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Departamento de Direito do Estado DIREITO CONSTITUCIONAL I Professora: Carolina Machado Cyrillo da Silva Monitora: Jhenyfer Souza Período: 2016.2 Resumo da unidade i A ESTRUTURA DO DIREITO CONSTITUCIONAL O direito constitucional se encontra no ápice do ordenamento jurídico e estabelece os critérios de validade que deverão ser seguidos por todas as regras para que estas sejam consideradas existentes dentro de um sistema normativo; ditando a forma de como as regras podem ser produzidas, modificadas e eliminadas no sistema jurídico. O conceito de Constituição dependerá do ponto de partida: Conceito Histórico-Universal, defendido por Canutilho, segundo o qual a Constituição é um fenômeno amplo que regula a sociedade e que sempre existiu; Conceito Liberal, que possui origem na Revolução Francesa, segundo o qual a existência da Constituição depende, necessariamente, da separação de poderes e garantias de direitos; Conceito Ideal, defendido por Carl Schmitt, segundo o qual a existência da Constituição depende de um sistema de garantias de liberdade, divisão de poderes e, indiscutivelmente, a Constituição deve ser escrita. O sentido da Constituição também dependerá do referencial: Sentido Sociológico, defendido por Lassale, segundo o qual a Constituição de um país é, em essência, a soma dos fatores reais do poder que regem esse país, sendo esta Constituição real e efetiva, não passando a Constituição escrita de uma mera “folha de papel”; Sentido Político, defendido por Schmitt, segundo o qual a Constituição é considerada como decisão política fundamental, decisão concreta de conjuntos sobre o modo e a existência da unidade política; Sentido Jurídico, defendido por Kelsen, segundo o qual a Constituição é considerada norma pura, puro dever-ser, é o sistema de normas que regula a criação de outras normas; Sentido Normativo, defendido por Hesse, segundo o qual existe uma retroalimentação entre a Constituição e a realidade social, e é necessário que a Constituição seja aberta e ampla. O foco aqui é a “força normativa da Constituição”. A interpretação deve considerar não apenas o texto constitucional, mas também a realidade sobre qual ele incide. Em suma, a doutrina aponta que falar em Constitucionalismo é, necessariamente, falar em separação de poderes e garantias de Direitos Fundamentais. A CONSTITUIÇÃO E SEUS ELEMENTOS Os elementos constitucionais são responsáveis por agrupar os dispositivos constitucionais a partir da finalidade de cada um deles. José Afonso da Silva identificou cinco categorias de elementos, são elas: elementos orgânicos da Constituição, elementos limitativos da Constituição, elementos socioideológicos da Constituição, elementos de estabilização da Constituição e elementos de aplicabilidade da Constituição. Elementos orgânicos da Constituição Relacionam-se aos dispositivos constitucionais que regulam a estrutura do estado e do poder. Na CF/88, são exemplos de elementos orgânicos da Constituição os seguintes dispositivos: Título III – Da organização do Estado; Título IV – Da organização dos Poderes; Título V, Capítulo II – Das Forças Armadas; Título V, Capítulo III – Da Segurança Pública; Título VI – Da Tributação e do Orçamento. Elementos limitativos da Constituição Referem-se às normas protetoras dos direitos e garantias fundamentais e que limitam o poder do estado. Na CF/88, estes elementos estão dispostos nas normas do Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais, com exceção do capítulo II que versa sobre os direitos sociais. Elementos socioideológicos da Constituição Incluem as normas que expressam o compromisso constitucional entre o Estado individualista (liberal) e o Estado intervencionista (social). Na CF/88 são exemplos de elementos deste tipo: Título II, Capítulo II – Dos Direitos Sociais; Título VII – Da Ordem Econômica e Financeira; Título VIII – Da Ordem Social. Elementos de estabilização da Constituição Referem-se às normas voltadas à defesa da Constituição, do Estado e de suas instituições, bem como à solução de conflitos constitucionais, com a finalidade de garantir a paz social. Na CF/88 são exemplos de elementos deste tipo: Título V, Capítulo I – Do Estado de Defesa e do Estado de Sítio; Título III, Capítulo VI – Da Intervenção; Título IV, Capítulo I, Seção VIII, Subseção II – Da Emenda à Constituição; Artigos 102 e 103 (referentes à jurisdição constitucional). Elementos de aplicabilidade da Constituição Normas que estabelecem regras de aplicação das normas constitucionais. Na CF/88, são exemplos de elementos de aplicabilidade da Constituição os seguintes dispositivos: ADCT – Atos das Disposições Constitucionais Transitórias; Art.5º, §1º – que determina aplicabilidade direta e imediata às normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais. PARTES DA CF/88: Preâmbulo: Possui origem na Constituição Norte-Americana (1787) – “We the people”, que possuía a finalidade de expressar a legitimidade no processo. Dessa forma, o Preâmbulo é fonte de legitimação do Poder Constituinte. No constitucionalismo brasileiro é possível identificar o Preâmbulo em todas as Constituições, exceto na de 1967. Ainda no contexto brasileiro é válido afirmar que com exceção da invocação divina, tudo o mais que consta no Preâmbulo pode ser deduzido, de uma maneira ou de outra, dos preceitos que figuram no restante da Constituição. O STF possui o entendimento de que o Preâmbulo não possui força normativa!!! Corpo: composto por nove títulos e 250 artigos. ADCT: formado por cem artigos, o Ato das Disposições Transitórias é um regime provisório para a transição de ordens jurídicas. É válido ressaltar que algumas normas do ADCT ainda possuem eficácia, outras têm eficácia exaurida; Emendas Constitucionais: alteração do texto constitucional. Até agora já possuímos 92EC. Não se esqueçam que todos esses quatro elementos compõem formalmente a Constituição de 1988, porém o Preâmbulo não possui força normativa! A TEORIA DA CONSTITUIÇÃO A Teoria do Constitucionalismo Liberal: o idealismo Tal teoria se originou no contexto das Revoluções Burguesas, entre os séculos XVII e XVIII, e possui por objetivo limitar o exercício do poder político. Dessa forma, a Constituição deve conter normas com dois conteúdos: normas instituidoras de direitos individuais e normas que organizem o Estado e acordo com o Princípio da divisão dos Poderes. Vertentes que vincula a Constituição ao seu conteúdo material. O estudo sugere que a CF brasileira de 1824 está de acordo com esta teoria. A Constituição como fato social: os fatores reais do poder – Concepção Sociológica de Constituição Originada no séc. XIX, esta é a teoria defendida por Ferdinand Lassale e afirma que é necessária a existência de uma eficácia social, ou seja, a Constituição deve corresponder à realidade social. Caso contrário, a Constituição não passa de uma mera folha de papel. O confronto entre o Constitucionalismo Liberal e a realidade política – e também social – resultou na necessidade de se repensar no conceito de Constituição. A concepção política de Constituição: a Constituição como “decisão política fundamental” – Schmitt Segundo esta teoria, a Constituição deve ser definida como a “decisão fundamental” do Poder Constituinte. Sob um prisma normativo, a decisão “nasce do nada”. Nesse sentido, a Constituição se faz por ela mesma, garante a sua própria sobrevivência. Segundo esta ótica, a vontade do Soberano é superior às leis constitucionais porque o objetivo é manter o regime já instituído. Em suma, a decisão política fundamental legitima a si própria, não buscando fundamento de validade em nenhuma lei superior. No Constitucionalismo brasileiro temos a CF/1937 e o AI-1 como exemplos de Constituições conforme a visão de Schmitt. O Positivismo Constitucional de Hans Kelsen – Concepção jurídica de Constituição Possui origem no séc. XX, no contexto do afastamento da matriz liberal nas Constituições escritas e, este é o mesmo cenárioda significativa Constituição de Weimar. Segundo Kelsen, as Constituições têm em comum a supremacia formal, ou seja, ocupam o ápice da ordem jurídica; provendo fundamento de validade para o restante do ordenamento. Dessa forma, esta é a vertente que vincula a Constituição ao seu conteúdo formal. Teoria Concretista e a força normativa da Constituição – Hesse Em pleno contexto de pós-Segunda Guerra Mundial e afirmação do Constitucionalismo Social, esta teoria afirma que a essência da Constituição está na normatividade adicionada ao conteúdo material extraído das “exigências substantivas” que se encontram na sociedade que a Constituição se propõe a regular. O foco desta teoria é a “força normativa da Constituição”. Existe uma retroalimentação entre a Constituição e a realidade social, e é necessário que a Constituição seja aberta e ampla, uma vez que pretende ordenar uma vida histórica. A interpretação constitucional deve considerar não apenas o texto constitucional, mas também a realidade sobre qual ele incide. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES Quanto à Forma: Dogmática, codificadas, escritas: positivadas em um texto único, editado em um determinado momento da história do país; Históricas, não escritas: não se reduzem a um documento que abarque a totalidade da Constituição. Quanto à Estabilidade: Flexíveis: podem ser alteradas da mesma forma como se edita a legislação ordinária, ou seja, não há um quórum rigoroso; Semirrígidas: a parte mais relevante é rígida, a outra não; Rígida: demandam um quórum mais rigoroso do que o exigido para a elaboração da legislação infraconstitucional; Super-Rígidas: em parte é dotada de rigidez, mas também existem algumas matérias que não são alteradas; Imutáveis: não mudam. Todas as Constituições brasileiras são rígidas, exceto a de 1824; esta é classificada como semirrígida. Quanto ao Conteúdo: Analítica, prolixa: fixam detalhes dos institutos jurídicos constitucionalizados; Sintética: são curtas, se limitam a estabelecer alguns direitos individuais e políticos. Quando ao Objetivo: Garantia: em regra, são sintéticas e liberais, possui o objetivo de estabelecer limites às ações do Estado; Dirigente: prescrevem objetivos a serem perseguidos e é típica do constitucionalismo social. Quanto à Ideologia: Monista, ortodoxa: possui apenas uma ideologia; Pluralista, compromissória: apresenta mais de uma ideologia; Imparcial: neutralidade política. Quanto à Origem: Outorgada: imposta pelos governantes; Promulgada: elaborada por Assembleia Constituinte; Cesarista: elaborada pelo líder político e depois submetida à aprovação popular; Heterônomas: imposta por outra Nação. Quanto à Eficácia: Normativa: atinge os seus fins; Nominais: serve apenas como parâmetros; Semânticas: legitima regimes contrários à democracia; Simbólicas: álibi para a manutenção do status quo, não correspondem minimamente à realidade. MODELOS DE CONSTITUCIONALISMO Constitucionalismo liberal- burguês Baseou-se na ideia de que a proteção dos Direitos Fundamentais dependia, basicamente, da limitação dos poderes do Estado e direitos individuais. O foco centrava-se mais sobre as liberdades econômicas do que sobre as liberdades existenciais. O Constitucionalismo liberal-burguês afirmava o valor da igualdade, porém esta era vista a partir de uma perspectiva formal. Logo, o constitucionalismo liberal-burguês não incorporava, dentre as suas funções, a promoção da igualdade material entre as pessoas. Constitucionalismo Social O Constitucionalismo Social não renega os elementos positivos do liberalismo – a sua preocupação com direitos individuais e com a limitação do poder – mas antes pugna por conciliá-los com a busca pela justiça social e o bem-estar coletivo. A prestação do Estado neste modelo constitucional é positiva, ou seja, o Estado age para proteger ativamente os direitos. Pós-Positivismo Busca a ligação entre o Direito e a Moral por meio da interpretação de princípios jurídicos muito abertos, aos quais é reconhecido o pleno caráter normativo. Neoconstitucionalismo ou Constitucionalismo Principialista Envolve simultaneamente alterações no tipo das Constituições e dos correspondentes arranjos institucionais e alterações na teoria jurídica subjacente. Está associado a diversos fenômenos reciprocamente implicados, seja na seara da dogmática jurídica, seja no campo empírico, que podem ser sintetizados: Reconhecimento da força normativa dos princípios jurídicos e valorização da sua importância no processo de aplicação do Direito; Rejeição ao formalismo e recurso mais frequente a métodos mais abertos de raciocínio jurídico, como a ponderação, teoria da argumentação, etc.; Reaproximação entre direito e moral; Constitucionalização do Direito, com a irradiação das normas e valores constitucionais, sobretudo os relacionados aos direitos fundamentais, para todos os ramos do sistema jurídico; Judicialização da política e das relações sociais. Constitucionalismo Garantista Questiona a discricionariedade do juiz ao aplicar a ponderação de princípios. O garantismo se aproxima dos ideais positivistas, reforça que o papel do julgador é apenas o de aplicador das normas. Nuevo Constitucionalismo Latino-Americano Sua principal característica é a valorização da participação popular. O Estado argentino foi o primeiro a experimentar este constitucionalismo manifestado na América do Sul, no qual é possível observar que o poder começa a sair da elite para o povo. Vale frisar ainda o reconhecimento e o respeito dos povos originários, como principal objetivo de estruturar uma identidade plurinacional. INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL A norma jurídica não se confunde com o seu texto. O texto é algo que se interpreta, norma é o produto da interpretação. A norma, além do texto, deve considerar toda uma gama de outros elementos, dentre os quais o âmbito da realidade social sobre qual ela incide. Dessa forma, a interpretação constitucional é a atividade de revelar ou atribuir sentido aos textos ou outros elementos normativos com o objetivo de atualizar o sentido das normas constitucionais e produzir o melhor resultado possível para a sociedade. O processo possui início na noção semântica e termina na aplicação ao caso concreto. Tipos de Interpretação: Interpretação Gramatical, literal, semântica: busca extrair a norma jurídica do texto que ela consagra; Interpretação Histórica ou Teleológica Subjetiva: feita considerando a vontade do legislador, o contexto histórico que o levou a fazer determinada norma; Interpretação Sistemática: considera o contexto constitucional, a unidade orgânica; Interpretação Teleológica Pura ou Objetiva: busca entender a finalidade para qual a norma foi produzida. Classificação quanto aos efeitos Declarativa: não existem falhas nem lacunas. Há coincidência entre a norma produzida e os exatos mandamentos do texto normativo; Extensiva: o intérprete amplia o sentido da norma para abranger mais situações previstas pela própria legislação; Restritiva: o intérprete restringe o sentido da norma para abranger menos situações do que as elencadas pelo legislador. A Mutação Constitucional ocorre quando o texto constitucional passa a ter um novo sentido, porém não há alteração no seu texto. Ou seja, é uma mudança da interpretação, não do texto. PODER CONSTITUINTE Estabelece a dimensão e a origem constitucional. Teoria do Poder Constituinte Emanuel Sieyès com a sua obra “O que é o Terceiro Estado?” traçou as linhas mestras da Teoria do Poder Constituinte. Nesta obra, Sieyès afirmou a existência de um poder imanente à Nação, superior aos poderes ordinariamente constituídos e por eles imodificáveis: o Poder Constituinte. O Poder Constituinte é incondicionado e permanente, seria a vontade da Nação. Por sua vez, o Poder Constituído receberia a sua existência e sua competência do primeiro, sendo por ele juridicamente limitado. Dessa forma, o Poder Constituinte elabora asnormas constitucionais, enquanto o Constituído está submetido à Constituição. As análises recorrentes na Teoria do Poder Constituinte tratam das seguintes questões: de quem o exerce (Titularidade), como o exerce (procedimento), com qual fundamento (natureza) e dentro de quais condicionamentos (limites). Titularidade do Poder Constituinte Hoje se entende que a titularidade do Poder Constituinte pertence ao povo.[1: Vide Art.1º, parágrafo único, CF/88. ] Deus Monarca Nação Povo Classificação do Poder Constituinte Originário: primário, ilimitado e incondicionado. Funda a ordem jurídica; Derivado: secundário, limitado e condicionado. Decorre do poder originário; Decorrente: capacidades, dimensões, competências que a Constituição estabelece no exercício do poder derivado. Teorias acerca do Poder Constituinte França, 1789 – Sieyès e a Teoria do Terceiro Estado: preocupou-se em estabelecer a titularidade do poder. Trazendo para o contexto atual, o Poder Constituinte é legitimado pelo povo, que por sua vez reflete a unidade constitucional; EUA – Federalistas: Poder Constituinte voltado à esfera processual. Existe uma preocupação com o procedimento com o controle de constitucionalidade; Titularidade do Poder Constituinte para Schmitt: o poder originário não se trata apenas de uma questão de legitimação, mas sim de delimitar aquele que é capaz de elaborar decisões em situações excepcionais; Teoria Constitucional Contemporânea: no Estado Democrático de Direito o titular do poder Constituinte é o povo. Características do Poder Constituinte Originário Funda a ordem jurídica; Estruturante; Ilimitado; Incondicionado; Dimensão de validade da ordem jurídica. Poder Constituinte Derivado e Reforma Constitucional Subespécies do Poder Derivado Poder Reformador Poder Decorrente O Poder Derivado se subdivide em: Poder Decorrente e Poder Reformador. O Poder Decorrente reporta-se à autonomia das unidades da federação; O Poder reformador compreende a emenda (Art.60, CF/88; Art.5º, §3º, CF/88) e a revisão (Art.3º, ADCT). Pode-se concluir que as três funções do Constituinte de reforma são: incluir, excluir e modificar. Limites ao Poder Reformador Limites Imanentes: contidos na CF ou implicitamente deduzidos – ex.: Cláusulas Pétreas; Limites Transcendentes: possui sede em outro plano com valores suprapositivos ou valores assumidos na esfera internacional – ex.: Tratados que podem estabelecer limites; Limites formais: todas as CF rígidas contêm limites formais ao poder de reforma. Limites que diz respeito à forma como o texto constitucional pode ser alterado; Limites Circunstanciais: visam impedir que se aprovem mudanças constitucionais em contexto de grave crise institucional – Art.60, §1º, CF/88; Limites Temporais: asseguram uma maior estabilidade à CF – Art.3º, ADCT; Limites materiais: limitação na matéria. NORMAS CONSTITUCIONAIS Até meados do séc. XX, a Constituição era vista como mera proclamação política, entretanto, após a Segunda Guerra Mundial as Constituições passaram a incorporar os Direitos Fundamentais, que são diretamente aplicáveis, produzindo assim a jurisdição constitucional. A jurisdição constitucional é a dimensão que a Constituição se aplica e possui por objetivo a proteção à garantia dos Direitos Fundamentais. Dessa forma, a normas constitucionais passaram a ter aplicabilidade direta nos casos concretos, superioridade hierárquica (formal e material), e passou a ser parâmetro de validade. Características das normas constitucionais Aplicabilidade direta nos casos concretos; Superioridade hierárquica; Forte dimensão política; Parâmetro de validade; Maior abertura. Normas materialmente constitucionais As normas materialmente constitucionais tratam de temas essencialmente constitucionais, não importando onde estejam positivadas. Sua matéria versa sobre: Direitos Humanos; Processo Legislativo; Estrutura do Estado; Separação de Poderes. Normas formalmente constitucionais As normas formalmente constitucionais tratam de qualquer objeto, mas estão necessariamente contidas no texto constitucional – ex.: Art.242, §2º, CF/88. Tipologia das normas Constitucionais Quanto à Eficácia: Eficácia plena e aplicabilidade imediata: possuem capacidade para produzir todos os efeitos jurídicos. Aplicabilidade direta, imediata e integral; Eficácia contida/restringível e aplicabilidade imediata: direta, imediata e integral, mas pode ter o seu alcance reduzido pela atividade do legislador infraconstitucional – ex.: Art.5º, XIII, CF/88; Eficácia limitada: necessitam de norma posterior infraconstitucional para produzir efeitos. Normas de Princípio Institutivo[2: Traçam linhas gerais de organização e estruturação de órgãos, entidades ou institutos jurídicos, mas não são suficientes para lhes conferir existência imediata – ex.: Art.131, CF/88. ] Eficácia Limitada Normas de Princípio Programático[3: Definem os principais objetivos e finalidades a serem perseguidos pelos Poderes Públicos, sem especificarem o modo como estes devem ser atingidos – ex.: Art.134, caput, CF/88. ] Princípios e Regras Constitucionais 1º fase (jusnaturalismo): os princípios não possuem natureza normativa, eles são valores à orientação do comportamento moralizante; 2º fase (Positivismo Jurídico): os princípios são elementos de integração, mas não diretivo; 3º fase/Atual (Pós-positivismo): há a valorização dos princípios na dimensão ético-moral e como normas. Existe a ocorrência de interpretação sobre princípios e sua aplicação na decisão judicial, conferindo força de lei para eles. DIREITO INTERNACIONAL E DIREITO CONSTITUCIONAL: RELAÇÕES E CONSEQUÊNCIAS Os Tratados Internacionais em matéria de Direitos Humanos aprovados e ratificados após a EC45/2004 e, de acordo com o §3º do Art.5º da CF/88, equivalem às emendas constitucionais. Logo, possuem status Constitucional. Os outros tratados que não forem aprovados de acordo com o procedimento previsto no §3º do Art.5º são supralegais, mas infraconstitucionais. O Pacto de São José da Costa Rica, segundo o entendimento do STF, possui status supralegal, mas infraconstitucional. Entendendo os parágrafos do Art.5º §1º: Teoria da Aplicabilidade Imediata; §2º: Cláusula de Abertura dos Direitos Fundamentais. Dessa forma, positiva a própria amplitude dos Dtos. Fundamentais, que podem ou não estar expressos no texto constitucional. Mostra que a ideia de positivação do direito não deve ser superior à importância que as mudanças sociais podem conferir a um direito não catalogado, porém, com status materialmente constitucional. Garantindo assim, uma maior amplitude de Dtos. Fundamentais aos cidadãos. Reparem que os Dtos. Fundamentais não são taxativos, mas exemplificativos; §3º: Quórum qualificado que atribui status constitucional aos Tratados que estão de acordo com o seu rito – A Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo estão de acordo com o procedimento previsto neste parágrafo; §4º: Consequência direta do Pacta Sunt Servanda. Resumo da unidade ii HISTÓRICO CONSTITUCIONAL BRASILEIRO A Constituição de 1824 D. Pedro I dissolve a Assembleia Constituinte de 1823;Carta outorgada, semirrígida, com forte influência do Constitucionalismo Liberal; Forma de governo monárquico; Forma de Estado Uno; 4 Poderes: Legislativo, Judiciário, Executivo e Moderador; Parlamentarismo franco-britânico como sistema de governo; Vinculação do Estado com a religião católica; Voto censitário; Não existia nenhum mecanismo de controle judicial de constitucionalidade das leis. A Constituição de 1891 Decreto de Nº510 convocou a eleição para a Constituinte, a ocorrer em 15/09/1890, porém, a Assembleia Constituinte instalou-se em 15/11/1890; Constituição promulgada e rígida; República como a forma de governo; Separação de Poderes inspirada no modelo americano; Forma federativa de Estado; Sistema de governo presidencialista; Influência do Liberalismo republicano; Ruptura com a Igreja Católica; Criação da justiça federal e estadual; Institucionalização do STF; Já estabelece os crimes de responsabilidade do Presidente da República; Previsão do controle de constitucionalidade inspirado no judicial review americano. A Constituição de 1934 Decreto de Nº 21.402/32 fixou o dia 03/05/1933 para as eleições da Assembleia, e criou a comissão para a elaboração do anteprojeto de Constituição. Em 19/08/1933 foi editado o Decreto de Nº 23.102, que fixou em 15 de novembro do mesmo ano a data de instalação da Assembleia Constituinte. A Assembleia Constituinte, diferente de outras que tivemos, ocupou-se apenas da elaboração da Constituição e da eleição indireta do Presidente da República, dissolvendo-se logo em seguida; Carta promulgada; Inaugurou o Constitucionalismo social no Brasil; Criou a Justiça Eleitoral, o voto secreto e constitucionalizou o voto feminino; Trouxe a ideia de função social da propriedade; Previu o mandato de segurança e a ação popular; A Justiça do Trabalho foi criada, mas não pertencia ao Judiciário; A Constituição de 1937 Golpe de Estado; Outorgada; Para compensar a outorga, a CF prometia, no seu Art.187, a convocação de um plebiscito nacional para aprová-la; Supremacia do Executivo; Proibição do funcionamento dos partidos; Extinguiu a Justiça Federal em 1ª Instância; Ampliação dos serviços públicos estatais e diminuição de liberdade; Ampliação dos direitos sociais e consolidação dos direitos trabalhistas. A Constituição de 1946 Lei Constitucional de nº13 e nº15 de 1945. A Lei Constitucional de nº15, de 26 de novembro de 1945, segundo a qual o Congresso Nacional teria poderes ilimitados para elaborar e promulgar a Constituição do país – Art.1º. Em dezembro de 45 foram feitas eleições gerais e os eleitos foram os constituintes. Em 2 de fevereiro de 1946, instalou-se a Assembleia Constituinte, que funcionaria de forma exclusiva. Até a promulgação da nova CF, o Presidente Dutra desempenharia também as funções legislativas, nos termos estabelecidos pela Lei Constitucional nº15; A Assembleia Nacional Constituinte contou com a participação de representantes do partido comunista; Promulgada; Expandiu os poderes da União e fortaleceu a autonomia dos Municípios; Tomou como referências as Constituições de 1891 e 1934; Restaurou a figura do Vice-Presidente; Dedicou-se à família, à educação e à cultura; Tornou a Justiça do Trabalho um órgão do Judiciário e criou o Tribunal Federal de Recursos (TRF); Restabeleceu os Três Poderes; Pluralidade Partidária; Direito de greve e livre associação sindical; Foi marcada por um déficit de efetividade; A EC, n.4 de 61 instituiu o sistema de governo parlamentar. Tal emenda previa consulta popular posterior, por meio do referendo, realizado em janeiro de 1963, restaurando os poderes tradicionais conferidos ao Presidente da República. A EC, n.6 de 63 revogou a EC n.4, restabelecendo o sistema presidencialista, depois do referendo. A Constituição de 1967 AI-4 editado por Castelo Branco convoca o Congresso para se reunir extraordinariamente. Um processo sem legitimidade, uma Constituição formalmente promulgada, mas outorgada materialmente; Hipertrofia do Executivo (concentração do poder); Eleições presidenciais indiretas; Direitos e garantias individuais e sociais previstos na Lei Maior, porém, na prática houve a ruptura com a ordem constitucional e com as garantias individuais e políticas (AIs). A Constituição de 1969 EC n.1 de 1969 outorgou a Constituição de 69; Censura às publicações, eliminação das imunidades parlamentares materiais e processuais; AI-5 A Constituição de 1988 e o Poder Constituinte de 1988 A Constituição de 1988 resultou de Assembleia Constituinte convocada através de uma emenda constitucional à Constituição anteriormente vigente. A EC n.26 de 1985 convoca a Assembleia Constituinte Parlamentar; Concepção social de constitucionalismo adorada pelo legislador constituinte; Três Poderes; Federalismo; Presidencialismo; Foi a primeira Constituição brasileira que previu um título de Direitos e Garantias Fundamentais; Criou o STJ e os TRFs; Criou o Mandato de Segurança Coletivo, o Mandato de Injunção, ADPF e habeas data; Dogmática, rígida, promulgada, dirigente, analítica, pluralista e normativa. INTRODUÇÃO AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Conceito O conceito de Direitos Fundamentais não é sinônimo de Direitos humanos, uma vez que Dtos. Fundamentais são Dtos. Humanos que passaram por processo político e foram institucionalizados pelo Estado. Via de regra, a doutrina costuma dizer que os Dtos. Fundamentais de primeira geração são os direitos e garantias individuais e políticos clássicos (liberdades públicas). Os dtos de segunda geração são direitos sociais, econômicos e culturais. Os Dtos. Fundamentais de terceira geração são os chamados direitos de solidariedade ou fraternidade, que englobam o meio ambiente, o direito da paz e ao progresso. Finalidade O objetivo dos Direitos Fundamentais é atuar como instrumento de proteção dos particulares frente ao Poder Público. Direitos Fundamentais podem ser considerados como concretizações do Princípio da Dignidade Humana. DIREITOS DA NACIONALIDADE Definição Vínculo jurídico-político de direito interno que liga o indivíduo ao Estado em virtude do local de nascimento, da ascendência ou da manifestação de vontade do interessado. Não se deve confundir nacionalidade com naturalidade, pois naturalidade é o local físico onde se nasce e não, necessariamente, coincide com a nacionalidade. Ex.: um indivíduo pode ser londrino, por ter nascido em Londres, mas ser brasileiro nato, por ser filho de diplomata que lá se encontra em serviço – conforme o Art.12, I, b, da CF/88. Espécies de nacionalidade Primária, de origem ou originária: vinculada ao fato natural do nascimento. Adotam-se dois critérios: ius solis (atribui a nacionalidade para quem nasce no território do Estado de que se trata) e ius sanguinis (existe um vínculo de sangue, ou seja, são nacionais os descendentes de nacionais). Vide Art. 12, I, CF/88. Secundária ou adquirida: se dá pela vontade do indivíduo ou do Estado. Vide Art.12, II, CF/88. Finalidade Concretizam as titularidades dos Direitos Fundamentais e também de outros direitos. São eles que criam as regras de titularização dos Dtos. Fundamentais. ** A leitura do Art.12 é indispensável! Não há macetes, vocês realmente precisarão saber o que a letra da lei diz. Como a nacionalidade é declarada, quais são os cargos privativos de brasileiro nato, quais são as situações que definem se o indivíduo é brasileiro nato, etc. ** DIREITOS DE PARTICIPAÇÃO Vide Art.1, parágrafo único, CF/88. É essencial saber a importância do parágrafo único desse artigo. Primeiramente, é válido dizer que o legislador consagra que a titularidade do Poder Constituinte Originário, aquele que funda a ordem jurídica, pertence ao povo. Dessa forma, no Brasil a soberania é popular e pode ser exercida de forma indireta ou direta. Democracia representativa (voto) É o exercício indireto da soberania popular e está constitucionalmente prevista na primeira partedo Art.14 da CF/88 – “A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto” Democracia Participativa (iniciativa popular, referendo e plebiscito) É o exercício direto da soberania popular e está constitucionalmente prevista na segunda parte e nos incisos do Art.14 da CF/88 – “e, nos termos da lei mediante: I – plebiscito; II – referendo; III – iniciativa popular.” Tanto o plebiscito como o referendo são consultas populares. A diferença é que no plebiscito a consulta popular é prévia, no referendo é posterior. É de competência exclusiva (logo, não pode ser delegada) do Congresso Nacional autorizar o referendo e convocar o plebiscito – Vide Art. 49, XV, CF/88. Já a iniciativa popular consiste na apresentação de um projeto lei (PL) à Comarca dos Deputados – Vide Lei 9.707/1988 para mais informações. ** É importante saber que a convocação do plebiscito não ocorre via iniciativa popular, pois a convocação é de competência exclusiva do Congresso Nacional. É impossível alterar o texto constitucional através da iniciativa popular, pois a Emenda Constitucional deve obedecer aos critérios previstos no Art.60 da CF/88 ** DIREITOS POLÍTICOS Vide Arts. 14,15 e 16 da CF/88; O direito ao voto não pode ser abolido da Constituição, visto que está contido na cláusula pétrea. Titularidade Os brasileiros natos, os naturalizados e estrangeiros residentes no país são os titulares desses direitos. Ressalva: aos portugueses que atendam os requisitos previstos no Art.12, §1º, a naturalização não é necessária para que os Dtos. políticos sejam exercidos. Logo, a afirmativa que os estrangeiros residentes no país são titulares de direitos políticos aplica-se somente aos portugueses que se enquadram no Art.12, §1º. Condições para se eleger A elegibilidade está prevista no §3º do Art.14 e é a possibilidade de um eleitor se tornar um candidato. Ressalva: toda a linha de sucessão para a Presidência da República admite somente brasileiros natos, conforme o Art.12, I, §3º da CF/88. Lembrando que a condição de “nato” está relacionada ao ius solis e ius sanguinis, é preciso existir vinculação originária. Inelegibilidade Os analfabetos e os inalistáveis não podem ser candidatos – vide Art.14, §4º da CF/88. A Inelegibilidade é diferente do direito ao voto, pois a Inelegibilidade é a incapacidade de não poder se candidatar a cargo público. Ou seja, o indivíduo pode votar, mas não pode ser eleito. Perda e suspensão dos Dtos. Políticos A perda ocorre quando há o cancelamento da naturalização ou a perda voluntária (renúncia da nacionalidade); [4: Vide Art.15, I, CF/88. ][5: Vide Art.12, §4º, II, CF/88. ] A suspensão dos Dtos. Políticos ocorre nas seguintes condições: Decretação da incapacidade civil absoluta, condenação criminal transitada em julgado, improbabilidade administrativa e recusa de cumprir obrigação a todos impostas ou prestação alternativa. [6: Vide Art.15, II, CF/88. ][7: Vide Art.15, III, CF/88. ][8: Vide Art. 15, V e Art.37, §4º, CF/88. ][9: Vide Art. 5º, VIII e Art. 15, IV, CF/88. ] FUNDAMENTOS, PRINCÍPIOS E OBJETIVOS DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 Os Princípios Fundamentais da Constituição Federal de 1988 estão expressos a partir do Art.1º até o Art.4º. Finalidade O “Título I” da Constituição de 1988 consagra os valores indispensáveis, conferido ao texto constitucional unidade e interpretação. Sobre os artigos Art.1º: Trata dos Fundamentos da República Federativa do Brasil; Art. 2º: versa sobre a Tripartição dos Poderes; Art.3º: expressa os objetivos do Estado brasileiro; Art.4º: expõe de que forma o Brasil rege-se nas suas relações internacionais. ** A leitura desses artigos é indispensável! É interessante fazer um link do Art.3º com o dirigismo da Constituição. Lembre-se que a CF/88 é dirigente. Logo, prescreve objetivos a serem alcançados pelo estado. **
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