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Administração Corporações e Contexto Empreendedor Aula 1 Ademir Bueno Introdução Olá, seja bem-vindo(a)! Nesta disciplina, falaremos sobre perfil do empreendedor, tipos de empreendedor e empreendimento, conceito de corporação e empresa e características do empreendedor gestor. Problematização Na atualidade, as pessoas que optam por iniciar um novo negócio o fazem mais por necessidade ou por oportunidade? Considere os argumentos a seguir: Mais por necessidade, quando não encontrando com facilidade emprego em sua área de atuação, abrem uma empresa com a finalidade de ter um meio de subsistência. Mais por oportunidade, quando a pessoa, por fazer estudos e análises do mercado, encontra nichos pouco explorados e inicia um negócio para atender a essa demanda em potencial. Segundo a Pesquisa GEM – Global Entrepreneurship Monitor 2013 realizada pelo SEBRAE, na atualidade no Brasil é maior o percentual de empreendedores por oportunidade e não por necessidade. Isso pode ser explicado pelo crescimento do país na última década, na melhoria nos níveis de emprego, maior acesso às informações, entre outros fatores. Tudo isso leva as pessoas a decidirem empreender com mais calma e de forma mais racional. Conceito de Empreendedorismo Conceitos e Contextualização Ao se tratar do conceito e diferenciação do que é empreendedorismo, empreendimento, empreendedor e intraempreendedor, não há uma convenção geral que se pode alcançar lendo apenas um autor ou livro. Esses conceitos podem variar de autor para autor, época ou país. Mas, de forma geral, segundo Dolabela (2006) temos as seguintes definições: Empreendedorismo: área da administração que tem por objetivo o estudo e ensino de fatores relacionados à iniciação e gestão de uma empresa/negócio. Empreendedor: aquele que inicia um empreendimento, uma empresa ou compra uma já existente e segue em sua gestão buscando melhorias e aperfeiçoamento. Intraempreendedor: funcionário ou colaborador de uma empresa que age como se fosse o dono do negócio, investindo tempo e energia a fim de conseguir produzir resultados excepcionais para a empresa, o que levará a ter diferenciais como empregado. Empreendimento: todo e qualquer projeto iniciado por um empreendedor, que não precisa ser necessariamente uma empresa. Para Schneider e Castelo Branco (2012, p. 19), “...empreendedorismo está relacionado à ação. Portanto, empreendedores são aqueles que realizam algo, que mobilizam recursos e correm riscos para iniciar negócios, para iniciar organizações. Aquele que se propõe a empreender é alguém que não fica na esfera dos sonhos e intenções; mas é alguém que sonha e parte para a concretização.” (grifos dos autores) Empreender é agir, é sair do mundo das ideias, dos sonhos, do pensamento, é ir além, se diferenciar em busca de realização, de concretização. É superar a barreira do medo inicial para transformar em realidade algo projetado e pensado, sempre visando a realização pessoal e/ou profissional. Embora não seja um desafio fácil, é possível, ou não teríamos tantos empreendimentos de sucesso. Para Dornelas (2005), a origem, o primeiro exemplo de empreendedorismo, pode ser visto na figura de Marco Pólo (que viveu entre os anos de 1254-1324) e tentou estabelecer uma rota comercial para o Oriente através de um contrato para que um viajante vendesse suas mercadorias. Já na Idade Média, o empreendedorismo pode ser entendido através dos gerenciadores de grandes projetos de produção, nos quais não se assumia grandes riscos – o empreendedor trabalhava com recursos do governo do país onde atuava. Posteriormente, no século XVII, é que o empreendedor começa a correr algum risco ao tocar projetos por meio de um acordo contratual com o governo para realizar algum serviço ou oferecer algum produto. Richard Cantillon, importante escritor e economista do século XVII, é considerado por muitos como um dos criadores do termo empreendedorismo, tendo sido um dos primeiros a diferenciar o empreendedor (aquele que assumia riscos) do capitalista (aquele que fornecia o capital), segundo o próprio Dornelas (2005). No século XVIII é que surge uma separação entre os termos/conceitos de capitalista e empreendedor, em função provavelmente do início da industrialização de forma mais estruturada e organizada, quando projetos de pesquisa eram financiados e seus empreendedores buscavam inovação, como por exemplo no caso de Thomas Edison, inventor que ficou conhecido por desenvolver a lâmpada elétrica. No final do século XIX e início do XX, os empreendedores foram frequentemente confundidos com os gerentes ou administradores, sendo analisados meramente de um ponto de vista econômico: aqueles que organizam a empresa, pagam os empregados, planejam, dirigem e controlam as ações desenvolvidas na organização - mas sempre a serviço do capitalista. A seguir, Andrade (2010), apresenta alguns conceitos e seus respectivos autores. Tema: Conceito: Autor: Teoria da Administração Científica Tem como preocupação básica aumentar a produtividade da empresa por meio do aumento de eficiência no nível operacional. A abordagem é de baixo para cima, ou seja, dos operários para a gerência. Frederick W.Taylor (1912) Teoria Clássica da Administração Tem como principal preocupação aumentar a eficiência da empresa por meio da forma e disposição dos órgãos componentes da organização (departamentos). Sua abordagem é de cima para baixo, ou seja, da direção para a execução. Henri Fayol (1916) Empreendedorismo É uma revolução silenciosa, que será para o século XXI mais do que a Revolução Industrial foi para o século XX. Timmons (1990) Empreendedorismo Empreendedorismo é um neologismo derivado da livre tradução da palavra entrepreneurship e utilizado para designar os estudos relativos ao empreendedor, seu perfil, suas origens, seu sistema de atividades, seu universo de atuação. Dolabela (1999) Empreendedorismo Gradativamente, o empreendedorismo vem se firmando como uma grande possibilidade de opção profissional. Atualmente, procura-se estimular o fomento e geração de novos empreendimentos e, mesmo que não se tenha um negócio próprio, o que se espera de quem trabalha nas organizações é que tenha espírito empreendedor e aja como se fosse o dono do negócio. Bulgacov (1999) Empreendedor É aquele que destrói a ordem econômica existente Schumpeter pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais. (1949) Empreendedor A palavra empreendedor (entrepreneur) tem origem francesa e quer dizer aquele que assume riscos e começa algo novo. Hisrish (1986) Empreendedor A palavra empreendedor, de emprego amplo, é utilizada para designar principalmente as atividades de quem se dedica à geração de riquezas, seja na transformação de conhecimentos em produtos ou serviços, na geração do próprio conhecimento ou na inovação em áreas como marketing, produção, etc. Dolabela (1999) Empreendedor É aquele que cria um equilíbrio, encontrando uma posição clara e positiva em um ambiente de caos e turbulência, ou seja, identifica oportunidades na ordem presente. Kirzner (1973) Empreendedor É uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões. Dolabela (1999) EmpreendedorTem iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz; Utiliza os recursos disponíveis de forma criativa, transformando o ambiente social e econômico onde vive; Aceita assumir os riscos calculados e a possibilidade de fracassar. Dornelas (2005) Popular Do, ou próprio do povo. Feito para o povo. Agradável ao povo. Que tem as simpatias do povo. Homem do povo. Aurélio Ferreira (2003) Popular Que pertence ao povo. Usual entre o povo. O que provém do povo. O que representa a vontade do povo. Homem do povo que forma a massa comum. Maria Helena Diniz (2005) Schumpeter, estudioso da área do desenvolvimento econômico, no início do século passado afirmou que: “Chamamos ‘empreendimento’ à realização de combinações novas; chamamos ‘empresários’ aos indivíduos cuja função é realizá-las. (...) chamamos ‘empresários’ não apenas aos homens de negócios ‘independentes’ em uma economia de trocas, que de modo geral são assim designados, mas mesmo que sejam, como está se tornando regra, empregados ‘dependentes’ de uma companhia, como gerentes, membros da diretoria etc.” (SCHUMPETER, 1964, p. 83, destaques do autor). Dornelas, 2005 (p. 27), cita o estudioso acima descrevendo que para ele: “O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente através da introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização, ou pela exploração de novos recursos e materiais.” (Dornelas, 2005, p. 27). No artigo “Configuração empreendedora ou configurações empreendedoras?” seus autores (GIMENEZ, FERREIRA e RAMOS, 2008, p. 3) destacam que: Em 1934, Schumpeter tratou empreendedorismo como a realização de novas combinações de recursos, incluindo fazer coisas novas ou coisas que já são feitas em novas maneiras. Para ele, havia cinco formas de realizar novas combinações de recursos: (i) introdução de novos produtos (ii) criação de novos métodos de produção (iii) abertura de um mercado novo (iv) identificação de novas fontes de suprimento (v) criar novas organizações Em uma visão contemporânea, são exemplos de empreendimentos: comprar um carro, realizar um curso superior, programar e realizar uma viagem, comprar uma casa, casar-se, entre outros. Isso tudo pode ser considerado como empreendimento porque demanda tempo e energia por parte da pessoa/empreendedor, no sentido de se preparar para o projeto, iniciá-lo e dedicar-se para alcançar os objetivos. Gastar dinheiro, na maioria dos casos, é necessário para alcançar o que se deseja. Ainda para Schneider e Castelo Branco (2012, p. 22): “... a soma dos conceitos apresentados mostra que empreender é uma ação realizada por pessoas determinadas, que se autoconhecem e conhecem seus limites, que estão prontas para agir e dispostas a arcar com as consequências de seus atos.” Assim, essa escolha não precisa ser necessariamente por ser tornar empresário, mas se refere à decisão de ser inovador e fazer a diferença. O professor Filion, um dos mais respeitados estudiosos da área de empreendedorismo, nos apresenta, em um artigo publicado na Revista de Administração em 1999, um histórico do termo e suas duas principais correntes: a visão dos economistas que associa o empreendedor à inovação e a visão dos comportamentalistas, que ligam o termo e o conceito aos aspectos de criatividade e intuição. Ele afirma que foi Cantillon, no século XVII, que definiu a função empreendedora. Ele era um banqueiro que buscava identificar oportunidades de negócios, assim descrito por Filion: “Cantillon era basicamente um banqueiro que, hoje, poderia ser descrito como um capitalista de risco. Seus escritos revelam um homem em busca de oportunidades de negócios e obtenção de rendimentos otimizados pelo capital investido”. Entretanto, os escritos deste empreendedor só foram publicados 20 anos após sua morte. O segundo a se interessar pelo tema empreendedorismo e escrever sobre ele foi Say. Considerado economista, este autor fazia uma distinção entre empreendedores e capitalistas e entre os lucros de cada um. Assim, Filion diz que ele “associou os empreendedores à inovação e via-os como agentes da mudança. Ele próprio era um empreendedor e foi o primeiro a definir as fronteiras do que é ser um empreendedor na concepção moderna do termo.” Desta forma, Filion afirma categoricamente que, “como Say foi o primeiro a lançar os alicerces desse campo de estudo, pode-se considerá-lo como o pai do empreendedorismo.” Mas Filion explicita que Schumpeter lançou o campo de estudos do empreendedorismo, vinculando-o à inovação. Assim descreve que “Schumpeter não só associou os empreendedores à inovação, mas também mostrou, em sua significativa obra, a importância dos empreendedores na explicação do desenvolvimento econômico.” Porém, Filion ainda diz que “uma das críticas que pode ser dirigida aos economistas é que eles não têm sido capazes de criar uma ciência do comportamento dos empreendedores.” Essa dificuldade levou ao desenvolvimento de outra corrente de pensamento, os comportamentalistas, dedicados ao estudo e compreensão dos comportamentos dos empreendedores. Segundo os comportamentalistas, “um empreendedor é alguém que exerce controle sobre uma produção que não seja só para seu consumo pessoal.” Para eles, essa ação se dava basicamente por dois fatores, necessidade de realização e necessidade de poder. Entretanto, Filion contesta esta simplificação, dizendo que: “Contudo, ainda há dúvidas quanto a achar que o comportamento das sociedades – ou até de indivíduos ou organizações – pode ser explicado por apenas um ou dois fatores”. Diante do exposto, leia o artigo “O que significa ser empreendedor?”: http://exame.abril.com.br/pme/noticias/o-que-significa-ser- empreendedor Assista também ao vídeo complementar: “O que é empreender?” https://www.youtube.com/watch?v=bQbzWijMtFk É hora de agir... Elabore, com suas palavras, um conceito do que é ser empreendedor. Uma vez que elaborou o conceito, destaque as três palavras mais importantes presentes em sua produção textual. Perfil do empreendedor Ao tratar das pesquisas que buscam definir as características do empreendedor, Filion (1999), afirma que: “Até agora não foi possível estabelecer um perfil psicológico absolutamente científico do empreendedor. (...) uma amostragem de empreendedores que entraram no mercado há dois anos não dará o mesmo perfil que outra de empreendedores que se lançaram há 20 anos atrás. Treinamento e empregos anteriores também terão certo impacto, assim como religião, valores da comunidade educacional, cultura familiar, entre outros.” Se não há consenso de um lado, há pelo menos uma linha mestra que pode nortear a definição das características mais encontradas quando se pesquisa o perfil do empreendedor. E para tanto Filion sentencia que: “Os seres humanos são produtos do ambiente em que vivem. Alguns autores têm mostrado que os empreendedores refletem as características do período e do lugar em que vivem.” O autor afirma também que, após iniciarem seus negócios, os empreendedores desenvolvem a tenacidade e criatividade para se manter e prosperar no mercado em que se encontram. A necessidade de aprendizado contínuo é outra obrigação para os empreendedores a fim de vencerem os desafios encontrados em seu dia a dia. O empreendedor é um ser social e, portanto, fruto do meio no qual vive, das relações que mantém com quem convive e mantém relações sociais, seja na comunidade,na escola/universidade ou ambiente de trabalho. Assim as características do empreendedor se desenvolvem na interação com o meio no qual está inserido. Desta forma, Dolabela afirma categoricamente que: “Empreendedorismo é uma das manifestações da liberdade humana”. Essa liberdade se manifesta nas ações dos indivíduos que buscam melhorias em suas vidas, para as vidas dos que o cercam, da sua comunidade e sociedade. E, para tanto, deve ser livre e incentivado a buscar essas melhorias e aperfeiçoamentos. Para Dolabela, “O empreendedor é um insatisfeito que transforma seu inconformismo em descoberta e propostas positivas para si mesmo e para os outros.” Os autores Gimenez, Ferreira e Ramos afirmam que, para outro teórico da área de empreendedorismo, McClelland: (...) o significado de empreendedorismo recai sobre o que ele denominou comportamento empreendedor, cujos componentes principais são: (i) uma atitude moderada face ao risco (ii) o desenvolvimento de atividade instrumental nova e vigorosa (iii) a assunção de uma responsabilidade individual pelas consequências dos atos em face de novas iniciativas (iv) a capacidade de antecipação de possibilidades futuras (v) o desenvolvimento de habilidades organizacionais e decisórias E os empreendedores possuem características em comum? Esse é um questionamento válido e oportuno. A resposta é: claro que sim, há uma linha de semelhança nas características e no comportamento empreendedor. O Sebrae, maior instituição Brasileira de apoio a pequenas e médias empresas, possui um treinamento intensivo de uma semana, denominado Empretec, que trabalha para que os participantes analisem se possuem características empreendedoras, e caso sim, em qual grau. Veja a tabela completa de características e suas descrições: Característica Descrição Busca de Oportunidade e Iniciativa Não espera parado pelas oportunidades, mas estuda e vai em busca de seus projetos, os quais foram identificados no mercado. Não se limita a sua realidade, mas age para encontrar situações que demandem novos negócios. Não espera que a situação o force a agir, procura antecipar- se às necessidades do mercado. Não espera ordens, age ao observar uma oportunidade de melhoria ou crescimento. Persistência Não desiste fácil, é duro na queda. Resiste às intempéries e continua remando até alcançar seus objetivos. É um guerreiro, mas não é burro no sentido de remar contra a maré. Quando percebe que tem que mudar de rumo ou de direção, o faz. Age para superar os obstáculos a sua frente, investe tempo e energia para suplantar as dificuldades. Corre riscos calculados Após identificar uma oportunidade, estudá-la e trocar ideia com outras pessoas, parte para ação já sabendo que não será fácil, mas acredita que não é impossível. Arrisca tempo e dinheiro para chegar onde planejou. Arrisca no incerto para alcançar seus objetivos. Não faz loucuras, mas não se prende ao que é esperado dos extremos conservadores. Exigência de Qualidade e Eficiência Não se limita a prestar serviços medíocres ou fazer produtos sem o mínimo de qualidade, mas projeta e só descansa ao alcançar padrões de qualidade. Se compromete pessoalmente e age para não decepcionar seus clientes, parceiros, fornecedores e colaboradores. Age de forma a ser eficiente em suas ações e é determinado ao atuar para realizar seus projetos. Comprometimento Suas ações denotam seu grau de integração com qualidade e eficiência. Fala, mas age na mesma proporção do que expressa. Se ficou de dar retorno, retorna, se ficou de aparecer aparece, se tiver que falar não, não hesita. Seus compromissos são pontos de honra em sua atuação. Busca de Informações Está atento a tudo que pode servir para alcançar seus projetos. Lê, escuta e interpreta dados, transformando-os em informações úteis. Não hesita em adquirir novos conhecimentos por meio de livros, internet, revistas, conversas com amigos, conhecidos e desconhecidos. Aproveita sua rede de contato para ampliar seus conhecimentos. Estabelece Metas Por saber onde quer chegar, estabelece metas para alcançar seus planos. Não se limita a sonhar, mas gasta tempo e energia para desenhar os caminhos que precisa seguir para alcançar o que pretende. Define metas de curto, médio e longo prazo. Planejamento e monitoramento sistemático Como sabe onde pretende chegar, estabelece metas e monitora o mercado, clientes, fornecedores, colaboradores e projetos a fim de alcançar no tempo certo o que tem em mente. Não faz o monitoramento pelo acaso, mas através de meios objetivos, como planilhas, softwares e aplicativos disponíveis no mercado para ter sua vida facilitada e controle sobre seus projetos. Persuasão e rede de contatos Não perde oportunidade de ampliar sua rede de contatos, seja em sua vida pessoal, profissional ou social. Sempre está atento. Ao se deparar com pessoas que julga importantes para seus objetivos, não perde tempo para manter contatos positivos. Aprimora sua comunicação constantemente a fim de aumentar seu poder de convencimento, o qual será utilizado para transmitir suas ideias e necessidades aos que estão a sua volta. Independência e autoconfiança Age de forma livre das influências negativas que se sujeita como pessoa de bom relacionamento. Por ter informações não se deixa dominar por qualquer visão ou opinião. Se discordar de algo ou alguém, apresentará os fundamentos que justifiquem suas posições. Confia que pode realizar seus projetos. Tem nível adequado de autoconfiança, porém, toma cuidado para não se tornar arrogante. Sabe de seu potencial e de sua capacidade de realização, pois não tem preguiça de agir para superar as dificuldades e chegar onde planejou. Reconhece suas qualidades, por isso confia em si. Tem clareza de suas limitações, por isso procura o aperfeiçoamento contínuo. Corroborando com as características descritas anteriormente, Schneider e Castelo Branco afirmam que: “Pessoas que não sabem quem são, onde estão, por que estão e para onde querem ir são sonâmbulos acordados. O empreendedor é alguém que precisa estar acordado para a vida, para o seu papel no contexto que está inserido e também para a sua parcela de contribuição com o todo.” Conforme Dolabela, o economista austríaco Schumpeter associa “o empreendedor ao desenvolvimento econômico, à inovação e ao aproveitamento de oportunidades em negócios”. Isso porque toda mudança na configuração do mercado empresarial se dá ou passa pelas mãos do empreendedor e de seus liderados, seus colaboradores. Ainda segundo Dolabela, citando o professor Filion, “Um empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões”. Esse conceito amplia o conceito do que é ser empreendedor, pois não o vincula apenas ao início de um novo negócio mas a projetos, realizações e concretização de sonhos. Dolabela concorda com o conceito de Filion ao expor em sua obra “O Segredo de Luisa” – um dos livros mais lidos sobre empreendedorismo no Brasil, quando conceitua que: “O empreendedor é alguém que sonha e busca transformar seu sonho em realidade”. Assim sendo, todos nós somos empreendedores de alguma forma, em especial quando não nos apegamos ao conceito clássico do que é empreender, mas quando o ampliamos e vemos que empreender é ter projetos e alcançá-los, sejam quais forem, sempre com o objetivo de melhorar nossas vidas e das pessoas que nos cercam. Tipos de empreendedorExistem na literatura diversos autores que descrevem tipos variados de empreendedores, mas há, em alguns, semelhanças nas descrições. Optamos por utilizar as diferenciações apresentadas por Dornelas. Clique no ícone a seguir para visualizar a tabela na íntegra: Tipo Características Empreendedor Nato São populares e bem conhecidos, criadores de grandes impérios, visionários e otimistas. São comprometidos em realizar seus sonhos e não medem esforços para isso. Têm como referência o pai ou mãe. Se inspiraram em grandes empreendedores. Empreendedor que aprende É um aproveitador de oportunidades. Não planejou muito, mas se deparou com uma oportunidade de negócio e resolveu investir. Se vê obrigado a aprender a lidar com sua nova escolha e as consequências. Pode ser alguém em busca de uma alternativa para sua aposentadoria. Empreendedor Serial Apaixonado não apenas pelas empresas que cria, mas também pelo ato de empreender. Vive criando novos negócios e não fica satisfeito até se tornarem grandes empreendimentos. É uma pessoa de muito networking. Cria negócios, estrutura equipe e busca financiamento para suas ideias. É motivado pelo novo e movido por desafios. Empreendedor Corporativo Conhecidos também como intraempreendedores. Geralmente são executivos muito competentes, com capacidade gerencial e conhecimento de ferramentas administrativas. Ambiciosos, trabalham de olho nos resultados para crescer no mundo corporativo, sendo hábeis comunicadores e vendedores de suas ideias. Convencem as pessoas a fazerem parte de seu time, mas sabem reconhecer o empenho da equipe, além de se autopromover. É hora de agir... Assista aos vídeos dos links abaixo de alguns empreendedores brasileiros e depois correlacione-os com os tipos vistos na tabela, justificando sua escolha: Vídeo 1 – Case da empresa Cacau Show https://www.youtube.com/watch?v=zlciR0fGrPo Vídeo 2 – A história do fundador das Casas Bahia https://www.youtube.com/watch?v=_i5iS498eIc Vídeo 3 – O segredo da Magazine Luiza https://www.youtube.com/watch?v=uFXCCXlOdyE Se conheça! Acesse o link a seguir e faça o teste para descobrir seu perfil empreendedor: http://www.endeavor.org.br/artigos/start-up/aprendendo-a-ser- empreendedor/quiz-descubra-qual-seu-perfil-empreendedor Tipos de empreendimento Existem empreendimentos iniciados quando o profissional encontra-se desempregado e com dificuldades para se recolocar no mercado formal de trabalho, seja pela situação do país ou por sua própria condição de qualificação. Como não enxerga possibilidades efetivas de conseguir um novo emprego com remuneração próxima do anterior, ele opta por iniciar um novo negócio ou comprar um já existente. Essa situação é denominada empreendimento iniciado por necessidade. Há outra possibilidade, que é o empreendimento por oportunidade. Nesta situação, o profissional dedica-se a pesquisar o mercado, entender suas carências em termos de negócios, suas deficiências, novas demandas e partir desses estudos e pesquisas ele irá estruturar um Plano de Negócios para implementar um empreendimento que atenda ou responda à oportunidade identificada. Segundo a Pesquisa GEM – Global Entrepreneurship Monitor 2013, publicação do Sebrae sobre o perfil empreendedor Brasileiro, os negócios se diferenciam segundo tempo de abertura, renda proporcionada ao empreendedor e atividade econômica da seguinte forma: Empreendimentos em estágio inicial: Empreendedores nascentes: estão envolvidos na estruturação de um negócio do qual são proprietários, mas ainda não pagou salários, pró-labores ou outra qualquer forma de remuneração pelo período de até 3 meses. Empreendedores novos: administram e são proprietários de um novo negócio que pagou salário ou gerou pró- labores ou outra forma de remuneração aos donos do negócio de 3 meses até 42 meses. A partir dos 42 meses de existência da empresa, quando já se pagou salários e pró-labores por mais de 3 anos e 6 meses, os empreendedores passam a ser considerados estabelecidos e denominados como empreendimento consolidado. É importante lembrar que empreendimento não está necessariamente ligado à posse de uma empresa, mas trabalhar o conceito de empreendedorismo vinculado à abertura de uma empresa também não é um erro, é uma possibilidade a mais, uma vinculação clássica do termo à situação. Mas qual é o conceito de empresa/corporação? Entendê-lo de forma mais clara se faz necessário para que possamos ampliar nossos conhecimentos. No documentário “A Corporação”, dirigido por Michael Moore em 2003, é apresentado o conceito de corporação como“um conjunto de pessoas trabalhando juntas, com vários objetivos, sendo o principal deles obter grandes e crescentes lucros para os donos do negócio”. Segundo o documentário, a corporação moderna surgiu na era industrial no século XVIII. No filme há o seguinte relato: “A corporação moderna surgiu na era industrial. Essa era começou em 1712, quando um inglês, Thomas Newcumen, inventou uma bomba a vapor para retirar água de uma mina, para os mineiros ingleses tirarem mais carvão ao invés de água da mina. Trata-se de produtividade, mais carvão por hora de trabalho/homem. Foi o início da era industrial. No início – as corporações – eram grupos licenciados pelo Estado para uma tarefa”. As corporações eram um aglomerado de pessoas que tinham a missão de servir ao bem comum, dirigidas por acionistas para realizarem determinada tarefa, como por exemplo, construir uma ponte, executar uma obra de infraestrutura etc. Empresa ou corporação é a atividade que busca obter lucros a partir da comercialização de produtos ou prestação de serviços a uma comunidade ou sociedade. Ela é fruto do desenvolvimento social e econômico por meio da organização de homens que iniciaram suas atividades prestando serviços ao Estado, realizando tarefas específicas. Posteriormente isso foi ampliado para chegarmos onde estamos hoje, momento no qual as empresas estão incorporadas à rotina das pessoas, sendo elas responsáveis pela produção e comercialização de bens e serviços. No Brasil, a regulação da atuação das empresas se dá por meio da Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002, que normatiza as atividades e impõe direitos e deveres a este ente social, a empresa. Em cada fase de desenvolvimento as empresas tiveram/requisitaram um tipo de empresário/empreendedor. Na atualidade, o dono de uma empresa deve apresentar algumas características específicas tais como: Maior qualificação: o empreendedor precisa manter-se qualificado para dar conta dos inúmeros desafios que estão presentes na gestão da sua empresa. Visão mais ampliada: o gestor precisa não mais enxergar somente sua empresa, mas vê-la dentro de um contexto amplo, sendo capaz de analisar o mercado em que está e os fatores que influenciam positiva ou negativamente seus resultados. Dar maior atenção às pessoas: deve ficar atento às necessidades de seus colaboradores, deixando-os de vê- los como meros recursos de produção e sim como pessoas possuidoras de desejos e necessidades. Maior valorização dos clientes: hoje as opções disponíveis para os clientes por vezes estão a um clique de distância, logo, o empreendedor deve se preocupar com a clientela, procurando aumentar constantemente o grau de satisfação com o objetivo de fidelizá-los. Controle na gestão: o empreendedor precisa ter um maior nível de controle de toda a empresa, por meio de softwares ou programasespecíficos para gerenciar todas as entradas e saídas, gastos e rentabilidade. Visão: deve antecipar o futuro sem esperar que os fatos o façam agir, mas prevendo acontecimentos e tomando decisões para continuar dominando a situação. Preocupação com a ética e responsabilidade social: deve atuar em consonância com valores morais para que a empresa seja reconhecida como aquela que segue o bom caminho, visando o lucro sem prejudicar seus colaboradores, clientes, fornecedores, comunidade, acionistas e sempre respeitando os concorrentes. Busca por constante atualização tecnológica: deve manter-se sempre nas fronteiras da tecnologia para levar a sua empresa a maior produtividade, maior qualidade e menores custos, oportunizando tudo isso em maior competitividade. Inovação: manter-se antenado com o que há de novo para sempre ter diferenciais a apresentar aos seus clientes, saindo e permanecendo à frente no mercado. Melhoria contínua: em produtos, processos e serviços a fim de manter-se no mercado, que está cada dia mais competitivo. Manter as pessoas qualificadas e motivadas: pois devem entender que o maior patrimônio de uma empresa são as pessoas e sem elas não há empresa. Diante do descrito, fica evidente que o empreendedor precisa ter e ser algo a mais, o que Schneider e Castelo Branco definem como o empreendedor gestor, que deve possuir, segundo eles, as seguintes características: Planejamento: preparar para ação e mediação de resultados; planos, programas, metas e objetivos ajudam a construir um ambiente sólido. Criatividade: buscar o novo, as soluções para os problemas, as alternativas de combinações de produtos e serviços inovadores. Inovação: criar novos produtos, processos e formas de negociar e empresariar. Perseverança: não desistir diante dos primeiros obstáculos, visto que o trabalho será árduo e contínuo. Otimismo: acreditar em seu próprio negócio e em suas potencialidades. Entusiasmo: saber que, no início, os erros serão maiores que os acertos, mas aqueles resultam em experiências e conhecimento, subsídios importantes para o enfrentamento de problemas futuros. Ação: fazer acontecer é o papel principal do empreendedor. Se colocados em prática todos esses aspectos, com certeza a chance do empreendedor obter sucesso é alta, mesmo passando por dificuldades. Elas fazem parte do processo de tornar-se dono de um empreendimento. O conceito de empresa pode ser visto no seguinte vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=RvlanHDf2dU Agora, é importante que você leia as páginas 95 a 117 do livro da disciplina: Schneider, E. I; Castelo Branco, H. J. O desafio do empreendedorismo sustentável in Caminhada Empreendedora, Curitiba, Intersaberes, 2012. Complementando os estudos, você pode assistir ao documentário completo “A Corporação”, clicando no ícone a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=Zx0f_8FKMrY Ferramenta Todo negócio começa com uma ideia, porém, se permanecer nessa etapa por muito tempo, com o tempo ela tenderá a deixar de existir. Porém, se o futuro empreendedor agir, poderá alcançar o que pensou no início do processo. Uma ferramenta útil para isso é o BMG – Canvas: Para saber mais sobre a ferramenta BGM Canvas, clique nos ícones a seguir: http://www.xperienz.com.br/o-quadro-do-modelo-de-negocios- passo-a-passo/ http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/modelo-bmg- canvas/70828/ Também, assista ao vídeo a seguir para entender a utilidade da ferramenta para o empreendedor: https://www.youtube.com/watch?v=9sH8TozjHy4 Você sabe o que é design thinking? Confira a reportagem e o vídeo a seguir e relembre ou conheça esse conceito: http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI317168- 17141,00-VOCE+SABE+O+QUE+E+DESIGN+THINKING.html https://www.youtube.com/watch?v=zmj1lX2TMxc Síntese Nesta Rota, o objetivo proposto foi contextualizar como surgiu o termo empreendedor e entender quem foram os primeiros representantes desta ação humana, ou seja, os pioneiros em construir projetos e empresas para melhorar a própria vida e a dos que estavam a sua volta. Posteriormente descrevemos o perfil do empreendedor, onde destacamos as principais características e suas definições. A seguir, apresentamos e caracterizamos os tipos de empreendedores presentes no mercado, conforme literatura escolhida. Como existem diversos tipos de empreendimento, procuramos classificá-los conforme a Pesquisa GEM, publicação sobre o perfil de empreendimentos e empreendedores no Brasil e no mundo. Por fim, procuramos conceituar e caracterizar a corporação e a empresa. Finalizando, destacamos alguns aspectos importantes para a atuação do empreendedor na atualidade e sua definição como gestor. Referências Dolabela, F. O segredo de Luisa: uma paixão e um plano de negócios: como nasce o empreendedor e se cria uma empresa. 12ª ed. São Paulo: Cultura, 2006. Dornelas, J. C. A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 2ªed. Rio de Janeiro: Elselvier, 2005. Dornelas, J. C. A. Empreendedorismo na prática: mitos e verdades do empreendedor de sucesso. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Filion, L. J. Empreendedorismo: empreendedores e proprietários-gerentes de pequenos negócios, in Revista de Administração. São Paulo: v. 34, n. 2, p. 05-28, abril/junho 1999. Gimenez, F. A. P; Ferreira, J. M; Ramos, S. C. Configuração Empreendedora ou Configurações Empreendedoras? Indo um pouco além de Mintzberg. XXXII Encontro da ANPAD, Rio de Janeiro, 6 a 10 set. de 2008. Disponível em: http://www.anpad.org.br/admin/pdf/ESO-C2571.pdf. Acesso em: 20/11/14 as 16h15min. Osterwalder A, Pigneur, Y. Business Model Generation: inovação em modelos de negócios: um manual para visionários, inovadores e revolucionários. Rio de Janeiro: Alta Books, 2012. Schumpenter, J. A. Teoria do desenvolvimento econômico: uma investigação sobre lucros, capital, crédito, juro e o ciclo econômico. Tradução de Maria Silvia Possas. São Paulo: Abril Cultural, 1982. Schneider, E, I; Castelo Branco, H. J. Caminhada Empreendedora. Curitiba: Intersaberes, 2012.
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