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Enfermidades dos Cavalos - Cap. 12

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12
AfeC90es do Aparelho Digest6rio
12.1. Anatomia e
considerat;:oes gerais.
o aparelho digest6rio e com-
posta por um complexo sistema
estrutural cuja fun<;:aobasica e
a de viabilizar os alimentos para
utiliza<;:aodo organismo animal
como fonte proteica, energeti-
ca, vitaminica e mineral.
Para tanto e constituido por
um sistema tubular que se ini-
cia pelos labios e termina no
anus. Possui um revestimento
interno de mucosa, recoberto
por uma musculatura lisa res-
ponsavel pela motilidade dos
varios compartimentos diges-
t6rios. 0 conduto digest6rio e
formado pelos seguintes seg-
mentos consecutivos:
a. Boca: Composta pelos la-
bios, 6rgaos de apreensao do
cavalo, dentes e lingua, sen-
do estes considerados como
6rgaos acess6rios, assim co-
mo as glandulas salivares.
A boca, como compartimen-
to do aparelho digest6rio e res-
ponsavel, atraves dos labios,
pela apreensao dos alimentos
naturais (forragens), ou de ra-
<;:6es (concentrados) que so-
frem a<;:aode mastiga<;:aopelos
dentes e umecta<;:ao fornecida
pela saliva, produzida principal-
mente pela glandula par6tida.
A mecanica bucal tem a fi-
nalidade de reduzir drastica-
mente 0 tamanho das particu-
las apreendidas, e umecta-Ias e
pre-digerHas para uma melhor
digestao gastrica e intestinal.
b. Faringe: E uma estrutura tu-
bular, comum ao aparelho di-
gest6rio e respirat6rio, cuja
regiao e denominada de oro-
faringe, e possui a finalidade
de unir a boca ao es6fago.
c. Es6fago: Estrutura tubular,
provida de forte musculatu-
ra lisa que proporciona a
forma<;:ao de ondas peris-
talticas responsaveis pelo
transporte dos alimentos ao
est6mago. Situa-se ventral-
mente ao pesco<;:o, latera-
lizando-se a esquerda pou-
co antes de penetrar no t6-
rax. E neste ponto que po-
demos controlar a passa-
gem da sonda nasogastrica
pelo tato ou visualizando-a
em forma de onda.
o es6fago comunica-se ao
est6mago pela cardia, uma for-
te estrutura muscular que se
abre na passagem do alimento
e permanece fechada durante
a digestao gastrica.
d. Est6mago: 0 est6mago do
cavalo situa-se junto ao dia-
fragma, ja na cavidade abdo-
minal, e composto por dois
esflncteres limitadores, a car-
dia e 0 piloro. 0 est6mago e
revestido por uma por<;:ao
esofagica aglandular e uma
por<;:aopil6rica glandular se-
parada pelo margo plicatus.
Devido a capacidade volu-
metrica do est6mago ser peque-
na, nao se aconselha a adminis-
tra<;:aode grandes quantidades
de alimentos em pequenos in-
tervalos, assim como a admi-
nistrac;:aode forragens que au-
mentam de volume, sem pre-
vio umedecimento.
Em razao de 0 habito alimen-
tar continuo e em quantidades
pequenas, 0 est6mago do cavalo
secreta constantemente acido
c1oridrico,assim como os demais
componentes do suco gastrico .
Figura 12.1
Vista endoscopica do est6mago - linha margo plicatus.
•
Apos 0 ataque do suco gas-
trico aos alimentos, decompon-
do-os em elementos mais sim-
ples, 0 est6mago realiza movi-
mentos peristalticos que consis-
tem de ondas contrateis debeis
que se repetem com regularida-
de, levando 0 alimento em dire-
<;aoao esflncter piloro, e deste
ao intestino.
Em fun<;ao das caracterlsti-
cas fisiologicas da especie, no
cavalo nao ocorre v6mito na a-
cep<;aofisiologica do fen6meno.
o que sucede em casos excep-
cionais e a regurgita<;ao (elimi-
na<;ao "passiva") quando a ca-
pacidade de resistencia da car-
dia e vencida pela for<;acontratil
do est6mago, ou quando 0 nlvel
de reple<;aogastrica esta acima
de sua capacidade normal. Em
algumas situa<;6es de intensa
dor abdominal, por processos si-
tuados proximo ao est6mago,
podera ocorrer a regurgita<;ao
com participa<;ao da musculatu-
ra abdominal, 0 que nao signifi-
ca que a cavalo esta vomitando.
e. Intestino: 0 intestino pode
ser dividido morfologica e fi-
siologicamente em intestino
delgado, ceca e intestino
grosso. 0 intestino delgado
par sua vez e divido em duo-
dena, jejuna e Ilea, sendo
este a trecho responsavel
pela digestao qUlmica pro-
movida pela a<;ao do suco
enterico, produzido pelas
glandulas de sua parede;
suco pancreatico, rico em
fermentos e pela bile, cuja
atividade e a de emulsionar
a gordura dos alimentos.
1. lobo esquerdo do f1gado; '2.flexura diafragmatica do colon dorsal;
3. flexura external do colon ventral; 4. colon dorsal esquerdo; 5. colon
ventral esquerdo; 6. intestino delgado Qejuno); 7. banda ou tenia la-
teral do colon ventral esquerdo; 8. flexura pelvica; 9. colon menor;
1O. bac;:o;11. est6mago.
1. flexura pelvica do colon; '2. base do ceca; 3. corpo do ceca;
4. banda au tenia lateral do ceca; 5. apice do ceca; 6. banda au tenia
lateral do colon ventral direito; 7. rebordo costal; 8. colon dorsal direi-
to; 9. flexura external do colon ventral, 10. lobo direito do f1gado;
11. flexura diafragmatica do colon dorsal.
o ceco do cavalo "correspon-
de" ao rumen dos ruminantes; e a
grande cuba de fermentac;:ao,cuja
populac;:aomicrobianaassemelha-
se a do rumen. E no ceco que a
celulose e desdobrada e nele e
que se da a decomposic;:aobacte-
riana, fornecendo nutrientes es-
senciais ao hospedeiro.
A digestao microbianae 0 des-
dobramento dos nutrientes pros-
seguem no intestino9 rosso,com-
posta pelo colon maior e colon
menor, atraves do qual 0 conteu-
do movido pelo peristaltismo al-
canc;:aa ampola retal. E nas por-
c;:6esfinais do intestino grosso que
a maior parte dos Ifquidospresen-
tes na digesta neste segmento,
san absorvidos promovendo 0 for-
mato, a consistencia e 0 odor ca-
racterfstico das fezes. Aproxima-
damente 90% do Ifquidoextrace-
lulardo organismo do animal pas-
sam para a luz do intestino delga-
do e e absorvido novamente en-
tre ointestino delgado e 0 intesti-
no grosso, principalmente no co-
lon maior e menor.
A defecac;:aoe um ato fisio-
logico reflexo desencadeado
principalmente pela replec;:aoda
ampola retal. Ocorre em torno de
7 a 12 vezes ao dia, na depen-
dencia de quantidade e qualida-
de dos alimentos ingeridos (for-
ragem seca, graos, rafzes, forra-
gem verde, ingestao de agua).
12.2. Ferimentos nos
labios.
Os labios san estruturas de
apreensao dos alimentos na fase
bucal da alimentac;:ao.Os ferimen-
tos, via de regra, san de origem
traumatica, causada por quedas
inesperadas durante galopes no
campo, coices e crises de colicas,
em que 0 animal se debate, ou
devido a aplicac;:aoinadequada de
cachimbo nos labios.
Os ferimentos podem ser ex-
ternos, atingindo a face cutanea
e interna, comprometendo ape-
nas a mucosa, ou entao, os fe-
rimentos podem atingir todas as
estruturas dos labios.
Os sintomas baseiam-se na
gravidade do ferimento, chegan-
do mesmo a capacidade de apre-
ensao ser suprimida nas les6es
mais severas.
o diagnostico e definido pela
presenc;:ada soluc;:aode continui-
dade dos tecidos componentes
dos labios e pelo aspecto da le-
sao. Ouando houver comprome-
timento dos dentes, geralmente
os incisivos, deve-se realizar uma
meticulosa avaliac;:aodas estru-
turas osseas da regiao, em par-
ticular dos alveolos e dos ossos
da mandfbula, dos pre-maxi lares
e dos maxi lares, para, se neces-
sario, proceder-se a extrac;:aodo
dente e a reduc;:aoda fratura.
Ouando externa, a ferida de-
vera ser tratada por limpeza ri-
gorosa com agua e sabao, apos
o que se aplica agua oxigenada
10 volumes, e soluc;:ao de gli-
cerina iodada 10%. Ouando 0
ferimento localiza-se na face in-
terna, isto e, na mucosa, frequen-
temente 0 diagnostico e feito de-
vido ao filete sanguinolento que
escorre junto a comissura labial.
Nestas circunstancias, 0 trata-
mento deve ser realizado por pri-
meira intenc;:aose 0 ferimento for
recente, atraves da sutura da
mucosa e curativos diarios com
glicerina iodada 10%. A alimen-
tac;:aodevera ser corrigida admi-
nistrando-se alimentos verdes
tenros e rac;:6esumedecidas.
Se a ferida labialfor profun-
da, comprometendo todos os
pianos anat6micos, expondo ge-
ralmente a gengiva e a mesa
dentaria, 0 tratamento devera
ser efetuado reconstruindo-se
cirurgicamente os tecidos atin-
gidos, restabelecendo-se assim
a capacidade de apreensao dos
alimentos.
De qualquer forma, ate que
se possa intervir adequadamen-
te, suspenda a alimentac;:ao,lave
bem a ferida com agua e sabao.
Se houver hemorragia, enxugue
a ferida com gaze, localize 0
ponto sangrante e comprima-o
durante pelo menos 10 minu-
tos, procedimento este que fara
cessar a hemorragia, caso con-
trario, procure ligar 0 vasa com~
prometido.
Em qualquer das formas de
tratamento utilizada, fac;:acura-
tivos diarios da lesao e institua
antibioticoterapia com penicili-
na benzatina na dose de 20.000
a 40.000 UI/kg.
12.3. Traumas sobre a
lingua.
Sao originados pelas cordas
aplicadas como freios ou por
ac;:aode freios metalicos e bri-
does, raramente, por mordidas
ou coices. Os animais afetados
recusam 0 alimento, deixam
fluir saliva que pode estar mes-
c1ada com sangue pela comis-
sura labial; ou mesmo, depen-
dendo da gravidade do feri-
mento, exteriorizam a lingua,
pendendo-a para um dos lados.
As lesoes podem ser super-
ficiais ou profundas, ou ate mes-
mo podera ocorrer a amputac;ao
da lingua.
As les6es superficiais po-
dem ser tratadas por curativos
diarios com glicerina iodada a
10% ap6s limpeza com liquido
de Dakin, e curetagem de teci-
do necrosado, caso 0 ferimento
nao seja recente.
As lesoes profundas, quan-
do recentes, devem ser sutu-
radas ap6s avaliac;ao da viabili-
dade biol6gica do coto distal.
Verifique se ha sangramento,
temperatura e sensibilidade, 0
que revelara a preservac;ao vas-
culonervosa do 6rgao. Nestas
Figura 12.4
Gangrena da lingua.
circunstancias, evite tracionar a
lingua que corre 0 risco de am-
putac;ao,caso esteja presa ape-
nas pela porc;ao mais inferior
que contem 0 feixe vasculoner-
voso, necessario para a nutric;ao
do fragmento.
Por ser um 6rgao particular-
mente muscular, a cicatrizac;ao
devera ocorrer sem maiores
problemas. Caso as feridas pro-
fundas apresentem extensas
areas de necrose, esfriamento
da ponta e falta de movimenta-
c;ao da lingua, a amputac;ao e 0
unico recurso disponivel, para a
resoluc;ao do problema. Em ca-
sos de amputac;ao traumatica
aguda, preocupe-se exclusiva-
mente com a hemorragia; pro-
cure estanca-la, com prim indo 0
coto lingual ou aplicando subs-
tancias anti-hemorragicas de
preferencia pela via intraveno-
sa. Em seguida, retire por cure-
tagem todo tecido lacerado ou
necrosado para regularizac;ao
das faces a serem suturadas.
Considere a lingua como qual-
quer outra estrutura muscular
quanto a tecnica cirurgica a ser
aplicada, utilizando-se, preferen-
cialmente, fios absorviveis para
se evitar a necessidade de re-
moc;ao dos pontos e a forma-
t;:ao de granulomas tipo corpo
estranho.
Em todas as situac;oes de
trauma na lingua, a correc;ao da
alimentac;ao e importante. Ad-
ministre alimentos de facil mas-
tigac;ao e rac;6es concentradas
umedecidas com agua, princi-
palmente para animais que so-
freram amputac;ao.
o p6s-operat6rio consisti-
ra de lavados bucais 2 a 3 ve-
zes ao dia, com soluc;ao fisio-
16gica e embrocac;ao com gli-
cerina iodada a 10% sobre a
sutura, ou ainda aspersoes
com anti-septicos bucais em
"spray" ou liquido (c1oridrato
de c1orexidine).
Figura 12.5
Ferida incisa da lingua.
Figura 12.6
Sutura de ferida da lingua.
12.4. Fratura de
mandrbula.
Geralmente ocorre devido a
traumas violentos, queda e coi-
ce, produzindo soluc;:aode con-
tinuidade da estrutura ossea
dos ramos da mandfbula.
Figura 12.7
Fratura multipia da mandfbula.
Podem ocorrer na reglao
mentoniana, correspondente a
uniao dos ramos mandibulares
horizontais, assim como no
corpo dos ramos horizontal e
vertical.
Em razao da intensidade de
ac;:aodo agente traumatico e da
Figura 12.8
Reduyao percutanea de fratura
de mandfbula com pinos e
resina acrflica.
regiao mandibular atingida, as
fraturas podem ser completas ou
incompletas. Ouando completas,
e na regiao do corpo do ramo
mandibular horizontal, 0 animal
apresenta disfunc;:ao na movi-
mentac;:aoda mandfbula; geral-
mente mantem a boca discreta-
mente aberta, escorrendo saliva
que pode estar mesclada com
sangue, e aumento de volume
com crepitac;:aodos fragmentos
osseos no local da fratura. A lIn-
gua podera estar exteriorizada
para um dos lados da boca do
animal. Ocasionalmente, a fratu-
ra podera ocorrer junto ao alve-
010 dentario, comprometendo a
implantac;:aodo dente.
o diagnostico se baseia na
apresentac;:aoc1inicado proces-
so e nos exames radiograficos.
As fraturas incompletas saG
aquelas em que a linha de des-
continuidade ossea segue lon-
gitudinalmente ao ramo horizon-
tal da mandibula, como se uma
lasca do osso fosse extraida.
Nestes casos, frequentemente
ocorre avulsao dos dentes inci-
sivos (cantos), havendo rebate
de fragmento osseo.
o tratamento das fraturas
completas devera ser realizado
atraves de osteosintese com
pinos intramedulares ou placas,
ou atraves da fixac;:ao percu-
tan ea. Nos casos de fraturas
incompletas, a osteosintese po-
dera ser realizada por aplicac;:ao
de parafusos ortopedicos e/ou
fixac;:ao do fragmento osseo
com amarrac;:aodos dentes in-
cisivos com fio de ac;:o.Podera
ser adaptada uma protese de
Figura 12.9
Protese de massa epoxi no tratamento da fratura
de mandfbula - sfnfise.
refon;:o sobre a arcada dentaria
incisiva, com massa epoxi de
secagem rapida ou acrllico
autopolimerizavel, moldada so-
bre os dentes.
o pos-operatorio deve ser
conduzido de forma a poupar a
mandfbula durante a mastigac;:ao,
fornecendo-se ao animal nos
primeiros dias, apenas alimentos
farelados e verde tenro. Nos ca-
sos de maior gravidade, podera
ser instituida alimentac;:aopasto-
sa ou liquida, atraves de sonda-
gem nasogastrica, ou por infu-
sac pela via intravenosa, de so-
luc;:6esnutrientes e energeticas,
ate que 0 cavalo readquira a es-
tabilidade da lesao e inicio de
consolidac;:aodo foco de fratura.
Institua, tambem, antibiotico-
terapia e realize curativos 2 a 4
vezes ao dia com anti-septicos.
Apos 0 curativo pode-se irrigar
a lesao oral com anti-septico
bucal Ifquido ou spray.
E 0 processo inflamatorio
cr6nico que acomete 0 palato
duro junto a face interna dos
dentes incisivos superiores.
Ocorre por trauma leve e
constante causado pela ali-
mentac;:ao a base de graos de
milho inteiro, alimento grossei-
ro, ou pelo habito do animal de
morder madeira ou outro obje-
to que permita a fixac;:ao da re-
giao dos dentes incisivos supe-
riores (aerofagia).
o quadro c1fnicocaracteriza-
se por mastigac;:ao lenta e dolo-
rosa, levando ao emagrecimen-
to progressivo. Ao examinar-se
a boca, observa-se que a mu-
cosa do palato ultrapassa a li-
nha da mesa dentaria incisiva
superior, chegando a adquirir
consistencia firme.
Histologicamente,o proces-
so se caracteriza por hiper-
plasia do palato, tendo como
etiopatogenia 0 trauma leve e
con stante.
o tratamento geral baseia-
se na correc;:ao alimentar; tritu-
rar 0 milho ou administrando-o
como componente da formula-
c;:aode rac;:6esconcentradas. 0
tratamento cirurgico e realizado
Figura 12.10
Palatite - travagem.
sob anestesia troncular infra-
orbitaria, ressecando-se 0 ex-
cesso de palato para em segui-
da cauterizar-se com ferro in-
candescente.
Os cavalos com vlcio de
aerofagia devem ser tratados
Figura 12.11
Mfmica da aerofagia.
para que nao ocorra a recidiva
da palatite.
A aerofagia e um vlcio com-
portamental com prevalencia re-
lativamente alta em equinos
adultos, nao distinguindo rac;a
ou sexo, no qual 0 animal ap6ia
os dentes incisivos em um ob-
jeto fixo, em geral, em portas de
baias, reguas de mangueiro e
beira decochos. 0 cavalo reali-
za movimentos de arqueamento
do pesCOC;oatraves da contra-
c;ao dos musculos cervicais da
regiao ventral e, concomitante-
mente, posiciona a laringe ros-
tralmente, 0 que faz com que 0
animal consiga engolir quanti-
dades variadas de ar.
Com 0 tempo, na depen-
dencia dos objetos utilizados
no apoio, pode ocorrer 0 des-
gaste excessivo dos dentes in-
Figura 12.12
Hipertrofia dos musculos do pesco«o.
cisivos, hiperplasia do palato
duro, gastrites, ulceras e indi-
gestao gastrica, flatulencia
excessiva, perda de peso, hi-
pertrofia dos musculos ven-
trais do pescoc;o, especial men-
te do musculo esternomandi-
bular, alem de desvalorizac;ao
estetica do animal e de inco-
modo ao proprietario.
A exata etiologia da aero-
fagia permanece desconheci-
da, porem, admite-se que 0 pro-
blema seja desencadeado por
alterac;ao do comportamento
decorrente da falta de ativida-
de f1sica, isolamento e ansie-
dade dos animais confinados
em baias, muitas vezes com
pouca disponibilidade de ali-
mentos volumosos. Alem des-
ses fatos, existem evidencias
de provaveis fatores heredita-
rios predisponentes, e de que
o habito de engolir ar possa ser
adquirido por animais jovens,
pela observac;ao e imitac;ao dos
portadores do vlcio. Raramen-
te 0 vicio da aerofagia e adqui-
rido por animais mantidos em
regimes de manejo semi-exten-
sivo ou extensivo.
Clinicamente 0 animal que
adquire 0 vlcio da aerofagia e
facilmente identificado atraves
da mimica que realiza; pela hi-
pertrofia dos musculos do pes-
coc;o; pelo estado de emagreci-
mento cronico e pela predispo-
sic;aoem manifestar quadros de
flatulencia e c61icas ocasionais.
Animais nestas condic;6es apre-
sentam baixa performance e
podem ser subferteis, devido ao
estado de desnutric;ao que atin-
gem nos estagios mais avan~a-
dos da afec~ao.
o diagn6stico baseia-se na
apresenta~ao comportamental
do animal, devendo-se investi-
gar a possibilidade de desenvol-
vimento de palatite e de les6es
gastricas, como gastrite e ulce-
ras, que poderao desencadear
quadros de manifestac;:6es c11-
nica grave.
o tratamento da aerofagia
consiste na ado~ao de procedi-
mentos gerais, metodos conser-
vadores e metodos cirurgicos.
Os procedimentos gerais que
devem ser adotados, indepen-
dentemente do tipo de tratamen-
to a ser instituldo, devem sem-
pre levar em considerac;:ao mu-
danc;:as de manejo nutricional,
Figura 12.13
Colar de aerofagia.
mantendo-se alimentos volumo-
sos a disposi~ao do cavalo, prin-
cipalmente nos estabulados, e
manutenc;:aode programas que
agrupem animais de mesma fai-
xa etaria -- quando potros --, e
remoc;:aode qualquer objeto s6-
lido que possa ser utilizado para
a sustenta~ao do maxilar, que
possibilite a mlmica da aerofagia
Outro aspedo importante e 0 di-
agnostico e tratamento de le-
s6es dentarias e gastrentericas
cr6nicas, uma vez que estas
afec~6es tambem podem ser
incriminadas como predisponen-
tes ao vlcio da aerofagia.
Os metod os conservadores,
ou nao cirurgicos, podem pre-
ceder 0 tratamento cirurgico,
como primeira op~ao ou tenta-
tiva de solucionar-se 0 proble-
ma. 0 usa de focinheira e de
coleira de contenc;:ao dos movi-
mentos da laringe, raramente
produz resultados satisfat6rios
acima de 10%, mesmo quando
associados a tratamento com
drogas tranquilizantes ou an-
siollticas, entretanto, e sempre
conveniente que seja utilizado
em associa~ao as medidas de
carater geral preventivas.
o tratamento cirurgico ain-
da eo que melhores resultados
demonstram. Cerca de 65% dos
animais operados pela tecnica
de Forssell modificada, SaGcu-
rados definitivamente, enquan-
to 10% a 20% apresentam ape-
nas melhora do quadro c1lnico,
e somente 15% dos resultados
poderiam ser considerados
como insatisfat6rios. A tecnica
de Forssell modificada consiste
na miedomia dos m. omo-
hioldeo, m. esternohioldeo e m.
esternotirohioldeo, associada a
neuredomia bilateral do ramo
ventral do nervo acess6rio es-
pinhal do m. esternomandibular.
Apesar de extensas ressec~6es
de musculos do pescoc;:o,asso-
ciadas a neuredomia, a tecnica
Figura 12.14
Colar de aerofagia aplicado.
pode ser considerada altamen-
te satisfat6ria, tambem sob 0
ponto de vista estetico, pois nao
determina qualquer deform ida-
de ao pesco<;o do animal.
Ouando em decorrencia da
aerofagia 0 animal apresentar
hiperplasia do palato duro (pa-
latite), 0 tratamento deve ser
concomitante.
A terapia ocupacional assim
como a companhia de animais
de outras especies (ovinos), ou
de bonecos pendurados na baia,
pode auxiliar na exclusao ou
abrandamento do vicio.
Sob 0 ponto de vista legal, a
aerofagia e classificada como
vicio redibit6rio, sendo que ani-
mais recem adquiridos, e por-
tando 0 vicio de "forma oculta",
saD passiveis de devolu<;ao e
ressarcimento de prejuizos, res-
peitado 0 que preceitua a legis-
la<;aovigente sobre a materia.
12.7. Fibroma ossificante
juvenil da mandibula.
o fibroma ossificante juve-
nil faz parte do grupo de afec-
<;oes classificadas como tumo-
res que podem acometer os
ossos da cabe<;a, tais como 0
osteoma, osteosarcoma, e 0
fibro-osteoma, podendo ocorrer
em potros de 2 a 14 meses de
idade.
Fibromas ossificantes saD
constituidos por um estroma
fibroblastico denso, onde os fi-
broblastos e osteoblastos com-
poem um sistema trabeculado
com estroma fibro-6sseo. Em-
bora esteja incluido na classifi-
ca<;ao de tumores, 0 fibroma
ossificante nao apresenta celu-
las em mitose.
Clinicamente 0 processo se
caracteriza pela forma<;ao de
uma massa subgengival de
crescimento rapido, na regiao
rostral da mandlbula, simetrica,
desde a sinfise ate a regiao dos
cantos dos ramos horizontais, e,
ocasionalmente, compromete
apenas uma hemimandibula. A
palpa<;ao, a massa tem consis-
tencia dura (6ssea), e com fre-
quencia apresenta ulceras na
mucosa gengival que a envolve.
Na dependencia da evolu<;aoda
lesao e do grau de comprome-
timento dos ossos, podera ha-
ver abalo de implanta<;ao dos
dentes incisivos nos alveolos,
tornando-os fracos, com ten-
dencia a mobilidade. A apreen-
saD podera estar comprometi-
da quando a massa tumoral
atingir grande volume, de forma
a comprometer a fisiologia de
movimenta<;ao de apreensao
dos labios.
o diagn6stico tem por base
a presen<;a da massa fibroma-
tosa, e por exames histol6gicos
de fragmentos bi6psiados, para
exame diferencial com 0 tumor
odontogenico que pode acome-
ter cavalos de mais idade. Ra-
diograficamente 0 processo se
caracteriza por prolifera<;ao 6s-
sea, lise, e, ocasionalmente, por
lesoes de oste61isena regiao das
raizes dos dentes incisivos.
o tratamento pode ser reali-
zado com excisao cirurgica da
massa tumoral, que nem sempre
pode ser total mente ressecada,
podendo recidivar. Nestas cir-
cunstancias, pode-se instituir a
hemimandibulectomia ou a man-
dibulectomia rostral. Embora os
tratamentos cirurgicos sejam ra-
dicais, quando se institui um
manejo alimentar com verdes
tenros e administra<;ao de con-
Figura 12.15
Fibroma ossificante juvenil.
centrad os umedecidos em for-
ma de pasta, nao ocorrera qual-
quer interferencia na apreensao
e mastiga<;ao dos alimentos,
possibilitando ao animal manter
o seu estado nutricional.
Uma das principais altera-
<;iSesdos dentes dos equinos
saGas pontas dentarias, causa-
das por desgaste irregular dos
pre-molares e dos molares. Tal
desgaste pode ocorrer devido a
imperfeita coapta<;ao anat6mi-
ca da mesa dentaria superior e
inferior (Iinha de oclusao den-
tal), e das caraderisticas da fi-
siologia do ato de mastiga<;ao
de alimentos fibrosos.
As pontas saG pequenas,
salientes e pontiagudas, ferem
a mucosa bucal ou mesmo a lin-
Figura 12.16
Ma-oclusao causada por ausen-
cia de incisivos superiores.
gua, dificultando a mastiga<;ao
dos alimentos. Cavalos com
pontas dentariastrituram mal os
alimentos, possuem digestao
demorada e podem apresentar
emagrecimento progressivo,
alem de processos de indiges-
tao, que poderao desencadear
quadros de c6lica.
o exame e realizado passan-
do-se 0 dedo indicador sobre a
mesa dentaria, junto a sua face
lateral, detedando-se, pelo tato,
as forma<;iSespuntiformes. 0 tra-
tamento e simples e consisti na
aplica<;ao de grosa dentaria so-
bre a mesa molar superior e infe-
rior,atraves de movimentos leves
e suaves,corrigindo-se desta for-
ma 0 problema. Nos casos decor-
rentes de ma-oclusao devem-se
tratar a altera<;aoprimaria.
Recomenda-se instituir como
manejo de rotina no haras,0 exa-
me da arcada dentaria dos ani-
mais, pelo menos, a cada 30 dias.
12.9. Alveolo-periostite e
caries dentarias.
As lesiSes dos alveolos e as
caries dentarias saGfrequentes
em cavalos idosos e em animais
em regime de arra<;oamento in-
tensivo. Podem tambem ocorrer
por a<;ao de corpos estranhos
encravados entre os dentes pre-
molares e molares, pela decom-
posi<;ao de alimentos, por a<;ao
de enzimas baderianas e por
fratura do dente.
A carie inicia-se com modi-
fica<;ao na colora<;ao do dente,
desde amarelo intenso ate ene-
grecido, com um ou mais orifl-
cios. Os animais apresentam
dificuldade de apreensao e
mastiga<;ao, alem de halitose
caraeterrstica. Pode evoluir
para alveolo-periostite, osteo-
mielite, sinusite e, ocasional-
mente, fistulizar, drenando pus
com odor fetido na face ven-
tral do ramo da mandibula, na
arcada inferior, e no seio maxi-
lar quando na arcada superior,
determinando a instala<;ao de
sinusite.
Mais frequente que a carie,
as lesiSes como gengivites e
periodontites podem proporcio-
nar invasao baderiana perio-
dontal, levando ao comprometi-
mento do alveolo dentario, com
evolu<;aopara alveolo-periostite,
osteomielite e fistuliza<;ao com
Figura 12.17
Carie dentaria.
Figura 12.18
Carie dentaria.
drenagem de pus fetido e de
aspecto muc6ide denso. No ini-
cio da afec<;:aose observa au-
mento de volume da face, na
regiao que corresponde a im-
planta<;:aodo dente comprome-
tido, sensivel a palpa<;:ao.Ouan-
do 0 processo evolui para fis-
tuliza<;:ao,identifica-se a secre-
<;:aopurulenta que escorre pela
face do animal ou permanece
aderida aos pEdos da borda
ventral, quando a lesao for na
mandibula.
o diagn6stico e realizado
observando-se os sinais de le-
saG do dente e confirmado par
exames radiograficos, que saG
muito importantes na avalia<;:ao
do grau de comprometimento
do dente e de seu alveolo, as-
sim como para se avaliar a pos-
sivel instala<;:aode osteomielite
e de altera<;:i5esnos dentes vizi-
nhos, que podem ser afetados
por contiguidade.
o tratamento das caries sim-
ples, que nao atingem 0 colo ou
o canal do dente, pode ser feito
pela obtura<;:aocom amalgama
ou outro produto odontol6gico
usado para essa finalidade,
Ouando existe grande compro-
metimento do dente e do alve-
010 do terceiro pre-molar e do
primeiro molar superior, fre-
quentemente, a extra<;:aoe rea-
lizada sob recalque atraves de
trepana<;:aodo seio maxilar. Em
casos cronicos, em que varios
tratamentos conservativos ja
ten ham sido realizados sem su-
cesso, podera haver anquilose
entre 0 dente e partes de seu
alveolo, 0 que dificulta a sua
Figura 12.19
Fistula dentaria mandibular.
Figura 12.20
Fistula dentaria maxilar.
Figura 12.21
Fistula dentaria maxilar.
Figura 12.22
Alveoio-periostite - abscesso de apice - Raios-X.
extrac;:ao,mesmo sob recalque,
podendo ocasionar a fratura por
arrancamento da parede al-
veolar, que, ser for apenas de
uma pequena area, nao tras
grande inconveniente a recu-
perac;:ao do animal. Ouando a
extrac;:ao for dos dentes pre-
molares e molares da mandr-
bula, esta deve ser realizada
com muito mais cuidado e ha-
bilidade por parte do cirurgiao,
principal mente quando existi-
rem sinais de osteomielite,
uma vez que este processo
fragiliza 0 osso podendo levar
a fratura iatrogenica do ramo
da mandrbula.
o tratamento p6s-operat6rio,
quando a extrac;:aodo dente for
realizada por trepanac;:ao e re-
calque, consiste na lavagem do
seio maxilar e alveolo na maxi-
la, ou do alveolo dentario na
mandlbula, com Irquido de Dakin
ou cloridrato de clorexidine e
glicerina iodada a 10%, pelo
menos 2 vezes ao dia. A recu-
perac;:aocicatricial da gengiva e
da pele sobre a regiao da trepa-
nac;:aoocorre, via de regra, em
cerca de 15 a 30 dias. E impe-
rioso que antes dos curativos e
da lavagem do seio e do alveo-
10, que seja retirado qualquer
resqulcio alimentar que por ven-
tura tenha penetrado a regiao
operada.
Nos casos de extrac;:aoden-
taria em que nao tenha sido rea-
lizada trepanac;:ao, realize lava-
do bucal, 2 vezes ao dia, e ad-
ministre anti-septico oral, sob a
Figura 12.23
Fistula dentaria maxilar com
trepanayao.
forma de spray ou Ifquido Cclori-
drato de c1orexidine) sobre 0
alveolo dentario, ate a cicatriza-
c;:aoda gengiva.
A osteodistrofia fibrosa Ceara
inchada) pode predispor ao apa-
recimento de problemas alveo-
lares com consequente sinusi-
te e fistulizac;:ao,principal mente
atraves do seio maxilar.
Sao alterac;:6es inflamatori-
as da mucosa de revestimento
da boca, originadas por diver-
sos fatores como alimentos
grosseiros, substancias qufmi-
cas, ferimentos diretos e por
les6es dentarias. Algumas es-
tomatites com caracterfsticas
particulares pode(Yl acompa-
nhar ou mesmo ser a base de
diagnostico de enfermidades
infecciosas, e de processos re-
nais graves que conduzam a
quadro de uremia.
Os sintomas saDmuito varia-
dos e estao na dependencia da
causa e da gravidade das alte-
rac;:6es da mucosa. 0 cavalo
pode ter dificuldade de apreen-
saD e mastigac;:aodevido a dor,
e sialorreia que pode ser abun-
dante, principal mente nos casos
em que as les6es tenham sido
causadas por substancias qufmi-
cas acidas ou basicas.
o exame direto da boca mos-
tra a mucosa bucal avermelhada,
congesta, devido ao processo in-
flamatorio, com areas de les6es
circunscritas ou difusas. Ferimen-
tos podem ser observados, assim
como ulceras mais ou menos pro-
fundas, com acumulo de teddo
necrosado e restos de alimentos.
Deve-se estar atento a pos-
sibilidade da estomatite ser re-
flexo de uma doenc;:amais grave
como a estomatite vesicular; ob-
serve 0 estado geral do animal,
principal mente a temperatura, a
colorac;:ao da conjuntiva, a fre-
quencia respirat6ria, os batimen-
tos cardfacos e a presenc;:ade
flietemas Celevac;:aobolhosa).
o tratamento consiste na eli-
minac;:ao da causa como: ali-
mentos grosseiros, alterac;:6es
dentarias e a cura de proces-
sos primarios mais graves, como
as enfermidades infecciosas e
les6es renais. Localmente, faz-
se lavado bucal 2 vezes ao dia
com soluc;:6esanti-septicas para
em seguida embrocar-se com
auxnio de urn cotonete grande,
que pode ser uma pinc;:acom
chumac;:o de algodao, glicerina
iodada 10%, ou se preferir, ou
achar camodo, pode-se utilizar
anti-septicos orais sob a forma
de "spray" ou Ifquido.
E a inflamac;:ao da glandula
parotida ocasionada por agen-
tes traumaticos, ou como con-
sequencia da obstruc;:ao do ca-
nal de Stenon por corpos estra-
nhos e, ocasionalmente, por mi-
croorganismos.
Por ser uma glandula de se-
crec;ao exocrina, a obstruc;:ao
parcial leva a estase da saliva,
causando inflamac;:aoe compro-
metendo 0 processo de pro-
duc;:ao e evacuac;:ao de seu
produto final.
o sintoma observado e 0
aumento de volume situado
abaixo do pavilhao auricular, di-
rigindo-se pela face posterior
e caudal ao ramo ascendente
da mandfbula. A glandula apre-
senta-se quente, e a dor, que e
semelhante a de uma faringite,
dificulta os movimentos de la-
teralidade da mandfbula e a de-
glutic;:ao.Eventualmente, pode-
ra ocorrer invasao baderiana
ascendente pelo canal de Ste-
non, e, consequentemente,a
abscedac;:ao da glandula.
o tratamento nas fases ini-
ciais, quando se suspeita de obs-
truc;:aoparcial do canal glandular,
consiste na tentativa de evacua-
c;:aoda saliva, realizando-se pres-
saD sobre 0 trajeto do canal no
sentido cranial,proximo ao angulo
da mandfbula com 0 musculo
masseter; os resultados geral-
mente saDnegativos. Massagens
sobre a glandula e seu canal, com
pomadas revulsivas tipo iodo-
iodetada, 1 vez ao dia, auxiliam a
reduc;:aoda inflamac;:ao.Sempre
que houver aumento de tempe-
ratura local ou a temperatura cor-
poral for alta, associe ao trata-
mento, antibioticoterapia com pe-
nicilina benzatina, na dose de
20.000 a 40.000 UI/kg.
Ouando houver a formac;:ao
de grande aumento de volume
circunscrito, com centro flutu-
ante e a periferia firme, sus-
peite de abscesso. Fac;:apun-
c;:aodiagnostica com assepsia
para apos, se confirmada a
II
suspeita, drenar-se a conteu-
do do abscess 0, tratando-o
com lavados com substancias
anti-septicas, 2 vezes ao dia,
ate a resolu<;ao da lesao. 0 pus
colhido devera ser submetido
a cultura e antibiograma para
que se institua antibioticotera-
pia especifica.
12.12. Ciilculos e fistula
salivar.
Os calculos au sialolitlases
sao concre<;6es que se formam
par precipita<;ao de elementos
inorganicos do produto de se-
cre<;ao da glandula salivar.
Podem ocorrer nos canais de
Wharton das glandulas mandi-
bulares e no canal das glandu-
las sublinguais, mas comumen-
te aparecem no canal de Stenon
das glandulas par6tidas dos
equinos. Raramente, as calculos
salivares sao encontrados no
parenquima da glandula, isto e,
no seu interior.
Os calculos podem ser for-
mados tendo sempre como
base de deposi<;ao substancias
inorganicas, um corpo estranho
que pode ser resto vegetal de
gramineas, alimentos, celulas
epiteliais desprendidas dos aci-
nos glandulares e acumulos de
germes, todos produzindo au
propiciando a fermenta<;ao da
saliva e a precipita<;ao au a cris-
taliza<;ao de sais de carbonato
de calcio, magnesia, sais de fer-
ro, agua e substancias proteicas.
Os calculos se formam no
conduto e, mais raramente, na
pr6pria glandula como resulta-
do de uma inflama<;ao cronica
que a corpo estranho produz.
Os calculos salivares podem al-
can<;ar propor<;6es variadas,
podendo ter, principalmente na
par6tida, alguns centlmetros de
comprimento.
A presen<;a do calculo sali-
var pode ser detectada por au-
menta de volume da glandula,
de consistencia dura e indo lor,
projetando-se ao longo do con-
duto salivar. Quando as calcu-
los sao pequenos e multiplos,
pode-se ouvir um ruido crepi-
tante quando comprimimos as
concre<;6es.
Em razao do volume do cal-
culo pode acontecer a obstru-
<;aoparcial au total do fluxo sa-
livar e, nas fases iniciais, produ-
zir um processo inflamat6rio
agudo, doloroso, com aumento
de volume flutuante da glandu-
la e dos tecidos adjacentes, di-
ficultando a mastiga<;ao.
o tratamento pode ser ten-
tado, nos casas em que a cal-
culo for de dimens6es peque-
nas, for<;ando-o com as dedos
em dire<;ao a boca. Quando for
possivel a remo<;ao par via bu-
cal, a processo rapidamente
evolui para cura. Os calculos
grandes e cujas glandulas ja se
apresentam comprometidas,
devem ser retirados cirurgica-
mente atraves de incisao da
pele e do duto. 0 animal devera
permanecer em jejum pelo me-
nos 24 horas, recebendo tao-
somente agua.
Quando a processo nao for
precocemente atendido e resol-
vida, frequentemente podera
ocorrer a forma<;ao de uma
fistula salivar que e de diflcil cura.
Fistulas salivares sao fistulas
secretoras, glandulares au dos
condutos, se tiverem origens no
parenquima glandular, nos cana-
liculos, au no conduto excretor
principal. Em geral, exteriorizam-
se em fun<;ao de processos
obstrutivos do canal glandular,
devido a sialolitlases, au decor-
rentes de traumas perfurantes
no parenquima da glandula.
o sintoma que chama a
aten<;ao e a secre<;ao de saliva
at raves de um oriflcio cutaneo,
mantendo as pelos aglutinados.
A saliva e trans parente e fila-
mentosa e, pode ter a fluxo in-
tensificado durante a alimenta-
<;ao,devido ao estimulo reflexo
produzido pela a<;ao nervosa
parassimpatica.
o tratamento pode ser con-
servador ou cirurgico, e depen-
de do grau de comprometi-
menta da glandula e do tama-
nho do oriflcio fistuloso. Casas
simples sem grandes compro-
metimentos do tecido glandu-
lar podem ser tratados pela
aplica<;ao t6pica de revulsivos,
como pomada iodetada au tin-
tura de iodo a 10% uma vez
ao dia. Quando a parenquima
esta seriamente comprometi-
do, somente a supressao glan-
dular pod era produzir bans re-
sultados. Deve-se injetar tintu-
ra de iodo a 2% uma vez ao
dia atraves do trajeto da fistula
ou a realiza<;ao da cirurgia para
a extirpa<;ao total da glandula,
ap6s a seu fibrosamento.
12.13. Hiperplasia folicular
linf6ide (faringite).
E 0 processo inflamat6rio da
mucosa farlngea e dos tecidos
circunvizinhos que pode chegar a
atingir ate a camada submucosa
Nos equinos, raramente
acontece como processo prima-
rio, mais comumente e devido a
mudanc;:asc1imaticasbruscas ou
process os irritativos causados
por deglutic;:ao de alimentos
grosseiros e pela ac;ao de cor-
pos estranhos. Ocasionalmente,
pode se instalar devido a ma-
nobras de introduc;:ao de sonda
nasogastrica inadequada au
realizada com imperlcia.
A hiperplasia folicular lin-
f6ide, ou faringite dos equinos,
tambem pode ser decorrente de
alguma enfermidade primaria,
como 0 garrotilho e as afecc;6es
causadas por virus que acome-
tem as vias respirat6rias ante-
riores, como, por exemplo, no
caso da Influenza equina e do
Herpesvirus equi-1.
Os sinais mais evidentes das
faringites saGas dificuldades na
apreensao e mastigac;:aodos ali-
Figura 12.24
Hiperplasia folicular linfoide de
grau III - faringite.
mentos, dificuldade de deglutic;:ao,
devido a dor e, febre, quando 0
processo e consequente a uma
afecc;:aoprimaria infecciosa. Nes-
tas condic;:6es,poden§.ser encon-
trados enfartamento dos linf6no-
dos retrofarlngeos, e parotldeos.
Pode ocorrer tosse e 0 cavalo
manter a cabec;:adistendida
As vezes, 0 animal pode
"regurgitar" agua e alimentos
pelas narinas ou apresentar um
corrimento nasal mucopuru-
lento, nos casas mais graves. Se
a inflamac;:ao local for grave e
extensa, pode haver dificuldade
respirat6ria e um visfvel aumen-
to de volume na regiao retrofa-
ringeana. Ocasionalmente po-
dera acontecer infecc;:aosecun-
daria nas bolsas guturais decor-
rentes da contiguidade do pro-
cesso e da presenc;:ade germes
na parede da faringe.
A observac;aoda faringe atra-
yes do exame com endosc6pio
pode revelar a gravidade e a ex-
tensao do processo. Frequente-
mente, observa-se congestao da
mucosa e ingurgitamento dos
vasos, hiperplasia folicular e,oca-
sionalmente, petequias e peque-
nos abscessos retrofaringeanos.
A faringe pode apresentar-se hi-
peremica e edemaciada. Ainda
por via endosc6pica pode-se ava-
liar e c1assificar-se a hiperplasia .
folicular linf6ide em quatro graus,
na dependencia da quantidade de
folfculos envolvidos,de seu tama-
nho e de suas caracterlsticas in-
flamat6rias, conforme as seguin-
tes descric;6es:
Grau I. Presenc;:ade poucos fo-
Ilculos inativos, peque-
nos e de cor esbran-
quic;:ada,na parede dor-
sal; considera-se como
normal.
Grau II. Presenc;:ade numero-
sos follculos inativos,
entremeados com fo-
Ifculos hiperemicos, se
estendendo da parede
dorsal a parede lateral
da faringe.
Grau III. Presenc;:ade numerosos
follculos ativos atingin-
do toda a parede dor-
sal e lateral da faringe.
Grau IV. Presenc;:a de follculos
grandes e edemacia-
dos coalescentes com
base larga e estrutura
polip6ide.
Convem lembrarmos que
potros com ate cerca de 2 anos
de idade podem apresentar fo-
IIculos linf6ides aumentados
sem que,contudo, sejam porta-
dores de qualquer afecc;:ao
desencadeadora da hiperplasia.
Hiperplasias de graus III e IV
podem ser causadoras de rufdo
respirat6rio anormal e intoleran-
cia ao exerdcio.
o tratamento se restringe,
nos casos secundarios, ao tra-
tamento da afecc;:ao principal,
at raves de anti bioticoterapia
espedfica, por via parenteral.
Pode-se associar, tanto na fa-
ringite primaria quanto nas se-
cundarias, 0 uso de anti-septi-
co, sob a forma de "spray" ou
por aspersao, no sentido de se
produzir um allvio da irritac;:aoda
mucosa. Ocasionalmente, na
dependencia da gravidade do
processo, convem associar-se
I
ao tratamento, a antibioticotera-
pia sistemica.
A infusao ou embroca<;ao de
solu<;ao de azul de metileno a
1% ou anti-septicos buco-fa-
ringo-Iaringeanos (c1oridrato de
c1orexidine) e aplica<;6esde dro-
gas antiinflamat6rias nao hor-
monais, durante 7 a 14 dias,
auxiliam a repara<;ao das alte-
ra<;6es locais na hiperplasia de
graus I a III, abreviando a recu-
pera<;:aodo animal. A aspersao
de anti-septicos buco-faringo-
laringeanos pode ser feita atra-
yes de sondas ou de cateteres
introduzidos pela narina ate atin-
gir a regiao da faringe.
No caso de hiperplasias de
grau IV que nao responderam ao
tratamento conservativo, pode-
se instituir a aplica<;ao de acido
tricloroacetico a 50%, ou ele-
trocauteriza<;ao por via endosc6-
pica, ou, ainda, por embroca<;ao
com nitrogenio Ifquido.
A incidencia de esofagite
nos equinos, embora raramen-
te diagnosticada, tem como cau-
sa principal"o refluxo de acido
gastrico para 0 es6fago.
Os disturbios esofagicos em
potros e equinos adultos, em
sua maioria sac obstrutivos e re-
sultam de complica<;6es secun-
darias a obstru<;ao, ou sac se-
cundarios a incapacidade do
esffnder esofagiano inferior de
impedir 0 refluxo gastresofagi-
co. A ingestao de substancias
causticas e a prolongada intu-
ba<;ao nasogastrica tambem
podem causar les6es a muco-
sa esofagica e inflama<;ao.
Tambem e referida como
causa de esofagite a "dissau-
tonomia equina", cuja etiologia
e desconhecida, e que acome-
te, preferencialmente, cavalos
com idade entre 2 e 7 anos. A
"dissautonomia" ou "grass
sickness", desenvolve-se pela
presen<;a de uma neurotoxina,
na fase aguda da doen<;a, que
causa altera<;6es nos neur6nios
de ganglios aut6nomos, no sis-
tema nervoso enterico e no nu-
cleo de troncos cerebrais.
A esofagite e um disturbio
muito comum no homem, mas
raramente diagnosticada em
equinos. A incidencia de esofa-
gite e mais alta em potros, re-
sultante da ulcera<;ao gastro-
duodenal, mas ocasionalmente
acometem equinos adultos. A
causa mais comum eo refluxo
de acido gastrico para 0 es6fa-
go distal, sendo mais grave a
ocorrencia mista, de suco gas-
trico e duodenal.
Normalmente, a cardia no
equino restringe 0 refluxo gas-
tresofagico, mas no caso de
Figura 12.25
Esofago normal.
ulcera<;ao gastroduodenal, par-
ticularmente quando a ulcera-
<;aoacomete a pequena curva-
tura do est6mago ou a cardia, a
fun<;ao do esffnder fica preju-
dicada. Endoscopicamente, isto
pode ser observado como uma
abertura parcial persistente da
cardia, em vez da fenda fecha-
da que e observada normal men-
te. Nestes casos, provavelmen-
te, 0 quadro intenso de ulcera-
<;ao gastrica que envolve a
cardia, seja 0 fator desen-
cadeante no processo de rela-
xamento prolongado do es-
ffnder com consequente eso-
fagite e ulcera<;ao do es6fago
distal. Podem ser encontradas
durante a esofagoscopia, alte-
ra<;6escomo hiperemia, eros6es
e ulcera.
A sintomatologia c1fnica de
esofagite pode ser sutil e diff-
cil de se determinar com pre-
cisao. A inflama<;ao esofagica
produz dor, com ou sem ulce-
ra<;ao. Em potros, a esofagite
esta associada a ptialismo e
anorexia. 0 bruxismo pode es-
tar relacionado com desconfor-
to esofagico tanto quanto na
dor de origem gastrica ou duo-
Figura 12.26
Esofagite erosiva.
denal. Nos equinos adultos, a
esofagite produz sinais que se
parecem com c61ica ou com
obstru<;ao esofagica.
o diagn6stico de esofagite
pode ser confirmado por en-
doscopia. Os achados caraete-
rlsticos sac hiperemia difusa ou
maculosa da mucosa, edema e
hemorragia. A presen<;a de ero-
sac ou ulcera<;ao da mucosa
confirma 0 diagn6stico, embora
podem nao estar presentes em
muitos casos. 0 estomago deve
ser examinado sempre que pos-
slve/, pois a ulcera<;ao gastrica
envolvendo a cardia pode resul-
tar em disfun<;ao da zona de
pressao esofagica, localizada
pr6xima do esffneter.
o tratamento primario para
a esofagite de refluxo consis-
te na remo<;ao da causa de-
sencadeante do processo. A
conduta terapeutica se baseia
no tratamento de ulcera<;ao
gastroduodenal confirmada ou
suspeitada, e no aumento da
motilidade esofagica inferior,
do tonus do esffneter esofa-
giano inferior e do esvazia-
mento gastrico. Recomenda-
se 0 usa de antagonistas de
receptores de histamina (tipo
H2), antiacidos, pr6-cineticos,
analogos sinteticos da prosta-
glandina E 1 e antiinflamat6rios
nao esteroidais. Medica<;ao de
revestimento de mucosa, co-
mo 0 sucralfato e antiacidos,
tem limitado valor por terem
apenas um breve contato com
a mucosa esofagica. Pastas
semillquidas de granulos e ca-
pim devem ser administrados
em pequenas quantidades a
intervalos frequentes. Na ulce-
ra<;ao grave, todos os alimen-
tos s61idos devem ser suspen-
sos ate que as les6es ten ham
cicatrizado. Em alguns pacien-
tes, a nutri<;ao parenteral pode
ser indicada. 0 repouso esofa-
giano e necessario.
12.15. Obstru~ao do
es6fago.
A obstru<;aodo esofago qua-
se sempre se constitui em um
quadro de emergencia c1lnico-
cirurgica, demandando rapido
atendimento do animal.
As causas da obstru<;ao eso-
fagica sac a apreensao e a de-
gluti<;ao acidental de corpos
estranhos, principal mente frutas
(Iaranja, manga etc.) ou caro<;os
de frutas (manga, abacate) ou
mesmo devido a ingestao de
bolos de alimentos excessiva-
mente grandes ou de alimentos
grosseiros e secos, principal-
mente por animais que estive-
ram em jejum durante longos
transportes.
A dor, associada a sensa<;ao
de pressao persistente sobre a
mucosa esofagiana, faz com
que 0 animal fique aflito e rea-
lize movimentos vigorosos de'
degluti<;ao. A sialorreia geral-
mente e abundante, podendo
fluir pelas narinas; 0 cavalo
mantem, de tempos em tem-
pos, a cabe<;a estendida, tenta
deglutir e abre a boca; realiza
movimentos de lateralidade
com a lingua e pode apresen-
tar tosse espasm6dica. Com a
persistencia do corpo estranho
no esofago e a pressao exerci-
da sobre a mucosa, pode se
instalar infec<;ao local e conse-
quente necrose.
o diagn6stico se baseia na
apresenta<;ao c1lnicado proces-
so, na impossibilidade de pas-
sagem de sonda nasogastrica,
que podera determinar a que
nlvel se encontra a obstru<;ao, e
nos achados radiograficos e
endosc6picos.
o tratamento deve ser feito
o mais rapido posslvel. De ime-
diato, pode-se tentar movimen-
tar 0 corpo estranho no sentido
da boca, manobra esta que fre-
quentemente resulta em insu-
cesso e causa muita ansiedade
ao animal, mas que deve ser
tentada sob seda<;ao.Nunca in-
troduza qualquer tipo de sonda
nasogastrica de forma bruta,
Figura 12.27
Obstru<;:8.odo es6fago -
rinosialorreia.
pois manobra mal realizada po-
dera perfurar 0 es6fago, com-
plicando 0 caso.
Em primeiro lugar, em se
tratando de obstru<;ao por ali-
mentos secos e grosseiros,
pode-se, atraves de sonda na-
sogastrica, realizar-se lava-
gem com agua e oleo mine-
rai, objetivando a umecta<;ao
e 0 deslizamento do material.
Nunca se esque<;a que a ma-
nobra de tentativa de empur-
rar 0 conteudo em dire<;ao ao
est6mago pode encontrar tres
obstaculos; um deles e 0 es-
pasmo do es6fago por sobre
o corpo estranho, 0 outro e a
transi<;ao do es6fago cervical
ao es6fago toracico e final-mente a zona de alta pressao
da cardia. A utiliza<;ao de son-
da esofagica especial de du-
pia corrente e a que propor-
ciona os melhores resultados
conservativos. Na medida em
que se introduz liquidos, ocor-
re 0 escoamento destes com
restos da ingestao quando a
obstru<;ao for por massa de
alimentos compactados.
Caso nao seja possivel des-
fazer-se 0 corpo estranho, e ele
estiver localizado junto a regiao
proximal do es6fago, a esofa-
goscopia armada com pin<;a
longa de extra<;ao podera pos-
sibilitar a desobstru<;ao.
Ouando qualquer dos me-
todos conservadores nao te-
nha possibilitado a retirada do
corpo estranho resta como ul-
timo recurso a esofagotomia,
para a desobstru<;ao cirurgica
do lumen.
Figura 12.28
Obstruyao do es6fago - Raios-X.
Figura 12.29
Imagem endoscopica de
obstruyao do es6fago por
massa de capim compactado.
Figura 12.30
Sonda de dupla corrente
para desobstruyao
do es6fago.
Figura 12.31
Massa de capim compactado na obstruyao de es6fago.
o es6fago cervical nos ca-
valos, por sua localiza<;:aosuper-
ficial, a esquerda do pesco<;:o,
frequentemente e atingido por
objeto traumatico pontiagudo,
seja ele lasca de madeira, obje-
to metalico ou em ferimentos
que causam lacera<;:6esprofun-
das. Eventualmente, 0 trajeto do
ferimento perfurante pode ter
origem a distancia, 0 que pode-
ria, a principio, confundir 0 pro-
fissional na elabora<;:aodo diag-
nostico e localiza<;:aoda lesao.
Outra etiologia comum em
casos de ruptura do es6fago e
a manobra brusca e inabil, rea-
lizadas por leigos, que se utili-
zam dos mais diferentes mate-
riais na tentativa de desobstruir
o es6fago, ou para a adminis-
tra<;:ao de medicamentos pela
via oral.
Figura 12.32
Ruptura de esofago - trauma
perfurante - drenagem de saliva.
Figura 12.33
Ruptura de esofago - trauma perfurante -
drenagem de saliva.
Figura 12.34
Ruptura de esofago - trauma perfurante.
Figura 12.35
Ruptura de esofago - area necrosada com alimento.
o sintoma principal e a dre-
nagem de saliva viscosa e fila-
mentosa, atraves do ferimento.
Pode haver tambem eliminac;ao
da agua imediatamente depois
de ingerida, atraves da lesao
cuta.nea.
o diagn6stico baseia-se na
presenc;a de ferida perfurante
ou perfuro-incisa que permite a
eliminac;ao de saliva ou agua,
ap6s a deglutic;ao. A confirma-
c;ao podera ser realizada admi-
nistrando-se agua marcada com
um corante (azul de metileno)
que podera ser detectado logo
ap6s a deglutic;ao, sendo elimi-
nada at raves do ferimento.
Caso a lesao esofagica
seja extensa e 0 animal tenha
ingerido alimentos ap6s 0 trau-
ma, podera haver a difusao
pelo espac;o periesofagico e
comprometer seriamente a
elaborac;ao de um progn6sti-
co favoravel. De qualquer ma-
neira, as les6es perfurantes ou
lacerantes do es6fago devem
sempre ser consideradas gra-
ves e 0 progn6stico quanto a
cura, reservado.
o tratamento, ap6s avaliac;ao
meticulosa da extensao da le-
saG e verificac;:ao se existe ou
nao necrose circunvizinha, deve
ser cirurgico, e a esofagoplastia
pode ser realizada com implan-
te de tecido biol6gico (saco
pericardico) para a reparac;:ao
tecidual.
Muito embora de progn6sti-
co extremamente reservado e
tecnicamente discutrvel, 0 tra-
tamento conservador,com aplica-
c;:6escontinuadas de sonda na-
sogastrica, alimentac;:ao dieteti-
ca Ifquida e pastosa, associadas
a alimentac;:aoparenteral (protef-
nas e liprdios) por via endoveno-
sa, embora onerosas, tem pos-
sibilitado algumas recuperac;:6es
em animais que apresentaram
Figura 12.36
Ruptura de es6fago - ferida cutanea.
ruptura traumatica do es6fago
cervical. Estes resultados, com
certeza, deveram-se unicamen-
te a extrema dedicac;:aode equi-
pes de enfermagem, e pacien-
cia, muita paciencia.
Diarreia e 0 termo generico
utilizado para caracterizar a
defecac;:ao mais frequente ou
em quantidade maior de fezes,
com caracterrsticas aquosas ou
amolecidas.
Muitas podem ser as causas
de diarreias nos caval as, ocasio-
nando perda de grandes volu-
mes de Ifquidos e eletr61itos, es-
gotando a organismo do animal.
As diarreias podem ser de-
correntes de transtornos di-
gest6rios, pela ingestao de ali-
mentos de baixa qualidade; pela
ac;:aode germes entericos pa-
togenicos como 0 Actinoba-
cillus equuli, a Salmonela sp, a
Escherichia coli, a Coryne-
bacterium sp, 0 Clostridium
perfringes etc., como os mais
frequentes; alem de protozoa-
rios como 0 Trichomonas equi
e a Trichomonas feca lis; as' al-
terac;:6es neurovegetativas; as
infestac;:6es por vermes intesti-
nais e as diarreias de causas
desconhecidas.
Devido a complexidade eti-
016gica do quadro diarreico, e
pelo fato de que a diarreia, em-
bora seja uma entidade patol6-
gica comum a todas as espe-
cies domesticas, nos equinos
apresenta comportamento sin-
tomatico diferente, produzindo,
algumas vezes, apenas uma sin-
drome de ma absorc;:ao, com
emaciac;:aoe desidratac;:ao.
Para melhor apreciac;:aodos
quadros diarreicos mais comuns
nos cavalos, podemos dividi-Ios
em diarreias agudas e diarreias
cr6nicas.
DiarrE3iasagudas
Colite-X - E uma enfermida-
de de extrema importancia de-
vido a natureza altamente fatal,
podendo produzir a morte dos
equinos em tomo de 24 horas
ap6s 0 seu inicio. A Colite-X
pode manifestar-se de forma
individual ou esporadica e sob
a forma de surto, atingindo ate
cerca de 20% dos animais adul-
tos de um mesmo grupo etario.
A etiologia da colite-X per-
manece ainda pouco esclareci-
da, muito embora algumas teo-
rias ten ham side aventadas na
tentativa de explicar a sua ma-
nifestac;:ao. Uma refere-se a
uma endotoxemia produzida
pela toxina da E. coli, ja que qua-
dro semelhante pode ser repro-
duzido experimental mente apos
a inoculac;:ao desta toxina pela
via endovenosa. Outra possibi-
lidade e 0 choque por exaustao,
decorrente de animais subme-
tidos a intenso estado de es-
tresse ap6s trans porte, privac;:ao
de alimentos, modificac;:6es de
manejo e condic;:6es de instala-
c;:6es,ou outra enfermidade or-
ganica anterior.
o quadro c1inico caracteris-
tico e 0 de uma enterite de ra-
pida evoluc;:ao e apresentando
distensao das alc;:asintestinais
par gases e morte nas primei-
ras 24 horas. 0 equino mantem-
se em depressao e apresenta
sudarese difusa, 0 pulso e rapi-
do, a respirac;:ao e dispneica, e
o quadro podera ser acompa-
nhado de desconforto abdomi-
nal. A desidratac;:ao pode atingir
ate 10%, observando-se olhos
fund os, pele ressecada e pelos
sem brilho. 0 animal fica extre-
mamente debil e com tenden-
cia a cairoOuando em decubito,
sente grande dificuldade para
se levantar devido a fraqueza,
podendo morrer rapidamente
ap6s alguns minutos.
A diarreia geralmente e pro-
fusa e em jatos, sujando a cau-
da, regiao do perinea e as pare-
des da baia. Seu odor e fetido e
sua colorac;:ao,a principio, e es-
verdeada ate preto-esverdeada
e eventual mente sanguinolenta.
Podera ocorrer hipertermia nas
fases iniciais, com a tempera-
tura subindo ate 39,5°C para
em seguida cair ao normal ou
subnormal. Casos superagudos,
com rapido desenvolvimento
das complicac;:6es sistemicas
podem nao manifestar enterite
e as fezes serem ate de consis-
tencia normal. 0 quadro final da
colite-X e 0 de uma acidose
metab61ica acentuada e choque
misto, desencadeando rapida-
mente a morte do animal.
Devido a semelhanc;:a dos
sintomas e necessario 0 diag-
n6stico diferencial com a ente-
rite causada por salmonela e por
aplicac;:aode tetraciclina.
o tratamento, pela propria
inconsistencia da etiologia, e
puramente sintomatico e sera
abardado no tratamento geral
das diarreias.
Diarreia produzida pela apli-
ca<;:aode Tetraciclina - E um
quadro patol6gico que advem
da aplicac;:aode altas doses de
tetraciclina, em animais portado-
Figura 12.37
Calite par utiliza<;:aade AINE.
resde uma infecc;:aoanterior. A
etiopatogenia nao e conhecida,
e os cavalos podem manifestar
a enterite mesmo em doses
normais do antibi6tico.
o inicio e agudo, manifes-
tando alguns dias ap6s a apli-
cac;:aodo antibi6tico, uma gra-
ve enterite que produz desidra-
tac;:aosevera, levando 0 cavalo
a morte entre 4 a 15 dias ap6s
o seu inicio.
Os sintomas gerais e 0 qua-
dro anatomopatol6gico lem-
bram em muito a colite-X e
apresenta alterac;:5es da pare-
de intestinal com edema, tiflite
e, inflamac;:ao do c610n, conco-
mitantemente.
Diarreia por Clostridium - A
c1ostridiose intestinal do cava-
10 e uma enfermidade t6xico-
infecciosa aguda desencadea-
da pela absorc;:ao intestinal de
toxinas produzidas pelo Clostri-
dium perfringes tipo A e oca-
sionalmente por outros tipos de
clostridium.
o Clostridium e habitante
normal dos intestinos dos equi-
nos e pode, sob condic;:5es fa-
voraveis, proliferar em demasia
estabelecendo-se um estado
de enterite t6xico-infecciosa. 0
estresse e as mudanc;:asde ali-
mentac;:ao,principalmente para
dietas ricas em protefnas com
baixo teor de celulose, saGcon-
siderados condic;:5es predis-
ponentes para 0 desencadea-
mento de mecanismos que fa-
cilitam a proliferac;:ao do mi-
croorganismo, desequilibrando
a flora intestinal. 0 estresse
cirurgico podera ser um fator
predisponente ao desencadea-
mento do quadro.
A toxina produzida pelo C.
perfringes pode causar les5es
locais ou atuar a distancia, de-
terminando estado hemorragi-
co grave e les5es severas no
Sistema Nervoso Central.
o quadro e reconhecido c1i-
nicamente pelo aparecimento
de morte subita, sem que haja
sintomas caracterfsticos ou en-
tao pela diarreia, 0 que e mais
comum, ou mesmo se iniciar
com alterac;:6es neurol6gicas.
Em geral, surge primeiro 0 qua-
dro diarreico decorrente das le-
s6es localizadas nos intestinos,
com diarreia aquosa, profusa e
fetida, marcada depressao e fa-
lencia circulat6ria com morte em
24 a 48 horas.
Geralmente, saGmais afeta-
dos os animais jovens e, ocasio-
nalmente, os adultos. Portanto,
quando houver quadro neurol6-
gico e diarreia concomitante, a
suspeita mais acertada e a de
enterotoxemia.
Ocasionalmente, os animais
afetados podem morrer subita-
mente na fase hiperaguda da
enterotoxemia, nao apresentan-
do qualquer alterac;:ao tecidual
significativa no exame post-
marten.
o tratamento deve estar di-
recionado para as alterac;:6es
gerais a nfvel circulat6rio, mas,
principal mente, deve-se comba-
ter a fonte de liberac;:aode toxi-
na que e 0 C. perfringes. Para
tanto, a administrac;:ao oral de
antibi6ticos de amplo espectro
ou de quimioterapicos ate 2 dias
ap6s a remissao dos sintomas,
constitui medida adequada ao
combate do C. perfringes. Deve
sempre se controlar 0 estado
volemico do animal, com fluido-
terapia pela via intravenosa, pre-
ferencialmente com a adminis-
trac;:aode soluc;:5eseletrolrticas
isot6nicas.
Diarreias cr6nicas
Sao constitufdas por um gru-
po muito grande de enfermida-
des, cujo sintoma diarreia e 0
sinal comum. Muitas das diar-
reias se cronificam em virtude
de se estabelecer um estado de
equillbrio entre a situac;:ao pa-
tol6gica do animal e a resposta
do seu organismo diante desta
condic;:aoadversa. Desta forma,
surge uma serie ampla e gra-
dativa de alterac;:6es, principal-
mente voltadas contra 0 estado
geral do animal, que levam a
perda progressiva e continua de
peso consequente a um ema-
grecimento de diflcil reversao.
Dentre as principais causas
de diarreia cr6nica em equinos
podemos enumerar:
a. Migrac;:ao larvaria de estron-
gil6ides.
b. Estresse prolongado (disfun-
c;:6esneurovegetativas).
c. Enterite granulomatosa.
d. Edema de parede do intesti-
no delgado (inespecffica).
e. Enfermidade hepatica cr6nica
em geral e colelitfase.
f. Infecc;:aocr6nica por Rhodo-
coccus equi e Rotavrrus.
g. Salmonelose.
h. Neoplasias gastrintestinais e
da cavidade abdominal.
i. Diarreias pelo uso de antibi6-
ticos em altas doses e por
longos perfodos.
j. Utiliza<;:ao de antiinflamat6-
rios nao hormonais por lon-
gos perfodos.
k. Outras diarreias de etiologia
desconhecidas ou incertas.
Em virtude da grande comple-
xidade etiol6gica das diarreias
cronicas, e evidente que se torna
imperioso que se institua meticu-
loso exame, com apoio laborato-
rial, para que se possa, dentre as
possibilidades patol6gicas e 0
comportamento peculiar que
cada caso possa ter, estabelecer
o diagn6stico e consequente-
mente a terapia adequada.
A sintomatologia c1fnicabase
e a diarreia cronica, e 0 cavalo
pode apresentar fezes que va-
riam de consistencia, desde um
caldo com fibras nao digeridas
em Ifquido de colora<;:aoesverde-
ada ou escura, ate uma elimina-
<;:aoapenas de Ifquido sem con-
ter nenhum fragmento de fibra.
o apetite pode conservar-se
normal e as caracterfsticas da
diarreia podem variar de um dia
para outro ou alterar-se em pou-
cas horas. A sede e intensa e 0
emagrecimento e progressivo,
denotado, em casos prolonga-
dos, por um abdomen extrema-
mente adelga<;:ado.Nao ha fe-
bre nem um estado de toxemia
aparente, e os cavalos geral-
mente permanecem ativos, in-
tercalados por pequenos perfo-
dos de depressao e inani<;:ao.
As deple<;:6eshidroeletrolfti-
cas se agravam com a evolu<;:ao
do quadro, produzindo desor-
dens metab61icas irreversfveis
que conduzem 0 animal a morte.
Assim como nas diarreias
agudas, as deple<;:6eshidroele-
trolfticas nos processos croni-
cos se agravam com a evolu<;:ao
do quadro c1fnico.Hiponatremia,
hipocloremia, hipocalemia, hipo-
calcemia, azotemia e acidose
metab61ica podem levar a situa-
<;:6esirreversfveis e conduzirem
o animal a morte quando 0 tra-
tamento for inconsistente e in-
completo. Em razao das les6es
inflamat6rias que acometem 0
c610n, e notadamente devido a
perda da integridade da muco-
sa, ocorrera a instala<;:aode gra-
ve hipoproteinemia devido a hi-
poalbuminemia.
Ocasionalmente animais
que padecem de diarreia cro-
nica, principalmente potros, po-
dem desenvolver quadro de
desconfodo abdominal agudo
devido a intussuscep<;:ao que
pode ser formada junto a re-
giao terminal do f1eo,ou atingir
todo 0 ceco. Nestas circunstan-
cias, em razao do movimento
antiperistaltico, 0 ceco se insi-
nua atraves da valvula ceco-c6-
lica, alojando-se no lumen do
c610n ventral direito.
Alem dos recursos laborato-
riais necessarios para a elabo-
ra<;:aodo diagn6stico diferenci-
al das diarreias cronicas, pode-
se ainda lan<;:armao da laparos-
copia e da laparotomia explora-
t6ria como tecnicas uteis na
avalia<;:aodas vfsceras abdomi-
nais ou para 0 estabelecimento
do diagn6stico etiol6gico defi-
nitivo da afec<;:ao.
Muitas diarreias cronlcas,
decorrentes de intera<;:6esneu-
rovegetativas, como por exem-
plo, em cavalos vagotonicos, as
vezes saG revertidas, propician-
do-se ao animal novas condi-
<;:6esde manejo e alimenta<;:ao,
associadas a uma terapia de su-
porte eletrolftico, respeitando-se
a necessidade de manuten<;:ao
da volemia, dos nfveis sericos de
eletr61itos e do equillbrio acido-
base. As situa<;:6esrebeldes ao
tratamento convencional deman-
dam nova avalia<;:aodo diagn6s-
tico, suporte laboratorial e paci-
encia no tratamento.
Tratamento geral das
diarreias
Independente da etiologia, ou
do agente causal das diarreias,
algumas regras basicas devem
ser obedecidas,no senti do de se
estabelecer um tratamento equi-
librado e bem-direcionado para
a cura. Para tanto:
1. Nunca fique afobado e de
imediato aplicar um arsenal
terapeutico, muitas vezes in-
compatfvel com 0 que 0 ani-
mal apresenta.
2. Fa<;:acolheita de material
para exames laboratoriais:
a. Hemograma completo.
b. Urinalise.
c. Coprocultura.
d. Bioqufmicos para provas de
fun<;:aohepatica, renal e ana-
lise de Na, CI, K e Ca.
e. Sangue arterial para a he-mogasometria.
f. Lfquido peritoneal para exa-
mes ffsicos, citol6gicos e bio-
qufmicos.
3, Procure inicialmentemanter
a volemia do paciente atra-
ves de infusao intravenosa
de solu<;:6es eletroliticas e
energeticas, de preferenda
baseada nos resultados la-
boratoriais, Atente para 0
fato de que os casos de di-
arreia intensa, alem da per-
da liquida e de eletr61itos
como 0 Na, CI, K, e Ca, 0 or-
ganismo pode sofrer deple-
<;:aode bicarbonato de s6dio,
essencial, muitas vezes, para
a manuten<;:ao do equilibrio
acido-base. A reposi<;:aoioni-
ca e de energeticos e im-
presci ndivel.
Devido a semelhan<;:a entre
as deple<;:6eshidroeletroliticas e
do equillbrio acido-base, entre
a patogenia das diarreias e da
sindrome c6lica de origem
gastrenterica, excetuando-se a
velocidade de infusao, pode-se
adotar para 0 tratamento das
diarreias, os mesmos procedi-
mentos de reposi<;:aode fluidos
utilizados na sindrome c6lica.
A administra<;:aointravenosa
de plasma na dose de 500 ml a
1,5 litros para potros, e ate 10 li-
tros para cavalos adultos, alem de
elevar a pressao onc6tica, forne-
ce imunoglobulinas, fibronedina,
inibidores de complemento,
antitrombina III e outros inibido-
res da hipercoagulabilidade.
4. Institua a administra<;:ao de
substancias antidiarreicas
adstringentes como caulim,
pedina e carbonato de cal-
cio, evitando-se, quando nao
houver indica<;:ao laborato-
rial de infec<;:ao enterica, 0
uso de antibi6ticos ou qui-
mioterapicos pela via oral.
Em potros, alem dos adstrin-
gentes, pode-se administrar
ladobacilos para a reposi-
<;:aoda flora intestinal, ou ou-
tros probi6ticos com 0 obje-
tivo de se repor e equilibrar
a flora enterica.
5. Caso a diarreia seja acompa-
nhada por hiperperistalse "in-
tensa" e espasmos, incontro-
laveis,associada a elimina<;:ao
em jatos de fezes de carac-
teristicas liquidas, sem frag-
mentos de alimentos volumo-
sos, assode ao tratamento,
drogas antiespasm6dicas
como a hioscina pela via in-
tramuscular, subcutanea ou
intravenosa Em condi<;:6esde
endotoxemia, pode-se lan<;:ar
mao do flunixin meglumine na
dose de 0,25 mg/kg, pela via
intravenosa, 2 vezes ao dia.
6. Ouando a suspeita etiol6gi-
ca da diarreia cronica recair
no parasitismo, pela migra-
<;:aolarvaria, frequentemente
a res posta ao tratamento
com vermifugos e favoravel.
Para tanto, utilize por via oral,
uma dose ate 5 vezes supe-
rior a dose normal. Os esque-
mas "normais" de vermifu-
ga<;:aopodem ser utilizados,
repetindo-se a dose terapeu-
tica ap6s 21 dias da primei-
ra administra<;:ao.
7. Antibi6ticos e quimioterapicos
frequentemente saG utiliza-
dos nos quadros de toxi-in-
fec<;:ao,ou quando se suspei-
ta de graves desequillbrios na
flora intestinal. Sulfaguanidina
na dose de 0,1 g/kg, 2 vezes
ao dia, combate as baderias
patogenicas sensiveis a esta
droga. Entretanto, quando 0
quadro c1inico nao caracteri-
zar baderemia ou septicemia,
e tivermos optado pelo usa de
probi6ticos, os antibi6ticos ou
quimioterapicos antibaderia-
nos deverao ser evitados.
Em todas as situa<;:6es pa-
tol6gicas em que 0 sintoma
principal e a diarreia, e impres-
cindivel fornecer ao animal for-
ragem verde e agua de boa
qualidade. Suspenda 0 forne-
cimento de ra<;:6esbalanceada
e instale 0 cavalo em baia am-
pia e arejada, higienizando-a,
pelo menos 1 a 2 vezes ao dia,
como condi<;:aominima para se
iniciar 0 tratamento.
12.18. Parasitos do
est6mago e
intestinos.
Est6mago
o estomago dos equlnos
pode ser parasitado por dois ti-
pos de parasitos, produzindo
grandes danos aos processos
de digestao, atuando indireta-
mente nas estruturas que com-
poem a parede do estomago
com a<;:aolesiva local.
o primeiro dos parasitos, tal-
vez 0 mais importante deles e a
larva da mosca do genero Gas-
terophilus. As moscas adultas,
femeas, na epoca de maior pro-
lifera<;:ao, durante 0 verao em
que as condi<;:6esde calor, umi-
dade e luminosidade saG favo-
raveis, proliferam em abundan-
cia e depositam seus ovos sob
o pelo do animal, geralmente na
regiao dos labios, pesco<;oe nos
membros anteriores e posterio-
res, As larvas de primeiro esta-
dio eclodem ao cabo de 1 se-
mana e as que se situ am pr6xi-
mas da boca do animal insinu-
am-se entre os labios para con-
tinuarem seu desenvolvimento
e progredirem em dire<;ao ao
est6mago. Ainda no interior da
boca do cavalo, mudam para lar-
va de segundo estadio e saG
deglutidas em dire<;ao ao est6-
mago, No lumen do est6mago,
as larvas fixam-se na mucosa,
atraves de seu aparelho bucal,
nas regi6es da grande curvatu-
ra e pr6ximas ao piloro, e, ge-
ralmente em grupos, formam
verdadeiros amontoados para-
sitarios. Permanece nesta situa-
<;ao por alguns meses, inician-
do a fase de metamorfose, pro-
xima do novo periodo de verao,
ocasiao em que se desprendem
da mucosa gastrica, progridem
no interior dos intestinos e saG
eliminadas com as fezes, para
desenvolverem-se em pupa e
mosca adulta, fechando 0 cicio
parasitario.
Os sinais clinicos da gaste-
rofilose saGinconsistentes, Equi-
nos intensamente parasitados
podem manifestar sinais de in-
digestao gastrica, gastrite, e,
eventual mente, devido ao siste-
ma de fixa<;ao da larva a muco-
sa do est6mago, manifestarem
desconforto abdominal. Mais ra-
ramente, quando amontoados de
Figura 12.38
Cicio do gaster6filo.
Figura 12.39
Gaster6filos no piloro.
(foto cedida pelo Serviyo de Patologia da FMVZ - Botucatu)
gasterofilos situam-se proximos
ao esflncter pilorico, podem pro-
vocar sinais de obstru<;ao com
quadro de dilata<;ao gastrica
aguda ou sobrecarga por dificul-
dade de progressao do bolo ali-
mentar, podendo ocasionar rup-
tura do est6mago
Figura 12.40
Gasterofilos no duodeno -
imagem endoscopica.
o outro parasito gastrico dos
equinos e 0 Habronema, princi-
palmente H. muscae e 0 H.
micr6stoma. Este vermes na
fase adulta podem viver no es-
t6mago ·dos equinos, junto a
mucosa, causando problemas
mais serios quando se localizam
pr6ximo ao esflncter pil6rico.
Outra localizac;:aodo Habro-
nema e a cutanea, ja apresenta-
da e discutida no capitulo refe-
rente as afecc;:6esda pele.
o Habronema durante 0 seu
cicio de evoluc;:aonecessita de
um hospedeiro intermediario que
sao as larvas e mosca adulta do
Stomoxys ca/citrans ou as larvas
de outras moscas.
Os ovos do Habronema
eclodem no tubo digest6rio do
animal, ou logo que atingem 0
exterior com as fezes, desenvol-
vem as larvas do V estadio. Tais
larvas sao ingeridas por larvas
das moscas hospedeiras inter-
mediarias e desenvolvem 0 seu
cicio acompanhando 0 cicio de
desenvolvimento da mosca, ate
atingir 0 3° estagio ou 0 grau
de larva infestante. Nesta fase,
a mosca ao pousar sobre os la-
bios do cavalo, ou pr6ximo a sua
boca, deposita a larva do Habro-
nema que e ingerida pelo cava-
10 e vai situar-se no est6mago,
desenvolvendo-se ate 0 estagio
adulto.
As larvas de H. megastoma
invadem a submucosa do est6-
mago, junto as glandulas gas-
tricas e estimulam a formac;:ao
de granulomas de tamanhos
consideraveis, que se comuni-
cam com 0 lumen do est6mago
atraves de pequenas fistulas.
Par serem les6es de pouco
significado diante das func;:6es
gastricas, os sinais clinicos da
infestac;:aosao pouco evidentes,
a nao ser que, como ja foi refe-
rido, quando varios n6dulos si-
tuarem-se junto a regiao pil6rica
e interferirem mecanicamente
com a func;:ao do 6rgao. Even-
tualmente 0 H. muscae pode ir-
ritar superficialmente a mucosa
gastrica e estimular hiperse-
crec;:aode muco viscoso e es-
pesso, ou uma gastrite catarral
cr6nica de certa gravidade. 0
diagn6stico definitivo da habro-
nemose gastrica e feito pelo
xenodiagn6stico, que, em linhas
gerais, consiste na pesquisa da
larva infestante em moscas,
criadas com fezes de animais
suspeitos.
o controle dos parasitos do
est6mago deve estar voltadopara 0 combate as moscas, eli-
minando focos criat6rios locali-
zados em esterqueiras abertas,
charcos e terrenos lamacentos.
Uma boa higienizac;:aodiaria das
baias reduz a populac;:ao das
moscas e 0 grau de infestac;:ao
dos animais.
o tratamento das duas para-
sitoses gastricas e realizado ad-
ministrando-se organosfosfo-
rados por via oral, como triclorfon
p6, na dose de 20 a 30 mg/kg,
correspondendo a 2 a 3 g/
100 kg, ou administrando tri-
clorfon em pasta apresentado
em seringa que ja contem 0 anel
dosificador. No caso em que se
optar pelo uso do triclorfon em
p6, 0 mesmo podera ser admi-
nistrado por sonda nasogastrica,
ou utilizando uma seringa plasti-
ca de 20 ml de capacidade,
cortando-se a base que contem
o bico da seringa. Admitindo-se
uma equivalencia entre 1 ml da
seringa a 1 9 do p6, afasta-se 0
embolo ate que se obtenha em
ml 0 volume desejado, preencha
todo 0 espac;:oreservado para a
dose que se vai administrar,
compactando 0 conteudo dispo-
nivel da seringa com 0 produto
em p6. Em seguida, introduza a
extremidade cortada da seringa
no canto da boca do cavalo e
empurre 0 embolo ate 0 final.
Mantenha a cabec;:ado animal
ligeiramente erguida, impossibi-
litando-o de eliminar 0 p6, para
que possa degluti-Io. Adicionan-
do-se mel ao triclorfon, a admi-
nistrac;:aoda droga ao cavalo e
facilitada pela melhora da palata-
bilidade do produto.
Outra droga que podera ser
utilizada no combate aos gas-
troparasitos e a ivermectina,
com excelente ac;:ao tambem
contra as demais enteropa-
rasitoses dos equinos.
o triclorfon em p6 ou pasta
e a ivermectina, por serem dro-
gas vermffugas de amplo es-
pectro, devem ser inclufdas no
programa geral de vermifu-
gac;:aoda propriedade.
Por medida de prudencia,
evite vermifugar eguas no ter-
c;:oinicial e final da gestac;:ao.
Intestinos
Muitos san os vermes que
podem parasitar os intestinos
dos equinos, merecendo desta-
que os seguintes:
1. Grandes estrongilos: Stron-
gylus vulgaris, Strongylus
equinus e Strongylus eden-
tatus.
2. Pequenos estrongilos: Cyli-
costepamus, Cylicocycios,
Cyathostomum, Triodonto-
phorus, Cylicodontophorus e
Cyalocephalus ..
3. Outros vermes importantes:
Parascaris equorum, Oxyuris
equi, Strongyloides westeri,
Trichostrongylus axei e Dic-
tyocaulus arnfield.
A maioria dos vermes intes-
tinais dos equinos possui um ci-
cio base muito semelhante que
consiste no seguinte: 0 animal
parasitado elimina com as fezes
os ovos do parasito. Uma vez no
solo, os ovos encontrando con-
dic;:6es ambientais favoraveis,
como temperatura em torno de
26°C, umidade, oxigenio do ar e
iluminac;:aonatural, desenvolvem-
se ate atingir a fase pre-infes-
tante de larva de segundo esta-
gio. Sob as mesmas condic;:6es
ambientais, e depois de decorri-
das algumas horas, a larva aban-
dona 0 ovo onde se desenvol-
veu e, em torno de 4 a 7 dias,
dependendo do verme, torna-se
larva de terceiro estagio ou
infestante, adquirindo a capac i-
dade de ser ingerida e fechar 0
cicio parasitario.
As larvas podem levar mais
ou menos tempo para atingirem
o seu estagio de larva infestante.
Para tanto, e muito importante a
presenc;:a de condic;:6es acima
referidas, e e baseado nestas
caracterfsticas do cicio biologi-
co que podemos instituir, embo-
ra mais problematica nos equi-
nos, em virtude de limitac;:6esde
areas de pastagens disponfveis,
um manejo de rodfzio de pastos,
limitando ao mfnimo a populac;:ao
larvaria nos campos.
Nestas condic;:6es, os ovos
deixam de produzir larvas de ter-
ceiro estagio. Devido ao geotro-
pismo negativo, as larvas infes-
tantes sobem ate as pontas das
hastes do capim e san ingeridas
pelo animal sadio, que contrai a
parasitose. Ocasionalmente a
infestac;:ao pode se dar pela in-
gestao de agua de bebida ou
atraves do proprio alimento.
Uma vez ingerida, a larva
atinge os intestinos, atravessa
a sua mucosa atingindo 0 ffga-
do e pulmao pela corrente cir-
culatoria, retornando ao intesti-
no para se transformar em ver-
me adulto.
As demais variedades do ci-
cio biologico, assim como as
consequencias que a infestac;:ao
acarreta ao organismo do ani-
mal, serao abordadas a seguir
nas verminoses mais comuns.
Strongylus vulgaris: E um
dos vermes mais importantes da
famnia Strongylidae nos equi-
nos, devido as graves conse-
quencias que advem ao organ is-
mo animal parasitado.
Apos ter sido ingerido sob a
forma de larva infestante ou de
terceiro estagio, 0 Strongylus
vulgaris se liberta de seu envol-
torio protetor no est6mago e in-
testino e penetra na parede do
ceco e colon ventral, permane-
cendo "encistada", ate se trans-
formar em larva de quarto esta-
gio. Nesta fase, abandona a pa-
rede intestinal, penetrando na
parede das pequenas arterfolas,
e progride contra a corrente san-
gufnea ate atingir arterias de
maior calibre. As larvas ao pe-
netrarem a parede das arterfolas,
em animais com infestac;:6esal-
tas, podem promover hemorra-
gias circunscritas a mucosa e
submucosa, denominadas de
hemomelasmas. Na maioria das
vezes, as passagens larvarias
atraves da parede dos vasos,
desencadeiam respostas hi-
perperistalticas que podem pro-
duzir dor e diarreias transitorias.
Ao contrario do que se acre-
ditava no passado, a maior fre-
quencia de les6es vasculares
san observadas nos troncos se-
cundarios da arteria mesen-
terica cranial, notadamente no
ramo neo-ceco-colico, Uma vez
. cessada a migrac;:aonos ramos
das arterias mesenterica, a lar-
va lesa a fntima do vaso, for-
ma-se um trombo intraluminal,
que pode ocluir parcial mente 0
fluxo de sangue. A lesao inter-
na da arteria enfraquece sua
parede que, sob a ac;:ao da
pressao sangulnea, dilata-se
formando 0 aneurisma vermi-
n6tico. Finalmente, a larva
abandona 0 trombo, volta a pa-
rede do intestino, pela mesma
via, se transformando em larva
de quinto estagio, ja adulta,
para cair no lumen intestinal e
fechar 0 cicio biol6gico.
A forma~ao do aneurisma,
e as lesi5es na Intima da arte-
ria determinam altera~i5es he-
modinamicas e forma~ao de
trombo que pode se despren-
der obstruindo arterlolas termi-
nais, ou, 0 que e mais raro, frag-
mentar-se, determinando uma
verdadeira e fatal "chuva" trom-
Figura 12.41
Hemomelasmas no colon maior.
Figura 12.42
Aneurismas e trombos na arteria mesenterica e seus ramos.
boemb61ica na rede vascular
mesenterica.
Os vermes adultos se pren-
dem amucosa do intestino gros-
so, rompem os vasos sangulneos
e se alimentam do sangue. Esta
a~ao produz intensa irrita~ao da
mucosa intestinal com diarreia e
grandes perdas de sangue que
podem levar 0 animal a um es-
tado de intensa anemia, princi-
palmente os mais jovens.
Em razao das pr6prias ca-
racterlsticas do cicio biol6gico,
estabelecidas as lesi5es arteri--
ais, as consequencias da obs-
tru~ao recaem sobre a irriga-
~ao do intestino, com diminui-
~ao do fluxo sangulneo e do
fornecimento de oxigenio. 0
resultado desta patogenia e a
manifesta~ao do quadro de c6-
lica tromboemb6lica.
Parascaris equorum: E um
verme da famnia Ascarididae, do
genero Parascaris, semelhante
ao Ascaris lombric6ides do ho-
memoConstitui uma parasitose
de importancia atingindo princi-
palmente potrinhos com cerca
de seis meses de idade.
o "habitat" do Parascaris e
o intestino delgado, ocorrendo
a infesta~ao pela ingestao de
ovos carreados pelos alimentos,
agua ou pelas fezes, ou entao
pelo habito da coprofagia de
alguns potros. Ap6s a ingestao,
os ovos eclodem no intestino e
as larvas livres atravessam a
parede intestinal migrando pela
corrente sangulnea ate atingi-
rem 0 cora~ao e pulmi5es. Nes-
te estado migrat6rio, algumas lar-
vas podem realizar cicio erratico
avos
ellminados
nas fezes
1. ovos SaGeliminados nas fezes; 2. ovos embrionados no chao e
eclosao ap6s sua ingestao pelo equino; 3. vermes adultos no intestino.

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