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12 AfeC90es do Aparelho Digest6rio 12.1. Anatomia e considerat;:oes gerais. o aparelho digest6rio e com- posta por um complexo sistema estrutural cuja fun<;:aobasica e a de viabilizar os alimentos para utiliza<;:aodo organismo animal como fonte proteica, energeti- ca, vitaminica e mineral. Para tanto e constituido por um sistema tubular que se ini- cia pelos labios e termina no anus. Possui um revestimento interno de mucosa, recoberto por uma musculatura lisa res- ponsavel pela motilidade dos varios compartimentos diges- t6rios. 0 conduto digest6rio e formado pelos seguintes seg- mentos consecutivos: a. Boca: Composta pelos la- bios, 6rgaos de apreensao do cavalo, dentes e lingua, sen- do estes considerados como 6rgaos acess6rios, assim co- mo as glandulas salivares. A boca, como compartimen- to do aparelho digest6rio e res- ponsavel, atraves dos labios, pela apreensao dos alimentos naturais (forragens), ou de ra- <;:6es (concentrados) que so- frem a<;:aode mastiga<;:aopelos dentes e umecta<;:ao fornecida pela saliva, produzida principal- mente pela glandula par6tida. A mecanica bucal tem a fi- nalidade de reduzir drastica- mente 0 tamanho das particu- las apreendidas, e umecta-Ias e pre-digerHas para uma melhor digestao gastrica e intestinal. b. Faringe: E uma estrutura tu- bular, comum ao aparelho di- gest6rio e respirat6rio, cuja regiao e denominada de oro- faringe, e possui a finalidade de unir a boca ao es6fago. c. Es6fago: Estrutura tubular, provida de forte musculatu- ra lisa que proporciona a forma<;:ao de ondas peris- talticas responsaveis pelo transporte dos alimentos ao est6mago. Situa-se ventral- mente ao pesco<;:o, latera- lizando-se a esquerda pou- co antes de penetrar no t6- rax. E neste ponto que po- demos controlar a passa- gem da sonda nasogastrica pelo tato ou visualizando-a em forma de onda. o es6fago comunica-se ao est6mago pela cardia, uma for- te estrutura muscular que se abre na passagem do alimento e permanece fechada durante a digestao gastrica. d. Est6mago: 0 est6mago do cavalo situa-se junto ao dia- fragma, ja na cavidade abdo- minal, e composto por dois esflncteres limitadores, a car- dia e 0 piloro. 0 est6mago e revestido por uma por<;:ao esofagica aglandular e uma por<;:aopil6rica glandular se- parada pelo margo plicatus. Devido a capacidade volu- metrica do est6mago ser peque- na, nao se aconselha a adminis- tra<;:aode grandes quantidades de alimentos em pequenos in- tervalos, assim como a admi- nistrac;:aode forragens que au- mentam de volume, sem pre- vio umedecimento. Em razao de 0 habito alimen- tar continuo e em quantidades pequenas, 0 est6mago do cavalo secreta constantemente acido c1oridrico,assim como os demais componentes do suco gastrico . Figura 12.1 Vista endoscopica do est6mago - linha margo plicatus. • Apos 0 ataque do suco gas- trico aos alimentos, decompon- do-os em elementos mais sim- ples, 0 est6mago realiza movi- mentos peristalticos que consis- tem de ondas contrateis debeis que se repetem com regularida- de, levando 0 alimento em dire- <;aoao esflncter piloro, e deste ao intestino. Em fun<;ao das caracterlsti- cas fisiologicas da especie, no cavalo nao ocorre v6mito na a- cep<;aofisiologica do fen6meno. o que sucede em casos excep- cionais e a regurgita<;ao (elimi- na<;ao "passiva") quando a ca- pacidade de resistencia da car- dia e vencida pela for<;acontratil do est6mago, ou quando 0 nlvel de reple<;aogastrica esta acima de sua capacidade normal. Em algumas situa<;6es de intensa dor abdominal, por processos si- tuados proximo ao est6mago, podera ocorrer a regurgita<;ao com participa<;ao da musculatu- ra abdominal, 0 que nao signifi- ca que a cavalo esta vomitando. e. Intestino: 0 intestino pode ser dividido morfologica e fi- siologicamente em intestino delgado, ceca e intestino grosso. 0 intestino delgado par sua vez e divido em duo- dena, jejuna e Ilea, sendo este a trecho responsavel pela digestao qUlmica pro- movida pela a<;ao do suco enterico, produzido pelas glandulas de sua parede; suco pancreatico, rico em fermentos e pela bile, cuja atividade e a de emulsionar a gordura dos alimentos. 1. lobo esquerdo do f1gado; '2.flexura diafragmatica do colon dorsal; 3. flexura external do colon ventral; 4. colon dorsal esquerdo; 5. colon ventral esquerdo; 6. intestino delgado Qejuno); 7. banda ou tenia la- teral do colon ventral esquerdo; 8. flexura pelvica; 9. colon menor; 1O. bac;:o;11. est6mago. 1. flexura pelvica do colon; '2. base do ceca; 3. corpo do ceca; 4. banda au tenia lateral do ceca; 5. apice do ceca; 6. banda au tenia lateral do colon ventral direito; 7. rebordo costal; 8. colon dorsal direi- to; 9. flexura external do colon ventral, 10. lobo direito do f1gado; 11. flexura diafragmatica do colon dorsal. o ceco do cavalo "correspon- de" ao rumen dos ruminantes; e a grande cuba de fermentac;:ao,cuja populac;:aomicrobianaassemelha- se a do rumen. E no ceco que a celulose e desdobrada e nele e que se da a decomposic;:aobacte- riana, fornecendo nutrientes es- senciais ao hospedeiro. A digestao microbianae 0 des- dobramento dos nutrientes pros- seguem no intestino9 rosso,com- posta pelo colon maior e colon menor, atraves do qual 0 conteu- do movido pelo peristaltismo al- canc;:aa ampola retal. E nas por- c;:6esfinais do intestino grosso que a maior parte dos Ifquidospresen- tes na digesta neste segmento, san absorvidos promovendo 0 for- mato, a consistencia e 0 odor ca- racterfstico das fezes. Aproxima- damente 90% do Ifquidoextrace- lulardo organismo do animal pas- sam para a luz do intestino delga- do e e absorvido novamente en- tre ointestino delgado e 0 intesti- no grosso, principalmente no co- lon maior e menor. A defecac;:aoe um ato fisio- logico reflexo desencadeado principalmente pela replec;:aoda ampola retal. Ocorre em torno de 7 a 12 vezes ao dia, na depen- dencia de quantidade e qualida- de dos alimentos ingeridos (for- ragem seca, graos, rafzes, forra- gem verde, ingestao de agua). 12.2. Ferimentos nos labios. Os labios san estruturas de apreensao dos alimentos na fase bucal da alimentac;:ao.Os ferimen- tos, via de regra, san de origem traumatica, causada por quedas inesperadas durante galopes no campo, coices e crises de colicas, em que 0 animal se debate, ou devido a aplicac;:aoinadequada de cachimbo nos labios. Os ferimentos podem ser ex- ternos, atingindo a face cutanea e interna, comprometendo ape- nas a mucosa, ou entao, os fe- rimentos podem atingir todas as estruturas dos labios. Os sintomas baseiam-se na gravidade do ferimento, chegan- do mesmo a capacidade de apre- ensao ser suprimida nas les6es mais severas. o diagnostico e definido pela presenc;:ada soluc;:aode continui- dade dos tecidos componentes dos labios e pelo aspecto da le- sao. Ouando houver comprome- timento dos dentes, geralmente os incisivos, deve-se realizar uma meticulosa avaliac;:aodas estru- turas osseas da regiao, em par- ticular dos alveolos e dos ossos da mandfbula, dos pre-maxi lares e dos maxi lares, para, se neces- sario, proceder-se a extrac;:aodo dente e a reduc;:aoda fratura. Ouando externa, a ferida de- vera ser tratada por limpeza ri- gorosa com agua e sabao, apos o que se aplica agua oxigenada 10 volumes, e soluc;:ao de gli- cerina iodada 10%. Ouando 0 ferimento localiza-se na face in- terna, isto e, na mucosa, frequen- temente 0 diagnostico e feito de- vido ao filete sanguinolento que escorre junto a comissura labial. Nestas circunstancias, 0 trata- mento deve ser realizado por pri- meira intenc;:aose 0 ferimento for recente, atraves da sutura da mucosa e curativos diarios com glicerina iodada 10%. A alimen- tac;:aodevera ser corrigida admi- nistrando-se alimentos verdes tenros e rac;:6esumedecidas. Se a ferida labialfor profun- da, comprometendo todos os pianos anat6micos, expondo ge- ralmente a gengiva e a mesa dentaria, 0 tratamento devera ser efetuado reconstruindo-se cirurgicamente os tecidos atin- gidos, restabelecendo-se assim a capacidade de apreensao dos alimentos. De qualquer forma, ate que se possa intervir adequadamen- te, suspenda a alimentac;:ao,lave bem a ferida com agua e sabao. Se houver hemorragia, enxugue a ferida com gaze, localize 0 ponto sangrante e comprima-o durante pelo menos 10 minu- tos, procedimento este que fara cessar a hemorragia, caso con- trario, procure ligar 0 vasa com~ prometido. Em qualquer das formas de tratamento utilizada, fac;:acura- tivos diarios da lesao e institua antibioticoterapia com penicili- na benzatina na dose de 20.000 a 40.000 UI/kg. 12.3. Traumas sobre a lingua. Sao originados pelas cordas aplicadas como freios ou por ac;:aode freios metalicos e bri- does, raramente, por mordidas ou coices. Os animais afetados recusam 0 alimento, deixam fluir saliva que pode estar mes- c1ada com sangue pela comis- sura labial; ou mesmo, depen- dendo da gravidade do feri- mento, exteriorizam a lingua, pendendo-a para um dos lados. As lesoes podem ser super- ficiais ou profundas, ou ate mes- mo podera ocorrer a amputac;ao da lingua. As les6es superficiais po- dem ser tratadas por curativos diarios com glicerina iodada a 10% ap6s limpeza com liquido de Dakin, e curetagem de teci- do necrosado, caso 0 ferimento nao seja recente. As lesoes profundas, quan- do recentes, devem ser sutu- radas ap6s avaliac;ao da viabili- dade biol6gica do coto distal. Verifique se ha sangramento, temperatura e sensibilidade, 0 que revelara a preservac;ao vas- culonervosa do 6rgao. Nestas Figura 12.4 Gangrena da lingua. circunstancias, evite tracionar a lingua que corre 0 risco de am- putac;ao,caso esteja presa ape- nas pela porc;ao mais inferior que contem 0 feixe vasculoner- voso, necessario para a nutric;ao do fragmento. Por ser um 6rgao particular- mente muscular, a cicatrizac;ao devera ocorrer sem maiores problemas. Caso as feridas pro- fundas apresentem extensas areas de necrose, esfriamento da ponta e falta de movimenta- c;ao da lingua, a amputac;ao e 0 unico recurso disponivel, para a resoluc;ao do problema. Em ca- sos de amputac;ao traumatica aguda, preocupe-se exclusiva- mente com a hemorragia; pro- cure estanca-la, com prim indo 0 coto lingual ou aplicando subs- tancias anti-hemorragicas de preferencia pela via intraveno- sa. Em seguida, retire por cure- tagem todo tecido lacerado ou necrosado para regularizac;ao das faces a serem suturadas. Considere a lingua como qual- quer outra estrutura muscular quanto a tecnica cirurgica a ser aplicada, utilizando-se, preferen- cialmente, fios absorviveis para se evitar a necessidade de re- moc;ao dos pontos e a forma- t;:ao de granulomas tipo corpo estranho. Em todas as situac;oes de trauma na lingua, a correc;ao da alimentac;ao e importante. Ad- ministre alimentos de facil mas- tigac;ao e rac;6es concentradas umedecidas com agua, princi- palmente para animais que so- freram amputac;ao. o p6s-operat6rio consisti- ra de lavados bucais 2 a 3 ve- zes ao dia, com soluc;ao fisio- 16gica e embrocac;ao com gli- cerina iodada a 10% sobre a sutura, ou ainda aspersoes com anti-septicos bucais em "spray" ou liquido (c1oridrato de c1orexidine). Figura 12.5 Ferida incisa da lingua. Figura 12.6 Sutura de ferida da lingua. 12.4. Fratura de mandrbula. Geralmente ocorre devido a traumas violentos, queda e coi- ce, produzindo soluc;:aode con- tinuidade da estrutura ossea dos ramos da mandfbula. Figura 12.7 Fratura multipia da mandfbula. Podem ocorrer na reglao mentoniana, correspondente a uniao dos ramos mandibulares horizontais, assim como no corpo dos ramos horizontal e vertical. Em razao da intensidade de ac;:aodo agente traumatico e da Figura 12.8 Reduyao percutanea de fratura de mandfbula com pinos e resina acrflica. regiao mandibular atingida, as fraturas podem ser completas ou incompletas. Ouando completas, e na regiao do corpo do ramo mandibular horizontal, 0 animal apresenta disfunc;:ao na movi- mentac;:aoda mandfbula; geral- mente mantem a boca discreta- mente aberta, escorrendo saliva que pode estar mesclada com sangue, e aumento de volume com crepitac;:aodos fragmentos osseos no local da fratura. A lIn- gua podera estar exteriorizada para um dos lados da boca do animal. Ocasionalmente, a fratu- ra podera ocorrer junto ao alve- 010 dentario, comprometendo a implantac;:aodo dente. o diagnostico se baseia na apresentac;:aoc1inicado proces- so e nos exames radiograficos. As fraturas incompletas saG aquelas em que a linha de des- continuidade ossea segue lon- gitudinalmente ao ramo horizon- tal da mandibula, como se uma lasca do osso fosse extraida. Nestes casos, frequentemente ocorre avulsao dos dentes inci- sivos (cantos), havendo rebate de fragmento osseo. o tratamento das fraturas completas devera ser realizado atraves de osteosintese com pinos intramedulares ou placas, ou atraves da fixac;:ao percu- tan ea. Nos casos de fraturas incompletas, a osteosintese po- dera ser realizada por aplicac;:ao de parafusos ortopedicos e/ou fixac;:ao do fragmento osseo com amarrac;:aodos dentes in- cisivos com fio de ac;:o.Podera ser adaptada uma protese de Figura 12.9 Protese de massa epoxi no tratamento da fratura de mandfbula - sfnfise. refon;:o sobre a arcada dentaria incisiva, com massa epoxi de secagem rapida ou acrllico autopolimerizavel, moldada so- bre os dentes. o pos-operatorio deve ser conduzido de forma a poupar a mandfbula durante a mastigac;:ao, fornecendo-se ao animal nos primeiros dias, apenas alimentos farelados e verde tenro. Nos ca- sos de maior gravidade, podera ser instituida alimentac;:aopasto- sa ou liquida, atraves de sonda- gem nasogastrica, ou por infu- sac pela via intravenosa, de so- luc;:6esnutrientes e energeticas, ate que 0 cavalo readquira a es- tabilidade da lesao e inicio de consolidac;:aodo foco de fratura. Institua, tambem, antibiotico- terapia e realize curativos 2 a 4 vezes ao dia com anti-septicos. Apos 0 curativo pode-se irrigar a lesao oral com anti-septico bucal Ifquido ou spray. E 0 processo inflamatorio cr6nico que acomete 0 palato duro junto a face interna dos dentes incisivos superiores. Ocorre por trauma leve e constante causado pela ali- mentac;:ao a base de graos de milho inteiro, alimento grossei- ro, ou pelo habito do animal de morder madeira ou outro obje- to que permita a fixac;:ao da re- giao dos dentes incisivos supe- riores (aerofagia). o quadro c1fnicocaracteriza- se por mastigac;:ao lenta e dolo- rosa, levando ao emagrecimen- to progressivo. Ao examinar-se a boca, observa-se que a mu- cosa do palato ultrapassa a li- nha da mesa dentaria incisiva superior, chegando a adquirir consistencia firme. Histologicamente,o proces- so se caracteriza por hiper- plasia do palato, tendo como etiopatogenia 0 trauma leve e con stante. o tratamento geral baseia- se na correc;:ao alimentar; tritu- rar 0 milho ou administrando-o como componente da formula- c;:aode rac;:6esconcentradas. 0 tratamento cirurgico e realizado Figura 12.10 Palatite - travagem. sob anestesia troncular infra- orbitaria, ressecando-se 0 ex- cesso de palato para em segui- da cauterizar-se com ferro in- candescente. Os cavalos com vlcio de aerofagia devem ser tratados Figura 12.11 Mfmica da aerofagia. para que nao ocorra a recidiva da palatite. A aerofagia e um vlcio com- portamental com prevalencia re- lativamente alta em equinos adultos, nao distinguindo rac;a ou sexo, no qual 0 animal ap6ia os dentes incisivos em um ob- jeto fixo, em geral, em portas de baias, reguas de mangueiro e beira decochos. 0 cavalo reali- za movimentos de arqueamento do pesCOC;oatraves da contra- c;ao dos musculos cervicais da regiao ventral e, concomitante- mente, posiciona a laringe ros- tralmente, 0 que faz com que 0 animal consiga engolir quanti- dades variadas de ar. Com 0 tempo, na depen- dencia dos objetos utilizados no apoio, pode ocorrer 0 des- gaste excessivo dos dentes in- Figura 12.12 Hipertrofia dos musculos do pesco«o. cisivos, hiperplasia do palato duro, gastrites, ulceras e indi- gestao gastrica, flatulencia excessiva, perda de peso, hi- pertrofia dos musculos ven- trais do pescoc;o, especial men- te do musculo esternomandi- bular, alem de desvalorizac;ao estetica do animal e de inco- modo ao proprietario. A exata etiologia da aero- fagia permanece desconheci- da, porem, admite-se que 0 pro- blema seja desencadeado por alterac;ao do comportamento decorrente da falta de ativida- de f1sica, isolamento e ansie- dade dos animais confinados em baias, muitas vezes com pouca disponibilidade de ali- mentos volumosos. Alem des- ses fatos, existem evidencias de provaveis fatores heredita- rios predisponentes, e de que o habito de engolir ar possa ser adquirido por animais jovens, pela observac;ao e imitac;ao dos portadores do vlcio. Raramen- te 0 vicio da aerofagia e adqui- rido por animais mantidos em regimes de manejo semi-exten- sivo ou extensivo. Clinicamente 0 animal que adquire 0 vlcio da aerofagia e facilmente identificado atraves da mimica que realiza; pela hi- pertrofia dos musculos do pes- coc;o; pelo estado de emagreci- mento cronico e pela predispo- sic;aoem manifestar quadros de flatulencia e c61icas ocasionais. Animais nestas condic;6es apre- sentam baixa performance e podem ser subferteis, devido ao estado de desnutric;ao que atin- gem nos estagios mais avan~a- dos da afec~ao. o diagn6stico baseia-se na apresenta~ao comportamental do animal, devendo-se investi- gar a possibilidade de desenvol- vimento de palatite e de les6es gastricas, como gastrite e ulce- ras, que poderao desencadear quadros de manifestac;:6es c11- nica grave. o tratamento da aerofagia consiste na ado~ao de procedi- mentos gerais, metodos conser- vadores e metodos cirurgicos. Os procedimentos gerais que devem ser adotados, indepen- dentemente do tipo de tratamen- to a ser instituldo, devem sem- pre levar em considerac;:ao mu- danc;:as de manejo nutricional, Figura 12.13 Colar de aerofagia. mantendo-se alimentos volumo- sos a disposi~ao do cavalo, prin- cipalmente nos estabulados, e manutenc;:aode programas que agrupem animais de mesma fai- xa etaria -- quando potros --, e remoc;:aode qualquer objeto s6- lido que possa ser utilizado para a sustenta~ao do maxilar, que possibilite a mlmica da aerofagia Outro aspedo importante e 0 di- agnostico e tratamento de le- s6es dentarias e gastrentericas cr6nicas, uma vez que estas afec~6es tambem podem ser incriminadas como predisponen- tes ao vlcio da aerofagia. Os metod os conservadores, ou nao cirurgicos, podem pre- ceder 0 tratamento cirurgico, como primeira op~ao ou tenta- tiva de solucionar-se 0 proble- ma. 0 usa de focinheira e de coleira de contenc;:ao dos movi- mentos da laringe, raramente produz resultados satisfat6rios acima de 10%, mesmo quando associados a tratamento com drogas tranquilizantes ou an- siollticas, entretanto, e sempre conveniente que seja utilizado em associa~ao as medidas de carater geral preventivas. o tratamento cirurgico ain- da eo que melhores resultados demonstram. Cerca de 65% dos animais operados pela tecnica de Forssell modificada, SaGcu- rados definitivamente, enquan- to 10% a 20% apresentam ape- nas melhora do quadro c1lnico, e somente 15% dos resultados poderiam ser considerados como insatisfat6rios. A tecnica de Forssell modificada consiste na miedomia dos m. omo- hioldeo, m. esternohioldeo e m. esternotirohioldeo, associada a neuredomia bilateral do ramo ventral do nervo acess6rio es- pinhal do m. esternomandibular. Apesar de extensas ressec~6es de musculos do pescoc;:o,asso- ciadas a neuredomia, a tecnica Figura 12.14 Colar de aerofagia aplicado. pode ser considerada altamen- te satisfat6ria, tambem sob 0 ponto de vista estetico, pois nao determina qualquer deform ida- de ao pesco<;o do animal. Ouando em decorrencia da aerofagia 0 animal apresentar hiperplasia do palato duro (pa- latite), 0 tratamento deve ser concomitante. A terapia ocupacional assim como a companhia de animais de outras especies (ovinos), ou de bonecos pendurados na baia, pode auxiliar na exclusao ou abrandamento do vicio. Sob 0 ponto de vista legal, a aerofagia e classificada como vicio redibit6rio, sendo que ani- mais recem adquiridos, e por- tando 0 vicio de "forma oculta", saD passiveis de devolu<;ao e ressarcimento de prejuizos, res- peitado 0 que preceitua a legis- la<;aovigente sobre a materia. 12.7. Fibroma ossificante juvenil da mandibula. o fibroma ossificante juve- nil faz parte do grupo de afec- <;oes classificadas como tumo- res que podem acometer os ossos da cabe<;a, tais como 0 osteoma, osteosarcoma, e 0 fibro-osteoma, podendo ocorrer em potros de 2 a 14 meses de idade. Fibromas ossificantes saD constituidos por um estroma fibroblastico denso, onde os fi- broblastos e osteoblastos com- poem um sistema trabeculado com estroma fibro-6sseo. Em- bora esteja incluido na classifi- ca<;ao de tumores, 0 fibroma ossificante nao apresenta celu- las em mitose. Clinicamente 0 processo se caracteriza pela forma<;ao de uma massa subgengival de crescimento rapido, na regiao rostral da mandlbula, simetrica, desde a sinfise ate a regiao dos cantos dos ramos horizontais, e, ocasionalmente, compromete apenas uma hemimandibula. A palpa<;ao, a massa tem consis- tencia dura (6ssea), e com fre- quencia apresenta ulceras na mucosa gengival que a envolve. Na dependencia da evolu<;aoda lesao e do grau de comprome- timento dos ossos, podera ha- ver abalo de implanta<;ao dos dentes incisivos nos alveolos, tornando-os fracos, com ten- dencia a mobilidade. A apreen- saD podera estar comprometi- da quando a massa tumoral atingir grande volume, de forma a comprometer a fisiologia de movimenta<;ao de apreensao dos labios. o diagn6stico tem por base a presen<;a da massa fibroma- tosa, e por exames histol6gicos de fragmentos bi6psiados, para exame diferencial com 0 tumor odontogenico que pode acome- ter cavalos de mais idade. Ra- diograficamente 0 processo se caracteriza por prolifera<;ao 6s- sea, lise, e, ocasionalmente, por lesoes de oste61isena regiao das raizes dos dentes incisivos. o tratamento pode ser reali- zado com excisao cirurgica da massa tumoral, que nem sempre pode ser total mente ressecada, podendo recidivar. Nestas cir- cunstancias, pode-se instituir a hemimandibulectomia ou a man- dibulectomia rostral. Embora os tratamentos cirurgicos sejam ra- dicais, quando se institui um manejo alimentar com verdes tenros e administra<;ao de con- Figura 12.15 Fibroma ossificante juvenil. centrad os umedecidos em for- ma de pasta, nao ocorrera qual- quer interferencia na apreensao e mastiga<;ao dos alimentos, possibilitando ao animal manter o seu estado nutricional. Uma das principais altera- <;iSesdos dentes dos equinos saGas pontas dentarias, causa- das por desgaste irregular dos pre-molares e dos molares. Tal desgaste pode ocorrer devido a imperfeita coapta<;ao anat6mi- ca da mesa dentaria superior e inferior (Iinha de oclusao den- tal), e das caraderisticas da fi- siologia do ato de mastiga<;ao de alimentos fibrosos. As pontas saG pequenas, salientes e pontiagudas, ferem a mucosa bucal ou mesmo a lin- Figura 12.16 Ma-oclusao causada por ausen- cia de incisivos superiores. gua, dificultando a mastiga<;ao dos alimentos. Cavalos com pontas dentariastrituram mal os alimentos, possuem digestao demorada e podem apresentar emagrecimento progressivo, alem de processos de indiges- tao, que poderao desencadear quadros de c6lica. o exame e realizado passan- do-se 0 dedo indicador sobre a mesa dentaria, junto a sua face lateral, detedando-se, pelo tato, as forma<;iSespuntiformes. 0 tra- tamento e simples e consisti na aplica<;ao de grosa dentaria so- bre a mesa molar superior e infe- rior,atraves de movimentos leves e suaves,corrigindo-se desta for- ma 0 problema. Nos casos decor- rentes de ma-oclusao devem-se tratar a altera<;aoprimaria. Recomenda-se instituir como manejo de rotina no haras,0 exa- me da arcada dentaria dos ani- mais, pelo menos, a cada 30 dias. 12.9. Alveolo-periostite e caries dentarias. As lesiSes dos alveolos e as caries dentarias saGfrequentes em cavalos idosos e em animais em regime de arra<;oamento in- tensivo. Podem tambem ocorrer por a<;ao de corpos estranhos encravados entre os dentes pre- molares e molares, pela decom- posi<;ao de alimentos, por a<;ao de enzimas baderianas e por fratura do dente. A carie inicia-se com modi- fica<;ao na colora<;ao do dente, desde amarelo intenso ate ene- grecido, com um ou mais orifl- cios. Os animais apresentam dificuldade de apreensao e mastiga<;ao, alem de halitose caraeterrstica. Pode evoluir para alveolo-periostite, osteo- mielite, sinusite e, ocasional- mente, fistulizar, drenando pus com odor fetido na face ven- tral do ramo da mandibula, na arcada inferior, e no seio maxi- lar quando na arcada superior, determinando a instala<;ao de sinusite. Mais frequente que a carie, as lesiSes como gengivites e periodontites podem proporcio- nar invasao baderiana perio- dontal, levando ao comprometi- mento do alveolo dentario, com evolu<;aopara alveolo-periostite, osteomielite e fistuliza<;ao com Figura 12.17 Carie dentaria. Figura 12.18 Carie dentaria. drenagem de pus fetido e de aspecto muc6ide denso. No ini- cio da afec<;:aose observa au- mento de volume da face, na regiao que corresponde a im- planta<;:aodo dente comprome- tido, sensivel a palpa<;:ao.Ouan- do 0 processo evolui para fis- tuliza<;:ao,identifica-se a secre- <;:aopurulenta que escorre pela face do animal ou permanece aderida aos pEdos da borda ventral, quando a lesao for na mandibula. o diagn6stico e realizado observando-se os sinais de le- saG do dente e confirmado par exames radiograficos, que saG muito importantes na avalia<;:ao do grau de comprometimento do dente e de seu alveolo, as- sim como para se avaliar a pos- sivel instala<;:aode osteomielite e de altera<;:i5esnos dentes vizi- nhos, que podem ser afetados por contiguidade. o tratamento das caries sim- ples, que nao atingem 0 colo ou o canal do dente, pode ser feito pela obtura<;:aocom amalgama ou outro produto odontol6gico usado para essa finalidade, Ouando existe grande compro- metimento do dente e do alve- 010 do terceiro pre-molar e do primeiro molar superior, fre- quentemente, a extra<;:aoe rea- lizada sob recalque atraves de trepana<;:aodo seio maxilar. Em casos cronicos, em que varios tratamentos conservativos ja ten ham sido realizados sem su- cesso, podera haver anquilose entre 0 dente e partes de seu alveolo, 0 que dificulta a sua Figura 12.19 Fistula dentaria mandibular. Figura 12.20 Fistula dentaria maxilar. Figura 12.21 Fistula dentaria maxilar. Figura 12.22 Alveoio-periostite - abscesso de apice - Raios-X. extrac;:ao,mesmo sob recalque, podendo ocasionar a fratura por arrancamento da parede al- veolar, que, ser for apenas de uma pequena area, nao tras grande inconveniente a recu- perac;:ao do animal. Ouando a extrac;:ao for dos dentes pre- molares e molares da mandr- bula, esta deve ser realizada com muito mais cuidado e ha- bilidade por parte do cirurgiao, principal mente quando existi- rem sinais de osteomielite, uma vez que este processo fragiliza 0 osso podendo levar a fratura iatrogenica do ramo da mandrbula. o tratamento p6s-operat6rio, quando a extrac;:aodo dente for realizada por trepanac;:ao e re- calque, consiste na lavagem do seio maxilar e alveolo na maxi- la, ou do alveolo dentario na mandlbula, com Irquido de Dakin ou cloridrato de clorexidine e glicerina iodada a 10%, pelo menos 2 vezes ao dia. A recu- perac;:aocicatricial da gengiva e da pele sobre a regiao da trepa- nac;:aoocorre, via de regra, em cerca de 15 a 30 dias. E impe- rioso que antes dos curativos e da lavagem do seio e do alveo- 10, que seja retirado qualquer resqulcio alimentar que por ven- tura tenha penetrado a regiao operada. Nos casos de extrac;:aoden- taria em que nao tenha sido rea- lizada trepanac;:ao, realize lava- do bucal, 2 vezes ao dia, e ad- ministre anti-septico oral, sob a Figura 12.23 Fistula dentaria maxilar com trepanayao. forma de spray ou Ifquido Cclori- drato de c1orexidine) sobre 0 alveolo dentario, ate a cicatriza- c;:aoda gengiva. A osteodistrofia fibrosa Ceara inchada) pode predispor ao apa- recimento de problemas alveo- lares com consequente sinusi- te e fistulizac;:ao,principal mente atraves do seio maxilar. Sao alterac;:6es inflamatori- as da mucosa de revestimento da boca, originadas por diver- sos fatores como alimentos grosseiros, substancias qufmi- cas, ferimentos diretos e por les6es dentarias. Algumas es- tomatites com caracterfsticas particulares pode(Yl acompa- nhar ou mesmo ser a base de diagnostico de enfermidades infecciosas, e de processos re- nais graves que conduzam a quadro de uremia. Os sintomas saDmuito varia- dos e estao na dependencia da causa e da gravidade das alte- rac;:6es da mucosa. 0 cavalo pode ter dificuldade de apreen- saD e mastigac;:aodevido a dor, e sialorreia que pode ser abun- dante, principal mente nos casos em que as les6es tenham sido causadas por substancias qufmi- cas acidas ou basicas. o exame direto da boca mos- tra a mucosa bucal avermelhada, congesta, devido ao processo in- flamatorio, com areas de les6es circunscritas ou difusas. Ferimen- tos podem ser observados, assim como ulceras mais ou menos pro- fundas, com acumulo de teddo necrosado e restos de alimentos. Deve-se estar atento a pos- sibilidade da estomatite ser re- flexo de uma doenc;:amais grave como a estomatite vesicular; ob- serve 0 estado geral do animal, principal mente a temperatura, a colorac;:ao da conjuntiva, a fre- quencia respirat6ria, os batimen- tos cardfacos e a presenc;:ade flietemas Celevac;:aobolhosa). o tratamento consiste na eli- minac;:ao da causa como: ali- mentos grosseiros, alterac;:6es dentarias e a cura de proces- sos primarios mais graves, como as enfermidades infecciosas e les6es renais. Localmente, faz- se lavado bucal 2 vezes ao dia com soluc;:6esanti-septicas para em seguida embrocar-se com auxnio de urn cotonete grande, que pode ser uma pinc;:acom chumac;:o de algodao, glicerina iodada 10%, ou se preferir, ou achar camodo, pode-se utilizar anti-septicos orais sob a forma de "spray" ou Ifquido. E a inflamac;:ao da glandula parotida ocasionada por agen- tes traumaticos, ou como con- sequencia da obstruc;:ao do ca- nal de Stenon por corpos estra- nhos e, ocasionalmente, por mi- croorganismos. Por ser uma glandula de se- crec;ao exocrina, a obstruc;:ao parcial leva a estase da saliva, causando inflamac;:aoe compro- metendo 0 processo de pro- duc;:ao e evacuac;:ao de seu produto final. o sintoma observado e 0 aumento de volume situado abaixo do pavilhao auricular, di- rigindo-se pela face posterior e caudal ao ramo ascendente da mandfbula. A glandula apre- senta-se quente, e a dor, que e semelhante a de uma faringite, dificulta os movimentos de la- teralidade da mandfbula e a de- glutic;:ao.Eventualmente, pode- ra ocorrer invasao baderiana ascendente pelo canal de Ste- non, e, consequentemente,a abscedac;:ao da glandula. o tratamento nas fases ini- ciais, quando se suspeita de obs- truc;:aoparcial do canal glandular, consiste na tentativa de evacua- c;:aoda saliva, realizando-se pres- saD sobre 0 trajeto do canal no sentido cranial,proximo ao angulo da mandfbula com 0 musculo masseter; os resultados geral- mente saDnegativos. Massagens sobre a glandula e seu canal, com pomadas revulsivas tipo iodo- iodetada, 1 vez ao dia, auxiliam a reduc;:aoda inflamac;:ao.Sempre que houver aumento de tempe- ratura local ou a temperatura cor- poral for alta, associe ao trata- mento, antibioticoterapia com pe- nicilina benzatina, na dose de 20.000 a 40.000 UI/kg. Ouando houver a formac;:ao de grande aumento de volume circunscrito, com centro flutu- ante e a periferia firme, sus- peite de abscesso. Fac;:apun- c;:aodiagnostica com assepsia para apos, se confirmada a II suspeita, drenar-se a conteu- do do abscess 0, tratando-o com lavados com substancias anti-septicas, 2 vezes ao dia, ate a resolu<;ao da lesao. 0 pus colhido devera ser submetido a cultura e antibiograma para que se institua antibioticotera- pia especifica. 12.12. Ciilculos e fistula salivar. Os calculos au sialolitlases sao concre<;6es que se formam par precipita<;ao de elementos inorganicos do produto de se- cre<;ao da glandula salivar. Podem ocorrer nos canais de Wharton das glandulas mandi- bulares e no canal das glandu- las sublinguais, mas comumen- te aparecem no canal de Stenon das glandulas par6tidas dos equinos. Raramente, as calculos salivares sao encontrados no parenquima da glandula, isto e, no seu interior. Os calculos podem ser for- mados tendo sempre como base de deposi<;ao substancias inorganicas, um corpo estranho que pode ser resto vegetal de gramineas, alimentos, celulas epiteliais desprendidas dos aci- nos glandulares e acumulos de germes, todos produzindo au propiciando a fermenta<;ao da saliva e a precipita<;ao au a cris- taliza<;ao de sais de carbonato de calcio, magnesia, sais de fer- ro, agua e substancias proteicas. Os calculos se formam no conduto e, mais raramente, na pr6pria glandula como resulta- do de uma inflama<;ao cronica que a corpo estranho produz. Os calculos salivares podem al- can<;ar propor<;6es variadas, podendo ter, principalmente na par6tida, alguns centlmetros de comprimento. A presen<;a do calculo sali- var pode ser detectada por au- menta de volume da glandula, de consistencia dura e indo lor, projetando-se ao longo do con- duto salivar. Quando as calcu- los sao pequenos e multiplos, pode-se ouvir um ruido crepi- tante quando comprimimos as concre<;6es. Em razao do volume do cal- culo pode acontecer a obstru- <;aoparcial au total do fluxo sa- livar e, nas fases iniciais, produ- zir um processo inflamat6rio agudo, doloroso, com aumento de volume flutuante da glandu- la e dos tecidos adjacentes, di- ficultando a mastiga<;ao. o tratamento pode ser ten- tado, nos casas em que a cal- culo for de dimens6es peque- nas, for<;ando-o com as dedos em dire<;ao a boca. Quando for possivel a remo<;ao par via bu- cal, a processo rapidamente evolui para cura. Os calculos grandes e cujas glandulas ja se apresentam comprometidas, devem ser retirados cirurgica- mente atraves de incisao da pele e do duto. 0 animal devera permanecer em jejum pelo me- nos 24 horas, recebendo tao- somente agua. Quando a processo nao for precocemente atendido e resol- vida, frequentemente podera ocorrer a forma<;ao de uma fistula salivar que e de diflcil cura. Fistulas salivares sao fistulas secretoras, glandulares au dos condutos, se tiverem origens no parenquima glandular, nos cana- liculos, au no conduto excretor principal. Em geral, exteriorizam- se em fun<;ao de processos obstrutivos do canal glandular, devido a sialolitlases, au decor- rentes de traumas perfurantes no parenquima da glandula. o sintoma que chama a aten<;ao e a secre<;ao de saliva at raves de um oriflcio cutaneo, mantendo as pelos aglutinados. A saliva e trans parente e fila- mentosa e, pode ter a fluxo in- tensificado durante a alimenta- <;ao,devido ao estimulo reflexo produzido pela a<;ao nervosa parassimpatica. o tratamento pode ser con- servador ou cirurgico, e depen- de do grau de comprometi- menta da glandula e do tama- nho do oriflcio fistuloso. Casas simples sem grandes compro- metimentos do tecido glandu- lar podem ser tratados pela aplica<;ao t6pica de revulsivos, como pomada iodetada au tin- tura de iodo a 10% uma vez ao dia. Quando a parenquima esta seriamente comprometi- do, somente a supressao glan- dular pod era produzir bans re- sultados. Deve-se injetar tintu- ra de iodo a 2% uma vez ao dia atraves do trajeto da fistula ou a realiza<;ao da cirurgia para a extirpa<;ao total da glandula, ap6s a seu fibrosamento. 12.13. Hiperplasia folicular linf6ide (faringite). E 0 processo inflamat6rio da mucosa farlngea e dos tecidos circunvizinhos que pode chegar a atingir ate a camada submucosa Nos equinos, raramente acontece como processo prima- rio, mais comumente e devido a mudanc;:asc1imaticasbruscas ou process os irritativos causados por deglutic;:ao de alimentos grosseiros e pela ac;ao de cor- pos estranhos. Ocasionalmente, pode se instalar devido a ma- nobras de introduc;:ao de sonda nasogastrica inadequada au realizada com imperlcia. A hiperplasia folicular lin- f6ide, ou faringite dos equinos, tambem pode ser decorrente de alguma enfermidade primaria, como 0 garrotilho e as afecc;6es causadas por virus que acome- tem as vias respirat6rias ante- riores, como, por exemplo, no caso da Influenza equina e do Herpesvirus equi-1. Os sinais mais evidentes das faringites saGas dificuldades na apreensao e mastigac;:aodos ali- Figura 12.24 Hiperplasia folicular linfoide de grau III - faringite. mentos, dificuldade de deglutic;:ao, devido a dor e, febre, quando 0 processo e consequente a uma afecc;:aoprimaria infecciosa. Nes- tas condic;:6es,poden§.ser encon- trados enfartamento dos linf6no- dos retrofarlngeos, e parotldeos. Pode ocorrer tosse e 0 cavalo manter a cabec;:adistendida As vezes, 0 animal pode "regurgitar" agua e alimentos pelas narinas ou apresentar um corrimento nasal mucopuru- lento, nos casas mais graves. Se a inflamac;:ao local for grave e extensa, pode haver dificuldade respirat6ria e um visfvel aumen- to de volume na regiao retrofa- ringeana. Ocasionalmente po- dera acontecer infecc;:aosecun- daria nas bolsas guturais decor- rentes da contiguidade do pro- cesso e da presenc;:ade germes na parede da faringe. A observac;aoda faringe atra- yes do exame com endosc6pio pode revelar a gravidade e a ex- tensao do processo. Frequente- mente, observa-se congestao da mucosa e ingurgitamento dos vasos, hiperplasia folicular e,oca- sionalmente, petequias e peque- nos abscessos retrofaringeanos. A faringe pode apresentar-se hi- peremica e edemaciada. Ainda por via endosc6pica pode-se ava- liar e c1assificar-se a hiperplasia . folicular linf6ide em quatro graus, na dependencia da quantidade de folfculos envolvidos,de seu tama- nho e de suas caracterlsticas in- flamat6rias, conforme as seguin- tes descric;6es: Grau I. Presenc;:ade poucos fo- Ilculos inativos, peque- nos e de cor esbran- quic;:ada,na parede dor- sal; considera-se como normal. Grau II. Presenc;:ade numero- sos follculos inativos, entremeados com fo- Ifculos hiperemicos, se estendendo da parede dorsal a parede lateral da faringe. Grau III. Presenc;:ade numerosos follculos ativos atingin- do toda a parede dor- sal e lateral da faringe. Grau IV. Presenc;:a de follculos grandes e edemacia- dos coalescentes com base larga e estrutura polip6ide. Convem lembrarmos que potros com ate cerca de 2 anos de idade podem apresentar fo- IIculos linf6ides aumentados sem que,contudo, sejam porta- dores de qualquer afecc;:ao desencadeadora da hiperplasia. Hiperplasias de graus III e IV podem ser causadoras de rufdo respirat6rio anormal e intoleran- cia ao exerdcio. o tratamento se restringe, nos casos secundarios, ao tra- tamento da afecc;:ao principal, at raves de anti bioticoterapia espedfica, por via parenteral. Pode-se associar, tanto na fa- ringite primaria quanto nas se- cundarias, 0 uso de anti-septi- co, sob a forma de "spray" ou por aspersao, no sentido de se produzir um allvio da irritac;:aoda mucosa. Ocasionalmente, na dependencia da gravidade do processo, convem associar-se I ao tratamento, a antibioticotera- pia sistemica. A infusao ou embroca<;ao de solu<;ao de azul de metileno a 1% ou anti-septicos buco-fa- ringo-Iaringeanos (c1oridrato de c1orexidine) e aplica<;6esde dro- gas antiinflamat6rias nao hor- monais, durante 7 a 14 dias, auxiliam a repara<;ao das alte- ra<;6es locais na hiperplasia de graus I a III, abreviando a recu- pera<;:aodo animal. A aspersao de anti-septicos buco-faringo- laringeanos pode ser feita atra- yes de sondas ou de cateteres introduzidos pela narina ate atin- gir a regiao da faringe. No caso de hiperplasias de grau IV que nao responderam ao tratamento conservativo, pode- se instituir a aplica<;ao de acido tricloroacetico a 50%, ou ele- trocauteriza<;ao por via endosc6- pica, ou, ainda, por embroca<;ao com nitrogenio Ifquido. A incidencia de esofagite nos equinos, embora raramen- te diagnosticada, tem como cau- sa principal"o refluxo de acido gastrico para 0 es6fago. Os disturbios esofagicos em potros e equinos adultos, em sua maioria sac obstrutivos e re- sultam de complica<;6es secun- darias a obstru<;ao, ou sac se- cundarios a incapacidade do esffnder esofagiano inferior de impedir 0 refluxo gastresofagi- co. A ingestao de substancias causticas e a prolongada intu- ba<;ao nasogastrica tambem podem causar les6es a muco- sa esofagica e inflama<;ao. Tambem e referida como causa de esofagite a "dissau- tonomia equina", cuja etiologia e desconhecida, e que acome- te, preferencialmente, cavalos com idade entre 2 e 7 anos. A "dissautonomia" ou "grass sickness", desenvolve-se pela presen<;a de uma neurotoxina, na fase aguda da doen<;a, que causa altera<;6es nos neur6nios de ganglios aut6nomos, no sis- tema nervoso enterico e no nu- cleo de troncos cerebrais. A esofagite e um disturbio muito comum no homem, mas raramente diagnosticada em equinos. A incidencia de esofa- gite e mais alta em potros, re- sultante da ulcera<;ao gastro- duodenal, mas ocasionalmente acometem equinos adultos. A causa mais comum eo refluxo de acido gastrico para 0 es6fa- go distal, sendo mais grave a ocorrencia mista, de suco gas- trico e duodenal. Normalmente, a cardia no equino restringe 0 refluxo gas- tresofagico, mas no caso de Figura 12.25 Esofago normal. ulcera<;ao gastroduodenal, par- ticularmente quando a ulcera- <;aoacomete a pequena curva- tura do est6mago ou a cardia, a fun<;ao do esffnder fica preju- dicada. Endoscopicamente, isto pode ser observado como uma abertura parcial persistente da cardia, em vez da fenda fecha- da que e observada normal men- te. Nestes casos, provavelmen- te, 0 quadro intenso de ulcera- <;ao gastrica que envolve a cardia, seja 0 fator desen- cadeante no processo de rela- xamento prolongado do es- ffnder com consequente eso- fagite e ulcera<;ao do es6fago distal. Podem ser encontradas durante a esofagoscopia, alte- ra<;6escomo hiperemia, eros6es e ulcera. A sintomatologia c1fnica de esofagite pode ser sutil e diff- cil de se determinar com pre- cisao. A inflama<;ao esofagica produz dor, com ou sem ulce- ra<;ao. Em potros, a esofagite esta associada a ptialismo e anorexia. 0 bruxismo pode es- tar relacionado com desconfor- to esofagico tanto quanto na dor de origem gastrica ou duo- Figura 12.26 Esofagite erosiva. denal. Nos equinos adultos, a esofagite produz sinais que se parecem com c61ica ou com obstru<;ao esofagica. o diagn6stico de esofagite pode ser confirmado por en- doscopia. Os achados caraete- rlsticos sac hiperemia difusa ou maculosa da mucosa, edema e hemorragia. A presen<;a de ero- sac ou ulcera<;ao da mucosa confirma 0 diagn6stico, embora podem nao estar presentes em muitos casos. 0 estomago deve ser examinado sempre que pos- slve/, pois a ulcera<;ao gastrica envolvendo a cardia pode resul- tar em disfun<;ao da zona de pressao esofagica, localizada pr6xima do esffneter. o tratamento primario para a esofagite de refluxo consis- te na remo<;ao da causa de- sencadeante do processo. A conduta terapeutica se baseia no tratamento de ulcera<;ao gastroduodenal confirmada ou suspeitada, e no aumento da motilidade esofagica inferior, do tonus do esffneter esofa- giano inferior e do esvazia- mento gastrico. Recomenda- se 0 usa de antagonistas de receptores de histamina (tipo H2), antiacidos, pr6-cineticos, analogos sinteticos da prosta- glandina E 1 e antiinflamat6rios nao esteroidais. Medica<;ao de revestimento de mucosa, co- mo 0 sucralfato e antiacidos, tem limitado valor por terem apenas um breve contato com a mucosa esofagica. Pastas semillquidas de granulos e ca- pim devem ser administrados em pequenas quantidades a intervalos frequentes. Na ulce- ra<;ao grave, todos os alimen- tos s61idos devem ser suspen- sos ate que as les6es ten ham cicatrizado. Em alguns pacien- tes, a nutri<;ao parenteral pode ser indicada. 0 repouso esofa- giano e necessario. 12.15. Obstru~ao do es6fago. A obstru<;aodo esofago qua- se sempre se constitui em um quadro de emergencia c1lnico- cirurgica, demandando rapido atendimento do animal. As causas da obstru<;ao eso- fagica sac a apreensao e a de- gluti<;ao acidental de corpos estranhos, principal mente frutas (Iaranja, manga etc.) ou caro<;os de frutas (manga, abacate) ou mesmo devido a ingestao de bolos de alimentos excessiva- mente grandes ou de alimentos grosseiros e secos, principal- mente por animais que estive- ram em jejum durante longos transportes. A dor, associada a sensa<;ao de pressao persistente sobre a mucosa esofagiana, faz com que 0 animal fique aflito e rea- lize movimentos vigorosos de' degluti<;ao. A sialorreia geral- mente e abundante, podendo fluir pelas narinas; 0 cavalo mantem, de tempos em tem- pos, a cabe<;a estendida, tenta deglutir e abre a boca; realiza movimentos de lateralidade com a lingua e pode apresen- tar tosse espasm6dica. Com a persistencia do corpo estranho no esofago e a pressao exerci- da sobre a mucosa, pode se instalar infec<;ao local e conse- quente necrose. o diagn6stico se baseia na apresenta<;ao c1lnicado proces- so, na impossibilidade de pas- sagem de sonda nasogastrica, que podera determinar a que nlvel se encontra a obstru<;ao, e nos achados radiograficos e endosc6picos. o tratamento deve ser feito o mais rapido posslvel. De ime- diato, pode-se tentar movimen- tar 0 corpo estranho no sentido da boca, manobra esta que fre- quentemente resulta em insu- cesso e causa muita ansiedade ao animal, mas que deve ser tentada sob seda<;ao.Nunca in- troduza qualquer tipo de sonda nasogastrica de forma bruta, Figura 12.27 Obstru<;:8.odo es6fago - rinosialorreia. pois manobra mal realizada po- dera perfurar 0 es6fago, com- plicando 0 caso. Em primeiro lugar, em se tratando de obstru<;ao por ali- mentos secos e grosseiros, pode-se, atraves de sonda na- sogastrica, realizar-se lava- gem com agua e oleo mine- rai, objetivando a umecta<;ao e 0 deslizamento do material. Nunca se esque<;a que a ma- nobra de tentativa de empur- rar 0 conteudo em dire<;ao ao est6mago pode encontrar tres obstaculos; um deles e 0 es- pasmo do es6fago por sobre o corpo estranho, 0 outro e a transi<;ao do es6fago cervical ao es6fago toracico e final-mente a zona de alta pressao da cardia. A utiliza<;ao de son- da esofagica especial de du- pia corrente e a que propor- ciona os melhores resultados conservativos. Na medida em que se introduz liquidos, ocor- re 0 escoamento destes com restos da ingestao quando a obstru<;ao for por massa de alimentos compactados. Caso nao seja possivel des- fazer-se 0 corpo estranho, e ele estiver localizado junto a regiao proximal do es6fago, a esofa- goscopia armada com pin<;a longa de extra<;ao podera pos- sibilitar a desobstru<;ao. Ouando qualquer dos me- todos conservadores nao te- nha possibilitado a retirada do corpo estranho resta como ul- timo recurso a esofagotomia, para a desobstru<;ao cirurgica do lumen. Figura 12.28 Obstruyao do es6fago - Raios-X. Figura 12.29 Imagem endoscopica de obstruyao do es6fago por massa de capim compactado. Figura 12.30 Sonda de dupla corrente para desobstruyao do es6fago. Figura 12.31 Massa de capim compactado na obstruyao de es6fago. o es6fago cervical nos ca- valos, por sua localiza<;:aosuper- ficial, a esquerda do pesco<;:o, frequentemente e atingido por objeto traumatico pontiagudo, seja ele lasca de madeira, obje- to metalico ou em ferimentos que causam lacera<;:6esprofun- das. Eventualmente, 0 trajeto do ferimento perfurante pode ter origem a distancia, 0 que pode- ria, a principio, confundir 0 pro- fissional na elabora<;:aodo diag- nostico e localiza<;:aoda lesao. Outra etiologia comum em casos de ruptura do es6fago e a manobra brusca e inabil, rea- lizadas por leigos, que se utili- zam dos mais diferentes mate- riais na tentativa de desobstruir o es6fago, ou para a adminis- tra<;:ao de medicamentos pela via oral. Figura 12.32 Ruptura de esofago - trauma perfurante - drenagem de saliva. Figura 12.33 Ruptura de esofago - trauma perfurante - drenagem de saliva. Figura 12.34 Ruptura de esofago - trauma perfurante. Figura 12.35 Ruptura de esofago - area necrosada com alimento. o sintoma principal e a dre- nagem de saliva viscosa e fila- mentosa, atraves do ferimento. Pode haver tambem eliminac;ao da agua imediatamente depois de ingerida, atraves da lesao cuta.nea. o diagn6stico baseia-se na presenc;a de ferida perfurante ou perfuro-incisa que permite a eliminac;ao de saliva ou agua, ap6s a deglutic;ao. A confirma- c;ao podera ser realizada admi- nistrando-se agua marcada com um corante (azul de metileno) que podera ser detectado logo ap6s a deglutic;ao, sendo elimi- nada at raves do ferimento. Caso a lesao esofagica seja extensa e 0 animal tenha ingerido alimentos ap6s 0 trau- ma, podera haver a difusao pelo espac;o periesofagico e comprometer seriamente a elaborac;ao de um progn6sti- co favoravel. De qualquer ma- neira, as les6es perfurantes ou lacerantes do es6fago devem sempre ser consideradas gra- ves e 0 progn6stico quanto a cura, reservado. o tratamento, ap6s avaliac;ao meticulosa da extensao da le- saG e verificac;:ao se existe ou nao necrose circunvizinha, deve ser cirurgico, e a esofagoplastia pode ser realizada com implan- te de tecido biol6gico (saco pericardico) para a reparac;:ao tecidual. Muito embora de progn6sti- co extremamente reservado e tecnicamente discutrvel, 0 tra- tamento conservador,com aplica- c;:6escontinuadas de sonda na- sogastrica, alimentac;:ao dieteti- ca Ifquida e pastosa, associadas a alimentac;:aoparenteral (protef- nas e liprdios) por via endoveno- sa, embora onerosas, tem pos- sibilitado algumas recuperac;:6es em animais que apresentaram Figura 12.36 Ruptura de es6fago - ferida cutanea. ruptura traumatica do es6fago cervical. Estes resultados, com certeza, deveram-se unicamen- te a extrema dedicac;:aode equi- pes de enfermagem, e pacien- cia, muita paciencia. Diarreia e 0 termo generico utilizado para caracterizar a defecac;:ao mais frequente ou em quantidade maior de fezes, com caracterrsticas aquosas ou amolecidas. Muitas podem ser as causas de diarreias nos caval as, ocasio- nando perda de grandes volu- mes de Ifquidos e eletr61itos, es- gotando a organismo do animal. As diarreias podem ser de- correntes de transtornos di- gest6rios, pela ingestao de ali- mentos de baixa qualidade; pela ac;:aode germes entericos pa- togenicos como 0 Actinoba- cillus equuli, a Salmonela sp, a Escherichia coli, a Coryne- bacterium sp, 0 Clostridium perfringes etc., como os mais frequentes; alem de protozoa- rios como 0 Trichomonas equi e a Trichomonas feca lis; as' al- terac;:6es neurovegetativas; as infestac;:6es por vermes intesti- nais e as diarreias de causas desconhecidas. Devido a complexidade eti- 016gica do quadro diarreico, e pelo fato de que a diarreia, em- bora seja uma entidade patol6- gica comum a todas as espe- cies domesticas, nos equinos apresenta comportamento sin- tomatico diferente, produzindo, algumas vezes, apenas uma sin- drome de ma absorc;:ao, com emaciac;:aoe desidratac;:ao. Para melhor apreciac;:aodos quadros diarreicos mais comuns nos cavalos, podemos dividi-Ios em diarreias agudas e diarreias cr6nicas. DiarrE3iasagudas Colite-X - E uma enfermida- de de extrema importancia de- vido a natureza altamente fatal, podendo produzir a morte dos equinos em tomo de 24 horas ap6s 0 seu inicio. A Colite-X pode manifestar-se de forma individual ou esporadica e sob a forma de surto, atingindo ate cerca de 20% dos animais adul- tos de um mesmo grupo etario. A etiologia da colite-X per- manece ainda pouco esclareci- da, muito embora algumas teo- rias ten ham side aventadas na tentativa de explicar a sua ma- nifestac;:ao. Uma refere-se a uma endotoxemia produzida pela toxina da E. coli, ja que qua- dro semelhante pode ser repro- duzido experimental mente apos a inoculac;:ao desta toxina pela via endovenosa. Outra possibi- lidade e 0 choque por exaustao, decorrente de animais subme- tidos a intenso estado de es- tresse ap6s trans porte, privac;:ao de alimentos, modificac;:6es de manejo e condic;:6es de instala- c;:6es,ou outra enfermidade or- ganica anterior. o quadro c1inico caracteris- tico e 0 de uma enterite de ra- pida evoluc;:ao e apresentando distensao das alc;:asintestinais par gases e morte nas primei- ras 24 horas. 0 equino mantem- se em depressao e apresenta sudarese difusa, 0 pulso e rapi- do, a respirac;:ao e dispneica, e o quadro podera ser acompa- nhado de desconforto abdomi- nal. A desidratac;:ao pode atingir ate 10%, observando-se olhos fund os, pele ressecada e pelos sem brilho. 0 animal fica extre- mamente debil e com tenden- cia a cairoOuando em decubito, sente grande dificuldade para se levantar devido a fraqueza, podendo morrer rapidamente ap6s alguns minutos. A diarreia geralmente e pro- fusa e em jatos, sujando a cau- da, regiao do perinea e as pare- des da baia. Seu odor e fetido e sua colorac;:ao,a principio, e es- verdeada ate preto-esverdeada e eventual mente sanguinolenta. Podera ocorrer hipertermia nas fases iniciais, com a tempera- tura subindo ate 39,5°C para em seguida cair ao normal ou subnormal. Casos superagudos, com rapido desenvolvimento das complicac;:6es sistemicas podem nao manifestar enterite e as fezes serem ate de consis- tencia normal. 0 quadro final da colite-X e 0 de uma acidose metab61ica acentuada e choque misto, desencadeando rapida- mente a morte do animal. Devido a semelhanc;:a dos sintomas e necessario 0 diag- n6stico diferencial com a ente- rite causada por salmonela e por aplicac;:aode tetraciclina. o tratamento, pela propria inconsistencia da etiologia, e puramente sintomatico e sera abardado no tratamento geral das diarreias. Diarreia produzida pela apli- ca<;:aode Tetraciclina - E um quadro patol6gico que advem da aplicac;:aode altas doses de tetraciclina, em animais portado- Figura 12.37 Calite par utiliza<;:aade AINE. resde uma infecc;:aoanterior. A etiopatogenia nao e conhecida, e os cavalos podem manifestar a enterite mesmo em doses normais do antibi6tico. o inicio e agudo, manifes- tando alguns dias ap6s a apli- cac;:aodo antibi6tico, uma gra- ve enterite que produz desidra- tac;:aosevera, levando 0 cavalo a morte entre 4 a 15 dias ap6s o seu inicio. Os sintomas gerais e 0 qua- dro anatomopatol6gico lem- bram em muito a colite-X e apresenta alterac;:5es da pare- de intestinal com edema, tiflite e, inflamac;:ao do c610n, conco- mitantemente. Diarreia por Clostridium - A c1ostridiose intestinal do cava- 10 e uma enfermidade t6xico- infecciosa aguda desencadea- da pela absorc;:ao intestinal de toxinas produzidas pelo Clostri- dium perfringes tipo A e oca- sionalmente por outros tipos de clostridium. o Clostridium e habitante normal dos intestinos dos equi- nos e pode, sob condic;:5es fa- voraveis, proliferar em demasia estabelecendo-se um estado de enterite t6xico-infecciosa. 0 estresse e as mudanc;:asde ali- mentac;:ao,principalmente para dietas ricas em protefnas com baixo teor de celulose, saGcon- siderados condic;:5es predis- ponentes para 0 desencadea- mento de mecanismos que fa- cilitam a proliferac;:ao do mi- croorganismo, desequilibrando a flora intestinal. 0 estresse cirurgico podera ser um fator predisponente ao desencadea- mento do quadro. A toxina produzida pelo C. perfringes pode causar les5es locais ou atuar a distancia, de- terminando estado hemorragi- co grave e les5es severas no Sistema Nervoso Central. o quadro e reconhecido c1i- nicamente pelo aparecimento de morte subita, sem que haja sintomas caracterfsticos ou en- tao pela diarreia, 0 que e mais comum, ou mesmo se iniciar com alterac;:6es neurol6gicas. Em geral, surge primeiro 0 qua- dro diarreico decorrente das le- s6es localizadas nos intestinos, com diarreia aquosa, profusa e fetida, marcada depressao e fa- lencia circulat6ria com morte em 24 a 48 horas. Geralmente, saGmais afeta- dos os animais jovens e, ocasio- nalmente, os adultos. Portanto, quando houver quadro neurol6- gico e diarreia concomitante, a suspeita mais acertada e a de enterotoxemia. Ocasionalmente, os animais afetados podem morrer subita- mente na fase hiperaguda da enterotoxemia, nao apresentan- do qualquer alterac;:ao tecidual significativa no exame post- marten. o tratamento deve estar di- recionado para as alterac;:6es gerais a nfvel circulat6rio, mas, principal mente, deve-se comba- ter a fonte de liberac;:aode toxi- na que e 0 C. perfringes. Para tanto, a administrac;:ao oral de antibi6ticos de amplo espectro ou de quimioterapicos ate 2 dias ap6s a remissao dos sintomas, constitui medida adequada ao combate do C. perfringes. Deve sempre se controlar 0 estado volemico do animal, com fluido- terapia pela via intravenosa, pre- ferencialmente com a adminis- trac;:aode soluc;:5eseletrolrticas isot6nicas. Diarreias cr6nicas Sao constitufdas por um gru- po muito grande de enfermida- des, cujo sintoma diarreia e 0 sinal comum. Muitas das diar- reias se cronificam em virtude de se estabelecer um estado de equillbrio entre a situac;:ao pa- tol6gica do animal e a resposta do seu organismo diante desta condic;:aoadversa. Desta forma, surge uma serie ampla e gra- dativa de alterac;:6es, principal- mente voltadas contra 0 estado geral do animal, que levam a perda progressiva e continua de peso consequente a um ema- grecimento de diflcil reversao. Dentre as principais causas de diarreia cr6nica em equinos podemos enumerar: a. Migrac;:ao larvaria de estron- gil6ides. b. Estresse prolongado (disfun- c;:6esneurovegetativas). c. Enterite granulomatosa. d. Edema de parede do intesti- no delgado (inespecffica). e. Enfermidade hepatica cr6nica em geral e colelitfase. f. Infecc;:aocr6nica por Rhodo- coccus equi e Rotavrrus. g. Salmonelose. h. Neoplasias gastrintestinais e da cavidade abdominal. i. Diarreias pelo uso de antibi6- ticos em altas doses e por longos perfodos. j. Utiliza<;:ao de antiinflamat6- rios nao hormonais por lon- gos perfodos. k. Outras diarreias de etiologia desconhecidas ou incertas. Em virtude da grande comple- xidade etiol6gica das diarreias cronicas, e evidente que se torna imperioso que se institua meticu- loso exame, com apoio laborato- rial, para que se possa, dentre as possibilidades patol6gicas e 0 comportamento peculiar que cada caso possa ter, estabelecer o diagn6stico e consequente- mente a terapia adequada. A sintomatologia c1fnicabase e a diarreia cronica, e 0 cavalo pode apresentar fezes que va- riam de consistencia, desde um caldo com fibras nao digeridas em Ifquido de colora<;:aoesverde- ada ou escura, ate uma elimina- <;:aoapenas de Ifquido sem con- ter nenhum fragmento de fibra. o apetite pode conservar-se normal e as caracterfsticas da diarreia podem variar de um dia para outro ou alterar-se em pou- cas horas. A sede e intensa e 0 emagrecimento e progressivo, denotado, em casos prolonga- dos, por um abdomen extrema- mente adelga<;:ado.Nao ha fe- bre nem um estado de toxemia aparente, e os cavalos geral- mente permanecem ativos, in- tercalados por pequenos perfo- dos de depressao e inani<;:ao. As deple<;:6eshidroeletrolfti- cas se agravam com a evolu<;:ao do quadro, produzindo desor- dens metab61icas irreversfveis que conduzem 0 animal a morte. Assim como nas diarreias agudas, as deple<;:6eshidroele- trolfticas nos processos croni- cos se agravam com a evolu<;:ao do quadro c1fnico.Hiponatremia, hipocloremia, hipocalemia, hipo- calcemia, azotemia e acidose metab61ica podem levar a situa- <;:6esirreversfveis e conduzirem o animal a morte quando 0 tra- tamento for inconsistente e in- completo. Em razao das les6es inflamat6rias que acometem 0 c610n, e notadamente devido a perda da integridade da muco- sa, ocorrera a instala<;:aode gra- ve hipoproteinemia devido a hi- poalbuminemia. Ocasionalmente animais que padecem de diarreia cro- nica, principalmente potros, po- dem desenvolver quadro de desconfodo abdominal agudo devido a intussuscep<;:ao que pode ser formada junto a re- giao terminal do f1eo,ou atingir todo 0 ceco. Nestas circunstan- cias, em razao do movimento antiperistaltico, 0 ceco se insi- nua atraves da valvula ceco-c6- lica, alojando-se no lumen do c610n ventral direito. Alem dos recursos laborato- riais necessarios para a elabo- ra<;:aodo diagn6stico diferenci- al das diarreias cronicas, pode- se ainda lan<;:armao da laparos- copia e da laparotomia explora- t6ria como tecnicas uteis na avalia<;:aodas vfsceras abdomi- nais ou para 0 estabelecimento do diagn6stico etiol6gico defi- nitivo da afec<;:ao. Muitas diarreias cronlcas, decorrentes de intera<;:6esneu- rovegetativas, como por exem- plo, em cavalos vagotonicos, as vezes saG revertidas, propician- do-se ao animal novas condi- <;:6esde manejo e alimenta<;:ao, associadas a uma terapia de su- porte eletrolftico, respeitando-se a necessidade de manuten<;:ao da volemia, dos nfveis sericos de eletr61itos e do equillbrio acido- base. As situa<;:6esrebeldes ao tratamento convencional deman- dam nova avalia<;:aodo diagn6s- tico, suporte laboratorial e paci- encia no tratamento. Tratamento geral das diarreias Independente da etiologia, ou do agente causal das diarreias, algumas regras basicas devem ser obedecidas,no senti do de se estabelecer um tratamento equi- librado e bem-direcionado para a cura. Para tanto: 1. Nunca fique afobado e de imediato aplicar um arsenal terapeutico, muitas vezes in- compatfvel com 0 que 0 ani- mal apresenta. 2. Fa<;:acolheita de material para exames laboratoriais: a. Hemograma completo. b. Urinalise. c. Coprocultura. d. Bioqufmicos para provas de fun<;:aohepatica, renal e ana- lise de Na, CI, K e Ca. e. Sangue arterial para a he-mogasometria. f. Lfquido peritoneal para exa- mes ffsicos, citol6gicos e bio- qufmicos. 3, Procure inicialmentemanter a volemia do paciente atra- ves de infusao intravenosa de solu<;:6es eletroliticas e energeticas, de preferenda baseada nos resultados la- boratoriais, Atente para 0 fato de que os casos de di- arreia intensa, alem da per- da liquida e de eletr61itos como 0 Na, CI, K, e Ca, 0 or- ganismo pode sofrer deple- <;:aode bicarbonato de s6dio, essencial, muitas vezes, para a manuten<;:ao do equilibrio acido-base. A reposi<;:aoioni- ca e de energeticos e im- presci ndivel. Devido a semelhan<;:a entre as deple<;:6eshidroeletroliticas e do equillbrio acido-base, entre a patogenia das diarreias e da sindrome c6lica de origem gastrenterica, excetuando-se a velocidade de infusao, pode-se adotar para 0 tratamento das diarreias, os mesmos procedi- mentos de reposi<;:aode fluidos utilizados na sindrome c6lica. A administra<;:aointravenosa de plasma na dose de 500 ml a 1,5 litros para potros, e ate 10 li- tros para cavalos adultos, alem de elevar a pressao onc6tica, forne- ce imunoglobulinas, fibronedina, inibidores de complemento, antitrombina III e outros inibido- res da hipercoagulabilidade. 4. Institua a administra<;:ao de substancias antidiarreicas adstringentes como caulim, pedina e carbonato de cal- cio, evitando-se, quando nao houver indica<;:ao laborato- rial de infec<;:ao enterica, 0 uso de antibi6ticos ou qui- mioterapicos pela via oral. Em potros, alem dos adstrin- gentes, pode-se administrar ladobacilos para a reposi- <;:aoda flora intestinal, ou ou- tros probi6ticos com 0 obje- tivo de se repor e equilibrar a flora enterica. 5. Caso a diarreia seja acompa- nhada por hiperperistalse "in- tensa" e espasmos, incontro- laveis,associada a elimina<;:ao em jatos de fezes de carac- teristicas liquidas, sem frag- mentos de alimentos volumo- sos, assode ao tratamento, drogas antiespasm6dicas como a hioscina pela via in- tramuscular, subcutanea ou intravenosa Em condi<;:6esde endotoxemia, pode-se lan<;:ar mao do flunixin meglumine na dose de 0,25 mg/kg, pela via intravenosa, 2 vezes ao dia. 6. Ouando a suspeita etiol6gi- ca da diarreia cronica recair no parasitismo, pela migra- <;:aolarvaria, frequentemente a res posta ao tratamento com vermifugos e favoravel. Para tanto, utilize por via oral, uma dose ate 5 vezes supe- rior a dose normal. Os esque- mas "normais" de vermifu- ga<;:aopodem ser utilizados, repetindo-se a dose terapeu- tica ap6s 21 dias da primei- ra administra<;:ao. 7. Antibi6ticos e quimioterapicos frequentemente saG utiliza- dos nos quadros de toxi-in- fec<;:ao,ou quando se suspei- ta de graves desequillbrios na flora intestinal. Sulfaguanidina na dose de 0,1 g/kg, 2 vezes ao dia, combate as baderias patogenicas sensiveis a esta droga. Entretanto, quando 0 quadro c1inico nao caracteri- zar baderemia ou septicemia, e tivermos optado pelo usa de probi6ticos, os antibi6ticos ou quimioterapicos antibaderia- nos deverao ser evitados. Em todas as situa<;:6es pa- tol6gicas em que 0 sintoma principal e a diarreia, e impres- cindivel fornecer ao animal for- ragem verde e agua de boa qualidade. Suspenda 0 forne- cimento de ra<;:6esbalanceada e instale 0 cavalo em baia am- pia e arejada, higienizando-a, pelo menos 1 a 2 vezes ao dia, como condi<;:aominima para se iniciar 0 tratamento. 12.18. Parasitos do est6mago e intestinos. Est6mago o estomago dos equlnos pode ser parasitado por dois ti- pos de parasitos, produzindo grandes danos aos processos de digestao, atuando indireta- mente nas estruturas que com- poem a parede do estomago com a<;:aolesiva local. o primeiro dos parasitos, tal- vez 0 mais importante deles e a larva da mosca do genero Gas- terophilus. As moscas adultas, femeas, na epoca de maior pro- lifera<;:ao, durante 0 verao em que as condi<;:6esde calor, umi- dade e luminosidade saG favo- raveis, proliferam em abundan- cia e depositam seus ovos sob o pelo do animal, geralmente na regiao dos labios, pesco<;oe nos membros anteriores e posterio- res, As larvas de primeiro esta- dio eclodem ao cabo de 1 se- mana e as que se situ am pr6xi- mas da boca do animal insinu- am-se entre os labios para con- tinuarem seu desenvolvimento e progredirem em dire<;ao ao est6mago. Ainda no interior da boca do cavalo, mudam para lar- va de segundo estadio e saG deglutidas em dire<;ao ao est6- mago, No lumen do est6mago, as larvas fixam-se na mucosa, atraves de seu aparelho bucal, nas regi6es da grande curvatu- ra e pr6ximas ao piloro, e, ge- ralmente em grupos, formam verdadeiros amontoados para- sitarios. Permanece nesta situa- <;ao por alguns meses, inician- do a fase de metamorfose, pro- xima do novo periodo de verao, ocasiao em que se desprendem da mucosa gastrica, progridem no interior dos intestinos e saG eliminadas com as fezes, para desenvolverem-se em pupa e mosca adulta, fechando 0 cicio parasitario. Os sinais clinicos da gaste- rofilose saGinconsistentes, Equi- nos intensamente parasitados podem manifestar sinais de in- digestao gastrica, gastrite, e, eventual mente, devido ao siste- ma de fixa<;ao da larva a muco- sa do est6mago, manifestarem desconforto abdominal. Mais ra- ramente, quando amontoados de Figura 12.38 Cicio do gaster6filo. Figura 12.39 Gaster6filos no piloro. (foto cedida pelo Serviyo de Patologia da FMVZ - Botucatu) gasterofilos situam-se proximos ao esflncter pilorico, podem pro- vocar sinais de obstru<;ao com quadro de dilata<;ao gastrica aguda ou sobrecarga por dificul- dade de progressao do bolo ali- mentar, podendo ocasionar rup- tura do est6mago Figura 12.40 Gasterofilos no duodeno - imagem endoscopica. o outro parasito gastrico dos equinos e 0 Habronema, princi- palmente H. muscae e 0 H. micr6stoma. Este vermes na fase adulta podem viver no es- t6mago ·dos equinos, junto a mucosa, causando problemas mais serios quando se localizam pr6ximo ao esflncter pil6rico. Outra localizac;:aodo Habro- nema e a cutanea, ja apresenta- da e discutida no capitulo refe- rente as afecc;:6esda pele. o Habronema durante 0 seu cicio de evoluc;:aonecessita de um hospedeiro intermediario que sao as larvas e mosca adulta do Stomoxys ca/citrans ou as larvas de outras moscas. Os ovos do Habronema eclodem no tubo digest6rio do animal, ou logo que atingem 0 exterior com as fezes, desenvol- vem as larvas do V estadio. Tais larvas sao ingeridas por larvas das moscas hospedeiras inter- mediarias e desenvolvem 0 seu cicio acompanhando 0 cicio de desenvolvimento da mosca, ate atingir 0 3° estagio ou 0 grau de larva infestante. Nesta fase, a mosca ao pousar sobre os la- bios do cavalo, ou pr6ximo a sua boca, deposita a larva do Habro- nema que e ingerida pelo cava- 10 e vai situar-se no est6mago, desenvolvendo-se ate 0 estagio adulto. As larvas de H. megastoma invadem a submucosa do est6- mago, junto as glandulas gas- tricas e estimulam a formac;:ao de granulomas de tamanhos consideraveis, que se comuni- cam com 0 lumen do est6mago atraves de pequenas fistulas. Par serem les6es de pouco significado diante das func;:6es gastricas, os sinais clinicos da infestac;:aosao pouco evidentes, a nao ser que, como ja foi refe- rido, quando varios n6dulos si- tuarem-se junto a regiao pil6rica e interferirem mecanicamente com a func;:ao do 6rgao. Even- tualmente 0 H. muscae pode ir- ritar superficialmente a mucosa gastrica e estimular hiperse- crec;:aode muco viscoso e es- pesso, ou uma gastrite catarral cr6nica de certa gravidade. 0 diagn6stico definitivo da habro- nemose gastrica e feito pelo xenodiagn6stico, que, em linhas gerais, consiste na pesquisa da larva infestante em moscas, criadas com fezes de animais suspeitos. o controle dos parasitos do est6mago deve estar voltadopara 0 combate as moscas, eli- minando focos criat6rios locali- zados em esterqueiras abertas, charcos e terrenos lamacentos. Uma boa higienizac;:aodiaria das baias reduz a populac;:ao das moscas e 0 grau de infestac;:ao dos animais. o tratamento das duas para- sitoses gastricas e realizado ad- ministrando-se organosfosfo- rados por via oral, como triclorfon p6, na dose de 20 a 30 mg/kg, correspondendo a 2 a 3 g/ 100 kg, ou administrando tri- clorfon em pasta apresentado em seringa que ja contem 0 anel dosificador. No caso em que se optar pelo uso do triclorfon em p6, 0 mesmo podera ser admi- nistrado por sonda nasogastrica, ou utilizando uma seringa plasti- ca de 20 ml de capacidade, cortando-se a base que contem o bico da seringa. Admitindo-se uma equivalencia entre 1 ml da seringa a 1 9 do p6, afasta-se 0 embolo ate que se obtenha em ml 0 volume desejado, preencha todo 0 espac;:oreservado para a dose que se vai administrar, compactando 0 conteudo dispo- nivel da seringa com 0 produto em p6. Em seguida, introduza a extremidade cortada da seringa no canto da boca do cavalo e empurre 0 embolo ate 0 final. Mantenha a cabec;:ado animal ligeiramente erguida, impossibi- litando-o de eliminar 0 p6, para que possa degluti-Io. Adicionan- do-se mel ao triclorfon, a admi- nistrac;:aoda droga ao cavalo e facilitada pela melhora da palata- bilidade do produto. Outra droga que podera ser utilizada no combate aos gas- troparasitos e a ivermectina, com excelente ac;:ao tambem contra as demais enteropa- rasitoses dos equinos. o triclorfon em p6 ou pasta e a ivermectina, por serem dro- gas vermffugas de amplo es- pectro, devem ser inclufdas no programa geral de vermifu- gac;:aoda propriedade. Por medida de prudencia, evite vermifugar eguas no ter- c;:oinicial e final da gestac;:ao. Intestinos Muitos san os vermes que podem parasitar os intestinos dos equinos, merecendo desta- que os seguintes: 1. Grandes estrongilos: Stron- gylus vulgaris, Strongylus equinus e Strongylus eden- tatus. 2. Pequenos estrongilos: Cyli- costepamus, Cylicocycios, Cyathostomum, Triodonto- phorus, Cylicodontophorus e Cyalocephalus .. 3. Outros vermes importantes: Parascaris equorum, Oxyuris equi, Strongyloides westeri, Trichostrongylus axei e Dic- tyocaulus arnfield. A maioria dos vermes intes- tinais dos equinos possui um ci- cio base muito semelhante que consiste no seguinte: 0 animal parasitado elimina com as fezes os ovos do parasito. Uma vez no solo, os ovos encontrando con- dic;:6es ambientais favoraveis, como temperatura em torno de 26°C, umidade, oxigenio do ar e iluminac;:aonatural, desenvolvem- se ate atingir a fase pre-infes- tante de larva de segundo esta- gio. Sob as mesmas condic;:6es ambientais, e depois de decorri- das algumas horas, a larva aban- dona 0 ovo onde se desenvol- veu e, em torno de 4 a 7 dias, dependendo do verme, torna-se larva de terceiro estagio ou infestante, adquirindo a capac i- dade de ser ingerida e fechar 0 cicio parasitario. As larvas podem levar mais ou menos tempo para atingirem o seu estagio de larva infestante. Para tanto, e muito importante a presenc;:a de condic;:6es acima referidas, e e baseado nestas caracterfsticas do cicio biologi- co que podemos instituir, embo- ra mais problematica nos equi- nos, em virtude de limitac;:6esde areas de pastagens disponfveis, um manejo de rodfzio de pastos, limitando ao mfnimo a populac;:ao larvaria nos campos. Nestas condic;:6es, os ovos deixam de produzir larvas de ter- ceiro estagio. Devido ao geotro- pismo negativo, as larvas infes- tantes sobem ate as pontas das hastes do capim e san ingeridas pelo animal sadio, que contrai a parasitose. Ocasionalmente a infestac;:ao pode se dar pela in- gestao de agua de bebida ou atraves do proprio alimento. Uma vez ingerida, a larva atinge os intestinos, atravessa a sua mucosa atingindo 0 ffga- do e pulmao pela corrente cir- culatoria, retornando ao intesti- no para se transformar em ver- me adulto. As demais variedades do ci- cio biologico, assim como as consequencias que a infestac;:ao acarreta ao organismo do ani- mal, serao abordadas a seguir nas verminoses mais comuns. Strongylus vulgaris: E um dos vermes mais importantes da famnia Strongylidae nos equi- nos, devido as graves conse- quencias que advem ao organ is- mo animal parasitado. Apos ter sido ingerido sob a forma de larva infestante ou de terceiro estagio, 0 Strongylus vulgaris se liberta de seu envol- torio protetor no est6mago e in- testino e penetra na parede do ceco e colon ventral, permane- cendo "encistada", ate se trans- formar em larva de quarto esta- gio. Nesta fase, abandona a pa- rede intestinal, penetrando na parede das pequenas arterfolas, e progride contra a corrente san- gufnea ate atingir arterias de maior calibre. As larvas ao pe- netrarem a parede das arterfolas, em animais com infestac;:6esal- tas, podem promover hemorra- gias circunscritas a mucosa e submucosa, denominadas de hemomelasmas. Na maioria das vezes, as passagens larvarias atraves da parede dos vasos, desencadeiam respostas hi- perperistalticas que podem pro- duzir dor e diarreias transitorias. Ao contrario do que se acre- ditava no passado, a maior fre- quencia de les6es vasculares san observadas nos troncos se- cundarios da arteria mesen- terica cranial, notadamente no ramo neo-ceco-colico, Uma vez . cessada a migrac;:aonos ramos das arterias mesenterica, a lar- va lesa a fntima do vaso, for- ma-se um trombo intraluminal, que pode ocluir parcial mente 0 fluxo de sangue. A lesao inter- na da arteria enfraquece sua parede que, sob a ac;:ao da pressao sangulnea, dilata-se formando 0 aneurisma vermi- n6tico. Finalmente, a larva abandona 0 trombo, volta a pa- rede do intestino, pela mesma via, se transformando em larva de quinto estagio, ja adulta, para cair no lumen intestinal e fechar 0 cicio biol6gico. A forma~ao do aneurisma, e as lesi5es na Intima da arte- ria determinam altera~i5es he- modinamicas e forma~ao de trombo que pode se despren- der obstruindo arterlolas termi- nais, ou, 0 que e mais raro, frag- mentar-se, determinando uma verdadeira e fatal "chuva" trom- Figura 12.41 Hemomelasmas no colon maior. Figura 12.42 Aneurismas e trombos na arteria mesenterica e seus ramos. boemb61ica na rede vascular mesenterica. Os vermes adultos se pren- dem amucosa do intestino gros- so, rompem os vasos sangulneos e se alimentam do sangue. Esta a~ao produz intensa irrita~ao da mucosa intestinal com diarreia e grandes perdas de sangue que podem levar 0 animal a um es- tado de intensa anemia, princi- palmente os mais jovens. Em razao das pr6prias ca- racterlsticas do cicio biol6gico, estabelecidas as lesi5es arteri-- ais, as consequencias da obs- tru~ao recaem sobre a irriga- ~ao do intestino, com diminui- ~ao do fluxo sangulneo e do fornecimento de oxigenio. 0 resultado desta patogenia e a manifesta~ao do quadro de c6- lica tromboemb6lica. Parascaris equorum: E um verme da famnia Ascarididae, do genero Parascaris, semelhante ao Ascaris lombric6ides do ho- memoConstitui uma parasitose de importancia atingindo princi- palmente potrinhos com cerca de seis meses de idade. o "habitat" do Parascaris e o intestino delgado, ocorrendo a infesta~ao pela ingestao de ovos carreados pelos alimentos, agua ou pelas fezes, ou entao pelo habito da coprofagia de alguns potros. Ap6s a ingestao, os ovos eclodem no intestino e as larvas livres atravessam a parede intestinal migrando pela corrente sangulnea ate atingi- rem 0 cora~ao e pulmi5es. Nes- te estado migrat6rio, algumas lar- vas podem realizar cicio erratico avos ellminados nas fezes 1. ovos SaGeliminados nas fezes; 2. ovos embrionados no chao e eclosao ap6s sua ingestao pelo equino; 3. vermes adultos no intestino.
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