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A Vida Medieval

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Documentário: A Vida Medieval 
Discente: Lucas Brito Santana Da Silva 
Disciplina: História Medieval 
 
Apresentado pelo historiador britânico Mike Loades, especialista em história 
militar, o documentário “A Vida Medieval”, produzido pelo History Channel, traz uma 
reconstituição de aspectos da vida dos homens do medievo. Entre eles: a forma como 
eram construídos os castelos; a maneira como eram travadas as batalhas, assim 
como a evolução dos equipamentos bélicos, desde o arco de guerra às armaduras e 
catapultas. São explorados, também, as relações mantidas entre os cavaleiros; a 
exemplo de alguns códigos de honra, principalmente em relação a outros cavaleiros, 
por exemplo: evitar matar imediatamente outros cavaleiros durante as batalhas, sendo 
preferível capturá-los para vendê-los de volta aos seus. São inúmeros os aspectos da 
vida medieval trazidos pelo documentário: como as pessoas da Idade Medieval 
tratavam as doenças? Como produziam suas roupas e qual a estética delas? Como 
eram as caçadas, quais animais se caçavam e quem podia caçá-los? O que bebiam 
e comiam? Como conduziam a sua higiene? 
O documentário e Mike Loades obtiveram sucesso nessa reconstituição da vida 
medieval? Diríamos que sim. São convocados vários especialistas em aspectos que 
se pretende reconstituir, como os que fazem parte da higiene e culinária medievais. 
São trazidos equipamentos e especialistas em ciências contemporâneas, a exemplo 
do boneco de impactos, onde foi medido os danos que o arco de guerra poderia 
causar. O que chama atenção aí é a interdisciplinaridade, prescrita por Marc Bloch e 
Lucien Febvre desde a década de 20, e praticada pelos historiadores que vieram a 
compor a chamada Escola dos Annales, a partir de 1929. Porém, e Bloch (2001) traz 
esta crítica em sua “Apologia da história”, os historiadores deveriam se dedicar a 
essas minúcias? O fundador dos Annales dirá que não. Ainda que tenha se 
desenvolvido ou se baseado numa pesquisa ampla, o que um documentário desse 
tipo tem a oferecer ao seu público, uma vez que não desenvolve nenhuma 
problematização que se relacione com a vida dos homens contemporâneos? Deleite? 
Bloch (2001) fala que a primeira validação da História encontra-se em seu potencial 
para a diversão... 
Como a questão sobre a finalidade da História recebeu e recebe variadas 
respostas, nós apresentaremos apenas as de nosso interesse. Pierre Nora (apud 
PROST, 2008) nos diz que a história serve para deslegitimar o passado vivido; uma 
postura que se coloca em anteposição a coesão fictícia da memória. Durval Muniz 
(2012) fala que a História serve para tornar o homem, um ser sensível, em um ser 
sensibilizado. Uma das maiores preocupações desse autor é com a alteridade, a 
história seria capaz, ao sensibilizar o homem, de diminuir os problemas com o Outro. 
Indo mais longe, partindo da subjetividade deste que escreve este texto: para quê 
serve a História? A História serve para lançar o homem no abismo, criticando e 
destruindo todos os portos-seguros nos quais os homens ancoram as suas certezas. 
Esse documentário não cumpri nenhuma das funções que elencamos, que 
legitimariam a existência da História. Enquanto professores, poderíamos intervir e 
problematizá-lo de forma a encaixá-lo numa proposta pedagógica que atenda às 
nossas escolhas, e somente assim aproveitá-lo mais. 
 
Referências 
ALBUQUERQUE JR, Durval Muniz de. Fazer defeitos nas memórias: para que servem 
o ensino e a escrita da história? In: Gonçalves, Marcia de Almeida et all (org.). Qual o 
valor da história hoje? Rio de Janeiro: FGV, 2012, p. 21 – 39. 
 
BLOCH, Marc Leopold Benjamin, Apologia da história, ou, O ofício de historiador. — 
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001. 
 
HISTORY CHANEL. A vida medieval. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=ADAWkyDLKBc. Acesso em: 08. Fev. 2018. 
 
PROST, ANTOINE. Doze lições sobre história.– Belo Horizonte: Autêntica Editora, 
2008.

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