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CO Diversidade (conceito)

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2.2 Diversidade
	
Falar de diversidade é falar sobre nós mesmos, e os outros, na relação que estabelecemos, nas nossas próprias características, história, cultura, o que temos aprendido ao longo da vida, o que nossa percepção tem nos feito observar e o que pode estar deixando de lado 
(BULGARELLI, R., 2008, pág. 34)
	A citação acima é parte de um livro "Diversos somos todos" com uma abordagem um tanto infantil, mas que em sua simplicidade, assim como o trecho escolhido, resume bastante o conceito de diversidade. E, ao mesmo tempo em que o autor faz esse apelo às características que cada indivíduo apresenta, ele faz um paralelo com discurso de igualdade, que "todas as pessoas nascem iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade” (ONU, 1948 apud BULGARELLI, 2008)
	Muitos autores consideram que antes de falar sobre a diversidade, é necessário um breve contexto sobre o que é a identidade. Carvalho e Funari (2010) a correlaciona com memória e patrimônio, em sua publicação, ou seja, com a cultura, costume e país em que a pessoa está inserida. A partir dessa memória desses costumes, o indivíduo desenvolve suas características que se assemelham às de seu país, região de origem.
	Desse modo, Carvalho e Funari (2010) discutem sobre a aparência inflexível dessa identidade, ao ser vinculada com a coletividade do local de origem, o que não é verdadeiro, pois não seria possível responder questões mais subjetivas como "quem eu quero ser" (Woodward, 2000 apud CARVALHO E FUNARI, 2010). A identidade, pois, é maleável e apresenta fluidez e multiplicidade.
	Carvalho e Funari (2010) completam o raciocínio afirmando que "a diversidade, segundo Arantes (2005), permite a elaboração e a construção da diferença e da própria identidade, conceitos que norteiam as relações humanas compostas por conflitos e negociações” (pag.12).
	Oliveira e Rodriguez (2004) definiram diversidade como um "misto de pessoas com identidades grupais diferentes dentro de um mesmo sistema social". Os autores exemplificam as diversas diferenças que existem, como a cultural, religiosa, idade, orientação sexual, modos de pensar e agir, vícios, linguagens. E dentro da área da organização, Oliveira e Rodriguez (2004) ainda citam a criatividade do indivíduo em lidar com situações imprevisíveis e tempo de trabalho dentro da empresa. Todas essas características que compõem a autenticidade de um indivíduo e o caracteriza como um ser único.
	Sodré (2006), em seu artigo para a revista Informácion y Comunicación, cita o filósofo Badiou e suas linhas sobre a “evidente multiplicidade infinita da espécie humana” e a partir, afirma que existem dois problemas ao argumentar sobre a aceitação da convivência com o outro diverso.
	O mesmo autor declara o primeiro problema relacionado ao valor, e como ele é atribuído pelas pessoas, uma vez que cada individuo estabelece o significado e as características do que é valor de acordo com suas convicções e crenças particulares. O segundo problema a ser levado em consideração na diversidade é a diferenciação. Sodré (2006) discorre que a diferenciação é, de certo modo, ponto de partida do preconceito, pois “valem para qualquer forma diversa” (Sodré, 2006, pág. 8). 
E em concordância com Carvalho e Funari (2010), citados acima, Sodré (2006) fala sobre a inflexibilidade que as pessoas atribuem à identidade do outro que é diferente, completando que isso contribui para um mau julgamento, em algumas vezes, de indivíduos que apresentam alguma característica exótica de conhecimento universal. Como exemplo, o próprio autor cita, um homem com turbante na cabeça que logo é admitido como um islamita árabe com determinada visão de mundo.
A discriminação vem do fato de ignorarmos ––– afetivamente, intelectualmente –– que estamos excluindo o outro, o diverso, por não termos possibilidade de lidar existencialmente com a diferenciação
(SODRÉ, 2006, pág. 9).
	Em seu artigo, Sodré (2006) ainda remete aos princípios de violência frente ao que é diverso do que o indivíduo está acostumado. A época das grandes navegações (viagens de descobrimento, guerras de colonização e cristianização), quando as grandes potências procuravam e encontraram locais e matérias-primas, foi o ponto de partida citado pelo autor para essa correlação, num sentido mais moderno da história.
	A “pretensão de ocupar pela força” (SODRÉ, 2006, pág.9), que o autor cita, é relacionado ao encontro de indivíduos que você julga inferior, talvez pelo desconhecimento de seus costumes ou por uma simples arrogância do ser, que hoje persiste, mas de diferente forma, não pela dominação de “regiões mais férteis” (SODRÉ, 2006, pág.9).
	O que se tem hoje são notícias de violência gratuita e discriminação contra a mulher, o homossexual, o negro, o islâmico e outros grupos minoritários. De certo modo, é uma dominação de alguns indivíduos auto-avaliados como superiores e que não enxergam o outro (considerado inferior) como um igual.
	Sodré (2006) remedia essa violência exatamente com o reconhecimento da diversidade humana. Ora, se não existisse essa negação do que é diferente, o resultado seria a não-violência, pois todos seriam vistos como iguais e agraciados com as mesmas oportunidades e tolerância.
	Ou seja, a principal causa da discriminação do que é diferente é a comparação, segundo Sodré (2006), baseado em Kant, que afirma que “o conceito de diversidade é o próprio conceito de comparação”. A nossa sociedade moderna foi criada sobre um alicerce que trata tudo e todos como objetos dotados de valor ou não, inclusive as pessoas. O próprio termo de ser igual e desigual é alcunha dessa sociedade que exerce a comparação para poder subjugar e dominar, de acordo com o autor, ou seja, não existe igual e diferente, somente existe o ser.
Os homens, seres singulares, coexistem em sua diversidade. Cada uma dessas singularidades corresponde, às vezes, à dinâmica histórica de um Outro, um coletivo diverso. Na prática, aquilo que nós experimentamos de uma cultura, principalmente da nossa, é a diversidade de seus repertórios, onde se mostram hábitos, enunciados e simbolizações.
(SODRÉ, 2006, pag.11)
	Ao lembrar que as grandes navegações foram realizadas pelas civilizações europeias, e com isso seus ideais de cultura e costumes foram disseminados no mundo todo, pode-se afirmar que a base comparativa que persiste até hoje, é justamente uma herança dos ideais europeus, segundo Sodré (2006).
	De acordo com mesmo autor, no Brasil, quando questionados socialmente o que significa ser brasileiro, há o encontro de dois significados, fruto da interculturalidade que existe no país: o primeiro baseado nas instituições europeias e o segundo, nas origens africanas e indígenas do povo.
	Sabe-se que o país teve a intensa colaboração dessas duas diferentes bases para se desenvolver e criar hoje uma sociedade miscigenada com diversos elementos. Na cultura do brasileiro, vemos características diversas convivendo, não que isso signifique que não haja violência, muito pelo contrário, ainda há e muitas noticiadas no dia a dia do país.
	Mas, se houvesse uma profunda reflexão, sobre essa colaboração, seria possível ver o Outro como “potência de cooperação radical entre as diferenças” (SODRÉ, 2006, pag.14). Aceitá-las é um passo gigantesco contra a violência frente ao Outro, diverso.
	
	
	
	
	
Referências
BULGARELLI, R. Diversos somos todos. São Paulo. Editora de Cultura, 2008
CARVALHO, A.V., FUNARI P.P., Memória e Patrimônio. Revista Memória em Rede. V.??? p.7-16. 2010
OLIVEIRA, U.R., RODRIGUEZ, M.V. R. Gestão da Diversidade: Além da responsabilidade social, uma estratégia competitiva. XXIV Encontro Nac. de Eng. de Produção - Florianópolis, SC. Santa Catarina, 03 a 05 de nov de 2004
SODRÉ, M., Diversidade e Diferença. Revista Científica Información y Comunicación. V.3, p. 5-15. 2006

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