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réplica tatiane freitas ferrer vs dimed

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EXMO(A). SR(A). JUIZ(JUÍZA) FEDERAL DA 4ª VARA DO TRABALHO RIO GRANDE/RS
Processo n. 0020137-61.2015.5.04.0124
TATIANE FREITAS FERRER, qualificada nos autos da reclamação trabalhista em epígrafe, que move em face da DIMED S.A. DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS, vem, por seu advogado, manifestar-se sobre a defesa, documentos e laudo pericial, nos seguintes termos.
A defesa foi incapaz de invalidar a pretensão contida no instrumento da demanda e seus documentos, razão pela qual se impende a procedência dos pedidos da inicial.
DOS FATOS E IMPUGNAÇÕES DA RECLAMADA
a) Do adicional de periculosidade (conclusão por prova pericial)
				A perícia judicial (id. c223c0d) constatou que a reclamante exerceu suas atividades em local perigoso, razão pela qual faz jus ao adicional de 30% sobre a remuneração. Veja-se:
(...)
Portanto, a reclamante remete suas considerações ao inteiro teor do laudo pericial.
b) Do piso da categoria e dos reajustes
				Ao contrário do que alega a reclamada, o salário percebido pela reclamante jamais foi superior ao previsto no piso da categoria (piso normativo), que sempre prevê o mínimo negociado para a categoria, como de conhecimento geral. Por sua vez, a rubrica responsabilidade técnica (RT) é gratificação pelo exercício de atividade de maior complexidade, no valor de três salários mínimos.
				No contrato de experiência, ficam bastante claros os termos da contratação da reclamante, que desmembra a remuneração para o mínimo da categoria de R$ 668,00 (salário básico) + R$ 600,00 (RT): 
A rubrica RT sempre foi de três salários mínimos, o que descaracteriza a dita “liberalidade” afirmada pela reclamada. É cláusula de contrato, pela responsabilidade técnica, ao passo que o salário base deveria ser o salário normativo, de acordo com os instrumentos coletivos.
Para evitar repetição, remete aos termos da inicial, frisando que as r. decisões colacionadas com a inicial traduzem idêntico caso aos dos autos, figurando a ré Dimed (Panvel), no polo passivo.
				Pela procedência do pedido.
c) Das horas extras e reflexos
				Conforme aduzido na inicial, o ponto final era alterado de acordo com critério da empresa, em nítida fraude trabalhista.
Ao apresentar registros de ponto, desde já impugnados, por não condizerem com a realidade, a reclamada transfere o ônus de provar à reclamante, que o fará através de testemunhas.
d) Dos intervalos intrajornada (art. 71, §4º, da CLT)
A reclamada cinge-se a afirmar que a jornada correta é a do ponto e que os intervalos jamais foram desrespeitados.
Como dito, os horários marcados sofriam alteração pela reclamada, ao seu critério, razão pela qual reitera os termos da inicial.
e) Indenização pelo intervalo da mulher (art. 384, da CLT)
Afirma a ré que a autora, quando presta horas extras, usufrui do intervalo da mulher. Todavia, nada traz aos autos que comprove essa alegação. Nos dias em que há realização de hora extra, deve haver a concessão de intervalo de 15 minutos, por expressa dicção legal.
A defesa confessa que não concedia o intervalo, motivo da procedência do pedido da autora, tanto nos dias em que há registro de horas extras no ponto, independente da prova oral produzida.
f) Do acúmulo de função e quebra de caixa
Defende a reclamada que não havia caixa regular na farmácia e a reclamante apenas algumas vezes exercia a função (tanto que recebia quebra de caixa, conforme atestam os contracheques).
Os termos “quase nunca” e “raríssimas oportunidades” traem a reclamada em sua defesa e serão chancelados com a prova testemunhal, além de constar o pagamento de quebra de caixa em quase todos os meses a partir de 2011. A autora, de fato, operava o caixa, cabendo ao i. Julgador conceder o adicional por acúmulo de função.
g) Da pendência de repasses de contribuições sindicais
A autora formulou o pedido, pois foi informada pelo Sindicato da Categoria de que estariam pendentes. Comprovado o repasse, considera-se adimplida a obrigação do empregador.
h) Do aviso prévio
				Com razão a reclamada sobre o pagamento, em rubrica separada, do aviso prévio e do aviso prévio proporcional, conforme campos 69 e 95.3, do TRCT.
				Pela improcedência do pedido, razão de um lapso da inicial, cujas escusas o procurador da reclamante pede à reclamada.
				Mantém, contudo, o pedido sobre a retificação da anotação na CTPS.
i) Da Participação dos lucros e resultados
				Contestado genericamente, requer a autora a procedência do pedido.
				Sobre o não recebimento da PLR de 2015 (aditamento à inicial), veja-se o teor da Súmula 451, do C. TST, que chancela a razão da autora:
“PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. RESCISÃO CONTRATUAL ANTERIOR À DATA DA DISTRIBUIÇÃO DOS LUCROS. PAGAMENTO PROPORCIONAL AOS MESES TRABALHADOS. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 390 da SBDI-1) – Res. 194/2014, DEJT divulgado em 21, 22 e 23.05.2014 
Fere o princípio da isonomia instituir vantagem mediante acordo coletivo ou norma regulamentar que condiciona a percepção da parcela participação nos lucros e resultados ao fato de estar o contrato de trabalho em vigor na data prevista para a distribuição dos lucros. Assim, inclusive na rescisão contratual antecipada, é devido o pagamento da parcela de forma proporcional aos meses trabalhados, pois o ex-empregado concorreu para os resultados positivos da empresa.”
Pela procedência.
j) Do adicional, divisor, base de cálculo das horas extras (já pagas e as deferidas no processo) e das indenizações do art. 384 CLT e pela supressão do intervalo intrajornada. Reflexos das demais parcelas salariais.
Não contestado, deve ser aplicado.
				Pela aplicação, também, do INPC, de acordo com a OJ 49, da C. Seção Especializada em Execução do E. TRT-4.
k) Recálculo das parcelas rescisórias
O TRCT foi anexados à inicial e nada há de genérico no pedido de recálculo das parcelas da rescisão do contrato de trabalho da autora, em razão das diferenças salariais obtidas com a presente ação.
Pela procedência.
l) Exclusão da reclamante da responsabilidade técnica da reclamada.
				Se a reclamada retirou o nome da autora do quadro de responsável técnica da empresa, então razão lhe assiste, nada mais tendo feito do que cumprido o disposto no art. 16, da Lei 5.991/73, tendo servido o pedido de obrigação de fazer da inicial para o seu efetivo cumprimento.
m) Honorários advocatícios
São devidos honorários aos advogados da reclamante, em razão do princípio da sucumbência (art. 20, do CPC) e porque não existe o monopólio dos advogados de sindicatos na Justiça do Trabalho, exercendo o profissional habilitado idêntico trabalho ao do profissional credenciado peça entidade sindical.
Ademais, a raiz desse antigo entendimento que conferia honorários advocatícios apenas aos profissionais credenciados pelos sindicatos decorria da possibilidade de o reclamante postular sem advogado na Justiça Especializada, fato raro, principalmente após o advento da EC 45/2004.
Esse entendimento já ultrapassado cada vez mais cede espaço para o entendimento que prega a valorização do advogado que atua na seara trabalhista e que não é credenciado por entidade sindical, mas vence a demanda para o seu cliente e é, segundo a Constituição Federal, essencial à administração da Justiça.
A reclamante firma declaração de hipossuficiência (id. 183f1e5), juntado em 06/03/2015, com a inicial.
Pelo deferimento dos honorários advocatícios.
IMPUGNAÇÃO DOS DOCUMENTOS
A Ordem de Serviço n. 01/2002 vai impugnada por ser documento imprestável à comprovação de que a reclamante não estaria exposta à risco de vida. A periculosidade foi atestada pela perícia dentro do local de trabalho, ante a proximidade do ponto de abastecimento.
O documento elaborado pela empresa de engenharia contratada pela reclamada não se presta para comprovar a ausência de periculosidade, tanto pela unilateralidade, quanto pela realização de perícia judicialno ano de 2015, que atestou a periculosidade.
Quanto aos contracheques acostados, muito pelo contrário do que alega a reclamada, há com frequência pagamento de quebra de caixa, o que chancela o pedido de acúmulo de função.
Os registros de ponto apresentados vão impugnados, porque não refletem a realidade do contrato, conforme será provado pela reclamante. Ainda assim, em alguns dias registram horas extras e servem para chancelar o pedido de indenização pela não concessão do intervalo do art. 384/CLT. A reclamante alega que os pontos eram manipulados para suprimir o pagamento de horas extras, o que será objeto de prova testemunhal.
CONCLUSÃO E REQUERIMENTO
Ante o exposto, tendo sido rebatidos os pontos da defesa, a autora reitera integralmente os termos da petição inicial e requer seja a ação julgada totalmente procedente.
Nestes termos, pede deferimento.
Porto Alegre/RS, 03 de julho de 2015.
Ernani Peres dos Santos
OAB/RS n. 69.922
Miguel Vargas da Fonseca
OAB/RS n. 65.604

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