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Introdução ao estudo do direito – Ícaro Freitas 
 
1 
 
Direito e moral 
 
Linhas Introdutórias: 
 O Direito não é o único instrumento responsável pela harmonia da vida social. 
 A Moral, Religião e Regras de Trato Social são outros processos normativos que condicionam a 
vivência do homem na sociedade. 
 O Direito é o que possui maior pretensão de efetividade. 
 A coação – força a serviço do Direito 
 Para que a sociedade ofereça um ambiente incentivador ao relacionamento entre os homens é 
fundamental a participação e colaboração desses diversos instrumentos de controle social 
 O mundo primitivo não distinguiu as diversas espécies de ordenamentos sociais. 
 O Direito absorvia questões afetas ao plano da consciência, própria da Moral e da Religião, e 
assuntos não pertinentes à disciplina e equilíbrio da sociedade, identificados hoje por usos 
sociais. 
 “As diferentes espécies de normas éticas se achavam em um estado de homogeneidade 
indefinida e incoerente.” (Spencer) 
 O conhecimento do campo de aplicação do Direito é um a priori lógico e necessário à tarefa de 
elaboração das normas jurídicas. 
 O legislador deve estar cônscio da legítima faixa de ordenamento que é reservada ao Direito. 
 Toda norma jurídica é uma limitação à liberdade individual e por isso o legislador deve 
regulamentar o agir humano dentro da estrita necessidade de realizar os fins reservados ao 
Direito. 
 É indispensável que se demarque o território do Jus, de acordo com as finalidades que lhe estão 
reservadas na dinâmica social. 
 O Direito seria a máquina da despersonalização do homem. 
 O homem-robô 
Normas técnicas e normas éticas: 
 A atividade humana, além de subordinar-se às leis da natureza e conduzir-se conforme as normas 
éticas, ditadas pelo Direito, Moral, Religião e Regras de Trato Social, tem necessidade de orientar-
se pelas normas técnicas, ao desenvolver o seu trabalho e construir os objetos culturais. 
 As normas éticas determinam o agir social e a sua vivência já constitui um fim. 
 As normas técnicas indicam fórmulas do fazer e são apenas meios que irão capacitar o homem a 
atingir resultados 
 As regras técnicas, não constituem deveres, mas possuem o caráter de imposição àqueles que 
desejarem obter determinados fins; 
 São neutras em relação aos valores, pois tanto podem ser empregadas para o bem quanto para 
o mal. 
 “...certa ordenação da razão acerca de como, por quais meios, os atos humanos chegaram a seu 
fim devido.” (São Tomás de Aquino) 
 Para que uma nova descoberta científica seja acompanhada por um correspondente avanço 
tecnológico, o homem tem de estudar as normas técnicas a serem utilizadas. 
 A concepção científica de novos princípios do Direito não produziria resultados sem os 
contributos da técnica jurídica, que orienta a elaboração dos textos legislativos 
Direito e religião: 
 O Direito se achava mergulhado na Religião, a classe sacerdotal possuía o monopólio do 
conhecimento jurídico. 
Introdução ao estudo do direito – Ícaro Freitas 
 
2 
 Os chamados juízos de Deus - crença de que Deus acompanhava os julgamentos e interferia na 
justiça – decisões condicionadas a um jogo de sorte e de azar 
 “O Direito Natural existiria, mesmo que Deus não existisse ou, existindo, não cuidasse dos 
assuntos humanos.” (Hugo Grócio, séc. XVII) 
 Convergência entre o Direito e a Religião - respeito à vivência do bem. 
 A Religião analisa a justiça em âmbito maior, que envolve os deveres dos homens para com o 
Criador. 
 Os dois processos normativos possuem ativos elementos de intimidação de conotações diversas. 
 A sanção jurídica, em sua generalidade, atinge a liberdade ou o patrimônio, enquanto a religiosa 
limita-se ao plano espiritual. 
 Diferenças estruturais entre o Direito e a Religião 
 1ª diferença - A alteridade, essencial ao Direito, não é necessária à Religião. 
“O próximo não é um elemento necessário da ideia religiosa”. (Max Ernst Mayer) 
O que se projeta como fundamental é a prática do bem, nas diversas situações em que o homem se 
encontre. 
A Religião = o diálogo do homem com Deus 
 2ª diferença - o Direito tem por meta a segurança, enquanto a Religião parte da premissa de que 
esta é inatingível. 
 A segurança objetivada pelo Direito nada tem a ver com a segurança questionada pela Religião. A 
segurança jurídica se alcança a partir da certeza ordenadora, enquanto a religiosa se refere a questões 
transcendentais 
Direito e moral: 
 Direito e Moral são instrumentos de controle social que não se excluem, antes, se completam e 
mutuamente se influenciam. 
 Moral se identifica, fundamentalmente, com a noção de bem. 
 Consideramos bem tudo aquilo que promove a pessoa de uma forma integral e integrada. 
Integral significa a plena realização da pessoa, e integrada, o condicionamento a idêntico 
interesse do próximo 
 Distinções de ordem formal: 
a. A Determinação do Direito e a Forma não Concreta da Moral - Enquanto o Direito se manifesta 
mediante conjunto de regras que definem a dimensão da conduta exigida ou fórmula de agir, a 
Moral, em suas três esferas, estabelece uma diretiva mais geral, sem particularizações. 
Atenção! 
As três esferas da moral: 
1. Moral autônoma - a noção de bem particular a cada consciência; 
2. A Ética superior dos sistemas religiosos - consiste nas noções fundamentais sobre o bem, que as 
seitas religiosas consagram e transmitem a seus seguidores; 
3. A Moral social - constitui um conjunto predominante de princípios e de critérios que, em cada 
sociedade e em cada época, orienta a conduta dos indivíduos; 
 
b. A Bilateralidade do Direito e a Unilateralidade da Moral - As normas jurídicas possuem uma 
estrutura imperativo atributiva, isto é, ao mesmo tempo em que impõem um dever jurídico a 
alguém, atribuem um poder ou direito subjetivo a outrem. 
c. Exterioridade do Direito e Interioridade da Moral – a Moral se preocupa pela vida interior das 
pessoas, como a consciência, julgando os atos exteriores apenas como meio de aferir a 
Introdução ao estudo do direito – Ícaro Freitas 
 
3 
intencionalidade, o Direito cuida das ações humanas em primeiro plano e, em função destas, 
quando necessário, investiga o animus do agente. 
d. Autonomia e Heteronomia – querer espontâneo, como um dos caracteres da Moral; 
O Direito, este possui heteronomia, que significa sujeição ao querer alheio. As regras jurídicas 
são impostas independentemente da vontade de seus destinatários 
e. Coercibilidade do Direito e Incoercibilidade da Moral – o Direito é coercível, ou seja, capaz de 
adicionar a força organizada do Estado, para garantir o respeito aos seus preceitos; 
A Moral, por seu lado, carece do elemento coativo. É incoercível. Nem por isso as normas da 
Moral social deixam de exercer uma certa intimidação 
 
 Distinções quanto ao conteúdo: 
a. O Significado de Ordem do Direito e o Sentido de Aperfeiçoamento da Moral - A função 
primordial do Direito é de caráter estrutural: o sistema de legalidade oferece consistência ao 
edifício social. A Moral visa ao aperfeiçoamento do ser humano e por isso é absorvente, 
estabelecendo deveres do homem em relação ao próximo, a si mesmo e, segundo a Ética 
superior, para com Deus. O bem deve ser vivido em todas as direções. 
b. Teorias dos Círculos e o “Mínimo Ético” 
B1) A teoria dos círculos concêntricos - Jeremy Bentham (1748- 1832), jurisconsulto e filósofo inglês, 
concebeu a relação entre o Direito e a Moral, recorrendo à figura geométrica dos círculos 
 
 
B2) A teoria dos círculos secantes - Du Pasquier, a representação geométrica da relação entre os dois 
sistemas não seria a dos círculos concêntricos, mas a dos círculos secantes. 
 
B3) A visão kelseniana - Ao desvincular o Direito da Moral, Hans Kelsen concebeu os dois sistemas como 
esferas independentes. 
 
B4) Teoria do “mínimo ético” – Desenvolvida pelo alemão Jellinek,a teoria do mínimo ético consiste na 
ideia de que o Direito representa o mínimo de preceitos morais necessários ao bem-estar da coletividade. 
O Direito deve conter apenas o mínimo de conteúdo moral, indispensável ao equilíbrio das forças sociais, 
em oposição ao pensamento do máximo ético. 
Introdução ao estudo do direito – Ícaro Freitas 
 
4 
Não deve ser uma cópia do amplo campo da Moral; não deve preocupar-se em trasladar para os códigos 
todo o continente ético. 
 
TEXTO DE APOIO: 
A sociedade desde início a fim de manter os homens agrupados criará formas para a aplicação da justiça. 
Ou seja, pode-se dizer, toda sociedade existe a fim de obter a realização da justiça. O homem de forma 
ampla busca o seu bem e à vida em sociedade, esta é, em certo sentido, uma ordem na incessante procura 
do bem, isto é, de todas aquelas coisas que representam um meio para a satisfação dos fins inerentes à 
nossa natureza de homens, à nossa qualidade de pessoas. Assim, considera-se o "bem comum" como o 
objeto mais alto da virtude da justiça, pois não pode tratar o direito de garantir todas as liberdades 
individuais em detrimento das liberdades comuns. 
O ideal de uma justiça absoluta está além de qualquer experiência histórica, e desta forma pode-se 
deduzir que é impossível determinar cientificamente o que seja justiça. Em outras palavras, não é possível 
conceituar o ideal de uma justiça absoluta baseando-se na experiência e em argumentos tão somente 
racionais. Neste sentido, por paradoxal que possa parecer, o ideal de justiça absoluta é irracional, pois a 
ciência dita pura não pode verificar os princípios fundamentais relativos ao que seja justo ou injusto. 
A justiça é um princípio que pretende ser válido sempre e em todas as partes, independentemente do 
espaço e do tempo. Sobre isto, todos os que refletiram sobre o tema estão de acordo, 
independentemente das conclusões a que chegaram. Não deixa de ser significativo que as palavras que 
dão os fundamentos para a ciência do Direito, Justiça, Direito, Lei e Moral; possuam inúmeros sentidos, e 
que nem mesmo os juristas tenham conseguido chegar a um acordo sobre elas. Transcendendo a ótica 
meramente jurídica, nossa questão é a da justiça, ideal supremo, a virtude primeira de qualquer sociedade 
em qualquer época. Ao tentarmos caracterizá-la, necessariamente passaremos por aquelas outras 
palavras. 
Hans Kelsen critica as teorias que procuram a distinção do direito com relação à moral a partir dos critérios 
interioridade (moral) e exterioridade (direito). Sua crítica repousa sobretudo no fato de que o direito por 
vezes regula condutas internas e por vezes regula condutas externas, assim como ocorre com a moral. 
Este critério seria, portanto, insuficiente para dar conta do problema. 
 Além da ideia que parte do princípio de que o direito regula a sua própria criação; logo, as regras regulam 
a maneira pela qual outras regras devem ser criadas. O sistema jurídico é uma estrutura piramidal na qual 
as normas de escalão superior regulam a criação das normas de escalão inferior, portanto a atividade 
interpretativa envolve aplicar as normas superiores nas inferiores. É essa estrutura escalonada que 
permite a unidade lógica e a completude da ordem jurídica. 
Partindo da ideia que se o direito for entendido e definido exclusivamente de normatividade e validade, 
então seu campo nada tem a ver com a Ética. Esta é a proposta de cisão metodológica, que acabou por 
provocar fissura profunda no entendimento e no raciocínio dos juristas do séc. XX, de Hans Kelsen. Então, 
pode-se resumir sua proposta: as normas jurídicas são estudadas pela Ciência do Direito; as normas 
morais são objeto de estudo da Ética como ciência. O raciocínio jurídico, então, não deverá versar sobre 
o que é certo ou errado, sobre o que é virtuoso ou vicioso, sobre o que é bom ou mau, mas sim sobre o 
lícito e o ilícito, sobre o legal (constitucional) ou ilegal (inconstitucional), sobre o válido e o inválido. A 
diferenciação entre os campos da moralidade e da juridicidade, para Kelsen, decorre de uma preocupação 
excessiva com a autonomia da ciência jurídica. Argumenta Kelsen que, se está diante de um determinado 
Direito Positivo, deve-se dizer que este pode ser um direito moral ou imoral. É certo que se prefere o 
Direito moral ao imoral, porém, há de se reconhecer que ambos são vinculativos da conduta. 
 Em poucas palavras, um direito positivo sempre pode contrariar algum mandamento de justiça, e nem 
por isso deixa de ser válido. Então, o direito positivo é o direito posto pela autoridade do legislador, 
dotado de validade, por obedecer a condições formais para tanto, pertencente a um determinado sistema 
Introdução ao estudo do direito – Ícaro Freitas 
 
5 
jurídico. O direito não precisa respeitar um mínimo moral para ser definido e aceito como tal, pois a 
natureza do direito, para ser garantida em sua construção, não requer nada além do valor jurídico. Então, 
direito e moral se separam. Assim, é válida a ordem jurídica ainda que contrarie os alicerces morais. 
Validade e justiça de uma norma jurídica são juízos de valor diversos, portanto (uma norma pode ser 
válida e justa; válida e injusta; inválida e justa; inválida e injusta). 
A diferenciação entre os campos da moralidade e da juridicidade justifica-se pela tentativa de 
autonomização da ciência jurídica em relação aos outros campos científicos. O direito é positivo na 
medida em que é o direito posto pela autoridade do legislador, dotado de validade, por obedecer a 
requisitos formais. Em decorrência disto, o direito não precisa respeitar um mínimo moral para ser 
definido e aceito como direito, pois é válida a ordem jurídica ainda que contrarie os alicerces morais. 
A moral, bem como a justiça, parece ser baseada nos mesmos pressupostos: só é moral do ponto de vista 
subjetivo de quem julga. Ou seja, pode ser moralmente certo a determinado sujeito matar o próprio filho, 
enquanto para a sociedade em si tal atitude é totalmente hedionda. Se cada pessoa pudesse agir apenas 
de acordo com seus pressupostos morais, teríamos realmente o caos. Daí sobrevém, então o direito, que 
visando normatizar a moral dominante (o que nem sempre é seguido à risca), para que se tenha 
estabilidade social. 
ANOTAÇÕES: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução ao estudo do direito – Ícaro Freitas 
 
6 
 
Fontes do direito 
 
Aspectos Gerais: 
 A doutrina jurídica não se apresenta uniforme quanto ao estudo das fontes do Direito. 
 Esta palavra provém do latim, fons, fontis e significa nascente de água. 
 No âmbito de nossa Ciência é empregada como metáfora. 
 “...remontar à fonte de um rio é buscar o lugar de onde as suas águas saem da terra; do mesmo 
modo, inquirir sobre a fonte de uma regra jurídica é buscar o ponto pelo qual sai das 
profundidades da vida social para aparecer na superfície do Direito.” (Du Pasquier) 
Espécies de fontes do direito: 
 PAULO NADER: 
a) HISTÓRICAS 
As fontes históricas do Direito indicam a gênese das modernas instituições jurídicas: a época, local, as 
razões que determinaram a sua formação. 
 Busca dos fatos sociais mais recentes ou mais remoto; Utilização deste método pela dogmática jurídica. 
“Aquele que quisesse realizar o Direito sem a História não seria jurista, nem sequer um utopista, não traria 
à vida nenhum espírito de ordenamento social consciente, senão mera desordem e destruições.” (Stern 
Berg) 
Nessa perspectiva de análise, o estudos do Direito Romano, torna-se imperativo. 
b) FORMAIS – IMPORTANTE! 
São os meios de expressão do Direito, as formas pelas quais as normas jurídicas se exteriorizam, tornam-
se conhecidas. 
 Para que um processo jurídico constitua fonte formal é necessário que tenha o poder de criar o Direito. 
Direta e indireta. Aquela é tratada aqui por fonte formal, enquanto a indireta não cria a norma, mas 
fornece ao jurista subsídiospara o encontro desta, como é a situação da doutrina jurídica em geral e da 
jurisprudência em nosso país. 
“Toda fonte pressupõe uma estrutura de poder.” (M. Reale) 
A lei é emanação do P. Legislativo; 
O costume é a expressão do poder social; 
A sentença, ato do Poder Judiciário; 
Os atos-regras, que denomina por fonte negocial, são manifestações da autonomia da vontade 
c) MATERIAIS 
O Direito não é um produto arbitrário da vontade do legislador, mas uma criação que se lastreia no querer 
social. 
As fontes materiais são constituídas pelos fatos sociais, pelos problemas que emergem na sociedade e 
que são condicionados pelos chamados fatores do Direito (a Moral, a Economia, a Geografia etc.) 
Introdução ao estudo do direito – Ícaro Freitas 
 
7 
Diretas e Indiretas. Estas são identificadas com os fatores jurídicos, enquanto as fontes diretas são 
representadas pelos órgãos elaboradores do Direito Positivo, como a sociedade, que cria o Direito 
consuetudinário, o Poder Legislativo, que elabora as leis, e o Judiciário, que produz a jurisprudência. 
 RIZATTO NUNES: 
a) ESTATAIS 
b) NÃO-ESTATAIS 
 
*** DENTRO DE FONTES FORMAIS: 
 
A lei e sua classificação: 
 CONCEITO: (LATO SENSU) - é uma norma geral, NECESSÁRIA ou OBRIGATÓRIA, que preside a 
relação dos seres entre si. 
 LEI NECESSÁRIA (físicas) absolutas, naturais, certas. 
 LEI OBRIGATÓRIA (morais) relativas, dos grupos sociais, aplicadas na maioria dos fatos sociais. 
 Em Direito, a palavra lei pode ser tomada em dois valores distintos: 
NO SENTIDO FORMAL – é toda disposição de caráter imperativo, emanada da autoridade a que, no 
Estado, se reconhece a função legislativa. 
NO SENTIDO MATERIAL – é toda disposição imperativa, de caráter geral, que contiver uma regra de 
direito objetivo. 
LEI EM SENTIDO AMPLO – é uma referência genérica que atinge a Lei Propriamente dita, à Medida 
Provisória e ao Decreto. 
LEI EM SENTIDO ESTRITO – é o preceito comum e obrigatório, emanado do poder, no âmbito de sua 
competência. Possui caracteres substanciais e formais 
Costume: 
 “É uma fonte secundária do Direito que integra o Direito Consuetudinário de um País e 
conforme o CC, art. 4º da LICC, permite ao juiz decidir um caso quando a lei for omissa.” 
 “Todo Costume novo provém de uma invenção individual.” 
 “O Costume serve de base para criação da Norma Jurídica Legislativa.” 
Introdução ao estudo do direito – Ícaro Freitas 
 
8 
 
 Enquanto a lei é um processo intelectual que se baseia em fatos e expressa a opinião do 
Estado, o costume é uma prática gerada espontaneamente pelas forças sociais e ainda, 
segundo alguns autores, de forma inconsciente. A lei é Direito que aspira à efetividade e o 
costume é norma efetiva que aspira à validade. 
 O Direito costumeiro pode ser definido como conjunto de normas de conduta social, criadas 
espontaneamente pelo povo, através do uso reiterado, uniforme e que gera a certeza de 
obrigatoriedade, reconhecidas e impostas pelo Estado. 
 Ulpiano: mores sunt tacitus consensus populi longa consuetudine inveteratus (Os costumes 
são o tácito consenso do povo, inveterado por longo uso) 
 
 Espécies de costumes: 
a) Costume “Secundum Legem” - Para alguns ela se caracteriza quando a prática social corresponde 
à lei. É também denominado costume interpretativo, pois, expressando o sentido da lei, a prática 
social espontaneamente consagra um tipo de aplicação das normas. 
Há autores que não admitem esta espécie, sob o fundamento de que não se trata de norma gerada 
voluntariamente pela sociedade, mas uma prática decorrente da lei. Esse costume se caracterizaria, na 
opinião de outros autores, quando a própria lei remete seus destinatários aos costumes, determinando o 
seu cumprimento. 
b) Costume “Praeter Legem” - É o que se aplica supletivamente, na hipótese de lacuna da lei. 
Código Civil Suíço, de 1912, pelo art. 1º prevê esta espécie: “A lei rege todas as matérias às quais se 
referem a letra ou o espírito de uma de suas disposições. Na falta de uma disposição legal aplicável, deverá 
o juiz decidir de acordo com o Direito costumeiro e, onde também este faltar, como havia ele de 
estabelecer se fosse legislador. Inspirar-se-á para isso na doutrina e jurisprudência mais autorizadas. 
Art. 4º da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o 
caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.” 
 O Direito argentino, pelo art. 17 do Código Civil, só admite a aplicação da norma costumeira quando as 
leis a determinarem: “o uso, o costume ou prática não podem criar direitos, senão quando as leis se 
referirem a eles.” 
Introdução ao estudo do direito – Ícaro Freitas 
 
9 
c) Costume “Contra Legem” – É a chamada consuetudo abrogatoria, que se caracteriza pelo fato de 
a prática social contrariar as normas de Direito escrito. Apesar de haver divergência doutrinária 
quanto à sua validade, é pensamento predominante que a lei só pode ser revogada por outra. O 
mérito da presente questão se confunde com o problema da validade das leis em desuso. 
Jurisprudência: 
 É o modo pelo qual os tribunais se orientam na solução das diferentes questões e expressa-se 
por meio de sentenças e acórdãos proferidos nas demandas. 
 A jurisprudência constitui, assim, a definição do Direito elaborada pelos tribunais. 
 Jurisprudência em Sentido Amplo: é a coletânea de decisões proferidas pelos tribunais sobre 
determinada matéria jurídica. Tal conceito comporta: 
 a) Jurisprudência uniforme: quando as decisões são convergentes; quando a interpretação judicial 
oferece idêntico sentido e alcance às normas jurídicas; 
b) Jurisprudência divergente ou contraditória: ocorre quando não há uniformidade na interpretação do 
Direito pelos julgadores. 
 Jurisprudência em sentido estrito: dentro desta acepção, jurisprudência consiste apenas no 
conjunto de decisões uniformes, prolatadas pelos órgãos do Poder Judiciário, sobre uma 
determinada questão jurídica. É a auctoritas rerum similiter judicatorum (autoridade dos casos 
julgados semelhantemente). A nota específica deste sentido é a uniformidade no critério de 
julgamento. Tanto esta espécie quanto a anterior pressupõem uma pluralidade de decisões. 
 Espécies: 
a) A jurisprudência secundum legem se limita a interpretar determinadas regras definidas na ordem 
jurídica. As decisões judiciais refletem o verdadeiro sentido das normas vigentes. 
b) A praeter legem é a que se desenvolve na falta de regras específicas, quando as leis são omissas. 
Com base na analogia ou princípios gerais de Direito, os juízes declaram o Direito. 
c) A contra legem se forma ao arrepio da lei, contra disposições desta. 
 
 Jurisprudência x Costume: 
Costume e jurisprudência stricto sensu pressupõem a uniformidade de procedimentos: é necessário que 
a prática social se reitere igualmente e que as sentenças judiciais sejam invariáveis 
a) Enquanto a norma costumeira é obra de uma coletividade de indivíduos que integram a 
sociedade, a jurisprudência é produto de um setor da organização social; 
b) Norma costumeira é criada no relacionamento comum dos indivíduos, no exercício natural de 
direitos e cumprimento de deveres; a jurisprudência forma-se, geralmente, diante de conflitos e 
é produto dos tribunais; 
c) A norma costumeira é criação espontânea, enquanto a jurisprudência é elaboração intelectual, 
reflexiva. 
 
*** a jurisprudência cria o direito? 
 
 
 
 
Introdução ao estudo do direito – Ícaro Freitas 
 
10 
“...se a jurisprudência fosse uma fonte de Direito, se converteria em uma prisão intelectual para o próprio 
Supremo Tribunal, escravizado, depois que houvesse reiterado uma norma elaborada por ele”. 
(Bustamante y Montoro) 
ius dicere x ius dare 
 
*** a jurisprudência vincula os tribunais? 
Os juízes de instância inferior não têm o dever de acompanhar a orientação hermenêuticados tribunais 
superiores. A interpretação do Direito há de ser um procedimento intelectual do próprio julgador. Ao 
decidir, o juiz deve aplicar a norma de acordo com a sua convicção, com base na mens legis e recorrendo 
às várias fontes de estudo, nas quais se incluem a doutrina e a própria jurisprudência. 
***Processos de unificação da jurisprudência 
A necessidade de a ordem jurídica oferecer a certeza quanto ao Direito vigente, de dar clara definição às 
normas jurídicas, para melhor orientação de seus destinatários, faz com que a jurisprudência divergente 
seja considerada um problema a reclamar solução. 
 A Jurisprudência dos Tribunais pode ser unificadas em um documento chamado SÚMULA. 
 
Doutrina: 
 A lição dos Doutos 
 É fonte secundária do Direito 
 É usada como meio de solução de casos concretos, complementando e aclarando melhor a lei. 
 Modernamente, a Doutrina influencia o Direito Positivo da seguinte forma: 
a) Como base justificativa e interpretativa do texto legal; 
b) Como fonte supletiva das deficiências e omissões do texto legal; 
c) Como solução das questões para as quais a lei não fornece elementos; 
d) Como repositório de princípios que não podem ser submetidos à lei escrita pela própria natureza. 
 
TEXTO DE APOIO: 
Este texto, se destina a explicar as fontes do direito adotadas pelo ordenamento jurídico brasileiro e 
interpretar a sua aplicação às circunstâncias em que há ausência de norma para o caso concreto. 
Tal temática é imprescindível à iniciação científica do acadêmico na área de conhecimentos jurídicos, 
compreendendo a etapa preliminar para o estudo do Direito. Interpretar as fontes do direito não é 
somente conhecer a hipótese de sua aplicação na falta de norma para o caso concreto; é, na verdade, 
garantir a solução dos conflitos, ainda que não exista lei específica para o caso, impedindo a pendência 
de processos por falta de decisão judicial. 
 A palavra “fonte” possui vários significados. Pode ser entendida como uma nascente de água, como um 
texto original de uma obra, um princípio, a origem de algo ou causa de onde provem efeitos físicos ou 
morais. 
 MACHADO assim conceitua a fonte do direito: A fonte de uma coisa é o lugar de 
onde surge essa coisa. O lugar de onde ela nasce. Assim, a fonte do Direito é aquilo que o produz, é algo 
de onde nasce o Direito. Para que se possa dizer o que é fonte do Direito é necessário que se saiba de 
qual direito. Se cogitarmos do direito natural, devemos admitir que sua fonte é a natureza humana. Aliás, 
vale dizer, é a fonte primeira do Direito sob vários aspectos. 1 
Introdução ao estudo do direito – Ícaro Freitas 
 
11 
Conforme o exposto acima, fonte constitui o lugar de onde surge o direito, ou seja, sempre que se tratar 
de fonte do direito deve-se entender o seu ponto de partida, o seu início. Se num determinado povo, por 
exemplo, as pessoas costumam fazer algo que venha a culminar numa lei, a sua fonte é entendida como 
o costume daquele determinado povo, pois o diferencia dos outros povos e, sem esse costume, essa lei 
não surgiria. 
DEL VECCHIO assevera que “Fonte de direito in genere é a natureza humana, ou seja, o espírito que reluz 
na consciência individual, tornando-se capaz de compreender a personalidade alheia, graças à própria. 
Desta fonte se deduzem os princípios imutáveis da justiça e do Direito Natural.” 2 
 
Assim, pode-se entender que os princípios e valores morais que atingem um dado povo é fonte do direito, 
partindo da consciência individual de cada pessoa, sendo que cada povo possui a sua cultura e seus 
costumes. As fontes do direito estão previstas no artigo 4.º da Lei de Introdução ao Código Civil que 
estabelece: "Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os 
princípios gerais de direito". Assim, o intérprete é obrigado a integrar o sistema jurídico, ou seja, diante 
da lacuna (a ausência de norma para o caso concreto), ele deve sempre encontrar uma solução adequada. 
Basta analisar o verbo “decidirá” para entender que o sistema jurídico ordena a decisão do caso concreto. 
O artigo já mencionado estabelece uma hierarquia entre as fontes, pois só autoriza o juiz a valer-se de 
outras fontes quando houver omissão na lei e impossibilidade de aplicação da analogia, buscando 
resoluções legais para casos semelhantes. Assim, a lei é uma fonte principal, sendo fontes secundárias a 
analogia, os costumes, os princípios gerais do direito, a doutrina e a jurisprudência. 
A lei é o preceito jurídico escrito, emanado do legislador e dotado de caráter geral e obrigatório. É, 
portanto, toda norma geral de conduta, que disciplina as relações de fato incidentes no Direito, cuja 
observância é imposta pelo poder estatal. Segundo Del VECCHIO, lei “é o pensamento jurídico deliberado 
e consciente, formulado por órgãos especiais, que representam a vontade predominante numa 
sociedade.” 3 Assim, a lei constitui a vontade do povo, sendo elaborada por legisladores eleitos pelo 
mesmo, como ocorre no Brasil. 
A lei tem por objetivo resolver o problema da antinomia, ou seja, o problema do conflito e da contradição 
das normas, hipótese em que mais de uma norma incide sobre o caso concreto. Mas, quanto à aplicação 
da lei, devem seguir uma hierarquia, sendo a Constituição Federal a lei maior, as leis complementares e 
ordinárias abaixo e da Constituição Federal e os decretos, portarias e demais atos administrativos por 
último. Sendo assim, as leis de menor grau devem obedecer às de maior grau. 
Analogia é fonte formal mediata do direito, utilizada com a finalidade de integração da lei, ou seja, a 
aplicação de dispositivos legais relativos a casos análogos, ante a ausência de normas que regulem o caso 
concretamente apresentado à apreciação jurisdicional, a que se denomina anomia. 
O costume no direito é considerado uma norma aceita como obrigatória pela consciência do povo, sem 
que o Poder Público a tenha estabelecido. Segundo RIZZATTO, “o costume jurídico é norma jurídica 
obrigatória, imposta ao setor da realidade que regula, possível de imposição pela autoridade pública e em 
especial pelo poder judiciário.” 4 Nesse sentido, os costumes de um dado povo é fonte do direito, pois 
pode ser aplicado pelo poder judiciário, uma vez que o próprio costume constitui uma imposição da 
sociedade. 
O direito costumeiro possui dois requisitos: subjetivo e objetivo. O primeiro corresponde ao “opinio 
necessitatis”, a crença na obrigatoriedade, isto é, a crença que, em caso de descumprimento, incide 
sanção. O segundo corresponde à “diuturnidade”, isto é, a simples constância do ato. 
Doutrina é o conjunto de indagações, pesquisas e pareceres dos cientistas do Direito. Há incidência da 
doutrina em matérias não codificadas, como no Direito Administrativo e em matérias de Direito 
estrangeiro, não previstas na legislação pátria. POMPÉRIO compreende a doutrina como “o acervo de 
Introdução ao estudo do direito – Ícaro Freitas 
 
12 
soluções trazidas pelos trabalhos dos juristas.” 5 Nesse sentido, a doutrina é considerada como fonte por 
sua contribuição para a aplicação e também preparação à evolução do direito. 
 A jurisprudência é uma função atípica da jurisdição, considerada também como uma fonte do direito. 
MACHADO assim explica a jurisprudência: A palavra jurisprudência pode ser empregada em sentido 
amplo, significando a decisão ou o conjunto de decisões judiciais, e em sentido estrito, significando o 
entendimento ou diretiva resultante de decisões reiteradas dos tribunais sobre um determinado assunto. 
6 
De acordo com o exposto, jurisprudência são decisões reiteradas, constantes e pacíficas do Poder 
Judiciário sobre determinada matéria num determinado sentido. 
A jurisprudência não precisa ser sumulada para ser fonte. Não pode ser confundida com a orientação 
jurisprudencial, que é qualquer decisão do Poder Judiciário que esclareça a normalegal. A orientação 
jurisprudencial é apenas um método de interpretação da lei e não precisa de uniformidade. Em razão 
disso, é rara a adoção da jurisprudência como fonte. 
Princípios do direito são postulados que se encontram implícita ou explicitamente no sistema jurídico, 
contendo um conjunto de regras. 
 DINIZ assim explica os princípios gerais do direito: 
 Quando a analogia e o costume falham no preenchimento da lacuna, o magistrado 
supre a deficiência da ordem jurídica, adotando princípios gerais do direito, que, às vezes, são cânones 
que não foram ditados, explicitamente, pelo elaborador da norma, mas que estão contidos de forma 
imanente no ordenamento jurídico. 7 
 Entende-se, então, que os princípios gerais de direito são a última salvaguarda do intérprete, pois este 
precisa se socorrer deles para integrar o fato ao sistema. 
Sempre que houver lacuna, o magistrado deve valer-se das fontes do direito para a solução do processo, 
mas é importante entender como ocorre a verificação da lacuna. Assim, DINIZ expõe: “A constatação da 
lacuna resulta de um juízo de apreciação, porém o ponto decisivo não é a concepção que o magistrado 
tem da norma de direito, nem tampouco sua Weltanschauung do conteúdo objetivo da ordem jurídica, 
mas o processo metodológico por ele empregado.” 8 
 Portanto, o processo metodológico empregado pelo magistrado se faz decisivo para a constatação da 
lacuna, ou seja, ao apreciar o caso à aplicação da norma, o magistrado desempenha o processo de análise 
e interpretação que resulta na concepção da lacuna, sendo esse processo o ponto decisivo, pois é a partir 
dele que o magistrado identifica a ausência de norma. 
 Diante de hipótese de anomia. 9 O ordenamento jurídico de um Estado adotar um entre três sistemas 
conhecidos para solução da ausência de norma para o caso concreto, a saber: 
 “non liquet” o sistema pelo qual o magistrado decide pela não-solução da relação 
jurídica, por não haver respaldo legal. Esse sistema é criticado por não atender aos fins primordiais da 
jurisdição (realização da justiça, pacificação social e resolução da lide); “suspensivo” o intérprete 
suspende o andamento do feito e, consequentemente, suspende a decisão para a relação jurídica, 
comunicando o legislativo da ausência de norma regulamentadora, para fins de edição; e “integrativo”, 
sendo o sistema pelo qual, ante a ausência de lei aplicável à relação jurídica sob decisão, o intérprete não 
pode se furtar à sentença, devendo fazer uso da analogia, dos costumes e dos princípios gerais de Direito. 
O sistema integrativo mencionado é o adotado pelo ordenamento jurídico brasileiro, previsto no art. 4º 
da lei de introdução ao código civil. 10 
A principal reflexão a ser feita ao final deste texto, é a ciência da utilização das fontes do direito como 
preenchimento de lacunas para a adequada solução do caso concreto. A análise da norma à aplicação ao 
caso concreto gera, para o intérprete, um processo metodológico que lhe permite encontrar lacunas e, 
Introdução ao estudo do direito – Ícaro Freitas 
 
13 
consequentemente, supri-las. Assim, o uso das fontes do direito constitui a garantia da solução do 
processo, ainda que a lei seja omissa, evitando a suspensão por respaldo legal. 
 Nestes termos, é dada a importância ao estudo das fontes do direito, porque, como exposto no correr do 
texto, contribui ao intérprete à solução do processo com o suprimento das lacunas encontradas a partir 
da análise e interpretação da norma para o caso concreto. 
 
ANOTAÇÕES: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução ao estudo do direito – Ícaro Freitas 
 
14 
 
 
 
Fundamentos jurídicos e as correntes do pensamento jurídico 
 
Introdução: 
 A Ciência Jurídica e a Filosofia Jurídica estudam o problema do conceito de Direito no decorrer 
da história, com auge no século XIX e seguintes, causando diversas interpretações acerca do 
mencionado conceito, resultando na criação de várias correntes de pensamento jurídicos. 
Das correntes jurídicas: 
 Jusnaturalismo 
 Juspositivismo e suas ramificações (escola exegética, normativismo, sociologismo), 
 Historicismo 
 Tridimensionalismo 
Importância do estudo das correntes jurídicas: 
 Entender como elas influenciam na interpretação e aplicação do direito pelos juristas (em 
sentido amplo), porquanto estudando as correntes de pensamento em pauta, é possível 
entender como a ideia de Direito se desenvolveu na história do direito, bem como entender 
como os grandes representantes da Ciência Jurídica e da Filosofia Jurídica interpretaram o Direito 
e quais os fundamentos que eles usaram para isso. 
Fundamentos jurídicos: 
 Como é de natural do ser humano, todos os fenômenos e fatos que são merecedores de serem 
investigados. Do mesmo modo, o Direito como fenômeno social, não é excluído dessa 
necessidade humana de explicação racional e empírica dos objetos. 
 Em cada um dos momentos históricos vividos pelo homem, foram atribuídos argumentos às 
regras de conduta para justificar a obediência a elas pelas pessoas sob o seu domínio. 
Primeiramente, se reconheceu a força como imperativo da norma, depois, esta força foi 
embasada na vontade divina. Posteriormente, houve um endeusamento das normas, e mais 
tarde, os direitos do homem foram reconhecidos. [3] 
 Em cada um desses momentos explicava-se o direito a partir de premissas ou fundamentos, 
indagando-se o conteúdo das normas jurídicas. Assim, a questão do conteúdo do Direito 
resumia-se na seguinte pergunta: “Qual deve ser o conteúdo do direito, ou melhor, quando é 
válido o conteúdo direito”. [4] 
 Entende-se por fundamentos ou conteúdos jurídicos, segundo GAMA: 
“Os diferentes modos de pensar em torno de assuntos jurídicos refletindo sobre a realidade ou 
alterando a concepção a seu respeito. Pode-se dizer que é gerado um sistema complexo de 
pensamentos com o fim de explicar a formação e o desenvolvimento das regras jurídicas.” [5] 
 Por correntes entende-se: 
 “Os grandes caminhos percorridos pelo pensamento jurídico, pelo qual grande número de juristas 
perseguiu uma fundamentação universal para o direito ou uma explicação exaustiva para o fenômeno 
jurídico.” [5] 
JUSNATURALISMO 
Introdução ao estudo do direito – Ícaro Freitas 
 
15 
 Imensa corrente de jusfilósofos e juristas que davam primazia aos princípios anteriores ao 
homem, os princípios e regras ditos naturais, justas, como o princípio da dignidade humana e o 
princípio do direito a vida. 
“Pode-se dizer, em linhas gerais, que essa escola foi fundada no pressuposto de que existe uma lei 
natural, eterna e imutável; uma ordem preexistente, de origem divina ou decorrente da natureza, ou, 
ainda, da natureza social do ser humano.” [7] 
 Para os jusnaturalistas: 
“A lei natural é imutável em seus primeiros princípios. O direito natural, imanente à natureza 
humana, independe do legislador humano. As demais normas, construídas pelos 
legisladores, são aplicações dos primeiros princípios naturais às contingências da vida, mas 
não são naturais, embora derivem do direito natural.” [8] 
 O jusnaturalismo passou por três estágios na história, compreendendo três vertentes: 
a) Teológica 
Com vigência na Idade Antiga e na Idade Média, o direito natural ligava-se à Religião. 
 O fenômeno jurídico estava subordinado à vontade divina. 
A escola teológica “posiciona Deus como legislador, acusando as condutas a serem consideradas 
ilícitas e impondo punições graduadas conforme o bem ofendido.” [9] 
Em suma, esta fase do jusnaturalismo embasava-se nas leis advindas de Deus. 
b) Humana 
Uma versão intermediária do direito natural na Idade Média, de cunho tomista, divide o direito 
natural em: normas eternas, naturais, humanas e divinas. 
 As eternas são universais e atemporais. 
As naturais são fruto da busca pela felicidade terrestre. 
As humanas são criadas pelaRazão. E as divinas são produto da criação divina. [10] 
c) Racionalista 
O jusracionalismo, contou com o jurista holandês Hugo Grócio, considerado o “pai do direito 
natural”, para laicizar o conceito de direito natural[11], bem como defender que os princípios 
do direito natural são frutos da razão. 
Segundo a escola jusracionalista, o método para conhecer a ordenação natural é a Razão. “É 
através da razão que, voltando-se para si mesma, investiga, para descobrir na própria 
consciência, os princípios e as leis naturais, válidas desde sempre”. [12] 
Em suma, o jusracionalismo procura humanizar o direito natural e afastá-lo da dependência 
divina, tornando-o autônomo e acessível a todos aqueles que estivessem dispostos a usar a 
razão para conhecê-lo. Diz GAMA que: “Objetivamente, os defensores dessa corrente tentam 
evidenciar a autonomia do direito, funcionando de forma independente com relação aos demais 
ramos do conhecimento. Naturalmente, a norma decorre do trabalho do legislador numa 
operação semelhante ao exercício da razão humana diante dos casos que se lhe apresenta.” [13] 
 
Introdução ao estudo do direito – Ícaro Freitas 
 
16 
 Atualmente, o jusnaturalismo vislumbra o direito natural apenas como um conjunto de 
princípios que orientam o legislador na elaboração das leis positivas. 
 Princípios estes que não podem ser preteridos, sob pena de injustiça na ordem jurídica. 
 São compreendidos, pois, pelos princípios fundamentais como o direito à vida, o direito 
à liberdade, o direito à igualdade de oportunidade e participação, o direito ao mínimo 
de civilidade, etc. 
 No que toca aos caracteres do direito natural, a doutrina tradicional elenca os seguintes: 
imutável, eterno e universal. 
Universalidade (comum a todos os povos); 
Perpetuidade (válido para todas as épocas); 
Imutabilidade (da mesma forma que a natureza humana, o Direito Natural não se modifica); 
Indispensabilidade (é um direito irrenunciável); 
 Indelegabilidade (no sentido que não podem os direitos naturais ser esquecidos pelo 
coração e consciência dos homens); 
Unidade (porque é igual para todos os homens); 
Obrigatoriedade (deve ser obedecido por todos os homens); 
Necessidade (nenhuma sociedade pode viver sem o Direito Natural); 
Validez (seus princípios são válidos e podem ser impostos aos homens em qualquer situação 
em que se encontrem). 
JUSPOSITIVISMO 
 O positivismo jurídico é a doutrina do positivismo de Auguste Comte aplicada no 
Direito. Parte dos mesmos princípios, nega abstrações metafísicas e especulações sem 
experimentação fática. Fiel ao positivismo, o positivismo jurídico nega qualquer 
elemento de abstração no Direito, sobretudo o Direito Natural, por considerá-lo 
metafísico e anticientífico. 
 Nessa corrente, o objeto de investigação do Direito deve ser apenas as normas 
jurídicas existentes e provenientes do Estado, excluindo os juízos de valor do Direito. 
Para o juspositivista, importa apenas estudar a realidade fática, sem considerar ideias 
irracionais, como o valor Justiça, do Direito. 
 O Direito Postivo é o único válido no juspositivismo, independente de comportar 
fundamento ou conteúdo na letra da lei. 
 A expressão Direito Positivo ganha tal denominação, primeiramente por se opor ao 
Direito Natural. É positivo porque suas regras são reais, ou no mínimo propensas a se 
efetivarem. É o direito vigente em determinada sociedade, mutável e reflexo do poder 
estatal. [18] 
 “Como método de pesquisa e construção, só admite como válido o método indutivo, 
que se baseia nos fatos da experiência”. [19] 
 Para os positivistas, isso garante certeza jurídica, já que o Direito deve estar restrito às 
normas impostas pelo Estado e escritas 
 Os juspositivistas condenam o Direito Natural por considerá-lo não só metafísico, 
como também conservador, pois os direitos imanentes são tomados como dogmas 
Introdução ao estudo do direito – Ícaro Freitas 
 
17 
pelos jusnaturalistas, de modo que toda aplicação normativa ao caso concreto deve 
partir dos direitos naturais. 
 Em contrapartida, o juspositivismo sofre críticas severas dos jusnaturalistas, por estes 
considerarem o Direito Positivo um conjunto de normas que não satisfazem o anseio 
por justiça. As leis positivas só garantem a segurança, mas excluem a justiça e os 
valores inerentes ao ser humano. 
 “O Direito Positivo é válido simplesmente por ser vigente, sem precisar abarcar valores 
de significação social.” [20] 
ESCOLA EXEGÉTICA 
 Derivada do positivismo jurídico teve seu apogeu no século XIX, principalmente após a 
codificação francesa. Foi o Código Francês de Napoleão, de 1804, que impulsionou a ascensão 
da escola exegética. 
 Levou aos juristas a darem grande valor ao texto legislativo do código, partindo de pressupostos 
de completude da lei, isto é, um texto legislativo sem lacunas, como era vislumbrado o Code 
Napoleão, redundando na criação de um método de interpretação limitada ao texto legal e a 
intenção do legislador, relegando o hermeneuta a mero aplicador da lei sob a forma mecânica 
do silogismo. 
 “Sendo a lei a única fonte das decisões jurídicas, a resolução de um problema dar-se-ia, então, 
na conclusão de um silogismo, no qual a premissa maior seria a lei, a premissa menor seria o 
enunciado do fato concreto apresentado como problema a se solucionar, e a conclusão 
corresponderia à resolução do problema.”[23] 
 “Para a escola da exegese, a totalidade do direito positivo se identifica por completo com a lei 
escrita; com isso a ciência jurídica se apegou à tese de que a função específica do juristas era 
ater-se com rigor absoluto ao texto legal e revelar seu sentido. Todavia, é preciso não olvidar que 
o exegetismo não negou o direito natural, pois chegou a admitir que os códigos elaborados de 
modo racional, eram expressão humana do direito natural, por isso o estudo do direito deveria 
reduzir-se a mera exegese dos códigos.” [24] 
NORMATIVISMO JURÍDICO 
 A teoria normativista, ou teoria pura do direito, compreende o conjunto de estudos 
que reduz o Direito a um só elemento: a norma jurídica. H.Kelsen. 
 “O Direito é uma ciência que tem objeto de investigação próprio, desvinculado de 
qualquer outra ciência, que é a norma jurídica, assim como pugna por um direito geral 
positivo, sendo a sua teoria de abrangência universal.” 
 “Elevou-se aqui o valor da norma em patamares jamais vistos, apregoando-se que o 
direito poderia ser contemplado somente com a legislação, devendo todos os esforços 
jurídicos serem concentrados na elaboração, interpretação e aplicação das regras 
jurídicas elaboradas pelo poder legislativo. Apregoava-se uma libertação do direito 
com relação às demais áreas de conhecimento, sendo estudado somente o fenômeno 
jurídico. A ideia de pureza do direito não permite que o fato jurídico seja estudado 
sobre qualquer outro enfoque, seja sob a visão sociológica, histórica, filosófica, 
psicológica... O direito passou a ser concebido como ciência jurídica com métodos 
próprios, desvinculada das demais ciências.” [30] 
 Segundo a teoria kelsiana, a realidade mundana é separada em dois: o mundo do ser 
(realidade fática) e o mundo do dever-ser (realidade formal). Kelsen situa o direito 
neste último, bem como defende a impossibilidade do ser e do dever-ser se unirem ou 
se fundarem um no outro. Assim, a norma jurídica só poderia fundar outra norma 
jurídica, sob uma estrutura piramidal, até chegar a Norma Fundamental, que é a 
primeira norma, a que sustenta todo o ordenamento jurídico. 
Introdução ao estudo do direito – Ícaro Freitas 
 
18 
 Em síntese, o normativismo jurídico consiste em reduzir o Direito e o Estado à norma, 
bem como vislumbrar o Direito como ciência autônoma, independente das demais 
ciências humanas. Tal concepção contribuiu no sentido de que o Direito passou a ser 
considerado como ciência nas elucubrações dos juristas e dos jusfilósofos. Contribui, também, ao conceber o Direito como um conjunto de normas escalonadas e 
sistemáticas, numa unidade denominada ordenamento jurídico, onde uma norma se 
subordina a outra, chegando à norma fundamental. Analogamente, pode-se dizer que 
o Direito Brasileiro se estrutura da mesma forma, sendo a norma fundamental a 
Constituição Federal, e as demais normas subordinadas a ela denominadas de normas 
infraconstitucionais. 
SOCIOLOGISMO JURÍDICO 
 O sociologismo compreende a reunião de conceitos que vislumbram o Direito sob o 
prisma predominante do fato social, considerando-o mero componente dos 
fenômenos sociais suscetível de ser estudado segundo nexos de causalidade, assim 
como ocorre nas ciências naturais. 
 É, pois, a corrente que se embasa no fato social para explicar o Direito. Aplica-se, aqui, 
o método sociológico, isto é, investigar a partir do “princípio fundamental de que os 
fatos sociais devem ser estudados como coisas” 
 Portanto, na visão sociológica, o Direito é vislumbrado parcialmente, uma vez que as 
normas são identificadas como fato social. Devido ao brocardo ubi jus, ubi societas a 
escola sociológica ganha força no final do século XIX, considerando a existência do 
direito como simples fenômeno social de controle. 
HISTORISCIMO JURÍDICO 
 A investigação do Direito sob o prisma histórico, utilizando-se na interpretação e 
aplicação do mesmo o método histórico. 
 Na concepção historicista, o Direito não emana do Estado, ou seja, não é 
representado pela lei ou jurisprudência, mas advém do povo, que o concebe 
espontaneamente, na forma de costume. 
 “Desse modo, o legislador não cria o direito, mas só traduz sob a forma de lei escrita 
um direito já latente na história do povo. O direito, pois, é fruto da consciência popular 
de um determinado espaço e tempo, na forma de costume, que é manifestação 
popular por excelência.” (Carl Savigny) 
TRIDIMENSIONALIDADE DO DIREITO 
 O direito é visto como “a integração normativa de fatos e valores.” 
 Assim, tanto o aspecto histórico-sociológico (fato), o aspecto axiológico (valor, 
sobretudo o valor Justiça) e o aspecto formal (norma) formam a totalidade do Direito, 
onde fato e valor se inter-relacionam dialeticamente, cuja integração sintética é a 
norma. 
 Para Reale, o Direito é fruto da experiência humana e se situa na cultura. Em sua 
concepção o Direito é uma realidade fático-axiológico normativa direcionada à 
realização ordenada do bem comum. 
 “Direito é a realização ordenada e garantida do bem comum numa estrutura 
tridimensional bilateral atributiva, ou, de uma forma analítica: Direito é a ordenação 
heterônoma, coercível e bilateral atributiva das relações de convivência, segundo uma 
integração normativa de fatos e valores.” (M. Reale) 
Introdução ao estudo do direito – Ícaro Freitas 
 
19 
 Essa teoria se opõe ao radicalismo do juspositivismo (incluindo normativismo, 
sociologismo, e exegetismo), do jusnaturalismo e do historicismo. Não concorda com o 
juspositivismo por reduzir o direito à norma, e no caso do sociologismo por reduzir o 
direito a mero fato social. Diverge do jusnaturalismo, porque esta corrente só 
considera o aspecto axiológico do direito. Do mesmo modo, contraria o historicismo 
por esta corrente considerar o fenômeno histórico determinante na formação do 
direito. Para Reale, o Direito está na História, mas não somente nela, pois não se pode 
ignorar o fator moral da concepção de Direito. 
Notas bibliográficas 
[3] GAMA, Ricardo Rodrigues. Curso de introdução ao direito. Curitiba: Juruá, 2005. p. 335. 
[4] GUSMÃO, Paulo Dourado. Introdução ao estudo do direito. 28ª ed. Rio de Janeiro: Forense, [5] GAMA, op. cit., p. 335-336 
[7] NUNES, Rizzato. Manual de introdução ao estudo do direito. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 39. 
 [8] DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução ao estudo do direito. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 37. 
 [9] GAMA, Ricardo Rodrigues. Curso de introdução ao direito. Curitiba: Juruá, 2005. p. 341. [10] GAMA, Ricardo Rodrigues. Curso 
de introdução ao direito. Curitiba: Juruá, 2005. p. 341. [11] NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. 18ª ed, Rio de Janeiro: 
Forense, 2000. p. 362 
 
Norma jurídica 
 
Conceito 
 Na Teoria Geral do Direito o estudo da norma jurídica é de fundamental importância, 
porque se refere a elemento essencial do Direito objetivo. 
 Ao dispor sobre fatos e consagrar valores, as normas jurídicas são o ponto culminante 
do processo de elaboração do Direito e a estação de partida operacional da Dogmática 
Jurídica, cuja função é sistematizar e descrever a ordem jurídica vigente. 
 Para promover a ordem social, o Direito Positivo deve ser prático, ou seja, revelar-se 
mediante normas orientadoras das condutas interindividuais. 
 A norma jurídica exerce justamente esse papel de ser o instrumento de definição da 
conduta exigida pelo Estado. Ela esclarece ao agente como e quando agir. 
 O Direito Positivo, em todos os sistemas, compõe-se de normas jurídicas, que são 
padrões de conduta ou de organização social impostos pelo Estado, para que seja 
possível a convivência dos homens em sociedade. São fórmulas de agir, determinações 
que fixam as pautas do comportamento interindividual. 
 As expressões norma e regra jurídicas são sinônimas. 
Há distinção entre norma jurídica e lei? 
 
 
 
 
 
Introdução ao estudo do direito – Ícaro Freitas 
 
20 
 
Instituto jurídico 
 É a reunião de normas jurídicas afins, que rege um tipo de relação social ou interesse e 
se identifica pelo fim que procura realizar. É uma parte da ordem jurídica e, como esta, 
deve apresentar algumas qualidades: harmonia, coerência lógica, unidade de fim 
 Enquanto a ordem jurídica dispõe sobre a generalidade das relações sociais, o instituto 
se fixa apenas em um tipo de relação ou de interesse: adoção, poder familiar, 
naturalização, hipoteca etc. 
Estrutura lógica de norma jurídica 
 O imperativo categórico, próprio dos preceitos morais, obriga de maneira 
incondicional, pois a conduta é sempre necessária. Ex.: deves honrar a teus pais. 
 O imperativo hipotético, relativo às normas jurídicas, técnicas, políticas, impõe-se de 
acordo com as condições especificadas na própria norma, como meio para alcançar 
alguma outra coisa que se pretende. 
Concepção de Kelsen 
 Em determinadas circunstâncias, um determinado sujeito deve observar tal ou qual 
conduta; se não a observa, outro sujeito, órgão do Estado, deve aplicar ao infrator 
uma sanção. 
 Da formulação kelseniana, infere-se que o esquema possui duas partes, que o autor 
denomina por “norma secundária” e “norma primária”. 
 A primeira estabelece uma sanção para a hipótese de violação do dever jurídico. A 
primária define o dever jurídico em face de determinada situação de fato. 
Proposição normativa x Norma jurídica 
 É um juízo hipotético o qual enuncia que, “sob certas condições ou pressupostos 
fixados por esse ordenamento, devem intervir certas consequências pelo mesmo 
ordenamento determinadas”. 
 “As normas jurídicas, por seu lado, não são juízos, isto é, enunciados sobre um objeto 
dado ao conhecimento. Elas são antes, de acordo com o seu sentido, mandamentos e, 
como tais, comandos, imperativos” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução ao estudo do direito – Ícaro Freitas 
 
21 
Caracteres da norma 
 “o que efetivamente caracteriza uma norma jurídica, de qualquer espécie, é o fato de 
ser uma estrutura proposicional enunciativa de uma forma de organização ou de 
conduta, que deve ser seguida de maneira objetiva e obrigatória” 
 Considerando-se, contudo, as categorias mais gerais das normas jurídicas, verificam-se 
que estas apresentam alguns caracteres que, na opinião predominante dos autores, 
são os seguintes: bilateralidade, generalidade, abstratividade, imperatividade, 
coercibilidade. 
 
a) Bilateralidade: Significa que a norma jurídicapossui dois lados: um representado pelo 
direito subjetivo e outro pelo dever jurídico, de tal sorte que um não pode existir sem 
o outro. Em toda relação jurídica há sempre um sujeito ativo, portador do direito 
subjetivo e um sujeito passivo, que possui o dever jurídico. 
b) Generalidade: A importância dessa característica levou o jurisconsulto Papiniano a 
incluí-la na definição da lei: Lex est generale praeceptum. Da generalidade da norma 
jurídica deduzimos o princípio da isonomia da lei, segundo o qual todos são iguais 
perante a lei 
c) Abstratividade: Visando a atingir o maior número possível de situações, a norma 
jurídica é abstrata, regulando os casos dentro do seu denominador comum, ou seja, 
como ocorrem via de regra. 
d) Imperatividade: Na sua missão de disciplinar as maneiras de agir em sociedade, o 
Direito deve representar o mínimo de exigências, de determinações necessárias. Para 
garantir efetivamente a ordem social, o Direito se manifesta através de normas que 
possuem caráter imperativo. 
e) Coercibilidade: Quer dizer possibilidade de uso da coação. Esta possui dois elementos: 
psicológico e material. O primeiro exerce a intimidação, através das penalidades 
previstas para a hipótese de violação das normas jurídicas. O elemento material é a 
força propriamente, que é acionada quando o destinatário da regra não a cumpre 
espontaneamente. 
Classificação 
a. Quanto ao sistema a que pertencem; 
Em relação ao presente critério, as regras jurídicas podem ser: nacionais, estrangeiras e de 
Direito uniforme 
b. Quanto à fonte; 
De acordo com o sistema jurídico a que pertencem, as normas podem ser legislativas, 
consuetudinárias e jurisprudenciais 
c. Quanto aos diversos âmbitos de validez; 
Âmbito espacial de validez: gerais e locais 
Âmbito temporal de validez: de vigência por prazo indeterminado e de vigência por prazo 
determinado. 
Âmbito material de validez: normas de Direito Público e de Direito Privado 
Introdução ao estudo do direito – Ícaro Freitas 
 
22 
Âmbito pessoal de validez: genéricas e individualizadas. 
d. Quanto à hierarquia; 
Sob este aspecto, dividem-se em: constitucionais, complementares, ordinárias, 
regulamentares e individualizadas 
 
e. Quanto à sanção; 
Dividem-se, quanto à sanção, em leges perfectae, leges plus quam perfectae, leges minus 
quam perfectae, leges imperfectae. 
f. Quanto à qualidade; 
Sob o aspecto da qualidade, as normas podem ser positivas (ou permissivas) e negativas (ou 
proibitivas). De acordo com a classificação de García Máynez, positivas são as normas que 
permitem a ação ou omissão. Negativas, as que proíbem a ação ou omissão. 
g. Quanto às relações de complementação; 
Quanto às relações de complementação, em primárias e secundárias. Denominam-se primárias 
as normas jurídicas cujo sentido é complementado por outras, que recebem o nome de 
secundárias. Estas são das seguintes espécies: a) de iniciação, duração e extinção da vigência; 
b) declarativas ou explicativas; c) permissivas; d) interpretativas; e) sancionadoras. 
h. Quanto às relações com a vontade dos particulares. 
As normas jurídicas taxativas ou cogentes, por resguardarem os interesses fundamentais da 
sociedade, obrigam independentemente da vontade das partes. As dispositivas, que dizem 
respeito apenas aos interesses dos particulares, admitem a não adoção de seus preceitos, 
desde que por vontade expressa das partes interessadas. 
Vigência da norma jurídica 
 Para que a norma disciplinadora do convívio social ingresse no mundo jurídico e nele 
produza efeitos, indispensável é que apresente validade formal, isto é, que possua 
vigência. Esta significa que a norma social preenche os requisitos técnico formais e 
imperativamente se impõe aos destinatários 
Efetividade 
 Este atributo consiste no fato de a norma jurídica ser observada tanto por seus 
destinatários quanto pelos aplicadores do Direito. No dizer de Luís Roberto Barroso, a 
efetividade “... simboliza a aproximação, tão íntima quanto possível, entre o dever ser 
normativo e o ser da realidade social” 
Introdução ao estudo do direito – Ícaro Freitas 
 
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Eficácia 
 O atributo eficácia significa que a norma jurídica produz, realmente, os efeitos sociais 
planejados. Para que a eficácia se manifeste, indispensável é que seja observada 
socialmente. 
 Eficácia pressupõe, destarte, efetividade. A lei que institui um programa nacional de 
combate a determinado mal e que, posta em execução, não resolve o problema, 
mostrando-se impotente para o fim a que se destinava, carece de eficácia. 
Legitimidade 
 Inúmeros são os questionamentos envolvendo o atributo legitimidade. O seu estudo 
mais aprofundado se localiza na esfera da Filosofia do Direito. 
 Via de regra, o ponto de referência na pesquisa da legitimidade é o exame da fonte de 
onde emana a norma. Se aquela é legítima está também o será. Fonte legítima seria a 
constituída pelos representantes escolhidos pelo povo ou então por este próprio, no 
exercício da chamada democracia direta

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