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REFORMA AGRARIA NO BRASIL original (1)

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A HISTÓRIA DA LUTA PELA TERRA
O Brasil é um dos países com maior concentração de terras no mundo. Em nosso território, estão os maiores latifúndios. Combinada com a monocultura para a exportação e a escravidão, a forma de ocupação de nossas terras pelos portugueses estabeleceu as raízes de desigualdade social que atinge o Brasil até os dias de hoje.
A semente para o surgimento do MST talvez já existia quando os primeiros indígenas se levantaram contra a mercantilização e apropriação pelos invasores portugueses do que era comum e coletivo: a terra, bem da natureza
1981- A ENCRUZILHADA NATALINO
No final da década de 1970, quando as contradições do modelo agrícola se tornam mais intensas e sofrem com a violência do estado, ressurgem as ocupações de terra. Em Setembro de 1979, centenas de agricultores ocupam as granjas Macali e Brilhante, no Rio Grande do Sul. Em 1981, um novo acampamento surge no mesmo Estado e próximo dessas áreas: a ENCRUZILHADA NATALINO, que se tornou símbolo da luta de resistência à ditadura militar, agregando em torno de si a sociedade civil que exigia um regime democrático. 
Em 1981, ainda em período da Ditadura Militar, as famílias acampadas da Encruzilhada natalino estavam cercadas pelas tropas do exército brasileiro, comandada pelo Coronel Curió. Imediatamente, o acampamento teve uma grande repercussão, e muitas entidades foram se associando a campanha de solidariedade aos Sem Terra. Com isso, umas das principais ações tiradas foi a criação de um Boletim, com o objetivo de divulgar e solicitar apoio das comunidades, entidades, sindicatos e outros setores da sociedade civil.
1982- 5º ROMARIA DA TERRA
A partir da luta dos Sem Terra, o acampamento Encruzilhada Natalino obteve repercussão Nacional e Internacional, porém não conquistou a espera REFORMA AGRÁRIA. Os trabalhadores resistiram à repressão militar federal e estadual e a precariedade das condições de vida. Sobreviveram ao campo de concentração.
A solução para o impasse foi anunciada na 5º Romaria da Terra, em 23 de fevereiro de 1982. A igreja católica adquiria uma área de 108 hectares em Ronda Alta. Ali seria montado um abrigo provisório para as famílias.
Coroando a resistência de 208 dias à repressão militar no acampamento com uma vitória.
1984- Os trabalhadores rurais que protagonizavam essa lutas pela democracia da terra e da sociedade se convergem no 1º ENCONTRO NACIONAL, em Cascavel, no Paraná. Ali, decidem fundar um movimento camponês nacional, o MST, com três objetivos principais:
- lutar pela terra
- lutar pela reforma agrária
- lutar por mudanças sócias no país
À partir de 1984, com a criação oficial do MST, o Boletim Sem Terra dá um salto qualitativo e se transforma no Jornal Sem Terra. Muda o formato, a amplitude, o editorial e os objetivos. Num momento de nacionalização do movimento, o jornal passa a ter um caráter mais interno, e se torna um dos principais instrumentos de articulação, de motivador da luta e da formação política a ser realizado nos trabalhos de base, característica que vem tendo desde então.
29 a 31 JANEIRO/1985 1º CONGRESSO NACIONAL DO MST
Todos os estados começaram a fazer ocupações
No cenário político, em 1985 houve a eleição pelo parlamento do presidente da República, uma eleição indireta. Abria-se uma expectativa no quadro político de uma possibilidade da REFORMA AGRÁRIA, pois não havia, naquela época, um partido político que fizesse seu programa de governo sem citar a REFORMA AGRÁRIA.
A TERRA E SUA FUNÇÃO SOCIAL
Aprovada em 1988 a Constituição Federal, os artigos 184 e 186, garantem a desapropriação de terras que não cumpram sua função social:
Art 186: a função social é comprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I – aproveitamento racional e adequado
II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente
III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho
IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
Em novembro de 89, acontecem pela primeira vez no país, eleições diretas que elegem o presidente Fernando Collor de Melo. O governo Collor foi caracterizado por uma forte repressão contra a luta dos Sem Terra. Foi durante o governo do seu vice, Itamar franco. Que foi aprovada a Lei Agrária (lei 8.629), fazendo com que as propriedades rurais fossem reclassificadas com a regulamentação da Constituição.
Essa ação fez com que não existissem mais vieses jurídicos que impossibilitassem as desapropriações. Até 1993, quando foi possível realizar desapropriações para este fim.
08 a 10 MAIO/1990 2º CONGRESSO NACIONAL DO MST “OCUPAR, RESISTIR, PRODUZIR”
Diversas entidades e organizações estavam presentes em apoio ao MST, além de parlamentares e 23 delegados de organizações camponesas da América Latina. O Objetivo do movimento era incentivar a produção nos assentamentos, mas para isso era preciso equipamento, infraestrutura, além de uma política agrícola governamental voltada para assuntos de REFORMA AGRÁRIA.
Sob o primeiro mandato do governo Fernando Henrique Cardoso (1994-1998) além do aumento do êxodo rural (provocado pela ação dos bancos contra pequenos agricultores endividados) o Brasil testemunhou também os dois maiores massacres o de CORUMBIARA (1995) com morte de 2 policiais e 9 Sem Terra (incluindo uma menina de 7 anos) em Rondônia, e o Eldorado dos Carajás com morte de 21 Sem Terra e 56 feridos, no Pará.
24 a 27 JULHO/1995 3º CONGRESSO NACIONAL DO MST “REFORMA AGRÁRIA, UMA LUTA DE TODOS”
Com a presença de 5.226 delegados e delegadas de 22 Estados do Brasil, e mais 22 delegados da América latina. Naquele momento, o movimento já tinha compreendido que a REFORMA AGRÁRIA não era um aluta para beneficiar apenas os camponeses, mas uma forma de melhorar a vida dos que vivem na cidade, com a redução do inchaço urbano e, principalmente com a produção de alimentos sadios e acessíveis aos trabalhadores.
MARCHA POPULAR PELO BRASIL
Na forma nacional de Lutas em 1999, os Sem Terra protestaram em vários estados contra as medidas do governo, como o Banco da Terra, a tentativa de extinção do Procera e o Projeto de emancipação dos assentamentos. A grande mobilização foi a Marcha Popular pelo Brasil, na década de 90, desapareceram 942 mil pequenas propriedades.
O AVANÇO DA LUTA PELA TERRA
Após dezesseis anos de existência, o MST já tinha atuação em 23 estados, 1,5 milhão de pessoas, 350 mil famílias assentadas e 100 mil vivendo em acampamentos. Foram construídas associações de produção, comercialização e serviços, além de cooperativas associadas e de agro industrialização. No setor da educação no ano de 2000 o MST já contava com 1500 escolas públicas nos assentamentos, 150 mil crianças matriculadas e cerca de 3.500 professores em escolas onde se desenvolve uma pedagogia especifica para o campo.
10 a 14 FEVEREIRO/2000 4º CONGRESSO NACIONAL DO MST “POR UM BRASIL SEM LATIFÚNDIO” 
Mais de 11 mil pessoas vindas do Brasil e de todo mundo se reuniram em Brasília.
A partir do século 21, o campo brasileiro foi hegemonizado de forma mais intensa pelo agronegócio, cujo modelo econômico tinha em seu centro apenas as exportações, os bancos e os grandes grupos econômicos, que por isso que se hegemonizou e o de que a REFORMA AGRÁRIA não fazia mais sentido.
Com a expansão e consolidação do agronegócio, a complexidade do debate em torno da questão agrária aumentou, e os Sem Terra tiveram que qualificar o debate. O capital estrangeiro, os transnacionais, os grandes grupos econômicos tomaram conta da agricultura no país, para exportar matérias-primas, produzir celulose e energia, para sustentar o seu modo de consumo.
O que estava em jogo é a disputa entre dois modelos de sociedade e produção agrícola, ou seja, a disputa entre os projetos da pequena agricultura, voltada para a produção de alimentos para consumo interno, e do agronegócio, voltado à exportação.
11 A 15 JUNHO/20075º CONGRESSO NACIONAL MST “REFORMA AGRÁRIA, POR JUSTIÇA SOCIAL E SOBRANIA POPULAR”
Mais de 17.500 delegados e delegadas se reuniram, se tornando um fato histórico por ter sido o maio congresso camponês da América latina até então.
10 A 14 FEVEREIRO/2014 6º CONGRESSO NACIONAL DO MST “LUTAR, CONSTRUIR, REFORMA AGRÁRIA POPULAR “
Cera de 16 mil pessoas, além de 700 a 1000 crianças Sem Terrinha se reuniram em Brasília.
Ao longo do último período, os Sem Terra aprofundaram o debate em torno da questão agrária, e a luta pela REFORMA AGRÁRIA ganhou um novo objetivo: Popular
Popular, pois o movimento percebeu que a Reforma Agrária não é apenas um problema e uma necessidade dos Sem Terra, do MST ou da Via campesina.
É uma necessidade de toda a sociedade brasileira, em especial os 80% da população que vive do seu próprio trabalho e que precisa de um novo modelo de organização da economia, com renda e emprego para todos. Com isso, os Sem Terra apresentaram seu novo programa agrário a sociedade, que tem como base de fundo na produção agrícola a matriz agroecológica.
Priorizando a produção de alimentos saudáveis para o mercado interno, combinada com um modelo econômico que distribua renda e respeite o meio ambiente
Fonte: www.mst.org.br/nossa-historia/
Atualmente
O Dia Internacional da Luta Camponesa, dia 17 de abril, que é a data do Massacre de Eldorado dos Carajás, é um momento intercontinental de mobilizações em defesa da terra, da preservação do meio ambiente, da agricultura camponesa e dos camponeses. No Brasil, em todas as regiões do país, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra realiza a Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária
TERRAS
O MST exige a retomada imediata das vistorias de terras com fins de aquisição para criação de assentamentos, a retomada de terras públicas que foram indevidamente apropriadas e deveriam ser destinadas à Reforma Agrária, bem como cobra a adjudicação das terras que estão em processo de execução por dívidas.
Já eram sentidos no campo ataques do grande capital multinacional e tradicional local há anos, mas o Golpe trouxe um novo ritmo à ofensiva sobre as terras.
Mais de 120 mil famílias aguardam sob um teto de lona para serem assentadas e, apesar de muitas delas estarem nesta luta há oito, dez anos, a possibilidade de conquistarem terra para plantar, casa para morar, educação para si e para seus filhos, saúde, cultura, um rol de políticas públicas que lhes são historicamente negadas, se vê cada dia mais distante.
MP 759 E ASSENTAMENTOS
Com o Ato Institucional da Reforma Agrária (MP 759), o presidente Michel Temer altera na calada da noite (22/12/2016) a legislação fundiária e os procedimentos para a efetivação de uma Reforma Agrária, mesmo aquela prevista na Constituição de 88.
Os ataques vão na direção da privatização de lotes, da municipalização (ou negação) do processo de desconcentração fundiária e, finalmente, do alijamento dos movimentos sociais de todo o procedimento.
São afetadas pela MP aquelas famílias que esperam por terra e aquelas que já tinham celebrado sua conquista, que passam ao risco de perderem suas terras e reviverem a concentração fundiária.
A privatização, que o governo ilegítimo anuncia como “titulação”, já tem até tabela de preços referenciais para serem pagos por lote pelos assentados.
A MP também atribui, agora, aos municípios a função de vistoria e desapropriação das terras, o que, na prática, inviabiliza a política de Reforma Agrária, uma vez que são os próprios latifundiários que geralmente compõem os poderes institucionais locais.
Ainda em crítica à MP 759, o MST denuncia a previsão do lançamento de editais para composição de novos assentamentos, ignorando as famílias que chegam até mais de uma década acampadas à beira de estradas e em situação de conflito para conquistarem sua terra. Estes editais já vêm sendo lançados pelas Superintendências Regionais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
O MST cobra que haja um olhar estratégico para os assentamentos já existentes, muitos deles carentes de infraestruturas básicas. É necessário estradas para escoamento da produção e políticas de assistência técnica, de destinação de insumos e maquinário agrícola, bem como de agro industrialização e comercialização da produção.
RETROCESSOS
O povo camponês se vê afetado também pelo conjunto de medidas de cortes de direitos. As medidas também afetam diretamente as populações do campo, como a reforma contra a Previdência, as terceirizações e as flexibilizações trabalhistas. Ainda, a perspectiva de do projeto que autoriza venda de terras a estrangeiros é uma ameaça à soberania nacional, algo que nem mesmo o Exército concorda e já se manifestou.
O cenário, portanto, é de catástrofe na Reforma Agrária e a resistência se arma por parte dos povos do campo.
Fonte: www.mst.org.br 
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Como vimos no texto escrito por Celso FelizardoFonte: http://www.folhadelondrina.com.br/geral/a-estrada-que-nunca-chega-964977.html, os assentamentos de hoje sofrem com a infraestrutura, pois os terrenos são regularizados mas ficam a desejar. As famílias precisam recorrer ao ministério Ministério Publico para solucionar o problema com a infraestrutura. Depois que os lotes são distribuídos às famílias acabam ficando mais longe uma das outras, pois cada um fica com um pedaço de terra individual para fazer o plantio e nela viver. Mas as dificuldades não param , eles são donos dos terrenos mas cadê a infraestrutura, as ruas asfaltadas, ou as ruas apenas. Isso governo não se preocupa, mas como vão fazer se não tem por onde ônibus trafegar, carros , caminhão. 
Toda ação deve ser planejada antes da execução, e colocar em pauta todas as etapas, pois eles precisam sim de suas terras regularizadas, mas também precisam de água , luz, ruas para aceso, saneamento básico, escolas para as nossas criança estudar. Não adianta ter escola e os alunos não conseguirem chegar até elas, onde esta o planejamento o projeto, pois não é o governo que irá morar ali e sim pessoas humildes que necessitam como todo mundo de um pouco de atenção. É um descaso, simplesmente eles assinam um papel, dividem as terras e pronto.
Cada minuto perdido de aprendizado ira fazer falta para essas crianças mais tarde. Sem as estradas eles ficam longe de tudo, a quilômetros de distância isolados e distante de tudo. Os assentados mesmos abrem caminhos para eles ter acesso, mas são caminhos que apenas a pé consegue acesso. Os produtores precisam pagar para frete para puxar os produtos até a estrada principal, imagina que absurdo o lucro já é pouco ainda precisam pagar o frete. Em que mundo estamos, que são construídos grandes obras e ainda o governo diz que o atraso é devido a situação econômica do País. 
As famílias estão sendo prejudicadas, não tem como escoar a produção e crianças sem escola, isso não é justo .A Reforma Agraria é um sonho de todos ao assentados, mas com a empolgação esquecem os detalhes e pode demorar pra se resolver e assim ainda fica um cenário obscuros e incerto.

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