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VIOLÊNCIA DE GÊNERO, POLÍTICAS PÚBLICAS E SERVIÇO SOCIAL
 
Tutora : Daniela Corrêa
CASSIA MARIA MORAES- RA: 4340829124
JUSSARA GOMES- RA: 3869746432
LINA SANTANA- RA: 4300066993
LUCIANNA SILVEIRA- RA 3810653729
POLLYANNA NEIVA- RA: 3810643464
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
A VIOLÊNCIA
CONTEXTUALIZANDO A VIOLÊNCIA DE GÊNERO
3.1 O significado de violência de gênero
DESDOBRAMENTOS DA VIOLÊNCIA DE GÊNERO
A LEI MARIA DA PENHA
O SERVIÇO SOCIAL E VIOLÊNCIA DE GÊNERO
POLÍTICAS PÚBLICAS E VIOLÊNCIA DE GÊNERO
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO
O presente artigo tem como finalidade mostrar uma visão do serviço social frente às mulheres vítimas de violência doméstica, trazendo reflexões, debates que envolvem a centralidade da violência doméstica contra a mulher, enfocando o fazer profissional e a ética profissional do Assistente Social numa perspectiva crítica. Constitui-se de pesquisa bibliográfica de diversos autores, artigos de internet e publicações sobre a mulher vítima de violência. A Violência contra a Mulher apresenta de acordo com a (ONU) Organização das Nações Unidas como sendo uma transgressão aos direitos dos seres humanos, bem como um problema de Saúde Pública, e como um dos obstáculos fundamentais para que diversos países possam desenvolver de maneira plena. Finalizamos dizendo que os Assistentes Sociais são responsáveis por elaborar, executar e garantir políticas públicas para este campo.
A priori, buscar-se-á explicar o significado de gênero, bem como será observada a evolução histórica de tal conceito. Em seguida, será objeto de análise o fenômeno social da violência. Ademais, será analisada a Lei Maria da Penha, e por fim, à título de conclusão, serão abordados os aspectos culturais e sociais envolvidos no fenômeno ora estudado
Palavras-Chave: Serviço Social, Políticas públicas, violência de gênero
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1. INTRODUÇÃO
A violência de gênero é um grave problema social vivenciado por mulheres no mundo inteiro, fato que independe da classe social, etnia, cor, faixa etária, grau de instrução ou orientação sexual. Este tipo de violência está de fato interligada às desigualdades socioculturais existentes entre homens e mulheres construídas ao longo da história. O tema escolhido; Violência de Gênero, Políticas Públicas e Serviço Social, é pertinente ao nosso campo de atuação.
A expressão violência de gênero é mais recente, e busca designar um padrão de comportamento que “[...] visa à preservação da organização social de gênero, fundada na hierarquia e desigualdade de lugares sociais sexuados que subalternizam o gênero feminino” (SAFFIOTI; ALMEIDA, 1995, p.159). 
Vista a amplitude e complexidade que permeia esse tema, o mesmo deixou de ser um problema tomado somente na esfera privada e passou a ser tratado como uma questão social que requer um enfrentamento por parte do Estado, sendo necessárias políticas públicas. Trata-se de um grave problema social e, como tal, requer do Estado políticas públicas no sentido de prevenir e combater este tipo de violência (GUZMÁN, 2000; TAVARES; SARDENBERG; GOMES, 2011). 
Portanto, a interlocução do Serviço Social com essa questão se faz necessária. Uma vez que a violência de gênero é um fenômeno social, deve ser enfrentada através de um conjunto de estratégias políticas e de intervenção social direta.
A profissão do Assistente Social deve levar em consideração a realidade vivida na sociedade, trazendo subsídios para mudanças no enfrentamento de novas demandas através do posicionamento ético-político da profissão.
No que diz respeitos à relação da Assistência Social e violência doméstica contra a mulher, discutiu-se a relevância deste profissional diante das vítimas dessa violência. O método usado é a pesquisa bibliográfica, cujos principais autores referenciados foram, Araújo, Azambuja, Bulla, Czapski, Faustini, entre outros, os quais trazem reflexões 
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sobre a ética profissional; visão do Serviço Social especificamente sobre a questão da violência de gênero.
2 A VIOLÊNCIA
Não obstante com algumas peculiaridades, a trajetória da violência física familiar contra a mulher segue, grosso modo, às fases identificadas na trajetória de reconhecimento social do fenômeno, a nível internacional. Assim, já nas Ordenações do Reino, no Brasil Colônia, encontramos dispositivos segundo o qual é “permitido ao marido emendar a mulher dos maus artifícios pelo uso da chibata”.
Segundo a antropóloga Alaba Zaluar, o termo violência vem do latim que remete a vis (força, vigor, emprego de força física, ou recurso do corpo para exercer sua força vital). Essa força torna-se violência quando ultrapassa um limite ou perturba acordos tácitos e regras que ordenam relações, adquirindo assim, carga negativa, ou maléfica. É a percepção do limite e da perturbação (e do sofrimento causado), que vai caracterizar um ato como violento, percepção que varia cultural e historicamente.
De acordo com esta autora, esta força adquire status quando entra no campo da violência quando extrapola os limites que são socialmente instituídos através dos acordos, regras que regulamentam as relações, adquirindo caráter negativo ou prejudicial.
Para Costa & Pimenta (2006, p. 7), a violência pode ser praticada pelo estado, instituições, grupos sociais e religiosos, organizações públicas e privadas, sistemas de comunicação e econômico, pessoas, finalmente, por todos nós.
No percurso histórico, se é verdade que o Código Penal de 1940 permite criminalizar as violências físicas contra a mulher considerando-as agressões ou lesões corporais (art.129), como homicídio (art.121) ou como instigação ao suicídio (art.122), na prática, as penas ou são pequenas ou, quando aplicadas são com muitos atenuantes.
A despeito da luta que o movimento feminista desenvolve e desenvolveu, especificamente a partir da década de 80, para colocar a violência contra a mulher como 
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um problema social e para reclamar medidas e soluções urgentes, a conscientização de que a violência contra a mulher é antinatural e pode e deve ser condenada, começou então este embate no Brasil como diz Azevedo (1985, p. 59), a partir da luta feminista contra a impunidade dos agressores nos chamados crimes de paixão.
Percebe-se que o maior entrave no enfrentamento da violência contra a mulher é a efetivação de uma rede de serviços que unifique os diferentes programas e projetos, consolidando uma política social de atendimento. Os serviços existentes ainda não conseguem atender as mulheres de forma integral. O objetivo aqui é discorrer sobre a intervenção do Serviço Social junto à violência contra a mulher, analisando e discorrendo sobre aportes teórico metodológicos e políticas públicas para essa questão
A ONU tem apontado violência contra a mulher como uma violação dos Direitos Humanos e como um problema de Saúde Pública, ou seja, como uma das principais causas de doenças de mulheres, e é apontada como um dos principais entraves ao desenvolvimento de países do mundo inteiro. 
Sabemos que Serviço Social, enquanto profissão, historicamente caminhou paralelamente às conquistas do movimento feminista e apenas recentemente integrou na sua agenda a discussão relativa à problemática da violência contra a mulher. 
É certo que a violência de gênero é um problema enraizado na cultura mundial, e requer providências muito mais profundas e assertivas que a mera vigência de uma lei. Requer, quem sabe, uma reeducação, conscientização e a intervenção de profissionais múltiplos (assistentes sociais, psicólogos, psicoterapeutas etc.), visando atuarparalelamente à Justiça, dando-lhe as indicações adequadas em cada caso.
É preciso e urgente repensar a educação, discutir mais sobre violência de Gênero e violência doméstica.
No panorama das novas interfaces que se apresentam para a profissão, a violência de gênero tem se constituído gradativamente como campo de intervenção do Serviço Social. Nos últimos anos, as lutas travadas pelos movimentos feministas alcançaram conquistas em relação aos direitos das mulheres e passaram a visibilizar a questão da 
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violência, tirando-a do espaço privado para transformá-la em política pública. Nesse cenário de avanços, as/os Assistentes Sociais têm sido chamadas/os para trabalhar com situações de violência em instituições como: Centros de Referência em Atendimento às Mulheres em Situação de Violência (CREMVs), Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Centros de Referência Especializados em Assistência Social (CREAS), mais especificamente no Serviço de Atendimento Especializado a Família e Indivíduos (PAEFI); junto aos Protocolos da Violência, em Hospitais, Maternidades, Postos de Saúde, Delegacias, integrando a equipe interdisciplinar no Atendimento sociojurídico; às Práticas Forenses dos estudantes de Direito nas Universidades; aos Conselhos Tutelares e Conselhos dos Direitos das Mulheres, entre outros.
A complexidade que envolve o conceito “violência de gênero” aponta que, para além da força física, existem outros tipos de violência que se exercem por imposição social ou por pressão psicológica: a violência emocional, invisível, simbólica, econômica, entre outras, cujos efeitos produzem tanto ou mais danos do que a ação física. Velázquez (2006, p. 26).
As primeiras respostas feministas concentraram-se inicialmente no eixo Minas Gerais - São Paulo - Rio de Janeiro e como relatam Sorj, Bila e Monteiro Paula: O centro de defesa da mulher em Minas Gerais surgiu em agosto de 1980 como resultados de mobilizações de mulheres em repudio aos assassinatos de duas mineiras por seus maridos. O clima de indignação já havia sido criado há alguns meses com o primeiro julgamento de Doca Street, o qual culminou com a impunidade do assassino e sua transformação em herói (SORJ, BILA & MONTEIRO PAULA, apud AZEVEDO, 1985, p. 37).
Em outubro de 1981 é fundado o SOS Mulher de São Paulo e o SOS Mulher do Rio de Janeiro, teve sua criação proposta num encontro feminista de Volta Redonda em 1981. Mas aos poucos, o próprio movimento feminista foi alargando suas perspectivas de modo a incluir entre seus alvos de luta, não apenas os assassinatos ou crimes de sangue, mas também os “pequenos assassinatos”, isto é, todas as formas sutis, veladas, mas igualmente perversas de violência, que a mulher sofre no seu dia-a-dia. A autora Celmer 
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(2010) In: A Violência Contemporânea que tem Almeida (2010) como organizadora, diz que:
A tarefa não é nada simples, pois a realidade que transborda das inúmeras expressões do constrangimento não consegue ser apreendida em um único conceito. Nesse sentido, seria mais adequado falar em violências, utilizando o plural para uma aproximação do caráter multifacetado dos fenômenos violentos.
Percebe-se que tanto aqui como no restante do mundo, essa luta não tem sido fácil. Segundo Costa & Pimenta (2006, p. 88) “... a violência no mundo contemporâneo, principalmente nas últimas décadas, se teria renovado em suas manifestações e passado a se apresentar de um modo com que as pessoas não estavam acostumadas”.
3 CONTEXTUALIZANDO A VIOLÊNCIA DE GÊNERO
Conceito de gênero e sua influência na execução de crimes contra mulheres
O gênero é a construção psicossocial do masculino e do feminino. Nesse sentido, Heleieth I. B. Saffioti reuniu diversos ensinamentos, para explicar as diferenças de gêneros:
“gênero pode ser concebido em várias instâncias: como aparelho semiótico (LAURETIS, 1987); como símbolos culturais evocadores de representações, conceitos normativos como grade de interpretação de significados, organizações e instituições sociais, identidade subjetiva (SCOTT, 1988); como divisões e atribuições assimétricas de característicos e potencialidades (FLAX, 1987)”
O conceito de gênero não explicita, necessariamente, desigualdades entre homens e mulheres. Verifica-se que a hierarquia é apenas presumida, e decorre da primazia masculina no passado remoto, transmitida culturalmente com os resquícios de patriarcalismo.
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Na Roma antiga, o patriarca detinha poder de vida e de morte sobre sua esposa e seus filhos. Hodiernamente, em que pese não mais ter o homem tal poder, são freqüentes os casos em que homens matam suas companheiras, por motivos diversos, dentre os quais 
predominou, por longo tempo, o da livre defesa da honra masculina, conforme vê-se na obra “A paixão no banco dos réus – casos passionais célebres: de Pontes de Miranda a Pimenta Neves” de autoria da Dr.ª Luiza Nagib Eluf.
Na sobredita obra, a autora aborda o tema da violência de gênero sob uma perspectiva criminológica e dogmática, analisando desde o que leva alguém a cometer um “homicídio passional”, bem como explicando o crime sob o ponto de vista jurídico e psicológico, concluindo com o entendimento de que é totalmente descabida a tese defensiva da “legítima defesa da honra”, tese muito recorrente como justificativa para tal violência de gênero.
É preciso frisar sempre que violência doméstica, especialmente contra as mulheres, é um fenômeno complexo, suas causas são múltiplas e de difícil definição. No entanto, suas consequências são devastadoras para mulheres, crianças, adolescentes, idosos, vítimas diretas ou indiretas dessas agressões: vão muito além daquele ato e de seus efeitos imediatos, gerando uma reprodução geracional dessa violência.  
Entende-se que: “a violência contra a mulher é composta de qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado” (Art. 1°). O termo “violência contra a mulher”, portanto, engloba a violência doméstica, a violência familiar e a violência conjugal.
É uma definição, ampliada e que aborda as diferentes maneiras de violência contra as mulheres, tais como define, a Secretaria Nacional de enfrentamento à violência contra as Mulheres, 2011, p. 19):
A violência doméstica ou em qualquer outra relação interpessoal, em que o agressor conviva ou haja convivido no mesmo domicílio que a mulher, compreendendo, entre 
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Outras, as violências física, psicológica, sexual, moral e patrimonial (Lei nº 11.340/2006); A violência ocorrida na comunidade e que seja perpetrada por qualquer pessoa e que compreende, entre outros, violação, abuso sexual, tortura, tráfico de mulheres, 
prostituição forçada, sequestro e assédio sexual no lugar de trabalho, bem como em instituições educacionais, estabelecimentos de saúde ou qualquer outro lugar; A violência perpetrada ou tolerada pelo Estado ou seus agentes, onde quer que ocorra (violência institucional).
A mulher acaba sofrendo diversas formas de violências: sendo que doméstica, em que muitos casos elas convivem com o agente agressor, há também a que acontece na comunidade ocasionada por pessoas, o assédio sexual, no trabalho e institucional.
3.1 O significado de violência de gênero
O fenômeno da violência, na modalidade ora estudada, pode ser explicada como uma questão cultural que se situa no incentivo da sociedade para que os homens exerçam sua força de dominação e potência contra as mulheres, sendo essas dotadas de uma virilidade sensível.
Dessa forma, as violências física, sexual e moral não ocorrem isoladamente, visto que estão sempre relacionadas à violência emocional.
Linda Gordon, apud Heleieth I. B. Saffioti, afirma que a violência não é expressão unilateral do temperamento violento, ela origina-se conjuntamente no seio familiar, ou seja, é formada por elementos que emanam do própio pensamento social.
É fato que a violência de gênero, como fenômeno social, encontra-se presente em todas as classes e “tipos” de cultura.Nesse ponto, faz-se mister destacar o conceito de cultura, assentado por Edward Tylor apud Roque de Barros, in vebis: “[...] todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.”
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A história da humanidade registra poucos casos de esposas ou companheiras que praticaram violência contra seus cônjuges ou companheiros. Essa conduta é tipicamente masculina. A violência de gênero costuma ser uma reação daquele que se sente “possuidor” da vítima. Esse sentimento de posse, por sua vez, decorre não apenas do relacionamento sexual, mas também do fator econômico. O homem, geralmente, 
sustenta a mulher, o que lhe dá a sensação de tê-la comprado. Por isso, quando se vê contrariado, repelido ou traído, acha-se no direito de repreendê-la com violência.
A violência de gênero pode ser observada como uma problemática que, necessariamente, abrange questões ligadas à igualdade entre sexos. É, pois, um tema com elevado grau de complexidade, tendo em vista que é fortemente marcada por uma elevada carga ideológica.
Como é inevitável quando se trata da abordagem do ser humano refletir a respeito do indivíduo, da família, do sexo, do gênero, da isonomia, é indagação ontológica e histórica, tarefa que se impõe, sobretudo, em tempos de transformação da sociedade e de crise de valores.
4. DESDOBRAMENTOS DA VIOLÊNCIA DE GÊNERO
Na opinião de Almeida (2010, p. 82) é importante é analisar a etiologia das palavras vítima e mulher, para entender a origem da união entre elas. Para esta autora a palavra vítima advém de vincere que expressaria vencer, ser vencedor, sendo a vítima aquele vencido, o derrotado, o abatido ; e mulher teria derivado de mulier , que indicaria pessoa tímida, frágil, fraca. Compreende-se que a associação realizada entre vítima e mulher está sedimentada na definição dessas duas palavras. Resulta, dessa maneira, como a mulher é vista e vê a si mesma como a fraca, a submissa, ou seja, a dominada.
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A violência doméstica não paira somente sobre as mulheres e/ou as crianças. Em alguns casos, é o marido que é vitima da violência de sua esposa, entretanto esse percentual é bastante reduzido (Baested,1997). De acordo com estatísticas norte-americanas, 95% das vitimas de violência doméstica são mulheres. (GROSSI & WERBA, 2011, p. 60)
De acordo com Araújo & Mattioli, (2004, p. 18), a mulher é a maior vitima da violência de gênero. Segundo as estatísticas, em 95% dos casos de violência praticada contra a mulher, o homem é o agressor. Em função disso, usam-se frequentemente as expressões violência de gênero e violência contra a mulher como sinônimos.
Almeida (2010, p. 84), nos chama a atenção para o fato de que a maioria das mulheres em situação de violência acaba não denunciando às autoridades seus agressores ou não manterem as acusações, não querem representá-los criminalmente. Especialmente, quando existem instrumentos legais que, embora muitas vezes não sejam adequados ou satisfatoriamente para seus fins, tendem à proteção das mulheres em condição de vulnerabilidade.
Esta autora diz que são dois os motivos para tais comportamentos: a dependência econômica do suposto agressor e as ameaças feitas pelo agressor diante da denuncia ou da continuidade do processo criminal.
Apesar de a dependência econômica ser aspecto importante que levam inúmeras mulheres em condição de violência a voltarem atrás da representação criminal, a dependência emocional, com seus diversos fatores, geralmente é a razão fundamental das mulheres não registram o fato ou desistem de processar o agressor.
Nesse sentido, vários são os aspectos envolvidos no problema da violência de gênero, quais sejam, ideológicos, culturais, sociais, religiosos, etc.
Quanto ao aspecto ideológico, observe-se que as mulheres diante da consolidação de um pensamento patriarcal, foram, ao longo do tempo, e ainda são, em algumas sociedades, educadas para “compreender” o universo masculino, e se submeterem à força de uma ideologia machista, a qual, por sua vez, lastreia-se na força física masculina.
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No âmbito cultural pode-se dizer que a violência de gênero é fruto de hábitos e costumes que estão presentes na consciência coletiva, sendo, portanto, conseqüência da permanência de uma estrutura de poder patriarcal que ainda predomina no tempo hodierno. Outrossim, na sociedade atual ainda existem “cidadãos” que não conhecem seus direitos fundamentais, o que faz com que muitas pessoas deixem de reclamar judicialmente o fato de serem vítimas de violência de gênero, permitindo, assim, a continuidade desse problema social.
Sobre o aspecto social, é possível dizer que a estruturação dos papéis sociais é feita com base na idéia de hierarquia entre gêneros, que ainda paira em muitas sociedades, seja nas atividades privadas ou íntimas da seara familiar, seja nas atividades públicas, no espaço do trabalho, do lazer coletivo, “justificando” a dominação masculina sobre as mulheres, sendo a violência um meio de manutenção de tal relação de dominação.
Outro aspecto que merece destaque no estudo da violência de gênero é a religião. Observe-se que muitas religiões pregam a superioridade do homem sobre a mulher, o que faz com que alguns homens sintam-se no direito de exercer o seu “domínio” sobre a mulher, mesmo que para tanto seja necessário o uso da violência.
5. A LEI MARIA DA PENHA
Em 07 de Agosto de 2006 foi aprovada a lei de nº 11.340, Intitulada “Lei Maria da Penha”, que recebeu esse nome como forma de homenagear uma mulher vítima da violência doméstica.
Em maio de 1983, a cearense Maria da Penha Maia Fernandes estava dormindo quando o marido lhe deu um tiro nas costas. Ficou paraplégica aos 38 anos, mãe de três filhas, a mais velha com 6 anos, e a caçula com 2. Foram 4 meses de hospital, muita dor física e emocional, até voltar pra casa numa cadeira de rodas. (ABRÃO, 2009, p. 77)
Segundo Maluf (2012, p. 23), no que diz respeito ao seu objetivo a Lei Maria da Penha, Lei nº 11.340/2006, trata da violência contra a mulher, o afeto está inserido no art. 5º, 
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III: “em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação”, ou seja, a Lei Maria da Penha constitui-se uma ferramenta útil na luta contra o crime relacionado à mulher.
A lei foi criada para garantir os direitos da mulher e impedir que continuem sendo vítimas de agressões. Logo na sua introdução, a lei deixa clara a finalidade: “cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher (...)”, ações estas que devem ser coibidas pelo Poder Público e punido o agressor.
6 .O SERVIÇO SOCIAL E VIOLÊNCIA DE GÊNERO
O Serviço Social luta contra a violência doméstica dentro das instituições que oferecem atendimento à mulher vítima de violência, com base em seu projeto ético político, atua em três dimensões: ético-política, teórico metodológica e a técnico operativa.
Em artigos recentes, ponderamos que, ao longo da história da profissão, o Serviço Social permaneceu distante das lutas mais significativas dos movimentos feministas, o que configura um desencontro e possível desconhecimento por parte dos estudantes e profissionais sobre os estudos feministas e as questões de gênero. 
Um grande número de Assistentes Sociais ainda tem dificuldade de identificar-se com o feminismo em função de uma concepção negativa atribuída ao conceito, ou seja, uma série de estereótipos relacionados a uma época em que “feminismo” era sinônimo de “um grupo de mulheres mal amadas, rebeldes e separatistas”, consequentemente, mal vistas pela sociedade em geral. É comum as profissionais interiorizarem características funcionais (funções ou papéis atribuídos a elas pela sociedade) e se converterem em defensoras da “identidade feminina”: feminina, sim; feminista, não! Nesse sentido, consideramos que as reflexões acadêmicas a partir da perspectiva de gênero têm contribuído para repensarmos como vêm sendo abordadastradicionalmente, nos currículos dos cursos de Serviço Social, as noções de feminismo, cidadania, 
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desigualdade, diversidade, relações de gênero, equidade de gênero, entre outras. O debate em torno dessas categorias tem crescido nos últimos anos, como podemos perceber a partir de publicações recentes
A desconstrução das redes que tecem a violência contra a mulher ainda levará muito tempo, porém, não seria utópico acreditar em sua finitude, na medida em que o que se construiu sócio-historicamente pode ter seu caminho refeito em outra perspectiva. Em curto prazo, faz-se necessário e urgente um ordenamento jurídico adequado e coerente com as expectativas e demandas sociais. Além disso, não basta que haja um ordenamento que tenha vigência jurídica, mas não tenha vigência social, isto é, que não seja aceito e aplicado pelos membros da sociedade.
De acordo Bulla & Araújo (1997, p. 30) a direção ética, a construção coletiva e a competência técnica são básicas e, com esses elementos, o Serviço Social caracteriza com propriedade a dimensão politica de sua prática.
Essa dimensão do exercício profissional orienta as mulheres na busca pelos seus direitos, assim como na luta por políticas contra violência em que são vítimas.
O Código de Ética da profissão dos assistentes sociais orienta as suas intervenções e a sua postura profissional que deve ser adotada. Cabe destacar que o Código de Ética profissional do assistente social (1993) marca, através de seus princípios, a direção do compromisso profissional do assistente social brasileiro e identifica a dimensão politica da prática profissional, a partir de alguns eixos fundantes: a liberdade reconhecida como valor ético central da prática profissional, para isso requer o reconhecimento da autonomia, da emancipação, da expansão dos direitos sociais; a defesa dos direitos humanos contra formas de arbítrio e autoritarismo; a defesa, o aprofundamento e a consolidação da cidadania e da democracia... (FAUSTINI, 2004, p. 57)
A dimensão teórico-metodológica tem como finalidade esclarecer a prática profissional, dando subsídios na elaboração de planos para enfrentar as exigências desta área. Para Guimarães & Kern (2010, p. 118), a “competência profissional é elemento transversal e constitutivo da formação e do exercício profissional, cujo constructo deve viabilizar 
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uma capacidade teórico-metodológica e ético-politica, como requisito fundamental para o exercício de atividades técnico-operativas”.
A dimensão técnico-operativa instrumentaliza o profissional do Serviço Social para atuar e intervir junto às demandas que lhes são apresentadas, ou seja, é a ênfase dado aos processos interventivos utilizados. (AZAMBUJA et. al, 2011, p. 261)
De acordo com Lisboa & Pinheiro (2005, apud Czapski, p. 325), os instrumentos técnicos operativos empregados na atuação profissional do assistente social para atender às vítimas de violência doméstica são: entrevista, visita domiciliar, reuniões em grupo, equipe multiprofissional, documentação, relatórios, parecer social, planejamento de programas, projetos, construção de indicadores, pesquisa, articulação em rede.
De modo que para manejar esses instrumentais, é necessário o emprego da ética profissional e o posicionamento ético político, objetivando o estabelecimento de estratégias que vão de encontro com a criação de uma identidade profissional que compromissada contra a violência doméstica.
7. POLÍTICAS PÚBLICAS E VIOLÊNCIA DE GÊNERO
As políticas públicas enquanto linhas de ação coletiva devem concretizar direitos garantidos em lei (PRÁ, 2010). Existem, entretanto, inúmeras formas de buscar essa concretização. Queremos, a partir da análise apresentada, demonstrar que, quando tratamos de desigualdade de gênero e da violência por ela desencadeada, devemos trazer tanto homens como mulheres para o centro das ações que visam seu combate. Políticas públicas transversais que visam a equidade entre homens e mulheres abrem caminhos para alterar a violência de gênero (BLAY, 2003).
O combate ao fenômeno da Violência contra Mulher não é função exclusiva do Estado; a sociedade também precisa se conscientizar sobre sua responsabilidade, no sentido de não aceitar conviver com este tipo de violência, pois, ao se calar, ela contribui para a perpetuação da impunidade. Faz-se urgente a compreensão, por parte da sociedade 
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como um todo, de que os Direitos das Mulheres são Direitos Humanos, e que a modificação da cultura de subordinação calcada em questões de gênero requer uma ação 
conjugada, já que a violência contra a mulher desencadeia desequilíbrios nas ordens econômica, familiar e emocional.
O ideal neste caso seria trabalhar tanto com ações pontuais específicas, como com as políticas públicas transversais. Ao se adotar as políticas públicas transversais, objetivando a igualdade entre homens e mulheres, encontra-se um norte a trilhar na busca de um caminho que modifique o panorama da violência em geral e a de gênero em particular. A Secretaria da Mulher poderia desempenhar o papel de catalisadora neste processo articulando-se aos Conselhos ou Secretarias da Mulher em todos os Estados. Além disto, a conscientização da natureza histórica da desigualdade de gênero precisa ser trabalhada desde o início do ensino escolar, já que a desigualdade de gênero somada a ordem patriarcal vigente são alguns dos ingredientes que, unidos ao sentimento de culpa inculcado historicamente na psique das mulheres, contribuem para a perpetuação das relações desiguais de poder que acabam por acarretar em violência.
Há pouco mais de 30 anos, no Brasil, o Serviço Social assumiu a defesa de um projeto societário que tem como princípios a justiça social, a liberdade, a autonomia, o aprofundamento da democracia e o combate a todo tipo de opressão e discriminação, seja por gênero, classe, raça ou etnia e orientação sexual.
Esse fato abriu uma gama de possibilidade de atuação para essa profissão, inclusive no combate à violência contra a mulher. Por ser um problema social, grave, complexo e perverso, essa intervenção exige do profissional uma orientação ética que eleja a democracia, a defesa das minorias, a luta por uma igualdade na orientação dos sexos, o respeito pelas mulheres, além da explicitação da questão de gênero.
Segundo Almeida, (2010, p. 73), deve-se entender por violência o comportamento que ocasione prejuízo físico, psíquico ou sexual não somente à mulher como também a outras pessoas que convivem na mesma casa, compreendendo empregados e agregados.
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Conforme a Convenção de Belém do Pará, seria “qualquer ação ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como privado”. O termo “violência contra a mulher”, portanto, 
engloba a violência doméstica, a violência familiar e a violência conjugal. (ALMEIDA, 2010, p. 73)
A violência contra a mulher tanto pode ocorrer dentro de casa, como fora dela e também de diversas formas. Muitas vezes ela é praticada por pessoas não relacionadas à família, mas que mantém um chamado “poder” sobre a mulher. A justificativa para os atos de violência estaria somente no fato de ser mulher (violência de gênero); portanto um ser submisso e que teoricamente deve obediência ao homem.
No panorama das novas interfaces que se apresentam, a questão da violência contra a mulher tornou-se cada vez mais visível e passou a ser discutida como um problema público a ser enfrentado.
Segundo Iamamoto (1999) o momento desafia os assistentes sociais a se qualificarem para acompanhar, atualizar e explicar as mudanças da realidade social. Entre as novas competências exigidas está, sobretudo, a produção de conhecimento sobre a realidade social em que cada profissional atua, para dar suporte ao processo de intervenção.
Outras formas de expressão, sobretudo culturais, como a violência contra a mulher, injustiças cometidas contra negros e índios, exploração de crianças, movimento dos sem terra, etc., também passam a constituir manifestaçõesda questão social.
Entende-se que a repercurssão da violência de gênero, com seus diferentes desdobramentos – violência doméstica, violência contra a mulher, violência intrafamiliar e outras – tem sido definida como uma relação de poder e de permanente conflito, principalmente no contexto familiar, demandando atendimento, encaminhamentos, orientação, informação, recursos e capacitação por parte de assistentes sociais. Tornou-se objeto de intervenção profissional como um desafio posto no cotidiano, sobre o qual ele deverá formular um conjunto de reflexão e de proposições para a intervenção.
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Sendo a violência contra a mulher uma das interfaces da questão social, o assistente social também é chamado a intervir nessa realidade, porém ainda encontra muitos entraves à sua atuação, pois os espaços de intervenção junto a essa questão ainda são muito restritos.
É importante destacar que a melhoria na qualidade dos serviços oferecidos às mulheres em situação de violência, bem como mudanças na legislação pertinente, são assuntos ligados à mobilização da sociedade civil e ao engajamento político.
Além desses enfoques nas políticas públicas, a profissão também tem uma dimensão pedagógica, na medida em que se trabalha numa perspectiva de transformação da consciência dos sujeitos, junto a mulheres que sofrem violência, devemos saber que é preciso explorar um trabalho incansável na perspectiva do resgate dessas como sujeitos de direitos, como seres sociais e como cidadãs. 
A violência de Gênero revela-se através de várias molduras, expressando-se por diversas formas que não se excluem mutuamente (física, moral, psicológica, patrimonial e sexual). Em relação à violência de Gênero, não podemos deixar de destacar o papel de fatores como poder, hierarquia, autoridade, impunidade, ainda presentes na vida pública, e refletidas na experiência da vida privada.
 Existem ainda muitos desafios que precisam ser superados para a efetivação do enfrentamento à violência de gênero, por exemplo, a dificuldade e instabilidade das mulheres, em situação de violência, para denunciar e manter a denúncia; a incompreensão e a resistência dos agentes sociais responsáveis pelos atendimentos e encaminhamentos; a falta de apoio efetivo para as mulheres em situação de violência, no âmbito privado e público; a falta de programa de atendimento ao homem autor da agressão e os elevados índices de reincidência específica.
 É preciso ter sempre presente que a violência contra a mulher é violência contra a família e as intervenções do estado precisam ir muito além da responsabilização criminal do autor, enfatizando-se o exercício da cidadania das mulheres, as possibilidades de acesso à rede de serviços e à Justiça, buscando-se a implementação de 
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ações educativas de prevenção, o fortalecimento das redes de atendimento e a capacitação de seus profissionais.
As/os profissionais de Serviço Social, uma categoria formada por 95% de profissionais do sexo feminino e que no seu cotidiano de intervenção atende predominantemente (usuárias) mulheres, têm se defrontado com uma crescente demanda de situações perpassadas pelas questões de gênero, imbricadas com as questões de classe, raça/etnia, que caracterizam exclusão, discriminação, exploração, opressão, desigualdade social, relações de poder, de violência, entre outras. Tais situações assumem materialidade através da violência sexual e de gênero; da gravidez indesejada e do aborto provocado e criminalizado; da ausência de condições das mulheres responsáveis por prover suas famílias; do abandono e da violência contra mulheres idosas; da discriminação das mulheres no mundo do trabalho; do assédio moral; da luta pela aposentadoria para as donas de casa e para as trabalhadoras rurais; das precárias condições em que vivem as mulheres encarceradas; da discriminação em função da cor ou da orientação sexual; dos pleitos pela adoção por casais homoafetivos, entre outras formas de violência. 
De forma pulverizada, quando não isolada, algumas/uns profissionais de Serviço Social têm se aproximado dos estudos de gênero, étnico-raciais e da diversidade sexual, insistindo na importância da transversalidade dessas categorias na mediação teórica sobre a análise das práticas que surgem das demandas no cotidiano.
Apesar de as evidências apontarem dados que são tornados públicos através de registros, as violências cotidianas que ocorrem entre “quatro paredes”, no interior das famílias, nos espaços de trabalho, de estudo, nos consultórios e nas ruas tendem a ser silenciadas ou invisibilizadas.
Grande parte da sociedade considera que a violência de gênero é algo natural, que mulher é culpada pelo mal de que padece, interessando-se pelos fatos somente quando estes são veiculados como manchetes de jornais ou crônicas policiais. 
Portanto, explicitar as diferentes formas de violência, nomeá-las (o que não se nomeia não existe) e torná-las visíveis, propondo políticas públicas para o seu enfrentamento, também é tarefa para as/os profissionais de Serviço Social, em que nos incluímos.
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8. CONCLUSÃO
A posição que o profissional do Serviço Social ocupa torna-se um exercício permanente. Diante de novos cenários o seu fazer profissional necessita estar em consonância com seu Código de Ética fundamentado em princípios de liberdade, democracia, justiça social, respeito e defesa das minorias.
Diante dessa escolha pela ética e por uma postura política compromissada como o combate às desigualdades construiu uma identidade profissional respeitada, requisitada e imprescindível às diversas políticas públicas sociais praticadas pelos governantes.
Essa situação acima citada possibilitou ampliação da sua atuação profissional, até mesmo diante do combate à violência contra a mulher. Trata-se de uma problemática social, ‘antigo, grave, delicado e perverso’, cuja atuação requer do profissional uma postura ética.
É indispensável ao assistente social, no seu trabalho diante da violência contra a mulher, descobrir opções e meios voltados para uma prática que supere todos os obstáculos presente nesta área, reconhecendo as circunstâncias apresentadas, capacitando-se para o trabalho com as mulheres, atuando na modificação no modo das condições de vida, nas discussões sobre a questão da violência contra a mulher, organização de acontecimentos voltados a este espaço, na militância nos conselhos e direitos da mulher, priorizando as políticas públicas de combate à violência com base no que preconiza o Código de Ética profissional do Serviço Social.
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O presente trabalho faz uma abordagem sobre as políticas públicas que são implementadas e desenvolvidas no combate a violência contra mulher no município de Imperatriz-ma, um problema que chamou nossa atenção pelo alto índice de acontecimentos dos atos de violência contra mulher, surgindo assim inquietações acerca deste assunto, despertando o interesse da pesquisa na busca de respostas para um tema tão antigo que até os dias de hoje não está erradicado.
Sabemos que a sociedade e o poder público conhecem bem essa realidade da violência contra a mulher, essa problemática exige os esforços de vários segmentos, onde os olhares terão que se voltar ao enfrentamento das formas de violência contra mulher.
A Superioridade que o homem sempre impôs a mulher, trás a tona a questão da diferenciação que é imposta sobre o sexo feminino e masculino, onde o papel mais importante e melhor é destinado aos homens, daí se torna a relação desigual dos gêneros.
Podemos retratar a violência contra mulher como a perda dos valores, onde os direitos não são colocados em prática dando lugar somente para os deveres, tirando a dignidade a liberdade e muitas vezes á vida.
O movimento feminista do século XX é um dos grandes responsáveis pelas equitações sobre o assunto da violência contra mulher e das várias reivindicações, para que houvesse políticas públicas de proteção a violência e a igualdade dos direitos a mulher.
O surgimento do movimento feminista vem de uma perspectiva de que á mulher era subjugada de uma forma esquecida da sociedade muitas vezes descriminada e oprimida, assim as mulheres procuraram obter seus direitos e proteção de forma integral.
A persistência da luta feminista em diminuir as barreiras começaria a ser questionáveis pelos governantes para que as mulheres viessem a ser tratada como cidadã de direitos e não só de deveres, e que a mulher deixasse de ser vista como prisioneira do lar e até mesmo da sociedade.
A mulher não podia trabalhar fora de casa, seu dever era cuidar do marido e dos filhos. O trabalho só com autorização do homem, ele tinha superioridade sobre a mulher perante a sociedade, a legislação e até mesmo da igreja, era cotada como uma escrava e tratada como sexo inferior.
A luta até os dias atuais busca a inclusão social, a redução da miséria, a superação de fronteiras, acesso igualitário, complementação de leis, possibilidade de mudanças legislativas, eliminação das diversas formas de descriminação, flexibilidades de políticas e serviços de atendimentos direcionados a mulher.
As várias lutas da mulher no que concerne tiveram uma amplitude, tanto que tivemos implantações de programas direcionados á mulher, como por exemplo, Delegacias Especializadas, Centro de Referências, Casa abrigo para acolhimento da mulher vitimada, e muitas outras conquistas importante para o cenário feminino, a luta a cada dia consolida o novo papel da mulher na sociedade.
O objetivo deste trabalho é analisar as políticas públicas que são desenvolvidas pela Rede de atendimento a mulher em Imperatriz-ma, buscando compreender o papel e qualidade das Instituições que compõe a Rede.
Baseando-se em recursos bibliográficos como livros, artigos, monografias o recurso metodológico utilizado foi uma pesquisa exploratória onde fizemos as observações, durante a realização da pesquisa de campo utilizamos entrevista com questionários com perguntas fechadas que foram feitas com os profissionais que trabalham nas Instituições que atende as vitimas de violência, tivemos também métodos de abordagem qualitativa, visto que o tema que pesquisamos foi as políticas públicas que são desenvolvidas pela rede que atende a mulher que sofre violência em Imperatriz.
Aborda-se no primeiro capitulo sobre a Questão da mulher no Brasil a história que marcaram a emancipação da mulher na sociedade brasileira recordando sobre como era a vida das mulheres, a questão da mulher que era totalmente submissa a figura do homem e dos preceitos colocado pela sociedade capitalista, patriarcal e também as formas como se construíram as relações de gênero e a violência contra mulher no Brasil comentando sobre o desenvolvimento da vida social, a supremacia masculina, a condição de inferior da mulher em relação à desigualdade de gênero, a relação violenta entre o homem e a mulher por causa da apoderação do poder sobre o outro e as formas de violência sofrida pelas mulheres.
No segundo capitulo abordar-se-á as mudanças que ocorreram na Legislação no combate à violência e a criação da Lei Maria da Penha que trouxe mecanismos para prevenir e coibir a violência domestica.
No terceiro capitulo, há o levantamento das Políticas Público na Proteção à mulher destacando a necessidade e compromisso do estado na efetivação dessas políticas para proteção da mulher que sofre violência, as Redes de Atendimento á Mulher em Situação de Violência de ampliação nacional.
No quarto e último capitulo mostra-se a experiência da rede de atendimento a mulher do município de imperatriz-ma onde será abordado o papel e qualidade dos serviços das seguintes Instituições Secretária Municipal de Políticas para Mulher (SMPM), Centros de Referência e Atendimento à Mulher (CRAM), Casa Abrigo de Imperatriz-MA, Delegacia Especializada da Mulher (DEM), Vara da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, Ronda Domiciliar.
2 QUESTÃO DA MULHER NO BRASIL
A mulher dentro de um contexto histórico da humanidade sempre foi de uma forma ou de outra privada em diversos fatores, primeiro podemos citar a submissão á figura do homem, que enquanto solteira estava diretamente subordinada ao pai, e ao casar tornava-se totalmente dependente do esposo, tida apenas como figura doméstica, visto que, a “boa” mulher para casar, era aquela que fosse bem prendada, ou seja, soubesse lavar, passar, borda, e procriar, em suma que fosse uma boa dona de casa.
Engels (2000, p. 80) destaca que,
A família individual moderna está baseada na escravidão doméstica, transparente ou dissimulada, da mulher [...] é o homem que, na maioria dos casos, tem de ser o suporte, o sustento da família, pelo menos nas classes possuidoras, e isso lhe dá uma posição de dominador que não precisa de nenhum privilégio legal específico. Na família, o homem é o burguês e a mulher representa o proletariado.
Com isso durante muitos anos e até mesmo na atualidade, a mulher não tinha o direito de decisão nem de participação na sociedade, a mulher vem tentando romper com essas relações patriarcais no intuito de ser inserida no mundo público.
Neste sentido Diniz e Coelho (2005, p. 36) argumentam que:
O patriarcalismo aprisionou homens e mulheres e funções que não podem mais ser vistos como parte da natureza humana, mas sim como produtos de processos e interesses históricos, econômicos e culturais. Sabemos que as mulheres foram e, ainda são ensinadas a sacrificar e a negligenciar suas próprias necessidades para suprir as necessidades dos outros e para potencializar os projetos de vida dos maridos e dos filhos. O esquecimento de si e a dedicação ao cuidar do outro passam a serem marcas registradas de seu comportamento.O exercício destas funções está de tal forma entretecida no cotidiano da vida, que as mulheres se tornam invisível. Assim, aos poucos, sua própria história e sua identidade vão se tornando também invisíveis, diluídas na vida dos outros membros da família.
A mulher mesmo na luta pelas conquistas, não deixou de conduzir suas ações de dona de casa, se tornou na verdade multifuncional, absorvendo tudo que sua feminilidade exige. Assim,
Observa-se ainda hoje, na condição feminina, que muitas mulheres não podem decidir suas vidas, não se constituem como sujeitos, não exercem o poder e, principalmente, não acumulam, mas reproduzem esse poder masculino, não para elas mesmas, mas para aqueles que de fato o controlam. As relações sociais entre os homens e as mulheres – ou relações de gênero são relações desiguais, assimétricas e mantêm a mulher subordinada ao homem. Hoje em dia uma das expressões dessa desigualdade de gênero é a defasagem de salários entre homens e mulheres (LISBOA, 2002, p. 15).
No que tange a trajetória da mulher sempre esteve em conflitos marcado por uma ambigüidade de lutas, com intuito de superação de conceitos formados a partir do que deve ser o papel da mulher.
No início deste século, o comércio e as fábricas passam a absorver cada vez mais a mão-de-obra feminina e essa incorporação na produção social criou as raízes dos movimentos da libertação feminina, assim como nomeia Touraine (1998) “A mulher não está mais encerrada num reino escondido e protegido – a vida privada de suas casas e famílias – mas sua vida agora se torna pública e plena de direitos e deveres”, assegurou seu direito à cidadania, legitimando seu papel.
As mulheres brasileiras busca exatamente romper com essas relações de gêneros, querem construir sua própria identidade, deixar as condições de ser alienado, tentando alcançar melhorias expressivas em suas vidas tira da condição feminina essa visão de submissão.
Assim, merecem destaque os seguintes acontecimentos: (a) a inclusão do item 18 na Declaração e Programa de Ação de Viena, por ocasião da Conferência Mundial sobre Direitos Humanos (1993), e que estabelecia que “Os direitos humanos das mulheres e das meninas são inalienáveis e constituem parte integral e indivisível dos direitos humanos universais”, comprovou que os direitos da mulher foram reconhecidos pela primeira vez como direitos humanos em um foro internacional. Em seguida, (b) a Assembléia Geral das Nações Unidas aprova a Resolução 48/104, de 20/12/1993 que contém a Declaração sobre a Violência contra a Mulher, até então não havia nenhum documento específico sobre o tema em âmbito mundial. Em 1994, (c) por meio da Resolução no. 1994/45, a Comissão de Direitos Humanos da ONU designa uma relatora especial para monitorar a violência contra a mulher em todo o mundo; (d) a realização da IV Conferência Mundial sobre a Mulher (1995), em Beijing, que “reconheceu definitivamente os direitos da mulher como direitos humanos, em sua Declaração e Plataforma de Ação” (TELES; MELO 2003, p. 80).
Essas convenções e conferências contribuíram muito para o progresso Feminino tanto no Brasil como em vários outros países, foram realizadas com o objetivo de criar mecanismos que pudesse melhorar a qualidade de vida das mulheres, no contexto social e político.
Porém, vivemos em um meio social que ainda diferencia os papeis femininos e masculinos, onde o homem ainda exerce muito poder sobre as mesmas, e as políticas públicas não atendam a todos os verdadeiros anseios da população.
2.1 As formas como se construíram as relações de gênero e a violência contra mulher no Brasil
O desenvolvimento da vida social acumula determinações econômicas, religiosas, políticas e a articulação desses elementos trouxeram ao longo do desenvolvimento social a supremacia masculina, como um sistema, ainda que se modifique se mantém atuantes as relações de gênero.
Na sociedade, feminino e masculino, são opostos e os seus valores são completamente diferentes, onde começa as atribuições desiguais na construção da própria sociedade, um tem mais poder sobre o outro, e a mulher é designada á condição de inferior.
Assim, ‘O gênero se torna, inclusive, uma maneira de indicar as ‘construções sociais’ – a criação inteiramente social das idéias sobre os papéis próprios aos homens e às mulheres. O ‘gênero’ sublima também o aspecto relacional entre as mulheres e os homens, ou seja, que nenhuma compreensão de qualquer um dos dois pode existir através de um estudo que os considere totalmente em separado’ (SOIHET apud GOMES, 2009, p 3).
Então o conceito de gênero é uma construção de diferenciar o sexo biológico de sua tradução social em papéis sociais e expectativas do comportamento do homem e da mulher, demarcada por essas relações de poder entre masculino e feminino na sociedade brasileira e essa desigualdade são sócio-culturais, tem a haver com a cultura das diversas mudanças da sociedade e da história que já traz há séculos o homem como ser superior tanto na sociedade como no interior da família.
Com isso,
A construção dos gêneros se dá através da dinâmica das relações sociais. Os seres humanos só se constroem como tal em relação com os outros, não se trata de perceber apenas corpos que entram em relação com outro. É a totalidade formada pelo corpo, pelo intelecto, pela emoção, pelo caráter do EU, que entra em relação com o outro. Cada ser humano é a história de suas relações sociais, perpassadas por antagonismos e contradições de gênero, classe, raça/etnia (SAFFIOTI, 1992, p. 210).
A partir do surgimento da televisão em particular quando a discussão remete à função social da mulher, quando sujeitam a imagem da mulher a produtos de consumo, expõem a feminilidade somente como corpo, tornando o sexo feminino com seres débeis e objetos de sedução, a forma sempre é a mesma, os papéis são estereotipados, degradando a intelectualidade, cultural e social da mulher em relação ao homem.
É intenso e variado à discussão acerca desse assunto, de analisar essas relações de domínio, o movimento feminista não procura guerras entre os sexos e sim direitos igualitários, retirar esse costume do homem de ser superior, a mulher precisa ser vista como um ser humano assim como todos.
Segundo Gomes (2009, p. 33),
As relações de dominação se estabelecem quando um indivíduo ou grupo se apodera do poder do outro e, com isso, passa a lidar com esse outro de forma desigual. As mulheres, no seu processo de constituição do gênero feminino, tiveram o seu espaço subjugado ao masculino, sendo tratadas como seres mais frágeis, dependentes, e com menos direitos sociais.
A nossa Sociedade é capitalista e patriarcal, assim à situação de desvalorização subalternidade e exploração das mulheres, as relações entre homens e mulheres acabam se tornando violento, um problema em todos os meios, percebe-se que milhões de mulheres já foram agredidas por causa dessa superioridade do homem sobre o sexo feminino. Assim, segundo o dicionário Aurélio, patriarcado é,
Regime social em que o pai é a autoridade máxima, da família ou patriarca, que tem poder absoluto em sua casa, no qual é construída uma hierarquia onde o marido e o pai exercem esse poder recorrendo à força física para manter-se como tal (FERREIRA, 2000, p. 519).
Percebe-se que falar de gênero não é nada fácil, pois requer uma analise do que é homem, mulher, masculino e feminino. Em uma sociedade patriarcalista e machista, onde a superioridade masculina predomina sobre o feminino em uma relação de poder, onde o chamado sexo frágil começa a ser destacado dentro da relação homem trabalho, porém a partir desta relação de poder estabelece o exercício de dominação onde se origina a violência contra a mulher.
Essa violência se dá porque o homem descobre a propriedade e sua participação na procriação bem como a concepção de que pode ser mais importante e mais forte que a mulher em todos os sentidos. E esse pensamento se encontra na contemporaneidade atingindo as mulheres sem escolha de classe social, etnia, cultura, idade ou raça.
Podemosobservar que geralmente a causa da violência em si, é a discórdia ou uma desavença que existe entre o casal, refere-se à desobediência da mulher na ordem exigida pelo homem, à perda do controle sobre a mulher, ocasiona a violência que está relacionada às relações de poder e dominação do homem.
Entendemos por violência uma realização determinada das relações de força [...] Em primeiro lugar, como conversão de uma diferença e de uma assimetria numa relação hierárquica de desigualdade, com fins de dominação, de exploração e de opressão (CHAUÍ apud AZEVEDO, 1985, p. 60).
De acordo com o Plano Nacional de Prevenção, Assistência e Combate à Violência Contra as Mulheres (PNPCVM) existe um número extremamente significativo de mulheres de diferentes países da America latina que afirmam ter sofrido determinado tipo de violência seja ela física ou psicologia exercida por seus parceiros.
Essa violência imposta pelo homem contra a mulher, seja ela esposa, filha, avó, etc., sempre foi encarada como um ato natural, no qual o homem era visto como o ‘chefe’ que impunha sua ‘superioridade masculina’ através do autoritarismo e da força para controlar a família e até mesmo os empregados. E essa cultura ainda é comum na sociedade atual. (BEAUVOIR apud SCHRAIBER; D‟OLIVEIRA, 2010, p. 14).
As mulheres estão sujeitas à violência em maior ou menor grau em todas as sociedades, sem distinção de nível de educação, essa violência contra a mulher refer-se a qualquer ato de violência que tenha por base o gênero, e que resulta ou pode resultar em dano ou sofrimento de natureza física, sexual ou psicológica.
Deve se frisar que não só na América latina, existe um número expressivo de violência contra a mulher, segundo pesquisa mundial da União das Nações Unidas (ONU), cerca de mais de um bilhão de mulheres a nível mundial, já foram vitimadas fisicamente, sexualmente, psicologicamente ou já sofreu algum outro tipo de violência, cometido por seus parceiros ou por alguém próximo a sua convivência (SANTOS, 2008, p. 30).
Como sabemos, durante muito tempo, a mulher foi considerada como objeto, um sujeito social com pouco ou nenhum direito e que, por isso mesmo, sofre inúmeros tipos de violência.
Para compreender sobre esse fenômeno, as autoras Teles e Melo (2003 apud FÁTIMA, CRISTINA 2009) pontuam os tipos de violência contra mulher:
a) Violência de gênero: pode ser compreendida como violência contra a mulher; praticada contra pessoa do sexo feminino, apenas e simplesmente pela sua condição de mulher; pode significar “a intimidação da mulher pelo homem, que desempenha o papel de seu agressor, seu dominador e seu disciplinador”.
b) Violência doméstica: ocorre dentro de casa, nas relações entre as pessoas da família, entre homens e mulheres, pais/mães/filhos, entre jovens e pessoas idosas; “independentemente da faixa etária das pessoas que sofrem espancamentos, humilhações e ofensas nas relações descritas, as mulheres são o alvo principal”.
c) Violência intrafamiliar: pode ocorrer fora do espaço doméstico, como resultado de relações violentas entre membros da própria família;
d) Violência sexual: termo empregado, sobretudo, para os casos de estupro cometidos dentro e fora de casa. São atos de força em que a pessoa agressora obriga a outra a manter relação sexual contra sua vontade. As vítimas principais têm sido do sexo feminino, mesmo quando crianças ou adolescentes.
e) Violência conjugal: ocorre nas relações entre marido e mulher ou naquelas propiciadas pela união estável (violência nas relações do casal); manifesta-se tanto no espaço doméstico como fora dele.
f) Violência patrimonial: causada pela dilapidação de bens materiais ou não de uma pessoa e provocam danos, perdas, destruição, retenção de objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores econômicos, entre outros.
g) Violência psicológica: refere-se a ações ou omissões que visam degradar, dominar, humilhar outra pessoa, controlando seus atos, comportamentos, crenças e decisões; utiliza-se de intimidações e ameaças que impedem ou prejudicam o exercício da autodeterminação e desenvolvimento pessoal. De uma forma ou de outra, a violência contra a mulher constitui-se em um “fenômeno democrático”, que atinge mulheres em todo o mundo. Trata-se de um preconceito que vai além de nossas fronteiras.
Diante disso, podemos ver que a violência está em toda parte, de diversas formas, e que os atos de violência contra mulher sempre foram presentes e agora estão ganhando novos conteúdos e significações, e os fatores que levam o homem a agredir a mulher, ainda vêm da cultura machista do homem, onde para eles as suas companheiras sempre serão sua eterna propriedade.
Desse modo muitas mulheres calam-se diante da violência por causa da humilhação, da vergonha e muitas vezes do medo, por estarem emocionalmente envolvidas com quem as vitimiza, e também depende financeiramente, tornando cada vez mais difícil o combate para erradicar a violência, por causa da submissão e consentimento da mulher diante da violência que sofre.
3 LEGISLAÇÃO NO COMBATE A VIOLÊNCIA
Com o crescente número de incidentes de violência contra mulher, é preciso leis de proteções legais mais punitivas e abrangentes aos dos direitos humanos, pois a violência contra a mulher está diretamente ligada a tais direitos.
Vários são os tratados que o Brasil adotou em face da violência domestica, dentre eles e de suma importância cita a Declaração dos Direitos Humanos de 1948, a Conferência Mundial de Direitos Humanos de 1948 e 1993, a Conferência Internacional de População e Desenvolvimento de 1994, Conferência sobre a Mulher de 1995 e a Conferência Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a mulher, que foi sediada no Brasil (MINAYO, 2001, p. 90).
A Declaração Universal dos Direitos Humanos e a convenção de Belém do Pará em 1994 foi um dos marcos importante para a as reivindicações feministas do Brasil e do mundo, por destacar importantes medidas para punição e erradicação as formas de violência contra á mulher.
Lei 11.340, de 07 de agosto de 2006, cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra mulher, nos termos do 8 art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providencias (Lei Maria da Penha).
Na convenção foi previsto que os países tivessem em sua legislação normas penais assim como de outra natureza que coibisse e prevenisse á violência contra mulher, é que a punição a tais crimes tivessem mais severidade. O País por sua vez atendeu à recomendação e deu início ao processo legislativo, a fim de programar medidas para contribuir na prevenção e combate à violência doméstica contra as mulheres. “A lesão corporal dolosa grave nem sempre é suficiente para a condenação de seu autor. Era assim até novembro de 1995, períodos em que todos os excessos eram julgados com o Código Penal, sob a lei 9.099/95” (SAFFIOTI, 2010, p. 5).
A lei que era aplicada até então, era dos juizados especiais criminais (lei 9.099/95) para os casos de violência doméstica, que julgavam os crimes com pena de até dois anos e pena secundária como as cestas básicas e multa, vejamos que essa lei não tornava o crime de violência contra mulher com a devida eficácia.
Devido aos objetivos conciliatórios dessa legislação não serem suficientemente hábeis para solucionar os casos de violência doméstica, o movimento feminista, mobilizado a partir de suas entidades, articulado com legisladores, agentes que trabalhavam com mulheres em situação de violência, além das pessoas interessadas em mudar essa realidade, propôs a Lei 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha (SANTOS, 2008, p. 36).
É claro que a legislação brasileira não foi subitamente exigida a fazeruma mudança em seu código penal, e sim devido aos problemas que estavam acontecendo no Brasil, por causa da violência contra mulher, um exemplo é o caso da Maria da Penha Fernandes, vitima de violência pelo seu companheiro, que depois de agressões e tentativas de homicídio a deixou em uma cadeira de rodas, ela foi homenageada com o seu nome na lei que veio trazer grandes avanços para as mulheres de todo mundo.
A sociedade brasileira e seu ordenamento jurídico festejou um grande marco no ano de 2006, que foi a criação da Lei Federal 11.340, o qual sua principal finalidade é a defesa das mulheres, tal lei ficou popularmente conhecida como “Lei Maria da Penha” que estabeleceu penas mais severas para agressões contra mulheres, aumentando os mecanismos de proteção delas e alterando o previsto no Código Penal, ao permitir flagrante criminal e a decretação da prisão preventiva do agressor (BRASIL, 2006, não paginado).
O movimento feminista com suas lutas incessantes, finalmente teve uma conquista que marca o começo da história de igualdade da mulher vista como uma cidadã de direitos e de deveres, a partir da constituição da República federativa do Brasil com a criação da lei Maria da Penha, teve um grande de percentual de suas reivindicações atendidas, que constitui seus valores de igualdade e punições a cerca de mecanismos que previna a violência que sofre tanto familiar ou descriminações por parte da sociedade.
Em termos de violência, a principal conquista jurídica das mulheres foi à inclusão Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações (BRASIL, 1988, p. 109).
O dispositivo legal, estabelecido pelo Código Penal Brasileiro, que tipificou e denominou a “Violência Doméstica”, contra a mulher foi de se suma importância, a violência doméstica que antes da alteração do artigo 129 do Código Penal, era tratada como lesão corporal resultando na aplicação de penas alternativas, como por exemplo, o pagamento de cestas básicas ou prestação de serviço a comunidade, dentre outras.
Porém, deve se destacar que a lei 10.455 de 13 de maio de 2002, trouxe outra importante evolução no combate à violência domestica contra a mulher. A legislação inovou a obrigação de afastamento do agressor da vitima, com o intuito de manter sua integridade, física, psicológica e moral inabalada. Tal posicionamento pode ser determinado pelo juiz como medida cautelar, o afastamento imediato do mesmo do local de convivência com a vítima, muitas vezes, do lar do casal.
A lei também estabeleceu que, os órgãos públicos devem contar com, profissionais como juízes capacitados e uma equipe multidisciplinar formada por assistentes sociais, profissionais da saúde, educação, trabalho e habitação vários setores para que haja realmente um atendimento adequado a mulher vitima de violência.
No município de Imperatriz temos implantada a primeira Vara Especial da Mulher do Maranhão, que foi criada por meio de Projeto de Lei aprovado na Assembléia Legislativa, está iniciativa atende à determinação da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, onde o atendimento vem a ser exclusivo de violência doméstica. casos familiares e também processos de natureza cível no caso de pensão alimentícia, divórcio e outros.
Podemos dizer um avanço para as mulheres e as famílias de Imperatriz porque agora irá ter uma vara que atendera diretamente os casos de violência, mais um órgão criado graças às reivindicações das mulheres do município que buscam arduamente erradicar essa violência contra mulher.
3.1 Lei Maria da Penha
A Lei 11.340 denominada Lei Maria da Penha, foi sancionada em 07 de agosto de 2006, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mais só entrou em vigor em 22 de setembro do mesmo ano, criada no intuito de coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher.
O nome dado à lei foi uma homenagem a uma vitima de violência feita pelo próprio companheiro, à mulher chamada Maria da Penha depois de um tiro e outras agressões que a fizeram fica em uma cadeira de rodas, tornou-se uma lutadora pelos os direitos de justiça.
Os movimentos feministas foram um dos fatores que contribuíram para criação da lei, suas reivindicações eram cobranças de garantia de proteção para a mulher que sofria violência.
A Lei ‘Maria da Penha’ atribui à mulher tratamento diferenciado, promovendo sua proteção de forma especial em cumprimento às diretrizes constitucionais e aos tratados ratificados pelo Brasil, tendo em vista que, a mulher é a grande vítima da violência doméstica, sendo as estatísticas com relação ao sexo masculinas tão pequenas que não chegam a ser computadas (CAVALCANTI, 2008, p. 8).
Com a implantação da lei, diversas modificações no combate a violência contra mulher poderão ser observadas, podemos comparar. Antes da Lei Maria da Penha ser sancionada, vejamos alguns pontos:
a) Prisão preventiva para os crimes de violência doméstica ainda não era prevista.
b) A pena para crime de violência doméstica era de seis meses a um ano.
c) A mulher vítima de violência doméstica, em geral, comparecia às audiências desacompanhadas de advogado ou defensor.
Esses exemplos forma a cerca de como era antes da Lei Maria da Penha, agora vamos uns pontos que mudou no contexto da lei.
a) Possibilita a prisão do agressor em flagrante.
b) O tempo de prisão triplicou: três meses a três anos.
c) A mulher deverá vir acompanhada de advogado ou defensor público em todos os atos processuais.
Houve grandes mudanças na questão de enfretamento da violência contra mulher por causa da criação de lei Maria da penha, fortalecendo a punição e a proteção a vitima que sofre tamanha violência.
A Lei também altera o previsto no Código Penal, Brasileiro de 1940 para possibilitar a decretação de prisão preventiva e a prisão em flagrante. A prisão preventiva é uma medida especial, determinada pelo Juiz quando a liberdade do acusado cria riscos para o processo. Já a prisão em flagrante deve ser aplicada na hipótese de iminência ou prática da violência (artigo 10).
A lei pelo que podemos verificar vem sendo em sucedida no combate a violência contra a mulher, seus avanços tendem a transformar a vida de milhões de vitimas de violência minimizando o sofrimento silencioso que ronda pelo em vários cantos do Brasil.
A Lei Maria da Penha fixa várias medidas de urgência que podem ser aplicadas contra o agressor quando for constatada a prática de violência doméstica, como o afastamento do lar, restrição ou proibição de contato com a agredida, seus dependentes e familiares, prestação de alimentos provisionais ou provisórios dentre outras elencadas no capítulo II que trata “das medidas protetivas de urgência”, Seção II, da referida Lei.
As conquistas feministas são vistas e objetivas pela constituição de 1988, que consolida a igualdade entre os seres, e que foi também reafirmado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e a convenção de Belém do Pará que estabeleceu:
[...] estatui que a mulher esta protegida pelos demais direitos previstos em todos os instrumentos regionais e internacionais relativos aos direitos humanos, mencionando expressivamente o direito a que se respeite sua vida, integridade física, mental e moral; direito á liberdade e á segurança pessoais [...]. Essa Convenção entende que a violência contra mulher impede e anula o exercício dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, de forma que, paralelamente á violência física, Sexual e psicológica, ocorreria uma violação daqueles direitos [...] (CONVENÇÃO..., 1994, não paginado).
Para as mulheres é mais um ponto de vitória, por mais pouco que seja, já representa muito, para quem só vivia em desvantagens em relação aos homens, a sincronização dos órgãos e instituições a favor da igualdade entre os seres vem agindo arduamente na prestação de um atendimento a mulher que sofre violência.
Art. 7° são formas de violência domésticae familiar contra mulher, entre outras: I - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição, da autoestima.
III – A violência Sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou participar de relação sexual não desejada, e o que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos.
IV- a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos e trabalho.
V – a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure a calúnia, difamação ou injúria (BRASIL, 2006, não paginado).
O atendimento para mulher que sofre violência é como uma ação conjunta entre vários órgãos, tanto público como também da sociedade, é claro que com a criação da Lei Maria da Penha tem sanado todas as questões da violência contra a mulher, nem tudo é resolvido de uma hora pra outra, tem muito que andar, mais já é um bom começo para quem não tinha se quer um direito.
A Lei Maria da Penha é um marco histórico na luta da violência contra a mulher, fundamentada de acordo com os preceitos internacionais e do mundo global civilizado, no qual estamos inseridos.
Art.9° A assistência á mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção e emergencialmente quando for o caso (BRASIL, 2006, não paginado).
Com isso a rede de atendimento á mulher vitmizada pela violência tem que se constituir em um conjunto de Instituições para presta atendimento eficaz e emergencial a mulher, onde os Estados e municípios possam realizar programas que beneficie a mulher, No Município de Imperatriz-ma não é diferentes as instituições estando sendo aos poucos se concretizando na defesa da violência contra mulher assim como em varias outras localidades, contamos então com a articulação dos seguintes órgãos: Policia Militar, Delegacia Especializada da Mulher, Instituto Médico Legal e Ministério Público- enquanto instâncias de atendimento Primário, Defensoria Pública, Poder Judiciário- que apuram e julgam os casos de agressões, Casa Abrigo, Centro de Referências Especializadas da Assistência Social (CREAS) e Hospitais, o Programa Saúde da Família (PSF) e Centros de Referência da Assistência Social (CRAS), instituições que contam ainda com profissionais capacitados e juntamente com a comunidade possam identificar casos de violência contra mulher.
Como já citamos o município de Imperatriz localizada no Estado do Maranhão, tem feito a sua parte, tem luta incansável em conscientizar toda população e as mulheres que sofrem a violência e os próprios agressores, da importância de erradicar essa problemática que existe em vários lares e até mesmo em meio à sociedade, são feitos constamente palestras, discussões sobre o assunto, e agora conta-se com mais um meio de defesa contra violência no seio familiar, foi implantando no município a Ronda Domiciliar com objetivo de ajudar no combate a essa violação dos direitos humanos que é a violência e todas as formas.
É visível que a Lei 11.340 de 2006, trouxe a mulher um novo olhar para a vida, com a consciência que a luta foi árdua, e as vitorias estão aparecendo, a situação da mulher que antes tinha medo de denunciar, hoje por causa das punições mais severas, como maior sentimento de segurança da vítima de que o agressor será punido e que graças à proteção policial este não se voltará contra a vítima novamente.
4 CONCLUSÃO
Com a realização desta pesquisa fez-se uma analise sobre as políticas públicas de combate a violência contra mulher a partir da Experiência da Rede de Atendimento a mulher em Imperatriz-Ma, onde a partir dos dados coletados, foi possível tirar conclusões acerca das ações da rede no atendimento a mulher em situação de violência, em relação do papel e objetivo dos órgãos que compõem a rede.
Constatou-se que as dificuldades são acerca da formulação e implantação das políticas públicas voltadas ao combate a violência onde a lentidão do Estado na construção e desenvolvimento dessas políticas e um grande obstáculos a ser quebrado.
Dentre as dificuldades os pontos mais negativos são a falta de profissionais na equipe de algumas das instituições, até mesmo uma estrutura inadequada pra receber tais profissionais como a Delegacia da Mulher que não dispões de assistente social e psicólogo; A casa Abrigo que também tem falhas em relação a profissionais necessários para o bom andamento do local em atender a mulher.
Percebe-se que a maioria dos atendimentos é paliativo, onde o que deveria ter um suporte de equipe multidisciplinar capacitada no atendimento as mulher que sofre violência através de uma intervenção apropriada na rede de atendimento.
Nota-se que as Instituições entrevistadas ainda ressaltam que a Rede de atendimento, falta interação e comunicação mais abrangente acerca da importância e o papel de cada órgão na articulação desse problema que a violência contra mulher, e em Imperatriz a rede ainda não atende de forma satisfatória a resolução dessa temática e na garantia integral dessas ações.
Na Casa Abrigo de Imperatriz, pode-se constatar a inserção da ex- abrigada a sociedade e ao mercado de trabalho, porém não existe uma forma abrangente, pois os cursos que são oferecidos pela casa não são profissionalizantes que dificulta a volta dessa mulher para entrar no mundo do trabalho.
Tornando-se um dos critérios que faz a mulher volta a conviver com seu agressor, por não ter como se sustentar com os seus filhos e até mesmo sozinha, sujeitam-se aos atos de violência do companheiro por medo de perdê-lo devido à dependência financeira que ela precisa.
Sugere-se aqui em relação ao funcionamento da Rede, que exista mais interação, mais reuniões, encontros entre todos os órgãos, todos os meses para debaterem como está o andamento e os avanços de cada Instituição referente ao combate á violência contra mulher, observando a partir daí os pontos que deveram melhorar e ampliar, que procurem junto ao Estado ao governo municipal e sociedade civil buscar resposta e soluções para essa problemática.
Em relação à Casa Abrigo que haja cursos profissionalizantes para as que estão na casa e também acompanhamento as que já saíram, possa oferecer cursos que ao sair da casa a mulher possa consegui trabalho para se sustentar , procurando incentivar as mesmas voltar a estudar , inserindo-as aos programas de educação do próprio Município, par que a mesma não se sinta vulnerável e acabe volta para as relações violentas por causa da dependência financeira.
Em Imperatriz a parte dos dados que se coletou, não existe de maneira alguma nem um trabalho voltado para reabilitação do agressor, mesmo estando na Lei Maria Penha no art.35 A União, o Distrito Federal, os Estados e os municípios poderão criar e promover, no limite das respectiva competências; inciso V. Centro de Educação e de Reabilitação para os agressores,na lei existe ,mais na pratica ainda não se disponibilizar aqui em Imperatriz.
Deste modo, sugere-se que as autoridades governamentais Estaduais e Municipais criem esse mecanismo necessário para a ressocialização do agressor, que pode ser um dos pontos cruciais da violência, um projeto que desconstrua esse ciclo vicioso, um programa que atenda homens que praticaram essa violência, com a realização desse trabalho de reeducação, talvez possa minimizar ou até mesmo evitar que acha uma próxima vítima de violência.
Propõe-se também que exista mais divulgação de todos os mecanismos que o município tem no combate a violência para a população deixando evidente o trabalho que é feito para resolução dessa temática que é a violência domestica e familiar.
Esperamos que a realização de estudo viesse contribuir de algum modo para que haja uma melhor interação e planejamento da Rede Especializada no Atendimento

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