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CADERNÃO_Direito Civil I

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DIREITO CIVIL I 1 
HISTÓRIA DO DIREITO CIVIL BRASILEIRO 
 
1. Origens do Universo – Homem – Terra 
2. Fases históricas 
a. Pré-História: povos agrafos 
b. Idade Antiga: Direito Romano 
c. Idade Média 
d. Idade Moderna: Estado Moderno 
e. Idade Contemporânea 
3. Portugal 
1500– Descobrimento do Brasil 
 Ordenações do reino 
o Ordenações Afonsinas (1446): rei Afonso VI a partir do século XIII. 
o Ordenações Manuelinas (1521): D. Manuel, o Venturoso. 
o Ordenações Filipinas (1603): D. Felipe da Espanha 
1808 – Chegada da família real ao Brasil 
1822 – Independência do Brasil 
1824 – Constituição do Império 
1827 – Criação dos cursos de Direito no Brasil em 11 de agosto nas cidades de Olinda e São 
Paulo. 
1830 – Código criminal 
1850 – 1º Código Comercial Brasileiro 
1855 – Consolidação das Leis Civis: Teixeira de Freitas. 
1865 – Ideia do Código Civil 
1881 – Apontamentos para o projeto do Código Civil Brasileiro: Joaquim Felício dos Santos 
1889 – Proclamação da Republica 
1895 – Nomeação da comissão especial responsável por indicar quais o projetos abandonados 
serviria de base para o futuro Código. 
1896 – Comissão de jurisconsultos para revisar o Projeto de Coelho Rodrigues por recomendação 
de Clóvis Beviláqua. 
1900 – Clóvis Beviláquia: elaborou o primeiro Código Civil Brasil 
1916 – 1º Código Civil Brasileiro promulgado (Lei 3.071/1916). 
1917 – Vigência do 1º Código Civil Brasileiro; este foi revisado por Rui Barbosa. 
1942 – Lei de Introdução ao Código Civil 
1963 – Encomendas de propostas de modificação do Código de 1916: Comissão de Notáveis. 
1988 – Constituição Federal Brasileira 
DIREITO CIVIL I 2 
a. O Código Civil de 1916 foi alterado, principalmente, pelas normas: 
i. Lei 4.121/1962 
ii. Lei 6.515/1977 
iii. ECA (Lei 8.096/1990) 
iv. CDC (Lei 8.078/1990) 
v. Lei 8.245/1991 
 
NOVO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO 
 
1. Lei 10.406/2002. 
2. Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro (Dec.-Lei 4.657/1942): foi revogada pela nova 
“Lei de Introdução às Normas do Direito” (Lei 12.736/2010 - NLINDB). 
3. Conteúdo do CCB 
a. Parte geral: trata dos sujeitos das relações jurídicas. 
i. Pessoas naturais 
ii. Pessoas jurídicas (empresas, organizações, etc.). 
iii. Objetos das relações jurídicas (bens) 
iv. Fatos, atos e negócios jurídicos. 
b. Partes especiais 
i. Direito de família 
ii. Direito das sucessões 
iii. Direito das coisas ou Direitos reais 
iv. Direito das obrigações 
v. Direito das empresas 
4. Conceito de Direito Civil 
a. Carlos Roberto Gonçalves: “O Direito Civil é a Constituição do homem comum”. 
b. Serpa Lopez: “O Direito Civil é um dos ramos do Direito Privado destinado a 
regulamentar as relações de família e as relações patrimoniais que se firmam entre os 
indivíduos encarados como tal, isto é, como membros da sociedade”. 
c. Silvio Venoza: “O Direito Civil trata do conjunto de normas reguladoras das relações 
jurídicas dos particulares. Nele estão os princípios da personalidade e o conjunto de 
atributos que situam o homem na sociedade. É o Direito Privado por excelência”. 
5. Objeto do Direito Civil: “O Direito Civil tem como objeto a tutela da personalidade humana 
disciplinando a personalidade jurídica, a família, o patrimônio e a sua transmissão” (Francisco 
Amaral).
DIREITO CIVIL I 3 
6. Importância do Direito Civil: “O Direito Civil é o ramo principal do Direito Privado. A técnica 
do Direito Civil ensina melhor a técnica legislativa, a forma de apresentação das leis e sua 
estrutura fundamental. É no Direito Civil que se vê a filosofia jurídica de um povo, as normas de 
família, patrimônio e propriedade. As noções do Direito Civil estendem-se a todas as áreas do 
Direito” (Silvio Venoza). 
7. Base ideológica do Direito Civil: para o autor Luiz Augusto Crispim, a base ideológica do 
Direito Civil está refletida em seus princípios fundamentais: personalidade, autonomia da vontade, 
liberdade na prática comercial, propriedade individual, intangibilidade familiar, solidariedade 
social e legitimidade da herança e o direito de testar. 
 
PRINCÍPIOS BÁSICOS DO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO 
 
1. Por Miguel Reale 
a. Socialidade: priorização do interesse social. Significa a busca do sentido social das 
normas jurídicas, a prevalência dos fins sociais, dos valores coletivos sobre os interesses 
sociais. 
b. Eticidade (valores éticos): fundamenta-se no valor da pessoa humana como fonte de 
todos os demais valores, buscando priorizar a equidade, a boa fé, justa causa e os demais 
critérios éticos. 
i. Vásquez: “Ética é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade”. 
ii. Nalini: “ética é a ciência dos costumes”. 
c. Operabilidade (exequível): significa a busca pela efetivação, a execução e a concretude 
do Direito. As normas jurídicas devem ter aplicabilidade. 
2. Direito Civil Constitucional: significa o estudo do Direito Privado à luz das regras 
constitucionais, a interpretação das normas do Código Civil segundo a CF/88 que é a fonte 
primária do Direito Civil. Os principais princípios norteadores expressos na CF/88 são: a proteção 
à família, a dignidade da pessoa humana, a solidariedade social, a igualdade entre as pessoas e a 
erradicação da pobreza bem como a redução das desigualdades sociais. 
3. Nova Lei de Introdução às Normas do Direito Civil Brasileiro (Lei 12.376/2010): “É um 
conjunto de normas, visto que disciplina as próprias normas jurídicas determinando o seu modo de 
aplicação e entendimento no tempo e no espaço. A lei é a própria norma disciplinando a sua 
elaboração e vigência a sua aplicação no tempo e no espaço das suas fontes” (Wilson Batalha). 
 
SUJEITOS DAS RELAÇÕES JURÍDICAS 
 
1. Das pessoas 
DIREITO CIVIL I 4 
a. Sujeitos: as pessoas. 
b. Naturais: o conceito de pessoa natural é mais amplo que o conceito de pessoa física. 
c. Conceito: “A pessoa natural é o ser humano, o indivíduo sujeito de obrigações e de 
direitos sem qualquer distinção”. 
d. Legislação: arts. 1º e 2º do CCB. 
2. Da personalidade 
a. Conceito: é o conjunto de qualidade e atributos da pessoa previstos nos arts. 11 a 21 do 
CCB. É o predicado ou atributo também chamado de capacidade de direito, de gozo ou de 
aquisição. É a aptidão genérica que a pessoa possui para adquirir direitos e contrair 
obrigações na esfera civil. É a condição indispensável para que a pessoa atue no mundo 
jurídico e sem o qual ela não poderá ser considerada sujeito de direitos. 
b. Personalidade jurídica = capacidade de direito 
c. Características 
i. A personalidade é o ponto de distinção entre as pessoas e os animais ou os objetos. 
ii. A palavra personalidade, do latim persona, que significa máscara que é utilizada 
principalmente no teatro desde a Idade Antiga. 
iii. Todas as pessoas possuem personalidade jurídica sem qualquer discriminação de 
raça, crença, orientação sexual, condição social ou idade. 
d. Capacidade: é a medida da personalidade. Para uns a capacidade é plena e para outros a 
capacidade é limitada. 
 
 
 
 
 
e. Capacidade de fato ou de exercício ou de ação: é a capacidade ou aptidão para exercer 
por si só os atos da vida civil. Algumas pessoas em decorrência da falta de alguns 
requisitos materiais como maioridade, saúde física e mental, desenvolvimento mental, etc., 
são protegidas por lei a qual não lhes nega a capacidade de adquirir direito, mas sonega-
lhes o direito de se autodeterminarem, de exercerem pessoal indiretamente os direitos 
adquiridos. 
3. Início da personalidade 
a. Nascimento “com vida” (nascer respirando): 
i. Há personalidade jurídica. 
ii. Caso venha à óbito assim que nascer ou instantes depois, a criança deveráser 
registrada com Certidão de Nascimento e Certidão de Óbito. 
Plena 
Capacidade 
Limitada De direito 
De direito 
De fato 
DIREITO CIVIL I 5 
b. Natimorto: é o indivíduo que já nasceu morto (sem respirar) não havendo a personalidade 
jurídica. Exemplo: aborto espontâneo. 
c. Nascituro: é o ser humano que já foi concebido, mas que ainda não nasceu porque ainda 
está sendo gestado. Possui apenas uma expectativa de vida. 
d. Nascimento: no Direito Brasileiro o nascimento das pessoas ocorre a partir do momento 
em que a criança é separada do ventre materno, qualquer que seja o tipo de parto 
acontecido. 
e. Respiração: a Neomatologia (especialidade da Medicina que cuida do recém-nascido) 
realiza exames que possam comprovar o nascimento com vida da criança (Docimasia 
Hidrostática de Galeno). 
f. Teorias: 
i. Natalista: nascer respirando. 
ii. Concepcionista: considera que a personalidade jurídica do indivíduo inicia-se a 
partir da concepção (ou fecundação). 
iii. Personalidade condicional: considera que o nascituro é uma pessoa, mas é uma 
pessoa condicional por estar condicionada à vida intrauterina. 
g. Direitos do nascituro 
i. Nomeação do “curador do ventre” 
ii. Direito à vida: CF/88 
iii. Proibição do aborto, salvo nos casos previstos em lei. 
iv. Reconhecimento voluntário de filiação. 
v. Recebimento de doações: significa que qualquer pessoa pode formalizar a doação 
de um bem em favor de um nascituro. 
1. Bem imóvel: mediante escritura pública. 
2. Bem móvel: instrumento particular. 
vi. O nascituro pode ser beneficiado em testamento. 
vii. Adequada assistência pré-natal. 
viii. Danos morais pela morte dos pais e, atualmente, danos morais por ofensa. (caso 
Wanessa Camargo) 
ix. Alimentos gravídicos: Lei 11.804/2008. 
4. Incapacidades 
a. Conceito: “É a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil, imposta pela lei somente 
aos que excepcionalmente necessita de proteção, pois a capacidade é a regra” (Carlos 
Roberto Gonçalves). 
Observações:No Direito Brasileiro só existe a incapacidade de fato ou de exercício, pois todas as pessoas 
vivas possuem capacidade de direito ou personalidade jurídica. 
DIREITO CIVIL I 6 
 A incapacidade absoluta acarreta a proibição, por si só, total do exercício dos direitos adquiridos 
(arts. 3ºao 5º, CCB). 
o São absolutamente incapazes (art. 3º, CCB). 
 Menores de 16 anos 
 Portadores de necessidades especiais 
 Os que não puderem exprimir sua vontade 
 Representação 
 Tutela: menores 
 Curatela: maiores incapazes 
 Pais 
 Quando não houver representação, os atos jurídicos serão anulados. 
o São relativamente incapazes (art. 4º, CCB). 
 Menores entre 16 e 18 anos 
 Dependentes químicos 
 Portadores de necessidades especiais 
 Indivíduos em desenvolvimento 
5. Emancipação 
a. Conceito: “É a aquisição da capacidade plena antes dos 18 anos, habitando a pessoa para 
todos os atos da vida civil” (Lauro Escobar). 
b. Tipos 
i. Voluntária ou escrita ou emancipação propriamente dita: significa que os pais 
do menor de 16 anos comparecem a um cartório e mandam elaborar uma escritura 
pública de emancipação. Esse ato é definitivo, permanente. A partir daí o menor 
adquire a capacidade plena. No caso do tutor, ele tem que solicitar uma autorização 
para realizar este ato. 
ii. Emancipação judicial: significa que, por solicitação do tutor, o juiz pode 
conceder por sentença a emancipação do menor se o mesmo contar com 16 anos 
completos. 
iii. Emancipação legal: 
1. Casamento: O casamento é uma das formas de aquisição da capacidade 
plena antes da idade legal (Suprimento Judicial – art. 1520, CCB). 
a. Idade nupcial: 16 anos é a idade mínima para contrair casamento. 
b. Menor de 18 anos: autorização dos pais ou do tutor. 
c. Exceções: 
i. Crime de sedução 
ii. Gravidez
DIREITO CIVIL I 7 
Observação: Pessoas com idade acima de 70 anos, que deseja casar-se, deverá fazê-lo em comunhão 
total de bens. 
2. Exercício público de emprego efetivo: está relacionado às Forças 
Armadas. 
3. Colação de grau em curso superior; 
4. Estabelecimento civil ou comercial: existência de relação de emprego, 
desde que, em função deles, o menor acima de 16 anos possua economia 
própria. 
6. Absolutamente incapazes 
a. Conceito: são aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o 
necessário discernimento para a prática dos atos civis. 
b. Processo de interdição: a família promove uma ação sob uma sanção, buscando interditar 
uma pessoa, mostrando não ser doente mental (nem sempre quem utiliza o psiquiatra pode 
estar com doença mental). 
7. Insanidade e incapacidade mental 
a. Insanidade mental: pode ser permanente ou duradoura, gerando graves alterações das 
faculdades psíquicas e prejudicando o adequado discernimento. A distinção entre 
enfermidade mental e deficiência mental é que a enfermidade significa a patologia, a 
doença que pode ser congênita ou adquirida. Já a deficiência mental significa que a pessoa 
não possui integralmente e do ponto de vista fisiológico, uma formação psíquica completa. 
b. Incapacidade mental: é um estado permanente e contínuo e a doença mental deve ocorrer 
em grau suficiente para acarretar a privação do necessário discernimento para a prática dos 
atos civis da vida civil. 
c. Processo de interdição: é o procedimento especial de jurisdição voluntária pelo qual se 
busca obter a certeza e o grau da incapacidade de uma pessoa. A ação deve ser ajuizada 
pelos pais ou tutores, pelo cônjuge, pelos filhos, pelos companheiros, por qualquer parente 
ou pelo Ministério Público. A interdição está regulada nos arts. 1177 e seguintes do CCB, 
com a seguinte tramitação: 
i. Ajuizamento da ação através de advogado 
ii. Petição inicial com documentos 
iii. Citação 
iv. Exame pericial 
v. Interrogatório do interditando 
vi. Audiência de instrução e julgamento com a participação do Ministério Público 
vii. Sentença com designação do curador: a natureza jurídica é declaratória (declara a 
situação) e constitutiva (determina o curador e seus atos). 
DIREITO CIVIL I 8 
viii. A decisão deve ser registrada em cartório de acordo com a Lei de Registros 
Públicos (Lei 6.015/1973). Depois deve ser publicada no Diário da Justiça e, por 
três vezes, na imprensa local existente. Além disso, o art. 1186 do CPC regula o 
pedido de desinterdição. 
8. Absolutamente incapazes (art. 3º III, CCB). 
a. São aqueles que, mesmo por causa intransitória, não puder exprimir sua vontade. 
b. Conceito: significa que, por algumas situações especiais as pessoas ficam impossibilitadas 
de manifestar a sua vontade. Exemplo: arteriosclerose; hipertensão arterial ou diabetes em 
graus muito elevados; paralisias; embriaguez não habitual e o uso eventual de drogas. Nos 
casos dos estados de coma existe uma distinção entre os transitórios e os duradouros e 
somente deve ser interditado com patologias duradouras. No caso dos surdos-mudos, se 
eles não forem devidamente educados para o convívio social, eles podem ser considerados 
absolutamente incapazes. Se educados, podem ser considerados absolutamente capazes. 
 
 
 
 
9. Relativamente Incapazes (art. 4º, CCB) 
a. Edilson Bonfim: “Incapacidade relativa é a proibição para a prática de certos atos ou 
relativa ao modo de exercê-los, salvo mediante assistência, sob pena de anulabilidade”. 
b. A incapacidade relativa é a uma situação intermediária entre a capacidade plena e a 
capacidade absoluta. 
10. Pessoas ébrias 
a. Conceito: essas pessoas, por motivos diferentes da idade, possuem uma redução do 
discernimento. 
b. Processo de interdição: irá decidir, através de sentença judicial,se a as pessoas são 
absolutamente ou relativamente incapazes. 
c. Drogas lícitas: álcool e tabaco. 
d. Drogas ilícitas: relativamente incapazes. 
11. Os excepcionais 
a. São considerados incapazes. Exemplo: portadores da Síndrome de Down e alguns surdos-
mudos. 
b. Eles não possuem completo desenvolvimento mental, deficiência física, deficiência 
sensorial. 
12. Os pródigos 
ABSOLUTAMENTE INCAPAZES RELATIVAMENTE INCAPAZES 
Representação: pais, tutores e curadores Assistência: pais, tutores e curadores 
Atos nulos Atos anuláveis 
DIREITO CIVIL I 9 
a. Conceito: são as pessoas que gastam desordenadamente e que destroem e dissipam o seu 
patrimônio, os seus bens. 
b. Processo de interdição: é realizada a curatela. Nesses casos é limitada à prática dos atos 
que tenham repercussão patrimonial. Os demais atos podem ser praticados livremente. 
c. Casamento: os doutrinadores apresentam a existência de uma grande polêmica, sendo 
recomendado o regime de separação total de bens. 
d. Os pródigos podem ser portadores de determinadas doenças: diabetes e hipertensão arterial 
em graus muito elevados; transtorno maníaco depressivo; os viciados em jogo e em 
drogas, etc.. 
13. Índios 
a. São relativamente incapazes. 
b. Possuem legislação específica. 
14. Fim da personalidade 
a. Art. 6º e seguintes do CCB. 
b. Extinção da personalidade 
i. Morte real: significa o óbito de uma pessoa comprovado ou através do corpo 
inanimado com a Certidão de Óbito ou mesmo sem o corpo (art. 88 da Lei 
6.015/1973). A certidão de óbito é o documento comprobatório da morte de uma 
pessoa e ele deve ser preenchido e assinado pelo médico competente e registrado 
em cartório. O momento exato da morte é quando ocorre a paralização das 
atividades cerebral, circulatória e respiratória da pessoa; com uma parada cardíaca 
prolongada; ausência de respiração e cessão das atividades vitais. 
ii. Morte presumida (art. 7º, CCB): é quando não se tem a certeza da morte de 
alguém, mas uma elevada probabilidade. Acontece nos casos de acidentes, 
naufrágios, incêndios e outras catástrofes que permitem grau de presunção da 
morte. Esse óbito deve ser declarado através de sentença e o processo judicial passa 
por fases descritas nos arts. 22 a 39 do CCB. 
1. Ausência: significa o desaparecimento de alguém sem que se saiba notícia 
dessa pessoa por um longo período de tempo. 
2. Ausente: é a pessoa que desaparece do seu domicílio por um longo período 
sem que se saiba do seu paradeiro, sem deixar notícias e representante ou 
mandatário para administrar-lhe os bens. O reconhecimento da ausência é 
feito através de procedimento de acordo com os arts. 1159 a 1169 do CPC. 
3. O sumiço deve ser registrado em Boletim de Ocorrência e a polícia inicia a 
busca após 24h, caso se trate de pessoa capaz. Cessadas as buscas, abre-se o 
processo judicial de “Declaração de Ausência”. 
DIREITO CIVIL I 10 
a. Curadoria de ausência (bens): constatada a ausência, publicam-se 
editais em toda a imprensa local chamando o ausente para 
comparecer ao tribunal no prazo máximo de 1 ano. 
b. Sucessão provisória: os bens são partilhados entre os herdeiros e o 
ausente tem 10 anos para comparecer ao tribunal. 
c. Sucessão definitiva 
i. Declara-se a morte provisória 
ii. A partilha dos bens é definitiva 
iii. Após 10 anos, o processo é extinto 
iii. Morte civil ou fictícia: é a hipótese prevista para os casos raros quando a pessoa 
viva é tratada, juridicamente, como se estivesse morta. São os casos de indignidade 
e deserdação. 
iv. Comoriência ou Teoria da Simultaneidade: significa a presunção de morte 
simultânea que se aplica quando duas ou mais pessoas tiverem falecido na mesma 
ocasião e não se puder constatar quem morreu primeiro. No Direito Brasileiro, 
considera-se que as pessoas morreram simultaneamente. O principal efeito é a não 
possibilidade de transferência de Direitos Sucessórios entre os comorientes, ou 
seja, um não herda do outro. 
1. Ordem de vocação hereditária 
 
DIREITOS DA PERSONALIDADE 
 
1. Fundamento basilar: a dignidade da pessoa humana ou a proteção da pessoa humana (arts. 5º, X; 
3º, I da CF/88). 
2. Conceito: “Direitos da Personalidade são aqueles que têm por objeto os componentes básicos da 
natureza humana, ou seja, os tributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em si e em suas 
projeções sociais” (Murilo Sechieri). 
3. Classificação dos Direitos da Personalidade 
a. Direito à integridade física: 
i. Proteção do direito à vida: significa que não se admite no Direito brasileiro o 
aborto (salvo as exceções legais, isto é, estupro, risco de vida para a mãe, má 
formação comprovada), homicídio, participação no homicídio (instigação), 
eutanásia (art. 11, CC). 
ii. Defesa do corpo vivo (art. 13). 
iii. Transplante: está regulado pela Lei nº 9.434/1997 e pelas normas do atual CCB.
DIREITO CIVIL I 11 
iv. Ninguém poderá ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento 
ou a intervenção cirúrgica (art. 15). 
v. Direito ao corpo morto: existe uma legislação específica sobre a doação de órgãos 
e uma polêmica a respeito da vontade que deve ser prevalecer: se a vontade do 
doente ou se a vontade da família. 
b. Direito à integridade moral: engloba todos os atributos morais da pessoa humana (art. 
20, CCB). 
4. Características do Direito da Personalidade 
a. Abolicionismo: todos devem respeitar os direitos dos outros. 
b. Generalidade: atinge a todos os indivíduos. 
c. Extrapatrimonialidade: não integram, diretamente, o patrimônio da pessoa. 
d. Indisponibilidade: são intransmitíveis e irrenunciáveis, com exceção dos direitos autorais, 
transplante e direito de imagem. 
e. Imprescritibilidade: não extingue os direitos com o decorrer do tempo; não caduca. 
f. Impenhorabilidade: não podem ser objetos de penhora para pagamento de dívida. 
g. Vitaliciedade: inatos, permanentes. 
5. Proteção 
a. Preventiva: inibe a realização de atos que ferem os direitos da personalidade. Evita a 
concretização da ameaça de lesão. 
b. Repressiva: imposição da sanção civil ou penal. 
6. Proteção às Pessoas Jurídicas 
 
INDIVIDUALIZAÇÃO DAS PESSOAS NATURAIS 
 
1. Modos de Individualização 
a. Nome 
i. Conceito: “O nome da pessoa natural é o sinal ou a designação pelo qual a pessoa 
se identifica na família e na sociedade. O vocábulo nome é o elemento 
individualizador da pessoa natural, empregado em sentido amplo, referente ao 
nome completo. Integra a personalidade e distingue a pessoa não apenas em vida, 
mas após a sua morte indicando a sua procedência familiar” (Carlos Roberto 
Gonçalves). 
ii. Aspectos: 
1. Público (Lei nº 6.015/1973): todas as pessoas devem ter um nome 
(identificação). Este aspecto significa o interesse do Estado da identificação 
das pessoas de acordo com a lei citada. 
DIREITO CIVIL I 12 
2. Privado: cada pessoa é individualizada. Cada pessoa tem direito ao nome e 
tem o poder de, por ele, designar-se e até de reprimir abusos cometidos por 
terceiros contra o nome de alguém. 
iii. Ações relativas ao uso do nome 
1. Retificadoras: são as ações ajuizadas para a preservação do verdadeiro 
nome de alguém ou para a correção desse nome. 
2. Contestatórias: para que o terceiro não use o seu nome e não o exponha ao 
desprezo público. 
iv. Natureza jurídica (direito da personalidade): atualmente o nome é considerado 
um dos direitos da personalidade de acordo com o art. 16 do CCB, sendo a sua 
proteção também prevista em lei. 
v. Pseudônimo (codinome): é um nome fictício usado, em geral, por escritores, 
artistas etc., quando adotado para atividades lícitas ele goza da mesma proteção 
assegurada por lei ao nome. Exemplo:Fernanda Montenegro, Chico Buarque, 
Martinho da Vila, etc.. 
vi. Heterônimo: é um nome imaginário que um criador identifica-se como o autor de 
suas obras e que, diferentemente do pseudônimo designado a alguém com 
qualidades diferentes das do criador. Exemplo: Fernando Pessoa. 
vii. Elementos do nome: prenome e sobrenome. 
 
 
 
 
viii. Agnome: é um sinal que distingue as pessoas que pertencem a mesma família e 
que possuem nomes semelhantes. Exemplo: Neto, Júnior, Sobrinho, Segundo, etc.. 
ix. Outras designações 
1. Imultabilidade do nome: princípio da inalterabilidade. 
a. Nome composto 
b. Substituídos por apelidos no prenome 
c. Coação ou ameaça de nome 
d. Correção de evidente erro gráfico 
e. Nome que expõe ao ridículo 
f. Adotado com sobrenome do adotante 
g. Adição intermediária de nome 
h. Nome do padrasto ou da madrasta 
i. Casamento
prenome 
simples 
composto 
sobrenome 
simples 
composto 
DIREITO CIVIL I 13 
j. Divórcio 
k. Após investigação da paternidade 
l. União estável 
m. Substituição 
b. Estado 
i. Conceitos: 
1. “É o modo particular de existir” (Clovis). 
2. “É a soma das qualificações da pessoa na sociedade, os vários predicados 
integrantes da personalidade jurídica. É uma situação jurídica resultante de 
certas qualidades inerentes a pessoa natural. Inclui o estado civil e a 
situação política (nacionalidade e naturalidade). É originado da palavra 
status.” 
ii. Os atributos da pessoa, componentes de seu estado, caracterizam-se pela 
irrenunciabilidade, inalienabilidade e imprescritibilidade. Ninguém pode pretender 
vender ou renunciar ao seu estado de filho ou brasileiro, por exemplo. 
iii. Espécies de estado: 
1. Estado individual e/ou físico: é o modo de ser da pessoa quanto à idade, 
sexo, cor, altura, condição de saúde, etc.. São os aspectos ou 
particularidades da constituição orgânica (homem, mulher, maior, menor, 
capaz, incapaz, branco, negro, etc.). 
 
 
 
 
2. Estado familiar: considera as situações do cônjuge e do parente. Leva em 
conta a posição do indivíduo no seio da família. 
a. Parentesco: indica a situação da pessoa na sua família, em relação 
ao parentesco e ao matrimônio (solteiro, casado, divorciado, viúvo, 
pai, mãe, filho, irmão, cunhado, etc.). A situação do cônjuge está 
sendo considerada, desde a CF/88, a situação do casamento de 
pessoas do mesmo sexo é uma violação posterior ao CC/2002. 
i. Parentesco consanguíneo: parentesco direito nascido de 
laços de consanguinidade. 
ii. Parentesco por afinidade: parentesco surgido a partir de 
um casamento. 
iii. Parentesco adotivo 
menor 
púbere: acima de 12 anos 
impúbere: abaixo de 2 anos 
DIREITO CIVIL I 14 
iv. Parentesco socioafetivo 
3. Estado político: é a qualidade da pessoa na sociedade politicamente 
organizada no tocante a sua cidadania (nacional, estrangeira, naturalizado, 
eleitor, etc.). 
a. Caracteres: 
i. Indivisibilidade: o estado, embora composto de vários 
elementos, é uno e indivisível e protegido pelas normas 
legais. 
ii. Inalienabilidade: o estado é um bem fora do comércio, 
indisponível, inalienável e irrenunciável. 
iii. Imprescritibilidade: não se perde e nem se ganha ou se 
adquire ou o status pela descrição. 
c. Domicílio (arts. 70 a 78 do CC): 
i. Conceitos: 
1. “Domicílio é a sede jurídica da pessoa onde ela se presume presente para os 
efeitos de direito e onde exerce ou pratica habitualmente seus atos e 
negócios jurídicos” (Murilo Neves). 
2. “Domicílio é o lugar onde a pessoa de modo definitivo estabelece a sua 
residência e o centro principal de sua atividade” (Clovis Bevilácqua). 
ii. Elementos do domicílio civil 
1. Objetivo: a residência, o espaço físico. 
2. Subjetivo: é a intenção de permanência naquele espaço. O ânimo definitivo 
de fixação ou o lugar onde a profissão é exercida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
iii. Espécies de domicilio 
1. Legal ou necessário: é o domicílio estabelecido por lei e obrigatório para 
algumas pessoas e profissionais, tais como: incapaz, servidor público, 
militar, Juiz de Direito, Promotor Público, preso, marítimo. 
2. Voluntário especial: 
HABITAÇÃO 
DOMICÍLIO 
RESIDÊNCIA 
Permanece no lugar por um determinado 
período; morada temporária 
Residência + ânimo definitivo → sede jurídica 
Permanece por mais tempo 
DIREITO CIVIL I 15 
a. Domicilio de eleição: cláusula estabelecida entre as partes. É o foro 
escolhido pelas partes para a propositura de ações relativas as 
obrigações definidas no art. 111 do CPC. 
b. Domicílio contratual: é o domicílio especificado no contrato para a 
sede jurídica daquele contrato e o cumprimento das obrigações dele 
resultantes (art. 78, CCB). 
3. Voluntário, geral ou comum: é o domicílio que depende exclusivamente 
da vontade da pessoa. 
4. Aparente ou ocasional: é o lugar onde a pessoa for encontrada. 
5. De origem: é o domicilio das crianças recém-nascidas que corresponde ao 
domicílio dos seus pais. 
iv. Pluralidade de domicílios: algumas pessoas possuem mais de uma residência. 
Significa que a pessoa, de acordo com o art. 71 do CC, pode possuir diversos 
domicílios. 
v. Questões relativas ao domicílio: 
1. Foro comum: é o domicilio do reu, isto é, de uma maneira geral, as 
pessoas devem ser demandadas na comarca de seu domicílio. 
2. Foro de residência da mulher: é privilegiado nas ações de divorcio. 
3. Foro do domicilio do autor da herança: o processo de inventário ou 
arrolamento de bens deve ser ajuizado no último domicílio do falecido. 
4. Foro do domicílio do ausente: o ausente deve ser judicialmente chamado 
na comarca do seu último domicílio. 
5. Domicílio do alimentando: as ações de alimentos devem ser propostas nas 
comarcas de domicílio do alimentando. 
6. Proclamas: devem ser publicados nas comarcas dos domicílios dos 
nubentes. 
7. Pagamento de obrigações: deve ser feito no domicílio do devedor, se não 
houver nenhum domicilio contratualmente estipulado. 
8. Direito Internacional Privado: a lei do domicílio da pessoa regula o 
estado, a capacidade, o nome e o direito de família. 
vi. Domicílios das Pessoas Jurídicas 
1. Em regra, o domicílio civil da pessoa jurídica de direito privado é a sua 
sede, indicada em seu estatuto, contrato social ou ato constitutivo 
equivalente. É o seu domicílio especial. Se não houver essa fixação, a lei 
atua supletivamente, ao considerar como seu domicílio “o lugar onde 
funcionarem as respectivas diretorias e administrações”, ou, então, se 
DIREITO CIVIL I 16 
possuir filiais em diversos lugares, “cada um deles será considerado 
domicílio para os atos nele praticados” (art. 35, IV e § 3.º, do CC-16 e art. 
75, IV e § 1.º, do CC-02). Aliás, o Supremo Tribunal Federal já assentou 
entendimento no sentido de que “a pessoa jurídica de direito privado pode 
ser demandada no domicílio da agência ou do estabelecimento em que se 
praticou o ato” (Súmula 363). 
2. Pessoa Jurídica de Direito Público 
a. União Federal: 
i. Distrito Federal 
ii. Domicílio do autor 
iii. Estado: onde (local) ocorreu o fato. 
b. Estados: Capitais 
c. Municípios: nas administrações municipais e/ou prefeituras. 
d. Autarquia: Estatutos Sociais. 
3. Pessoa Jurídica de Direito Privado 
a. Sede social: cláusula contratual. 
b. Diversos Estados: qualquer um dos Estados Federados. 
c. Sede no exterior: qualquer escritório no Brasil. 
 
PESSOAS JURÍDICAS 
 
1. Conceitos 
a. “Pessoas jurídicas são agrupamentos humanos dotados de vida própria e reconhecidos 
como titulares de direitos e sujeitos de deveres” (Ruy Rabelo Pinho e Amauri Mascaro). 
b. “Pessoa jurídica é umareunião de indivíduos feita para dar vida a uma unidade orgânica, a 
uma entidade a que o Estado reconhece uma individualidade própria, diversa das pessoas 
que compõem o corpo coletivo que o administram ou às quais se destinam os bens” 
(Roberto de Ruggiero). 
c. “Pessoa jurídica é a unidade de pessoas naturais ou de patrimônios, que visa à consecução 
de certos fins reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações” 
(Maria Helena Diniz). 
d. “Grupo humano, criado na forma da lei, e dotado de personalidade jurídica própria, para a 
realização de fins comuns” (Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho). 
e. “Consiste num conjunto de pessoas ou de bens dotado de personalidade jurídica própria e 
constituída na forma da lei para consecução de fins comuns. Pode-se afirmar, pois, que 
DIREITO CIVIL I 17 
pessoas jurídicas são entidades a que a lei confere personalidade capacitando-as a serem 
sujeitos de direitos e obrigações” (Carlos Roberto Gonçalves). 
f. “Denominadas pessoas coletivas, morais, fictícias ou abstratas, podem ser conceituadas 
como sendo um conjunto de pessoas ou de bens arrecadados, que adquirem personalidade 
jurídica própria por uma ficção legal” (Flávio Tartuce). 
2. Histórico das pessoas jurídicas 
a. Pré-História: povos ágrafos. 
b. História: com a escrita se inicia a história do homem. 
c. Idade Antiga: surgimento das grandes civilizações (Direito Romano). 
d. Idade Média: início da pessoa jurídica com o surgimento das cidades e países – pessoas 
jurídicas de direito público. 
e. Idade Moderna: apenas nesta época consolidam-se as pessoas jurídicas. 
f. Idade Contemporânea: as pessoas jurídicas sçao consideradas pessoas da relação jurídica. 
3. Caracteres da pessoa jurídica 
a. Vontade humana criadora. 
b. Observância das disposições legais pertinentes (as disposições normativas), ou seja, deve 
ser cumprida a legislação em vigor. 
c. Objeto lícito. 
4. Teorias das pessoas jurídicas 
a. Teoria da realidade técnica ou realidade jurídica: considera que a pessoa jurídica é uma 
realidade necessária para o Direito, para o mundo jurídico. São entes orgânicos da vida 
jurídica, realidades técnicas e a lei constata a existência dessa nova entidade. A 
personalidade jurídica é um atributo que a ordem jurídica estatal outorga ausentes que o 
merecerem e é a teoria que melhor atende a essência da pessoa jurídica, também 
denominada “Teoria da Personificação da Pessoa Jurídica”. 
b. Ler as outras teorias. 
5. Considerações fundamentais sobres as pessoas jurídicas 
a. A pessoa jurídica é um ser de existência distinta de seus membros. 
b. A pessoa jurídica não é obra do Direito. A lei apenas reconhece a sua existência, não a 
constitui. Ela nasce das necessidades do homem no viver social e o Direito a regulamenta. 
c. A fungibilidade dos sócios, componentes da pessoa jurídica, significa que a substituição 
dos seus membros não provoque qualquer quebra no curso da vida dessa pessoa jurídica. 
d. É possível a existência de uma vontade própria da pessoa jurídica que retrate o resultado 
da soma de vontades de outras pessoas. A pessoa jurídica tem essa vontade e pode ser 
titular de direitos e deveres. 
DIREITO CIVIL I 18 
e. A pessoa jurídica age em nome próprio e não nos nomes dos seus membros, assinando 
contratos e outros negócios através dos seus representantes legais. 
f. A pessoa jurídica tem um patrimônio distinto do patrimônio dos seus membros. 
6. Classificações 
a. Quanto à nacionalidade 
i. Nacional: a sociedade é organizada de conformidade com a lei brasileira e que 
tenha no País a sede de sua administração (art. 1.126 do CCB; arts. 176, § 1º e 222, 
CF/88). 
ii. Estrangeira: qualquer que seja o seu objeto, não pode, sem autorização do Poder 
Executivo, funcionar no País, ainda que por estabelecimentos subordinados, 
podendo, todavia, ressalvados os casos previstos em lei, ser acionista de sociedade 
anônima brasileira (art. 1.134 do CCB). 
b. Quanto à estrutura interna 
i. Corporação: caracteriza-se pelo seu aspecto eminentemente pessoal. Constitui um 
conjunto de pessoas, reunidas para melhor consecução de seus objetivos. Visam a 
realização de fins internos, estabelecidos pelos sócios. Os seus objetivos são 
voltados para o interesse e o bem-estar de seus membros, visando atingir, pois, fins 
internos e comuns. 
1. Espécies de corporação 
a. Associações: não tem fins lucrativos, mas religiosos, morais, 
culturais, assistenciais, desportivos ou recreativos. 
b. Sociedades: 
i. Simples ou civis: têm fim econômico e visam o lucro, que 
deve ser distribuído entre os sócios. São constituídas, em 
geral, por profissionais de uma mesma área ou por 
prestadores de serviços técnicos. Exemplo: CREA, OAB, 
CRECI, CRM, etc.. 
ii. Empresárias ou comerciais: também visam o lucro. 
Distinguem-se das sociedades simples porque tem por objeto 
o exercício de atividade própria de empresário sujeito ao 
previsto no art. 967 do CCB. 
c. Fundação: constitui um acervo de bens, que recebe personalidade 
para a realização de fins determinados. Compõe-se de dois 
elementos – o patrimônio e o fim (estabelecido pelo instituidor e 
não lucrativo). 
c. Quanto à função ou à órbita de sua atuação 
DIREITO CIVIL I 19 
i. Pessoa jurídica de direito público 
1. Externo (art. 42 do CCB): são os Estados da comunidade internacional, ou 
seja, todas as pessoas que forem regidas pelo Direito Internacional Público. 
Exemplo: a Santa Sé, a ONU, a OEA, a FAO, a Unesco, etc. 
2. Interno 
a. Administração Direta: União, Estados, Municípios, Distrito 
Federal e Territórios. 
b. Administração Indireta: trata-se de órgãos descentralizados, 
criados por lei, com personalidade jurídica própria para o exercício 
da atividade de interesse público (art. 41 do CCB). São elas: as 
autarquias, as fundações públicas e demais entidades de caráter 
público criadas por lei. 
ii. Pessoa jurídica de direito privado: é a pessoa jurídica instituída pela vontade de 
particulares, visando atender seus interesses (art. 44 do CCB). São elas: as 
associações, as sociedades, as fundações particulares, as organizações religiosas e 
os partidos políticos. 
7. Representação: 
a. “A pessoa jurídica deve ser representada por uma pessoa natural de forma ativa ou passiva, 
manifestando a sua vontade, nos atos judiciais ou extrajudiciais. Na sua omissão, a pessoa 
jurídica será representada pelos seus diretores” (Flávio Tartuce). 
b. Por não poder atuar por si mesma, a sociedade ou a associação age, faz-se presente, por 
meio das pessoas que compõem os seus órgãos sociais e conselhos deliberativos. Essas 
pessoas praticam atos como se fossem o próprio ente social. “O órgão da pessoa jurídica 
não é representante legal. A pessoa jurídica não é incapaz. O poder de representação, que 
ele tem, provém da capacidade mesma da pessoa jurídica”. 
 
DOS BENS 
(arts. 79 a 103 do CCB) 
 
1. Objetos da relação jurídica: bens 
a. Bem jurídico: é tudo aquilo que possa ser objeto de uma relação ou uma situação jurídica 
compreendendo valores materiais e imateriais. 
2. Coisas: 
a. Corpóreas: são as coisas que possuem existência material. 
b. Incorpóreas: são as coisas que tem existência abstrata, como por exemplo, os direitos 
autorais, mas que são economicamente valoráveis. 
DIREITO CIVIL I 20 
3. Patrimônio: é o conjunto de bens de qualquer ordem pertencentes a um titular que podem ser: 
pessoas naturais ou jurídicas. É também chamado de acervo patrimonial. 
a. Espólio: é o patrimônio deixado pelo falecido. 
4. Distinção entre coisa e bem 
a. 1ª corrente doutrinária 
Coisa = gênero 
Bem = espécie 
b. 2ª corrente doutrinária 
Coisa = espécieBem = gênero 
 
 
 Bem: “São coisas materiais, concretas, úteis aos homens e de expressão econômica 
suscetíveis de apropriação, bem como as coisas de existência imaterial economicamente apreciáveis” 
(Carlos Roberto Gonçalves). 
5. Classificação jurídica dos bens 
a. Bens considerados em si mesmos 
i. Bens móveis e imóveis 
1. Bens móveis (art. 79, do CCB): também são definidos como os bens que 
não podem ser transportados de um lugar para outro sem a destruição da 
sua substância. São os bens de raiz. Exemplo: casa, fazenda, etc. 
a. Bens imóveis por natureza: inclui o solo e o subsolo, e o espaço 
aéreo. 
b. Bens imóveis por acessão física ou natural: incluem as plantações 
que surgiram naturalmente, as pedras, as cachoeiras, as grutas, as 
florestas, etc. 
c. Bens imóveis por acessão artificial ou industrial: incluem as 
construções, as plantações realizadas pelo homem, os edifícios, os 
açudes, etc. 
d. Bens imóveis por efeitos legais: compreendem os arts. 80 e 81 do 
CCB. 
2. Bens móveis (art. 82, do CCB): 
a. Por natureza: incluem os bens móveis propriamente ditos. 
Exemplo: lápis, joia, carro, navio, etc. Incluem também os 
semoventes que são os animais. 
b. Por determinação legal (art. 83 do CCB): 
BEM = COISA 
DIREITO CIVIL I 21 
i. As energias que tenham valor econômico. Exemplo: água, 
energia elétrica, energia eólica, gás, etc.; 
ii. Os direitos reais sobre os objetos móveis e as ações 
correspondentes; 
iii. Os direitos pessoais de caráter patrimonial e as suas teorias 
respectivas ações (art. 84, do CCB). 
iv. Os bens materiais destinados a alguma construção enquanto 
não forem empregados conservam a sua qualidade de 
móveis; 
v. Quando empregados, passam a incorporar os bens imóveis. 
c. Por antecipação: são os bens móveis temporariamente 
incorporados ao solo, mas com intenção de separá-los 
oportunamente e convertê-los em bens móveis, como plantas 
destinadas ao porte e os frutos ainda não colhidos das árvores. 
ii. Bens fungíveis e bens infungíveis 
1. Bens fungíveis (art. 85, do CCB): dinheiro, livro, etc. 
2. Bens infungíveis: é o bem que não pode ser substituído por outro da 
mesma espécie, qualidade ou quantidade sem que perca a sua substância. 
Exemplo: obras de arte. 
iii. Bens consumíveis e bens inconsumíveis: 
1. Bens consumíveis: são os bens móveis cujo uso importa na destruição 
imediata da própria coisa. Exemplo: o alimento, o remédio, o dinheiro, a 
gasolina, etc. 
2. Bens inconsumíveis: são os bens que proporcionam reiterados usos, 
permitindo que se retire toda a sua utilidade sem atingir a sua integridade, 
pode ser usado continuamente sem destruição de sua substância. Exemplo: 
livro, joia, roupa, carteira, etc. 
iv. Bens divisíveis e bens indivisíveis 
1. Bens divisíveis: são os bens que se pode funcionar sem alteração da sua 
substância, diminuição considerável de valor ou prejuízo do uso a que se 
destinam. São os bens naturalmente divisíveis por determinação da lei ou 
por vontade das partes. 
2. Bens indivisíveis: são os bens que não podem ser partidos, pois deixariam 
de formar um todo perfeito (arts. 87 e 88, do CCB). 
v. Bens singulares e bens coletivos 
DIREITO CIVIL I 22 
1. Bens singulares: são os bens que embora reunidos, se consideram 
individualmente, independentemente dos demais bens (art. 89, do CCB). 
Podem ser singulares simples ou compostos. Exemplo: o livro em um ou 
dois tomos e o animal são bens singulares simples; o carro é um bem 
singular composto. 
2. Bens coletivos: são os bens que são formados pelo conjunto de vários bens 
que são considerados agregados no todo e se dividem em: 
a. Universalidade de fato: significa uma pluralidade de bens 
singulares, corpóreos, homogêneos que, quando pertencentes a uma 
mesma pessoa, tenham uma destinação unitária. Exemplo: 
biblioteca. 
b. Universalidade de direito: é uma expressão jurídica que significa 
uma pluralidade de bens singulares, corpóreos e dotados de um 
valor econômico. Exemplo: o patrimônio (art. 91, do CCB). 
b. Bens reciprocamente considerados 
i. Bens principais e bens acessórios 
1. Bens principais: são os bens que existem por si mesmos que tem existência 
própria exercendo funções ou finalidades independentes. Exemplo: o solo, 
o capital de uma empresa, a árvore. 
2. Bens acessórios: pressupõe a existência de um bem principal do qual está 
vinculado e a classificação é feita por meio da comparação entre eles. 
Existe o princípio jurídico da gravitação que explica que o acessório segue 
o principal. 
a. Espécies de bens acessórios 
i. Frutos: representam utilidades que nascem e renascem. 
ii. Produtos: são os bens ou utilidades retirados da coisa. 
Exemplo: polpa de fruta, tecido do algodão, fio da seda, etc. 
iii. Pertença: significam os bens móveis destinados de modo 
duradouro ao uso ou ao serviço de outro bem. Exemplo: 
trator, equipamentos, máquinas, etc. 
iv. Benfeitorias: são obras ou despesas que se fazem em alguns 
bens móveis ou imóveis. 
1. Necessárias: são as benfeitorias realizadas para a 
conservação do bem. Exemplo: reforma da casa. 
DIREITO CIVIL I 23 
2. Úteis: são os melhoramentos que facilitam ou 
aumentam o uso do bem. Exemplo: garagem de uma 
casa. 
3. Voluptuárias ou embelezamento: são os bens que 
são construídos ou utilizados para o embelezamento 
dos outros bens principais. Exemplo: piscina, 
churrasqueira, etc. 
c. Bens quanto à titularidade do domínio 
i. Res nullius: é a coisa que não pertence a ninguém; é o bem que não possui nenhum 
domínio sobre ele. Exemplo: peixes no mar, pássaros voando, coisas abandonadas. 
ii. Bens particulares: são os bens que não são públicos por exclusão. São todos os 
bens que não estão definidos estritamente como públicos, incluindo os bens das 
pessoas naturais e das pessoas jurídicas de direito privado. 
iii. Bens públicos: são os bens do domínio nacional pertencentes as pessoas jurídicas 
de direito público interno. 
1. Espécies de bens públicos: 
a. De uso comum do povo: rios, mares, estradas, ruas, praças, etc. 
Eles podem ser usados pelas pessoas sem formalidades e ainda que 
a Administração Pública, em alguns casos, exija a cobrança de uma 
taxa. É indiferente se o uso é gratuito ou retribuído. 
b. De uso especial: são os edifícios ou terrenos destinados a serviços 
ou estabelecimentos da Administração Pública Federal ou Estadual 
ou Municipal e das autarquias. 
c. Bens dominicais: são os bens que integram o patrimônio disponível 
das pessoas jurídicas de direito público, ou seja, são os bens 
públicos que não estão vinculados a uma atividade pública 
específica, como objetos de direito pessoal ou real dessas entidades. 
Esses bens podem ser alienados, observadas as exigências da lei 
(arts. 99 a 103, do CCB). Exemplo: terra devoluta (abandonada), 
bens sequestrados em ação judicial, objetos de leilões públicos. 
 
DOS FATOS, ATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS 
 
1. Dos fatos comuns: é todo acontecimento que não prova efeitos ou consequências jurídicas ou que 
não tenham ou representam repercussão no Direito. 
2. Fatos jurídicos: 
DIREITO CIVIL I 24 
a. Em sentido amplo (lato sensu): 
i. Savigny: “É todo acontecimento em virtude do qual as relações de Direito nascem, 
se modificam ou se extinguem”. 
ii. Lauro Escobar: “É aquele ao qual o Direito atribui efeitos: aquisição, resguardo, 
transformação, modificação e extinção das relações jurídicas”. 
b. Em sentido estrito (strictu sensu): são todos os fatos naturais que provocam 
consequências jurídicas e que podem ser: 
i. Ordinários: quando eles ocorrem normalmente. Exemplo: o nascimento e a morte 
de uma pessoa, um animal de valoreconômico significativo. 
ii. Extraordinário: quando acontecem por força maior compreendendo alguns 
fenômenos da natureza que provocam consequências jurídicas e que tem os 
seguintes elementos: inevitabilidade, imprescritibilidade e ausência de culpa pelo 
ocorrido. Exemplo: tsunami, grandes tempestades, etc. 
3. Ato-fato jurídico: “Os atos-fatos jurídicos são atos ou comportamentos humanos em que não 
houve vontade, ou, se houve, o direito não as considerou. Nos atos-fatos jurídicos a vontade não 
integra o suporte fático. É a lei que os faz jurídicos e atribui consequências ou efeitos, 
independentemente de estes terem sido queridos ou não. O ato ou a vontade é esvaziada e é apenas 
levada para juridicização como fato; o ato dissolve-se no fato” (Paulo Lôbo). 
4. Ato jurídico: é toda ação humana que tenha por finalidade adquirir, modificar, resguardar, 
transferir ou extinguir direitos. 
a. Ato jurídico em sentido estrito (strictu sensu): significa uma mera realização de 
vontade, gerando efeitos previstos em lei, mas de forma não negocial. Exemplo: comprar 
um lanche na cantina. 
b. Negócios jurídicos: no negócio jurídico existe a interação direcionada pelo agente para a 
realização de um negócio que tem que ter a sua validade, um agente capaz envolvendo um 
objeto lícito, observando-se a forma prevista em lei. O negócio jurídico é comprovado 
através de prova documental em sua grande maioria. Exemplo: contrato de compra e venda 
de um bem imóvel, contrato de contribuição de uma sociedade anônima, casamento. Eles 
podem ser: 
i. Unilateral: quando representam uma manifestação de vontade de um único agente. 
Exemplo: testamento, doação, declaração. 
ii. Bilateral: compreendem direitos e deveres entre as partes. Exemplo: contrato, 
casamento. 
5. Atos ilícitos: são os fatos jurídicos. Atos praticados de forma contrária ao Direito, violam o 
direito subjetivo individual e podem gerar consequências penais, administrativas, civis e 
trabalhistas.
DIREITO CIVIL I 25 
a. Dolosos 
b. Culposos 
i. Imperícia 
ii. Imprudência 
iii. Negligência 
 
FATOS JURÍDICOS 
 
1. Fatos da natureza: são os fatos provocados pela natureza independente da ação do homem. São 
os fatos jurídicos em sentido estrito. 
2. Ações humanas 
a. Lícitas 
i. Ato jurídico 
ii. Negócio jurídico 
b. Ilícitas 
i. Atos ilícitos dolosos 
ii. Atos ilícitos culposos 
1. Imperícia 
2. Imprudência 
3. Negligência 
 
NEGÓCIO JURÍDICO 
 
1. Conceitos: 
a. Murilo Costa Neto: “É o ato em que a vontade humana manifestada visa diretamente 
alcançar um determinado fim prático permitido em lei”. 
b. Carlos Roberto Gonçalves: “É um ato ou uma pluralidade de atos entre si relacionados 
quer sejam de uma ou de várias pessoas que tem por fim produzir efeitos jurídicos, 
modificações das relações jurídicas no âmbito do Direito Privado”. 
2. Classificação 
a. Quanto ao número de declarantes 
i. Unilaterais: onde existe uma única manifestação de vontade. Exemplo: 
testamento, instituição de fundação de declaração, etc. 
1. Receptícios: só produzem efeitos quando a declaração de vontade se tornar 
conhecida do destinatário. Exemplo: revogação de mandato. 
DIREITO CIVIL I 26 
2. Não receptícios: o seu conhecimento por parte de outra pessoa é 
irrelevante. Exemplo: testamento; renúncia da herança: se renuncia, muitas 
vezes, sem que as outras tenham conhecimento. 
ii. Bilaterais: são aqueles com duas pessoas que manifestam vontades coincidentes 
sobre o objeto. Essa coincidência é chamada de consentimento ou acordo de 
vontades. Exemplo: compra e venda, casamento. 
1. Simples: significa que, embora duas partes estejam envolvidas, somente 
uma delas aufere vantagens, enquanto a outra arca com o ônus do negócio. 
Exemplo: doação, comodato (empréstimo de um bem infungível). 
2. Sinalagmáticos: significa que no negócio existe uma reciprocidade de 
direitos e deveres, entre as duas partes que estão numa situação de 
igualdade. Exemplo: compra e venda, locação. 
iii. Plurilaterais: quando envolvem duas ou mais partes. Exemplo: constituição de 
sociedade. 
b. Quanto às vantagens patrimoniais 
i. Gratuitos: são os atos de liberalidade, que outorgam vantagens sem impor ao 
beneficiado a obrigação de uma contraprestação. Exemplo: doação pura. 
ii. Onerosos: envolvem sacrifícios e vantagens patrimoniais para todas as partes no 
negócio (prestação + contraprestação). Exemplo: compra e venda. 
1. Comutativos: existe um equilíbrio subjetivo entre as prestações pactuadas, 
de forma que as vantagens auferidas pelos declarantes equivalem-se entre 
si. Exemplo: na locação existe o equilíbrio subjetivo entre as prestações do 
locador (cessão do uso do bem), e do locatário (pagamento do aluguel). 
2. Aleatórios: a prestação de uma das partes fica condicionada a um 
acontecimento exterior, não havendo o equilíbrio subjetivo próprio da 
cumulatividade. Exemplo: safra futura. 
iii. Neutros: são aqueles em que não há uma atribuição patrimonial determinada. 
Exemplo: instituição voluntária do bem de família, que não tem natureza gratuita 
nem onerosa. 
iv. Bifrontes: são aqueles que tanto podem ser gratuitos como onerosos, dependera da 
intenção das partes. Exemplo: depósito e mandato, que podem assumir as duas 
formas. 
c. Quanto ao momento da produção dos efeitos 
i. Inter-vivos: destinados a produzir efeitos desde logo, isto é, durante a vida dos 
negociantes ou interessados. Exemplo: contratos em geral. 
DIREITO CIVIL I 27 
ii. Mortis-causa: aqueles cujos efeitos só ocorrem após a morte de determinada 
pessoa. Exemplo: testamento e legado. 
d. Quanto ao modo de existência 
i. Principais ou independentes: existentes por si mesmos. Exemplo: compra e 
venda. 
ii. Acessórios ou dependentes: a sua existência pressupõe a do principal. Exemplo: 
penhor, fiança, etc. 
iii. Derivados: são os que têm por objeto direitos estabelecidos em outro contrato 
denominado básico ou principal. Exemplo: sublocação. 
e. Quanto à solenidade 
i. Solenes (formais): obedecem a uma forma ou solenidade prevista em lei para a sua 
validade e aperfeiçoamento. Exemplo: casamento e testamento. 
ii. Não solenes (de forma livre): admitem forma livre, constituindo regra geral, pelo 
que prevê o art. 107 do CCB, em sintonia com o princípio da operabilidade ou 
simplicidade. Exemplo: locação e prestação de serviços. 
f. Quanto ao número de atos necessários 
i. Simples: são os negócios que se constituem por ato único. 
ii. Complexos: são os que resultam da fusão de vários atos sem eficácia 
independente. Compõem-se de várias declarações de vontade, que se completam, 
emitidas por um ou diferentes sujeitos para a obtenção dos efeitos pretendidos na 
sua unidade. Exemplo: alienação de um imóvel em prestações. 
iii. Coligados: compõem-se de vários outros, enquanto o negócio complexo é único. O 
que caracteriza o negócio coligado é a conexão mediante vínculo que une o 
conteúdo dos dois contratos. É necessário que os vários negócios se destinem à 
obtenção de um mesmo objetivo. 
g. Quanto às modificações que podem produzir 
i. Dispositivos: são os utilizados pelo titular para alienar, modificar ou extinguir 
direitos. 
ii. Obrigacionais: são os que, por meio de manifestações de vontade, geram 
obrigações para um ou ambas as partes, possibilitando a uma delas exigir da outra 
o cumprimento de determinada prestação. Exemplo: os contratos em geral. 
h. Quanto ao modo de obtenção dos resultados 
i. Fiduciário: é aquele em que o fiduciante, “transmite um direito a outrem, o 
fiduciário, que se obriga a devolver esse direito ao patrimônio do transferente ou a 
destiná-lo a outro fim” (Carlos Roberto Gonçalves apodFrancisco Amaral). 
ii. Simulado: é o que tem aparência contrária a realidade não sendo, portanto, válido. 
DIREITO CIVIL I 28 
3. Características 
a. Finalidade social: significa que o negócio jurídico abrange a aquisição, conservação, 
modificação ou extinção de direitos. 
b. Aquisição de direitos: ocorre com a sua incorporação ao patrimônio ou à personalidade 
do titular. 
i. Pode ser: 
1. Originária: ocupação de coisa sem dono. 
2. Derivada: transferência feita por outra pessoa, doação. 
3. Gratuita: sucessão (herança). 
4. Onerosa: locação, compra e venda, herança de dívidas. 
5. A titulo singular: significa que é correspondente à determinados bens. 
6. A título universal: significa a aquisição de uma titularidade de direitos. 
Exemplo: na herança com um acervo de bens. 
ii. Espécie de direitos 
1. Direitos atuais: é o direito subjetivo já formado, completo e incorporado 
ao patrimônio do titular. Para alguns autores é sinônimo de direito 
adquirido. 
2. Direitos futuros: é o que ainda não se constitui por ser deferido (quando a 
sua aquisição depende somente do arbítrio, da vontade do sujeito). 
Exemplo: registro de imóvel já pago. Não deferido é quando a consolidação 
dos direitos está subordinada a fatos ou condições falíveis. Exemplo: safra 
futura. 
3. Expectativa de direito: significa uma mera possibilidade de se adquirir um 
direito. Exemplo: herança. 
4. Direito eventual: pressupõe que a aquisição ainda está pendente de 
concretização. Já existe o interesse, ainda que embrionário e incompleto 
pendente de ser efetivado. 
5. Conservação de direitos: pressupõe que os direitos já foram adquiridos e 
incluem medidas para sua conservação que podem ser: de caráter 
preventivo, incluindo medidas de natureza extrajudicial (garantias) e 
medidas de natureza judicial (medidas cautelares). Também podem ser 
medidas de caráter repressivo que visam restaurara direitos violados. 
6. Modificação de direitos: ocorre de forma objetiva quando o próprio titular 
de um direito já ocorrido realiza um novo negócio jurídico que contempla o 
anterior de forma objetiva ou de forma subjetiva. Em caráter objetivo essa 
mudança pode ser qualitativa, quando o titular melhora o direito adquirido. 
DIREITO CIVIL I 29 
Exemplo: pessoa já tem imóvel e compra uma área vizinha. Em caráter 
quantitativo, quando existe a elevação de um patrimônio. A modificação de 
direito subjetiva se refere a pessoa do titular. 
7. Extinção de direitos: 
a. Subjetiva: é um direito personalíssimo em que pode ocorrer, 
inclusive, a partir da morte do titular. 
b. Objetiva: quando ocorre o perecimento do objeto. Concernente ao 
vínculo jurídico pelo perecimento da pretensão do próprio direito 
material. 
4. Elementos de validade dos negócios jurídicos 
a. Agente capaz 
i. Capacidade plena: capacidade de direito + capacidade de fato. 
ii. Absolutamente incapazes: representação dos pais, tutores e curadores = o ato é 
nulo. 
iii. Relativamente incapazes: representação dos pais, tutores e curadores = o ato é 
nulável. 
b. Objeto lícito, possível, determinado ou determinável = ato nulo. 
c. Forma prescrita e não defesa em lei = ato nulo. 
5. Ato jurídico anulável: o ato é anulável quando ocorre uma falta de legitimação. Exemplo: se o 
imóvel for vendido sem a outorga compulsória. 
6. Ato jurídico anulado: é anulado a partir de uma declaração legal. 
7. Defeito do negócio jurídico 
a. Vício: significa um defeito que ocorre acarretando a invalidade do negócio jurídico. Para 
que o negócio jurídico existe e seja válido, é necessário que a vontade e isenta de malícia 
ou de má-fé. Quando um defeito é encontrado na vontade ocorrem os vícios de 
consentimento. Quando o defeito acontece com uma fraude contra credores ou simulação, 
esse vício é chamado de vício social. 
i. Vícios de consentimento 
1. Erro: é a falsa percepção da realidade, a falsa noção do objeto ou da 
pessoa. Difere da ignorância que é o completo desconhecimento da 
realidade. Na ignorância, a mente de quem erra está in albis (em branco). 
a. Requisitos de anulação de um negócio jurídico com base no 
erro: 
i. Erro substancial ou essencial: é quando o equívoco for da 
substância do negócio, das circunstâncias ou dos aspectos 
relevantes do negócio. 
DIREITO CIVIL I 30 
ii. O erro, juridicamente, pode ser classificado como 
acidental ou irrelevante: é o que não incide sobre as 
causas determinantes do negócio jurídico, mas apenas em 
algum aspecto secundário do negócio. 
iii. Erro de cálculo: autoriza a retificação de declaração de 
vontade. 
b. São substanciais os erros relativos à natureza do negócio, erro sobre 
o objeto principal da declaração da vontade ou sobre alguma 
qualidade a ele essencial. Também erro relativo à identidade ou à 
alguma qualidade essencial da pessoa a que se refira a declaração da 
vontade e erro sobre o direito. 
c. Distinção entre erro e vício redibitório: no erro o defeito é da 
vontade, no vício o defeito é do objeto. Vício redibitório significa o 
defeito oculto, presente em coisa recebida em virtude de um 
contrato, que a torne imprópria para o uso a que se destina ou que 
diminua o seu valor. 
2. Dolo 
3. Estado de perigo 
4. Coação 
ii. Vícios sociais 
1. Fraude contra credores 
2. Simulação 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
Anotações das aulas. 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de Direito Civil, volume 1: 
parte geral. 14. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2012. 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Esquematizado, volume 1. São Paulo: Saraiva, 2011. 
 
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: Volume único. 4. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: 
Forense; São Paulo: Método, 2014.

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