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DIR101 IED Anotações (Helson)

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ANOTAÇÕES 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
(Ricardo Maurício Freire Soares) 
ric.mauricio@ig.com.br 
Instagram :: professor Ricardo Maurício 
www.professorricardomauricio.com 
Elaborado por Helson 
 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 1ª avaliação [ Helson ] 
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ÍNDICE 
1 ● Introdução ao estudo do direito – definição e características 
AULA 2 ● Teoria da norma jurídica 
Sociedade. Conceito 
Tipologias de Sociedade 
Determinismo x Liberdade 
O sistema de controle social e o mundo normativo 
Normas sociais e a lógica do dever-ser 
Norma técnica x Norma ética 
Tipos de Norma Ética 
Direito x Moral – Critérios distintivos 
Teoria dos círculos éticos 
Atributos das Normas Jurídicas 
Classificação das normas jurídicas 
Referências Bibliográficas ● Livros, filmes e séries 
Lições Preliminares de Direito – Miguel Reale 
Introdução ao Estudo do Direito – Tecio Sampaio Ferraz Jr. 
Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – Antônio Machado Neto 
Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – Maria Helena Diniz 
Teoria Pura do Direito – Hans Kelsen 
Teoria Geral do Direito – Norberto Bobbio 
Elementos de Teoria Geral de Direito – Ricardo Maurício Freire Soares 
Pela mão de Alice - Boaventura Santos 
Teoria Crítica dos Direitos Fundamentais 
Direito em Transição 
As Teorias dos Sistemas Sociais e o Direito – Ricardo Maurício Freire Soares 
 
 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 1ª avaliação [ Helson ] 
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1 ● Introdução ao estudo do direito – definição e características 
 
 IED é propedêutica (introdutória) porque se propõe a oferecer conceitos fundamentais 
para a ciência política. 
o Por exemplo, define o conceito de “lei”. 
 IED apresenta natureza enciclopédica porque se propõe a oferecer uma reflexão 
interdisciplinar do conhecimento jurídico, englobando conhecimentos filosóficos, 
antropológicos, sociológicos e históricos para o estudo do direito. 
o Oferece uma visão panorâmica. 
 IED é zetética porque propõe uma abordagem crítica do direito, diferentemente do 
estilo de abordagem dogmática. Logo, a norma jurídica deve ser problematizada à luz 
dos fatos e valores sociais. 
o O pensamento dogmático é um ambiente fechado, sem muitos espaços para 
questionamentos, o que pode propiciar o cometimento de muita injustiça. 
o “Summum jus, summa injuria” 
o “Dura lex, sed lex” – Dura é a lei, mas é a lei. 
o Julgamento do Mensalão – Ação Penal 470 – onde na decisão foi utilizada o 
princípio do domínio dos fatos para condenar alguns dos réus, por considerar 
que fortes indícios podem ser usados como provas – o que significa a 
aplicação da zetética. 
o Acesso a estabelecimento com cão-guia – A norma veda o acesso de animais, 
mas, a análise crítica da zetética, considerando os valores sociais, flexibilizou 
para permitir o acesso com o cão-guia. 
 IED apresenta natureza epistemológica, porque discute condições de cientificidade do 
conhecimento jurídico, examinando a existência, a natureza, a metodologia e a 
finalidade da ciência do direito. 
o Questiona-se se o direito é ciência. Talvez fosse melhor admitir que o direito 
fosse uma arte (3ª visão). 
o 1ª visão: direito é positivista (exata) – difícil de sustentar essa tese atualmente. 
o 2ª visão: direito é cultura – posição majoritária. 
 
AULA 2 ● Teoria da norma jurídica 
Sociedade. Conceito 
 Entende-se por sociedade o conjunto de indivíduos que apresenta determinado padrão 
de organização e de repartição funcional. 
IED
Características
Propedêutica
Conceitos 
fundamentais
Enciclopédica
Reflexão interdisciplinar
Zetética
Abordagem crítica
Epistemológica
Abordagem científica
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 Não se pode estudar o direito sem estudar a noção de sociedade. 
o Ubi societas, ibi jus – Onde há sociedade, há o direito. 
Tipologias de Sociedade 
 Sociedade não humana (formigueiros, colmeias) e sociedades humanas. 
Determinismo x Liberdade 
 As sociedades não humanas são regidas pelo determinismo biológico, porque os 
seus membros estão predispostos geneticamente a realizar sempre determinadas 
ações. Por isso não há necessidade de se organizar um sistema de controle social 
para essas sociedades. 
 As sociedades humanas são compostas por agentes essencialmente livres, visto que 
os seres humanos detêm um espaço de autonomia para escolhas racionais no plano 
existencial (Sartre). Por isso, as sociedades humanas necessitam de um sistema de 
controle social. 
O sistema de controle social e o mundo normativo 
 Entende-se por controle social o conjunto de instituições e de normas que moldam o 
comportamento humano em sociedade, adequando as personalidades individuais aos 
cânones socialmente aceitos – processo de socialização. 
 Entende-se por instituições os espaços de convivência social onde os indivíduos 
internalizam as normas do convívio em grupo (família, escola, empresa, igreja, Estado). 
o Exemplo das crianças que foram criadas por lobos e se comportavam como 
lobos, não se adaptando inclusive aos hábitos humanos ao retornarem à 
civilização. 
Normas sociais e a lógica do dever-ser 
 As normas sociais são regras que estabelecem um padrão de dever-ser orientando a 
cultura humana e prescrevendo as sanções que devem ser aplicadas na hipótese de 
uma infração. 
 O mundo normativo é o mundo ideal de dever-ser que não se confunde com o mundo 
do ser, no plano concreto. 
o Ex. O jogo do bicho e a lei das contravenções penais. 
 
Norma técnica x Norma ética 
 Normas técnicas são aquelas que disciplinam a vida humana, priorizando a 
optimização de resultados, independentemente dos meios empregados. 
o É axiologicamente neutra e seus preceitos são observados quando os 
resultados almejados são atingidos. Ex. Normas técnicas de um curso de tiro. 
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 Normas éticas são normas sociais que disciplinam a vida humana, priorizando a 
realização da justiça, a partir do emprego de meios socialmente legítimos. 
o Para a ética, os fins não justificam os meios. 
 Ética e Técnica são essencialmente antagônicas, em que pese poderem convergir na 
regulação do comportamento humano. 
Tipos de Norma Ética 
 Etiqueta – são aquelas normas que regulam aspectos éticos secundários para a 
vida humana - hábitos de educação no trato com as pessoas e as coisas. 
o A violação da etiqueta acarreta uma descortesia, que deve ser punida com a 
imposição de uma sanção difusa: sanção espontânea e plural que brota da 
opinião pública. 
o Sanção plural significa que qualquer um está legitimado a aplicá-la. 
 Moral – normas que regulam aspectos éticos mais relevantes que a etiqueta. Ex. 
decálogo bíblico (Os 10 mandamentos). 
o A violação à moralidade social configura uma imoralidade, que deve ser 
punida com uma sanção difusa. 
o Ex. mentira 
 Direito – tratam do chamado Mínimo Ético, que se revela necessário para a própria 
manutenção da estrutura social. 
o Ex. Normas do código penal brasileiro. 
o Por isso, a ilicitude consiste na mais grave forma de infração ética. 
o A sanção jurídica apresenta natureza organizada e predeterminada, além de 
ser aplicada em regime de monopólio estatal. 
o Ex. Crime de homicídio. 
 Observações complementares. 
o Todos os tipos de norma ética (etiqueta, moral e direito) sofrem variações no 
tempo e no espaço, em função de uma diversidade histórico-cultural). 
o As normas técnicas não sofrem variações. Por exemplo, o aprendizado da 
direção de veículo não varia, pois se você aprender a dirigir o fará aqui e na 
China com a mesma técnica. 
o Um mesmo comportamento pode violar mais de um código normativo.Ex. A 
conduta de matar alguém é imoral e ao mesmo tempo ilícita. 
o A maioria dos comportamentos humanos é lícita e somente uma minoria 
integra a zona do juridicamente proibido. 
 “Tudo que não está juridicamente proibido está juridicamente 
permitido”. Hans Kelsen 
o  A descortesia e a imoralidade são comportamentos geralmente lícitos. 
 Ex. Não desejar “bom dia” às pessoas não é ilícito, mas configura uma 
descortesia. 
 
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Direito x Moral – Critérios distintivos 
Bilateralidade x Unilateralidade 
 O direito é bilateral porque as normas jurídicas disciplinam relações intersubjetivas, 
polarizando de um lado um sujeito ativo e do outro, um sujeito passivo (direito subjetivo 
x dever jurídico). Por isso, o dever jurídico pode ser exigido institucionalmente. 
o Ex. Contrato de locação celebrado entre locador e locatário. Quais são as 
normas que regulam o contrato? Notar que elas regulam de forma bilateral. 
 De outro lado a moral regula unilateralmente a vida humana (indivíduo isolado). Assim, 
o dever moral não pode ser exigido institucionalmente. 
o O autor Miguel Reale doutrina que a moral também é bilateral, mas outros 
autores preferem a linha de que a moral é unilateral. 
Heteronomia x Autonomia 
 Heteronomia consiste no fenômeno de imposição de preceitos obrigatórios. O 
direito é, portanto, heterônomo, uma vez que suas normas se impõem 
independentemente da vontade de seus destinatários. Ex. Art. 14 da constituição - 
voto obrigatório. 
 As normas morais são autônomas porque seus preceitos não são obrigatórios, 
podendo os agentes sociais livremente acatá-los ou não, conforme sua própria 
consciência. 
 
Exterioridade x Interioridade 
 Afirma-se que o direito é exterior porque as normas jurídicas incidem a partir de um 
comportamento materializado no mundo do status. 
 Por sua vez as normas morais não necessitam de uma exteriorização de uma conduta 
para regularem o agir humano, uma vez que atuam na dimensão psicológica do 
indivíduo. 
Maior coerção x Menor coerção 
 Coerção é o fenômeno de projeção do medo ou receio na mente dos agentes 
sociais. 
o Nas sociedades ocidentais contemporâneas, o direito é mais coercitivo que 
a moral, pois gera um temor mais pronunciado no psiquismo dos indivíduos. 
o “O direito penal é mais ou menos coercitivo a depender da certeza da punição” 
- Beccaria. 
 Dica de Leitura: Dos delitos e da Lei - Beccaria 
Maior coação x Menor coação 
 Coação consiste na manifestação concreta da força, que traduz a dimensão 
repressiva do direito, toda vez que ocorre uma infração ética. 
o Nas sociedades ocidentais contemporâneas, o direito torna-se mais coativo 
que a moral. 
Sanção organizada x Sanção difusa 
 A sanção jurídica apresenta sanção organizada – predeterminada e aplicada em 
regime de monopólio pelo Estado – enquanto que a sanção moral apresenta uma 
natureza difusa – origem espontânea e aplicação plural pela opinião pública. 
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Teoria dos círculos éticos 
 Trata-se da parte da teoria geral do direito que sustenta a necessidade do estudo dos 
diversos modos de conexão do direito com a moral. Ao longo do tempo, foram 
propostas as seguintes concepções: 
 
Concêntricos 
 Visão jusnaturalista que propunha a colocação do direito como o núcleo do mundo 
moral. 
 Visão dominante durante a idade antiga e a idade média. 
 Direito e moral não se confrontam. Ou proíbem juntos ou 
permitem juntos. 
 Embora tal visão oportunize um debate sobre a justiça, ela 
não consegue atentar para a possibilidade do direito regular 
diversamente da moral o comportamento humano. 
 
Separados 
 Consiste em uma visão positivista que separa totalmente o direito da moral em nome 
da segurança jurídica e da previsibilidade social. 
 Visão dominante durante a idade moderna até o advento da 
2ª Grande Guerra Mundial. 
 Embora tal visão torne o direito mais estável e objetivo, abre 
espaço para a perpetuação de injustiças (Nazismo e Fascismo). 
 
Secantes 
 Trata-se de visão pós-positivista surgida no mundo do pós-guerra sob a influência do 
processo de internacionalização dos direitos humanos. 
 Resgatou o debate sobre justiça, embora dilua as 
fronteiras do direito e da moral. 
 Concepção de que direito e moral seriam instâncias de 
atividades éticas autônomas, mas teriam uma zona de interseção. 
 
 
 
Direito
Moral
Moral Direito
Moral Direito
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Atributos das Normas Jurídicas 
 
VALIDADE 
 Validade é adequação vertical de uma norma jurídica inferior a uma norma jurídica 
superior (compatibilidade hierárquica). 
 Merece destaque a construção da pirâmide normativa de Kelsen 
 
 Validade Formal – consiste na compatibilidade vertical de uma norma jurídica inferior 
com uma norma jurídica superior, no tocante à competência (habilitação dada a um 
órgão para a criação normativa) e ao procedimento (conjunto de ritos previamente 
estabelecidos). 
o Competência - Estabelece quem é competente para elaborar a norma inferior. 
o Procedimento – conjunto de ritos que devem ser observados na construção 
da norma inferior. 
 Material – consiste na compatibilidade do conteúdo da norma jurídica superior com 
o conteúdo da norma inferior. 
o Conteúdo 
o Ex. art. 170, V da CF88 e Código de Defesa do Consumidor (Lei 8078/90). 
 O art. 170, V prevê a proteção ao consumidor. A lei 8078/90 
estabelece a defesa do consumidor, porque o CDC deriva da 
Constituição. 
Vigência 
 É o tempo de validade da norma jurídica. 
Tipos de vigência 
 Vigência determinada – quando estabelece previamente o término de sua validade. 
o Ex. contrato de trabalho temporário em uma loja de departamento. 
o Denomina-se caducidade a cessação da vigência determinada. 
 Vigência indeterminada – quando não estabelece o término de sua validade. 
o A maioria das normas jurídicas tem vigência indeterminada. 
o Ex. Constituição Federal. 
o Denomina-se de revogação a cessação da vigência indeterminada. 
 Total x parcial 
Norma 
Jurídica
Atributos
Validade
Admissibilidade
Vigência
Prazo de validade
Vigor
Força vinculante
Eficácia
Produção de efeitos
Legitimidade
Valoração Social
 
Constituição
Legislação
Atos administrativos
Contratos / Testamentos / 
Decisões judiciais
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 Total – modificação global dos dispositivos do diploma 
normativo anterior. 
o Ex. Código de Processo Civil 
 Parcial – quando o novo diploma altera apenas alguns 
dispositivos do diploma normativo anterior. 
o Ex. Revogação da parte primeira do código comercial 
pelo novo código civil. 
 Expressa x tácita 
 Expressa – quando a nova norma jurídica referir textualmente 
que está modificando a norma jurídica anterior. 
o Ex. Art. 2045 do novo Código Civil. 
 Tácita – não expressa – quando, embora não modifique 
expressamente a norma antiga, a nova norma se revela 
logicamente incompatível com a norma anterior. 
o Ex. Revogação tácita da antiga lei de imprensa pela 
Constituição Federal de 1988. 
o Revogação x Repristinação 
 Repristinação é a restauração dos efeitos jurídicos de uma norma 
revogada (N1) por força da revogação da norma que revogou a 
primeira (N2). 
 No Brasil admite-se apenas a ocorrência de repristinação 
expressa (art. 2º da Lei de Introdução às Normas do Direito 
Brasileiro - LINDB) 
 N2 revoga N1, mas N3 revoga N2, restaurando N1. 
o LINDB (baixar essa lei). 
 
 Vigência<> Incidência 
 Entende-se por incidência a relação entre o momento da 
publicação da norma jurídica e o momento de início da sua 
vigência. 
 Quando houver coincidência desses momentos, a norma terá 
incidência imediata, por exemplo, a CF88. 
 Por outro lado, se houver um intervalo entre a publicação e o 
início da vigência (vacatio legis), a norma jurídica terá 
incidência mediata. Por exemplo, o CPC atual. 
o  Cumpre salientar que durante o prazo de vacatio 
legis aplica-se a norma antiga. 
o A LINDB prevê em seu artigo 1º uma importante regra 
sobre a incidência normativa: Se a lei for omissa sobre 
a incidência, será ela considerada como dotada de 
incidência mediata, com prazo de 45 dias de vacatio 
legis para brasileiros em solo nacional e de 90 dias 
para brasileiros no exterior. 
 
 
Norma 1
• Efeitos jurídicos de N1
Norma 2
• Revoga os efeitos jurídicos de N1
• Efeitos jurídicos de N2
Norma 3
• Revoga os efeitos jurídicos de N2
• Repristinação de N1
• Restaura efeitos jurídicos de N1
• Efeitos jurídicos de N3
Norma 1 
 Efeitos jurídicos de N1 
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Anotações da 1ª avaliação [ Helson ] 
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Vigor 
 É a força vinculante da norma jurídica. 
 Traduz o princípio geral do direito: O tempo rege o ato (tempus regit actum) 
o Vigor e vigência não devem ser confundidos. 
 Ex. João e Maria celebraram um contrato em 2001, quando estava 
vigente o CC 1916. João se desentendeu com Maria por causa do 
contrato e propôs uma ação. 
 Em 2002, passa a ter vigência o NCC2002. 
 Em 2004, o processo está na mesa do juiz para julgamento. 
 O CC anterior não está mais vigente, mas está em vigor para o 
processo de João contra Maria. 
 Faz prevalecer os princípios da segurança jurídica e tempus regit 
actum. 
 A sistemática geral do vigor comporta algumas exceções. 
o As mais importantes são encontradas no direito penal, no direito trabalhista e 
no direito tributário. Em tais ramos jurídicos, a nova lei retroage para beneficiar 
respectivamente o réu criminal, o trabalhador e o contribuinte. 
o Retroage inclusive para beneficiar o réu criminal após condenação. Só a 
lei penal afasta a coisa julgada. 
 
Eficácia 
 Possibilidade concreta de produção de efeitos jurídicos. 
Modalidades: 
 Social (efetividade) 
o Entende-se por efetiva a norma jurídica quando a mesma tem os seus 
preceitos observados pelos agentes sociais (adequação fática dos 
preceitos normativos) 
o Observância do Código Brasileiro de Trânsito em Brasília. 
 Técnico-jurídico (aplicabilidade) 
o Será aplicável a norma quando a produção de seus efeitos não depender da 
criação de outra norma jurídica. 
 Ex. Art. 18, §1º da CF88 – Brasília é a Capital Federal. 
o Caso a norma jurídica demande a criação de outra norma jurídica, para 
produzir efeitos, a primeira não terá aplicabilidade. 
 Ex. Art. 153, VII da CF88 – compete a União instituir Imposto sobre 
Grandes Fortunas – IGF, nos termos de lei complementar. 
o Tipologias normativas 
 Aplicabilidade absoluta 
 Produzem os mais amplos efeitos jurídicos desde o 
momento de sua criação, não necessitando da produção de 
outros diplomas normativos, bem como impedindo a 
elaboração de reformas constitucionais quanto de 
legislação infraconstitucional que lhes sejam contrárias. 
o Ex. Limites materiais ao poder de reformar a 
Constituição (Cláusulas pétreas). 
 Aplicabilidade plena 
 Projetam os mais amplos efeitos jurídicos desde a sua 
criação, impedindo ainda a elaboração de normas legislativas 
contrárias, embora sejam suscetíveis de modificação por 
meio de reformas constitucionais. 
 Ex. Art. 18, §1 da CF88 – Brasília 
 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
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 Aplicabilidade contida 
 Produz no primeiro momento de sua vigência amplos efeitos 
jurídicos, prevendo, todavia, a posterior produção de outro 
diploma normativo, que restringirá o sentido e o alcance da 
normatividade jurídica originária. 
o CF88, art. 5º, XII – inviolabilidade do sigilo da 
correspondência e das comunicações telegráficas, de 
dados, etc... Com efeito, essa inviolabilidade era 
absoluta até se tornar vigente a Lei 9.296/96, que 
disciplina a hipótese de interceptação de 
comunicações telefônicas no Brasil. 
 Aplicabilidade limitada 
 Não produzem efeitos jurídicos desde o momento de sua 
criação, apresentando, portanto, uma eficácia mínima, por 
necessitar da ulterior produção de outras normas 
jurídicas. 
 Ex. Direito de greve do servidor público federal. 
 Aplicabilidade exaurida 
 Já esgotaram a produção dos seus efeitos jurídicos, seja pelo 
decurso de prazo de vigência, seja pela realização de 
circunstância prevista na hipótese normativa. 
o Ex. Ato das Disposições Constitucionais Transitórias 
(ADCT) da CF88. 
Legitimidade 
 Consiste na adequação valorativa de uma norma jurídica que é considerada 
reputada, justa pela maioria da sociedade em um dado contexto histórico-cultural. 
o Ex. a lei da ficha limpa. 
  Não se pode, entretanto, confundir legitimidade com efetividade. 
o Ex. Estatuto do idoso – a sociedade pode entender que a norma é justa 
(legítima). Ainda assim, não afasta a possibilidade de ela não ser cumprida 
(efetividade). 
 
Classificação das normas jurídicas 
Normas jurídicas 
 As normas jurídicas são uma proposição (conjunto de palavras) que vão extrair um 
significado a uma unidade. 
 O enunciado são as palavras vistas sem um significado 
 Proposição é o sentido dado à reunião das palavras. 
o Juízo lógico hipotético (Hans Kelsen) equivale à norma hipotética 
fundamental 
 Conjunto de normas que regem as relações humanas, precedendo 
às normas positivas. 
o Prescrição (“O direito prescreve uma conduta”) 
o O direito e a norma são uma espécie de comunicação. Tercio 
Objetivos das Normas 
 Controlar a conduta humana. 
 Solucionar os conflitos. 
 Melhorar a convivência em sociedade. 
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Classificação das normas 
 
Critérios 
Quanto à estrutura deôntica. 
 Regras jurídicas 
o São normas jurídicas que descrevem situações específicas e determinadas, 
estabelecendo previamente as consequências para os aplicadores do direito. 
 Ex. Art. 18, §1º da CF88 – Brasília é a Capital Federal. 
o A função das regras é a de reforçar a ideia de segurança jurídica. 
 Princípios jurídicos 
o São normas dotadas de estrutura semântica aberta que aponta para a 
realização da justiça, aproximando o direito da moralidade social. 
o Preceitos, leis ou pressupostos considerados universais que definem as 
regras pela qual uma sociedade civilizada deve se orientar. 
 O princípio da dignidade da pessoa humana – Art. 1º, inciso III, CF88. 
 Normas não necessariamente escritas; 
 Não descrevem situações específicas. Permitem uma avaliação 
zetética. 
  Em caso de colisão de princípios, deve-se ponderar sua 
aplicação ao caso concreto, sem que haja a exclusão de qualquer 
deles. 
Quanto à vontade dos sujeitos de direito 
 Normas cogentes 
o Normas jurídicas que impõem preceitos obrigatórios para os particulares. 
 Ex. A legislação tributária sobre o Imposto de Renda. 
 Normas dispositivas 
o Normas que permitem a modulação dos seus efeitos pelos particulares, 
por meio de manifestações de vontade. 
 Ex. As normas do CC que tratam dos regimes patrimoniais do 
casamento: i) separação de bens; ii) comunhão total; iii) comunhão 
parcial. 
 
Normas 
Jurídicas
Sanção
Âmbito de 
Validade
Grau de 
Sistematizão 
Legal
Hierarquia 
Relações das 
normas entre 
si
Vontade dos 
sujeitos do 
direito
Estrutura 
deôntica
Eficáciatécnico-
jurídica
Sistema
Fonte de 
produção
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Quanto à relação das normas entre si 
 Normas primárias ou de conduta 
o Regulam diretamente o comportamento humano, proibindo ou permitindo a 
realização de uma dada conduta. 
 Ex. Art. 121 do CPB – crime de homicídio 
 Normas secundárias ou de organização 
o Tratam do modo de aplicação e interpretação das normas primárias, 
alcançando indiretamente o comportamento humano. 
 Ex. Art. 1º da LINDB – estabelece que a lei entrará em vigor 45 dias... 
 São normas que tratam de outras normas. 
Quanto à sistematização legal 
 Normas codificadas 
o Pertencem às codificações – leis dotadas de grande generalidade e coesão 
interna. 
o Coesão interna – elaboradas com cuidado e esmero para minimizar as 
contradições. 
o Ex. CPC, CTB 
o História: Os séculos XVIII até a primeira metade do século XX foram a época 
das grandes codificações – considerada a época do POSITIVISMO. 
 Código Napoleônico – acredita-se ser eterno e imutável. 
 BGB – Código Civil Alemão 1899 – junto ao Código Napoleônico 
influenciaram o CC brasileiro. 
 Normas consolidadas 
o Normas jurídicas que resultam da justaposição de leis preexistentes, 
apresentando menor grau de coesão interna quando comparadas aos códigos. 
o Ex. CLT 
 Normas esparsas 
o Regulam temas e destinatários específicos, formando assim um 
arquipélago de microssistemas jurídicos. 
o Ex. Estatuto do Idoso, Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Maria da 
Penha. 
 Não há que se falar em hierarquização entre esses três tipos de normas. 
Quanto aos graus de aplicabilidade 
 Plena 
o Normas que produzem seus efeitos independentemente da criação de outra 
norma jurídica. 
o Contudo, admitem reformas constitucionais. 
o Ex. Art. 18, §1 da CF88 – Brasília 
 Limitada 
o Normas cuja produção de efeitos depende da criação de outra norma jurídica. 
o Ex. Art. 153, inciso VII – Imposto de Grandes Fortunas. 
o Ex. Direito de Greve do Servidor Público. 
 Contida 
o Normas cuja produção de efeitos se faz no primeiro momento de modo amplo 
e imediato, mas ressalva a possibilidade de a lei criar critérios para restringir o 
alcance da norma originária. 
o Ex. Art. 5º, XIII da CF88 – Liberdade de trabalho, ofício ou profissão. 
 Exaurida 
o Normas tiveram seus efeitos produzidos em dado momento histórico, 
consumando sua eficácia. 
o Ex. Art. 2º ADCT – trata do plebiscito de 7/9/1993 sobre a forma e sistema de 
governo. 
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Quanto aos âmbitos de validade 
 Espacial 
o Gerais 
 Normas que alcançam a totalidade do território nacional. 
 Por exemplo: as leis federais do Brasil, como o Código Penal, Estatuto 
do Idoso, CF88. 
o Especiais 
 Normas válidas em determinadas circunscrições político- 
administrativas 
 Por exemplo: Constituição do estado da Bahia. 
 Pessoal 
o Genéricas 
 Dirigem-se a destinatários indefinidos, alcançando a comunidade 
jurídica globalmente considerada. 
 Por exemplo: Art.5 da constituição – quando a constituição estabelece 
que todos são iguais perante a lei. 
o Individualizadas 
 Devido à particularização do objeto regulado, dirigem-se a 
destinatários definidos e, portanto, a sujeitos de direito 
especificamente considerados. 
 Por exemplo: normas de um contrato de compra e venda. 
o  Quanto maior a hierarquia da norma, maior será sua generalidade. 
 Material 
o Normas de direito público 
 Normas jurídicas que realizam a supremacia do interesse da 
coletividade ao regular a relação entre o Estado e os cidadãos, bem 
como, a relação entre os órgãos estatais. O interesse da coletividade 
é superior ao interesse individual. São geralmente normas cogentes, 
que são normas obrigatórias, que não dependem da vontade de 
ninguém. 
 Exemplo: normas de direito constitucional, normas de direito tributário, 
normas de direito penal. 
o Normas de direito privado 
 Congregam todas aquelas normas e ramos jurídicos que disciplinam 
a relação entre os particulares, pressupondo o respeito à 
autonomia da vontade e à liberdade. A maioria das normas de direito 
privado são normas dispositivas. 
 Exemplo: direito civil, direito comercial, direito do trabalho. 
o Observações 
 Essa dicotomia está sendo dissolvida, porque há um processo de 
publicização dos direitos privados e uma privatização dos direitos 
públicos. Ou seja, cada vez mais os particulares estão colaborando 
com o Estado. 
 Obs.1: O direito privado se formou antes do direito público. 
 Obs.2: Verifica-se hoje um processo convergente de publicização do 
direito privado e de privatização do direito público. 
 
 Temporal 
o Vigência determinada 
 São normas jurídicas cujo término de validade se define 
antecipadamente. 
 Exemplo: medidas provisórias. 
o Vigência indeterminada 
 São normas jurídicas cujo prazo de validade não está definido. 
 Exemplo: Código de Defesa do Consumidor. 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 1ª avaliação [ Helson ] 
15 
 
o Incidência mediata 
 A data de incidência da norma jurídica não coincide com a data da sua 
publicação. Prevalecendo um lapso temporal, chamado de vacatio 
legis. 
o Incidência imediata 
 A data de incidência da norma jurídica coincide com a data da sua 
publicação. 
o Retroativas 
 Normas que alcançam situações ocorridas antes da sua vigência. 
o Irretroativas 
 Normas que não alcançam normas ocorridas antes da sua vigência, 
princípio da segurança jurídica, que o tempo rege o ato. 
 
 
 
 
 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 1ª avaliação [ Helson ] 
16 
 
Referências Bibliográficas ● Livros, filmes e séries 
Lições Preliminares de Direito – Miguel Reale 
Didático, construído a partir das aulas na USP. Deixou de ser atualizado desde 2002. 
Introdução ao Estudo do Direito – Tecio Sampaio Ferraz Jr. 
Leitura mais densa 
Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – Antônio Machado Neto 
Muito difícil de achar 
Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – Maria Helena Diniz 
Teoria Pura do Direito – Hans Kelsen 
Teoria Geral do Direito – Norberto Bobbio 
Elementos de Teoria Geral de Direito – Ricardo Maurício Freire Soares 
Pela mão de Alice - Boaventura Santos 
trata sobre comunidades favorecidas (favelas). 
 Trabalho Extra 
Teoria Crítica dos Direitos Fundamentais 
Direito em Transição 
As Teorias dos Sistemas Sociais e o Direito – Ricardo Maurício Freire 
Soares 
Ensaio sobre a cegueira – José Saramago 
Melancolia 
O Evangelho segundo Jesus Cristo. 
A ilha 
A origem 
Interestelar 
Trilogia do Batman 
Site Omelete 
Site A nova Ordem Mundial 
ANOTAÇÕES 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
(Ricardo Maurício Freire Soares) 
ric.mauricio@ig.com.br 
Instagram :: professor Ricardo Maurício 
www.professorricardomauricio.com 
Elaborado por Helson 
 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
2 
 
ÍNDICE 
1 ● Teoria das fontes de direito 
Conceito 
Etimologia 
Monismo x Pluralismo 
Tipologias 
2 ● Teoria do ordenamento jurídico 
Noções Gerais 
A Concepção de Sistemas 
O Problema da Completude: Lacunas e integração jurídica 
O Problema da Coerência: Antinomias e os critérios de solução dos conflitos normativos. 
3 ● Teoria da relação jurídica 
Conceito 
Resumo Gráfico 
Elementos Constitutivos 
4 ● Escolas do Pensamento Jurídico 
Jusnaturalismo 
Positivismo Legalista 
Historicismo Jurídico 
Sociologismo Jurídico 
Teoria Pura do Direito 
Pós-Positivismo Jurídico 
Referências Bibliográficas● Livros, filmes e séries 
 
 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
3 
 
1 ● Teoria das fontes de direito 
Conceito 
 São os diversos modos de manifestação da normatividade jurídica que exprimem a 
influência de fatores presentes na realidade social e natural. 
o Só é possível pela aplicação da abordagem zetética. 
Etimologia 
 O termo provém etimologicamente do vocábulo latino fons, que significa origem, 
nascedouro ou gênese de um dado fenômeno. 
Monismo x Pluralismo 
 Dois grandes paradigmas se opõem no âmbito da teoria das fontes do direito: 
o Os monistas defendem a origem exclusivamente estatal do direito. 
o Os pluralistas defendem a ideia segundo a qual o direito seria criado 
tanto pelo Estado, quanto pelas forças sociais. Com a crise do positivismo, 
o pluralismo se tornou dominante na Ciência Jurídica após a segunda grande 
guerra mundial. 
 Observações 
o No mundo ocidental, o direito não-estatal tem a sua validade subordinada 
aos parâmetros do direito estatal. 
o A relação entre direito estatal e direito não-estatal nem sempre é harmoniosa, 
podendo haver conflitos. 
 Ex. Infanticídio indígena – existência de grupos indígenas que matam 
recém-nascidos que nasceram com deformidades físicas ou psíquicas. 
 Situação que configura conflito entre a lei e os costumes. 
Tipologias 
Fontes Materiais 
 Elementos econômicos, políticos, ideológicos, geográficos e climáticos que interferem 
no processo de criação do direito, oferecendo a matéria-prima para a confecção das 
normas jurídicas. 
o Todas as fontes extrajurídicas que oferecem elementos para a criação de 
novas normas. 
o O direito é apenas forma. O conteúdo é obtido de elementos extrajurídicos. 
o Ex. A crise econômica como fonte material da nova lei das terceirizações. 
 Acredita-se que a lei tenha sido criada como alternativa de contensão 
do desemprego, embora haja evidências de inconstitucionalidades. 
Fontes Formais 
Conceito 
 Normas jurídicas propriamente ditas, que resultam do processo de incorporação e 
positivação das fontes materiais do direito. 
o As normas seriam a fisionomia das normas. 
 
 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
4 
 
Classificação 
 Estatais 
o Legislação 
o Jurisprudência 
 Não-estatais 
o Costume 
o Negócio Jurídico 
o Doutrina 
o Poder normativo 
 
 Estatais 
o Criadas diretamente pelo Estado (legislativo, executivo e judiciário). 
 Legislação 
 Jurisprudência 
o Legislação 
 Entende-se por lei o conjunto de normas escritas, genéricas e 
abstratas, oriundas do parlamento, que regulam a vida social. 
 Trata-se da principal fonte jurídica dos sistemas de civil law. 
 Civil law – sistema de tradição romano-germânica. Adotado 
mais por países da Europa continental (Itália, Alemanha, 
França), países latino-americanos, países da África, etc... 
 Common law – sistema que reúne os países de tradição 
anglo-americana, que colocam a jurisprudência e os 
costumes no centro do conhecimento jurídico. (Inglaterra, 
E.U.A, Nova Zelândia, Austrália). 
o Jurisprudência 
 Trata-se da reiteração de decisões judiciais no mesmo sentido. 
 A jurisprudência torna possível utilizar precedentes para convencer 
futuros julgadores sobre uma dada forma de interpretação. 
 Atualmente verifica-se nos sistemas de civil law uma tendência de 
commonização, tendo em vista a valorização da jurisprudência. 
 No Brasil isso também tem ocorrido, especialmente após o novo 
Código de Processo Civil. 
 Isso ocorre porque a jurisprudência afigura-se como uma fonte muito 
mais dinâmica e atual, sendo capaz de adaptar o direito à nova 
realidade social. 
 Ex. Decisões no Brasil sobre o Ubber e o Whatsapp. 
 As grandes inovações do direito brasileiro se originaram da 
jurisprudência. 
 Ex. Guarda compartilhada, proteção contra o bulling, união 
homoafetiva, poliamor. 
 Súmulas – são enunciados interpretativos que sintetizam a 
jurisprudência consolidada dos tribunais. 
 Persuasivas – de observação não obrigatória 
o Maioria absoluta no Brasil 
 Vinculantes – de observação obrigatória 
o Instituídas após a EC nº 45 de 2004. Apenas 56 até 
abril de 2017. 
o Considera-se que o STF ganhou poderes similares aos 
dos legisladores, após as súmulas vinculantes. 
 No Brasil todos os tribunais têm a prerrogativa de criar 
súmulas persuasivas. Entretanto, somente o STF pode criar 
súmulas vinculantes, a teor do que dispõe a EC nº 45 de 
2004. 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
5 
 
o Ex. Súmula Vinculante nº 11 – proíbe o uso de 
algemas no processo criminal. 
Súmulas Vinculantes | Vantagens e Desvantagens 
Vantagens 
 Reforçam o princípio da segurança jurídica (previsibilidade decisória). 
o Reclamação constitucional pode acarretar a responsabilização criminal, civil e 
administrativa do magistrado que não observou a súmula vinculante quando 
comprovado que deveria o fazer. 
 Propiciam a isonomia decisória, que decorre da previsibilidade gerada pela 
aplicação das súmulas vinculantes. 
 Realizam a celeridade do processo. É dizer, os processos são resolvidos com maior 
rapidez porque é finalizado já no primeiro grau de jurisdição, sem a procrastinação e 
tramitação do rito processual usual. 
o A celeridade é considerada um dos mais importantes princípios do devido 
processo legal. 
o O professor se arrisca a dizer que a celeridade é um dos componentes mais 
importantes do processo penal, já que ninguém suporta justiça lenta. 
o Isso não transformaria a prestação jurisdicional em uma linha de montagem de 
decisões (espécie de modelo do fordismo), o que seria prejudicial à sociedade? 
 Realizam o princípio da economicidade, entendida como a diminuição dos custos 
necessários para a movimentação da máquina judiciária. 
o Infelizmente a justiça brasileira é a mais cara do mundo, e as Súmulas 
Vinculantes diminuem os custos. 
 Realizam o principio da razoabilidade, pois não seria razoável que uma ação 
tramitasse durante anos já se sabendo de antemão o posicionamento do STF. 
 Tendem a ser um comando normativo tecnicamente bem estruturado, afinal, os 
ministros do STF constituem a elite intelectual da comunidade jurídica. 
o Há controvérsias, uma vez que alguns Ministros assumiram cadeiras no STF 
sem atender aos requisitos de notório saber jurídico e reputação ilibada. 
Desvantagens 
 Relativizam o princípio da separação dos poderes - o STF como legislador. 
o Apesar de não ser uma lei, as súmulas vinculantes funcionam como se fossem. 
Assim é como se o judiciário tivesse adquirido o poder legislativo. 
 Obstaculizam o desenvolvimento progressista da jurisprudência do primeiro 
grau, dificultando a atualização do direito. 
o A súmula vinculante imobiliza o direito, na medida em que, enquanto a 
sociedade continua em movimento, os juízes mantêm-se obrigados a aplicar as 
mesmas súmulas. 
 Relativizam o princípio do livre convencimento judicial 
o A súmula vinculante pode se tornar um instrumento de robotização dos 
juízes. 
 O STF costuma ser um tribunal de perfil mais conservador, do ponto de vista 
ideológico, tendo em vista a forte pressão exercida por grupos econômicos e políticos. 
o Em tese isso refletiria em eventual conteúdo conservador das súmulas 
vinculantes. 
o O STF só avança quando envolve processos relativos a particulares. Quando 
há relação entre Estado e Cidadão, as decisões são muito conservadoras. 
 A jurisprudência de primeiro grau costuma ser mais aberta à realidade social e 
potencialmente mais justa. 
o Os magistrados de início de carreira estão mais próximos do caso concreto. 
 As súmulas persuasivas já cumpriam e cumpremo papel de uniformizar a 
jurisprudência sem os inconvenientes e restrições das súmulas vinculantes. 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
6 
 
o Crítica às súmulas vinculantes - dar celeridade a justiça é necessariamente dar 
justiça? 
 
 Não-estatais 
o Criadas diretamente pelas instituições e agentes sociais. 
o Costume 
 Trata-se de normas não escritas que decorrem da reiteração de 
práticas sociais que estabelecem bilateralmente direitos e deveres 
jurídicos. 
 Ex. O 13º salário originalmente era um costume, mas com o 
tempo estabeleceu direitos e deveres jurídicos. 
 Ao lado da jurisprudência é a principal fonte jurídica dos sistemas de 
Common Law, embora elas sejam também encontradas nos sistemas 
de Civil Law. 
 Alguns ramos se revelam mais permeáveis aos costumes jurídicos, a 
exemplo dos direitos internacional, comercial e trabalhista; 
 No Brasil merece especial atenção o exemplo do cheque pré-datado 
do direito comercial. 
 O cheque por definição legal é uma ordem de pagamento à 
vista. A rigor, quem emite um cheque deveria ter saldo em 
conta para não incorrer em crime de estelionato. 
 Deixou de ser uma ordem de pagamento à vista para ser uma 
garantia de crédito. 
 Discute-se muito se o costume poderia revogar as leis pelo desuso. 
 Ex. O desuso do Código Penal sobre o adultério. 
 Os positivistas negam essa possibilidade. Os críticos ao positivismo 
reconhecem essa possibilidade. 
o Negócios Jurídicos 
 São as manifestações de vontade escritas e não escritas 
unilaterais ou bilaterais que disciplinam relações privadas, 
estipulando direitos e deveres jurídicos para os particulares. 
 São emanações dos temas dos princípios da liberdade e da 
autonomia da vontade no plano das relações inter-privadas. 
 Ex. Os testamentos e os contratos. 
 Testamento é manifestação unilateral escrita de vontade, que 
promove efeitos a partir do óbito do testador. 
 Contrato é um acordo de vontades que estabelece direitos e 
deveres jurídicos, de forma bilateral. Podem ser escritos e não 
escritos. 
o Doutrina 
 Consiste no conjunto de normas jurídicas que decorrem de obras, 
pareceres, pesquisas, artigos científicos que exprimem a 
produção científica do direito. 
 A doutrina oferece o argumento de autoridade intelectual necessário 
para, decisões judiciais e outras fontes jurídico-normativos. 
 Ex. Obras do prof. Ricardo Maurício. 
 A importância da doutrina em se tratando dos novos ramos jurídicos. 
 Ex. Livros sobre direito eletrônico no Brasil. 
 O direito deve ser entendido como um instrumento para o bem comum 
– Miguel Reale. 
o Poder Normativo 
 É a prerrogativa conferida às instituições sociais para que as 
mesmas possam criar os seus micro-ordenamentos jurídicos, a 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
7 
 
fim de normatizar a sua organização interna e a relação com agentes 
externos. 
 Ex. regulamento de empresas e convenções condominiais. 
 Deve ser exercido em conformidade com os parâmetros das 
convenções estatais. 
2 ● Teoria do ordenamento jurídico 
Noções Gerais 
 Trata-se da parte da teoria geral do direito que estuda a possibilidade de o direito ser 
interpretado e aplicado como um sistema. 
A Concepção de Sistemas 
 Entende-se por sistema todo e qualquer conjunto ordenado de elementos que permite 
a descrição de uma dada parcela da realidade natural ou social. No mundo do direito a 
mais conhecida e útil concepção de sistema é aquela oferecida por Hans Kelsen: A 
visão piramidal da ordem jurídica. 
 
 
o Pressuposto de que vivemos imersos na entropia da física – teoria do caos. 
 Realidade caótica, no plano da natureza ou da sociedade. 
o A sociedade busca a ordenação ou organização do caos, a partir da 
construção de sistemas. 
o Exemplo do sistema solar. 
 
 Os fenômenos astronômicos, bem como diversos outros sistemas 
(elétrons-neutros, centro-periferia, etc.) não poderiam ser explicados 
apenas na construção heliocêntrica. 
 Ajuda a descrever a realidade, extraindo resultados práticos. 
o Dividir o ano em 12 meses, o dia, em 24h; Dias se 
alternarem com as noites. As estações do ano. 
 Mas é uma construção da razão, não existe. Fadado a ser 
substituído por outro. 
o Explicações que já caíram por terra, tendo por base 
física quântica, etc. 
 Assemelham-se a atual situação do direito, a realidade jurídica 
o Retornando à pirâmide de Kelsen. 
Constituição
Legislação
Atos administrativos
Contratos / Testamentos / Decisões 
judiciais
Sistema 
solar
Planetas
Satélites
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
8 
 
 Mesmo com as imperfeições, a pirâmide normativa de Kelsen é 
considerada uma das mais importantes contribuições. 
 Concepção mais didática, mais operacional, por isso, mais útil. 
 Embora seja a concepção mais admitida, a pirâmide normativa merece 
críticas. As mais importantes são: 
 Ausência dos costumes 
o Mas os costumes são fontes do direito. 
 O papel tímido dedicado à jurisprudência, por estar na base da 
pirâmide. 
o Inadequação ao sistema de Common Law 
o Jurisprudência essa que é a mais importante desse 
sistema. 
o Mesmo no sistema de Civil Law a jurisprudência é 
muito forte, a exemplo das decisões do Supremo 
Tribunal Federal. 
 A realidade jurídica é igualmente complexa 
O Problema da Completude: Lacunas e integração jurídica 
 Para que o sistema seja considerado racional, ele necessita de oferecer respostas para 
todas as situações que pretenda solucionar. No mundo do direito discute-se sobre a 
completude. De um lado, verificam-se os defensores da completude (sistema fechado e 
sem lacunas) e de outro, os defensores da incompletude (sistema aberto e lacunoso). 
o Ex. O sistema americano de segurança era considerado completo, mas, após o 
11 de setembro de 2011, a situação mudou: o sistema tornou-se incompleto na 
visão de todos. 
Argumentos favoráveis à completude 
 O direito seria completo porque se poderia utilizar o raciocínio de que tudo o que não 
está juridicamente proibido está juridicamente permitido. 
o Argumento utilizado, inclusive, por Hanz Kelsen. 
o O direito sempre será completo, porque do ponto de vista lógico sempre será 
possível fechá-lo. 
 Estar aberto significa dizer que existem lacunas (não existe 
regulamentação). Por outro lado, se o que não está proibido está 
juridicamente permitido, implica dizer que não existem as lacunas, pois 
não se regulamentou porque é permitido por lei. (Redação de Helson) 
o Problema que leva a um resultado prático perigoso, pois quando não há 
regulação penal regulando, por exemplo, jogos perigosos, eles seriam 
juridicamente permitidos. 
 
 O direito se revela completo porque o juiz não pode deixar de julgar. No momento em 
que ele decide, a sua sentença se apresenta como a resposta normativa do sistema 
jurídico. 
o O juiz não pode deixar de julgar alegando obscuridade, pois em tese tudo está 
normatizado e disponível. 
o O juiz ao decidir ele supre a lacuna que por ventura esteja aberta. 
o Ex. Juiz do Trabalho julgando reclamações trabalhistas: O sujeito que dirige 
Ubber reclamando vínculo trabalhista com a empresa. Por hipótese o juiz não 
conhece o Ubber, não há nada na doutrina ou na lei. Então, o juiz engavetaria 
o processo a espera da criação de uma lei? Mas hoje processo que não é 
movimentado em período de 100 dias dispara cobrança pelo CNJ. Em resumo, 
o juiz terá que dar um jeito (direito comparado), terá que decidir. Assim, ela 
fechará o sistema. 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
9 
 
o Ex. Anos atrás, um promotor invocouo pedido de habeas corpus em prol de 
um chimpanzé, e o juiz era obrigado a decidir. Ao decidir esta situação o juiz 
está fechando o sistema normativo. 
 O direito seria completo porque a própria ordem jurídica estabeleceria os mecanismos 
de integração (analogia, costumes, princípios gerais do direito e equidade). 
o O direito já dispõe dos instrumentos para que se enfrentem as lacunas. 
Argumentos favoráveis à incompletude 
 O direito se revela sempre incompleto porque a sociedade sempre se transforma em 
um ritmo mais célere, surgindo daí as lacunas. 
o A verdade é que as lacunas sempre existirão porque as transformações sociais 
são muito dinâmicas. Daí, não seria mesmo o papel do direito tentar 
acompanhar tais transformações tão rápidas. 
 O direito seria incompleto porque a existência de mecanismos de integração 
constitui a prova cabal de que as lacunas existem. 
 O direito só seria completamente completo se o legislador fosse capaz de 
disciplinar de forma pormenorizada todas as condutas humanas, inclusive 
prevendo o futuro. 
Lacunas Jurídicas 
 Trata-se de toda e qualquer imperfeição que venha a comprometer à totalidade 
sistémica do direito. 
 Lacunas Normativas 
o São aquelas lacunas que se manifestam toda vez que inexiste norma a 
regular expressamente uma dada situação social. 
 Ex. Ausência de tipificação legal dos chamados crimes virtuais. O 
hacker que rouba dinheiro pelo Internet Banking não incorre em 
qualquer crime tipificado. O mais próximo seria roubo, mas pressupõe 
a subtração de objeto, o que não se configura no caso do dinheiro que 
é transferido pela internet. 
 Lacuna fática 
o Consiste na ausência de adequação da norma aos valores sociais (falta de 
efetividade) 
 Ex. Lei das contravenções penais – jogo do bicho. A norma existe, está 
vigente, mas perdeu alinhamento com a prática social. 
 Lacuna valorativa 
o Ocorre toda vez que há uma inadequação da norma dos valores sociais 
(perda de legitimidade). 
 Ex. Legislação tributária e a Justiça Fiscal. 
Instrumentos de Integração do Direito 
 Trata-se do conjunto de mecanismos utilizados pelos juristas para o preenchimento das 
lacunas jurídicas. 
o Podem ser usados de modo isolado ou em conjunto, não havendo uma 
hierarquia prévia entre eles. 
 Havia uma corrente que considerava a analogia o instrumento 
preferencial, mas essa ideia é anacrônica. 
 No direito brasileiro, tais instrumentos são conhecidos pela doutrina, pela 
jurisprudência e pela legislação (LINDB, CPC, CLT, CP, etc.) 
o Integrar o direito é torná-lo completo. 
 Analogia 
o Consiste na aplicação de uma dada norma jurídica que trata de uma 
situação social a outra situação social semelhante que carece de uma 
normatização expressa. 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
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 Aproveitamento de uma norma jurídica preexistente para atender a 
uma situação que carece de norma que a regulamente. 
 Ex. Aplicação da Lei Maria da Penha aos casos das transexuais. 
o  N1, que trata de um conjunto de S1, pode ser aplicada a uma S2 - mesmo 
não tratando diretamente dessa situação, mas por se assemelhar -, tendo em 
vista a falta de uma N2 que regule S2. 
o A analogia pressupõe interpretação, que requer investigação zetética para 
interpretar as diversas situações sociais, valorando os fatos e examinando a 
realidade substancial. 
 Não há limites prévios ou objetivos. 
 Costumes 
o Normas não escritas que resultam da reiteração de práticas sociais, as 
quais servem como elementos capazes de permitir o preenchimento das 
lacunas jurídicas. 
 Ex. O uso de costumes no preenchimento de lacunas contratuais no 
direito civil e no direito do trabalho. 
 Os costumes não são apenas fontes do direito, mas também podem 
figurar como importantes instrumentos de integração. 
 O CC prevê que os contratos podem ser interpretados em 
conformidade com os costumes do lugar. 
 Contrato de arrendamento rural celebrado verbalmente. Se 
surgirem dúvidas quanto a qualquer aspecto desse contrato 
verbal, o juiz para preencher a lacuna pode se valer dos 
costumes do local: O costume do lugar é que o arrendatário só 
necessita pagar depois da colheita. 
 Princípios Gerais do Direito 
o São normas éticas, expressas ou implícitas, que aproximam o direito da 
moral, potencialização a realização da justiça. 
 Ex. Aplicação do princípio da insignificância penal nos chamados furtos 
famélicos. 
 Equidade 
o Consiste na aplicação do sentimento de justiça do julgador a partir de uma 
apreciação moral do aplicador do direito. 
 Ex. O julgamento de equidade no campo da arbitragem. 
o Originalmente cunhado por Aristóteles no livro “Ética em coma” na forma de 
“Justiça pelo julgador”. 
 Ex. Passagem do Rei Salomão. Duas mulheres disputavam a guarda 
de uma criança. Propôs cortar a criança ao meio. Uma das mulheres 
desistiu da causa. A justiça foi feita. Entregou a criança a esta mulher, 
pois o verdadeiro amor é incondicional. 
 A lei de arbitragem prevê a utilização da equidade, mesmo o 
julgador não sendo um juiz. 
 
O Problema da Coerência: Antinomias e os critérios de solução dos 
conflitos normativos. 
 Trata-se da exigência racional de que o sistema jurídico ofereça soluções para as 
contradições normativas, a fim de equacioná-las. 
o Só será racional se oferecer instrumentos capazes de solucionar as 
contradições, restaurando a coerência que tenha sido comprometida. 
 Entende-se por antinomia jurídica a contradição existente entre uma norma que proíbe 
e outra que permite o mesmo comportamento, gerando uma situação de 
indecidibilidade no mundo do direito. 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
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o Ex. O problema da transfusão de sangue o paciente que é testemunha de 
Jeová, e os direitos à vida e à liberdade religiosa. 
o Ex. O infanticídio indígena. 
Critérios de solução das antinomias jurídicas 
 Hierárquico 
o Trata-se do mais importante critério de solução das antinomias jurídicas. 
Havendo conflito entre uma norma jurídica que permite e outra norma jurídica 
que proíbe a conduta, será examinada a relação de hierarquia: a norma 
superior prevalece sobre a norma inferior. 
 Ex. A prevalência da Constituição em face de uma lei contrária aos 
comandos constitucionais. 
 Cronológico 
o Havendo conflito entre uma norma jurídica anterior e uma norma jurídica 
posterior, sendo ambas de mesma hierarquia, prevalecerá a norma posterior. 
 Ex. A prevalência do Código de Defesa do Consumidor (1990) em face 
do antigo CC brasileiro (1916) em matéria de contratos bancários. 
 Especialidade 
o Havendo conflito entre uma norma especial e outra norma geral, sendo ambas 
de mesma hierarquia, prevalece a norma especial. 
 Ex. O conflito entre o Código Penal e a Lei Maria da Penha nos casos 
de violência praticada contra a mulher no ambiente doméstico. 
 A lei Maria da Penha é muito mais severa, então há um conflito 
com o Código Penal, prevendo até medidas cautelares. 
Casos não solucionáveis 
 Entende-se por antinomia de segundo grau o conflito entre uma norma jurídica anterior 
especial e outra norma jurídica posterior geral que tenham a mesma hierarquia. 
 Nessa hipótese, instaura-se uma contradição entre o critério da especialidade e o 
critério cronológico. Não havendo um meta-critério que possa ser utilizado para 
solucionar essa contradição. 
o Ex. O conflito entre o Código de Defesa do Consumidor (1990), que é lei 
anterior especial, e o Código Civil (2002), que é uma lei posterior geral. 
o A estatística comprova que houve prevalência da norma anterior especial, mas 
não com base na ciência. 
Especificidade dos conflitos entre os princípios jurídicos: Ponderação de bens e 
interesses. Toda vez que há conflito entre princípios constitucionais, surge a necessidade de 
superação dos critérios tradicionais acima examinados. Tais critérios não poderão ser 
utilizados, pois os princípios geralmente situados na Constituição apresentam a mesma 
hierarquia, a mesma cronologia e a mesma generalidade. 
 A alternativa é a utilização da ponderação de bens e interesses: Uma técnica 
hermenêutica voltada para o estabelecimento de uma realidade concreta entre os 
princípios constitucionais diante de uma dada situação social. 
 Através do exame de efetividade e de legitimidade, o jurista poderá aferir a 
preponderância de um princípio em face de outro. 
o Ex. O candidato adventista no concurso público e o direito à igualdade e o 
direito à liberdade religiosa. 
 Os adventistas guardam dia de sábado, 
 Caso considerado um dilema, pois são normas de mesma hierarquia, 
mesma cronologia e a mesma generalidade. A solução é a 
ponderação, à luz do caso concreto, utilizando a valoração e buscando 
responder qual a maior dimensão do peso. 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
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o Ex. Senador em Brasília utiliza verbas do gabinete para custear comodidades 
para sua amante. Depois de um desentendimento, essa amante resolve 
procurar a imprensa para revelar tudo. O senador diz que não tecerá 
considerações sobre sua vida privada, e a revista publica o episódio. O 
senador entra com uma ação, e defesa alega o direito de liberdade dos meios 
de publicação. 
o Ex2. Diferente da situação do casal de artistas em Resort que são 
surpreendidos com fotos em revista, sem que tenham autorizado. 
 Conclusão 
o Não há verdadeiro ou falso na ponderação dos princípios. 
Últimas observações 
 Não existe hierarquia prévia entre princípios constitucionais. 
o Avaliação sempre será à luz do caso concreto. 
o Nem mesmo o direito à vida pode ser considerado absoluto, pois há quem 
defenda o direito à morte digna (Eutanásia). 
  A boa ponderação é aquela que garante a preponderância do princípio, mas 
não afasta totalmente o princípio de menor dimensão de peso. 
o Você garante o adventista fazer a prova após as 18h do sábado, aplicando 
muito bem a ponderação dos princípios. 
3 ● Teoria da relação jurídica 
Conceito 
 Trata-se do vínculo intersubjetivo que se forma a partir da materialização da hipótese 
normativa do mundo dos fatos, polarizando de um lado um sujeito ativo titular de um 
direito subjetivo e um sujeito passivo, obrigado ao cumprimento de um dever jurídico no 
plano da licitude humana, bem como é o nexo intersubjetivo que justifica a aplicação de 
uma sanção jurídica ao infrator que pratica uma ilicitude. 
o Ex. A relação tributária entre o fisco e o contribuinte. 
 
Resumo Gráfico 
 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
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Características 
 Bilateralidade 
o A relação jurídica é bilateral porque regula as interações comportamentais 
entre sujeitos. 
 Exterioridade 
o A relação jurídica é exterior porque pressupõe a concretização de ações 
sociais no mundo dos fatos. 
Elementos Constitutivos 
 Fato jurídico 
o É todo e qualquer evento natural ou humano que materializa a hipótese 
abstrata da normatividade jurídica, produzindo consequências no mundo do 
direito. 
o Compreende tanto o chamado fato jurídico em sentido estrito – estricto 
senso - (acontecimento natural, a exemplo da passagem do tempo) como 
também o ato jurídico (acontecimento humano, a exemplo de um contrato 
celebrado entre particulares). 
 Exemplo de fato jurídico estricto senso: 
 A morte natural 
o Efeito jurídico imediato da abertura da sucessão 
hereditária (transferência automática do patrimônio 
para os herdeiros). 
 O passar do tempo. 
o Completar 16 anos e adquirir o direito ao voto. 
o Completar 18 anos e adquirir o direito de ser votado 
(vereador). 
 Exemplo de ato jurídico (manifestação humana de vontades): 
 A locação de um imóvel celebrada entre locador e locatário. 
 
 
 Sujeitos de direito 
o São todos aqueles entes personalizados ou despersonalizados que 
integram os polos ativo e passivo de sujeição jurídica. 
 Não existe relação sem sujeitos. 
 No passado, alguns autores defendiam até a relação entre coisas, mas 
não prosperou. 
o Entes personalizados 
 São aqueles entes que a ordem jurídica qualifica como pessoa, por 
conta da possibilidade de conviver socialmente. 
 No mundo do direito existem dois tipos de pessoa: 
 As pessoas físicas ou naturais (existência corpórea) e as 
pessoas jurídicas (existência abstrata ou ficta). Estas últimas 
podem ser de direito privado, a exemplo da Associação Civil e 
a Sociedade Comercial ou de Direito Público, a exemplo de 
Organismos Internacionais e Entes Federativos. 
 Para serem sujeitos de direito, devem interagir socialmente. 
 Pessoa Física 
o Antigamente, uma pessoa que nascesse com 
deficiências físicas ou psíquicas não era considerada 
pessoas – eram logo descartadas. 
o Atualmente, no mundo ocidental, todo aquele que 
nasça com vida é considerado pessoa natural, por 
conseguinte, pessoa física. 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
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 Pessoa Jurídica 
o Devida a sofisticação e complexidade da vida social, 
surgiu a necessidade de criação das pessoas jurídicas, 
existência abstrata, ficta. 
o De direito privado 
 Associação é um agrupamento de indivíduos 
que não têm por objetivo a obtenção de lucro. 
 Sociedade é um agrupamento de indivíduos 
que persegue objetivos lucrativos. 
o De direito público 
 Aquelas que representam o interesse da 
coletividade 
 Observações: 
 Não se pode confundir pessoa física com pessoa jurídica, mas 
o direito ocidental admite a aplicação da teoria da 
desconsideração da pessoa jurídica, nos casos de fraudes 
trabalhistas, previdenciárias, comerciais, dentre outras. 
 Entes despersonalizados são aqueles entes que titularizam 
direitos e cumprem deveres, embora não se reconheça a sua 
personalidade. 
o Ex. Nascituros – seres em gestação, mas que já são 
agentes do direito, pois podem ser até proprietários, 
fazerem parte de testamentos, etc. 
 Atualmente há uma forte tendência para o reconhecimento de 
animais e seres dotados de inteligência artificial como entes 
despersonalizados. 
o Em Portugal, em maio de 2017 houve uma alteração 
do CC para reconhecer o animal como ser dotado de 
sensibilidade. 
 
 
 
 Direito Subjetivo 
o Trata-se de elemento que consiste no conjunto de faculdades ou poderes 
conferidos pela norma jurídica ao sujeito ativo da relação jurídica. 
 Ex. O direito de propriedade e as faculdades de usar, gozar, dispor e 
reaver um bem. 
 No momento em que eu adquiro o bem, a ordem jurídica vai 
conferir uma série de direitos como o de usar, dispor de 
resultados econômicos (alugar), como pode emprestar a seu 
bel-prazer e pode, ainda, reaver (caso seja roubado, por 
exemplo). 
o O objeto de todo e qualquer direito subjetivo é o dever jurídico correlato. 
 Só se materializa quando o sujeito passivo do outro polo da relação 
cumpre com o seu dever jurídico. 
 Ex. O direito à vida e o respeito à vida; 
 Ex. O direito de crédito tributário e o pagamento dos tributos. 
o Tipologias de direito subjetivo 
 Direitos subjetivos patrimoniais x direitos subjetivos extrapatrimonais 
 Direitos subjetivos patrimoniais são direitos que se revelam 
passíveis de apreciação econômica. 
o Ex. Direito de propriedade privada. 
 Direitos subjetivos extrapatrimonais são aqueles que não 
apresentam valor econômico, estando, portanto, fora do 
comércio jurídico. 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson] 
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o Ex. O direito à integridade física. 
 Direitos subjetivos absolutos x direitos subjetivos relativos 
 Direitos subjetivos absolutos são aqueles direitos exercidos 
perante toda a comunidade jurídica (sujeito passivo 
indeterminado), que impõem um dever jurídico negativo. 
o Ex. O direito à vida. 
 Direitos subjetivos relativos são aqueles direitos exercidos 
contra um sujeito passivo específico ou determinado, impondo 
um dever jurídico positivo. 
o Ex. O direito de crédito trabalhista. 
 O trabalhador que exerceu sua atividade em 
determinada empresa obtém direito de 
créditos trabalhistas e previdenciários contra 
essa empresa. 
o Não é abstenção. Direito de fazer ou dar. 
 Direitos subjetivos públicos e direitos subjetivo privados 
 Direitos subjetivos públicos são aqueles direitos subjetivos 
exercidos no âmbito de relações em que figura o Estado em 
um dos polos da relação jurídica. 
o Ex. O direito à saúde x o dever do Estado de fornecer 
medicamentos. 
 Direitos subjetivos privados são aqueles direitos exercidos 
no âmbito de relações entre os particulares. 
o Ex. O direito de crédito comercial de uma empresa em 
face do consumidor. 
o Teorias fundamentadoras do direito subjetivo 
 Teoria da vontade: 
 O direito subjetivo se fundamentaria na manifestação da 
vontade humana. 
 Acreditava-se que a vontade humana seria suficiente para criar 
direitos. 
 Teoria do interesse: 
 O direito subjetivo residiria no interesse material manifestado 
por um sujeito em direção a um dado objeto. 
o Explica apenas os direitos patrimoniais, não 
conseguindo explicar os direitos extrapatrimonais, a 
exemplo do direito à vida. 
o Nem todo direito se funda em interesse material. 
 Teoria Eclética 
 Sustenta que o direito subjetivo repousaria no interesse e na 
vontade. 
o As críticas feitas anteriormente valem para a teoria 
eclética. 
 Teoria existencialista 
 Fundamenta-se na liberdade humana. 
 Para a teoria existencialista o fundamento do direito seria a 
liberdade humana. Do ponto de vista ideológico está atrelada à 
corrente existencialista, que valoriza a identidade 
antropológica do ser humano. 
 Crítica: Nem todo direito pressupõe espaço para liberdade, 
como as normas cogentes, a exemplo do direito ao voto. 
 Teoria jusnaturalista 
 Sustenta que os direitos subjetivos seriam direitos naturais, os 
quais seriam inerentes à condição humana e, portanto, 
invariáveis no tempo e no espaço. 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
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 Crítica: Não existem direitos universais. 
 Teoria processual da ação 
 Consiste na busca da satisfação de um direito subjetivo, 
por meio da utilização de ação judicial como um instrumento 
processual de proteção perante o poder judiciário. 
o A possibilidade do sujeito ativo de ingressar com uma 
ação para protegê-lo independentemente do direito 
material. 
o O direito de ação é independente do direito material. 
 
 Teoria normativista 
 O fundamento do direito subjetivo é a norma jurídica, 
expressa ou implícita, escrita ou não escrita, estatal ou 
não estatal. 
 Teoria defendida por Hans Kelsen. 
o Para essa teoria, o fundamento do direito subjetivo, 
seria a norma jurídica, o que diluiria a diferença entre 
direito subjetivo e direito objetivo. 
o Pra Kelsen, o fundamento do direito subjetivo é a 
norma: “Se existe uma norma, o direito subjetivo foi 
conferido”. 
 Os críticos de Kelsen dirão que essa teoria não é coerente, 
porque existem direitos que não estão expressos na norma 
jurídica, mas podem se depreender de uma interpretação. 
Descobre-se o direito, através da interpretação dos princípios. 
o Esta teoria é a mais adequada, desde que atualizada à 
luz do pós-positivismo. 
 Em resumo: O fundamento é a norma! 
 Dever jurídico 
o Consiste no conjunto de obrigações assumidas pelo sujeito passivo de uma 
relação jurídica. 
o Existem três tipos de obrigações jurídicas: 
 Obrigação de fazer 
 Consiste na realização de uma conduta positiva 
o Ex. Prestação de serviço de limpeza. A prestadora do 
serviço tem a obrigação de fazer. 
 Obrigação de não fazer 
 Consiste na abstenção de um comportamento. 
o Ex. Preservação do sigilo profissional. O profissional 
tem a obrigação de não fazer (não divulgar nada). 
 Obrigação de dar 
 Consiste na obrigação de entrega de um bem. 
o Ex. Pagamento de um tributo. 
o Tipologias de dever jurídico 
 Dever jurídico instantâneo 
 Esgota-se em um único ato. 
o Ex. Pagamento à vista de uma dívida. 
 Dever jurídico sucessivo 
 Ocorre toda vez que são realizados ao longo do tempo 
diversos atos jurídicos. 
o Ex. Pagamento mensal de pensão alimentícia. 
 Dever jurídico público 
 Ocorre toda vez que o sujeito passivo cumpre uma obrigação 
em uma relação em que o Estado esteja presente. 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
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o Ex. Pagamento de um tributo pelo contribuinte a um 
representante do poder público. 
 Dever jurídico privado 
 Cumprido no âmbito de relações entre particulares. 
o Ex. Pagamento de uma dívida pelo consumidor a uma 
dada empresa. 
 Dever jurídico patrimonial 
 São aqueles que possuem expressão econômica 
o Ex. Pagamento de um tributo pelo contribuinte. 
 Dever jurídico extrapatrimonais 
 São aqueles que não admitem a apreciação econômica. 
o Ex. O respeito à vida. 
 Ilicitude 
o Conduta positiva ou negativa que contraria a normatividade jurídica. 
 Ex. Homicídio (decorrente de uma conduta positiva) 
 Ex. Omissão de socorro (decorrente de uma conduta negativa) 
o A ilicitude viola o chamado mínimo ético, sendo, portanto, mais grave do que a 
descortesia e a imoralidade. 
o A ilicitude pode ser realizada por meio do abuso de direito – quando o 
sujeito ativo exerce de modo desproporcional um direito subjetivo. 
 Exemplo da cobrança abusiva de uma dívida por uma empresa, 
 Abordagem violenta da polícia em blitz. 
 Marketing ativo fora do horário comercial ou em dias que não sejam 
úteis. 
o A ilicitude também pode ser realizada quando um sujeito passivo descumpre 
um dever jurídico, configurando a hipótese de inadimplemento. 
 Exemplo 
 Sonegação fiscal. 
 Sanção jurídica 
o Consequência atribuída ao ilícito. Pode ser tanto um constrangimento 
patrimonial, a exemplo de aplicação de multa de trânsito, ou extrapatrimonial, a 
exemplo da aplicação de uma pena de privação de liberdade, destinado a punir 
o infrator. 
o Na sociedade ocidental contemporânea a sanção jurídica apresenta natureza 
organizada. 
 Predeterminada e sob o monopólio estatal. 
o Observações 
 A maioria são sanções patrimoniais. 
 A restrição de liberdade é exceção. 
 
 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
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4 ● Escolas do Pensamento Jurídico 
Jusnaturalismo 
Conceitos básicos 
o Trata-se da doutrina dos direitos naturais que resultariam de um Código Ético 
Universal de Justiça 
Fases do Jusnaturalismo 
 1ª Fase :: Jusnaturalismo Cosmológico (Idade Antiga) 
o O fundamento dos direitos naturais e da justiça seria a harmonia com o 
universo. 
 Realizar a justiça seria estar em harmonia com o universo. 
 2ª Fase :: Jusnaturalismo Teológico (Idade Média) 
o O fundamento dos direitos naturais e da justiça seria a vontade de Deus. 
 3ª Fase :: Jusnaturalismo Racionalista (Idade Moderna) 
o O fundamento dos direitos naturais e da justiça seria a razão humana 
universal. 
o Visão dominante durante a Idade Moderna, especialmente por força do 
racionalismo dessa época. 
o Para essa concepção, identificaríamos a justiça não porque o universo me 
obriga por leis cósmicas, nemporque Deus quer, mas sim porque é racional 
que o faço (base em Kant – Imperativo Categórico – Respeitar, pois 
entendo que devo ser respeitado). 
 4ª Fase – Jusnaturalismo Contemporâneo (após 2ª grande Guerra Mundial) 
o O fundamento dos direitos naturais e da justiça seria o consenso 
internacional acerca da importância da existência dos direitos humanos. 
o Retomada do debate sobre a justiça, após as barbáries da Guerra Mundial. 
o Criação da ONU e Declarações dos Direitos Humanos. 
Críticas Positivas do Jusnaturalismo 
 Mérito de demonstrar a relação entre o Direito e a Justiça (legitimidade). 
 Teve o mérito de desenvolver pela primeira vez a noção de um sistema jurídico 
hierárquico: Direito Natural (superior) vs. Direito Positivo (inferior). 
o Não se trata da Pirâmide Normativa de Hans Kelsen. 
o Direito Positivo seria o direito criado pelo Estado. 
o Se considerássemos que o direito à vida era um direito natural, não faria 
sentido ter uma norma que tratasse positivamente disso. 
 O Jusnaturalismo foi a matriz mais importante da afirmação dos direitos humanos, que 
constituem os eixos das democracias atuais. 
 
Críticas Negativas do Jusnaturalismo 
 O Jusnaturalismo confunde os atributos da validade e da legitimidade. 
o Ex. Art. 14 da Constituição Obrigatoriedade do voto. 
 A noção de justiça varia no tempo e no espaço e consequentemente não se apresenta 
como um padrão absoluto e universal. 
o Não existe um padrão absoluto e universal de Justiça, para sustentar a ideia de 
que os direitos naturais seriam imutáveis. 
 A expressão direitos naturais não logra oferecer segurança jurídica, por sua vagueza 
semântica. 
 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
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Positivismo Legalista 
Conceitos básicos 
 Trata-se de uma corrente surgida após as revoluções liberais burguesas dos séculos 
XVII e XVIII (Revolução Gloriosa, Independência dos E.U.A e Revolução Francesa). A 
principal corrente positivista foi a escola de Exegese na França, formada pelos 
comentadores do Código Napoleônico de 1804. 
o A França como principal palco da Revolução liberal-burguesa 
Testes fundamentais 
 Redução do direito à lei (legalismo) 
 Defesa do monismo jurídico 
o Origem exclusivamente estatal do direito. 
 Crença na perfeição racional do legislador 
 Afirmação do sistema legal como sistema completo e coerente (ausência de lacunas e 
antinomias jurídicas) 
 Separação do direito em face da moral. 
o Teoria dos Círculos Éticos separados. 
 Negação da existência dos direitos naturais. 
o Só existiria o direito positivado na lei. 
 Esvaziamento do debate sobre a justiça 
o Toda lei seria justa, porque positivado. 
 Neutralidade valorativa do poder judiciário. 
o Juiz como a boca da lei. Juiz como autômato. 
 Ênfase à interpretação gramatical do direito. 
o Dura lex, sed lex 
Críticas positivas 
 Promoveu um grande avanço no âmbito da ciência jurídica, especialmente no que diz 
respeito ao Direito Civil. 
o O Direito Civil viveu dois grandes momentos: a) direito romano e b) Escola 
Exegese 
 A lei, por ser uma fonte escrita do direito, oferece segurança jurídica para os processos 
decisórios. 
 A defesa da legalidade foi indispensável para o capitalismo e para a democracia. 
Críticas negativas 
 A lei não é a única fonte do direito. 
o Existência de fontes estatais e não estatais. 
 A aplicação dogmática da lei pode resultar em profundas injustiças. 
 O monismo jurídico afasta a sociedade do processo de criação do direito. 
o Configura-se um modelo autocrático. 
Historicismo Jurídico 
Conceitos básicos 
 Trata-se de uma corrente contrária ao positivismo legalista, desenvolvida na Alemanha, 
durante o século XIX. 
 O seu mentor foi o jurista germânico Savigny. 
 
 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
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Testes fundamentais 
 Defesa do costume como fonte principal do direito. 
 Defesa do pluralismo jurídico 
o Criação social do direito 
 Reconhecimento do espírito do povo (VOLKSGEIST). 
o Parte da ideia de que cada sociedade teria características próprias de cada 
povo, para verificar se os costumes estariam presentes para estabelecer as 
normas. 
 Desconstrução do mito da perfeição racional do legislador e da lei (legislação 
incompleta e incoerente). 
 Reconhecimento da possibilidade do costume contra legem 
 Defesa de uma interpretação histórica do direito (interpretação contextual e 
retrospectiva). 
Críticas positivas 
 Mérito de situar adequadamente o direito na zona dos objetos culturais e, portanto, 
variável no tempo e no espaço (rejeição do idealismo). 
 Promove uma importante restauração do Direito Romano, que havia sido esquecido ao 
longo da idade moderna. 
 Demonstra a unilateralidade do positivismo legalista e sua insuficiência teórica 
(superação do legalismo estatocêntrico). 
Críticas negativas 
 Reduz o direito à mera condição de ramo da história (perda da autonomia científica). 
o Como se o direito não se modernizasse. 
 O apego ao passado por conta do costume jurídico acaba por tornar o direito mais 
impermeável às mudanças. 
o Há precedentes para compartilhamento do cão do casal em caso de 
separação. Mas isso não se encontra nos costumes históricos. 
 A noção de VOLKSGEIST (espírito do povo) é um estereótipo perigoso, pois generaliza 
o grupo social, não atentando para a diversidade. 
 A noção de espírito do povo compromete uma visão democrática de direito, porque 
favorece apropriações ideológicas por regimes ditatoriais (totalitário). 
o O ditador como personificação do espírito do povo. 
o Acaba favorecendo líderes autoritários. 
 
 
Sociologismo Jurídico 
Conceitos básicos 
 Trata-se de uma corrente de oposição ao positivismo legalista que surgiu na segunda 
metade do século XIX na França. 
 Surgiu em decorrência da criação da sociologia. 
 
Considerações sobre a Sociologia 
 A sociologia, criada por Augusto Comte no século XIX, propõe uma ciência geral da 
sociedade. 
 A sociologia servia para oferecer respostas aos problemas da vida social, uma vez que, 
com a revolução industrial, surgiram e intensificaram-se diversos conflitos sociais. 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
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 A sociologia foi criada como uma ciência-mãe, que englobaria todas as demais 
ciências. 
 Durante o socialismo jurídico, o Direito era uma especialidade dentro da sociologia. 
 
Teses fundamentais 
 Afirmação do direito como um conjunto de fatos sociais (mundo do ser). 
o Não interessa o mundo do dever-ser, mas, sim, o mundo do ser, o mundo dos 
fatos sociais. 
 Valorização do atributo da efetividade (eficácia social do direito). 
 Defesa do pluralismo jurídico (produção social do direito). 
o Defendia-se que o Direito seria mais que um produto do Estado, e, sim, da 
sociedade. 
 Reconhecimento da imperfeição racional do legislador e da lei (existência de lacunas e 
antinomias) 
o Legislador não é perfeito, logo a lei não é perfeita, tendo assim lacunas. 
 Valorização da jurisprudência como fonte do direito (ampliação judicial do direito). 
o Porque o sociologismo sustentava que a jurisprudência teria uma capacidade 
de exprimir de forma mais concreta e atual, valorizando o papel da 
jurisprudência. 
o Influência da França e dos E.U.A. 
 Defesa de uma interpretação sociológica (adequação fática das normas jurídicas). 
o Interpretação contextual baseada em uma realidade social contemporânea. 
o Orientação prospectiva, que vai do presente para o futuro. 
o Questões da biotecnologia e dos crimes virtuais. 
Críticas positivas 
 Mérito de demonstrar o reducionismo da visão legalista do direito (a

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