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LEITURA GAETINHO GAB

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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PARA JOVENS E ADULTOS
ENSINO FUNDAMENTAL - LEITURA – ATIVIDADE 04 
GAETANINHO
― Xi, Gaetaninho, como é bom!
Gaetaninho ficou banzando bem no meio da rua. O Ford quase o derrubou e ele não viu o Ford. O carroceiro disse um palavrão e ele não ouvia o palavrão.
― Eh! Gaetaninho! Vem pra dentro.
Grito materno sim: até filho escuta. Virou o rosto tão feio de sardento, viu a mãe e viu o chileno.
― Subito!1
	Foi-se chegando devagarinho. Fazendo beicinho. Estudando o terreno. Diante da mãe e do chileno parou. Balançou o corpo. Recurso de campeão de futebol. Fingiu tomar a direita. Mas deu meia-volta instantânea e varou pela esquerda porta adentro.Eta salame2 de mestre! Ali na Rua do Oriente3 a ralé4 quando muito andava de bonde. De automóvel ou carro só mesmo em dia de enterro. De enterro ou de casamento. Por isso mesmo o sonho de Gaetaninho era de realização muito difícil. Um sonho.
O Beppino, por exemplo. O Beppino naquela tarde atravessara de carro a cidade. Mas como? Atrás da tia Perontta, que se mudava para o Araçá5. Assim também não era vantagem. Mas se era o único meio? Paciência.
Gaetaninho enfiou a cabeça embaixo do travesseiro.
Que beleza, rapaz! Na frente quatro cavalos pretos empenachados levaram a tia Filomena para o cemitério. Depois o padre. Depois o Savério, noivo dela, de lenço nos olhos. Depois dele. Na boléia do carro. Ao lado do cocheiro. Com a roupa marinheira e o gorro branco onde lia: Encouraçado em São Paulo. Não. Ficava mais bonito de roupa marinheira mas com a palhetinha nova que o irmão lhe trouxeram da fábrica. E ligas pretas segurando as meias. Que beleza, rapaz! Dentro do carro do pai, os dois irmãos mais velhos (um de gravata vermelha, outra de gravata verde), e o padrinho seu enterro. Sobretudo admiro o Gaetaninho. Mas Gaetaninho ainda não estava satisfeito. Queria ir carregando o chicote. O desgraçado do cocheiro não queria deixar. Nem por um instantinho só.
	Gaetaninho ia berrar, mas a tia Filomena com a mania de cantar o Ahi, Mari! todas as manhãs acordou. Ficou desapontado. Depois quase chorou de ódio.
	Tia Filomena teve um ataque de nervos quando soube do sonho de Gaetaninho. Tão forte que ele sentiu remorsos. E, para o sossego da família com o agouro, tratou logo de substituir a tia por outra pessoa numa nova versão de seu sonho. Matuto, matuto e escolheu a acendedor da Companhia de Gás, seu Rubinho, que uma vez lhe deu um cocre danado de doído. Os irmãos (esses) quando souberam da história resolveram arriscar de sociedade quinhentão no elefante6. Deu a vaca. E eles ficaram loucos de raiva por não haverem logo adivinhado que não podia deixar de dar a vaca mesmo.O jogo na calçada parecia de vida ou morte. Muito embora Gaetaninho não estava ligado.
― Você conhecia o pai do Afonso, Beppino?
― Meu pai deu uma vez na cara dele.
― Então você não vai amanhã no enterro. Eu vou!
O Vicente protestou indignado:
― Assim não jogo mais! O Gaetaninho está atrapalhando! 
Gaetaninho voltou para o seu posto de guardião. Tão cheio de responsabilidades.
O Nino veio correndo com a bolinha de meia. Chegou bem perto. Como o ronco arqueado, as pernas dobradas, os braços estendidos, as mãos abertas, Gaetaninho ficou pronto para a defesa.
― Passa pro Beppino!
Beppino deu dois passos e meteu o pé na bola. Com todo o muque7. Ela cobriu o guardião sardento e foi parar no meio da rua.
― Vá dar tiro no inferno!
― Cala a boca, palestrino8!
― Traga a bola!
Gaetaninho saiu correndo. Antes de alcançar a bola um bonde o pegou. Pegou e matou. No bonde vinha o pai do Gaetaninho.
A gurizada assustada espalhou a notícia na noite.
― Sabe o Gaetaninho?
― Que é que tem?
― Amassou o bonde!
A vizinhança limpou com benzina suas roupas domingueiras. Às dezesseis horas do dia seguinte saiu um enterro na Rua do Oriente e Gaetaninho não ai na boléia de nenhum dos carros do acompanhamento. Lá no da frente dentro de um caixão fechado com flores pobres por cima. Vestia roupa marinheira, tinha as ligas, mas não levava a palhetinha.
	Quem na boléia de um dos carros de cortejo-mirim exibia soberbo termo vermelho que feria a vista da gente era o Beppino.
(MACHADO, António De Alcântra. In: Antologia Do Conto Brasileiro: Do Romantismo ao Modernismo, São Paulo: Moderna, 1994, P. 68-70)
ANÁLISE DO CONTO
1. Quais as personagens que figuram no conto? Qual é a personagem principal (protagonista) ? 
2. Cite as características físicas e psicológicas da personagem principal:-físicas e psicológicas.
3. Caracterize com três adjetivos a personagem que mais lhe agradou. 
4. Os fatos ocorrem em que ambiente? Ambiente físico, como: natureza, campo ou cidade 
ou - Ambiente social, como: colégio, clube, família, fábrica. 
5. O ambiente influi no comportamento das personagens? Como?
6. No decorrer do conto, você percebeu algumas expressões típicas do grupo social a que os personagens pertencem? Em caso positivo, transcreva as principais, juntamente com as frases em que aparecem.
7. Relacione cinco palavras novas que você aprendeu e dê o significado de cada uma delas (pesquise no dicionário)
8. Conte em poucas palavras a história do conto.
9. Como se dá o desfecho(final)? Era o esperado por você? Sim ou não? Por quê?
10. Em que sentido a mensagem do conto contribuiu para o seu enriquecimento cultural? Provocou-lhe reflexões ou foi um simples passatempo?
� EMBED MSPhotoEd.3 ���
1 Em italiano: imediatamente, já
2 Gíria de futebol da época; significa “drible”
3 Rua do Brás, um dos bairros paulistanos onde vivia grande número de italianos.
4 Classe pobre
5 Um dos cemitérios da cidade de São Paulo
6 Referência ao jogo do bicho
7 Com muita força
8 Torcedor do Palestra Itália, hoje Palmeiras
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