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COLUNI 2011 2017

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COLUNI 2011
Por que não se lê poesia?
“Já pensou em escrever um romance?” A pergunta, em tom levemente depreciativo, é despejada sobre a cabeça do poeta a cada novo livro. A resposta negativa gera no interlocutor do poeta uma tosse ou um constrangido balançar de rosto – ainda mais porque aquele que perguntou provavelmente nem leu a obra em questão. O engasgo soa algo como encontrar uma amiga, olhar para seu ventre, cumprimentar pelo bebê que irá nascer e receber de troco a afirmação seca, cruel: não, eu não estou grávida.
Há o julgamento informal de que poesia é perda de tempo. Tendo lançado até agora dois livros, não cheguei ao ponto de receber os pêsames, mas não falta muito para isso. Até porque o poeta é identificado como um defunto comercial e nunca será de bom tom dar as condolências ao próprio falecido. Mas, afinal, por que todo esse preconceito quando o assunto é poesia? 
A resposta mais fácil estaria na baixíssima taxa de compra de livros no Brasil. O índice é de 0,8 livro não-didático por habitante/ano. Como ninguém leva um livro pela metade, não se chega a adquirir um volume inteiro, ficando longe de países como os Estados Unidos (sete livros por habitante/ano). Sobrariam para os versos as migalhas. O Prêmio Jabuti de Literatura, o mais importante do país, concedido pela Câmara Brasileira do Livro, seria outra prova desse desinteresse. Nesse ano, apenas 63 livros foram inscritos na categoria poesia, 40 a menos dos 103 inscritos no ano passado. Nas livrarias, a seção de poesia dorme em algum canto obscuro, longe do alcance da visão dos leitores. 
Todos esses dados seriam suficientes para indicar que o brasileiro não gosta de poesia. Será? O curioso é que boa parte das pessoas costuma iniciar-se na literatura por meio da poesia, seja em cartas, seja em cantadas extra-literárias para conquistar alguém. Mas o adolescente que se empenha em comover seu par é o mesmo que acha difícil a interpretação poética. Esse é o paradoxo: os poemas são considerados fáceis de fazer e complicados de ler. Como isso? Para muitos jovens, ainda vigora uma idéia romântica de criação. Poesia é pura inspiração, acessório para colocar em cabeçalhos de agenda. Faz parte do kit básico de sedução, ao lado das flores e do ursinho de pelúcia dado para a namorada.
Esse adolescente é o mesmo que tem horror à obrigatoriedade de ler os chamados poetas clássicos nas aulas de literatura – tudo para conseguir passar no vestibular. Aprende datas, o nome dos movimentos, mas não se inspira na leitura dos autores. O conjunto é resumido nos esquemas das escolas literárias e o texto em si termina relegado a um papel secundário. Toda trajetória de um escritor é abreviada a uma fria questão de vestibular. Sobretudo, o sujeito aprende que todos os bons poetas fazem parte do passado, culminando com a geração modernista de 1922 e uns poucos da primeira metade do século XX. Você já percebeu que não há praticamente nenhum poeta consagrado desde então, conhecido e lido como Drummond ou João Cabral?
Por que poesia virou mercadoria que todo mundo tem para vender mas ninguém quer comprar? Como foi que os leitores perderam o interesse pela poesia? Desconfio que a resposta esteja no fato de que os próprios poetas tenham perdido o interesse pelos leitores. A poesia como um exercício de linguagem, fria, escrita para agradar os professores de semiótica, torna-a cada vez mais distante do interesse dos leitores. Enquanto a poesia narrava uma história, era capaz de ser atraente, compreensível e proporcionar entretenimento, os poetas eram populares. E isso não era sinônimo de sentimentalismo barato, como o ato de despejar emoções no papel sem uma preocupação com a estrutura. O poeta era o equivalente a um músico, que tocava palavras como cordas de um violão. 
Não é à toa que foi na melhor MPB que os jovens continuaram procurando versos que não encontram na chamada poesia contemporânea. Fora daí, ela passou a ser encarada de duas formas: a sentimentalista, à base de trocadilhos fracos, ou a acadêmica, difícil, culta, que atende a interesses universitários e não chega aos ouvidos da gente. Para sair desse impasse, talvez seja a hora de os poetas voltarem a contar histórias. É preciso fugir da armadilha que impõe que a boa poesia seja um exercício de linguagem e que qualquer poeta disposto a narrar a vida das pessoas seja etiquetado como menor. Não foi o público de poesia que desapareceu, como querem alguns teóricos da literatura. O que desapareceu foi a poesia em contato com a vida das pessoas. Talvez ela esteja adormecida, esperando que alguém traga de volta o simples prazer de ler um poema.
(CARPINEJAR, F. Por que não se lê poesia? Disponível em: http://super.abril.com.br/superarquivo/2002/conteudo_
219209.shtml. Acesso em: 28 maio 2010.)
01. Sobre o propósito comunicativo do texto, é CORRETO afirmar que:
a) descreve a importância do poeta na sociedade.
b) exalta o papel da poesia na escola e na sociedade.
c) narra os fatos que levam a poesia ao descaso.
d) argumenta que a poesia não está apenas na escola.
02. Leia a sentença abaixo:
“Esse é o paradoxo: os poemas são considerados fáceis de fazer e complicados de ler.” (§ 4)
Nessa sentença, os dois pontos poderiam ser substituídos, sem prejuízo de sentido, pela conjunção:
a) porque.
b) contudo.
c) assim que.
d) de modo que.
03. Leia as informações abaixo:
I. No Brasil, a poesia ainda é muito valorizada.
II. Poesia é coisa apenas de criança e de adolescente.
III. As pessoas não estão mais em contato com a poesia.
IV. Muitos iniciam-se na literatura através da poesia.
V. A poesia enquanto inspiração é apenas uma simplificação.
De acordo com as ideias apresentadas no texto, está CORRETO o que se afirma apenas em:
a) I e III.
b) IV e V.
c) II.
d) I.
04. Tendo em vista as ideias expressas no texto, é INCORRETO afirmar que:
a) não se lê poesia no Brasil porque não se compram livros.
b) muitos consideram a poesia como perda de tempo.
c) a poesia está presente apenas nos livros e na sala de aula.
d) com o envelhecimento, o público da poesia não desapareceu.
05. Leia a sentença abaixo:
“A poesia como um exercício de linguagem, fria, escrita para agradar os professores de semiótica,
torna-a cada vez mais distante do interesse dos leitores.” (§ 6)
Nessa sentença, o vocábulo sublinhado refere-se à:
a) poesia.
b) linguagem.
c) escrita.
d) semiótica.
06. Assinale a alternativa em que o sentido da palavra entre parênteses NÃO coincide com o do vocábulo
destacado na frase:
a) “A resposta negativa gera no interlocutor do poeta uma tosse ou um constrangido balançar de rosto [...].”
(§ 1) / (incomodado).
b) “Até porque o poeta é identificado como um defunto comercial e nunca será de bom tom dar as
condolências ao próprio falecido.” (§ 2) / (boas-vindas).
c) “Mas o adolescente que se empenha em comover seu par é o mesmo que acha difícil a interpretação
poética.” (§ 4) / (compromete).
d) “O conjunto é resumido nos esquemas das escolas literárias e o texto em si termina relegado a um papel
secundário.” (§ 5) / (desprezado).
08. A coloquialidade é um dos usos da linguagem caracterizada pelo jeito informal de se expressar tanto na
oralidade quanto na escrita. Marque nos versos abaixo, retirados da obra Poesia marginal, a alternativa que
NÃO apresenta a coloquialidade como característica:
a) “eu escuto os cantores de ébano
e espero ela chegar da orgia” (Fogo-fátuo, Chacal, p. 13.)
b) “Ana Cristina cadê seus seios?
Tomei-os e lancei-os” (Ana Cristina, Cacaso, p. 19.)
c) “quanto mais louco
lúcido estou.” (Delírio puro, Chacal, p. 23.)
d) “Quando você quis eu não quis
Qdo eu quis você ñ quis” (Fotonovela, Cacaso, p. 27.)
COLUNI 2012
LAR DESFEITO
José e Maria estavam casados há vinte anos e eram muito felizes um com o outro. Tão felizes que um dia, na mesa, a filha mais velha reclamou:
— Vocês nunca brigam?
José e Maria se entreolharam. José respondeu:
— Não, minha filha. Sua mãe e eu não brigamos.
— Nunca brigaram? — quis saber Vítor, o filho do meio.— Claro que já brigamos. Mas sempre fazemos as pazes.
— Na verdade, brigas, mesmo, nunca tivemos. Desentendimentos, como todo mundo. Mas sempre nos demos muito bem...
— Coisa mais chata — disse Venancinho, o menor.
Vera, a filha mais velha, tinha uma amiga, Nora, que a deixava fascinada com suas histórias de casa. Os pais de Nora viviam brigando. Era um drama. Nora contava tudo para Vera. Às vezes chorava. Vera consolava a amiga. Mas no fundo tinha uma certa inveja. Nora era infeliz. Devia ser bacana ser infeliz assim. O sonho de Vera era ter um problema em casa para poder ser revoltada como Nora. Ter olheiras como Nora.
Vítor, o filho do meio, frequentava muito a casa de Sérgio, seu melhor amigo. Os pais de Sérgio estavam separados. (...) O pai de Sérgio namorava uma moça do teatro. E a mãe
de Sérgio recebia visitas de um senhor muito camarada que sempre trazia presentes para Sérgio.
Venancinho, o filho menor, também tinha amigos com problemas em casa. A mãe de Haroldo, por exemplo, tinha se divorciado do pai do Haroldo e casado com um cara
divorciado. O padrasto de Haroldo tinha uma filha de 11 anos que podia tocar o Danúbio Azul espremendo uma das mãos na axila, o que deixava a mãe do Haroldo louca. A mãe do
Haroldo gritava muito com o marido.
Bacana.
— Eu não aguento mais esta situação — disse Vera, na mesa dramática.
— Que situação, minha filha?
— Essa felicidade de vocês!
— Vocês deviam ter o cuidado de não fazer isso na nossa frente — disse Vítor.
— Mas nós não fazemos nada!
— Exatamente.
Venancinho batia com o talher na mesa e reivindicava:
— Briga. Briga. Briga.
José e Maria concordavam que aquilo não podia continuar. Precisavam pensar nas crianças. Antes de mais nada, nas crianças. Manteriam uma fachada de desacordo, ódio e desconfiança na frente deles, para esconder a harmonia. Não seria fácil. Inventariam coisas. Trocariam acusações fictícias e insultos.
Tudo para não traumatizar os filhos.
— Víbora, não! — gritou Maria, começando a erguerse do seu lugar na mesa com a faca serrilhada na mão.
José também ergueu-se e empunhou a cadeira.
— Víbora, sim! Vem que eu te arrebento. 
Maria avançou. Vera agarrou-se ao seu braço.
— Mamãe. Não!
Vítor segurou o pai. Venancinho, que estava de boca aberta e os olhos arregalados desde o começo da discussão — a pior até então —, achou melhor pular da cadeira e procurar um canto neutro da sala de jantar.
Depois daquela cena, nada mais havia a fazer. O casal teria que se separar. Os advogados cuidariam de tudo. Eles não podiam mais nem se enxergar.
Agora era Nora que consolava Vera. Os pais eram assim mesmo. Ela tinha experiência. A família era uma instituição podre. Sozinha, na frente do espelho, Vera
imitava a boca de desdém de Nora.
— Podre. Tudo podre.
E esfregava os olhos, para que ficassem vermelhos. Ainda não tinha olheiras, mas elas viriam com o tempo. Ela seria amarga e agressiva. A pálida filha de um lar desfeito. Um pouco de pó-de-arroz talvez ajudasse.
Vítor e Venancinho saíam aos domingos com o pai. Uma vez foram ao Maracanã junto com Sérgio, o pai do Sérgio e a namorada do pai do Sérgio, a moça do teatro. O pai do Sérgio perguntou se José não gostaria de conhecer uma amiga da sua namorada. Assim poderiam
fazer mais programas juntos. José disse que achava que não. Precisava de tempo para se acostumar com sua nova situação. Sabe como é.
Maria não tinha namorado. Mas no mínimo duas vezes por semana desaparecia de casa, depois voltava menos nervosa. Os filhos tinham certeza de que ela ia se encontrar com um homem.
— Eles desconfiam de alguma coisa? - perguntou José.
— Acho que não — respondeu Maria.
Estavam os dois no motel onde se encontravam, no mínimo duas vezes por semana, escondidos.
— Será que fizemos o certo?
— Acho que sim. As crianças agora não se sentem mais deslocadas no meio dos amigos. Fizemos o que tinha que ser feito.
— Será que algum dia vamos poder viver juntos outra vez?
— Quando as crianças saírem de casa. Aí então estaremos livres das convenções sociais. Não precisaremos mais manter as aparências. Me beija.
(VERÍSISSIMO, Luiz Fernando. As mentiras que os Homens contam. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000, p.139-142).
01. A partir da leitura do texto, é CORRETO afirmar que a alternativa que representa o seu principal objetivo
comunicativo é:
a) representar, imparcialmente, a configuração familiar dos tempos atuais, pois o narrador não se
compromete ao narrar os fatos.
b) criticar, explicitamente, as influências negativas da vida moderna na estruturação familiar, já que polemiza
as convenções sociais.
c) publicizar um tipo de situação, como o fato dos desencontros familiares, ainda desconhecida da maior
parte da população.
d) construir, por meio da representação de uma circunstância irônica, um olhar crítico em relação à nova
organização familiar.
02. Em relação à abordagem da temática do texto, é INCORRETO afirmar que:
a) infere-se que o título do texto representa os problemas vivenciados no cotidiano familiar.
b) percebe-se (linhas 11-13) uma reação pouco usual dos filhos frente aos seus problemas.
c) constata-se uma desvalorização, por parte do autor, da constituição tradicional de família.
d) observa-se que a questão da convenção social é trazida como ponto de reflexão no texto.
03. Quanto ao gênero do texto em questão, pode-se afirmar que se trata de:
a) conto, já que se apresenta marcado por uma estrutura narrativa configurada por um registro formal e de
pequena extensão.
b) crônica, pois ao narrar uma história, a partir de um fato específico, suscita uma reflexão geral sobre o
tema em uma pequena narrativa.
c) relato, uma vez que há uma estrutura narrativa tradicional com relatos da vida dos personagens, contando
seus anseios e fatos específicos.
d) depoimento, já que se percebe uma estrutura narrativa que contempla os motivos que levaram a que o lar
fosse desfeito.
04. “Vera consolava a amiga. Mas no fundo tinha uma certa inveja. Nora era infeliz. Devia ser bacana ser infeliz
assim.” 
Na passagem acima, a relação semântica que se estabelece entre a segunda e a terceira orações é
semelhante à estabelecida entre as orações:
a) “José e Maria concordavam que aquilo não podia continuar. Precisavam pensar nas crianças.” 
b) “Trocariam acusações fictícias e insultos. Tudo para não traumatizar os filhos.” (linha 47-48)
c) “Maria não tinha namorado. Mas no mínimo duas vezes por semana desaparecia de casa.” (linha 80-81)
d) “Quando as crianças saírem de casa. Aí então estaremos livres das convenções sociais.” (linha 94-95)
05. Leia o trecho abaixo:
“E esfregava os olhos, para que ficassem vermelhos. Ainda não tinha olheiras, mas elas viriam com o tempo.
Ela seria amarga e agressiva. A pálida filha de um lar desfeito. Um pouco de pó-de-arroz talvez ajudasse.”
(linha 68-71)
Os termos sublinhados referem-se, respectivamente, a:
a) olheiras/olheiras.
b) filha/filha.
c) olheiras/filha.
d) filha/olheiras.
06. Considere o trecho a seguir:
“Venancinho, o filho menor, também tinha amigos com problemas em casa. A mãe de Haroldo, por exemplo,
tinha se divorciado do pai do Haroldo e casado com um cara divorciado. O padrasto de Haroldo tinha uma
filha de 11 anos que podia tocar o Danúbio Azul espremendo uma das mãos na axila, o que deixava a mãe
do Haroldo louca. A mãe do Haroldo gritava muito com o marido.
Bacana.” (linhas 25-32)
O termo sublinhado emite um posicionamento da situação descrita por parte:
a) de Venancinho.
b) dos amigos de Venancinho.
c) de Haroldo.
d) do narrador do texto.
PAIVA, M. Minha filha, meu tesouro. O Globo, 21 de novembro de 2007)
Subentende-se, no diálogo entre a filha e o pai, que:
a) há na fala da filha um pedido para sair do castigo, pois ela usa o argumento da impunidade.
b) há na fala do pai uma insinuação de que a filha definitivamente não sairá do castigo.
c) há na fala do pai uma tentativa de convencimento da permanência da filha no castigo.
d) há no título da charge uma preocupação do pai com a formaçãoda personalidade da filha.
CULUNI 2013
Leia o texto a seguir e com base nele responda às questões 01 e 02. 
Texto 1 Algumas marcas do nosso tempo 
Todas as épocas têm as suas marcas – positivas e negativas. Quem viveu entre as duas grandes guerras do século 20 certamente foi afetado pela insanidade do fascismo e do nazismo, a crueldade do humano exposta nos campos de extermínio e nas bombas atômicas jogadas em Hiroshima e Nagasaki. O saldo ficou nos milhões de mortos e dilacerados – marcas vivas até hoje nos sobreviventes e seus descendentes. 
É difícil afirmar que os males da Idade Média tenham sido mais fortes do que os atuais. Ou que o começo do capitalismo, nos séculos 18 e 19, tenha sido menos penoso para o trabalhador do que hoje. Sem entrar pelo caminho da comparação e da escala de valores, o que parece relevante para todos, cada qual no seu tempo, é a possibilidade de poder identificar, conhecer, analisar, debater e estabelecer a devida consciência sobre o que mais pesa sobre o ser humano e a sociedade – em cada momento da história da humanidade. 
Foi com essa preocupação — a de mapear alguns dos chamados ―males do mundo atual – que a revista Caros Amigos tratou de reunir, nesta edição especial, reportagens sobre várias questões e aspectos da vida hoje, em boa parte do Planeta. O levantamento inclui, evidentemente, tudo aquilo que perturba, causa sofrimento, gera impotência e caminha na direção contrária do bem estar de todos. Tem a ver com o sistema político, as escolhas culturais, sociais e econômicas — e com todo jogo de poder e de interesses que determina o destino das sociedades. 
As matérias tratam da saúde física e mental, da estética, do trabalho, do costume, da ideologia, da crença, da comunicação, da química, da virtualidade, da cultura — e de tudo aquilo que abrange as atividade humanas. Entre tantos outros males do modo de vida atual, ganham força a ideologia neoliberal, que colocou o lucro e o sucesso pessoal acima de todos os outros valores, e a mistificação tecnológica, que se tornou ferramenta imprescindível para o duplo papel de proporcionar satisfação e dependência, com danos cada vez mais evidentes. 
O esforço editorial da Caros Amigos visa o levantamento de questões, o conhecimento da realidade e o estímulo democrático ao debate. Entendemos que, assim, conscientemente, poderemos refletir sobre propostas e alternativas que tratem de superar os Males do Mundo Atual. 
Vamos em frente. Boa leitura. 
(Caros Amigos, ano XVI, julho 2012, Editora Casa Amarela, p. 3.) 
01. É CORRETO afirmar que predomina no texto: a) o caráter narrativo, uma vez que apresenta progressão temporal de fatos, com o objetivo de expor ao leitor uma circunstância. b) o caráter expositivo, visto que seleciona fatos e informações com a finalidade de tornar público o assunto em questão. c) o caráter argumentativo, já que o texto apresenta uma visão subjetiva do tema e o desejo de convencer o leitor a respeito da mesma. d) o caráter injuntivo, pois observa-se, claramente, a intenção do autor de impor ações e pensamentos específicos aos seus leitores.
02. Observe atentamente a tira abaixo e faça o que se pede:
A partir da visão do mundo contemporâneo observada na tira acima e no texto 1, é CORRETO afirmar que: a) a tira representa alguns dos tópicos relacionados no texto 1, a saber: escolhas culturais, ideologia, comunicação e virtualidade – simbolizados por meio da composição imagética da tira. b) as relações sociais e as formas de comunicação modernas são abordadas como temática principal em ambos os textos, por meio de formas de linguagens distintas (linguagem não-verbal e verbal). c) a tira e o texto 1 tratam de temáticas diferentes, sem possibilidades de estabelecer relações, visto que o texto aborda questões político-ideológicas, enquanto a tira representa o fanatismo religioso. d) a visão neutra e uma representação otimista da democracia e da liberdade de escolha da sociedade contemporânea são percebidas em ambos os textos.
Leia os textos 2 e 3 e com base neles responda às questões 03 e 04.
Texto 2 O mundo que tudo vê 
O romance 1984 do escritor inglês George Orwell, publicado pela primeira vez em 1949 e adaptado para o cinema na década de 1980, retrata um futuro nada improvável, no qual a humanidade vive sob um regime totalitário sustentado por um enorme aparato midiático. Os indivíduos circulam por uma cidade impregnada de rádios, cartazes e "teletelas" (espécie de televisão que permite a população assistir determinadas programações e ao governo observar 24 horas por dia cada passo dos cidadãos por meio do personagem chamado "Big Brother") que garantem um constante fluxo de informação alienante controlada pelo Estado. O livro é considerado pioneiro até hoje por antecipar o que seria (ou o que pode vir a ser) a chamada "sociedade das imagens": excesso de informação, vigilância e controle absoluto sobre a vida das pessoas. (...) 
Seja na perseguição intransigente dos paparazzi aos astros de Hollywood, no polêmico vazamento de fotos íntimas de atores e atrizes na internet ou nas inocentes entrevistas concedidas aos programas de fofoca, a cobertura dos meios de comunicação de massa impõe a midiatização de todas as esferas da vida humana — e não só a das celebridades. "O perigo é quando os valores de uma sociedade inteira passam pelo mesmo crivo e todos precisam "dar a cara a bater" num facebook da vida", questiona Silvio. De fato, hoje, com a popularização de dispositivos digitais como celulares, smartphones, Iphones, Ipads, todos podem ser, em certa medida, observadores e observados, mesmo que isso signifique a superexposição da própria imagem. (...) 
(CRUZ, Rodrigo. O mundo que tudo vê. Caros Amigos, ano XVI, Julho 2012, Editora Casa Amarela, p. 24.)
Texto 3
(GOMES, Clara. Bichinhos de jardim. Jornal Hoje em Dia, Belo Horizonte, 24 jul. 2012, seção Cultura, p. 8.) 
03. A partir da leitura dos textos 2 e 3, analise as proposições abaixo: I. O texto 3 é uma crítica ao caráter subversivo e apolítico da vida virtual na contemporaneidade, já que a personagem enfatiza tais posturas. II. O texto 2, ao discorrer sobre a atual sociedade das imagens, usa como um dos seus recursos de construção textual a intertextualidade. III. O pronome “nesse”, presente no primeiro quadrinho da tira de Clara Gomes, tem a função linguística explícita de retomada textual. IV. No trecho do texto 2: “De fato, hoje, com a popularização de dispositivos digitais [...], todos podem ser, em certa medida, observadores e observados [...].”, o autor emite sua opinião sobre o assunto. Está CORRETO o que se afirma apenas em: a) I e II. b) III e IV. c) II e IV. d) I e III.
04. Releia o trecho abaixo, extraído do texto 2, e faça o que se pede em seguida: ―Seja na perseguição intransigente dos paparazzi aos astros de Hollywood, no polêmico vazamento de fotos íntimas de atores e atrizes na internet ou nas inocentes entrevistas concedidas aos programas de fofoca, a cobertura dos meios de comunicação de massa impõe a midiatização de todas as esferas da vida humana — e não só a das celebridades. (linhas 8-10) No trecho acima, os adjetivos usados para caracterizar os substantivos “perseguição”, “vazamento” e “entrevistas” representam, no texto, uma: a) especulação das pessoas em geral. b) visão pessoal do autor do texto. c) característica inerente a tais substantivos. d) constatação das pessoas envolvidas.
Leia o texto a seguir e com base nele responda às próximas questões. 
Texto 4 O direito à literatura 
Cada sociedade cria as suas manifestações ficcionais, poéticas e dramáticas de acordo com os seus impulsos, as suas crenças, os seus sentidos, as suas normas, a fim de fortalecer em cada um a presença e atuação deles. 
Por isso é que nas nossas sociedades a literatura tem sido um instrumento poderoso de instrução e educação, entrando nos currículos, sendo proposta a cada um como equipamento intelectual e afetivo. Os valores que a sociedade preconiza, ou os que considera prejudicial, estão presentesnas diversas manifestações da ficção, da poesia e da ação dramática. A literatura confirma e nega, propõe e denuncia, apoia e combate, fornecendo a possibilidade de vivermos dialeticamente os problemas. Por isso é indispensável tanto a literatura sancionada quanto a literatura proscrita; a que os poderes sugerem e a que nasce dos movimentos de negação do estado de coisas predominantes. 
A respeito destes dois lados da literatura, convém lembrar que ela não é uma experiência inofensiva, mas uma aventura que pode causar problemas psíquicos e morais, como acontece com a própria vida, da qual é imagem e transfiguração. Isto significa que ela tem papel formador de personalidade, mas não segundo as convenções; seria antes segundo a força indiscriminada e poderosa da própria realidade. Por isso, nas mãos do leitor o livro pode ser fator de perturbação e mesmo de risco. Daí a ambivalência da sociedade em face dele, suscitando por vezes condenações violentas quando ele veicula noções ou oferece sugestões que a visão convencional gostaria de proscrever. No âmbito da instrução escolar o livro chega a gerar conflitos, porque o seu efeito transcende as normas estabelecidas. 
Numa palestra feita há mais de 15 anos em uma reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência sobre o papel da literatura na formação do homem, chamei a atenção entre outras coisas para os aspectos paradoxais desse papel, na medida em que os educadores ao mesmo tempo preconizam e temem o efeito dos textos literários. De fato (dizia eu), há ―conflito entre a idéia convencional de uma literatura que eleva e edifica (segundo os padrões oficiais) e a sua poderosa força indiscriminada de iniciação na vida, com uma variada complexidade nem sempre desejada pelos educadores. Ela não corrompe nem edifica, portanto; mas, trazendo livremente em si o que chamamos o bem e o que chamamos o mal, humaniza em sentido profundo, porque faz viver. 
(CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: Vários Escritos. 5. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2012. p.175-176.) 
06. A partir da leitura do texto 6, de Antonio Candido, é CORRETO afirmar que, para o autor, o texto literário: a) traz em sua composição estética uma visão crítica da realidade, com o intuito de formar opiniões de valor moral em seus leitores, sejam eles adultos ou não. b) é imprescindível na formação pedagógica e familiar, visto que conserva em si os valores de seu tempo, preservando sempre a ética e os valores sociais. c) tem como caráter essencial a representação da sociedade de seu tempo, com todas as suas qualidades e vícios, de forma a proporcionar uma visão crítica ao leitor. d) busca estar em consonância com as ideologias oficiais de seu tempo, com o objetivo de perpetuar o pensamento construído por determinado grupo social. 07. No texto 6, pelos discursos que a qualificam, só NÃO é um papel atribuído à literatura: a) inquietar o leitor, para que ele repense a realidade. b) representar o seu tempo de produção. c) existir como um meio de instrução e educação. d) ignorar temas licenciosos e polêmicos.
08. Leia os fragmentos abaixo, retirados do texto 4: 
A. “[...] Os valores que a sociedade preconiza, ou os que considera prejudicial, estão presentes nas diversas manifestações da ficção, da poesia e da ação dramática.[...] B. “[...] Isto significa que ela tem papel formador de personalidade, mas não segundo as convenções; seria antes segundo a força indiscriminada e poderosa da própria realidade.[...]‖ (linhas 11-12) C. “[...] De fato (dizia eu), há ―conflito entre a ideia convencional de uma literatura que eleva e edifica (segundo os padrões oficiais) [...]‖ (linhas 18-19) Sobre tais fragmentos, foram feitas as seguintes afirmativas: I. Nos três fragmentos os termos destacados referem-se a outros termos já mencionados. II. No fragmento “A” o termo destacado é um pronome relativo. III. Apenas no fragmento “B” o termo destacado é um pronome relativo. IV. Os termos destacados são conectores. Está CORRETO o que se afirma apenas em: a) II e IV. b) I e II. c) III e IV. d) I e III. 09. Releia o seguinte trecho do texto de Antonio Candido: ―Os valores que a sociedade preconiza, ou os que considera prejudicial, estão presentes nas diversas manifestações da ficção, da poesia e da ação dramática.‖(linhas 4-6) O termo destacado acima pode ser substituído, sem alteração significativa de sentido, por: a) impõe. b) inflige. c) impele. d) enaltece. 10. Dentre os trechos poéticos abaixo, assinale aquele que representa a ideia central do texto de Antonio Candido sobre o papel do texto literário: a) “Não faças versos sobre acontecimentos./Não há criação nem morte perante a poesia. Diante dela, a vida é um sol estático,/não aquece nem ilumina./As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam./Não faças poesia com o corpo,/esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica”. (Carlos Drummond de Andrade, A procura da poesia) b) “Dizem que finjo ou minto/Tudo que escrevo. Não. /Eu simplesmente sinto/Com a imaginação./Não uso o coração./Tudo o que sonho ou passo,/O que me falha ou finda,/ É como que um terraço/Sobre outra coisa ainda./Essa coisa é que é linda”. (Fernando Pessoa, Isto) c) "Somos os filhos da época, e a época é política./Todas as coisas - minhas, tuas, nossas,/coisas de cada dia, de cada noite são coisas políticas./Queiras ou não queiras, teus genes têm um passado político./ Mesmo caminhando contra o vento dos passos políticos sobre solo político./Poemas apolíticos também são políticos,/e lá em cima a lua já nao dá luar”. (Wislawa Szymborska. Os filhos da época) d) “Assim eu quereria o meu último poema./Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais/Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas/Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume/A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos/A paixão dos suicidas que se matam sem explicação”. (Manuel Bandeira, O último poema)
COLUNI 2014
Analise os textos abaixo para responder as questões 1 e 2. 
Texto 
I miserável (latim miserabilis, -e) adj. 2 g. 1. Que é muito pobre. ≠ ABASTADO, OPULENTO, RICO 2. Que não tem valor. = INSIGNIFICANTE, RELES 3. Que tem dimensões muito pequenas. = ÍNFIMO adj. 2 g. s. 2 g. 4. Que ou quem vive na miséria. = INDIGENTE, POBRE 5. Que ou o que desperta compaixão. = DESGRAÇADO, INFELIZ, MÍSERO ≠ FELIZ 6. Que ou o que inspira desprezo. = DESPREZÍVEL, TORPE, VIL 
(FERREIRA, A.B.H. Aurélio século XXI: o dicionário de Lingua Portuguesa. 3 ed. Ver. E ampl. Rio e Janeiro: Nova Fronteira, 1999.)
Texto II
01. Analisando a definição de Miserável no texto I e os efeitos de sentido sugeridos no texto II é CORRETO afirmar que: I - o significado 1 do primeiro texto é confirmado na oração “Somos isentos porque somos miseráveis...” II - o significado 3 do primeiro texto é explicitado em “(...) miseráveis porque somos isentos.” III - o significado 1 do primeiro texto é confirmado na oração “Somos isentos porque somos miseráveis”, assim como o significado 2 do primeiro texto é confirmado em “(...) miseráveis porque somos isentos”. Estão CORRETAS as afirmativas: a) I, II e III. b) I e II, apenas. c) I e III, apenas. d) III, apenas.
02. Observe o enunciado abaixo: Discordo do nobre colega... A Miséria é um bem inalienável. Assinale a alternativa em que a substituição da palavra destacada NÃO traz prejuízo de sentido: a) indiscutível b) insustentável c) insubstituível d) intransferível
Leia os dois textos abaixo, referentes às questões 3, 4 e 5, os quais abordam um assunto em comum: miséria. 
I - “Vivia para a família. Falava pouco, tinha o semblante pensativo. Quando comia, muitas vezes a irmã tirava o melhor pedaço do seu prato para dar a uma das crianças, e ele sempre permitia. Mas seu trabalho e o da irmã eram insuficientes para sustentar uma família tão grande. A miséria aumentou. Certo ano, em um inverno rigoroso, Jean Valjean não encontrou trabalho. A família ficou sem pão. Sem pão. Exatamente como está escrito. Sete crianças.Em uma noite de domingo, o padeiro da aldeia ouviu uma pancada na vidraça gradeada. Correu. Chegou a tempo de ver um braço passando por uma abertura feita por um murro na vidraça. O braço pegou um pão. O padeiro perseguiu o ladrão, que tentava fugir. Era Jean Valjean.” (Cap.3. O Roubo) 
II - “Sem dinheiro, homem é preso após roubar leite para alimentar filha recém-nascida. Policiais ainda tentaram pagar o produto, mas a gerência de supermercado não aceitou. Um homem foi preso na tarde da segunda-feira, (29), acusado de roubo em um supermercado localizado em um dos trechos da Avenida Durval de Góes Monteiro, no bairro do Tabuleiro, parte alta de Macéio. Edilson José da Silva Júnior, 27, sem residência fixa, foi preso acusado de ter roubado três pacotes de leite em pó do estabelecimento. Em depoimento, na Central da Polícia, Edilson revelou que não tinha dinheiro e sem opção em conseguir alimento para uma filha recém-nascida, foi „obrigado‟ a roubar. Mas a versão do preso não sensibilizou a gerência do supermercado que não retirou a queixa e Edilson terminou autuado em flagrante pelo crime de roubo.” (Disponível em: http://wwwriachueloemacao.blogspot.com.br/2012/10/homem-foi-preso-apos-ter-roubado-uma.html. Acesso em: 02 jul.2013.)
 03. Em contraste com o texto II, na estruturação do texto I, destacam-se: a) a construção de oposições semânticas e o emprego recorrente de figuras de linguagem, como a metonímia. b) a apresentação e a descrição das ações do personagem principal de maneira objetiva e sintética. c) o emprego sistemático de orações coordenadas de forma a dar dinamismo às ações e emoções descritas. d) o uso de períodos longos e de orações subordinadas gerando uma narrativa mais densa e elaborada. 
04. No texto I, o narrador manifesta a sua indignação em relação às difíceis circunstâncias vividas pela família. Tal sentimento fica claramente expresso no trecho: a) “Vivia para a família. Falava pouco, tinha o semblante pensativo.” b) “A família ficou sem pão. Sem pão. Exatamente como está escrito.” c) “[...] o padeiro da aldeia ouviu uma pancada na vidraça gradeada.” d) “[...] em um inverno rigoroso, Jean Valjean não encontrou trabalho.”
05. Quando se trata de escrever uma história, não é raro que se faça confusão entre narrativa e relato. Em ambos se encontram elementos comuns, entretanto algumas particularidades definem as estratégias comunicativas desses gêneros. Em relação aos fragmentos dos textos I e II é CORRETO afirmar que: a) o texto I é uma narrativa ficcional, enquanto o texto II é um relato porque caracteriza-se pela apresentação ou enumeração de informações básicas sobre um acontecimento. b) Os textos I e II são exemplos de narrativas ficcionais porque têm um episódio, uma mudança de fatos na sequência temporal entre as ações dos personagens que atuam naquela determinada história. c) O texto I é um exemplo de relato, enquanto o texto II trata-se de uma narrativa ficcional pois tem um enredo, ou seja, conjunto de fatos que se sucedem, desencadeando em conflitos, com personagens, tempo e espaço. d) Os dois textos são caracteristicamente exemplos de relatos pois apresentam informações sobre fatos e acontecimentos e isso nos permite identificar uma característica e uma função do relato: a de informar. 06. Leia os textos abaixo e responda a questão 
6. “Os Miseráveis, a narrativa que você vai ler agora, foi publicada pela primeira vez, na França, em 1862. Transformou-se logo em grande sucesso. Foi traduzida para diversas línguas. Percorreu o mundo. É uma história com forte cunho social, mas o enredo, em que um ex-prisioneiro é perseguido sem tréguas por um inspetor fanático, tem elementos de trama policial. Jean Valjean, o herói, foi condenado a trabalho forçado por roubar um pão para a família faminta. Cumpriu pena. Mesmo assim, para fugir de seu perseguidor e se reabilitar, precisou trocar de identidade.” 
(Ligia Cademartori, p. prefácio) 
“A França de 1789 era um país rural. Havia 23 milhões de camponeses no país, com 26 milhões de habitantes. [...] A pobreza dos camponeses parecia maior ainda quando comparada à vida de luxo dos nobres. [...] se faltava comida no campo, imagine na cidade. A fome atingia duramente os trabalhadores urbanos, os sans-culotte, que eram os operários, artesãos, donos de pequenos negócios, como oficinas. Quando havia crise no campo e o abastecimento piorava, eles eram as principais vítimas. O pão se tornava caro e escasso. [...] o pão era a base das refeições diárias dos pobres. 
(SCHMIDT, M.F. Nova História Crítica. 1 edição. São Paulo: Editora Nova Geração, 2011, p.279-280.) 
Os textos sugerem que o roubo do pão, na obra, não se trata de uma construção metafórica porque o alimento era a base das refeições diárias dos pobres. Quando faltava pão, faltava comida. É CORRETO afirmar que o léxico pão na obra tem o mesmo sentido que na expressão: a) O pão é primordial à vida! b) Trabalha para adquirir o pão. c) Carlos Frederico é um pão. d) Ele comeu o pão que o diabo amassou.
COLUNI 2015
Leia esta crônica de Moacyr Scliar para responder às questões 1 e 2. 
TEXTO I 
Os adolescentes e a solidão 
Há coisa pior que a solidão na adolescência? Parece que não, a julgar por uma pesquisa feita pela professora Oraides Regina Alves (Porto Alegre). A professora Oraides, como outros professores e professoras deste Estado, desenvolve, em condições nem sempre fáceis, um trabalho criativo e ao mesmo tempo revelador. Baseando-se numa reportagem da revista Nova Escola, ela perguntou aos alunos o que era, para eles, solidão. 
As respostas são interessantes porque falam muito sobre os jovens contemporâneos do Mamonas Assassinas. "Solidão é vir à aula na sexta-feira", diz Rodrigo, para quem, parece, todos os fins de semana são prolongados. "Sentir-se sozinho num túnel sem aquela luzinha no final, diz Giovani, a melhor descrição de estado depressivo que já vi. Vitor Hugo dá à sua resposta uma dimensão social: para ele, solidão "é ver que a fome e a miséria estão tomando conta do nosso país". Celiana, para quem solidão é "escrever poemas de amor e não ter a quem dar", vinga-se do destino: depois de brigar com o namorado, a melhor coisa é "caminhar de salto alto para incomodar os vizinhos do andar de baixo". Eu não gostaria de morar nesse edifício. 
O futebol também entra. Para Vitor Hugo, solidão é ser colorado, enquanto o Ederson, que, evidentemente, torce para o mesmo time, diz que se sente solitário quando tem de assistir a uma decisão do Grêmio sozinho. Ainda dentro do item jogos e esportes, o Roger diz que solidão é estar com o videogame queimado (e pelo tempo que funcionam, os videogames devem queimar muito). A propósito, o Everton tem uma velada queixa contra a Companhia de Energia Elétrica: ele sente solitário quando "está sozinho e falta luz". 
Há depoimentos comoventes. Solidão, diz a Tatiane, “é deitar na cama e beijar o travesseiro”, ou, no plano familiar, “sentar a mesa e ver um único prato”. Solidão, diz a Patrícia, é “saber que mais dia, menos dia, meus pais vão se separar”. Solidão, diz Ederson, é “estar doente e ninguém vir lhe visitar”, “ter um pai que não liga a mínima para você”, diz Mariana. “Acordar e não ter a quem dizer bom dia”, acrescenta Odete. 
Solidão é triste em qualquer idade. Mas na adolescência parece ser pior. O mundo será melhor quando os adolescentes não mais se sentirem sós. 
(Disponível em: http://goo.gl/KLJ4Ku. Acesso em: 09 set. 2014. Adaptado.)
01. O principal propósito comunicativo desse texto é: a) criticar a forma contraditória como os adolescentes definem solidão. b) refletir sobre a relação que os jovens de hoje estabelecem com a solidão. c) divulgar os resultados de uma pesquisa sobre adolescência e solidão. d) promover uma discussão sobre o comportamento dos adolescentes. 
02. No texto, a voz dos adolescentes contribui, principalmente, para: a) garantir a veracidade dos resultados da pesquisa descrita. b) evidenciar o modo particular como cada um vivencia a solidão. c) esclarecer o posicionamento dos adolescentessobre solidão. d) sustentar a ideia de que a solidão é própria da adolescência.
05. Marque a alternativa em que a palavra porção NÃO foi empregada com sentido semelhante ao da situação enunciativa: “- Quando eu nasci, a minha mãe e o meu pai não tinham dinheiro nem pra comprar um berço. - Quando eu nasci, a minha mãe comprou sete: cada dia da semana eu dormia num. - Pra que? - Pra já ir me acostumando a ter uma porção de tudo”. a) “É que desde que eu nasci me acostumaram a ter uma porção de nada.” b) “Tudo bem pouco. Mas fartura de filho: uma porção.” c) Isso aconteceu uma porção de vezes. d) A velha tomou guaraná, comeu uma porção de torta, sanduíches, e continuou comendo.
COLUNI 2016
Leia fragmentos desta entrevista com Marina Colasanti para responder às questões de 1 a 5. 
TEXTO I 
Viajante literária 
A escritora Marina Colasanti nasceu num pequeno país no norte da África, chamado Eritreia, na época uma colônia italiana. Durante a Segunda Guerra Mundial, passou parte da infância na Líbia e depois na Itália. Da guerra, ela traz lembranças várias, como em um trecho do seu livro “Minha Guerra Alheia”, em que fala do silêncio das bombas caindo ao seu redor. 
Aos 10 anos, chegou ao Rio de Janeiro com os pais e, a partir daí, fez do Brasil sua segunda pátria. Com mais de 50 obras publicadas, há quatro décadas Marina vem deixando sua marca na literatura brasileira. A sua produção é marcada pela diversidade: ficção infantil e juvenil, textos e ensaios jornalísticos, contos e minicontos para adultos, crônica, poesia e, mais recentemente, memória. 
Ganhadora de dezenas de prêmios literários, entre eles sete Jabutis, ela definitivamente é uma mulher do seu tempo, e suas opiniões são dignas de nota e reflexão. Como filha da guerra, a escritora continua viajando para mil e um lugares. Mas agora não para fugir das bombas, mas para encontrar leitores. Que, felizmente, não são poucos. Confira trechos da entrevista exclusiva para o Correio do Estado feita durante o Festival Literário de Araxá (MG). 
Mesmo com uma carreira tão consolidada, a senhora ainda tem incrível disposição para viajar pelo Brasil, frequentando festivais e feiras literárias? Claro. Primeiro porque eu sou uma viajante. Se você me trancar numa cidade só fico pra morrer. Por questões biográficas, por tudo. Segundo porque no Brasil os livros viajam com você. O Brasil é um país de poucas livrarias. E sem isto, a distribuição dos livros fica problemática. Com este advento das feiras literárias, criou-se outra rede que leva os livros país afora. Agora, feiras de livros são iguais a shopping centers: cidade que não tem uma está por fora, é uma barbárie (risos). A gente viaja para formar leitores, fazer contato com o público, conversar com universitários. 
Em sua opinião, as pessoas estão gostando mais de ler? Há muitos anos, estamos trabalhando para obter leitores e, agora, entrou um diferencial que é a internet, então muita gente diz que ela toma muito tempo dos meninos, que eles vivem colados nos aparelhos e não vão mais ler. Mas, na verdade, a internet, embora tome muito tempo e faça com que eles se acostumem com uma linguagem que evidentemente é precária – falar com emoticon é quase voltar às cavernas, né? – há, porém, uma rede muito intensa de jovens leitores de sites literários, de blogs com críticas de literatura, intercâmbio de contos e poesias e há um amplo acesso aos clássicos. Todo patrimônio literário clássico está disponível gratuitamente. Isto é uma tremenda ajuda para o jovem que quer ler. 
Quando você editava a Revista Nova, publicação de vanguarda na época, você era considerada feminista. Você ainda é feminista? Sou feminista até hoje. O feminismo pra mim é uma maneira de olhar o mundo, de se colocar no mundo. Eu não poderia me conceber intelectual, escritora – até porque eu não escrevo pra divertir nem distrair ninguém – se eu não refletisse sobre a minha colocação no mundo. E a minha colocação no mundo é de uma mulher. Que é diferente da colocação de um homem. Temos um amigo que diz: “As mulheres vem de outro macaco”. Somos realmente “de outro macaco”. E o mundo está equalizado de tal maneira que até hoje as diferenças são enormes. E até hoje, quando há guerra, epidemia no mundo, as primeiras atacadas são as mulheres. Agora, por exemplo, no Cazaquistão, estão abortando as meninas. Não deixam nem nascer. Como ser uma mulher que quer pensar o mundo e não pensar nesta questão de base? Eu trabalhei numa revista durante 20 anos como editora de comportamento. Tinha que refletir sobre a questão, estudei muito sobre isto e isto não sai de você. 
Você, como grande leitora que é, poderia indicar três livros fundamentais para quem está começando a ler? Não tenho a menor ideia. Os livros fundamentais não são aqueles que a gente considera fundamental. Cada livro conquista o leitor em um determinado momento e de uma forma, de uma maneira profunda e por razões que nem ele nem o autor jamais saberão explicar. E este momento, esta epifania, faz esse livro ser fundamental para esse leitor. Ninguém pode saber qual é este livro. Então como fazer leitores? Colocando muitos livros a sua disposição, para que ele vá descobrindo o que lhe agrada. 
(HILCAR, Theresa. Viajante literária. Correio do Estado, Belo Horizonte, 15 set. 2015. Adaptado.)
01. O principal propósito comunicativo do texto é: a) divulgar as opiniões e a reflexão de Marina sobre o atual momento da leitura no Brasil. b) relatar as viagens feitas por Marina pelo interior do Brasil para divulgar seus livros. c) narrar os acontecimentos que marcaram a vida pessoal e profissional de Marina Colasanti. d) criticar as diferenças sociais existentes nos papeis desempenhados por homens e mulheres. 
02. Um dos temas abordados na entrevista é a relação dos jovens com a leitura. Sobre essa questão, Marina enfatiza que: a) a leitura de textos literários na internet torna precária a linguagem dos jovens. b) a leitura de clássicos é aconselhável para os jovens que estão começando a ler. c) a relação com os livros se faz de maneiras diferentes para cada jovem leitor. d) a escolha dos livros certos é fundamental para que os jovens gostem de ler. 
03. No texto, a expressão “viajante literária” é utilizada como uma forma de nomear a escritora Marina Colasanti. Sobre o sentido dessa expressão no texto, é INCORRETO afirmar que: a) caracteriza as viagens como literárias, porque as obras de Marina permitem que seus leitores viajem para diferentes lugares. b) qualifica as viagens da autora como literárias, porque Marina viaja para diferentes lugares para apresentar aos leitores suas obras. c) representa a escritora a partir de seu costume de viajar, enfatizando sua disposição em frequentar as feiras e festivais literários. d) associa o hábito de viajar de Marina a sua profissão de escritora, favorecendo a divulgação de suas obras no contexto brasileiro. 
04. O gênero entrevista possui características híbridas que o localizam dentro de um contínuo entre a fala e a escrita. Marque a alternativa que NÃO apresenta marcas de oralidade: a) “Se você me trancar numa cidade só fico pra morrer.” (linha 15) b) “[...] falar com emoticon é quase voltar às cavernas, né?” (linha 24) c) “A gente viaja para formar leitores, fazer contato com o público [...]”(linha 19) d) “Isto é uma tremenda ajuda para o jovem que quer ler.” (linha 26) 
05. Releia o seguinte fragmento do texto: “Como filha da guerra, a escritora continua viajando para mil e um lugares. Mas agora não para fugir das bombas, mas para encontrar leitores. Que, felizmente, não são poucos.” (linhas 10-11) A palavra em destaque serve para indicar que o locutor do texto está: a) satisfeito com o fato de Marina ter muitos leitores. b) incomodado com o sucesso das obras de Marina. c) interessado em ler os livros escritos por Marina. d) preocupado com a divulgação das obras de Marina.
Leia os textos II e III para responder à questão 06. 
TEXTO II 
“E desta vez vai o grito por entre o estilhaçar, subindo, planando, pássaro-grito que no azul se afasta,trazendo atrás de si em revoada frases, cantigas, epístolas, ditados, sonetos, epopeias, discursos e recados, e ao longe – maritacas – um bando de risadas. Sons que no espaço se espalham levando ao mundo a vida do castelo, e que, aos poucos, em liberdade se vão.” 
(COLASANTI, M. Palavras aladas. In:__. Doze Reis e a Moça no Labirinto do Vento. 12. ed. São Paulo: Global, 2006, pp. 92-93.)
TEXTO III
06. Apesar de pertencerem a gêneros diferentes, os textos II e III exploram recursos expressivos semelhantes porque: a) atribuem à linguagem características e ações de seres animados. b) evocam diferentes sensações para representar a linguagem. c) criticam o controle social exercido por meio da linguagem. d) comparam as palavras com animais e com seres humanos.
COLUNI 2017
Leia o texto I para responder às questões de 01 a 04. Texto I As proezas de João Grilo
João Grilo foi um cristão 
Que nasceu antes do dia 
Criou-se sem formosura 
Mas tinha sabedoria 
E morreu depois das horas 
Pelas artes que fazia.
[...]
João Grilo chegou na corte 
Cumprimentou o sultão 
Disse: pronto, senhor rei 
(deu-lhe um aperto de mão) 
Com calma e maneira doce 
O sultão admirou-se 
Da sua disposição.
[...]
- Eu tenho doze perguntas 
Pra você me responder 
No prazo de quinze dias 
Escuta o que eu vou dizer 
Veja lá como se arruma 
É bastante faltar uma 
Está condenado a morrer
[...]
O rei achou muita graça 
Nada teve o que fazer 
João Grilo ficou na corte 
Com regozijo e prazer 
Gozando um bom paladar 
Foi comer sem trabalhar 
Desta data até morrer.
E todas as questões do reino 
Era João que deslindava 
Qualquer pergunta difícil 
Ele sempre decifrava 
Julgamentos delicados 
Problemas muito enrascados 
O João Grilo desmanchava.
Certa vez chegou na corte 
Um mendigo esfarrapado 
Com uma mochila nas costas 
Dois guardas de cada lado 
Seu rosto cheio de mágoa 
Os olhos vertendo água 
Fazia pena o coitado.
Junto dele estava um duque 
Que veio o denunciar 
Dizendo que o mendigo 
Na prisão ia morar 
Por não pagar a despesa 
Que fizera por afoiteza 
Sem ninguém lhe convidar.
João Grilo disse ao mendigo: 
E como é, pobretão 
Que se faz uma despesa 
Sem ter no bolso um tostão? 
Me conte todo o passado 
Depois de ter-lhe escutado 
Lhe darei razão ou não.
Disse o mendigo: sou pobre 
E fui pedir uma esmola 
Na casa do senhor duque 
E levei minha sacola 
Quando cheguei na cozinha 
Vi cozinhando galinha 
Numa grande caçarola.
[...]
- O cozinheiro zangou-se 
Chamou logo seu senhor 
Dizendo que eu roubara 
Da comida seu sabor 
Só por eu ter colocado 
Um taco de pão mirrado 
Aproveitando o vapor.
[...]
João Grilo disse: está bom 
Não precisa mais falar; 
Então pergunto ao duque: 
Quanto o homem vai pagar? 
- Cinco coroas de prata 
Ou paga ou vai pra chibata 
Não lhe deve perdoar.
João Grilo tirou do bolso 
A importância cobrada 
Na mochila do mendigo 
Ela foi depositada 
E disse para o mendigo: 
Balance a mochila, amigo 
Pro duque ouvir a zoada.
O mendigo sem demora 
Fez como o Grilo mandou 
Pegou sua mochilinha 
Com a prata e balançou 
Sem compreender o truque 
Bem no ouvido do duque 
O dinheiro tilintou.
Disse o duque enfurecido: 
Mas não recebi o meu; 
Diz o Grilo: sim senhor 
E foi isto o que valeu 
Deixe de ser caloteiro 
O tinido do dinheiro 
O senhor já recebeu.
- Você diz que o mendigo 
Por ter provado o vapor 
Foi o mesmo que ter comido 
Seu manjar e seu sabor 
Pois também é verdadeiro 
Que o tinir do dinheiro 
Representa seu valor.
[...]
(LIMA, João Ferreira. As proezas de João Grilo. São Paulo: Editorial Cunha Ltda, 1948, p. 03-34. Disponível em: http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=cordelfcrb2&pagfis=21015&pesq=. Acesso em: 26 set. 2016. Adaptado)
01. O texto traz fragmentos do folheto de cordel As proezas de João Grilo. Sobre o gênero Literatura de Cordel, é INCORRETO afirmar que: a) é um texto característico da tradição oral. b) está ligado às tradições culturais regionais. c) tem sua origem na tradição cultural nordestina. d) é estruturado em versos metrificados e rimados.
02. Releia a primeira estrofe do cordel para responder a essa questão. Nessa estrofe, o narrador apresenta João Grilo e anuncia seu nascimento, vida adulta e morte. Nos dois últimos versos, o narrador sugere que o personagem: a) teria condições de enganar até a morte pela sua sabedoria. b) seria muito inteligente, capaz de confundir qualquer sábio. c) seria criativo a ponto de tornar sua morte mais amena. d) viveria eternamente por causa das suas trapaças e mentiras.
03. A última aventura de João Grilo narrada no cordel se passa no reino de um Sultão. Por sua fama ter se espalhado, ele é convidado pelo Sultão para ser aclamado por sua sabedoria. Leia a estrofe que segue na qual João Grilo explica para a corte porque não vai comer o banquete: Esta mesa tão repleta 
De tanta comida boa, 
Não foi posta pra mim Um ente vulgar, à toa – 
Desde a sobremesa à sopa, 
Foi posta pra minha roupa 
E não pra minha pessoa! 
É CORRETO afirmar que esta fala de João Grilo faz uma reflexão sobre: a) a importância de se vestir de forma adequada nas situações sociais que exigem trajes mais formais. b) a supervalorização da aparência em uma sociedade em que as vestes valem mais do que quem as usa. c) a preocupação do governante em promover o desenvolvimento de valores e virtudes junto a seu povo. d) a intolerância das pessoas de classes mais abastadas que desprezam aqueles que se vestem mal.
07. Marque a alternativa que apresenta um caso de eufemismo: a) “Não tem jeito não. Homem governado por mulher é sempre sem confiança!” b) [...] “mas eu pensava que o senhor era muito menos queimado”. c) “Prova de que eu não me importava com a cor, de que o que me interessava...” d) “Mentira, muitas vezes batizei os pretos na frente.” 
Leia o texto II para responder às questões de 08 a 10. 
Texto II […] 
Padre – Peço que desculpe um pobre padre sem muita instrução. Qual é a doença? Rabugem? 
Antônio Moraes – Rabugem? 
Padre – Sim, já vi um morrer disso em poucos dias. Começou pelo rabo e espalhou-se pelo resto do corpo. 
Antônio Moraes – Pelo rabo? 
Padre – Desculpe, desculpe, eu devia ter dito ―pela cauda. Deve-se respeito aos enfermos, mesmo que sejam os de mais baixa qualidade. 
Antônio Moraes – Baixa qualidade? Padre João, veja com quem está falando. A Igreja é uma coisa respeitável, como garantia da sociedade, mas tudo tem um limite! 
Padre – Mas o que foi que eu disse? 
Antônio Moraes – Baixa qualidade! Meu nome todo é Antônio Noronha de Brito Moraes e esse Noronha de Brito veio do Conde dos Arcos, ouviu? Gente que veio nas caravelas, ouviu? 
Padre – Ah bem e na certa os antepassados do bichinho também vieram nas caravelas, não é isso? 
Antônio Moraes – Claro! Se meus antepassados vieram, é claro que os dele vieram também. Que é que o senhor quer insinuar? Quer dizer por acaso que a mãe dele procedeu mal? 
Padre – Mas uma cachorra! 
Antônio Moraes – O quê? 
Padre – Uma cachorra! 
Antônio Moraes – Repita! 
Padre – Não vejo nada de mal em repetir, não é uma cachorra mesmo? 
Antônio Moraes – Padre, não o mato agora mesmo porque o senhor é um padre e está louco, mas vou me queixar ao bispo. [A João.] Você tinha razão. Apareça no Angicos, que não se arrependerá. [Sai.] 
Padre – [Aflitíssimo.] Mas me digam pelo amor de deus o que foi que eu disse. [...] 
(SUASSUNA, Ariano. Auto da compadecida. 35 ed. Rio de Janeiro: Agir, 2005. p. 33-34.) 
08. Neste trecho da peça, ocorre uma divergência entre os personagens quanto à compreensão dos termos destacados. Considerando o gênero do texto, essa confusão de sentidos deve ser analisada como: a) uma incoerência textual, porque a imprecisão da referência dos termos “bichinho” e “cachorra” comprometem a clareza do texto. b) uma ambiguidade lexical, porque o potencial polissêmico das palavras “bichinho” e “cachorra” foram utilizados de forma equivocada no texto. c) um procedimento cômico, porqueos personagens atribuem sentidos distintos para os termos, o que permite um efeito humorístico. d) um processo de nomeação e caracterização, pois os termos revelam o julgamento moral do padre sobre os parentes de Antônio Moraes. 
09. O nome “bichinho” está no grau diminutivo. Sobre os efeitos de sentido do uso desse diminutivo no texto, é CORRETO afirmar que: a) faz referência a um cachorro de tamanho pequeno. b) demonstra o desprezo que o padre tinha pelos animais. c) revela sentimento de afeição do padre em relação ao cachorro. d) denota o tom irônico do padre ao se referir ao animal.

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