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SECREÇÃO GÁSTRICA resumo

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SECREÇÃO GÁSTRICA
Introdução
O estômago tem funções secretórias, motoras e hormonais, importantes no processo digestivo. Além de HCl, esse órgão secreta enzimas (que continuam a hidrólise dos macronutrientes iniciada na cavidade oral), parácrinos e hormônios que regulam a secreção gástrica. Suas funções motoras são de extrema importância para: armazenamento do alimento, mistura com as secreções gástricas, trituração e regulação neuro-hormonal enterogástrica da velocidade de esvaziamento do conteúdo gástrico para o bulbo duodenal Apesar de todas essas funções, o estômago não é um órgão essencial, e indivíduos gastrectomizados podem sobreviver e manter uma nutrição adequada.
Estrutura básica do estomago 
Do ponto de vista secretor, as diferentes regiões do estômago são: cárdia - localizada logo abaixo do esfíncter esofágico inferior, contendo apenas glândulas secretoras de muco; região oxíntica - no corpo do estômago, corresponde a 80% da sua área total, suas glândulas têm grande número de células parietais ou oxínticas, além de células principais; região antropilorica – com glândulas contendo apenas células endócrinas: as células G, que secretam gastrina, e as células D, secretoras de somatostatina.
A estrutura básica do estômago apresenta o mesmo padrão dos demais órgãos do SGI. A mucosa gástrica é altamente amplificada pelas glândulas gástricas. Estas se abrem na superfície luminal do estômago, em depressões ou pits, que se continuam formando o pescoço e o corpo da glândula, o qual se prolonga para o interior da mucosa até a muscular da mucosa.
Os diferentes tipos de células encontradas são: células mucosas superficiais - colunares, envolvendo as aberturas das glândulas; células mucosas do pescoço das glândulas; células indiferenciadas ou regenerativas - mais profundamente localizadas no pescoço das glândulas, originam as células que migram para a superfície; células parietais ou oxínticas - secretoras de HCl e de fator intrínseco; células principais ou pépticas - secretoras de pepsinogênio; e células endócrinas - secretoras de gastrina e de somatostatina. Durante o processo digestivo, a mucosa gástrica sofre intensa esfoliação, e as células mucosas superficiais são substituídas por novas, a partir das células regenerativas
do pescoço das glândulas.
A composiftlo do suco gástrico e suas funções.
O estômago secreta 1 a 2 litros de fluido por dia, referido como suco gástrico. Os componentes desse suco, suas funções e locais de síntese são descritos a seguir.
• HCl: durante a estimulação, pode ser secretado a taxas bastante elevadas, alcançando concentrações entre 140 e 160 mM, conferindo ao suco gástrico pH próximo a 1 ou 2. Nos períodos interdigestivos, o pH luminal varia de 4 a 6. O pH ácido regula a secreção do pepsinogênio e a sua conversão à pepsina no lúmen gástrico. O HCl tem importante função bactericida e, na sua ausência, aumenta a incidência de infecções do SGI. É produzido pelas células parietais, ou oxínticas, das glândulas gástricas do corpo do estômago.
• Pepsinogênio: é produzido pelas células pépticas ou principais das glândulas gástricas do corpo, antro e cárdia. É lançado no lúmen gástrico na forma de proenzima, sendo hidrolisado à pepsina em valores de pH < 5. Em valores de pH < 3, o pepsinogênio é rapidamente ativado à pepsina. Esta é uma endopeptidase que hidrolisa ligações no interior das cadeias polipeptídicas.
• Lipase gástrica: é lançada no lúmen gástrico na forma ativa. Trata-se de uma enzima que hidrolisa, em meio ácido, triacilgliceróis. É produzida por células específicas das glândulas gástricas. Apresenta mais de 80% de homologia, na cadeia polipeptídica, com a lípase lingual; entretanto, são duas enzimas distintas com o mesmo mecanismo de ação. São denominadas lípases pré-duodenais ou ácidas.
• Muco: dois tipos de muco são secretados pelo estômago. O secretado pelas células superficiais das glândulas gástricas, conhecido como "muco insolúvel ou visível", retém o HC03 - excretado por estas mesmas células. Este muco forma uma camada sobre a superfície luminal do estômago, participando do que se denomina barreira mucosa gástrica, que protege mecânica e quimicamente a superfície interna do estômago contra o HCl e a pepsina. O secretado pelas células do pescoço das glândulas gástricas forma o "muco solúvel': que é misturado aos alimentos, lubrificando-os, protegendo mecanicamente a mucosa gástrica durante o processo digestivo.
• HC03 -: é secretado pelas células superficiais mucosas das glândulas gástricas. Fica retido na camada de muco insolúvel da barreira gástrica, tamponando o HCl e protegendo a mucosa gástrica.
• Gastrina: é um hormônio gastrintestinal produzido pelas células G das glândulas gástricas da região antral. Entre outras ações secretagogas e motoras, a gastrina estimula
diretamente a secreção de HCl pelas células parietais e tem efeito trófico sobre a mucosa gástrica, estimulando o seu crescimento.
• Somatostatina: existe sob duas formas, dependendo da origem: quando secretada pelas células D antrais, é um hormônio; quando secretada pelas células D do corpo gástrico, próximas às células parietais, um parácrino. As células D localizam-se nas bases das glândulas gástricas. Nas duas formas, a somatostatina tem a função de regular a secreção de HCl, no sentido inibitório. As células D antrais são estimuladas pelo pH luminal intragástrico, enquanto as células D do corpo do estômago, reguladas por vias neurais e hormonais.
• Histamina: é um parácrino secretado pelas células enterocromafins da lâmina própria do corpo gástrico. Estimula diretamente as células parietais.
• Fator intrínseco: trata-se de uma glicoproteína produzida pelas células parietais ou oxínticas. E necessário para a absorção da vitamina B12, no íleo. De todas as secreções
do estômago, a única essencial é a do fator intrínseco. Na sua ausência, desenvolvem-se a anemia megaloblástica ou perniciosa, além de alterações neurológicas.
Com a secreção, ocorrem alterações estruturais das células parietais.
As células parietais, na situação basal, apresentam um sistema de canalículos secretores fechados para o lúmen e poucas microvilosidades na membrana luminal. O citoplasma é preenchido por um sistema tubulovesicular, localizado principalmentena região apical da célula. As membranas deste sistema contêm: as proteínas transportadoras, a H+/K+-ATPase, os
canais para Cl -, além de anidrase carbônica.
Aproximadamente 10 min após uma estimulação, a superfície da membrana apical da célula aumenta cerca de 60 vezes, por aparecimento de microvilosidades, que resultam da fusão do sistema tubulovesicular com os canalículos excretores, que agora se abrem para o lúmen das glândulas. Como o sistema tubulovesicular agora está orientado, o grande número demitocôndrias das células parietais torna-se aparente. Elevam-se as atividades e os números de enzimas e de sistemas transportadores nas microvilosidades. 
Acetilcolina, gastrina e histamina são os estimuladores endogenos da secreção de HCl com ação direta nas células parietais.
Os principais secretagogos estimulatórios da secreção de HCl, com ação direta nas células parietais, são: acetikolina – neurotransmissor parassimpático vagal (X par de nervos cranianos), gastrina - hormônio sintetizado e secretado pelas células G do antro gástrico, e histamina - parácrino sintetizado a partir da histidina, pelas células enterocromafins da lâmina própria da mucosa gástrica. Estes três agonistas têm receptores específicos na membrana basolateral das células parietais. Para a acetilcolina, são os receptores muscarínicos (M3) coli nérgicos, inibíveis por atropina. Os receptores para a gastrina (CCK8) são inibíveis por proglumina, que tem igual afinidade para a gastrina e para a colecistocinina. Para a histamina, são os receptores H2, bloqueáveis pela cimetidina ou pela ranitidina. Os três tipos de receptores para os agonistas, acetilcolina, gastrina e histamina, são acoplados a diferentes proteínasG. Que através de mecanismos intracelulares vão estimular a secreção de HCl.
Somatostatina, prostaglandinas e fatores de crescimento epidérmico são os inibidores endógenos da secrefão de HCl pelas células parietais.
Os inibidores endógenos da secreção de HCl, que agem diretamente nas células parietais, são a somatostatina, as prostaglandinas das séries E e I, e os fatores de crescimento epidérmico (EGF); estes, ao se ligarem aos seus receptores, ativam proteínas Gi, inibindo a adenilato ciclase, a síntese de cAMP e a secreção de HCl. As prostaglandinas e os fatores de crescimento epidérmico agem como parácrinos, inibindo diretamente a secreção de HCl nas células parietais. A somatostatina é secretada de duas fontes: pelas células D localizadas nas glândulas da região do corpo (próximas às células parietais, onde inibem diretamente a secreção de HCl, agindo como parácrino) e pelas células D da região antral do estômago (agindo como um hormônio, inibindo as células G secretoras de gastrina e, indiretamente, a secreção de HCl). Há indicações, também, de que a somatostatina iniba a secreção de histamina pelas células enterocromafins.
A secreção do pepsinogênio pelas células principais.
O pepsinogênio é sintetizado pelas células principais, das glândulas gástricas do corpo, e por células mucosas, tanto do corpo como do antro e do cárdia do estômago. É uma proenzima inativa, pertencente a um grupo de proenzimas proteoliticas, da classe de proteinases aspárticas. Embora tenham sido identificadas oito is oformas distintas de pepsinogênios, eles
são classificados, com base em suas identidades imunológicas, em três grupos: 1, II e das catepsinas E. Os pepsinogên ios do grupo I, predominantes, são secretados pelas células pri ncipais da base das glândulas da região do corpo. O pepsinogênio do tipo II é sintetizado pelas células principais do corpo e por células mucosas do pescoço das glândulas nas regiões do cárdia, no corpo, na região antral e, também, no duodeno.
Fatores que estimulam a secreção de pepsinogênio 
A acetilcolina e a secreção de HCl, estimulam a secreção do pepsinogenio. A acetilcolina é o principal estimulador da secreção de pepsinogênio. Assim, o vago, estimulando as células parietais a secretarem HCl, estimula, também, a secreção de pepsinogênio. A concentração de H+ é muito importante, não só na ativação do pepsinogênio, mas também na estimulação de sua secreção. O HCl estimula a secreção de pepsinogênio por dois mecanismos. Primeiro, o ácido ativa reflexos intramurais colinérgicos. Estes são reflexos locais e podem ser inibidos por Atropina. Segundo, há, também, um efeito do ácido no duodeno, estimulando as células secretoras de secretina. Este hormônio age nas células principais estimulando, também, a secreção de pepsinogênio. Assim, o pepsinogênio é secretado simultaneamente com a secreção ácida.
O pH baixo ativa o pepsinogênio e atua na atividade da pepsina.
 Quando a molécula do pepsinogênio é clivada, separa-se um pequeno fragmento da cadeia polipeptídica, para f rmar a pepsina. A clivagem ocorre no interior do estômago, quando o pH cai a valores inferiores a 5. A valores de pH menores que 3, a conversão é quase instantânea, ocorrendo também, neste valor de pH, autocatálise do pepsinogênio pela pepsina. A ação proteolítica da pepsina se dá em meio ácido. Os valores ótimos de pH para a ação da pepsina estão entre 1,8 e 3,5, dependendo das concentrações de substrato, da osmolalidade do fluido intragástrico e do tipo de pepsina. Valores de pH superiores a 3,5 inativam, reversivelmente, a pepsina; esta é, irrevers ivelmente, inativada a valores de pH além de 7,2. A pepsina inicia a digestão proteica no estômago. Como é uma endopeptidase, origina, predominantemente, oligopeptídios de tamanhos diferentes. Os oligopeptídios stimulam a secreção pelas células 1 do duodeno, secretoras de colecistocinina (CCK), que, por sua vez, estimula as células principais.
A secreção do fator intrínseco é a única função essencial do estomago.
O fator intrínseco (FI) é uma glicoproteína, com peso molecular de 55 kDa, secretada, em humanos, pelas células parietais ou oxínticas. No lúmen gástrico, a vitamina B12 se liga à proteína do tipo R (ou haptocorrina, secretada pelas glândulas gástricas), a qual protege a vitamina da ação proteolítica da pepsina e do HCl. No duodeno, a aptocorrina é digerida pelas enzimas proteolíticas pancreáticas, liberando a vitamina B12; então, esta vitamina passa a formar um complexo com o FI muito resistente à ação das enzimas. A absorção da cobalamina ocorre no íleo, uma vez que as membranas luminais dos ileócitos têm um carregador que reconhece o complexo vitamina B12-FI, endocitando-o juntamente com o receptor. A secreção do FI é a única função essencial, indispensável, do estômago. A ausência de FI, acompanhada de acloridria, induz o aparecimento da anemia perniciosa (ou megaloblástica), com comprometimento da maturação das hemácias e alterações neurológicas. Como o fígado armazena a vitamina B12 em quantidades que podem suprir o organismo por 3 a 4 anos, a anemia se estabelece muito após as alterações da mucosa gástrica e as neurológicas terem se instalado.
No período interdigestivo, o estómago secreta 10 a 15% do HCltotal.
No período interdigestivo, em que o estômago não contém alimentos, a secreção gástrica basal é cerca de 10 a 15% da secreção máxima. Neste período, o pH intragástrico varia de 3 a 7, pois há grande variabilidade individual no número de células parietais. A secreção basal de HCl é regulada pela somatostatina, mas pode ser abolida por vagotomia, antrectomia, atropina, cimetidina ou proglumida (inibidor do receptor para a gastrina), indicando que esta secreção depende de níveis basais de acetilcolina, histamina e gastrina. 
Há variação circadiana da secreção basal de HCl, sendo mais elevada à noite e diminuindo pela manhã antes do despertar. As causas desta variação não são ainda estabelecidas, uma vez que os níveis plasmáticos de gastrina mantêm-se constantes nos períodos interdigestivos devido à ação inibitória da somatostatina.
As fases da digestão e secreção gástrica podem ser analisada em fases estimuladas pela chegada do alimento nas várias porções do TGI.
Durante o período digestivo, antes e depois da ingestão de alimentos, costuma-se dividir a secreção gástrica (e também a pancreática e a biliar), em fases baseadas nos locais de onde partem as estimulações que desencadeiam as secreções. Esta divisão, embora muito elucidativa, é artificial, pois estas fases se sobrepõem em condições fisiológicas, como será analisado mais à frente.
Fase cefálica: A fase cefálica da digestão gástrica pode ser desencadeada por reflexos condicionados antes da ingestão do alimento e pela sua presença na cavidade oral. Responde por aproximadamente 30% da secreção ácida total durante a fase digestiva. Anteriormente à ingestão, a secreção eleva-se em resposta aos reflexos condicionados pavlovianos, resultantes de estímulos olfatórios, visuais, auditivos, psíquicos e por hipoglicemia induzida por insulina ou por 2-desoxiglicose. Todos esses estímulos ativam o centro motor do vago na medula espinal, que envia impulsos eferentes parassimpáticos para o estômago.
Fase gástrica: Na fase gástrica da digestão gástrica, ocorresm reflexos vagovagais e intramurais, além de ações hormonais e parácrinas. A fase gástrica da digestão gástrica ocorre em resposta à chegada do alimento ao estômago. É a principal fase da secreção gástrica, responsável por 50 a 60% da secreção total durante o período digestivo. Os estímulos desta fase são a distensão da parede gástrica e a ação química do alimento sobre o estômago. Na fase gástrica, as células G são também estimuladas por peptídios e aminoácidos contidos no lúmen gástrico. Entre os aminoácidos mais potentes na estimulação das células G, estão a fenilalanina e o triptofano.
Outros estímulos para a secreção das células G são os componentes de bebidas alcoólicas, como vinho e cerveja, emborahaja controvérsias sobre o efeito gástrico do álcool em humanos. A cafeína estimula diretamente as células parietais, e o Ca2+, tanto as células parietais como as células G.
Nesta fase, a queda do pH intragástrico estimula as células D antrais a secretarem somatostatina, a qual inibe as células G, diminuindo a secreção de HCI.
Fase intetinal: A fase nitestinal da digestão gástrica é predominantemente inibitória da secreção de HCl. A fase intestinal da digestão gástrica depende da chegada do quimo ao delgado; é responsável por apenas 10% da secreção gástrica total. Nesta fase, há inicialmente uma estimulação da secreção gástrica, seguida de uma inibição, conforme descrito adiante.
A chegada do quimo ao duodeno distende sua parede, o que ativa, por reflexos enterogástricos e vagovagais, a secreção das células parietais e das células G duodenais, aumentando a secreção de HCI. A presença de produtos da digestão proteica, peptídios e aminoácidos incentiva diretamente as células produtoras de gastrina existentes na mucosa duodenal e no jejuno. Esta secreção é aproximadamente 5% da secreção de HCl da fase gástrica.
A medida que o quimo é esvaziado para o duodeno, há regulação neuro-hormonal das secreções de gastrina e de HCl pelos mesmos reflexos enterogástricos que controlam a velocidade de esvaziamento gástrico. Vários processos que ocorrem entre as porções proximais do delgado, duodeno e jejuno inibem a secreção ácida gástrica, por mecanismos de retroalimentação negativa.
A presença do quimo ácido no duodeno estimula as células S, secretoras de secretina, que, além de contrair o piloro, retardando o esvaziamento gástrico, inibe a secreção ácida por três mecanismos: (a) inibindo diretamente as células parietais por mecanismo de downregulation do processo secretor; (b) inibindo as células G antrais, reduzindo a secreção de gastrina, e (c) estimulando a secreção de somatostatina (que inibe a secreção ácida). A presença de ácido no duodeno também estimula reflexos neurais que inibem a secreção das células parietais, por mecanismos ainda pouco esclarecidos.
A resposta neuro-hormonal da secreção gástrica é estimulada pela chegada do alimento ao estómago.
A chegada do alimento ao estômago estimula os receptores da mucosa gástrica, desencadeando reflexos neurais vagovagais e reflexos intramurais, que elevam a secreção de HCl pelas células oxínticas e a secreção de pepsinogênio. O aumento da secreção de HCl deveria tornar o conteúdo gástrico mais ácido que os valores anteriores à chegada do alimento ao estômago. 
Entretanto, apesar de a taxa de secreção de HCl elevar-se logo em seguida a essa chegada, o pH sobe a aproximadamente 4,0. A subida do pH ocorre paralelamente ao crescimento do volume gástrico, que vai de cerca de 50 ml (quando o estômago está vazio) a 800 ml (logo após a refeição). O aumento dos valores de pH reflete o tamponamento do HCl pelos alimentos, principalmente os protéicos. Quando a capacidade de tamponamento alimentar satura-se, o pH diminui durante cerca de 2 h 30 min, apesar de a secreção de HCl não estar tão alta. O pH começa a declinar paralelamente à redução do volume gástrico.
A barreira mucosa gástrica protege o estômago das ações do HCI e da pepsina.
A barreira mucosa gástrica é constituída de três componentes: (a) as membranas luminais das células epiteliais e as tight junctions que as unem, que são relativamente impermeáveis a ácido; (b) a camada de muco que recobre a superfície das células epiteliais superficiais, com espessura entre 50 e 200 mm; c) o HC03 - secretado pelas células superficiais das glândulas gástricas em toda a superfície luminal do estômago, que fica retido na camada de muco, mantendo um pH local próximo à neutralidade (cerca de 7), mesmo quando o pH intragástrico luminal é de 1a3. Esta barreira mucosa protege a parede gástrica contra o HCl, tamponando-o e prevenindo a difusão de H+ do lúmen gástrico para o interstício durante a secreção ácida . Assim, mantém o gradiente de prótons e protege a parede gástrica da ação proteolítica da pepsina, prevenindo o aparecimento de lesões da mucosa que podem levar à úlcera gástrica.
As secreções de mucina e de HC0 3 - pelas células superficiais da mucosa gástrica.
A mucina (N-acetilglicosamida) é secretada pelas células mucosas colunares superficiais (das aberturas das depressões ou pits), pelas células mucosas do pescoço das glândulas e pelas células mucosas das glândulas gástricas antrais. A mucina destes tipos celulares distintos é, também, diferente. A mucina secretada pelas células do pescoço e das glândulas antrais é formada por glicoproteína neutra (muco solúvel), enquanto a secretada pelas células superficiais colunares tem glicoproteína neutra e acídica que fo rma uma camada mucosa viscosa (muco não solúvel). A mucina é armazenada em vesículas apicais que se fundem à membrana luminal, sendo liberada por exocitose. É constituída de 80% de carboidratos e 20% de proteínas, além de formar um gel de alta viscosidade que adere à superfície da mucosa gástrica.
A regulação de secreção de mucina e de bicarbonato pelas células superficiais da mucosa gástrica é pouco esclarecida.
Parece que o principal estímulo é vagal colinérgico, desencadeado por irritação da mucosa gástrica pelo alimento durante o processo digestivo. A estimulação vagal colinérgica sobre as células mucosas aumenta a concentração de Ca2+ citosólico, não sendo o cAMP o segundo mensageiro envolvido na resposta.

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