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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES FACULDADE DE EDUCAÇÃO FUNDAÇÃO CECIERJ /Consórcio CEDERJ / UAB Curso de Licenciatura em Pedagogia – modalidade EAD AVALIAÇÃO PRESENCIAL 1 – 2017.2 GABARITO Disciplina: Língua Portuguesa Instrumental Coordenadora: Profa. Helena Feres Hawad INSTRUÇÕES Esta prova é composta por um caderno de questões e por uma folha de respostas. Antes de iniciar, confira o material que você recebeu. O caderno de questões contém um texto e oito questões, no total de três páginas (incluindo esta página com cabeçalho e instruções). Verifique se o seu está completo. A prova deve ser feita com caneta azul ou preta. Todas as respostas devem ser apresentadas na folha de respostas. Não serão aceitas respostas escritas no caderno de questões, nem em folhas adicionais, fora do especificado no item anterior. Ao término do trabalho, entregue ao fiscal apenas a folha de respostas, após certificar-se de ter preenchido corretamente o cabeçalho. Leve com você o caderno de questões. Rasuras, com ou sem corretor do tipo liquid paper, poderão ser toleradas, desde que não prejudiquem a legibilidade. A prova é individual, e não é permitido qualquer tipo de consulta, a pessoas ou a materiais de estudo. Releia toda a prova antes de entregar. BOM TRABALHO! PC ou não PC, eis a questão Sérgio Rodrigues No livro “Meu menino vadio” (ed. Intrínseca), relato seco e corajoso de sua experiência como pai de um menino autista, o jornalista carioca Luiz Fernando Vianna condena o emprego depreciativo que a palavra “autista” ganhou na política brasileira. “Tornou-se comum políticos – inclusive um ex-presidente da República – chamarem seus opositores de ‘autistas’, acusando-os de estarem dissociados da realidade”, anota. “Também já fizeram isso intelectuais, artistas, jornalistas, uma presidente do Supremo Tribunal Federal.” O problema com isso? “Em primeiro lugar, é um uso mentiroso. Em segundo lugar, significa estigmatizar uma parte da população que precisa ser incorporada à vida social, e não rotulada como incapaz de fazê-lo”, argumenta Vianna. “Se hoje evitamos adjetivos como ‘retardado’ e ‘mongoloide’, devemos poupar de agressão semelhante as pessoas com autismo.” Se o tal uso não é propriamente mentiroso, mas metafórico, o segundo argumento me convence no ato. Vasculho a memória para descobrir se eu mesmo usei algum dia a palavra “autista” com esse sentido. Talvez sim, não me lembro bem. O que garanto é que não o farei de novo. Trata-se, como se vê, de uma daquelas controvérsias que costumamos agrupar sob um amplo guarda-chuva no qual, em letras garrafais, está escrito “PC – politicamente correto”. Amplo demais, o guarda-chuva presta um desserviço ao debate. Abriga preocupações muito diversas e sugere que, diante delas, temos dois caminhos: aceitar ou repudiar todas. Em bloco. Não é uma dicotomia inteligente. Rejeitar como “coitadismo” a totalidade dos argumentos PC é menosprezar o papel da língua, reflexo da sociedade, na perpetuação de vilezas. Nenhum uso está acima da crítica. Aceitar de saída todos esses argumentos é ignorar que a língua, arena política onde o pau quebra, pertence à sociedade que a fala e não a um ou outro grupo. Toda crítica está sujeita à crítica. Enquanto a coletividade não chega a uma conclusão (debates eternos não estão descartados), a decisão cabe ao indivíduo. Senhor da sua fala, ele não precisa esperar o veredito da sociedade para fazer sua escolha política e moral. Examino o verbo “judiar” (maltratar). Tem óbvio ranço atissemita, embora haja dúvida sobre seu sentido original: referência aos maus-tratos que os judeus infligiram a Jesus ou aos que eles sofreram desde então? De uma forma ou de outra, decido cortá-lo do meu vocabulário. Agora examino “denegrir”. Racista? Procuro algo que sustente a tese. O que se suja fica escuro, encardido, fuliginoso, e o resto parece coincidência cromática. Nem todo charuto é um símbolo fálico, como provam o elefante branco e a febre amarela. No meu tribunal íntimo, absolvo a palavra. Somos convocados a tomar decisões desse tipo o tempo todo. O que é ótimo. O PC comete abusos e se expõe ao descrédito quando, por exemplo, insiste em eufemismos ridiculamente rebuscados para palavras funcionais ou tenta censurar dicionários, como se estes inventassem o vocabulário que apenas retratam. No entanto, a reflexão permanente que ele propõe tem o mérito de nos deixar ligados. Os problemas sociais não serão resolvidos na língua e pela língua, mas negar que ela esteja incluída no pacote é desconhecer sua natureza. Folha de São Paulo. 27/4/17. p.B2. 1. (1,0) O texto começa com uma referência ao livro “Meu menino vadio”. No entanto, esse livro não é o tema do texto. Explique a relação entre o livro e o tema do texto. O AUTOR DESSE LIVRO REPUDIA O USO DA PALAVRA “AUTISTA” PARA CRITICAR ADVERSÁRIOS POLÍTICOS. A PARTIR DESSA SITUAÇÃO, O TEXTO DISCUTE A PREOCUPAÇÃO COM A LINGUAGEM POLITICAMENTE CORRETA. Ou: A CRÍTICA FEITA NESSE LIVRO AO USO METAFÓRICO DA PALAVRA “AUTISTA” É UM CASO PARTICULAR (UM EXEMPLO) DA IDEOLOGIA DO “POLITICAMENTE CORRETO” – ESSA, SIM, TEMA DO TEXTO. 2. (1,5) No quarto parágrafo, o autor declara: “o segundo argumento me convence no ato”. Identifique “o primeiro” e “o segundo” argumentos a que ele se refere nesse trecho. Em seguida, indique a ressalva que ele faz ao primeiro argumento. O PRIMEIRO ARGUMENTO É QUE O USO DA PALAVRA “AUTISTA” PARA CRITICAR OPOSITORES POLÍTICOS SERIA MENTIROSO. O SEGUNDO ARGUMENTO É QUE ESSE USO ESTIGMATIZA OS AUTISTAS. COM RELAÇÃO AO PRIMEIRO, O AUTOR PONDERA QUE TAL USO NÃO É MENTIROSO, E SIM METAFÓRICO. 3. (1,0) O autor reconhece um desserviço e um serviço que o “politicamente correto” presta à sociedade. Identifique cada um deles. O DESSERVIÇO É QUE ESSA POSTURA ABRIGA PREOCUPAÇÕES MUITO DIVERSAS E SUGERE QUE SE TEM DE ACEITAR OU REPUDIAR TODAS EM BLOCO. O SERVIÇO É QUE ELA NOS MANTÉM ATENTOS, EM ALERTA, AO PROPOR UMA REFLEXÃO PERMANENTE SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE A LÍNGUA E OS PROBLEMAS SOCIAIS. 4. (1,0) Explique, com suas palavras, a atitude que o autor sugere que devemos ter diante do “politicamente correto”. O AUTOR CONSIDERA QUE AS DECISÕES NESSE TERRENO SÃO DE NATUREZA INDIVIDUAL. CABE A CADA UM FAZER SUAS PRÓPRIAS ESCOLHAS POLÍTICAS E MORAIS. 5. (1,0) (...) a língua, arena política onde o pau quebra, pertence à sociedade (...) Nesse trecho do 8º parágrafo, o autor emprega uma expressão da língua falada informal – “o pau quebra”. Reescreva o trecho, substituindo essa expressão por outra de sentido equivalente e que pertença à língua escrita formal. Algumas possibilidades: A LÍNGUA, ARENA POLÍTICA ONDE OS CONFLITOS SÃO INTENSOS (GRANDES, PROFUNDOS), PERTENCE À SOCIEDADE. Ou: A LÍNGUA, ARENA POLÍTICA ONDE AS DISPUTAS SÃO EVIDENTES, PERTENCE À SOCIEDADE. Ou: A LÍNGUA, ARENA POLÍTICA ONDE OS CONFRONTOS SE EXPRESSAM (SE CONCRETIZAM, SE REALIZAM, SE MATERIALIZAM), PERTENCE À SOCIEDADE. 6. (1,0) Na frase abaixo, foi empregado um recurso para reduzir o grau de certeza. Reescreva a frase, usando um recurso diferente para obter esse mesmo efeito. O autor talvez tenha usado a palavra “autista” em sentido depreciativo. Uma das seguintes: O AUTOR POSSIVELMENTE USOU A PALAVRA “AUTISTA” EM SENTIDO DEPRECIATIVO. O AUTOR PODE TER USADO A PALAVRA “AUTISTA” EM SENTIDO DEPRECIATIVO. É POSSÍVEL QUE O AUTOR TENHAUSADO A PALAVRA “AUTISTA” EM SENTIDO DEPRECIATIVO. 7. (2,0) Indique um conectivo que poderia substituir o sinal em cada frase abaixo, explicitando uma relação de sentido coerente com o contexto do texto lido. a. Não lembro se usei a palavra com esse sentido, garanto que não o farei de novo. (4º parágrafo) MAS / PORÉM / NO ENTANTO / ENTRETANTO b. O verbo “judiar” tem óbvio ranço atissemita, decido cortá-lo do meu vocabulário. (10º parágrafo) POR ISSO / LOGO / PORTANTO / ENTÃO 8. (1,5) Indique a que se referem os termos sublinhados nos trechos abaixo. a. (...) relato seco e corajoso de sua experiência como pai de um menino autista (...) (1º parágrafo) O JORNALISTA CARIOCA LUIZ FERNANDO VIANNA b. “Também já fizeram isso intelectuais, artistas, jornalistas (...)” (2º parágrafo) USAR A PALAVRA “AUTISTA” PARA CRITICAR OPOSITORES (PARA ACUSAR OPOSITORES DE ESTAREM DISSOCIADOS DA REALIDADE) c. Procuro algo que sustente a tese. (11º parágrafo) A IDEIA (A TESE) DE QUE A PALAVRA “DENEGRIR” É RACISTA
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