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FARMACOCINÉTICA Farmacocinética (grego kinetós= móvel) estuda o caminho percorrido pelo fármaco no organismo animal. Definição: É o estudo do movimento de uma substância química, em particular um fármaco, no interior de um organismo vivo. De maneira geral, a farmacocinética pode ser dividida em quatro etapas: 1. Absorção 2. Distribuição 3. Biotransformação ou metabolismo 4. Excreção/ Eliminação Logo após a liberação do princípio ativo, ocorre a absorção, onde o fármaco se dirige para o compartimento Central (Corrente Sanguínea), representando sua forma livre. Muitos fármacos são insolúveis no plasma sanguíneo fazendo com que ocorra a ligação com proteínas que possui caráter solúvel. Entretanto, os fármacos ligados às proteínas não conseguem exercer sua atividade metabólica e chegar ao seu local de ação. O fármaco livre (ou após se desligar das proteínas) se liga aos receptores presentes em seu local de ação. Porém, o fármaco livre também pode ser distribuído em reservatórios teciduais, ou seja, nos tecidos que possuem atividade, como o tecido adiposo. Caso o fármaco não atinja o seu local de ação, reservatórios e nem locais de ação inesperada, esses são direcionados ao fígado onde sofrem o processo de metabolização. Logo após, é direcionado para a excreção. ABSORÇÃO Definição: É a transferência de um fármaco desde o seu local de administração até a circulação sanguínea. A velocidade e a eficiência da absorção vai depender, entre outros fatores: - Via de administração - Grau de solubilidade - Peso molecular - Grau de ionização - Área absortiva - Grau de Vascularização e Vasodilatação OBS: Os fármacos administrados por via intravenosa não sofrem absorção pois são administrados diretamente na corrente sanguínea. Todo o processo de absorção pode ser definido como a passagem do princípio ativo através de barreiras, sendo as principais constituídas de bicamada lipídica, fluidez (moléculas individuais se movem lateralmente) e proteínas ( alvo para ação de drogas e são relativamente impermeáveis às moléculas polares). ● Mecanismo para atravessar as barreiras celulares As moléculas utilizam certos mecanismo para atravessar as barreiras celulares. Podem ser passivos ( sem gasto energético), possuindo como exemplos o Transporte paracelular e a difusão, e Ativos ( com gasto energético), possuindo como exemplos a Difusão Facilitada e os Transportadores de Fármacos. 1. Transporte paracelular: Quando o fármaco atravessa o espaço deixado entre as células. Por exemplo, entre as células epiteliais. 2. Difusão: - Difusão Simples: O fármaco atravessa a bicamada lipídica sem gasto energético. Ocorre nas substâncias lipossolúveis como os anestésicos gerais. - Difusão por poros: Ocorre com os fármacos hidrossolúveis que possuem um baixo peso molecular. Assim, conseguem atravessar os poros presentes nas células. 3. Difusão Facilitada: O fármaco é atravessado por um carreador, um transportador a favor do gradiente de concentração. 4. Transportadores de Fármacos ● Ligação de fármacos a proteínas plasmáticas A porção livre do fármaco é a que representa sua forma farmacologicamente ativa, porém pode representar apenas 1% do total. Os outros percentuais do fármaco se encontram na forma ligada com proteínas plasmáticas. A principal proteína para esse tipo de ligação é a albumina, ligando fármacos básicos e ácidos. A ligação do fármaco à proteína irá depender de alguns fatores: - Concentração livre do fármaco - Sua afinidade com os sítios de ligação - Concentração da proteína. ● Peso molecular A permeabilidade de membrana do fármaco pode sofrer algumas alterações de acordo com certas características, como presente no gráfico abaixo. Dentre elas, pode-se citar o Tamanho Molecular/Peso Molecular ( fármacos menores possuem maior permeabilidade) e o Coeficiente de partição octanol/água ( Diz o quão solúvel é aquele fármaco em lipídio quando comparado à água.Quanto maior este coeficiente, maior a permeabilidade). ● Ionização A maioria dos fármacos são Ácidos fracos ou Bases Fracas, ou seja, possuem a capacidade de se ionizar. As formas moleculares inteiras são estruturas muito mais lipossolúveis, possuindo uma maior capacidade de atravessar as barreiras como um fármaco lipossolúvel. Caso esteja na forma ionizada, por possuir carga elétrica, terá caráter hidrossolúvel impedindo sua absorção na parede celular. Para exemplificar, basta analisar o esquema abaixo. Suponha que um ácido fraco com pKa=4,4 esteja em contato com o suco gástrico, cujo ph seja 1,4. A grande concentração de H+ no meio faz com que a reação do fármaco seja deslocado para a esquerda, prevalecendo a sua forma molecular. Com isso, a grande concentração da estrutura molecular irá resultar em um caráter lipossolúvel, favorecendo a sua absorção. Ou seja, em ph ácido os ácidos apresentam elevada absorção. Após a absorção, os fármacos encontram um ph muito elevado (cerca de 7,4) deslocando a reação para a direita, elevando as concentrações de formas iônicas. Como consequência, esses íons não possuem a capacidade de entrar das células para promover alterações celulares que representam os efeitos do princípio ativo do fármaco. No caso de fármacos com caráter básico a lógica é a mesma, sendo os maiores índices de absorção encontrados em meio básico, como o meio intestinal. OBS: O índice pKa é o indicativo de ph onde 50% de uma substância química estará em forma molecular e ou outros 50% em forma iônica. Essas características devem ser consideradas, pois o organismo humano é composto de diversos compartimentos que possuem níveis diferentes de pH. Por isso, a atuação de certo fármaco pode ser melhor no sangue, no estômago, na vagina e em outros locais específicos. Então, conhecer o pKa de um fármaco é de extrema importância para avaliação do seu local de ação. ● Grau de Vascularização e Vasodilatação Como a absorção visa levar o fármaco para corrente sanguínea é fácil entender que quanto maior a vascularização em um certo local, maior será a absorção. Por esse motivo tem-se grande sucesso na absorção por via sublingual. OBS: Em casos de doses elevadas de uma certa vacina ou picada de animal peçonhento, utiliza-se compressão de gelo no local para promover uma vasoconstrição e diminuir o processo de absorção. ● Absorção de fármacos no Intestino O processo de absorção acontece através da transferência passiva que é determinada pela ionização e lipossolubilidade das moléculas do fármaco. Mesmo tendo esses fatores associados, é importante ressaltar que a grande área de absorção do intestino pode promover a maior parte da absorção até de ácidos fracos. ● Fatores que afetam a absorção gastrointestinal São eles: - Motilidade gastrointestinal: A estase gástrica pode resultar na dificuldade de absorção do fármaco e o aumento da atividade gastrointestinal aumenta esseprocesso(porém, se em excesso, reduz a absorção). Essas variações podem ser causados por outros fármacos ou por algum distúrbio (como enxaqueca). - Fluxo sanguíneo esplâncnico: A ingestão de alimentos aumenta esse fluxo, podendo aumentar a absorção de alguns fármacos. - Tamanho da partícula e formulação. - Fatores físico-químicos: Alguns fármacos podem se ligar a elementos, como o Ca, dificultando o seu processo de absorção. ● Biodisponibilidade e Bioequivalência Biodisponibilidade é o percentual da dose que atinge o sítio de ação de maneira intacta, levando em consideração tanto a absorção como a degradação metabólica local. Relaciona-se diretamente com as dosagens adequadas para cada princípio ativo, pois seu conhecimento permite identificar a dosagem terapêutica, subterapêutica e dosagem tóxica, como presente nos gráficos abaixo. Para aceitação de um produto genérico, é necessário que este possua uma biodisponibilidade entre 80% e 125% do produto original. Dois fármacos são considerados bioequivalentes quando as taxas e amplitudes da biodisponibilidade do ingrediente ativo em dois produtos não forem significativamente diferentes sob condições experimentais adequadas. OBS: - Dose de Ataque: Representa a primeira dosagem do fármaco, com concentração elevada, para atingir a faixa terapêutica. As dosagens posteriores serão apenas para manutenção dos efeitos. ● Principais situações clínicas que alteram a farmacocinética e biodisponibilidade. - Metabolismo hepático: Pessoas que possuem insuficiência hepática, geralmente, apresentam quadros de toxicidade de drogas devido ao acúmulo do fármaco e a não metabolização - Disfunção hepática: Possui consequências semelhantes às do metabolismo hepático. - ICC ( Insuficiência Cardíaca Congestiva): Prejudica a distribuição e eliminação dos fármacos. - Disfunções Renais: Podem resultar em efeitos tóxicos . ● Fatores que influenciam na absorção dos fármacos. ● Fatores que influenciam na velocidade de absorção dos fármacos. OBS: - Tempo de esvaziamento gástrico: É o tempo que o estômago demora para abrir o esfíncter e liberar o seu conteúdo para o intestino - Em alguns casos, a presença do alimento pode aumentar a absorção. ● Interação com Alimentos O quadro abaixo relaciona o processo de absorção de alguns fármacos na presença de medicamentos. Vias de Administração de Medicamentos 1. Via Oral ➢ Vantagens - Facilidade de administração - Mais barata ➢ Contra Indicação - Náuseas e vômitos - Diarréias - Dificuldade para engolir ➔ Absorção Intestinal Possui como principal desvantagem sua passagem pelo fígado, fazendo com que o fármaco sofra com os processos metabólicos antes de atingir o sítio de atuação. ➔ Absorção Sublingual Utilizada para hipertensivos, analgésicos, Rivotril nitratos Possui com principal vantagem a passagem do fármaco diretamente para o sangue, devido aos vasos presentes embaixo da lingua. 2. Via Retal ➔ Vantagens - Protege os fármacos suscetíveis da inativação gastrointestinal e hepática, pois somente 50% do fluxo venoso retal possui acesso à circulação porta. ➔ Desvantagens - A absorção pode ser incompleta, especialmente em pacientes com motilidade intestinal aumentada. - Pode provocar irritação da mucosa intestinal. ➔ Indicações - Estados de coma, inconsciência, náuseas e vômitos ➔ Exemplos de fármacos - Diazepam, metronidazol, e alguns antiinflamatórios e antieméticos. 3. Via Parenteral O termo parenteral se refere a administração de fármacos sem passar pelo do tubo digestivo, ou seja, sem utilizar o trato gastrointestinal. Possui como principais vias: Intradérmica, Subcutânea, Intramuscular, Intravenosa ou Endovenosa. Além dessas, também é possível citar: Intra-arterial (ex: tratamento de carcinomas, drogas vasodilatadoras e drogas trombolíticas), Intra Cardíaca (ex: adrenalina), Intra Araquídea (ex: via subaracnóidea- intratecal), Intraperitoneal, Intra-Óssea, Intra- Articular e Intra Sinovial. ➢ Via intradérmica - Via muito restrita, utilizada para pequenos volumes (de 0,1 a 0,5 ml) - Usadas para reações de hipersensibilidade: Provas de ppd (tuberculose), Schick (difteria), sensibilidade de algumas alergias, fazer dessensibilização e auto vacinas,, aplicação de BCG (vacina contra tuberculose na inserção inferior do músculo deltoide). ➢ Via Subcutânea - A medicação é introduzida na tela subcutânea ( tecido subcutâneo ou hipoderme). - Absorção lenta, através dos capilares, de forma contínua e segura. - Usada para administração de vacinas (anti-rábica e anti-sarampo), anticoagulantes(heparina) e hipoglicemiantes ( insulina - Volume máximo de 3ml. ➢ Via Intramuscular - Via muito utilizada, devido absorção rápida - Músculo escolhido deve ser bem desenvolvido, ter facilidade de acesso, não possuir vasos de grande calibre e não ter nervos superficiais no seu traje. - O volume injetado varia de acordo com a região escolhida: Região Deltóidea ( de 2 a 3 ml), Região Glútea ( de 4 a 5 ml) e Músculos da Coxa ( de 3 a 4 ml). ➢ Via Endovenosa - Introdução de medicação diretamente na veia. - Aplicação em membros superiores, evitando as articulações. O melhor local é a face anterior do antebraço, geralmente o esquerdo. - É indicado quando à necessidade de ação imediata do medicamento; de injetar grandes volumes; introdução de substâncias irritantes de tecidos. 4. Tópica Refere-se a aplicação de substâncias ativas diretamente na pele, ou em áreas de superfícies de feridas, com efeito local, tais como, pomadas, cremes, sprays, loções, colutórios, pastilhas para a garganta. 5. Via Respiratória inalatória ou Pulmonar. São fármacos administrados de forma que o princípio aja no trato respiratório, como a nebulização e vaporização (a partir do aparelho nebulizador). Diferenças na absorção de fármacos. DISTRIBUIÇÃO Após ser absorvido o fármaco poderá se apresentar na sua forma livre ou ligada a alguma proteína, onde será distribuído para o local de ação terapêutica, reservatórios teciduais, locais de ação inesperada, metabolismo ou excreção. Um dos mecanismos a serem analisados na distribuição é a perfusão sanguínea, ou seja, volume de sangue que provém do coração. Como mostrado abaixo, quanto maior a perfusão sanguínea do órgão, maior a distribuição do fármaco. O padrão do equilíbrio de distribuição entre diversos compartimentos depende da: - Permeabilidade através das barreiras teciduais. - Ligação dentro dos compartimentos. - Partição pelo Ph. - Partição óleo/água. ● Ligação do fármaco às proteínas Somente a fração livre do fármaco sofrerá o processo de distribuição, pelo fato do fármaco ligado às proteínas plasmáticas não conseguirem atravessar as barreiras celulares. Quanto menor a distribuição e/ou menor metabolismo, maior será o tempo de ação do fármaco. A quantidade de um fármaco que se liga às proteínas vai depender de três fatores: - Concentração do fármaco livre. - Afinidade do fármaco pelos locais de ligação - Concentração dasproteínas. Normalmente, as drogas ácidas possuem maior afinidade com a albumina e drogas básicas com a alfa-l-glicoproteína ácida. Em relação aos tecidos, existem 4 tipos diferentes: - Suscetíveis: Sofrem ação farmacológica. - Ativos: Metabolizam o fármaco - Indiferentes: Reservatórios temporários. - Emunctórios: Excretam o fármaco. ● Volume de Distribuição 1. Volume real: Distribuição por todos os líquidos do organismo. É o volume de fato do fármaco que o tecido recebe. 2. Volume aparente: .Relação da [] dos tecidos e a [] sanguínea. Drogas lipossolúveis apresentam facilidade de passar pelas membranas plasmáticas e se concentram mais nos tecidos, apresentando em um maior volume aparente; já as drogas ligadas a proteínas apresentam um baixo volume aparente. O volume aparente pode sofrer alterações dependentes da droga ou do paciente, como representado abaixo: OBS: É importante lembrar que a distribuição muda com a idade, sendo a análise da distribuição pediátrica e geriátrica necessária no momento do tratamento. ● Sistemas especiais de liberação dos fármacos. - Microesferas biologicamente erosivos: Microesferas de polímeros projetadas para aderir ao epitélio da mucosa do trato digestivo contendo o fármaco e facilitando a absorção. ainda não possui teste clínico. - Pró - Fármacos: Representam precursores do princípio ativo que, quando metabolizados, se ativam e exercem seus efeitos. - Conjugados anticorpo-fármaco: Consiste em ligar o fármaco a um anticorpo direcionado contra um antígeno específico do tumor, que se ligam seletivamente às células tumorais. - Acondicionamento em lipossomas: Fármacos encapsulados em cápsulas de lipossomas até sua ruptura, principalmente no fígado. ● Distribuição a sítios especiais ( barreiras anatômicas) 1. Barreira Hemato-encefálica O cérebro e medula espinhal são protegidos da exposição a uma diversidade de substâncias. Esse fenômeno ocorre devido às junções muito apertadas entre as células capilares endoteliais e devido aos processos gliais altamente resistentes que cercam os capilares. Consequentemente, o cérebro é inacessível para a maioria dos fármacos, incluindo antineoplásicos e alguns antibióticos como os aminoglicosídeos. Entretanto, a inflamação pode pode romper a integralidade da barreira permitindo a entrada de alguns fármacos (como a penicilina em casos de meningite bacteriana). 2. Barreira Placentária - Vasos sanguíneos do feto- revestidos por uma única camada de células - Atravessa a maioria das drogas- Retardo na transferência para o feto ( 10 - 15 min ara o equilíbrio mãe/filho. - Plasma fetal é ligeiramente mais ácido que o materno, aumentando o resultando em uma maior risco de aprisionamento iônico para fármacos básicos. ● Armazenamento das drogas - Associação das drogas a elementos teciduais. - Tecidos mais comumente envolvidos: Tecido ósseo e adiposo - Formação de depósitos - Prolongamento do efeito. Fluor, chumbo e tetraciclinas se armazenam no tecido ósseo durante a fase de mineralização; e Anestésicos gerais e inseticidas se armazenam no tecido adiposo. ➢ Consequências da formação de depósitos - Manutenção das concentrações plasmáticas - Reduzem as concentrações plasmáticas iniciais - Prolonga o tempo de ação dos fármacos. METABOLISMO Biotransformação de fármacos ou metabolismo são mecanismos enzimáticos complexos que tem como objetivo inativar compostos endógenos ativos(hormônios, enzimas, neurotransmissores, etc) e eliminar substâncias estranhas ao organismo (xenobiótico) Os fármacos sofrem processos de biotransformação no fígado (principal), pulmões, rins e adrenais, principalmente. OBS: O metabolismo pode ser responsável pela inativação, ativação ou promover potenciação de certos compostos. As principais reações químicas referentes ao metabolismo são: 1. Oxidação 2. Redução 3. Hidrólise: 4. Conjugação ● Desfecho do processo de biotransformação 1. Término da ação de um substância: Detoxificar; Inativar compostos 2. Facilitar a excreção: Formação de produtos mais polares e menos lipossolúveis para facilitar o processo e excreção. 3. Ativação de drogas originalmente inativas; alterar o perfil farmacocinético(facilitar a distribuição, por exemplo); formar metabólitos ativos. ● Fases do metabolismo Alguns fármacos podem possuir uma hidrossolubilidade que permitem sua excreção sem passar pelas fases 1 e 2, porém não é comum. ➢ Reações de fase 1 - Nesta fase o fármaco sofre processo de Oxidação, Redução ou Hidrólise, podendo ou não ser direcionado para a Fase 2. O fator determinante será a sua hidrossolubilidade que, se alcançada no final desta fase, irá promover a excreção direta. - São reações catabólicas - Produzem grupos reativos (OH, COOH e NH2) que podem ser mais tóxicos que o fármaco original.Esses grupos reativos servem de ponto de ataque para as reações de conjugação, como a ligação do ácido glicurônico. ➢ Reações de fase 2 - Representa a fase que o fármaco sofre reação de conjugação com o intuito de aumentar sua hidrossolubilidade. - São reações anabólicas (também conhecidas como reação de síntese). Na maioria das vezes ocorre a adição do ácido glicurônico, como no esquema da metabolização da aspirina abaixo. - Resultam em compostos inativos No esquema acima, o ácido acetilsalicílico (aspirina) sofre um processo de hidroxilação na fase 1, quebrando o composto acetil e introduzindo a hidroxila, derivando o Ácido salicílico. O ácido salicílico irá sofrer um processo de conjugação com o ácido glicurônico que irá facilitar sua eliminação. ● Reações Oxidativas As reações oxidativas, de biotransformação podem ser de dois tipos: 1. Não microssômicas: Ocorrem no citosol ou na mitocôndria 2. Microssômicas: Ocorrem no retículo endoplasmático liso. - Envolvem a participação do Citocromo P450, Ferro, NAD (dinuclotídeo nicotinamida adenina), Flavoproteina e Oxigênio. ● Citocromo P450 - Principal mecanismo para metabolização de produtos endógenos e xenobióticos - Importante fonte de variabilidade inter-individual no metabolismo da droga - Relacionado a efeitos tóxicos de determinados fármacos - Envolvido no mecanismo de interação entre as drogas. - Existem variações importantes entre as espécies na expressão e na regulação das enzimas P450. Essas variações devem ser analisadas para escolha de espécies que serão utilizadas para testes de novos fármacos destinados à humanos. Essas variações também ocorrem entre indivíduos da mesma espécie atraves de polimorfismos, campo de estudo da farmacogenêtica. ➢ Indutores do Citocromo P450 - São compostos que induzem a atividade de enzimas do CYP450, portanto aumentam a velocidade da excreção de xenobióticos. Dessa maneira, a biodisponibilidade é menor. - Na presença de um indutor 1. Aumenta a atividade da enzima CYP 2. Aumenta a velocidade do metabolismo so substrato 3. Aumenta a velocidade de Excreção 4. Diminui a concentração de substrato no sangue. ➢ Inibidores do Citocromo P450 - São compostos que inibem a atividade de enzimas do CYP450, portanto diminuema excreção de xenobióticos. Dessa maneira, a biodisponibilidade é maior. - Na presença de um Inibidor 1. Diminui a atividade da enzima 2. Diminui a velocidade do metabolismo do substrato 3. Diminui a velocidade de excreção 4. Aumenta a concentração do substrato no sangue. ● Meia vida plasmática Uma propriedade diretamente relacionada ao metabolismo é a Meia Vida Plasmática que representa o tempo necessário para que a quantidade original da dose seja reduzida à metade. EXCREÇÃO A eliminação representa a saída do fármaco quimicamente inalterado ou seus metabólitos do organismo. ● Vias de Eliminação ➢ Rim Filtração glomerular: - Corresponde a quase 20% de todo o processo de excreção - Filtram moléculas com peso menor que 20.000 Da. - Albumina não é filtrada. Medicamentos com forte ligação com a albumina terão apenas a sua porção livre filtrada e excretado. Secreção tubular ativa - Substâncias que não sofreram filtração - Mecanismos de transporte ativo (diferente para substâncias ácidas e básicas) - Excreta de fármacos ligados a proteínas Interação medicamentosa Reabsorção tubular passiva Difusão através do túbulo renal ➢ Trato biliar e circulação êntero-hepática - As células hepáticas transferem diversas substâncias do plasma para a bile - Vários conjugados hidrofílicos de fármacos são concentrados na bile e levados para o intestino, onde o glicuronídeo é hidrolisado, liberando o fármaco ativo novamente - O fármaco pode ser reabsorvido, criando um “reservatório” de fármacos na circulação entero-hepática que corresponde até a 20% dos fármacos do organismo. ➢ Outras vias: ar expirado, saliva, leite, suor ● Influência do ph na eliminação de fármacos “[A]Depuração do fenobarbital no cão em função do fluxo urinário. Como o fenobarbital é ácido, a alcalinização da urina aumenta sua eliminação em cerca de cinco vezes. [B] Eliminação da anfetamina em seres humanos. A acidificação da urina aumenta a velocidade de eliminação renal da anfetamina, reduzindo sua concentração plasmática e seus efeitos no estado mental do paciente” FARMACODINÂMICA É o estudo dos efeitos fisiológicos e bioquímicos das drogas e dos mecanismos de ação. Irá trabalhar: - Local de ação - Mecanismos de ação - Efeitos terapêuticos e tóxicos Considerando um dado medicamento: - Sua ação biológica depende essencialmente de sua estrutura química - Ligam-se aos receptores formando um complexo. Este será responsável pela alteração do funcionamento celular. - Ex: Alguns anti-hipertensivos causam relaxamento dos vasos sanguíneos e diminuição da pressão arterial. ● Produção resposta terapêutica na célula? Este processo é denominado Transdução de Sinal . Responsável por transformar o efeito farmacológico em um efeito fisiológico na célula. Etapas da transdução de sinal: Característica da transdução de sinal 1. Especificidade A molécula sinalizadoras se encaixa no sítio de ligação do receptor complementar. Outros sinais não se encaixam. 2. Amplificação Quando enzimas ativam enzimas, o número de moléculas afetadas aumenta geometricamente na cascata enzimática. Um exemplo deste mecanismo é o processo da adrenalina. Quando 1x molécula é captada pelos receptores das membranas, ativam uma cascata que irá resultar em 10.000x moléculas de glicose. 3. Dessensibilização/ Adaptação A ativação do receptor dispara um circuito de retroalimentação que desliga o receptor ou o remove da superfície celular. 4. Integração Quando dois sinais apresentam efeitos opostos sobre uma característica metabólica, como, por exemplo, a concentração de um segundo mensageiro X ou o potencial de membrana Vm, a regulação é consequência da ativação integrada dos dois receptores. A resposta terapêutica será o somatório dos efeitos de ambos os sinais. ● Alvos terapêuticos 1. Receptores Na maior parte das vezes, os receptores são proteínas, agrupamentos de aminoácidos. Estes possuem diferentes grupos químicos, principalmente na parede lateral, como grupamentos hidroxilas,sulfidrilas, aminas, hidrofóbicos e outros. Como isso, os grupos químicos do fármaco necessitam interagir com o grupo químico do receptor.Pode gerar duas interações distintas: ● Interações eletrostáticas ● Interação de Van der Walls 2. Transportadores 3. Enzimas 4. Parede/Membrana celular 5. Genes ● Ação e Efeito ➢ Ação da droga: Combinação da droga com seu receptor ➢ Efeito da droga: Consiste na alteração final da função biológica, consequência da ação da droga. Tipos de efeito: 1. Estimulação: Aumento da atividade celular (Ex. Adrenalina estimula glândulas salivares). 2. Depressão: Redução da atividade celular (Ex: Barbitúricos deprimem o SNC) 3. Irritação: Efeito lesivo sobre células (Ex: Ácidos Irritam a mucosa gástrica) 4. Reposição: Acrescentar moléculas ausentes ou deficientes (Ex: Insulina no diabetes) 5. Citotóxica: Destruição seletiva de células (Ex: Antibióticos destruindo bactérias) ● Dose Quantidade adequada de uma droga que é necessária para produzir certo grau de resposta em determinado paciente A dose de uma droga deve ser determinada em termos de resposta escolhida. Ex: - Dose análgésica de Aspirina: 0,3 a 0,6g. - Dose anti-inflamatória da Aspirina: 3 a 6g/ dia ➢ Tipos de doses - Dose terapêutica - Dose profilática - Dose tóxica ● Afinidade Descreve a tendência de uma droga para combinar-se com um tipo particular de receptor.As substâncias químicas que possuem afinidade por um dado receptor podem ser classificadas como: agonista ou antagonista ● Eficácia - Representa a capacidade de gerar um efeito. Efeito máximo: Agonista pleno ou total Efeito parcial: Agonista parcial Nenhum efeito: Antagonista ● Potência A concentração efetiva 50 (CE50) é usada para determinar/medir a potência de um fármaco. Representa a concentração em que produz 50% de sua resposta máxima A-. A potência ativa de dois agonistas obtida no mesmo tecido é uma função das suas afinidades relativas e eficácias intrínsecas. A EC50 do fármaco X ocorre em uma concentração de um décimo da EC50 do fármaco Y. Portanto, o fármaco X é mais potente que o fármaco X B- Nos sistemas em que os dois fármacos não produzem a resposta máxima característica do tecido, a resposta máxima observada é uma função não linear de suas eficácias intrínsecas relativas. O fármaco X é mais eficaz do que o fármaco Y; as respostas percentuais das assíntotas são de 100% (farmaco X) e 50% (fármaco Y) ● Agonista - Agonista totais/pleno: Produzem resposta máxima por ocupar todos os receptores ou parte deles - Agonista parcial: Não desencadeiam resposta máxima resposta mesmo quando ocupam todos os receptores. - Agonista inativo: Não produz respostas - Agonista inverso: Produz efeitos completamente contrários ao agonistas plenos. ● Antagonistas - Impedem que os agonistas se liguem ao receptor Antagonistas competitivos: Se ligam no mesmo sítio do agonista no receptor((ligação reversível). Grandesquantidades de agonistas podem promover o efeito desejado. Antagonista não competitivo: Se ligam no mesmo sítio do agonista no receptor (ligação irreversível) Antagonistas alostéricos: Se ligam num sítio alostérico e impedem que o agonista se ligue ao receptor. ● Curva Dose Resposta Representa o efeito observado de um fármaco em função da sua concentração no compartimento receptor. É uma curva onde se adiciona concentrações crescentes do agonista e mede-se a resposta terapêutica.Serve, principalmente na comparação entre os fáramcos, entre potência, eficácia e outros. Pode ser feita de duas maneiras: Indivíduos-Gradual: Resposta mais intensas à medida que se aumenta a dose. Ex: Aumento de pirose com aumento da dose do anti-inflamatório. População- Quântica: A porcentagem da população com a resposta aumenta com o aumento da dose. Ex: Aumento da frequência de pirose na população com o aumento da dose do anti inflamatório. ● Índice terapêutico É a relação entre a dose letal 50(DL50) e a dose efetiva 50(DE50). Quantifica a segurança do fármaco.
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