Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.25, p.69-84, nov. 2011. Suplemento n.6. • 69 XI Seminário de Educação Física Escolar: Saberes Docentes MASCULINIDADES E FEMINILIDADES NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: APRENDENDO COM OS SUJEITOS FONTES, J.C.M. jcmfonte@yahoo.com.br Universidade Federal de Minas Gerais MULTICULTURALISMO E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: DESAFIOS E POSSIBILIDADES SANTOS, A.P.S.; GUIMARÃES, A.L.F.; FORMOSO, F.G. apss.sol@gmail.com Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio de Janeiro F u n d a m e n to s d a E d u ca çã o F ís ic a E sc o la r001 002 O presente trabalho propõe pensar, a partir das contribuições dos estudos das teorias da aprendizagem social, os modos de aprendizagem de meninos e meninas, dos (as) jovens, na constituição/construção de masculinidades e feminilidades realizadas em comunidades de prática, ou seja, nos contextos das aulas de Educação Física na escola. Este processo é um empreendimento coletivo levado adiante por e em diversos grupos sociais. Aprender masculinidades e feminilidades em comunidades de prática é aprender sentidos de se relacionar com o mundo, com as pessoas e com os objetos que as cercam, uma condição intrínseca para a existência do conhecimento, porque minimante representa/proporciona um suporte interpretativo necessário para sustentar a sua herança na estrutura da prática social, as relações de poder e suas condições de legitimidade que defi nem as possibilidades para a aprendizagem. Por isso, o conhecimento sobre as mulheres é necessariamente o conhecimento sobre os homens, um implica no estudo do outro, um faz parte do mundo do outro. E, as aprendizagens sobre o(s) masculino(s) e o(s) feminino(s) realizadas nas aulas de Educação Física na escola nos mostram que este é tempo/espaço propicio para o conhecimento destas relações sociais cotidianas, onde algo se aprende, nas circunstâncias do que é constantemente mostrado, (re) produzido e (re) confi gurado. E, ainda, retratar não apenas o que somos, mas o que fazemos, como nos apresentamos, como pensamos sobre nós próprios em tempos diversos e lugares específi cos. Vários estudos apontam mudanças signifi cativas no que se refere à diversidade de tradições políticas, étnicas, sociais, religiosas e de gênero confi gurando identidades plurais que se expressam nas distintas esferas sociais. Neste sentido, o multiculturalismo refere-se à compreensão da sociedade formada por identidades plurais, com base na diversidade de classe social, gênero, etnia, raça, padrões culturais e linguísticos, assim como outros marcadores identitários. A educação física, neste contexto, assume papel privilegiado e transformador na educação escolar, da educação infantil ao ensino médio em que a linguagem corporal se destaca em relação a outros tipos de linguagem, onde as relações estabelecidas através dos jogos, esportes, brincadeiras e outros conteúdos da cultura corporal de movimento permitem perceber o ser humano em sua totalidade sem as imposições determinadas pelas salas de aula. Nesse sentido, este estudo pretende investigar, através de uma análise bibliográfi ca, o campo do multiculturalismo e suas contribuições para a educação física escolar, apresentando desafi os e algumas possibilidades de intervenção no ensino básico. Ao articular a discussão em torno do multiculturalismo com a educação física escolar, os autores argumentam que entender a escola como espaço multicultural possibilita não só repensá-la como local de efetivação da justiça curricular, mas também um campo de valorização da diversidade e combate a preconceitos. Assim, as atividades realizadas em uma aula de Educação Física não podem ser fragmentadas no sentido de perder seu signifi cado social e cultural, mas que se estruturem em função de uma intencionalidade como forma de expressão. Ao integrar o estudo da etnia, da classe social e de gênero na produção de conhecimento da Educação Física, ocorre a valorização de identidades culturais plurais em detrimento de interesses particulares de determinado grupos. 70 • Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.25, p.69-84, nov. 2011. Suplemento n.6. XI Seminário de Educação Física Escolar: Saberes Docentes 003 004 O PROFESSOR E OS PROCESSOS DE REFLEXÃO: ENXERGANDO INVISÍVEIS, (RE) CONSTRUINDO A PRÁTICA PEDAGÓGICA FUZII, F.T. fb_tomio@yahoo.com.br Prefeitura Municipal de Jundiaí O trabalho é fruto da refl exão de um professor de Educação Física do município de Jundiaí sobre sua prática docente. Com uma refl exão sobre a ação, evidenciou que em sua prática alguns alunos não estavam tão visíveis (invisíveis) quantos outros no sentido de percebê-los durante as aula e/ou planejamento e avaliação. Assim, emergiram algumas perguntas: “Quem são esses alunos invisíveis? Como eles surgem durante as aulas? O que pode ser feito para não provocar invisibilidade?”. Mediante aos questionamentos, objetivou-se identifi car, por meio de processos de refl exão, indicativos de quem são esses alunos, como eles aparecem e possibilidades de transformação do processo ensino-aprendizagem. Escolheu-se 1 escola, 2 dias de aula e 3 turmas para seguir os seguintes processos de refl exão: a) Descrever: O que faço?; b) Informar: O que signifi ca isto? Qual o signifi cado das minhas ações?; c) Confrontar: Como me tornei assim? Como cheguei a agir dessa forma?; d) Reconstruir: Como posso fazer diferente? Como posso me transformar?. Ao fi nal, terminado o item “Reconstruir”, percebeu- se que a invisibilidade e o silenciamento se potencializam: ao centralizar as aulas no professor, necessitando de momentos de quebra dessa estrutura, estimulando a autonomia, para não fi car presa à subjetividade e ao limite do olhar do professor; se não houver uma atenção a gama de manifestações da cultura corporal trazida na escola, para não restringir os conteúdos a apenas a uma parcela de alunos e ocultar as demais; e, principalmente, se não houver uma mudança do olhar do professor, procurando enxergar aqueles alunos ocultados ou que simplesmente não aparecem nos momentos de aula, seja por timidez ou por não conversar com as práticas ali trabalhadas. Com o termino desse relato de experiência fi ca evidente a importância de uma prática refl exiva por parte do professor para que constantemente esteja superando os desafi os no dia-a-dia da escola. Identifi cando o jogo como fenômeno cultural e por meio de uma perspectiva histórica, procuramos apresentar os Jogos Indígenas como um dos conteúdos possíveis ao ensino da Educação Física escolar. Nesse contexto, faz-se necessário o debate da interculturalidade e do reconhecimento do diferente como legítimo Outro na formação do professor, sobretudo o da educação básica. Relevante também é o esclarecimento de que vivem no país mais de 220 etnias indígenas, com cosmologias particulares, línguas e maneiras específi cas de sentir/pensar/agir no mundo. Assim, torna-se importante identifi car em eventos como o XI Jogos dos Povos Indígenas do Brasil – cuja dinâmica vai ao encontro da celebração e da evidência das tradições ameríndias – as possibilidades de problematizar o movimento, o conhecimento de si mesmo, as limitações e potencialidades do corpo e os conceitos fi siológicos, transpondo-os para as aulas de Educação Física. Tal componente pedagógico, de acordo com a perspectiva desta pesquisa, é uma prática que se pretende instauradora do confl ito e das negociações de sentidos. O presente estudo é parte do trabalho desenvolvido no Núcleo de Estudos e Tradições Indígenas e Relações Étnico-raciais, vinculadoao Programa de Pós-Graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares (PPGEduc), da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), e tem como ponto de partida o fato de que há muito o que desfazer (descolonizar) acerca dos mitos da formação da cultura brasileira. OS JOGOS DOS POVOS INDÍGENAS DO BRASIL COMO CONTEÚDO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR COUBE, R.J.; MONTEIRO, A.J.J. belcoube@hotmail.com Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro; CAPES F u n d a m e n to s d a E d u ca çã o F ís ic a E sc o la r Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.25, p.69-84, nov. 2011. Suplemento n.6. • 71 XI Seminário de Educação Física Escolar: Saberes Docentes Em meio a tantas discussões e refl exões a respeito do corpo na atualidade, percebemos que a Educação Física ainda se mostra muito incipiente neste contexto, especialmente mero naturalismo da vida e do mundo. O papel da Educação Física diante dos signifi cados ditados ao corpo contemporâneo se mostra ainda elementar, justifi cando a relevância de estudos no trato com o corpo e seus diversos signifi cados. Por apresentar várias identidades ao corpo, como por exemplo, a perspectiva dualista, controladora, biológica, expressiva e da totalidade, a Educação Física, se sujeita e submete o corpo ao de revisão que (re) pensem e refl itam sobre o corpo enquanto ser social, histórico e cultural. O presente estudo teve como intuito investigar, discutir e dialogar com diferentes autores da área os signifi cados do corpo na contemporaneidade, e para, além disso, apontar o papel da Educação Física frente a este cenário. Realizamos uma pesquisa de cunho bibliográfi co, cujo enfoque metodológico dado foi de natureza qualitativa, que se caracteriza, principalmente por trabalhar com o universo dos signifi cados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes (MINAYO, 2008). Diante do exposto, percebemos que o trato com corpo na área da Educação Física, de certa forma, ainda se mostra elementar em muitos aspectos. Notamos que através das análises das produções teóricas dos autores mencionados no texto existem vários signifi cados de corpo na atualidade, tais como mercadológico, oprimido, controlado, adestrado, objeto, dualista, desfi gurado, entre outros. Desta forma, percebemos os grandes desafi os a serem enfrentados não só no campo teórico da Educação Física, mas também no cotidiano escolar.. Devemos resgatar o sentido do corpo que se movimenta, que se expressa, que dialoga, que se comunica, mas principalmente que sente os prazeres do mundo, assim como a ele próprio. 005 006 OS SIGNIFICADOS DO CORPO CONTEMPORÂNEO: LIMITES E DESAFIOS PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA AGUIAR, P.K.M.; BOTTI, M. priscilakarine@uol.com.br Universidade Federal de São João Del-Rei F u n d a m e n to s d a E d u ca çã o F ís ic a E sc o la r PERCEPÇÃO DE UNIVERSITÁRIOS SOBRE A CAPOEIRA NO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA SOUZA, M. K. mks_gtr@hotmail.com Universidade de Mogi das Cruzes Esta pesquisa teve como objetivo identifi car a inserção da capoeira como conteúdo programático na grade curricular de cursos de Educação Física. Foram sujeitos da pesquisa sessenta alunos de ambos os gêneros, de três Instituições de Ensino Superior, categorizados em três grupos com vinte participantes em cada grupo, identifi cados como G1, G2 e G3, com idade entre 18 e 40anos, universitários, não praticantes de capoeira. Para a coleta dos dados foi utilizado um questionário misto composto com sete questões de múltipla escolha, dentre as mesmas, algumas solicitavam justifi cativa para a alternativa assinalada. Verifi cando a inserção da capoeira como componente curricular, fi cou demonstrado que 40% dos cursos não têm a disciplina na grade curricular e que 26,6% contemplam a capoeira como disciplina. Concluiu- se que as instituições de ensino superior não contemplam a capoeira como disciplinas nos cursos de Educação Física, não podem classifi car isso como preconceito, entretanto vale uma refl exão para sua importância como conteúdo formativo de um futuro profi ssional da área. Sugerimos que esta análise seja feita pelos órgãos ofi ciais de educação para que a capoeira seja inserida, como componente curricular obrigatório nas aulas de Educação Física do ensino básico. Desta forma estaríamos consolidando o conhecimento desta cultura corporal de lutas, com a formação teórica e as experiências das práticas corporais. 72 • Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.25, p.69-84, nov. 2011. Suplemento n.6. XI Seminário de Educação Física Escolar: Saberes Docentes O pique bandeira é um dos jogos tradicionais mais utilizados na Educação Física Escolar. Porém, não se encontram trabalhos utilizando este jogo como objeto de estudo. Baseado em experiências práticas de professores da rede pública municipal da Estância de Atibaia, foram relacionadas diferentes variações do pique bandeira com os domínios do comportamento humano. O pique bandeira tradicional consiste em dois times onde cada equipe possui o seu campo e uma área livre na qual se encontra a Bandeira. O objetivo é capturar a bandeira do time oposto, e trazê-la ao seu território. Jogadores do time oposto podem ser pegos no campo adversário e fi carão parados até que alguém de seu time o toque. O jogo tradicional prioriza o domínio motor, enfocando as habilidades de locomoção. Uma das variações do jogo utiliza a iniciação esportiva de maneira lúdica, inserindo movimentos de diferentes esportes no pique bandeira, através da substituição da “bandeira” por bola (s). Desta forma, os jogadores passarão a bola (handball, rúgby...), ou ainda deverão cruzar para seu campo e acertar a cesta. Estas variações continuam a priorizar o desenvolvimento motor, porém utilizam habilidades de locomoção e manipulação. Outro grupo de variações é utilizado no pique bandeira. Há versões onde criam-se quatro times, dividindo a quadra em 4 campos. Na primeira versão cada time deve capturar a bandeira de qualquer adversário. Na segunda versão as equipes devem capturar a bandeira de um time específi co. Na terceira, cada time possui várias bandeiras, onde cada equipe deve pegar uma quantidade específi ca de bandeiras e um número pré-estabelecido de jogadores do adversário. Esta última forma de se jogar o pique bandeira utiliza de complexas estratégias de jogo, dando ênfase ao domínio cognitivo. O pique bandeira é um jogo cheio de possibilidades, basta defi nir seus objetivos e sistematizar a sua prática. A educação física, diferentemente da maioria das disciplinas escolares, não tem por tradição sistematizar os conteúdos, fato que se deve mais às características históricas, limitada à atividade prática, do que por escolhas baseadas em estudos. Assim, nos interessamos por saber como licenciandos em educação física se apropriam da sistematização dos conteúdos e objetivamos identifi car e analisar o entendimento, aceitação e critérios por eles adotados para sistematizar conteúdos na educação básica. Os dados foram coletados pelo método de grupo focal, envolvendo três alunos do último semestre do curso, que haviam desenvolvido uma proposta de sistematização dos conteúdos para a educação básica, como tarefa requisitada na disciplina denominada metodologia do ensino da educação física. A proposta foi elaborada após realizarem estudos e debates sobre o assunto, num período de cinco semanas, no segundo semestre de 2010, em uma instituição de ensino superior privada na cidade de São Paulo. Comoresultados, os discentes conceituaram claramente sobre sistematização, relatando serem favoráveis e entendendo que não deva representar um “engessamento” da prática pedagógica. Os critérios mais usuais pelos estudantes na seleção dos conteúdos foram baseados nos princípios da diversidade e das dimensões dos conteúdos, superando o critério da “afi nidade” por determinada prática corporal, tão comum na educação física tradicional. Para isso, recorreram principalmente aos conceitos e experiências adquiridas anteriormente nas diversas disciplinas do curso e refl exões sobre situações presenciadas nos estágios, além de leituras complementares. Reconheceram terem encontrado difi culdades e insegurança para selecionarem conteúdos para cada ano escolar e apontaram terem percebido carência na literatura de sugestões de critérios mais claros e detalhados para sistematização, não crendo que apenas a experiência profi ssional lhes suprirá tais limitações. Percebemos coerência e avanços na apropriação sobre sistematização por parte destes futuros professores, reforçando nossas expectativas de inovações nas práticas pedagógicas em educação física. 008 007 SISTEMATIZAÇÃO DE CONTEÚDOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA: A VISÃO DE PROFESSORES EM PROCESSO DE FORMAÇÃO INICIAL BARROS, A.M. andreminuzzo@terra.com.br Universidade Nove de Julho PIQUE BANDEIRA E OS DOMÍNIOS DO COMPORTAMENTO HUMANO SILVA, L.S.; SANTOS, S.S.; DE ANDREA, M.R.; ALVIM NETTO, C.A. lucascaronesilva@gmail.com Secretaria de Educação, Prefeitura da Estância de Atibaia F u n d a m e n to s d a E d u ca çã o F ís ic a E sc o la r Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.25, p.69-84, nov. 2011. Suplemento n.6. • 73 XI Seminário de Educação Física Escolar: Saberes Docentes Quando o assunto é Tecnologia da Informação e Comunicação, (TIC’s) a maioria das pessoas pensa em computadores, televisores de última geração, robôs, hardware e software avançadíssimos que possam realizar qualquer tipo de atividade. Curiosamente, no entanto, quando o assunto é vídeo game, podemos perceber certa ridicularização do uso do mesmo no universo escolar, equipamento adorado por crianças e adolescentes e que a cada dia atrai mais e mais pessoas pela sua variedade de jogos e imensa possibilidade de interatividade. Independentemente do tipo de tecnologia, é pertinente refl etir como o uso das TIC’s pode potencializar o aprendizado dos conteúdos escolares. Assim podemos perguntar: Qual a importância do uso das TIC’s na disciplina de Educação Física; Por que o professor de Educação Física deve utilizar as TIC’s? O presente estudo tem por objetivos: Discutir o uso das TIC’s na Educação Física escolar e analisar as expectativas e o signifi cado do uso do vídeo game na Educação Física escolar sob a perspectiva docente. Um professor de Educação Física da rede publica e privada de São Paulo onde realiza atividades com vídeo game em sua aula. Optamos por uma pesquisa de natureza qualitativa, notadamente um estudo de caso e como técnica de coleta de dados, escolhemos a entrevista semi-estruturada, os dados coletados através das entrevistas serão apresentados e discutidos a partir da estratégia de análise de discurso. Como produto da pesquisa defi nimos as seguintes categorias; realidade dos alunos; expectativa do professor; uso do vídeo game na aula e motivos para usar TIC’s na aula. Logo podemos concluir que As TIC’s estão totalmente integradas no cotidiano dos alunos que possibilita dinamismo na troca de informações. Logo, professor ganha um papel de extrema importância: trazer as TIC’s para o universo escolar, aproveitando a experitse dos próprios alunos, para enriquecer o aprendizado em aula. 009 010 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: O USO DO VIDEO GAME NA PERSPECTIVA DOCENTE LIMA, G. gui_lherme.lima@hotmail.com Universidade Presbiteriana Mackenzie F u n d a m e n to s d a E d u ca çã o F ís ic a E sc o la r UM OLHAR SOBRE AS RELAÇÕES INTERCULTURAIS: O MOVIMENTO COMO SUPORTE DO PENSAMENTO REMONTE, J.G. jgremonte@ig.com.br Universidade Nove de Julho Independente das diferenças de abordagem, Piaget, Vygotsky e Wallon parecem concordar com o fato de que as primeiras relações da criança com o mundo baseiam-se nos sentidos e que os gestos precedem as linguagens codifi cadas. Conforme vai-se desenvolvendo a capacidade de simbolização, dizem, o gesto perde sua importância relativa na representação gráfi ca e falada, mas persiste no que pode ser chamado de jogo simbólico, imitação na ausência, imitação retardada ou, simplesmente, o brincar. Tal ideia, pelos nomes envolvidos, é aceita sem contestações por quase todos os profi ssionais da educação. Ocorre que a cultura afrobrasileira nos mostra que não existe uma obrigatória linearidade na relação entre o movimento e a representação simbólica, entre o gesto e a palavra. Apesar das circunstâncias adversas em que se desenvolveu, essa cultura conservou e transmitiu fortes traços de suas origens africanas ou se apropriou de elementos da cultura dominante transformando-os à sua maneira, ora pela necessidade de se manter/construir uma identidade cultural, ora para se proteger da repressão do branco, em ações muito inteligentes fi rmemente ancoradas no movimento. Exemplos desse processo são o futebol, o carnaval, oriundos da Europa, aos quais os negros acrescentaram magnífi cas contribuições, e a capoeira, uma provável derivação das danças ancestrais que se confi gura como uma formidável combinação de utilitarismo, ludicidade, didatismo e ritualismo. Assim, levantamos a hipótese de que a ideia de evolução linear do gesto à palavra está impregnada de um eurocentrismo que valoriza a palavra, em detrimento do gesto, considerado como forma inferior de comunicação, em atitude tradicionalmente dicotômica e preconceituosa, que não considera contribuições de outros povos como valiosas ao patrimônio cultural da humanidade. Entendemos, também, a partir dessas conjecturas, que o movimento pode, em importância comparável à da palavra, servir de suporte para o desenvolvimento do que vem sendo chamado de pensamento ou, até, de inteligência. 74 • Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.25, p.69-84, nov. 2011. Suplemento n.6. XI Seminário de Educação Física Escolar: Saberes Docentes F u n d a m e n to s d a E d u ca çã o F ís ic a E sc o la r Assim como se concebe o homem dividido em corpo e mente, o conhecimento também se apresenta cada vez mais separado, disjunto. Dessa forma o paradigma da simplifi cação torna-se mais forte, mais fechado, menos humano, menos planetário. Com a Educação Física essa situação não é diferente, pois a falta da união do conhecimento também se encontra em sua história, criando confl ito, tensão, e, por vezes, a fragmentação do próprio corpo, o que gera uma atuação sem signifi cado e descontextualizada. Deste modo, a partir da forma de pensar chamada de complexidade, este trabalho tem o objetivo de buscar respostas que auxiliem a ultrapassagem das barreiras que bloqueiam as ações dos professores de educação física na direção de um conhecimento complexo. Assim, optamos por uma pesquisa bibliográfi ca que fornecesse a base teórica para o entendimento do que seja o pensamento complexo utilizando a obra de Edgar Morin, abrindo uma discussão sobre algumas possibilidades para a educaçãofísica, tendo como referência os sete saberes necessários à educação do futuro conforme expostos em outro livro do autor. Por fi m, toma-se a liberdade de externar o desejo da construção de uma educação física que permita o entendimento do ser humano como um todo, em que suas dimensões biológicas, psicológicas, sociais e culturais sejam um único conjunto agrupando os aspectos técnico, motor e pedagógico, contribuindo para um conhecimento pertinente e com signifi cado para o educando. Na perspectiva dos tempos atuais, o processo avaliativo é compreendido para além de uma proposta quantitativa expressa em uma tabela de pontos ou bateria de testes verifi cadores do nível de execução de algumas habilidades motoras. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é compartilhar uma maneira de avaliar os alunos do ensino fundamental II nas aulas de Educação Física após um tempo pedagógico construindo o conteúdo de lutas. Estes foram avaliados na dimensão conceitual, na dimensão atitudinal e também procedimental. Dessa forma, a avaliação foi realizada de forma sistemática através da observação do cotidiano e da rotina das aulas e das respostas dos alunos às perguntas realizadas nas rodas de conversa ao fi nal de cada aula. Também de forma pragmática e objetiva realizamos duas provas. Uma destas provas foi realizada antes de iniciar o ensino do referido conteúdo, para diagnosticar o que os alunos entendiam sobre ele. Assim, foi possível fazer uma avaliação diagnóstica, direcionar o planejamento das aulas, e ao fi nal deste processo, os alunos foram novamente avaliados a fi m de diagnosticar quais foram os conceitos adquiridos. Na dimensão atitudinal o instrumento foi a auto-avaliação em que os alunos se atribuíam conceitos A, B ou C. Mas para isso, tiveram que analisar de forma consciente o que desenvolveram no decorrer do bimestre e justifi car o conceito merecido. Deste modo, podemos concluir que a avaliação deve ser feita diariamente, e um dos mecanismos é a roda de conversa, onde aos poucos os alunos conseguem se expressar melhor a cada dia. Além disso, foi constatado, comparando-se as duas provas que a maioria dos alunos mudou seu conceito de lutas e observamos também que o respeito aumentou entre eles. UMA POSSIBILIDADE DE AVALIAÇÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR VIEIRA, T.F.F.; NASCIMENTO, J.R.; COLPAS, R.D. teahelieesi@hotmail.com Universidade Federal de São João del-Rei UM PENSAMENTO COMPLEXO NA EDUCAÇÃO FÍSICA SOUZA, D.B.; PEREIRA, D.W.; REMONTE, J.G. dadbs@ig.com.br Universidade Nove de Julho 011 012 Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.25, p.69-84, nov. 2011. Suplemento n.6. • 75 XI Seminário de Educação Física Escolar: Saberes Docentes F u n d a m e n to s d a E d u ca çã o F ís ic a E sc o la r A Ginástica Geral é uma proposta que visa por meio da prática possibilitar melhorias no acervo motor da criança. As dimensões múltiplas da atividade gímnica atuam no impacto sobre a conduta motora quanto à questão de descobrir e explorar a signifi cação do corpo no espaço, tempo, ritmo, convivência grupal, mecanismos de grande importância nas relações afetivas e sociais. O presente estudo propôs investigar a relação da Ginástica Geral(GG) como prática pedagógica nas aulas de Educação Física Escolar(EFE), na visão dos futuros educadores físicos e se a mesma possibilitaria o desenvolvimento motor, afetivo e sociocultural do aluno. O instrumento de pesquisa foi um questionário contendo perguntas abertas e fechadas sendo fundamentais para análise de conteúdo de caráter qualiquantitativo. A amostra foi constituída por alunos do curso de Educação Física da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ que cursaram as disciplinas de Ginástica Artística I e Ginástica Artística II. Dos respondentes, 80% apontaram que a prática da GG contribui para o desenvolvimento motor, 10% sociocultural, 5% afetivo, 3% outros e 2% cognitivo. De acordo com 65% da amostra, os movimentos corporais desenvolvidos na GG apontaram para a autonomia. Sobre a importância da GG como prática pedagógica, 21 dos respondentes afi rmaram que contribui para o desenvolvimento motor, 7 para o desenvolvimento sociocultural e conhecimento corporal e 2 para valências físicas. A Ginástica Geral promove a manifestação da cultura corporal por meio das diferentes interpretações da ginástica, seja artística, rítmica, acrobática, entre outras, possibilitando as mais variadas formas de expressão do ser humano, sempre voltada para livre expressão e espontânea do movimento. A prática da GG abre novos caminhos como prática pedagógica no ambiente escolar por ser uma ginástica de representação, isto é, não é competitiva, portanto facilitadora do acesso de todos para sua prática. A GINÁSTICA GERAL COMO CONTEÚDO DA EDUCAÇÃO FISICA ESCOLAR FRANCO, S.D.; PEREIRA, M.A.S.;VALENTE, C.; CURTHY, T.; ROCHA, H. dayanaufrrjedfi sica@yahoo.com.br Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro 014 013 A PRÁTICA PEDAGÓGICA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: DESAFIOS DE UMA PARCERIA COLABORATIVA SANCHES, J.A.S.; SIMÕES, E.S.; HOSAKI, S.U.; NETO, L.S.; VENÂNCIO, L. jenni_sil@hotmail.com Universidade Guarulhos A Educação Física na Educação Básica é tida legalmente como componente curricular, porém nem sempre é ensinada na Educação Infantil por professores especialistas. Este estudo tem por objetivo analisar a prática pedagógica de uma professora iniciante de Educação Física, que trabalha com Educação Infantil na rede municipal de Jundiaí-SP. A questão orientadora da pesquisa foi: De que forma ela organiza sua prática pedagógica? E como ela trabalha em relação a: objetivos, conteúdos, estratégias e critérios para avaliação? Na literatura sobre o trabalho docente, encontramos considerações sobre os “saberes” e “fazeres” de cada professor. Sabemos que elas cruzam a nossa maneira de ser com a nossa maneira de ensinar; e desvendam na nossa maneira de ensinar a nossa maneira de ser. É impossível separar o eu profi ssional e o eu pessoal. Desta forma buscamos analisar a narrativa (auto)biográfi ca da professora, partindo do relato de sua história de vida e dos registros sobre seu trabalho cotidiano, para verifi car possíveis implicações na sua prática pedagógica e levantar indícios para formação de futuros professores. Temos como diferencial metodológico em nossa pesquisa o esforço conjunto com a própria professora ao aprofundar a compreensão sobre suas práticas, pois estabelecemos um vínculo de parceria na investigação. A metodologia utilizada foi o estudo de caso, com traços de pesquisa colaborativa, sendo aplicado questionário com perguntas abertas, registros narrativos (auto)biográfi cos, entrevista semiestruturada e a observação das aulas in loco. O estudo está em fase fi nal e os achados da pesquisa ainda não são conclusivos, contudo apontam que o comprometimento docente com o aprofundamento do próprio trabalho, desde as oportunidades de estágio na formação inicial, parece determinante para lidar com os desafi os cotidianos da prática educativa. 76 • Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.25, p.69-84, nov. 2011. Suplemento n.6. XI Seminário de Educação Física Escolar: Saberes Docentes F u n d a m e n to s d a E d u ca çã o F ís ic a E sc o la r Com intuito de orientar os professores de Educação Física, o governo do estado deSão Paulo, no ano de 2008, preparou uma proposta curricular visando sua implantação nas escolas estaduais da rede pública desse estado. O presente estudo tem como objetivo investigar a adesão dessa proposta por parte dos professores. A amostra foi delimitada por um grupo de sessenta e quatro professores de Educação Física, atuantes na rede pública da cidade de São Paulo em escolas pertencentes à Diretoria de Ensino Centro-Sul. Por meio de um questionário, os sujeitos dessa pesquisa responderam sobre suas adesões, interesses e nível de satisfação em relação à aplicação da proposta. Para examinar os dados utilizamos a análise do sujeito situado. Verifi camos que 70% dos entrevistados usam a proposta elaborada pela Secretaria de Educação do estado. Porém, entre esses 20% relatam que a utilizam somente por se tratar de um documento obrigatório, ainda há aqueles que afi rmam aplicar a proposta por serem cobrados pela Direção da escola. Apesar disso, notamos que a maioria dos professores possuem atitudes favoráveis à aplicação dessas orientações, apontando elementos como uma utilidade positiva, a sua viabilidade e a facilidade de organização e orientação para o trabalho. Esses dados nos levam a inferir que o programa é encarado muito mais como uma contribuição ao trabalho pedagógico do que simplesmente uma exigência das autoridades educacionais. Todavia, contrapondo-se a essas posições 21% dos entrevistados responderam que não utilizam os documentos, pois o consideram somente como uma imposição governamental. Ainda entre os entrevistados, 9% não responderam a todos os questionamentos. O estudo revelou que a maioria dos professores atuantes na rede pública do estado de São Paulo das escolas pertencentes à região centro sul, além de aderirem à proposta curricular a consideram positiva na implementação das suas ações pedagógicas. O curso de educação física oferece diferentes formações acadêmicas que permitem a atuação em diferentes áreas: a) licenciatura para atuação na escola; b) bacharelado para atuação em outras instâncias (clube, centro de treinamento, entre outros.). Comumente as universidades privadas oferecem os dois cursos juntos na chamada licenciatura ampliada (Benites, et al., 2008). Tal fato pode prejudicar a qualidade do curso de licenciatura e consequentemente a realização do estágio (Borges, 2005; Nista-Piccolo, 2010; Neira, 2009). Diante disso, o objetivo do presente estudo foi comparar a qualidade de realização do estágio com a opção pela área de atuação (licenciatura ou não). A amostra foi composta por 100 graduados em universidades da cidade de Santos/SP, sendo 49 homens e 51 mulheres, com idade entre 20 e 49 anos. O instrumento utilizado foi um questionário com 10 questões fechadas referentes ao modo como o estágio supervisionado foi realizado. Para comparação das variáveis utilizou-se o teste de Qui-Quadrado com nível de signifi cância em 5% e para análise dos dados o programa SPSS 13.0 for Windows. Verifi cou-se diferença estatisticamente signifi cante entre a opção pela área de atuação e o motivo para realização dos estágios, etapas de realização do estágio e quanto da carga horária realmente foi cumprida. Entre aqueles que pretendem atuar em escolas, 25,5% são motivados pela experiência para realização do estágio, 37,7% realizaram estágio no ensino fundamental e médio e 63,6% cumpriram toda carga horária. Já entre aqueles que não pretendem atuar em escolas, 46,7% realizaram o estágio por obrigação, 37,8% apenas no ensino fundamental e 44,4% não cumpriram toda carga horária. Ficou evidenciado neste estudo que o interesse pela área escolar interfere na qualidade do estágio quando consideradas as variáveis estudadas, assim sugerimos que seja revisto o modo como o estágio supervisionado é realizado. A PROPOSTA CURRICULAR DO ESTADO DE SÃO PAULO: UM ESTUDO COM PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA DIRETORIA DE ENSINO CENTRO-SUL DO ESTADO DE SÃO PAULO SILVA, B.T.; SILVA, V.L.T.; NISTA-PICCOLO, V.L. allans3@hotmail.com UNICID; UNITAU; UGF/UFTM; CAPES/MEC A QUALIDADE DO ESTÁGIO EM GRADUADOS DE UNIVERSIDADES PRIVADAS DE SANTOS - SP: UMA COMPARAÇÃO ENTRE OS QUE OPTARAM OU NÃO PELA ÁREA DE ATUAÇÃO ESCOLAR MEDEIROS, D.; LUGUETTI, C. daniellammoreira@gmail.com Universidade Santa Cecília 016 015 Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.25, p.69-84, nov. 2011. Suplemento n.6. • 77 XI Seminário de Educação Física Escolar: Saberes Docentes F u n d a m e n to s d a E d u ca çã o F ís ic a E sc o la r Esse relato de experiência tem como fi nalidade demonstrar como ainda estão presentes as representações preconceituosas entre rapazes e moças no tocante às aulas de lutas na EFE. O método utilizado foi a observação simples durante uma aula entre alunos universitários que haverão de se formar nesse ano no curso de licenciatura. O problema seria: esses alunos e alunas estariam preparados para trabalhar com as lutas em aulas de EFE? Numa luta em que o objetivo era tirar o colega do espaço da mesma, convidamos um rapaz e uma moça para lutar. Logo ao início o rapaz fez “corpo mole” deixando a moça vencer com extrema facilidade. Ao analizarmos a ação, professor e estudantes constataram a atitude do rapaz, que foi interpretada de várias formas: cavalheirismo, mêdo de perder, mêdo de machucar a moça, entre outras; a possibilidade mais aceita foi de que ele achava (e ela também) que não há possibilidades de rapazes e moças realizarem uma luta competitiva, no contexto escolar, deixando claro o preconceito de que o corpo feminino é frágil demais para competir como o masculino. Exclarecido esse ponto, os dois voltaram a lutar incentivados pelo professor a o fazerem de forma competitiva. Ao fi nal, após extenuante esforço, o rapaz venceu a luta. Essa vivência deixou claro que esses futuros professores(ras) de Educação Física precisam rever seus conceitos quanto a força das meninas, ou a suposta fragilidade da mulher, entre outros em atividades de lutas nas escolas. A QUESTÃO DAS REPRESENTAÇÕES QUANTO AO GÊNERO EM AULAS DE LUTAS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA PEREIRA, M.C.M.C. pereiramcmc@uol.com.br UNIBAN/Anhanguera; Faculdade Morumbí Sul 018 017 A ECOPEDAGOGIA NA EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL MARTINI, R.S. rolfsabiah@hotmail.com SENAC-RJ O projeto tem a intenção de transmitir aos cidadãos em idade escolar, tanto do meio urbano como do rural, informações e práticas que as esclareçam sobre a possibilidade de cada indivíduo viver e promover a sustentabilidade e a cidadania planetárias, mudando seus hábitos de vida e comportamentos cotidianos de forma simples e acessível. Através de ações locais individuais e/ou coletivas, fundamentadas em princípios atitudinais presentes na Agenda 21 Brasileira, e bioéticos que constam na Carta da Terra, apresentados em palestra sócio-interativa em mídia digital “Data Show”, vivência de atividades físicas coletivas na natureza, e atividade de observação de pássaros (AOP), está orientado pelo lema da ECO-92, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), “Pensar globalmente, agir localmente”. Pretende disseminar uma cultura educativa de vida baseada em valores de sustentabilidade, culturas de paz e saúde, solidariedade, cooperação e integridade ética. Pretende promover uma reaproximação entre os cidadãos e deles com a natureza à qual pertencem, e auxiliar na criação de umnovo paradigma civilizatório para a sociedade Pós-moderna, podendo servir de base para uma qualidade de vida ascendente das presentes gerações, contribuindo para a permanência e sustentabilidade das futuras gerações, para que vivamos em ambientes cada vez mais salutares, verdes e limpos, ecológicamente equilibrados. 78 • Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.25, p.69-84, nov. 2011. Suplemento n.6. XI Seminário de Educação Física Escolar: Saberes Docentes 019 F u n d a m e n to s d a E d u ca çã o F ís ic a E sc o la r 020 A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR COMO OBJETO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICO-ACADÊMICA NOS PERIÓDICOS NACIONAIS DIAS, D.; CORREA, W.R. diddias@hotmail.com Escola de Educação Física e Esporte - USP AS EXPECTATIVAS DE PROFESSORAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL NA FORMAÇÃO CONTINUADA EM EDUCAÇÃO FÍSICA ROSSI, F.; HUNGER, D. fernandarossi_ef@hotmail.com UNESP - Rio Claro; Bauru; FAPESP O presente trabalho dá continuidade e apresenta resultados fi nais de um trabalho iniciado em 2009. Teve por objetivo descrever e analisar a inserção das temáticas Educação Física Escolar (EFE) na Educação Infantil (EI), Ensino Fundamental (EF) e Ensino Médio (EM) como objeto de produção científi ca constante nos periódicos nacionais de Educação Física. Assim sendo, inicialmente em caráter exploratório e descritivo, elaborou-se levantamento junto ao sistema Qualis/Capes da área 21. Optou-se pela identifi cação de periódicos nacionais classifi cados nos extratos A e B com a disponibilidade de seu conteúdo em página da Internet e com presença dos termos Educação Física, Esporte, Corpo, Movimento, Motricidade (e outros derivados) e Atividade Física em seu título. Desta maneira chegou-se a um universo de 16 periódicos. Uma vez defi nidas as revistas/periódicos a serem analisadas, iniciou-se a quantifi cação dos artigos publicados no período compreendido entre 2005 e 2010, de forma viabilizar a sinalização de publicações que se referissem a 1) Educação Física Escolar e 2) Educação Física na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, tendo como crivo a existência dos termos Educação Física, Educação Física Escolar, Ensino Básico, Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio no título e/ou no resumo dos artigos. Esta averiguação levou em conta diversas tipologias e/ou confi gurações das produções. Como resultado foi possível identifi car um total de 3313 artigos sobre diversos temas relacionados ao universo da Educação Física e do Esporte. Destes, 287 (8,66%) se referem à EFE e, nesse âmbito, 24 (8,36%) remetem-se a temática EFE na EI, 49 (17,07%) a EFE no EF e 31 (10,80%) a EFE no EM, os outros 183 (63,76%) dos artigos trazem temáticas diversas da Educação Física Escolar que não se relacionam com EI, EF e EM. Cabe agora classifi car esta produção acadêmico-científi ca em EFE e refl etir acerca da escassez de produção de conhecimento na área. Na presente pesquisa objetivou-se analisar as expectativas de professoras da rede pública de ensino de um município do interior de SP ao participarem de um programa de formação continuada em Educação Física. O referido programa é desenvolvido por Universidade pública em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, desde o 2° sem./2009, e contemplou até o momento 72 professoras-cursistas. São desenvolvidas ações formativas no âmbito da cultura corporal de movimento com o foco na educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental. Esta investigação qualitativa é baseada nos relatos das professoras-cursistas, gravados durante os encontros, e coletados por questionários. De acordo com os depoimentos, os estudos contínuos são importantes ao considerar o leque de conhecimentos que a educadora da educação infantil deve dominar para desenvolver os eixos que compõem o currículo: artes, natureza e sociedade, movimento, linguagem oral e escrita, matemática, música e identidade e autonomia. O movimento é apontado como a área que apresenta maiores difi culdades de desenvolvimento devido a lacunas na formação inicial no que se refere aos conhecimentos específi cos e à falta de conscientização da importância desse elemento na escola. Dessa forma, constatou-se que as professoras buscam: a) o domínio dos conhecimentos científi cos e procedimentos didático-pedagógicos necessários para o ensino dos conteúdos da cultura corporal de movimento; b) superar limitações quanto às concepções da comunidade escolar (professores, gestores, pais...) sobre a importância da liberdade e da exploração do movimento corporal da criança para diferentes aprendizagens e o desenvolvimento infantil pleno; c) a adequação das condições de espaço, tempo e recursos materiais para o trabalho com o eixo movimento. Concluiu-se que o fundamental para o programa é promover mudanças referentes ao domínio dos conteúdos da cultura corporal de movimento, visando a sua aplicabilidade no cotidiano escolar mediante os referenciais científi cos, pedagógicos e fi losófi cos da área de Educação Física. Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.25, p.69-84, nov. 2011. Suplemento n.6. • 79 XI Seminário de Educação Física Escolar: Saberes Docentes F u n d a m e n to s d a E d u ca çã o F ís ic a E sc o la r021 022 A VERGONHA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: POSSÍVEIS SOLUÇÕES GARGANO, M.; SILVA, L.M.F.; MACHADO, A.A. m_gargano@hotmail.com UNESP - Rio Claro A vergonha pode ser considerada um dos motivos da não participação dos alunos, nas aulas de Educação Física, uma vez sentirem-se expostos ao juízo de outrem, que representa uma difi culdade a ser enfrentada pelos professores da área. O objetivo deste estudo foi analisar o conceito de vergonha e suas contribuições nas aulas de Educação Física e propor algumas sugestões para que os professores possam lidar com estas situações, no contexto de suas aulas, por meio de revisão de literatura. A vergonha é um desconforto afetivo advindo, principalmente, da exposição a outrem, ao juízo que se acredita que o outro pode fazer de si. Além disso, o indivíduo baseia-se naquilo que ele próprio julga ser vergonhoso, ou seja, o que aprendeu culturalmente serem atitudes morais e imorais. Assim, sentir vergonha pode pressupor um controle interno baseado num suposto juízo externo, mesmo que este julgo não seja negativo, o qual paradoxalmente, pode ser positivo. Em aulas práticas de Educação Física, momento no qual os alunos se expressam por meio dos jogos, lutas, danças, capoeira, etc, o ambiente é propício para que o sentimento de vergonha funcione como um inibidor e não queira realizá-las. Intrínseco à vergonha está o medo dos alunos de fracassarem diante de seus pares, o que irá interferir, acreditam eles, em seus relacionamentos sócio-afetivos. Neste sentido apontou-se algumas estratégias a serem utilizadas pelos professores nas situações em que os alunos deixam de realizar as aulas devido à vergonha, como: o professor deve procurar promover o desenvolvimento da afetividade em suas aulas, nas relações professor/aluno e aluno/aluno, fazendo com que estes sintam-se seguros e confi antes; oferecer diferentes estratégias de ensino, ou seja, utilizar materiais didáticos diversifi cados, valorizando o potencial de cada aluno, uma vez que cada um aprende de diversas maneiras e por diferentes vias (desenhos, dramatização, músicas, cores, etc). AS RELAÇÕES DE GÊNERO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: PERCEPÇÕES DE DISCENTES E DOCENTES TOMAZELLI, L.P. lorrenetomazelli@gmail.comUniversidade Federal do Rio de Janeiro A disciplina Educação Física tem as relações de gênero como uma temática muito presente em seu cotidiano e sendo percebidas de forma hierarquizada, desta maneira, colocando em posições desiguais um sexo. Em muitas escolas, as aulas de Educação Física são dissociadas para meninos e meninas, de forma legitimada ou velada, acarretando por reproduzir estereótipos sexuais socialmente construídos. Tendo em vista esse cenário, o estudo pretendeu refl etir sobre as percepções de discentes e docentes acerca das relações de gênero, em aulas de educação física escolar de uma escola da rede municipal da cidade de Cabo Frio – RJ, no período de abril de 2010 a abril de 2011. Através de um estudo de caso no segundo segmento do ensino fundamental, com entrevistas a duas docentes e questionários a vinte e dois discentes, foram tidas como referência aulas de educação física, mistas e separadas por sexo, por eles vivenciadas na própria escola. As análises das entrevistas permitiram observar que seus discursos priorizam o sexo masculino e secundarizam a prática da educação física das meninas; percebem de maneira desigual a educação física para os gêneros e naturalizam a diferença de habilidades motoras entre meninos e meninas. Para os discentes, em sua maioria, as relações entre os gêneros são entendidas de modo a não existirem diferenças de jogos e esportes para os sexos e a ser possível a coexistência de meninos e meninas nas aulas de educação física, apresentando em poucas citações, preconceito e discriminação, mas ainda merecedoras de nossos atentos olhares. As conclusões nos apontam um avanço nas relações de gênero nas aulas de educação física, todavia, é preciso que se busque e promova um equilíbrio dessas relações com vista à humanização da sociedade. 80 • Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.25, p.69-84, nov. 2011. Suplemento n.6. XI Seminário de Educação Física Escolar: Saberes Docentes F u n d a m e n to s d a E d u ca çã o F ís ic a E sc o la r O conteúdo do circo reúne elementos de alto valor educativo e possibilita o diálogo pedagógico com as diferentes dimensões do conhecimento. Devido a aproximação da UFSJ com a escola e pelo fato de estarmos envolvidos com o PIBID, a oferta de material pelo pró-docência foi determinante para selecionar o tema atividades circenses. Além disso, outros aspectos intrínsecos a este conteúdo foram levados em consideração, como: ampliação da noção de conteúdos que fazem parte da educação física escolar; apresentar e conhecer uma prática corporal pouco presente na vida dos alunos; reconhecer o seu valor histórico, político, social e fazer a apreensão de uma rica gama de movimentos. O projeto ainda está em andamento, sendo desenvolvido com as crianças do primeiro ano da Escola Municipal Carlos Damiano Fuzatto, totalizando doze aulas. As atividades circenses selecionadas para este projeto expressam ideias, sentimentos, e emoções, orientadas por uma visão sócio-cultural, assim iremos apresentar aos alunos os seguintes elementos circenses: malabares (bolas e lenços), contato, swingue, acrobacias, corda bamba, perna- de - pau e palhaço. O nosso objetivo específi co é construir e ampliar as experiências motoras, fazendo com que as crianças expressem corporalmente o que elas imaginam e sentem. Espera-se que este aprendizado amplie a motricidade geral e específi ca, através de atividades lúdicas. Para o fechamento do projeto, iremos montar um espetáculo com os alunos envolvidos, a fi m de compartilhar estes conhecimentos aos demais alunos da escola. Podemos concluir, com o projeto em andamento, que o tema causa grande encanto e fascínio nos alunos, que se mostram envolvidos e dispostos apreender em todas as facetas dessa prática da cultura corporal. A análise do perfi l dos egressos de cursos superiores tem sido uma ferramenta utilizada para avaliar a relação entre o ensino oferecido na graduação e as exigências do mercado de trabalho. Tais informações possibilitam inferir para a Educação Física suas atuais condições de mercado e desenvolvimento acadêmico e verifi car como a Educação Física Escolar se inclui nesse cenário. Assim, este estudo teve como objetivo: (a) identifi car o perfi l sócio-econômico do profi ssional egresso da Escola de Educação Física e Esporte da USP; (b) identifi car a atuação dos egressos nas diversas subáreas da Educação Física e Esporte, dentre as quais a inserção nas escolas; (c) fornecer informações a respeito de como estes egressos avaliam o impacto da sua formação acadêmica no exercício da atividade profi ssional. Os dados foram coletados a partir de questionário validado com avaliação pelos pares, respondido, via internet, por 170 egressos da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo, com formação nos cursos de Educação Física (Bacharelado e Licenciatura) e/ou Esporte de 1973 a 2010. Os resultados apontam que a maior parte dos egressos atua no mercado de trabalho exercendo a função de personal trainers (18,22%), seguidos pela atuação em escolas regulares (15%), em um total de 27 subáreas. No cenário econômico, nota-se que a média salarial da amostra analisada é de R$ 5.055,10, com correlação estatisticamente signifi cante (p<0,05) para o ano de formação e a renda salarial. Ainda para os recém-formados, observa-se que a faixa de renda predominante equivale à faixa de R$ 1.395,00 a R$ 2.320, valor que representa o salário médio de professores em escolas regulares. Os dados apresentados permitem observar uma sensível diversifi cação nos campos de atuação dos profi ssionais formados pela Escola de Educação Física e Esporte da USP. Apontam, ainda, uma clara tendência de crescimento na remuneração recebida pelos profi ssionais. ANÁLISE DOS EGRESSOS DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO: DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR MACEDO, G.M.; MORINE, D.S.; AVAKIAN, P.; TAKAO, P.P.; CAPUA, D.L.; SANTOS, L.S.; NOVACOV, J.M.; FERNANDES, S.M.B.; ALVES, C.M.P.; MARTINS, A.C.; DOMINGUES, L.S.; FURTADO, V.F.; OLIVEIRA, A.; SILVA, G.R.; PRADO, A.R.; SANTIAGO, B.M.; ROCHA, F.F.; MEZENCIO, B.; AMADIO, A.C.; SERRÃO, J.C. jcserrao@usp.br Escola de Educação Física e Esporte - USP ATIVIDADES CIRCENSES NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ZANOTI, A.B.; COLPAS, R.D.; NASCIMENTO, J.R. anazanoti@hotmail.com Universidade Federal de São João Del-Rei 023 024 Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.25, p.69-84, nov. 2011. Suplemento n.6. • 81 XI Seminário de Educação Física Escolar: Saberes Docentes F u n d a m e n to s d a E d u ca çã o F ís ic a E sc o la r A dança é uma das artes consideradas mais antigas e complexas já encontradas, tendo seus registros datados de 14.000 anos. Sendo uma das manifestações sociais, culturais e religiosas do homem, é compreendida como um dos conteúdos da cultura corporal de movimento. No entanto, geralmente é adotada na escola como apresentação para datas comemorativas e/ou como atividade extracurricular oferecida especialmente para as meninas. Atrelado a este fato, sabe-se que a educação física teve caráter esportivista na escola e, na educação básica ainda carrega resquícios que impedem ou limitam o trato com outros conteúdos nas aulas. Diante deste contexto, esta pesquisa, de cunho bibliográfi co, objetivou verifi car os motivos que impedem a aplicação da dança nas aulas de educação física. A revisão de literatura identifi cou a dança como meio de expressão de sentimento, linguagem, manifestação cultural praticada por diferentesépocas e sociedades. Desse modo, reconstrói experiências e realidades em sua estrutura por meio das composições que envolvem coordenação, equilíbrio, ritmo, postura e socialização e, permite o autoconhecimento, a vivência da corporeidade e a sensibilização das pessoas. Quanto à incorporação como conteúdo da cultura corporal nas aulas de educação física, dados preliminares apontam que há limitada compreensão do signifi cado da dança, falta de experiência, concepção restrita de educação, difi culdade de lidar com o corpo condenado ao profano e ao pecado, a questão do gênero e as lacunas presentes na formação dos professores de educação física. Concluiu-se, até o momento, que a dança deve ser investigada e vivenciada atendendo as dimensões conceitual, procedimental e atitudinal no sentido de poder viabilizar sua aplicação nas aulas. No entanto, há necessidade de se pensar sobre caminhos possíveis de refl etir sobre esta condição nos cursos de graduação e de formação continuada contemplando futuros professores e profi ssionais já atuantes para que possam reverter este cenário. EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: POR QUE NÃO SE DANÇA? ROQUE, A.; PEREIRA, H.D.B.; BORGES, C.; OLIVEIRA, M.F.L. angels.roh@hotmail.com Universidade Nove de Julho 025 026 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: REPENSANDO O LUGAR DA EXPERIÊNCIA MUGLIA, B.; CORREA, W. barbaramuglia@usp.br Escola de Educação Física e Esporte - USP A educação física contemporânea é expressão de um processo de desenvolvimento desde o século XIX que acompanha as transformações de um quadro social mais amplo, mas também da própria história da educação. Nos últimos trinta anos, surgem perspectivas pedagógicas renovadoras que atribuem diferentes signifi cados ao componente curricular educação física, cujas complexas e plurais especifi cidades provocam um impacto metodológico nas práticas. Assim sendo, há uma tendência de a educação física deixar de ser atividade, para ganhar consistência como componente curricular num processo de teorização e inserção de determinados conteúdos formais – provenientes da biodinâmica, comportamento motor, psicologia, sociologia, antropologia, pedagogia – em estudos relativos a algumas noções de corpo e movimento. Dessa forma, encontramos a experiência e sua dimensão estética (da sensibilidade, das emoções, do intraduzível) secundarizadas nas aulas de educação física. Diagnosticando essa secundarização em grande parcela de práticas e estudos educacionais contemporâneos, Jorge Larrosa Bondía propõe uma perspectiva de educação a partir da relação “experiência/sentido” e da ideia de “saber de experiência”, ou seja, daquele saber que se constrói não quando se passa a estar informado de algo, quando se adquire determinada informação, mas que surge quando algo nos acontece e/ou nos toca. O autor explica que o sujeito da experiência se torna território de passagem, lugar de chegada, espaço do acontecer, se defi nindo por sua passividade, receptividade primeira, disponibilidade fundamental, abertura essencial, por sua “ex-posição”. Nesse sentido, questionamos: Qual é o lugar da experiência e da sua dimensão estética diante de um componente curricular que direciona seu olhar para o corpo e o movimento? Assim sendo, entendemos que o referencial teórico de Bondía nos permite vislumbrar, não apenas novas possibilidades, mas uma reinserção e ressignifi cação do papel e do valor da experiência para a área do conhecimento e prática pedagógica educação física. 82 • Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.25, p.69-84, nov. 2011. Suplemento n.6. XI Seminário de Educação Física Escolar: Saberes Docentes O presente trabalho tem por objetivo descrever as qualidades distintivas do projeto “Educação Física: profi ssão e arte possível”, proposta essa desenvolvida pelo programa “Aprender com Cultura e Extensão” da Universidade de São Paulo. Inserido na área temática da Educação e na subárea da “Educação Vocacional”, o presente projeto tem por pretensão prover os alunos e alunas das escolas médias da Região Oeste da capital São Paulo de conhecimentos relativos às características acadêmicas e profi ssionais da Educação Física (escolar e não escolar) na perspectiva da formação vocacional de jovens e adolescentes. Assim sendo, o referido empreendimento conta com a preparação de dois alunos de graduação para atuação junto às estas instituições de ensino. Este processo implicará na organização prévia conceitual e estratégica desses discentes de forma a permitir o desenvolvimento de um plano de ação para acesso e agendamento das escolas da Região Oeste da capital. Posteriormente procurar-se-á uma efetivação das ações (palestras) nos 6 meses restantes, com a respectiva avaliação do processo em questão. Entende-se que a experiência proposta tenha em seu bojo uma relevância na perspectiva do atendimento das demandas prementes por orientação vocacional no âmbito das escolas médias. Como um dos indicadores de avaliação, contamos com a possibilidade de divulgação, comunicação e esclarecimento de forma ampla e pertinente das qualidades distintivas do processo de formação profi ssional promovido pela Escola de Educação Física e Esporte da USP e, sobretudo, com o desenvolvimento das habilidades socioeducativas necessárias à docência, a partir do contato direto dos licenciandos e bacharelanados junto aos protagonistas do sistema de educação escolar. 027 028 EDUCAÇÃO FÍSICA: PROFISSÃO E ARTE POSSÍVEL LOPES, C.Z.; CORREA, W. crizlopes@msn.com Escola de Educação Física e Esporte - USP F u n d a m e n to s d a E d u ca çã o F ís ic a E sc o la r FORMAÇÃO CONTINUADA DE COORDENADORES PEDAGÓGICOS E PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA POR MEIO DE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM VAZ, A.A.; SANTOS, A.R.; FILGUEIRAS, I.P.;PAIANO, R. ale_aav@yahoo.com.br Universidade Presbiteriana Mackenzie O presente trabalho dá continuidade e apresenta resultados fi nais de um trabalho iniciado em 2009. Teve por objetivo descrever e analisar a inserção das temáticas Educação Física Escolar (EFE) na Educação Infantil (EI), Ensino Fundamental (EF) e Ensino Médio (EM) como objeto de produção científi ca constante nos periódicos nacionais de Educação Física. Assim sendo, inicialmente em caráter exploratório e descritivo, elaborou-se levantamento junto ao sistema Qualis/Capes da área 21. Optou-se pela identifi cação de periódicos nacionais classifi cados nos extratos A e B com a disponibilidade de seu conteúdo em página da Internet e com presença dos termos Educação Física, Esporte, Corpo, Movimento, Motricidade (e outros derivados) e Atividade Física em seu título. Desta maneira chegou-se a um universo de 16 periódicos. Uma vez defi nidas as revistas/periódicos a serem analisadas, iniciou-se a quantifi cação dos artigos publicados no período compreendido entre 2005 e 2010, de forma viabilizar a sinalização de publicações que se referissem a 1) Educação Física Escolar e 2) Educação Física na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, tendo como crivo a existência dos termos Educação Física, Educação Física Escolar, Ensino Básico, Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio no título e/ou no resumo dos artigos. Esta averiguação levou em conta diversas tipologias e/ou confi gurações das produções. Como resultado foi possível identifi car um total de 3313 artigos sobre diversos temas relacionados ao universo da Educação Física e do Esporte. Destes, 287 (8,66%)se referem à EFE e, nesse âmbito, 24 (8,36%) remetem-se a temática EFE na EI, 49 (17,07%) a EFE no EF e 31 (10,80%) a EFE no EM, os outros 183 (63,76%) dos artigos trazem temáticas diversas da Educação Física Escolar que não se relacionam com EI, EF e EM. Cabe agora classifi car esta produção acadêmico-científi ca em EFE e refl etir acerca da escassez de produção de conhecimento na área. Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.25, p.69-84, nov. 2011. Suplemento n.6. • 83 XI Seminário de Educação Física Escolar: Saberes Docentes 029 F u n d a m e n to s d a E d u ca çã o F ís ic a E sc o la r 030 INFRAESTRUTURA PARA ATIVIDADES DA CULTURA CORPORAL EM ESCOLAS DA REGIÃO SUL DO BRASIL SANTOS, A.R.; VAZ, A.A.; FILGUEIRAS, I.P.; PAIANO, R. aline.pefe@hotmail.com Universidade Presbiteriana Mackenzie A infra-estrutura adequada para as aulas de Educação Física contribui para a qualidade do trabalho desenvolvido pelos professores. O objetivo do trabalho foi investigar a opinião de 17 coordenadores pedagógicos e 20 professores de Educação Física de Escolas Públicas da região Sul do Brasil sobre infra-estrutura de suas escolas para as aulas de Educação Física. Os dados foram coletados por meio de um questionário com questões abertas e fechadas respondido em um Ambiente Virtual de Aprendizagem durante a participação dos sujeitos em um programa de formação de educadores. As perguntas fechadas utilizavam uma escala de cores (verde – tema consolidado na escola; amarela - tema necessita de melhorias; e vermelha – tema inexistente ou com necessidade de muitas melhorias). A análise dos resultados indicou que: 1) em relação ao estado da quadra: 5 % dos sujeitos assinalaram verde; 54% amarelo e 41% vermelho; 2) quanto aos equipamentos da quadra (traves, postes, tabelas, cestas, alambrados) os sujeitos assinalaram 18% verde; 41% amarelo e 41% vermelho; 3) sobre a existência de outros espaços e seu estado de conservação os educadores assinalaram 8% verde; 59% amarelo e 33% vermelho; 4) sobre a presença de materiais em quantidade e variedade nenhum educador assinalou verde; 67% assinalaram amarelo e 33% vermelho. Os dados descritos indicam que em todos os temas mais de 80% dos educadores consideram a necessidade de melhorias ou muitos avanços na infra-estrutura. As questões abertas foram tratadas por meio da análise de conteúdo. Os educadores indicaram falta de investimento do Estado e difi culdade em manter os espaços e materiais com os recursos das escolas. Além de novos investimentos na infra-estrutura é necessário incluir nos programas de formação inicial e continuada de professores de Educação Física conteúdos a sobre como lidar com a escassez de recursos e materiais. JOGOS COOPERATIVOS E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR UM CONTEÚDO A SER EXPLORADO PIMENTEL, L.; TEREZANI, D. l.d.pimentel@bol.com.br Universidade Nove de Julho O presente estudo tem como objetivo levantar as principais propostas defendidas por autores que pregam a inserção dos jogos cooperativos durante as aulas de Educação Física Escolar, servindo-se do conteúdo programático jogo. Para tanto, a problemática da pesquisa nasceu da dialética da ação - refl exão - ação, a partir de pesquisa bibliográfi ca, efetuada junto ao sistema integrado da biblioteca da Universidade Nove de Julho - SP, alicerçada pelas palavras chaves: educação física escolar, jogos, jogos Cooperativos, a partir das técnicas de análises - textual, temática, interpretativa e problematização. Entendemos que estudar esta questão representa um avanço para a área da educação física escolar, em especial para o desenvolvimento dos conteúdos programáticos, com destaque para o jogo, com ênfase para as atividades de cunho cooperativo. Muito se discute sobre o excesso de competitividade nas aulas de Educação Física Escolar, sendo que esta se utiliza na maioria das vezes de uma hipervalorização esportiva, tendo como foco prático os tradicionais esportes de quadra poliesportiva, sendo descartados ou pouco aplicados os demais conteúdos pedagógicos da disciplina. Em contrapartida, autores como Correia, Brotto, Soler, afi rmam que a Educação Física Escolar é capaz de produzir e aplicar conteúdos teórico-práticos que possam superar os modelos hipercompetitivistas e tecnicistas. No entanto, salientamos que ao levantarmos e analisarmos de forma crítica as propostas de autores que defendem os jogos cooperativos, por outro lado, não estamos negando a competitividade, e muito menos queremos abster os alunos de atividades de caráter competitivo, mas apresentar-lhes uma nova opção de jogo em si. Por fi m, com base nos autores estudados consideramos que a cooperação pode ser inserida entre os alunos, atribuindo-lhes aspectos como a solidariedade, o respeito, a colaboração, por meio da vivência do jogo, sendo este nosso principal conteúdo a ser aplicado, buscando um verdadeiro equilíbrio entre propostas competitivas e cooperativas. 84 • Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.25, p.69-84, nov. 2011. Suplemento n.6. XI Seminário de Educação Física Escolar: Saberes Docentes F u n d a m e n to s d a E d u ca çã o F ís ic a E sc o la r 031 Este trabalho tem por objetivo descrever aspectos inerentes à experiência vivida na disciplina “Saberes Docentes para a Educação Física Escolar”, oferecida na pós-graduação da EEFEUSP. O conteúdo programático contemplou a análise das seguintes demandas: a) estudo dos processos de elaboração/legitimação dos saberes docentes de professores e professoras de Educação Física e suas implicações para as práticas educativas situadas no contexto da educação escolarizada; b) subsidiar a produção de conhecimento relativa ao campo dos saberes docentes para as práticas educativas relacionadas ao componente curricular Educação Física no âmbito da Educação Básica. Para compor uma ambiência favorável ao debate científi co, foi estabelecido um encontro estratégico 30 minutos antes do horário da aula, para que os interlocutores pudessem interagir reciprocamente. Na aula, a dinâmica proposta sugeria a divisão simbólica da turma em três grupos: Mesa Propositora; Mesa Mobilizadora e Platéia Mobilizadora. A mesa propositora compunha-se pelos alunos responsáveis pela apresentação do arcabouço teórico da aula e suas considerações à respeito da temática proposta. Já a mesa mobilizadora tinha como objetivo conduzir criticamente os propositores a uma refl exão sobre o que havia sido apresentado. A platéia possuía a função de mobilizar os integrantes da mesa mobilizadora. As colaborações do responsável pela disciplina ocorriam sempre que necessário para o incremento do debate, e também no fi nal da aula, mobilizando a platéia. Assim, a disciplina favoreceu uma aproximação dos discentes da pós-graduação com a realidade docente na Educação Física Escolar, onde o professor, na posição de mediador/mobilizador, é convocado a compor com seus interlocutores uma ambiência adequada ao aprendizado da e sobre a cultura corporal de movimento. SABERES DOCENTES PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA OLIVEIRA, L.R; CORREIA, W.R. wr.correia@usp.br Escola de Educação Física e Esporte - USP
Compartilhar