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Princípio da boa-fé e da lealdade processual O Estado busca a pacificação da sociedade, através da prevalência da ordem jurídica, empenhando-se na eficácia do processo. Desse modo, surge a preocupação das leis processuais em assentar os procedimentos por meio dos princípios da boa-fé e da lealdade. Segundo o doutrinador Celso Antônio Bandeira de Mello, princípio é todo mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce deste, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas comparando-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico. (MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 12. ed. São Paulo: Malheiros, 2000.) - Princípio da boa-fé O filósofo francês André Comte-Sponville define a boa-fé como expressão de sinceridade, veracidade e franqueza. Deixando evidente que a boa-fé representa o contrário da mentira, hipocrisia, duplicidade, ou seja, todas as formas possíveis de má-fé. (COMTE-SPONVILLE, 2004, p. 214) O Princípio da boa-fé pode ser encontrado no ordenamento de jurídico de duas formas: a primeira, objetiva, ou seja, expressa na lei; a segunda, os casos onde o juiz interpreta conforme os preceitos gerais da boa-fé, não havendo previsão legal. Por conta disso, existe uma dificuldade no princípio da boa-fé, mesmo positivado, pois ambos modos exigem a interpretação realizado no caso concreto que abrange todas as exigências sociais e não somente do ordenamento jurídico. Outra dificuldade é a interpretação das expressões não objetivas que necessitam maior esforço jurista devido o grau de abstração das normas. E ainda há uma preocupação com a segurança jurídica, devido a compreensão da pessoa em relação ao caso concreto sem a utilização de uma norma. É preciso entender que o ordenamento jurídico não é perfeito e que as regras não devem ser seguidas incondicionalmente, pois são complexas as relações. Um ordenamento não poderá ser simples porque é composto de ideais, valores e escolhas políticas de uma sociedade que não são encontradas escritas. A boa-fé no âmbito jurídico é dividida em: boa-fé objetiva e boa-fé subjetiva. A boa-fé subjetiva é a manifestação psicológica, não possui muita importância atualmente por conta da dificuldade de comprovar as intenções e pensamentos do homem. A boa-fé objetiva não apresenta uma intenção ou uma crença, mas uma regra de conduta, um dever de comportamento. A boa-fé representa um princípio geral do Direito, isto é, todos devem comportar-se conforme um padrão ético de confiança, respeito e lealdade. Assim, o pressuposto da interpretação de todo o Direito. Princípio da lealdade processual O princípio da lealdade deriva da boa-fé, excluindo a fraude processual, as imoralidades, a prova deformada. Como partes podem-se abranger todos os intervenientes do processo, ou seja, os juízes, auxiliares da justiça, advogados, membros do Ministério Público, da Fazenda Pública, entre outros. O artigo 14, caput e inciso, do Código de Processo Civil diz que: “São deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participarem do processo: II- proceder com lealdade e boa-fé (...)” BRASIL, 2002 O descumprimento é considerado ilicitude processual (dolo e fraude processual), correspondendo sanções processuais também revistas no Código de Processo Civil. Humberto Theodoro Júnior diz que cabe ao juiz velar este princípio, coibindo má-fé e agindo com poderes inquisitoriais, deixando de lado o caráter dispositivo do processo civil. (THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 32. ed. Rio de janeiro: Forense, 2000, 1 v.) Desse modo, percebe-se que este princípio impõe atuação moral e proba os que atuam no feito, atingindo o objetivo primordial.
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