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Trabalho Conceito biopsicossocial da saúde e o seu impacto na intervençao da promoçao de habitos alimentares saudaveis 2


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Psicologia dos Comportamentos Alimentares 
2016/2017
Escola Superior de Saúde de Leiria
Instituto Politécnico de Leiria
Dietética – TL5
Conceito Biopsicossocial da Saúde e se Impacto na Intervenção na Área da Promoção de Práticas Alimentares Saudáveis
Ana Célia Bernardino de Vasconcelos Paz
Catarina Filipa da Costa Morais
Diana Alexandre Marques
Rita Ferreira
Leiria, novembro de 2016
Instituto Politécnico de Leiria - Escola Superior de Saúde
Licenciatura em Dietética – Tl6
Instituto Politécnico de Leiria - Escola Superior de Saúde
Licenciatura em Dietética – TL5
 Conceito Biopsicossocial da Saúde e se Impacto na Intervenção na Área da Promoção de Práticas Alimentares Saudáveis 
Ana Célia Bernardino de Vasconcelos Paz nº 5130196
Catarina Filipa da Costa Morais nº 5140373
Diana Alexandre Marques nº 5150237
Rita Ferreira nº 5130212
Unidade Curricular: Psicologia dos Comportamentos Alimentares
Docente: Maria João Gregório 
Leiria, novembro de 2016
Lista de abreviaturas, acrÓnimos e siglas
BES – Binge Eating Scale
BS – Binge Scale
DSM - Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 
EAT – Eating Attitudes Test
ECAP – Escala de Compulsão Alimentar Periódica
EDE – Eating Disorder Examinition 
EDI – Eating Disorder Inventory
TCAP - Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica
TCC - Terapia Cognitivo-Comportamental
SPCNA - Sociedade Portuguesa de Ciências da Nutrição e Alimentação 
ÍNDICE DE FIGURAS
FIGURA 1 - Modelo das escolhas alimentares de Furst et al (2008) 26
V
Introdução
Na disciplina de Psicologia dos Comportamentos Alimentares do curso de Dietética da Escola Superior de Saúde de Leiria (EssLei), foi-nos proposto a realização de um trabalho referente ao conceito biopsicossocial da saúde e o seu impacto na intervenção na área da promoção de práticas alimentares saudáveis. Este trabalho tem como objetivo explorar os diversos fatores psicossociais que determinam as nossas escolhas alimentares, reconhecer métodos de avaliação do comportamento alimentar, bem como reconhecer estratégias de intervenção adequadas para mudanças de comportamento alimentar. 
Hoje em dia, a alimentação tem um papel crucial na saúde, pois ajuda na prevenção e no tratamento de determinadas doenças, ou seja, a alimentação está direcionada a uma melhor qualidade de vida. Um aspeto também a ter em conta, é a dieta equilibrada, variada e completa para um bom crescimento e desenvolvimento cognitivo desde da infância até á adolescência. Infelizmente, a má pratica dos hábitos alimentares é um dos principais problemas da atualidade.
Viana (2012) refere que “Escolher uma alimentação saudável não depende apenas do acesso a uma informação nutricional adequada”.
Como tal, é essencial identificar quais os determinantes por detrás das escolhas alimentares. Essa identificação é importante para uma boa intervenção na hora de mudar os hábitos alimentares.
 Ao longo do trabalho iremo-nos debruçar e mencionar os vários fatores que influenciam o comportamento alimentar, propostos por diferentes autores. 
A infância é a etapa da vida no qual são enraizados os nossos comportamentos alimentares, no qual a família e as tradições têm um vínculo importante. Assim é importantíssimo que os pais em casa optam por refeições saudáveis para que futuramente apareçam resultados (Tibbs et al 2001). 
Os programas de promoção da saúde e da prevenção/tratamento de doenças tem mostrado alguma ineficácia, despertando assim a necessidade de compreendermos porque é que comemos o que comemos, não só tendo em consideração o tipo de alimentos que selecionamos, como também a quantidade de alimentos que ingerimos (Silva, Pais-Ribeiro, and Cardoso 2008).
Palavras-chave: comportamentos alimentares, escolhas alimentares, educação, fatores, intervenção. 
Determinantes psicossociais do comportamento alimentar
Atualmente, tanto no contexto clínico como na sociedade em geral, tem-se verificado uma preocupação acentuada com a escolha de uma alimentação saudável e com a manutenção de um peso saudável (Silva, Pais-Ribeiro, and Cardoso 2008).
A decisão de comer varia de indivíduo para indivíduo e de situação para situação (Mela, 2001), existindo diversos fatores a ter em conta, conforme o indivíduo, quando pretendemos compreender os determinantes do seu comportamento alimentar (Silva, Pais-Ribeiro, and Cardoso 2008). 
Os mecanismos de regulação fisiológica no comportamento alimentar são muito importantes, assim como os fatores psicológicos, sociais e culturais (Silva, Pais-Ribeiro, and Cardoso 2008).
Segundo Hamilton et al. (2000), o termo escolha alimentar (food choice) é definido como um conjunto de decisões conscientes e inconscientes tomadas por uma pessoa no momento da compra, do consumo ou em algum momento entre estes dois.
Crossley e Khan (2001), após uma revisão da literatura mencionam que a saúde não é o único fator a determinar nas escolhas alimentares. Assim, o sucesso das estratégias de promoção da alimentação saudável através da adoção de outros estilos de vida saudáveis dependerá, do conhecimento e reconhecimento da existência de outros fatores motivacionais associados às escolhas alimentares, sendo estes descritos da seguinte forma: 
Fatores individuais: psicológicos como os aspetos motivacionais relacionados com os sentidos; o sabor, o hábito, o controlo do peso, as preocupações éticas, o stress (Crossley and Khan, 2001);
Fatores coletivos: sociais e culturais que incluem a produção dos alimentos, marketing, entregas, vendas (Crossley and Khan, 2001).
Segundo Hamilton et al. (2000), o modelo desenvolvido por Khan distingue os fatores do comportamento alimentar pelas seguintes categorias (Silva, Pais-Ribeiro, and Cardoso 2008): 
Fatores intrínsecos: Método de preparação, características organoléticas, aspeto, textura, temperatura, cor, odor, sabor, qualidade;
 Fatores pessoais: Nível de expectativa, prioridade-familiaridade, influência dos outros, personalidade, humor, apetite, emoções, família, educação;
Fatores culturais e religiosos: restrições religiosas, tradições, influências culturais;
Fatores biológicos (sexo, idade), fisiológicos (mudanças, doenças) e psicológicos;
Fatores extrínsecos: Fatores ambientais, fatores situacionais, publicidade, variações sazonais;
Fatores socioeconómicos: Condições económicas, custo dos alimentos, segurança. 
Hamilton et al. (2000) também efetuou análises a outros modelos como o de Randall e Sanjur e o modelo de Boothe Shepherd, no qual deparou que estes modelos englobavam os fatores de forma diferente (Silva, Pais-Ribeiro, and Cardoso 2008).
Ogden (2003) efetuou uma reflexão dos diversos modelos explicativos da escolhas alimentares, no qual destaca o Modelo Desenvolvimental e o Modelo Cognitivo (Ogden 2003).
Para explicar os fatores envolvidos na escolha dos alimentos que consumimos existem vários modelos teóricos, tais como: o desenvolvimental, os cognitivos e o psicofisiológico das escolhas alimentares (Silva, Pais-Ribeiro, and Cardoso 2008).
Modelos explicativos das escolhas alimentares
Modelo Desenvolvimental 
O Modelo Desenvolvimental foca a aprendizagem e a experiência alimentar na infância, pois os hábitos adquiridos nesta fase do desenvolvimento podem persistir até a fase adulta (Brown and Ogden 2004). A autora revela a importância das crianças aprenderem a controlar a ingestão dos alimentos, uma vez que estas conseguem associar a ingestão dos alimentos às diversas consequências anteriormente presenciadas (Ogden 2003). Para além disto, este modelo inclui a exposição, a aprendizagem social e a aprendizagem por associação. 
Exposição
Os padrões de aceitação de alimentos são caracterizados pela resposta à exposição repetida de alimentos e à experiência alimentar repetida, sendo que esta exposição e experiência começam ainda no útero, continuando após o nascimento do bebé quando começa a amamentar (Birch, 1999; Fisher & Birch,2002). Estes autores constatam que o leitematerno apresenta sabores que resultam da alimentação da própria mãe, como por exemplo, o odor de alho, do álcool e de estrato de baunilha. Assim, as exposições a estes sabores tornam-se familiares para a criança. Também o comportamento alimentar da família compõe um dos determinantes das preferências alimentares das crianças e da seleção alimentar que estas fazem. Com a investigação concluem que a exposição repetida a novos alimentos, mesmo que durante o aleitamento materno, aumenta a aceitação da criança por alimentos semelhantes (Silva, Pais-Ribeiro, and Cardoso 2008).
Ogden (2003) refere que é frequente os indivíduos sentirem receio de experimentar alimentos novos e evitá-los (neofobia). A investigação salienta que a mera exposição a alimentos novos pode alterar as preferências das crianças, existindo uma relação entre a exposição dos alimentos e das preferências alimentares, isto é, quanto mais frequente for a exposição da criança a esses alimentos, maior será a sua preferência por eles, sendo essencial a exposição de pelo menos 8 a 10 vezes para que as preferências comecem a modificar (Birch & Marlin,1982). Segundo o autor, a neofobia é mais frequente nos homens do que nas mulheres, diminuindo com a idade e mínima em crianças em que é introduzida uma alimentação sólida, porém maior em crianças em idade pré-escolar. 
Por outro lado, alguns estudos afirmam que a simples exposição visual a novos alimentos não é suficiente, pois para aumentar as preferências é essencial provar esses alimentos (Horne et al., 2004). 
Aprendizagem Social
A aprendizagem social ou modelagem está relacionada com a aprendizagem pela observação do comportamento de outras pessoas. Diversos estudos sublinham que as preferências alimentares são alteradas pela observação de outros indivíduos a comer (Addessi, Galloway, Visalberghi,& Birch, 2005; Birch, 1999; Ogden, 2003).
A criança ao fazer a transição para a alimentação do adulto é exposta a imensa informação sobre o significado dos alimentos, os locais e momentos do dia em que é aceitável comer, a forma mais adequada de comer os alimentos, bem como o tipo de alimentos que são culturalmente considerados adequados para determinado momento do dia (Birch, 1998; Brown & Ogden, 2004; Cutting, Fisher, Grimm-Thomas, & Birch, 1999; Fisher & Birch, 2002).
Segundo Ogden (2003), a observação do comportamento alimentar dos pais, faz com que muitas crianças adotem comportamentos semelhantes, bem como na observação de outra criança, um amigo ou um herói de ficção. O mesmo acontece na utilização de vídeos de outras crianças mais velhas a comer alimentos que as mesmas rejeitavam, ocorrendo uma mudança nas preferências e um aumento do consumo de fruta e de vegetais.
A aprendizagem social também está associada ao impacto da televisão e da publicidade, assim como os meios de comunicação social no que respeitam as alterações alimentares e na forma como pensam sobre os alimentos (Ogden 2003).
Aprendizagem por Associação
A aprendizagem associativa refere-se ao impacto de fatores do comportamento que podem ser considerados reforçadores (Birch, 1999; Ogden, 2003). Diversos estudos apontam para o reforço positivo da ingestão de determinados alimentos. Birch, Zimmerman, e Hing (1980b) averiguaram que a atenção positiva de um adulto associada a um alimento, aumenta a preferência de crianças por este. Também Drewnoski (1997) refere que a preferência resulta da associação entre um estímulo que muitas vezes é desagradável e as consequências fisiológicas desejáveis (gosto pelo café, cerveja, bebidas alcoólicas e pimenta). 
No entanto, os alimentos também podem ser utilizados como recompensa. A título de exemplo, Birch, Zimmerman, e Hing (1980a), apresentaram alimentos a crianças como recompensa (um lanche) ou em situações não sociais (de controlo), verificando-se um aumento da aceitação dos alimentos fornecidos como recompensa em relação aos outros alimentos apresentados. Concluíram assim que o uso dos alimentos como reforço aumentava a preferência das crianças por esses alimentos.
A relação entre a utilização de alimentos como reforço e as preferências alimentares nas crianças não é assim tão simples, uma vez que variados estudos constataram que essa preferência pode diminuir (Ogden, 2003). Segundo a autora, este tipo de estratégia utilizada pelos pais na estimulação da ingestão de mais vegetais, poderá resultar a curto prazo, aumentando a sua preferência pela sobremesa e diminuindo o gosto pelos legumes.
Neste sentido, também a proibição do consumo de determinados alimentos pelos pais não é a melhor opção, uma vez que os torna ainda mais atrativos para as crianças (Fisher & Birch, 1999; Ogden, 2003). 
Não menos importante, a aprendizagem por associação também é baseada na relação entre o consumo de alimentos e as suas consequências fisiológicas, no qual as crianças muitas vezes evitam o consumo de certos alimentos quando, anteriormente ocorreram consequências gastrointestinais negativas (Ogden, 2003).
Limitações do Modelo
Segundo Ogden (2003), a limitação apresentada pelo Modelo Desenvolvimental está relacionada com o fato da maioria dos estudos serem desenvolvidos em contexto laboratorial, dificultando a sua generalização nas diferentes situações reais da vida dos indivíduos. Para além desta limitação, a autora também faz referência à forma como o modelo examina apenas os alimentos do ponto de vista da conquista de um reforço, constituindo o próprio reforço e de serem agradáveis ou desagradáveis. 
Modelos Cognitivos
Os Modelos Cognitivos da escolha alimentar abordam o papel das cognições do indivíduo na predição e explicação do seu comportamento alimentar, não as examinando apenas de um ponto de vista implícito, mas também explícito. Muitos estudos insinuam que as crenças estão associadas à saúde no comportamento alimentar dos indivíduos. Dentro dos modelos cognitivos destaca-se: o Modelo de Crenças da Saúde, o Modelo da Motivação Protetora, o Modelo da Ação Planeada, entre outros. Estes modelos apresentam como aspeto central os seguintes aspetos (Ogden,1999, 2003; Ribeiro, 1998): a atitude em relação a determinado comportamento, a perceção do risco (vulnerabilidade), da gravidade do problema, os custos e os benefícios de um determinado comportamento, a autoeficácia e a perceção de controlo do comportamento, o comportamento passado e normas sociais (Silva, Pais-Ribeiro, and Cardoso 2008).
A investigação tem apoiado a ideia de que as intenções comportamentais não são boas preditoras do comportamento em si, levando os investigadores a explorar o hiato entre a intenção e o comportamento. No entanto, as atitudes têm revelado ser boas preditoras do uso de sal de mesa; comer em restaurantes de fast-food; frequência do consumo de leite magro; alimentação saudável (Ogden, 2003). Por outro lado, a perceção de controlo e de autoeficácia na predição do comportamento é importante no que respeita à perda de peso e à alimentação saudável (Milligan et al., 1997; Ogden,2003). Wamsteker (2005) desenvolveu um estudo com indivíduos obesos, no qual a perda de peso em programas de tratamento para a obesidade estava positivamente associada à perceção de autoeficácia e negativamente à crença de que a obesidade possuía um motivo físico, não estando sob o controlo comportamental por parte do indivíduo. Este autor concluiu então que será fundamental ter em consideração as crenças dos indivíduos, assim como a perceção de autoeficácia destes quando se concebem programas de intervenção neste domínio. Os estudos desenvolvidos baseiam-se sobre o papel da ambivalência na predição do comportamento alimentar, apontando para a forma ambivalente em relação a um alimento, sendo difícil que a atitude geral em relação a esse alimento se traduza numa intenção de o consumir (Ogden, 2003).
Limitações do Modelo
A limitação apresentada pelo modelo cognitivo da seleção de alimentos está relacionada com a critica de valorizar o papel de variáveis a um nível individual por exemplo, os hábitos alimentares da família, a disponibilidadedos alimentos, prevendo que o mesmo conjunto de cognições é obrigatoriamente pertinente para todos os indivíduos.
Modelo Psicofisiológico
O Modelo Psicofisiológico dos comportamentos alimentares aborda aspetos relacionados com os determinantes biológicos da fome, apetite e gosto (Ogden, 2003). Segundo a autora, a fome e a saciedade são importantes na compreensão das escolhas alimentares. Este modelo considera o modelo metabólico do consumo alimentar integrante na função do hipotálamo, pois este está associado ao impacto de psicofármacos e dos neuros químicos referentes aos mecanismos da fome e saciedade, assim como a relação entre o stresse e o consumo alimentar. Neste sentido, o hipotálamo exerce um controlo sobre os processos de regulação do comportamento alimentar, procurando manter a homeostasia do organismo a partir de acertos neuroendócrinos e comportamentais. Por outro lado, caso haja lesão do hipotálamo ventromedial, verifica-se um aumento do consumo alimentar (hiperfagia) e peso corporal. Já na lesão do hipotálamo lateral, verifica-se a cessação do consumo alimentar (Ogden, 2003).
De acordo com Christensen e Brooks (2006), a nossa dieta tem impacto no nosso humor. Contudo, estes autores sugerem que esta relação deverá ser compreendida como bidirecional, uma vez que não só os alimentos determinam o nosso humor, assim como o nosso humor determina aquilo que comemos.
Abdul-Missagh, Marini, Jabalourwala e Steiger (1999) verificaram que os indivíduos com comportamento alimentar disfuncional apresentavam com frequência um diagnóstico de perturbação afetiva devido a queixas de mudanças no sono, nas atividades sociais, no humor, na energia, no peso e no apetite.
Os alimentos específicos muitas vezes são consumidos por indivíduos com a finalidade de melhorar o humor ou até mesmo o stress, uma vez que o consumo destes alimentos são uma estratégia de autorregulação do humor (Christensen, 1993; Dallman, Pecoraro, & Fleur, 2005). Os alimentos doces assumem um papel de “automedicação”, isto é, algumas pessoas consomem estes alimentos com o objetivo de aliviar os sintomas (Christensen, 2001).
Neste sentido, são vários os estudos que tem procurado abranger a influência do consumo de determinados alimentos no estado de humor dos indivíduos, analisando em particular os efeitos do consumo da cafeína, dos hidratos de carbono e do chocolate (Ogden, 2003).
Abdul-Missagh, G., Marini, N., Jabalourwala, S., & Steiger, H. (1999). Seasonal mood pat- terns in eating disorders. General Hospital Psychiatry, 21, 354-359.
Addessi, E., Galloway, A.T., Visalberghi, E., & Birch, L.L. (2005). Specific social influen- ces on the acceptance of novel foods in 2-5-year-old children. Appetite, 45, 264-271.
Birch, L. L., Zimmerman, S., & Hind, H. (1980a). The influence of social-affective context on the formation of children’s food preferences. Child Development, 51, 856-861.
Birch, L. L., Zimmerman, S., & Hind, H. (1980b). The influence of social affective context on preschool children’s food preferences. Child Development, 51, 489-496.
Birch, L. L., & Marlin, D. W. (1982).I don’t like it; I never tried it: Effects of exposure in two-year-old children’s food preferences. Appetite, 23, 353-360.
Birch, L. L. (1998). Psychological influences on the childhood diet. Journal of Nutrition. Re- tirado de www.jn.nutrition.org, em 21 de Março de 2007.
Birch, L. L. (1999). Development of food preferences. Annual Reviews of Nutrition, 19, 41-62
Brown, R., & Ogden, J. (2004). Children’s eating attitudes and behaviour: A study of the mo- delling and control theories of parental influence. Health Education Research: Theory & Practice,
19(3), 261-271.
Christensen, L. (1993). Effects of eating behavior on mood: A review of the literature. In- ternational Journal of Eating Disorders, 14(2), 171-183.
Christensen, L., & Brooks, A. (2006). Changing food preferences as a function of mood.
The Journal of Psychology, 140(4), 293-306.
Cutting, T. M., Fisher, J. O., Grimm-Thomas, K., & Birch, L. L. (1999). Like mother, like daughter: Familial patterns of overweight are mediated by mothers’ dietary disinhibition. Ameri- can Journal of Clinical Nutrition, 69, 608-613.
Dallman, M. F., Pecoraro, N. C., & Fleur, S. E. (2005). Chronic stress and comfort foods: Self-medication and abdominal obesity. Brain, Behavior, and Immunity, 19, 275-280.
Fisher, J. O., & Birch, L. L. (2002). Early experience with food and eating: Implications for the development of eating disorders. In K.T. Thompson & L. Smolak (Eds.), Body image, eating disorders, and obesity in youth (pp. 23-39). Washington, DC: American Psychological Association.
Milligan, R. A. K., Burke, V., Beilin, L. J., Richards, J., Dunbar, D., Spencer, M., & Gracey, M. P. (1997). Health-related behaviours and psycho-social characteristics of 18 year-old Austra- lians. Social Science & Medicine, 45(10), 1549-1562.
Horne, P. J., Tapper, K., Lowe, C. F., Hardman, C. A., Jackson, M. C., & Woolner, J. (2004). Increasing children’s fruit and vegetable consumption: a peer-modelling and rewards-based inter- vention. European Journal of Clinical Nutrition, 58, 1649-1660.
Ogden, J. (2003). The psychology of eating: From healthy to disordered behavior. U.S.A.: Blackwell Publishing.
Wamsteker, E. W., Geenen, R., Iestra, J., Larsen, J.K., Zelissen, P. M. J., & Staveren, W. A. V. (2005). Obesity-related beliefs predict weight loss after an 8-week low-calorie diet. Journal of the American Dietetic Association, 105(3), 441-444.
Métodos de Avaliação do comportamento alimentar
A avaliação do comportamento alimentar é realizada com objetivo de conseguir implementar planos nutricionais que possam ser eficazes. Para a escolha deste método de avaliação deve-se ter em conta o estado geral do utente, a evolução da condição clínica, os motivos que levaram o mesmo à consulta de nutrição, identificar os hábitos alimentares, bem como estimar a ingestão excessiva de alimentos (Fisberg, Marchioni, and Colucci 2009).
Cada vez mais existe a importância da nutrição para o tratamento de doenças crónicas, mas para isso é importante um diagnóstico adequado tendo em conta os fatores que influenciam a escolha alimentar individual (Fisberg, Marchioni, and Colucci 2009).
Para um bom diagnóstico do comportamento alimentar é crucial ter em consideração por exemplo, o tipo de refeições, as quantidades dos alimentos, as restrições, o apetite, a forma como é cozinhado e a disponibilidade dos alimentos (Fisberg, Marchioni, and Colucci 2009).
São muitas as perturbações psicológicas relacionadas com o comportamento alimentar que levam aos transtornos alimentares como a anorexia nervosa, bulimia nervosa, ingestão alimentar compulsiva e entre outras (Freitas, Gorenstein, and Appolinario 2002). Os métodos de avaliação destes transtornos têm em consideração os critérios do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM). Os critérios usados são por exemplo, as porções de alimentos ingeridos, a atividade física, a distorção da imagem, a compulsão, a restrição alimentar e os episódios de compensação para a avaliação dos transtornos alimentares (Freitas, Gorenstein, and Appolinario 2002).
A aplicação de métodos de avaliação são importantes para fazer um bom diagnóstico dos transtornos, pois com eles conseguimos ter uma melhor compreensão do quadro clínico e laboração de estratégias de tratamento mais adequadas, uma vez que poderão melhorar o sucesso terapêutico (Freitas, Gorenstein, and Appolinario 2002). Pode-se agrupar os métodos de avaliação em três categorias: os questionários auto aplicáveis, as entrevistas e auto monitorização (Freitas, Gorenstein, and Appolinario 2002).
Questionários auto aplicáveis
Devido á origem multifatorial dos transtornos alimentares são necessários diferentes tipos de questionários para cada utente. Os autores verificam os diagnósticos clínicos de transtornos alimentares e revêm as diversas formas de abordagem estruturadas desses transtornos. 
Os questionáriosautoaplicáveis são métodos fáceis de utilizar, eficientes e possuem baixos custos na avaliação de um largo número de indivíduos. Muitos destes questionários apresentam um conjunto de técnicas para mensurar, de forma adequada e comprovada um conjunto de comportamentos (Freitas, Gorenstein, and Appolinario 2002). Os métodos autoaplicáveis mais utilizados são referenciados abaixo. 
Eating Attitudes Test (EAT)
O Teste de Atitudes Alimentares, é utilizado para o rastreio de indivíduos suscetíveis ao desenvolvimento de Anorexia Nervosa ou Bulimia Nervosa. No entanto, este teste não indica o diagnóstico da psicopatologia, apenas permite retirar conclusões referentes aos padrões alimentares anormais (Freitas, Gorenstein, and Appolinario 2002). 
Eating Disorder Inventory (EDI)
O EDI é um método utilizado em estudos de confiabilidade e validade, que avaliando as características psicológicas e comportamentais inerentes à anorexia nervosa e bulimia nervosa (Freitas, Gorenstein, and Appolinario 2002). Este método avalia aspetos psicopatológicos específicos dos transtornos alimentares como a tendência para a magreza, a insatisfação corporal e a bulimia (Freitas, Gorenstein, and Appolinario 2002).
Eating Disorder Examinition (EDE-Q) – Versão Questionário 
É um método autoaplicável em forma de entrevista, que constitui 41 itens e o seu resultado é exposto em quatro subescalas: Restrição alimentar, preocupação alimentar, preocupação na aparência e na forma do corpo e grande preocupação com o peso. As subescalas dos dois instrumentos (EDE-Q e EDE) estão grandemente correlacionados e sua autenticidade e confiabilidade estão bem documentadas (Freitas, Gorenstein, and Appolinario 2002).
Binge Eating Scale (BES)
O BES apresenta uma versão em português – Escala de Compulsão Alimentar Periódica (ECAP). Este permitirá a observação e a magnitude das mudanças, do comportamento alimentar em cada indivíduo, em diferentes circunstâncias durante o tratamento para perda de peso. (anexo I) (Silvia Freitas, 2001).
Binge Scale (BS)
O BS foi o primeiro questionário desenvolvido para realizar a avaliação de episódios de transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP). É caracterizado pela ingestão de grande quantidade de comida num período de tempo delimitado (até duas horas), acompanhado da sensação de perda de controle sobre o que come ou o quanto se come (Silvia Freitas, 2001). 
ENTREVISTAS
Em relação às entrevistas clínicas, a mais utilizada e validada para os transtornos alimentares é a Eating Disorder Examination (EDE). Esta é uma entrevista clínica semiestruturada que descreve as avaliações referentes à psicopatologia específica dos transtornos alimentares, segundo os critérios do DSM. O resultado é apresentado em quatro subescalas: restrição alimentar, preocupação alimentar, preocupação com a forma corporal e preocupação com o peso. Na entrevista, as diferentes formas de excesso alimentar são nomeadas: compulsão alimentar periódica objetiva ou subjetiva, com ou sem perda do controle. (Silvia Freitas, 2001).
A Structured Clinical Interview for DSM-IV é uma Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-IV. Esta entrevista pode ser uma alternativa à EDE, desde que esteja traduzida e validada no nosso idioma. Segundo DSM-IV, é uma entrevista no qual verifica os diagnósticos psiquiátricos, assim como é utilizada para a elaboração de pesquisa psiquiátrica. (Silvia Freitas, 2001).
aUTO MONITORIZAÇÃO
Os instrumentos de auto monitorização consistem em diários alimentares, onde os utentes apontam a ingestão alimentar diária discriminando a hora do dia e o local, a quantidade e a qualidade dos alimentos, sólidos ou líquidos normalmente no período de uma semana. É também importante que o mesmo faça o registo dos seus afetos, cognições e mecanismos compensatórios relacionados à alimentação, sendo esta técnica muito utilizada na terapia cognitivo-comportamental (TCC). As dificuldades sentidas pelos utentes incluem; a falta de aceitação pela situação vivida, a incerteza quanto a fidedignidade das anotações ou porque não apontam de imediato após a ingestão alimentar ou pelo simples fato do impacto emocional dificultar as respetivas anotações (Silvia Freitas, 2001).
Contudo, pode-se concluir que estas avaliações/questionários não abrangem apenas aspetos psicopatológicos específicos desses transtornos, mas também outros aspetos, tais como, os sintomas psicopatológicos gerais e distúrbios da imagem corporal que frequentemente contribuem para a manutenção do transtorno, dificultando assim o tratamento. A proposta do referido artigo fornece um quadro atual do estágio em que os utentes se encontram, para um tratamento adequado, correto e com resultados positivos (Silvia Freitas, 2001).
http://www.scielo.br/pdf/rbp/v23n4/7169.pdf utilizei esse artigo para fazer o questionário em anexo e falar do (ECAP TCAP)
Fatores Psicossociais do comportamento Alimentar ao longo do ciclo de vida e A sua relação com a mudança de atitudes e comportamentos na área alimentar
Cada vez mais aparecem doenças que resultam das nossas más escolhas alimentares, por isso muitos autores focam-se na importância da psicologia na hora de escolher os alimentos, entendendo assim quais as fases mais relevantes para a intervenção da mudança dos hábitos alimentares.
Alice e Assis (1990) reuniram informações de vários documentos e sublinharam a importância da intervenção da psicologia na intervenção da mudança dos hábitos alimentares da população mundial. Como tal, a prática de maus hábitos alimentares está muito relacionada com a morte precoce causada por doenças crónicas como a obesidade ou a diabetes. São necessárias intervenções rápidas e eficazes, mas a baixa adesão do paciente à prática de hábitos alimentares saudáveis leva á falha do tratamento (Alice and Assis 1990).
Há modelos de cognição social que tentam explicar os fatores que influenciam as nossas escolhas alimentares. Considera-se que a seleção dos alimentos depende mais de fatores psicossociais do que das necessidades fisiológicas de cada indivíduo (Viana 2012).
O nosso comportamento alimentar altera-se com o passar dos anos por influência do meio circundante (Davanço, Taddei, and Gaglianone 2004). Assim, ao longo deste capítulo serão destacados os fatores psicossociais que influenciam as escolhas alimentares ao longo da nossa vida. 
Factores psicossociais do comportamentO ALIMENTAR NA fase de desenvolvimento 
A fase de desenvolvimento é uma oportunidade para promover comportamentos saudáveis, sendo mais fácil e barato educar os mais novos do que mudar os velhos hábitos já estabelecidos nos adultos (Viana 2012). A aquisição de hábitos saudáveis deve ser adquirida desde muito cedo para que se consiga verificar resultados futuramente (Viana 2012). Por isso, é essencial perceber quais as atitudes e crenças que afetam o comportamento alimentar das crianças para uma boa promoção de saúde (Brown and Ogden 2004). 
Todas as fases de desenvolvimento das crianças são importantes para desenvolver e praticar bons hábitos alimentares, para um bom desenvolvimento cognitivo e para um crescimento saudável (Ogden 2003). São vários os fatores que influenciam o comportamento alimentar das crianças, tais como: as rotinas, as crenças, as atitudes, os comportamentos dos familiares que são condicionados muitas vezes por situações económicas, sociais e culturais, a escola e o marketing (Ogden 2003). Para além destes fatores, a experiência alimentar com os resultados fisiológicos ou observação de modelos também influenciam as escolhas alimentares (Birch, Savage et Ventura 2007). 
Ramos e Stein (2000), procederam a uma revisão na literatura para compreender alguns fatores que colaboram no comportamento alimentar das crianças e concluíram que é importante o processo de aprendizagem na formação do comportamento alimentar e que a família tem um papel relevante na aquisição de preferências. (Ramos and Stein 2000)
Existem autores que evidenciam que as crianças no pré-escolar adquirem certos comportamentosalimentares influenciadas pela família, do qual são dependentes, através de interações psicossociais e de fatores culturais. As preferências alimentares são adquiridas no pré-escolar, sendo depois mais difícil conseguirem adquirir gosto por outros alimentos no qual não estão habituados (Koivisto 1996; Birch 1998; Rozin 1997). 
Segundo Focesi (1990), a escola é um local propício para a educação da saúde, por isso seria interessante a intervenção de profissionais de nutrição no ensino, proporcionando assim uma melhor promoção dos bons hábitos alimentares. No entanto, Doyle (1994), revela após um estudo que as crianças adquiriram melhores conhecimentos nutricionais pelo professor do que pelo nutricionista. Supervisionando as conclusões de Doyle pode-se salientar a importância que um professor possui na promoção dos bons hábitos alimentares nas crianças. 
Nós como futuros nutricionistas questionamos até que ponto um professor seria a melhor opção para a promoção da saúde?
De acordo com Giovana et al (2004), avaliaram os conhecimentos dos professores em relação à nutrição e à forma como transmitiam essa informação ás crianças. Neste estudo, participaram 50 professores, em que 15 professores foram expostos e 36 professores não foram expostos a um programa educativo. Neste sentido, concluíram que os professores que frequentaram o plano educativo sobre a nutrição apresentavam mais conhecimento e aptidão para transmitir a informação aos seus alunos que o grupo não exposto. Evidencia-se então a importância de assegurar a formação dos professores sobres os bons hábitos alimentares, de modo a que estes consigam promover e educar corretamente os hábitos alimentares das crianças (Davanço, Taddei, and Gaglianone 2004).
Para além da escola ou da família, a composição dos próprios alimentos (açúcar ou gordura) provocam efeitos aprazíveis ou aversivos nas crianças, influenciando assim as suas escolhas para determinados alimentos. A acessibilidade e a disponibilidade dos alimentos, bem como a influência dos midea são também importantes no comportamento alimentar (Contento et Michela 1999).
Tendo a família um papel crucial no desenvolvimento do comportamento alimentar, os pais possuem um papel importante na forma como cozinham os alimentos, bem como no controlo do tipo de alimentos cedidos ás crianças, uma vez que as suas escolhas serão modelos futuros (Addison and Moreira 2008).
Factores psicossociais do comportamentO ALIMENTAR NA fase adulta 
“A alimentação não é só determinante para o estado de saúde mas também para a qualidade de vida numa perspetiva holística cultural, social e psicológica” (APN n.d.)
Ter uma alimentação saudável não depende apenas da informação nutricional dada por um profissional de saúde, é preciso ver quais os fatores que estão por detrás na hora das escolhas dos alimentos (Viana 2012). 
Jomori, Proença e Calvo (2008), efetuaram uma revisão da literatura para a verificação de quais os determinantes das escolhas alimentares humanas em diferentes contextos e identificaram caraterísticas relacionadas com os alimentos no que se referia ao preço, ao sabor, à variedade, ao valor nutricional, à aparência e à higiene, elaborando também às caraterísticas relacionadas com o próprio indivíduo como biológicos, socioculturais e antropológicos, bem como económicos e psicológicos (Jomori, Proença, and Calvo 2008). Neste artigo de revisão remetem ao modelo proposto por Furst et al (2008), no qual explicam os determinantes das escolhas alimentares e propõem três grupos responsáveis pela escolha alimentar: “o curso da vida”, “as influências” e o “sistema pessoal” (Jomori, Proença, and Calvo 2008). O curso da vida define-se como o ambiente socio cultural que o indivíduo está inserido, envolvendo um grupo de influências que é influenciado por cinco fatores (Jomori, Proença, and Calvo 2008):
Os ideais envolvem as expetativas, as crenças e os padrões que influenciam a escolha alimentar do indivíduo;
Os fatores individuais abordam as necessidades, as preferências pessoais tanto na ordem psicológica (gostos/aversões, estilos alimentares pessoais e emoções) quanto na ordem fisiológica (sexo, idade, estado de saúde, preferências sensoriais, sensibilidade gustativa e o estado de fome - saciedade);
Os recursos disponíveis remetem para as condições sócio económicas (dinheiro), equipamentos e espaço físico; 
A estrutura social engloba as relações interpessoais com a família, amigos, trabalho e eventos; 
O contexto alimentar limita-se ao ambiente físico, à condição social do local, á forme, à aquisição do alimento e à sua disponibilidade.
A partir do grupo referido anteriormente segue-se o grupo do “sistema pessoal” que envolve a negociação de determinados valores para futuras estratégias na escolha final dos alimentos (Jomori, Proença, and Calvo 2008). Nesta etapa, o indivíduo considera os aspetos sensoriais, as condições económicas, a saúde e a nutrição, a conveniência (custo – benefício, gasto com o tempo, comodidade), a organização dos relacionamentos (preferências e necessidades com quem o indivíduo convive) e a qualidade (querer um padrão de excelência) (Jomori, Proença, and Calvo 2008). 
Fonte: Jomori, Proença e Calvo (2008).
Figura 1 - Modelo das escolhas alimentares de Furst et al (2008). 
Para além deste modelo apresentado por Furst et al. existem outros modelos que tentam explicar os fatores psicossociais do comportamento alimentar. Fazendo uma ponte dos fatores que estão teoricamente escritos com os fatores que realmente influenciam a população, achamos interessante examinar quais os fatores que influenciavam as escolas alimentares, como tal abaixo será mencionado um estudo realizado à população portuguesa. 
O tipo de estilos de vida adotados pela população portuguesa e a sua influência na prevalência de doenças crónicas não transmissíveis levou a realização de um estudo epidemiológico transversal com a participação de 3529 indivíduos com idades iguais ou superiores a 18 anos (Poínhos et al. 2009). O estudo foi intitulado como “Alimentação e Estilos de Vida da População Portuguesa” e foi elaborado pela Sociedade Portuguesa de Ciências da Nutrição e Alimentação (SPCNA) com a colaboração da Nestlé com a finalidade de tentar perceber de uma forma geral, o estado nutricional, o consumo alimentar e outras dimensões dos estilos de vida, assim como variáveis relacionadas com o estado de saúde da população portuguesa (Poínhos et al. 2009). O sabor dos alimentos foi o fator mais indicado como determinante na escolha alimentar (52,2%), os homens escolheram os fatores como “outra pessoa decide a maior parte dos alimentos que eu como” (33,2%) e 30,1% dos homens referem “hábito ou rotina” como fator determinante, no grupo das mulheres 39,2% revelam “tentar fazer uma alimentação saudável” e 39,2% das mulheres apela “preço dos alimentos” como fatores principais do seu comportamento alimentar (Poínhos et al. 2009). Os fatores indicados como influentes na saúde e como determinantes na escolha alimentar apresentam diferenças consoante o sexo, a idade e a região de residência (Poínhos et al. 2009). 
Birch LL. Psychological influences on the childhood diet. J Nutr,1998;
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Estratégias de intervenção: A Importância de uma abordagem interdisciplinar entre a nutrição E a PSICOLOGIA
Uma alimentação saudável é baseada nas necessidades orgânicas, isto é, na ingestão dos nutrientes necessários para manter as funções corporais em atividade. No entanto, muitos fatores influenciam na tomada de decisão. Sobre quais comportamentos alimentares a tomar, dado que o ato de comer está estreitamente relacionado, não apenas a nível cognitivo, como também às emoções do indivíduo, ao aspeto social, bem como à situação económica e cultural, entre outros.
Há uma certa facilidade em encontrar informações sobre os hábitos alimentares saudáveis, devido aos meios de comunicação. Repara-se, porém, que isto não tem sido o suficiente para que as pessoas mudem o seu comportamento. Estas informações nem sempre são capazes de motivar o indivíduo o suficiente, a ponto de criar mudanças nos hábitos alimentares. (Análise psicológica,2002).
A aplicação dos conhecimentos e estratégias da psicologia reveste-se de extrema importância na intervenção do nutricionista, pois estas ferramentas podem contribuir de forma favorável para motivar a mudança nos hábitos alimentares do paciente.
O processo de mudança é complicado, pois o paciente pode até saber o que comer, mas sente-se muitas vezes incapaz de o fazer. Então, se o profissional de nutrição tiver a capacidade de sensibilização para captar as razões pelas quais o paciente tem determinado comportamento, pode com isto, ajudá-lo a lidar com as mudanças propostas. (Análise psicológica. 20, n. 4 p.611-624,2002)
A motivação, no entanto, não é dos únicos recursos no processo de adaptação às mudanças, por isso, é necessário também referir que para o sucesso ocorra no tratamento, é necessária a adesão do paciente e que este tenha consciência de que tem responsabilidade sobre os seus atos. (Análise psicológica,2002)
Para se ter um estilo de vida saudável é importante adotar uma alimentação variada e equilibrada. Viana (2002) afirma que o comportamento alimentar é um dos aspetos do estilo de vida que tem maior influência nos processos de saúde e doença. No entanto, nem sempre as pessoas optam pelos alimentos mais saudáveis pois ponderam que, a seleção alimentar é parte de um sistema comportamental complexo que inclui influências socioculturais, económicas, valor do prestígio do alimento, religião, disponibilidade de tempo e conveniência. (Viana,2002)
Em relação ao ato de se alimentar, é importante que o nutricionista compreenda o paciente como um todo, considerando os fatores socioculturais e psicológicos, tais como atitudes, crenças e outras questões que podem influenciar neste processo de decisão para que se tornem mais eficazes as medidas de educação para a saúde e de se melhorarem os hábitos e comportamentos (Viana, 2002)
A informação sobre o que comer é o primeiro passo para influenciar um comportamento alimentar saudável, mas a relação entre o que as pessoas sabem e o que realmente fazem parece ser nem sempre estar diretamente associada. A informação por si só não gera mudança, mas funciona como um instrumento quando as pessoas desejam mudar (CHAMPMAN,1995).
Segundo Barreto (2002), o conceito de assimilação da informação é considerado o agente mediador da produção de conhecimento, sendo um processo de interação entre o individuo e uma determinada informação, gerando uma modificação no seu estado cognitivo, produzindo assim o conhecimento. (Barreto,2002)
O nutricionista seria o mediador entre a informação e a assimilação no processo de cura, pois possui, dentro das suas áreas de atuação, o de ajudar as pessoas a fazerem mudanças nos seus hábitos alimentares, através da assistência nutricional (BALDWING; FALCIGLIA, 1995, ASSIS; NAHAS, 1999), sendo que esta não é apenas fornecer informações, mas também motivar. “A resolução dos problemas e a descoberta pessoal das soluções para a vida” (Holli e Calabrese 1991, ASSIS; NAHAS, 1999), vêm da interação entre o profissional assistente e o individuo assistido [...], bem como, a terapia aplicada.
Numa consulta, o profissional pode criar barreiras entre ele e o paciente, dificultando a interação, pois ambas as partes têm diferentes pontos de vista sobre saúde e doença, tendo distintos “modelos explicativos e, portanto, diferentes perceções, atitudes, conhecimento, estilos de comunicação e abordagens no relacionado com as práticas de saúde. (ELDELMANN, 2000).
É ideal que a comunicação interpessoal seja marcada pela informalidade e flexibilidade e, que ocorra através da troca de mensagens codificáveis, verbais e não-verbais, entre os envolvidos. (LITTLEJOHN, 1982).
Guareschi (1998) e GROSSEMAN; PATRÍCIO, 2004) ponderam que, para o diálogo ser eficaz é necessário valorizar o outro na sua identidade, “respeitando os seus valores e compartilhando as suas experiências, considerando-o alguém importante para a sua própria existência” (LITTLEJOHN,1982)
A dificuldade de comunicação entre o profissional e o paciente, acarreta a estagnação do processo de mudança e, consequentemente, a não conclusão do objetivo. (LITTLEJOHN,1982)
Yépez (2001, p.53) ressalta a importância dos médicos serem ouvintes atentos dos seus pacientes, pois esta prática implica a “prevenção e promoção da saúde”, o que também é ideal ao profissional de nutrição na sua atividade clinica.
Um paciente não se resume na doença que está acometido, onde o nutricionista pode basear-se exclusivamente na elaboração de uma intervenção. É necessário ver o individuo integralmente, o contexto em que está inserido, quais os afetos que este indivíduo relaciona com determinados alimentos, isto é, as emoções relacionadas aos alimentos privados na nova dieta e todos os outros fatores. (Yepez,2001).
Na sua obra, Martins (1997) afirma que um dos objetivos que o profissional deve alcançar é aproximar-se do paciente e considerá-lo não só como um caso, mas como um ser humano, que necessita da sua ajuda e apoio, havendo no tratamento uma integração entre os aspetos científicos e humanos.
Quando o paciente vai à procura de auxílio e o profissional oferece assistência, colocando-se à disposição para entender os seus problemas, então é possível através desta relação, ajudá-lo a adaptar-se ao tratamento (RODRIGUES, 1993).
Para Balint (1988) e Martins (1997), um bom atendimento fundamenta-se numa aliança terapêutica entre o profissional e o paciente. Se o profissional não leva em consideração a subjetividade humana, baseando-se apenas no conhecimento técnico, o tratamento tenderá a não ser bem-sucedido.
Estar com o paciente, é mais do que atendê-lo; é mostrar interesse pelos seus problemas e ter empatia ao escutá-lo reflexivamente, sendo que, “não é apenas ouvir as palavras ditas, mas parafrasear” (SNETSELAAR, 2005), pois o profissional precisa conhecer o paciente por dentro, (SÁ, 2001) auxiliando-o a desvendar os sentimentos retidos.
É preciso utilizar todos os sentidos para desenvolver uma visão periférica e observar, sistematicamente, o paciente, com o intuito de promover a melhor assistência possível (SÁ,2001). Muitas vezes, o paciente deixa implícitas as suas emoções, cabendo ao profissional ter observação constante e descobrir os sentimentos,reconhecê-los e manifestá-los ao paciente. “Não inventar nem supor, apenas constatar o que de fato existe” (RUDIO, 1993).
Para conhecer o outro e ver além das evidências, é indispensável que a pessoa se conheça a si mesma. Hoga (2004) enfatiza a importância de o profissional ter consciência das suas diferentes características individuais para que, entenda que todos têm a mesma natureza humana, podendo assim ser compreensivo aos sentimentos, limites e fragilidades das pessoas no decorrer do cuidado prestado aqueles que vivenciam o processo saúde-doença. (Hoga,2004)
A mesma autora sugere que o autoconhecimento auxilia a ser mais tolerante com os próprios limites, lidar melhor com a frustração, com a possibilidade de errar, com a impotência e de “não suportar certas circunstâncias de vida e de trabalho difíceis, e a mesma lógica permeará as suas ações face às pessoas cuidadas”. (Hoga,2004)
O profissional de nutrição é considerado, muitas vezes, como a personificação da consciência do individuo, que lhe atribui características e pensamentos dele mesmo. 
Se o nutricionista usar este vínculo de confiança para fazer com que o individuo perceba que esta “figura” entende com empatia o quanto é difícil a adaptação e a reeducação alimentar, mas mesmo assim apresenta uma atitude motivadora à mudança de hábitos, fará com que o paciente seja mais recetivo ao tratamento. (Snetselaar,2005)
Quando um indivíduo se propõe a fazer uma mudança, de acordo com Snetselaar (2005), ele esta desistindo de alguma coisa, pois adaptar-se a novos comportamentos acarreta analisar os custos e os benefícios.
O nutricionista não encontrará, na maioria das vezes, pacientes auto motivados às novas mudanças. Irá deparar-se, sim, com a escassez de informação e pouca disposição do mesmo para cooperar durante o tratamento. Frente à mudança alimentar, cabe ao profissional preparar o paciente para enfrentar exigências sociais e pessoais da forma mais efetiva. (Snetselaar,2005)
Uma das estratégias usadas é a terapia cognitiva comportamental DOBSON (1998) e SNETSELLAAR (2005) que admitem que o pensamento, afeta o comportamento; que as crenças relevantes podem ser identificadas e alteradas e a mudança do comportamento desejada pode ser atingida por mudança de pensamento (cognição).
Por exemplo, um indivíduo com baixa auto- estima deve ter acompanhamento nutricional que leve em consideração os aspetos psicológicos e ajude-o a acreditar em si próprio. É necessário um grande envolvimento do profissional para cuidar de doentes que se encontram numa situação fragilizada, dependente e, muitas vezes, em estado psicológico regredido (HOGA, 2004).
O paciente sente-se pequeno, desamparado e à mercê do profissional, credita-lhe tamanha confiança que lhe faz sentir seguro e cuidado na situação em que se encontra. Este vínculo é uma relação de expectativa e esperança mútua, na qual o doente espera o alívio e se possível, a cura; o profissional espera o reconhecimento (JAMMET et al, 1989).
O nutricionista deve estar atento á vulnerabilidade do individuo assistido, para dar os conselhos adequados a cada fase. De acordo com a teoria cognitiva, pode-se auxiliar o paciente a ir do estágio pré-contemplativo, quando o paciente ainda não contemplou o facto de ter um problema ou que precise fazer alguma mudança, ao estágio contemplativo, e deste para o de preparação, onde precisa de ajuda para encontrar uma estratégia de mudança ou objetivo que seja aceitável, atingível e apropriado (SNETSELAAR, 2005). Sendo que a ação propriamente dita depende do paciente e dele também pertence à manutenção da mudança e, a prevenção de um possível deslize, que caso ocorra é necessário recomeçar o processo.
Teorias para a mudança comportamental na saúde
Modelo das Crenças na Saúde
O modelo de crenças de saúde inclui seis determinantes do comportamento: a suscetibilidade, a gravidade, os benefícios e as barreiras percebidas, a motivação para o comportamento e a disposição para agir (Armitage & Conner, 2000).
A combinação da suscetibilidade e gravidade percebidas vão traduzir o grau de ameaça, e a combinação dos benefícios e das barreiras percebidas, determinam o curso da ação (Armitage & Conner, 2000). As pessoas adotam um comportamento na medida em que se sentem ameaçadas (pela suscetibilidade e gravidade percebidas), em que percecionam a existência de benefícios e o esforço exigido para a realização do comportamento não é considerado excessivo. E ainda, se estão motivadas e recebem indicações que reforçam o desempenho comportamental. 
A existência de sinais, como por exemplo, a presença de sintomas, a informação dada pelo médico ou pela comunicação social, ou ainda o conhecimento de alguém que sofreu a doença, confirma e mantém a sensação de ameaça; e a pessoa decide-se por um comportamento com vista a reduzir a ameaça percebida, se os benefícios, na sua perspetiva, ultrapassam as barreiras e os custos (Rohleder, 2012).
Teoria da Motivação Protetora 
A Teoria da motivação protetora desenvolvida por Rogers está intimamente relacionada com a teoria de crenças de saúde (Armitage & Conner, 2000). O comportamento é considerado adaptativo, se traz benefícios para a saúde, ou não adaptativo, quando é prejudicial para a saúde. 
A motivação para o comportamento surge em função da avaliação da ameaça, a qual, tal como no modelo anterior, se relaciona com a perceção de suscetibilidade e de gravidade. E ainda, com a confiança na própria capacidade de realizar o comportamento (autoeficácia) e na utilidade desse comportamento (eficiência das respostas). 
Os quatro componentes: autoeficácia, eficiência das respostas, gravidade e suscetibilidade, predizem as intenções comportamentais, as quais se relacionam com o comportamento (Ribeiro, 2005).
Teoria da Ação Planeada
A teoria da ação planeada resulta da modificação da teoria da ação racional, inicialmente desenvolvida por Ajzen e Fishbein em 1980 (Rohleder, 2012).
Face às críticas relacionadas com o facto de a teoria da ação racional não ter em consideração a sensação de controlo do indivíduo sobre as suas ações, Ajzen (1991) introduziu modificações passando a denominar-se teoria da ação planeada. Nesta última revisão, a teoria passou a incluir a influência da perceção de controlo sobre a intenção para a mudança comportamental, para além das atitudes e normas subjetivas já consideradas anteriormente.
A intenção é definida como a motivação necessária para realizar um determinado comportamento (Armitage & Conner, 2000).
Ao proceder à análise do modelo, Rohleder (2012) considera que neste se destaca a abordagem focada nas intenções das pessoas para o comportamento; as quais são influenciadas pelas atitudes individuais (resultantes da avaliação geral positiva ou negativa do comportamento) e normas subjetivas (resultantes da perceção global das normas sociais e pressão social); e o controlo percebido (influenciado por fatores externos e internos), que afeta o comportamento de forma indireta (na maioria das vezes) por via da sua influência sobre as intenções comportamentais.
Segundo este modelo, as atitudes, as normas subjetivas e a perceção do controlo do comportamento, predizem as intenções comportamentais, as quais antecedem a concretização dos comportamentos (Ribeiro, 2005).
Modelo Transteórico
O modelo transteórico de mudança de comportamento foi desenvolvido inicialmente por Prochaska e DiClement em 1982, e mais tarde aperfeiçoado por Prochaska, DiClement e Norcross em 1992 (Ribeiro, 2005).
A partir do estudo dos comportamentos aditivos: consumo de álcool, tabaco e substâncias psicoativas, os autores apresentam uma perspetiva integradora na estrutura de mudança intencional (Prochaska, DiClemente, & Norcross, 1992). O modelo alicerça-se na premissa básica de que o comportamento é um processo, que ocorre em fases sucessivas, mas não obrigatoriamente, de forma linear.
De acordo com Prochaska et al. (1992) as pessoas passam por cinco fases na mudança de comportamento: a fase de pré-contemplação (ainda não há intençãode mudar), a fase de contemplação (a pessoa considera ou pensa na mudança), a fase de preparação (a pessoa inicia pequenas mudanças), a fase da ação (a pessoa está ativamente envolvida na mudança) e a fase de manutenção (a mudança é mantida ao longo do tempo).
O padrão em espiral, e não o modelo linear, representa a forma como a maior parte das pessoas se envolve nas fases de mudança. Pode verificar-se uma evolução de forma contínua ao longo das fases, ou não. Aliás, as pessoas podem até, iniciar, abandonar e reiniciar o processo, em qualquer momento, e por diversas vezes, sendo frequentes as recaídas.
Teoria Social Cognitiva
Anteriormente designada por teoria da aprendizagem social, a teoria social cognitiva de Bandura (1977, 1998) tem como determinante central do comportamento a autoeficácia, a par das expectativas de resultado (relacionadas com a situação e a ação).
A definição de autoeficácia, foi um dos termos novos associados ao glossário da promoção da saúde da OMS, e segundo Bandura, refere-se às crenças dos indivíduos acerca da sua capacidade para concretizar a ação de forma que esta influencie os acontecimentos que afetam as suas vidas (Smith et al., 2006). As crenças de autoeficácia determinam a forma como as pessoas sentem, pensam, se Auto motivam e comportam.
A teoria social cognitiva prevê que os comportamentos se manifestam quando a pessoa sente que tem controlo sobre o resultado, identifica poucas barreiras externas e confia na sua capacidade para realizar a ação (Armitage & Conner, 2000).
Numerosos estudos sustentam e fundamentam os modelos teóricos apresentados, no entanto, estes não deixam de receber múltiplas críticas. Chamberlain e Murray (2009) e Rohleder (2012), referem que os modelos dominantes na psicologia da saúde focam essencialmente o indivíduo e pouca atenção é dada aos processos sociais, apesar destes modelos sugerirem a interação de fatores biológicos, psicológicos e sociais, na saúde e na doença.
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ANEXO I
Instrumento da Escala de Compulsão Alimentar Periódica (ECAP) 
Lista de verificação dos hábitos alimentares
Você encontrará abaixo grupos de afirmações numeradas. Leia todas as afirmações em cada grupo e marque, nesta folha, aquela que melhor descreve o modo como você se sente em relação aos problemas que tem para controlar seu comportamento alimentar.
1
( ) 1. Eu não me sinto constrangido(a) com o meu peso ou o tamanho do meu corpo quando estou com outras pessoas.
( ) 2. Eu me sinto preocupado(a) em como pareço para os outros, mas isto, normalmente, não me faz sentir desapontado(a) comigo mesmo(a).
( ) 3. Eu fico mesmo constrangido(a) com a minha aparência e o meu peso, o que me faz sentir desapontado(a) comigo mesmo(a).
( ) 4. Eu me sinto muito constrangido(a) com o meu peso e, frequentemente, sinto muita vergonha e desprezo por mim mesmo(a). Tento evitar contatos sociais por causa desse constrangimento.
2
( ) 1. Eu não tenho nenhuma dificuldade para comer devagar, de maneira apropriada.
( ) 2. Embora pareça que eu devore os alimentos, não acabo me sentindo empanturrado(a) por comer demais.
( ) 3. Às vezes tendo a comer rapidamente, sentindo-me então desconfortavelmente cheio(a) depois.
( ) 4. Eu tenho o hábito de engolir minha comida sem realmente mastigá-la.
Quando isto acontece, em geral me sinto desconfortavelmente empanturrado(a) por ter comido demais.
3
( ) 1. Eu me sinto capaz de controlar meus impulsos para comer, quando eu quero.
( ) 2. Eu sinto que tenho falhado em controlar meu comportamento alimentar mais do que a média das pessoas.
( ) 3. Eu me sinto totalmente incapaz de controlar meus impulsos para comer.
( ) 4. Por me sentir tão incapaz de controlar meu comportamento alimentar, entro em desespero tentando manter o controle.
 4
( ) 1. Eu não tenho o hábito de comer quando estou chateado(a).
( ) 2. Às vezes eu como quando estou chateado(a) mas, frequentemente, sou capaz de me ocupar e afastar minha mente da comida.
( ) 3. Eu tenho o hábito regular de comer quando estou chateado(a) mas, de vez em quando, posso usar alguma outra atividade para afastar minha
mente da comida.
( ) 4. Eu tenho o forte hábito de comer quando estou chateado(a). Nada aparenta me ajudar a parar com esse hábito.
5
1. Normalmente quando como alguma coisa é porque estou fisicamente com fome.
( ) 2. De vez em quando como alguma coisa por impulso, mesmo quando não estou realmente com fome.
( ) 3. Eu tenho o hábito regular de comer alimentos que realmente não aprecio para satisfazer uma sensação de fome, mesmo que fisicamente eu não necessite de comida.
( ) 4. Mesmo que não esteja fisicamente com fome, tenho uma sensação de fome em minha boca que somente parece ser satisfeita quando eu como um alimento, tipo uma sanduíche, que enche a minha boca. Às vezes, quando eu como o alimento para satisfazer minha “fome na boca”, em
seguida eu o cuspo, assim não ganharei peso.
6
( ) 1. Eu não sinto qualquer culpa ou ódio de mim mesmo(a) depois de comer demais.
( ) 2. De vez em quando sinto culpa ou ódio de mim mesmo(a) depois de comer demais.
( ) 3. Quase o tempo todo sinto muita culpa ou ódio de mim mesmo(a) depois de comer demais.
 7
( ) 1. Eu não perco o controle total da minha alimentação quando estou em dieta, mesmo após períodos em que como demais.
( ) 2. Às vezes, quando estou em dieta e como um alimento proibido, sinto como se tivesse estragado tudo e como ainda mais.
( ) 3. Frequentemente,quando como demais durante uma dieta, tenho o hábito de dizer para mim mesmo(a): “agora que estraguei tudo, porque não irei até o fim”. Quando isto acontece, eu como ainda mais.
( ) 4. Eu tenho o hábito regular de começar dietas rigorosas por mim mesmo(a), mas quebro as dietas entrando numa compulsão alimentar. Minha vida parece ser “uma festa” ou “um morrer de fome”.
8
1. Eu raramente como tanta comida a ponto de me sentir desconfortavelmente empanturrado(a) depois.
( ) 2. Normalmente, cerca de uma vez por mês, como uma tal quantidade de comida que acabo me sentindo muito empanturrado(a).
( ) 3. Eu tenho períodos regulares durante o mês, quando como grandes quantidades de comida, seja na hora das refeições, seja nos lanches.
( ) 4. Eu como tanta comida que, regularmente, me sinto bastante desconfortável depois de comer e, algumas vezes, um pouco enjoado(a).
 9
( ) 1. Em geral, minha ingesta calórica não sobe a níveis muito altos, nem desce a níveis muito baixos.
( ) 2. Às vezes, depois de comer demais, tento reduzir minha ingesta calórica para quase nada, para compensar o excesso de calorias que ingeri.
( ) 3. Eu tenho o hábito regular de comer demais durante a noite. Parece que a minha rotina não é estar com fome de manhã, mas comer demais em períodos noturnos.
( ) 4. Na minha vida adulta tenho tido períodos, que duram semanas, nos quais praticamente mato-me de fome. Isto se segue a períodos em que como em excesso. Parece que vivo uma vida de “festa” ou de “morrer á fome”.
10
( ) 1. Normalmente eu sou capaz de parar de comer quando quero. Eu sei quando “já chega”.
( ) 2. De vez em quando, eu tenho uma compulsão por comer que parece que não sou capaz de controlar-me.
( ) 3. Frequentemente tenho fortes impulsos para comer que parece que não sou capaz de controlar, mas, em outras ocasiões, posso controlar meus impulsos para comer.
( ) 4. Eu me sinto incapaz de controlar impulsos para comer. Eu tenho medo de não ser capaz de parar de comer por vontade própria.
11
( ) 1. Eu não tenho problema algum para parar de comer quando me sinto cheio(a).
( ) 2. Eu, normalmente, posso parar de comer quando me sinto cheio(a) mas, de vez em quando, comer demais me deixa desconfortavelmente empanturrado(a).
( ) 3. Eu tenho um problema para parar de comer uma vez que eu tenha começado e, normalmente, sinto-me desconfortavelmente empanturrado(a) depois que faço uma refeição.
( ) 4. Por eu ter o problema de não ser capaz de parar de comer quando quero, às vezes tenho que provocar o vômito, usar laxativos e/ou diuréticos para aliviar minha sensação de empanturramento.
12
( ) 1. Parece que eu como tanto quando estou com os outros (reuniões familiares, sociais), como quando estou sozinho(a).
( ) 2. Às vezes, quando eu estou com outras pessoas, não como tanto quanto eu quero comer porque me sinto constrangido(a) com o meu comportamento alimentar.
( ) 3. Frequentemente eu como só uma pequena quantidade de comida quando outros estão presentes, pois me sinto muito embaraçado(a) com o meu comportamento alimentar.
( ) 4. Eu sinto-me tão envergonhado(a) por comer em excesso que escolho horas para comer muito quando sei que ninguém me verá. Eu me sinto como uma pessoa que se esconde para comer.
13
( ) 1 Eu faço três refeições ao dia com apenas um lanche ocasional entre as refeições.
( ) 2. Eu faço três refeições ao dia, mas, normalmente, também faço um lancho entre as refeições.
( ) 3. Quando eu faço lanches pesados, tenho o hábito de pular as refeições regulares.
( ) 4. Há períodos regulares em que parece que eu estou constantemente comendo, sem refeições planejadas.
14
( ) 1. Eu não penso muito em tentar controlar impulsos indesejáveis para comer.
( ) 2. Pelo menos, em algum momento, sinto que meus pensamentos estão “pré-ocupados” com tentar controlar meus impulsos para comer.
( ) 3. Frequentemente, sinto que gasto muito tempo pensando no quanto comi ou tentando não comer mais.
( ) 4. Parece-me, que a maior parte das horas que passo acordado(a) estão “pré-ocupadas” por pensamentos sobre comer ou não comer. Sinto-me, como se eu estivesse constantemente lutando para não comer.
15
( ) 1. Eu não penso muito sobre comida.
( ) 2. Eu tenho fortes desejos por comida, mas eles só duram curtos períodos de tempo.
( ) 3. Há dias em que parece que eu não posso pensar em mais nada a não ser comida.
( ) 4. Na maioria dos dias, meus pensamentos parecem estar “pré-ocupados” com comida. Sinto como se eu vivesse para comer.
16
( ) 1. Eu normalmente sei se estou ou não fisicamente com fome. Eu como a porção certa de comida para satisfazer-me.
( ) 2. De vez em quando eu me sinto em dúvida para saber se estou ou não fisicamente com fome. Nessas ocasiões é difícil saber quanto eu deveria comer para me satisfazer.
( ) 3. Mesmo que se eu pudesse saber quantas calorias eu deveria ingerir, não teria ideia alguma de qual seria a quantidade “normal” de comida para mim
RESULTADOS
	GRADE DE CORREÇÃO DA ESCALA DE COMPULÇÃP ALIMENTAR PERIÓDICA 
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