 
entender a razão pela qual o regime de competência é fundamental para se atingir os objetivos dos 
relatórios contábil-financeiros de propósito geral de fornecer informações que sejam úteis para a previsão 
de fluxos de caixa futuro. 
 
3.4. Performance financeira refletida pelos fluxos de caixa passados 
Informações sobre os fluxos de caixa passados também ajudam os usuários a avaliar a capacidade da 
entidade gerar fluxos de caixa líquidos. 
 
Elas indicam como a entidade obtém e despende caixa, incluindo informações sobre seus empréstimos e 
resgate de títulos de dívida, dividendos em caixa e outras distribuições para seus investidores. Ou seja, elas 
auxiliam na compreensão e avaliação das atividades de financiamento e investimento, sua liquidez e 
solvência e na interpretação de outras informações acerca de sua performance financeira. 
 
Assim, ao se entender como ocorre os fluxos de recursos de uma entidade através da observação do 
passado é possível realizar previsões de comportamentos futuros. 
 
“As demonstrações contábeis preparadas pelo regime de 
competência informam aos usuários não somente sobre transações 
passadas envolvendo o pagamento e recebimento de caixa ou 
outros recursos financeiros, mas também sobre obrigações de 
pagamento no futuro e sobre recursos que serão recebidos no 
futuro. Dessa forma, apresentam informações sobre transações 
passadas e outros eventos que sejam as mais úteis aos usuários na 
tomada de decisões econômica.” (FIPECAFI, 2010, p. 37). 
4 
 
4. Características Qualitativas da Informação Contábil Financeira útil 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para que as informações constantes nos relatórios contábil-financeiros de propósito geral sejam úteis aos 
investidores, elas precisam ser capazes de influenciar na decisão dos usuários. 
 
Assim, as características qualitativas são atributos fundamentais para que as informações atinjam o 
objetivo definido anteriormente. 
 
Tais características qualitativas são divididas em dois grupos, as fundamentais e as de melhoria. 
 
 
Fonte: Curso de Extensão em IFRS e NIAS da FIPECAFI, 2013, p. 10. 
 
4.1 - Características qualitativas fundamentais 
As características qualitativas são fundamentais e devem sempre existir concomitantemente, não podendo 
nenhuma delas ser deixada de lado, ignorada ou colocada em segundo plano. São elas: relevância e 
representação fidedigna. 
 
4.1.1. Relevância 
Informação contábil-financeira relevante é aquela capaz de fazer diferença nas decisões que possam ser 
tomadas pelos usuários, especialmente se possuir valor preditivo, confirmatório ou ambos. A informação 
contábil-financeira não precisa ser uma predição ou uma projeção para possuir valor preditivo. Basta que 
“As características qualitativas são os atributos que tornam as 
demonstrações financeiras úteis para os usuários.” (FIPECAFI, 2010, 
p. 37). 
5 
 
ela possa ser utilizada pelos usuários em processos que visam predizer futuros resultados, ou seja, a 
informação contábil-financeira com valor preditivo é empregada pelos usuários ao fazerem suas próprias 
predições. Assim, o objetivo da informação contábil-financeira não é fornecer previsões sobre o fluxo de 
caixa futuro nem sobre o valor da empresa, mas sim fornecer subsídios para que eles sejam apurados. 
 
Quanto ao valor confirmatório, ele existe se a informação servir de feedback para avaliações prévias, no 
intuito de confirmá-las ou alterá-las. A informação que tem valor preditivo muitas vezes também tem valor 
confirmatório. Por exemplo, a informação sobre receita para o ano corrente, a qual pode ser utilizada como 
base para predizer receitas para anos futuros, também pode ser comparada com predições de receita para 
o ano corrente que foram feitas nos anos anteriores. 
 
Os resultados dessas comparações podem auxiliar os usuários a corrigirem e melhorarem os processos que 
foram utilizados para fazer tais predições. 
 
4.1.1.1. Materialidade 
A materialidade não é, por si só, uma característica qualitativa fundamental, mas uma especificidade da 
relevância. A informação é material se a sua omissão ou sua divulgação distorcida puder influenciar nas 
decisões dos usuários. Em outras palavras, a materialidade é um aspecto específico da relevância baseado 
na natureza ou na magnitude, ou em ambos, dos itens do relatório contábil-financeiro. 
 
A avaliação da relevância de uma informação não pode estar exclusivamente atrelada à sua materialidade, 
à magnitude do número referente à essa informação, mas deve considerar sua natureza e conteúdo 
informacional. 
 
A magnitude de um número pode não ser grande, mas sua natureza pode trazer relevantes entendimentos. 
 
Vejamos um exemplo: uma entidade qualquer possuía uma dívida no montante de $25 milhões nos últimos 
três anos. Todavia, essa dívida foi paga com sucesso e há somente um saldo em aberto de $10 mil. Esse 
saldo, considerando o total do passivo da entidade pode representar 1% ou menos, portanto, de valor 
material irrisório podendo até mesmo ser agrupada em uma conta de “outros passivos”; todavia, a 
entidade pode entender que a divulgação desse número imaterial dá ênfase a uma relevante informação 
de que a entidade conseguiu com sucesso pagar a sua dívida. Portanto, apesar de imaterial, é uma 
informação relevante. 
 
4.1.2. Representação Fidedigna 
Para ser útil, a informação além de ser relevante, deve ser representar fidedignamente as transações e, 
consequentemente, a estrutura patrimonial e financeira e desempenho da entidade. E essa representação 
fidedigna, para que seja alcançada, deve levar em conta a essência econômica dos fatos representados, e 
não sua forma jurídica. Apesar da essência sobre a forma ter sido formalmente retirada da estrutura 
conceitual na sua última revisão, isso foi realizado pois ela é considerada redundante frente à existência da 
representação fidedigna. Todavia, é importante ressaltar que ela é condição si ne qua non para que a 
representação fidedigna seja alcançada. 
 
Ainda, ser fidedigna, a representação da realidade retratada precisa ser completa, neutra e livre de erro. 
Para que ela seja completa, toda a informação necessária para que o usuário compreenda o fenômeno 
retratado, incluindo todas as descrições e explicações necessárias devem estar presentes. Já Informação 
neutra não significa informação sem propósito ou sem influência no comportamento dos usuários, significa 
que a informação é desprovida de viés na sua seleção ou apresentação. 
 
 
 
 
 
“As demonstrações contábeis não são neutras se, pela escolha ou 
apresentação da informação, elas induzirem a tomada de decisão 
ou um julgamento, visando atingir um resultado ou desfecho 
predeterminado.” (FIPECAFI, 2010, p. 39). 
6 
 
Por fim, um retrato da realidade econômica livre de erros significa inexistência de erros ou omissões na 
informação e seu processo de obtenção que possam levar à sua distorção e, portanto, não representação 
fidedigna da realidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nesse sentido, é importante ressaltar que um retrato livre de erros não significa algo perfeitamente exato 
em todos os aspectos. 
 
A contabilidade é permeada em quase a totalidade de suas representações por estimativas. Precisão, 
exatidão numérica na grande maioria das vezes não pode ser atingida integralmente. 
 
Veja-se, por exemplo, o simples caso da depreciação: ela é exata ou é uma estimativa de perda de valor? É 
uma estimativa, e portantopassível de ser feita de forma incorreta. Entretanto, a utilização de estimativas 
não implica em erros, desde que elas sejam feitas de forma diligente e com o uso adequado de todas as 
informações necessárias disponíveis à época da avaliação. 
 
4.2. Características qualitativas de melhoria 
As características qualitativas de melhoria são atributos da informação contábil financeira que garantem a 
existência das características fundamentais e aprimoram a informação. Elas, em circunstâncias especiais, 
podem ser momentaneamente suprimidas caso seja necessário para garantir a existência das 
características fundamentais. São elas: comparabilidade, verificabilidade, tempestividade e 
compreensibilidade. 
 
4.2.1. Comparabilidade 
Considerando as necessidades dos usuários quanto à tomada de decisões, como por exemplo, vender ou 
manter um investimento, ou investir em uma entidade ou outra, a informação será mais útil caso possa ser 
comparada com informação similar sobre outras entidades e com informação similar sobre a mesma 
entidade para outro período. 
 
Todavia, nem sempre a comparabilidade pode ser cumprida. Por exemplo, em caso de adoção de novas 
políticas contábeis que melhorem a representação fidedigna nem sempre é possível se recalcular as 
informações de períodos anteriores, o que leva à não possibilidade de se ter comparabilidade das 
informações. Todavia, a melhoria da representação fidedigna é hierarquicamente superior e deve ser 
mantida mesmo que em detrimento da comparabilidade. Ressalta-se que, sempre que possível, ambas 
devem ser mantidas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A maioria das informações contábeis está sujeita a algum risco de 
ser menos do que uma representação fiel daquilo que se propõe a 
retratar. Isso pode decorrer de dificuldades inerentes à 
identificação das transações ou outros eventos a serem avaliados 
ou à identificação e aplicação de técnicas de mensuração e 
apresentação que possam transmitir, adequadamente, 
informações que correspondam a tais transações e eventos.” 
(FIPECAFI, 2010, p. 38). 
7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.2.2. Verificabilidade 
A informação é verificável quando diferentes observadores, cônscios e independentes, podem chegar a um 
consenso, embora não chegue necessariamente a um completo acordo, quanto ao retrato de uma 
realidade econômica em particular ser uma representação fidedigna. 
 
A verificação da informação pode ser feita de forma direta, como, por exemplo, por meio da contagem de 
caixa ou observação de documentos, ou indireta, através da checagem de dados de entrada de um modelo, 
fórmula ou outra técnica de mensuração, recalculando os resultados obtidos por meio da aplicação da 
mesma metodologia. 
 
4.2.3. Tempestividade 
Tempestividade significa ter informação disponível para tomadores de decisão a tempo de poder 
influenciá-los em suas decisões. Em geral, a informação mais antiga é a que tem menos utilidade. Contudo, 
algumas informações podem manter sua tempestividade mesmo após o encerramento do período contábil, 
em decorrência de alguns usuários, por exemplo, necessitarem identificar e avaliar tendências. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A tempestividade também está relacionada, em algumas circunstâncias, à exatidão de determinada 
informação. Muitas vezes pode não ser possível obter-se um valor exato acerca de determinado evento 
econômico em tempo adequado para se divulgar a informação. Por exemplo, em caso de incêndio de um 
galpão de estocagem, a entidade pode não conseguir apurar precisamente o tamanho do prejuízo incorrido 
no tempo adequado para informar os usuários, mas a informação deve ser dada, mesmo que ainda 
incompleta, no tempo certo. Afinal, de pouco adianta informar com 100% de precisão um prejuízo 
incorrido há seis meses; é melhor informar com menos precisão em um momento próximo à ocorrência do 
evento para que os usuários já possam ajustar suas previsões. 
“Os usuários devem poder comparar as demonstrações contábeis 
de uma entidade ao longo do tempo, a fim de identificar 
tendências na sua posição patrimonial e financeira e no seu 
desempenho. Os usuários devem também ser capazes de comparar 
as demonstrações contábeis de diferentes entidades a fim de 
avaliar, em termos relativos, a sua posição patrimonial e financeira, 
o desempenho e as mutações na posição financeira. 
Consequentemente, a mensuração e apresentação dos efeitos 
financeiros de transações semelhantes e outros eventos devem ser 
feitas de modo consistente pela entidade, ao longo dos diversos 
períodos, e também por entidades diferentes.” (FIPECAFI, 2010, p. 
39). 
“Para fornecer uma informação na época oportuna pode ser 
necessário divulgá-la antes que todos os aspectos de uma 
transação ou evento sejam conhecidos, prejudicando assim a sua 
confiabilidade. Por outro lado, se para divulgar a informação a 
entidade aguardar até que todos os aspectos se tornem 
conhecidos, a informação pode ser altamente confiável, porém de 
pouca utilidade para os usuários que tenham tido necessidade de 
tomar decisões nesse ínterim. Para atingir o adequado equilíbrio 
entre a relevância e a confiabilidade, o princípio básico consiste em 
identificar qual a melhor forma para atender as necessidades do 
processo de decisão econômica dos usuários.” (FIPECAFI, 2010, p. 
40). 
8 
 
4.2.4. Compreensibilidade 
Classificar, caracterizar e apresentar a informação com clareza e concisão, torna-a compreensível. Mesmo 
que certos fenômenos sejam inerentemente complexos e não possam ser facilmente compreendidos, não 
implica que não devam ser divulgados. Os relatórios contábil-financeiros devem ser elaborados para 
usuários que têm conhecimento razoável de negócios e atividades econômicas e que revisem e analisem a 
informação diligentemente. 
 
4.3. Restrição de custo na elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro útil 
O processo de elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro impõe custos que devem ser 
justificados pelos benefícios gerados pela divulgação da informação. Grande parte dos esforços na coleta, 
processamento, verificação e disseminação das informações contábil-financeiras são pagos pela entidade (e 
em última instância pelos investidores na forma de retornos reduzidos). Além disso, os usuários da 
informação contábil-financeira também incorrem em custos de análise e interpretação da informação 
fornecida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nessa restrição do custo, avalia-se se os benefícios proporcionados pela elaboração e divulgação desses 
relatórios e justificativas para inclusão de informação. A avaliação da relação custo-benefício da informação 
nem sempre é muito simples, pois os custos são internos à entidade (elaboração e divulgação da 
informação) e os benefícios usualmente externos (dos usuários), o que dificulta esse processo. 
 
4.3.1. Aplicação das características qualitativas fundamentais 
O processo mais eficiente e mais efetivo para aplicação das características qualitativas fundamentais 
usualmente é sugerido pela estrutura conceitual: 
 
1º identificar o fenômeno econômico que tenha o potencial de ser útil para os usuários; 
 
2º identificar o tipo de informação sobre o fenômeno que seria mais relevante se estivesse disponível e que 
poderia ser representado com fidedignidade; 
 
3º determinar se a informação está disponível e pode ser representada com fidedignidade; 
 
4º caso a informação não esteja disponível e/ou não possa ser representada com fidedignidade, identificar 
a segunda informação mais relevante, voltando ao passo 2. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A avaliação dos custos e benefícios é, entretanto, em essência, um 
exercício de julgamento. Além disso, os custos não recaem, 
necessariamente, sobre aqueles usuários que usufruem os 
benefícios. Os benefícios podem também ser aproveitados por 
outrosusuários, além daqueles para os quais as informações foram 
preparadas;” (FIPECAFI, 2010, p. 40). 
9 
 
5. Premissa Subjacente - Continuidade 
As demonstrações contábeis normalmente são elaboradas tendo como premissa que a entidade está em 
atividade, e irá manter-se em operação por um futuro previsível. 
 
 
 
 
 
Desse modo, parte-se do pressuposto de que a entidade não tem a intenção, nem tampouco a 
necessidade, de entrar liquidação ou de reduzir materialmente a escala de suas operações. Por outro lado, 
se essa intenção ou necessidade existir, as demonstrações contábeis podem ter que ser elaboradas em 
bases diferentes e, nesse caso, a base de elaboração utilizada deve ser divulgada. 
 
Quando a premissa de continuidade é ferida, cada caso específico deve ser analisado individualmente e os 
pronunciamentos do IFRS não mais devem ser aplicados obrigatoriamente. Por exemplo, uma entidade que 
possua estoques e que está em processo de encerramento de suas atividades não deve mais apurar seus 
valores com base no custo histórico, e sim considerando os valores realizáveis dos seus estoques. E estes 
valores, por sua vez, irão depender das condições de liquidação da entidade e das negociações que ela 
consegue fazer com os mesmos. 
 
O mesmo vale para imobilizados: em condições de liquidação não há mais sentido em mantê-los pelo custo 
histórico menos depreciação, pois serão vendidos no processo de liquidação. No mesmo sentido, as dívidas 
podem ser renegociadas, provisões necessitam ser reajustadas e assim por diante. 
 
6. Elementos das demonstrações contábeis 
Para melhor retratar os efeitos patrimoniais e financeiros das transações, as demonstrações contábeis são 
divididas em classes amplas, denominadas elementos das demonstrações contábeis, de acordo com as suas 
características econômicas. 
 
6.1. Elementos representativos da posição patrimonial e financeira 
Os elementos diretamente relacionados com a mensuração da posição patrimonial e financeira são os 
ativos, os passivos e o patrimônio líquido. É importante lembrar que ao avaliar se um item se enquadra na 
definição de ativo, passivo ou patrimônio líquido, deve-se atentar principalmente para a sua essência e 
realidade econômica e não apenas para sua forma legal, seguindo assim a representação fidedigna. 
 
6.1.1. Ativos 
Um ativo é definido como sendo um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados 
e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos para a entidade. Note-se que, apesar da 
definição de ativo mencionar que ele é um recurso controlado, a essência do ativo é que tal recurso deve 
prover benefícios econômicos futuros. Caso tais benefícios econômicos não existam, o ativo também não 
existe. 
 
 
 
 
 
 
 
O benefício econômico futuro de um ativo é o seu potencial em contribuir, direta ou indiretamente, para a 
ocorrência de fluxos de caixa positivos para a entidade ou redução de fluxos de caixa negativos. Os 
benefícios econômicos futuros gerados por um ativo podem fluir para a entidade de diversas maneiras, 
como por exemplo: 
 
A premissa de continuidade também é conhecida como “entidade 
em marcha” ou ainda “going concern”. 
A essência de um ativo é a existência de benefícios econômicos 
futuros. Sem eles não há ativo mesmo que o recurso exista 
fisicamente. 
10 
 
(a) usado isoladamente ou em conjunto com outros ativos na produção de bens ou na prestação de 
serviços a serem vendidos pela entidade; 
(b) trocado por outros ativos; 
(c) usado para liquidar um passivo; ou 
(d) distribuído aos proprietários da entidade. 
 
Muitos ativos, como, por exemplo, itens do imobilizado, têm forma física. Entretanto, a forma física não é 
essencial para a existência de ativo. As patentes e os direitos autorais, por exemplo, são ativos intangíveis, 
sem forma física. 
 
Outros, como contas a receber e imóveis, estão associados a direitos legais, incluindo o direito de 
propriedade. No entanto um item pode satisfazer a definição de ativo mesmo quando não há controle 
legal. Por exemplo, o conhecimento (know-how) obtido por meio da atividade de desenvolvimento de um 
produto pode satisfazer à definição de ativo quando, mantendo esse conhecimento em segredo, a entidade 
controlar os benefícios econômicos que são esperados que fluam desse ativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6.1.2. Passivos 
Um passivo é definido como sendo uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados, 
cuja liquidação se espera que resulte na saída de recursos da entidade capazes de gerar benefícios 
econômicos. Tais obrigações constituem um dever ou responsabilidade de entregar ativos para quitação da 
obrigação ou desempenhar uma dada tarefa de certa maneira. 
 
Essas obrigações podem ser legalmente exigíveis em consequência de contrato ou de exigências 
estatutárias, mas também podem derivar de políticas específicas da entidade (tais como, por exemplo, 
garantias estendidas e além dos prazos legais exigidos). 
 
Ressalta-se que há uma distinção entre obrigação presente e compromisso futuro: a decisão de adquirir 
ativos no futuro não dá origem, por si só, a uma obrigação presente. 
 
A obrigação surge somente quando um ativo é entregue ou a entidade ingressa em acordo irrevogável para 
adquirir o ativo. 
 
Outra característica fundamental dos passivos é que eles resultam de transações ou outros eventos 
passados. Assim, por exemplo, a aquisição de bens, o uso de serviços, e o recebimento de empréstimos 
resultam em obrigações que devem ser honradas no vencimento. Tal característica os diferenciam das 
reservas de contingência, por exemplo, que são lucros retidos para eventos que podem ainda vir a 
eventualmente ocorrer no futuro. 
 
A liquidação de uma obrigação presente pode ocorrer por meio de: 
(a) pagamento em caixa; 
(b) transferência de outros ativos; 
(c) prestação de serviços; 
(d) substituição da obrigação por outra; ou 
(e) conversão da obrigação em item do patrimônio líquido. 
A obrigação pode também ser extinta pela renúncia do credor ou pela perda dos seus direitos. 
Nota-se que o direito de propriedade não é uma condição sine qua 
non para o reconhecimento de um ativo. O caso de um ativo 
decorrente de um contrato de arrendamento financeiro (leasing 
financeiro) que é contabilizado pelo arrendatário, apesar do título 
legal permanecer com o arrendador é um exemplo clássico de 
essência sobre a forma na aplicação das novas normas contábeis. 
11 
 
6.1.3. Patrimônio Líquido 
O patrimônio líquido é definido como sendo o interesse residual nos ativos da entidade depois de 
deduzidos todos os seus passivos. Como é um valor residual, é apresentado no balanço patrimonial 
levando-se em conta a mensuração dos ativos e passivos. É importante ressaltar que o patrimônio líquido 
não representa o valor de uma entidade, ou o valor pela qual ela deva ser negociada. Caso isso venha a 
ocorrer, é somente por coincidência. 
 
6.2. Elementos representativos da performance 
O resultado é frequentemente utilizado como medida de performance ou como base para outras medidas, 
tais como o retorno do investimento ou o resultado por ação. Os elementos das demonstrações contábeis 
que estão diretamente relacionados com a mensuração do resultado são as receitas e as despesas. 
 
Geralmente ocorre uma separação dos itens de receitas e despesas que surgem no curso das atividades 
usuais da entidade e daqueles que não surgem. Essa distinção é feita considerando que a origem de um 
item é relevante para a avaliação da capacidade que a entidade tem de gerar caixa ou equivalentes de caixa 
no futuro. 
 
6.2.1. Receitas 
Receitas são definidas como aumentos nos benefícios econômicos, sob a forma da entrada de recursos ou 
do aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultam em aumentos do patrimônio líquido e não 
estejam relacionados com a contribuiçãodos detentores dos instrumentos patrimoniais. 
 
Veja-se que os ganhos enquadram-se, portanto, na definição de receita, mas são um tipo especial destas. 
Enquanto as receitas surgem no curso das atividades usuais da entidade, os ganhos representam outros 
itens que também se enquadram na definição de receita, mas podem ou não surgir no curso das atividades 
usuais. Mas são inesperados, eventuais. 
 
 
 
 
6.2.2. Despesas 
Despesas são definidas como decréscimos nos benefícios econômicos, sob a forma da saída de recursos ou 
da redução de ativos ou assunção de passivos, que resultam em decréscimo do patrimônio líquido e não 
estejam relacionados com distribuições aos detentores dos instrumentos patrimoniais. 
 
No mesmo sentido da relação entre receitas e ganhos está a relação entre despesas e perdas. Despesas 
surgem no curso das atividades cotidianas da entidade, como custo das vendas, salários e depreciação. Já 
as perdas são inesperadas, imprevistas, por exemplo, as que resultam de sinistros como incêndio e 
inundações. 
 
A definição de despesas também inclui as perdas não realizadas, por exemplo, as que surgem dos efeitos 
dos aumentos na taxa de câmbio de moeda estrangeira com relação aos empréstimos que devem ser pagos 
em tal moeda. 
 
Geralmente quando as perdas são reconhecidas no resultado elas são demonstradas separadamente, pois 
sua divulgação é útil para fins de tomada de decisões econômicas. 
 
 
 
 
 
 
 
Como exemplos de receitas que não surge da atividade usual da 
empresa têm-se o resultado na venda de imobilizado. 
12 
 
6.3. Ajustes para manutenção de capital 
A reavaliação ou a atualização de ativos e passivos dão margem a aumentos ou a diminuições do 
patrimônio líquido. Embora tais aumentos ou diminuições se enquadrem na definição de receitas e de 
despesas, sob certos conceitos de manutenção de capital, eles não são incluídos na demonstração do 
resultado. Em vez disso, tais itens são incluídos no patrimônio líquido como ajustes para manutenção do 
capital ou reservas de reavaliação. 
 
 
 
 
 
 
 
7. Reconhecimento dos elementos das demonstrações contábeis 
Reconhecimento é o processo que consiste na incorporação ao balanço patrimonial ou à demonstração do 
resultado dos itens que se enquadrem na definição de elemento, e que satisfaçam os critérios de 
reconhecimento. Um item que se enquadre na definição de um elemento deve ser reconhecido se ambas 
as condições a seguir forem cumpridas: 
 
(a) for provável que algum benefício econômico futuro associado ao item flua para a entidade ou flua da 
entidade; e 
(b) o item tiver custo ou valor que possa ser mensurado com confiabilidade. 
 
Ao avaliar se um item se enquadra nesses critérios e, portanto, se qualifica para fins de reconhecimento 
nas demonstrações contábeis, é importante considerar as observações sobre materialidade vistas 
anteriormente. 
 
7.1. Probabilidade de Futuros benefícios econômicos 
Este conceito deve ser adotado para determinar o grau de incerteza com que os benefícios econômicos 
futuros venham a fluir para/da entidade. Está atrelada a este conceito a incerteza que caracteriza o 
ambiente em que a entidade opera. Por exemplo, quando for provável que uma conta a receber (devida à 
entidade) será paga pelo devedor, é então justificável, na ausência de qualquer evidência em contrário, 
reconhecer a conta a receber como ativo. No caso de uma carteira composta por diversas contas a receber, 
alguma inadimplência é esperada, portanto, deve ser analisada a probabilidade conjunta de recebimento. 
 
7.2. Confiabilidade da mensuração 
O segundo critério para reconhecimento de um item é que ele possua custo ou valor que possa ser 
mensurado com confiabilidade. Em muitos casos, o custo ou valor precisa ser estimado, entretanto quando 
não puder ser feita estimativa razoável, o item não deve ser reconhecido no balanço patrimonial nem na 
demonstração do resultado. 
 
Pode ocorrer de um item possuir as características essenciais de um elemento, mas não atender aos 
critérios de reconhecimento. Nesse caso, se a divulgação do item for considerada relevante para a 
avaliação da posição patrimonial e financeira, ele deve ser divulgado nas notas explicativas, em material 
explicativo ou em quadros suplementares. 
 
7.3. Reconhecimento de Ativos 
Um ativo deve ser reconhecido no balanço patrimonial quando for provável que ele gerará benefícios 
econômicos futuros e seu custo ou valor puder ser mensurado com confiabilidade. No entanto, o ativo não 
deve ser reconhecido quando gastos tiverem sido incorridos, mas seja improvável que benefícios 
econômicos fluam para a entidade após o período contábil corrente. 
 
 
É importante ressaltar que apesar de permitida pelas normas 
internacionais, a reavaliação de ativos imobilizados e intangíveis 
encontra-se proibida no Brasil desde a aprovação da Lei 9.249/95. 
13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Algumas dificuldades podem surgir no reconhecimento de ativos em alguns casos especiais em que há a 
expectativa de benefícios econômicos futuros, mas não se consegue determinar por quanto tempo com um 
mínimo de confiabilidade. Por exemplo, gastos com publicidade e propaganda são realizados com o intuito 
de aumentar os benefícios econômicos futuros, mas não se consegue apurar por quanto tempo seus efeitos 
surgirão. Nesses casos, tais gastos não devem ser reconhecidos como ativos. 
 
7.4. Reconhecimento de Passivos 
Os passivos devem ser reconhecidos no balanço patrimonial quando for provável que a saída de recursos 
envolvendo benefícios econômicos será exigida para liquidar uma obrigação presente e, somente se, esse 
valor puder ser mensurado com confiabilidade. 
 
Na prática, as obrigações originadas de contratos ainda não integralmente cumpridos de modo 
proporcional (por exemplo, passivos decorrentes de pedidos de compra de produtos e mercadorias ainda 
não recebidos) não são geralmente reconhecidas como passivos nas demonstrações contábeis. 
 
Contudo, tais obrigações podem ser reconhecidas caso se enquadrem na definição de passivos e sejam 
atendidos os critérios de reconhecimento. Nesses casos, o reconhecimento dos passivos exige o 
reconhecimento dos correspondentes ativos ou despesas. 
 
7.5. Reconhecimento de Receitas 
A receita deve ser reconhecida na demonstração do resultado quando seu valor puder ser mensurado com 
confiabilidade e principalmente quando resultar em aumento nos benefícios econômicos futuros, por meio 
do aumento de um ativo ou diminuição de um passivo. 
 
Isso significa que na prática o reconhecimento da receita ocorre simultaneamente com o reconhecimento 
do aumento nos ativos ou da diminuição nos passivos, mas não significa que necessariamente todos os 
aumentos de ativos e diminuições de passivos correspondam a receitas. 
 
Os critérios de reconhecimento de receitas são mais bem discutidos em pronunciamentos específicos. 
Constituem como uma das principais lacunas da Estrutura Conceitual que estão ainda em estudo por parte 
do IASB. 
 
7.6. Reconhecimento de Despesas 
As despesas devem ser reconhecidas quando resultarem em decréscimo nos benefícios econômicos 
futuros, por causa da diminuição de um ativo ou do aumento de um passivo. Além disso, as despesas só 
serão reconhecidas se o seu valor puder ser mensurado confiavelmente. 
 
De modo análogo às receitas, as despesas são reconhecidas simultaneamente com o reconhecimento da 
diminuição dos ativos ou do aumento dos passivos. 
 
Seguindo o Regime de Competência, as despesas devem ser reconhecidas com base na associação direta 
entre elas e os correspondentes itens de receita. Por exemplo, os vários componentes de despesas que 
integram o custo das mercadorias vendidas devem ser reconhecidos na mesma data em que a receita 
derivada da venda das mercadorias é reconhecida. 
“Esse tratamento não implica dizer que a intençãoda 
Administração ao incorrer na despesa não tenha sido a de gerar 
benefícios econômicos futuros para a entidade ou que a 
Administração tenha sido mal conduzida. A única implicação é que 
o grau de certeza quanto à geração de benefícios econômicos para 
a entidade, após o período contábil corrente, é insuficiente para 
justificar o reconhecimento de um ativo.” (FIPECAFI, 2010, p. 45). 
 
14 
 
Todavia, nem sempre esse reconhecimento “casado” com as receitas é possível, devendo a entidade avaliar 
o momento ideal para sua contabilização, sendo usualmente no momento do consumo do ativo. 
 
 
 
 
 
 
Uma despesa é reconhecida imediatamente na demonstração do resultado quando um gasto não produz 
benefícios econômicos futuros e também quando um benefício econômico futuro deixar de se qualificar 
para reconhecimento no balanço patrimonial, como um Ativo. Além disso, também deve ser reconhecida 
uma despesa quando um passivo for reconhecido sem o correspondente reconhecimento de um ativo. 
 
8. Mensuração dos elementos das demonstrações contábeis 
Mensuração é o processo que consiste em determinar os montantes monetários por meio dos quais os 
elementos das demonstrações contábeis devem ser reconhecidos e apresentados no balanço patrimonial e 
na demonstração do resultado. 
 
 
 
 
 
 
Um número variado de bases de mensuração é empregado em diferentes graus e em variadas combinações 
nas demonstrações contábeis. Essas bases incluem: 
 
(a) Custo histórico: Os ativos são registrados pelos montantes pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou 
pelo valor justo dos recursos entregues para adquiri-los na data da aquisição. Os passivos são registrados 
pelos montantes dos recursos recebidos em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias (como, por 
exemplo, imposto de renda), pelos montantes em caixa ou equivalentes de caixa que se espera e que serão 
necessários para liquidar o passivo no curso normal das operações. 
 
(b) Custo corrente: Os ativos são mantidos pelos montantes em caixa ou equivalentes de caixa que teriam 
de ser pagos se esses mesmos ativos ou ativos equivalentes fossem adquiridos na data do balanço. Os 
passivos são reconhecidos pelos montantes em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que se 
espera e que seriam necessários para liquidar a obrigação na data do balanço. 
(c) Valor realizável (valor de realização ou de liquidação): Os ativos são mantidos pelos montantes em 
caixa ou equivalentes de caixa que poderiam ser obtidos pela sua venda em forma ordenada. Os passivos 
são mantidos pelos seus montantes de liquidação, isto é, pelos montantes em caixa ou equivalentes de 
caixa, não descontados, que se espera e que serão pagos para liquidar as correspondentes obrigações no 
curso normal das operações. 
 
(d) Valor presente: Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado, dos fluxos futuros de entradas 
líquidas de caixa que se espera e que seja gerado pelo item no curso normal das operações. Os passivos são 
mantidos pelo valor presente, descontado, dos fluxos futuros de saídas líquidas de caixa que se espera e 
que serão necessários para liquidar o passivo no curso normal das operações. 
 
A base de mensuração mais comumente adotada pelas entidades é o custo histórico, no entanto, ele é 
normalmente combinado com outras bases de mensuração. Por exemplo, os estoques são geralmente 
mantidos pelo menor valor entre o custo e o valor líquido de Realização. 
 
 
 
Nota-se, portanto, que o objetivo do regime de competência é 
justamente confrontar a receita de vendas com o custo da 
mercadoria vendida de modo a apurar o lucro bruto da operação. 
Importante salientar que a Estrutura Conceitual não define, de 
maneira específica, as bases de mensuração dos elementos 
patrimoniais. De fato os critérios para mensuração desses 
elementos estão dispostos nos pronunciamentos específicos. 
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9. Conceitos de Capital e de Manutenção de Capital 
9.1. Conceitos de Capital 
O conceito de capital financeiro é adotado pela maioria das entidades na elaboração de suas 
demonstrações contábeis. De acordo com esse conceito, o capital é sinônimo de ativos líquidos ou 
patrimônio líquido. 
 
 
 
 
 
Por sua vez, o conceito de capital físico, como capacidade operacional, é definido como a capacidade 
produtiva da entidade baseada, por exemplo, nas unidades de produção diária. Ao selecionar o conceito de 
capital apropriado para a entidade, deve-se considerar principalmente as necessidades dos usuários das 
demonstrações contábeis. Assim, o conceito de capital financeiro deve ser adotado se os usuários 
estiverem primariamente interessados na manutenção do capital nominal investido ou no poder de compra 
do capital investido. Se, contudo, a principal preocupação dos usuários for com a capacidade operacional 
da entidade, o conceito de capital físico deve ser adotado. 
 
9.2. Conceitos de Manutenção de Capital e determinação de lucro 
Os conceitos de capital mencionados dão origem aos seguintes conceitos de manutenção de capital: 
 
(a) Manutenção do capital financeiro: De acordo com esse conceito, o lucro é considerado auferido 
somente se o montante financeiro dos ativos líquidos no fim do período exceder o seu montante financeiro 
no começo do período, depois de excluídas quaisquer distribuições aos proprietários e seus aportes de 
capital durante o período. 
 
(b) Manutenção do capital físico. De acordo com esse conceito, o lucro é considerado auferido somente se 
a capacidade física produtiva (ou capacidade operacional) da entidade no fim do período exceder a 
capacidade física produtiva no início do período, depois de excluídas quaisquer distribuições aos 
proprietários e seus aportes de capital durante o período. 
 
O conceito de manutenção de capital está relacionado com a forma pela qual a entidade define o capital 
que ela procura manter. Ele representa um elo entre os conceitos de capital e os conceitos de lucro, pois 
fornece um ponto de referência para medição do lucro. Portanto, o lucro é o montante remanescente 
depois que todas as despesas tiverem sido deduzidas do resultado. 
 
Enquanto o conceito de manutenção do capital físico requer a adoção do custo corrente como base de 
mensuração, o conceito de manutenção do capital financeiro não requer o uso de uma base específica, a 
escolha deve ser feita conforme o tipo de capital financeiro que a entidade está procurando manter. 
 
A principal diferença entre os dois conceitos está no tratamento dos efeitos das mudanças nos preços dos 
ativos e passivos da entidade, pois a entidade terá mantido seu capital se ela tiver tanto capital no fim do 
período quanto tinha no início. Assim, no caso do capital financeiro, os aumentos nos preços de ativos 
mantidos ao longo do período são, conceitualmente, lucros. 
 
Já no capital físico, todas as mudanças de preços afetando ativos e passivos da entidade são vistas como 
mudanças na mensuração da capacidade física produtiva da entidade, sendo tratadas, portanto como 
ajustes para manutenção do capital, que são parte do patrimônio líquido, e não como lucro. 
 
 
 
 
No cenário brasileiro, as empresas utilizam o conceito de 
manutenção do capital financeiro.

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