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17/08/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 1/12 MÓDULO II TEXTO 3 PERÍODO SISTEMÁTICO Esse período tem como principal nome o filósofo Aristóteles de Estagira, discípulo de Platão. 1. PLATÃO Platão, cujo nome verdadeiro era Aristócles, nasceu em Atenas, em 428 ou 427 a.C., em uma família de aristocratas abastados. Dotado de temperamento artístico e dialético. Aos vinte anos, Platão começou a conviver com Sócrates que era quarenta anos mais mais velho do que ele. Durante oito anos, privou de seus ensinamentos e amizade. Depois de sua morte, Platão retirouse com outros socráticos para Euclides, em Mégara. Em Atenas, pelo ano de 387, Platão fundou a sua célebre escola, que, dos jardins de Academo, recebeu o nome de Academia. Seguindo uma veia familiar, Platão interessouse política e pela filosofia política. Tinha aspirações políticas, sob uma perspectiva utopista. Para ele, uma cidademodelo deveria distribuir os seus habitantes em três segmentos: os sábios deveriam pertencem à ordem dos governantes, os corajosos, que deveriam zelar pela segurança, à ordem dos guardiões, e os demais, responsáveis pela agricultura e comércio, fariam parte da ordem dos produtores. Em Atenas, Platão dedicouse inteiramente à especulação metafísica, ao ensino filosófico e à redação de suas obras, atividade que manteve até sua morte. Morreu em 348 ou 347 a.C., com oitenta anos de idade. Platão foi o primeiro filósofo antigo a deixar obras completas. 2. A GNOSIOLOGIA Desde Sócrates, a filosofia tinha um fim prático – moral e Platão inscreveuse na mesma linha. Esse fim prático realizase, no entanto, intelectualmente, através da especulação, do conhecimento da ciência. Enquanto Sócrates debruçouse sobre o campo antropológico e moral, Platão dedicouse à indagação no campo metafísico e cosmológico, ou seja, à própria realidade. O caráter humano em Platão acentuase por sua viva sensibilidade em face do universal viraser, nascer e perecer de todas as coisas; em face do mal, da desordem que se manifesta em especial no homem, onde o corpo é inimigo do espírito, o sentido se opõe ao intelecto, a paixão contrasta com a razão. Para Platão, o espírito humano é um mero prisioneiro na caverna do corpo. Será preciso transpor este mundo e libertarse do corpo para realizar o seu fim, isto é, chegar à contemplação do inteligível, para o qual é atraído por um amor nostálgico, pelo eros platônico. A gnosiologia platônica tem o caráter científico e filosófico. Segundo Platão, o 17/08/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 2/12 conhecimento humano integral fica nitidamente dividido em dois graus: o conhecimento sensível, particular, mutável e relativo, e o conhecimento intelectual, universal, imutável, absoluto, que ilumina o primeiro conhecimento, mas que dele não se pode derivar. Para o pensador, o conhecimento sensível, embora verdadeiro, não sabe que é, donde pode passar indiferentemente o conhecimento diverso, cair no erro sem o saber; ao passo que o segundo, além de ser um conhecimento verdadeiro, sabe que é, não podendo de modo algum ser substituído por um conhecimento diverso, errôneo. Poderseia também dizer que o primeiro sabe que as coisas estão assim, sem saber porque o estão, ao passo que o segundo sabe que as coisas devem estar necessariamente assim como estão, precisamente porque é ciência, isto é, conhecimento das coisas pelas causas. Platão não admite que da sensação particular, mutável, relativa se possa de algum modo tirar o conceito universal, imutável, absoluto; e desenvolvendo, exagerando, exasperando a doutrina da maiêutica socrática, diz que os conceitos são a priori, inatos no espírito humano, donde têm de ser oportunamente tirados, e sustenta que as sensações correspondentes aos conceitos não lhes constituem a origem, e sim a ocasião para fazêlos reviver, relembrar conforme a lei da associação. Platão dá ao conhecimento racional, conceptual, científico, uma base real, um objeto próprio: as ideias eternas e universais, que são os conceitos, ou alguns conceitos da mente, personalizados. Do mesmo modo, dá ao conhecimento empírico, sensível, à opinião verdadeira, uma base e um fundamento reais, um objeto próprio: as coisas particulares e mutáveis, como eram pensadas pelos sofistas. Deste mundo material e contigente, portanto, não há ciência, devido à sua natureza inferior, mas apenas é possível, no máximo, um conhecimento sensível verdadeiro opinião verdadeira que é precisamente o conhecimento adequado à sua natureza inferior. Pode haver conhecimento apenas do mundo imaterial e racional das ideias pela sua natureza superior. Esse mundo ideal, racional no dizer de Platão transcende inteiramente o mundo empírico, material, em que vivemos. 3. A METAFÍSICA AS ALMAS Platão dá à alma humana um lugar e um tratamento à parte, de superioridade, em vista dos seus impelentes interesses morais e ascéticos, religiosos e místicos. Considera a alma humana como um ser eterno. Deve, portanto, a alma humana libertarse do corpo, como de um cárcere; essa libertação, durante a vida terrena, começa e progride mediante a filosofia, que é separação espiritual da alma do corpo, e se realiza com a morte, separandose, então, na realidade, a alma do corpo. A faculdade principal, essencial da alma é a de conhecer o mundo ideal, transcendental: contemplação em que se realiza a natureza humana e da qual depende totalmente a ação moral. Entretanto, sendo que a alma racional é, de fato, unida a um corpo, dotado de atividade sensitiva e vegetativa, deve existir um princípio de uma e outra. 17/08/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 3/12 A alma não encontra no corpo o seu complemento, o seu instrumento adequado, mas a alma está no corpo como num cárcere, o intelecto é impedido pelo sentido da visão das ideias, que devem ser trabalhosamente relembradas e apenas mediante uma disciplina ascética do corpo, que o mortifica inteiramente e mediante a morte libertadora, que desvencilha para sempre a alma do corpo, o homem realiza a sua verdadeira natureza: a contemplação intuitiva do mundo ideal. O MUNDO O mundo material, o cosmos platônico, resulta da síntese de dois princípios opostos, as ideias e a matéria. O dualismo dos elementos constitutivos do mundo material resulta do ser e do não ser, da ordem e da desordem, do bem e do mal, que aparecem no mundo. Da ideia ser, verdade, bondade, beleza depende tudo quanto há de positivo, de racional no viraser da experiência. Da matéria indeterminada, uniforme, mutável, irracional, passiva, espacial depende, ao contrário, tudo que há de negativo na experiência. 4. A TEORIA DO CONHECIMENTO DE PLATÃO Platão deixounos uma vasta obra filosófica que trata de temas diversos dentre os quais a questão do conhecimento merece especial atenção, sobretudo em função da influência que seu pensamento exerce ainda na atualidade, a despeito da significativa contribuição que deixou como legado no tocante a questões que versam sobre democracia, o valor da arte, as virtudes, o bem e a metafísica. Sua buscaé movida pela necessidade de alcançar o conhecimento da verdadeira natureza das coisas. Platão devotase à busca da compreensão da essência das coisas. Vale a ressalva que não se trata de compreender as coisas sensíveis, mas sim a realidade abstrata e essencial. Para o pensador, o homem entre dois mundos, o da aparente realidade e o da realidade verdadeira. É no mundo da realidade aparente que o homem lida com as coisas sensíveis, perpassado pelas opiniões, crença que geram a imperfeição e a imprecisão. O mundo sensível é imperfeito. É somente no mundo das ideias ou formas abstratas que o homem entra em contato com a verdade, sendo a alma o veículo para acessar o conhecimento verdadeiro. Em sua obra, a "República", Platão complementa sua teoria da alma (psyché), conferindolhe funções cognitivas, intelectuais e morais. A Academia de Platão em Atenas “operou”, por assim dizer, de 387 a.C até 529 d.C.; porém, com a decadência de Atenas, a emergência de inúmeras escolas filosóficas e as conquistas de Alexandre, a cultura grega se espalha num movimento que hoje chamamos de Helenismo. 4.1. A razão: inata ou adquirida? Inatismo ou empirismo? 17/08/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 4/12 Qual é a origem dos princípios racionais (identidade, não contradição, terceiroexcluído e razão suficiente)? De onde veio a capacidade para a intuição (razão intuitiva) e para o raciocínio (razão discursiva)? Inatos ou adquiridos pela educação e pelo costume? Seriam algo próprio dos seres humanos ou adquiridos através da experiência? Durante séculos, a Filosofia ofereceu duas respostas a essas perguntas. A primeira ficou conhecida como inatismo e a segunda, como empirismo. O inatismo afirma que nascemos trazendo em nossa inteligência não só os princípios racionais, mas também algumas ideias verdadeiras, que, por isso, são ideias inatas. O empirismo afirma que a razão, com seus princípios, seus procedimentos e suas ideias, é adquirida por nós através da experiência. Em grego, experiência = empeiria. Assim, conhecimento empírico, isto é, conhecimento adquirido por meio da experiência. INATISMO Vamos falar do inatismo tomando dois filósofos como exemplo: o filósofo grego Platão (século IV a.C.) e o filósofo francês Descartes (século XVII). INATISMO PLATÔNICO Platão defende a tese do inatismo da razão ou das ideias verdadeiras em várias de suas obras, mas as passagens mais conhecidas se encontram nos diálogos "Mênon" e "A República". Em "Mênon", Sócrates, ao fazer perguntas a um jovem escravo analfabeto, observa que ele demonstra sozinho um difícil teorema de Pitágoras. Verdades matemáticas surgem em reposta às perguntas de Sócrates que vai raciocinando com ele. Para Platão, se o escravo não houvesse nascido com a razão e com os princípios da racionalidade isso não teria acontecido? O escravo não poderia ter adquirido esse conhecimento por experiência, pois jamais ouvira falar de geometria. Em "A República", Platão desenvolve a teoria à qual se mencionara em "Mênon": a teoria da reminiscência. Nascemos com a razão e as ideias verdadeiras e a Filosofia nada mais faz do que nos relembrar essas ideias. TEORIA DA REMINISCÊNCIA O MITO DE ER O pastor Er, da região da Panfília, morreu e foi levado para o Reino dos Mortos. Ali chegando, encontra as almas dos heróis gregos, de governantes, de artistas, de seus antepassados e amigos. Ali, as almas contemplam a verdade e possuem o conhecimento verdadeiro. Er fica sabendo que todas as almas renascem em outras vidas para se 17/08/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 5/12 purificarem de seus erros passados até que não precisem mais voltar à Terra, permanecendo na eternidade. No caminho de retorno à Terra, as almas atravessam uma grande planície por onde corre um rio, o Lethé (que, em grego, quer dizer esquecimento), e bebem de suas águas. As que bebem muito esquecem toda a verdade que contemplaram; as bebem pouco quase não se esquecem do que conheceram. Aqueles que escolheram vidas de rei, de guerreiro ou de comerciante rico são as que mais bebem das águas do esquecimento; outros, que escolheram a sabedoria, são as que menos bebem. Assim, as primeiras dificilmente se lembrarão, na nova vida, da verdade que conheceram, enquanto as outras serão capazes de lembrar e ter sabedoria, usando a razão. Conhecer é recordar a verdade que já existe em nós; é despertar a razão para que ela se exerça por si mesma, segundo Platão. Sócrates fazia perguntas às pessoas para que elas pudessem lembrarse da verdade e do uso da razão. Platão considerava que o fato de nascermos com a razão e com a verdade é essencial para distinguirmos se nos encontramos diante de uma ideia verdadeira ao encontrála. O INATISMO CARTASIANO Descartes discute a teoria das ideias inatas em várias de suas obras, mas as exposições mais conhecidas encontramse em duas delas: no "Discurso do método" e nas "Meditações metafísicas". Nelas, Descartes mostra que nosso espírito possui três tipos de ideias que se diferenciam segundo sua origem e qualidade: 1. Ideias adventícias: vindas de fora – têm origem em nossas sensações, percepções, lembranças; em nossa experiência sensorial ou sensível das coisas a que se referem. São nossas ideias cotidianas e costumeiras, geralmente enganosas ou falsas, isso não corresponde à realidade das próprias coisas. Ex.: O galho da árvore, à luz da luz, refletido na parede do quarto, a um primeiro olhar, dá origem a imagem de um branco muito comprido que entra pala janela para furtar a caixa de joias sobre uma mesa. 2. Ideias fictícias: são aquelas que criamos em nossa fantasia e imaginação, compondo seres inexistentes com pedaços ou partes de ideias adventícias que estão em nossa memória. Ex.: cavalo alado, fadas, elfos, duendes, dragões, SuperHomem etc. São as fabulações das artes, da literatura, dos contos infantis, dos mitos, das superstições. Nunca são verdadeiras, não correspondem a nada que exista realmente e sabemos que foram inventadas por nós, mesmo quando as recebemos já prontas de outros que as inventaram. 3. Ideias inatas: são aquelas que não poderiam vir de nossa experiência sensorial porque não há objetos sensoriais ou sensíveis para elas, nem poderiam vir de nossa fantasia, pois não tivemos experiência sensorial para compôlas a partir de nossa memória. São inteiramente racionais e só podem existir porque já nascemos com elas. Ex.: a ideia de infinito (pois não temos 17/08/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 6/12 qualquer experiência do infinito) Sobre as ideias inatas, Descartes afirma que: são “a assinatura do Criador” no espírito das criaturas racionais e a razão é a luz natural inata que nos permite conhecer a verdade. são colocadas em nosso espírito por Deus, serão sempre verdadeiras, isto é, sempre corresponderão integralmente às coisas a que se referem, e, graças a elas, podemos julgar quando uma ideia adventícia é verdadeira ou falsa e saber que as ideias fictícias são sempre falsas (ou seja, não correspondem a nada fora de nós), segundo Descartes. são as mais simples que possuímos (simples não quer dizer “fáceis”, e sim não compostas de outras ideias). a mais famosa das ideiasinatas cartesianas é o “Penso, logo existo”. Por serem simples, as ideias inatas são conhecidas por intuição e são elas o ponto de partida da dedução racional e da indução, que conhecem as ideias complexas ou compostas. A TESE CENTRAL DOS INATISTAS Se não possuirmos em nosso espírito a razão e a verdade, nunca teremos como saber se um conhecimento é verdadeiro ou falso, isto é, nunca saberemos se uma ideia corresponde ou não à realidade a que ela se refere. Não teremos um critério seguro para avaliar nossos conhecimentos. O EMPIRISMO Contrariamente aos defensores do inatismo, os defensores do empirismo afirmam que a razão, a verdade e as ideias racionais são adquiridas por nós através da experiência. Antes da experiência, dizem eles, nossa razão é como uma “folha em branco”, onde nada foi escrito; uma “tábula rasa”, onde nada foi gravado. Somos como uma cera sem forma e sem nada impresso nela, até que a experiência venha escrever na folha, gravar na tábula, dar forma à cera. QUE DIZEM OS EMPIRISTAS? Nossos conhecimentos começam com a experiência dos sentidos, isto é, com as sensações. Os objetos exteriores excitam nossos órgãos dos sentidos e vemos cores, sentimos sabores e odores, ouvimos sons, sentimos a diferença entre o áspero e o liso, o quente e o frio etc. AS SENSAÇÕES SE REÚNEM E FORMAM UMA PERCEPÇÃO As percepções, por sua vez, se combinam ou se associam. A associação pode se dar por três motivos: por semelhança, por proximidade ou contiguidade espacial e por sucessão temporal. A causa da associação das percepções é a repetição, ou seja, de tanto algumas sensações se repetirem por semelhança, 17/08/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 7/12 ou de tanto se repetirem no mesmo espaço ou próximas umas das outras, ou, enfim, de tanto se repetirem sucessivamente no tempo, criamos o hábito de associálas. Essas associações são as ideias. As ideias, trazidas pela experiência, isto é, pela sensação, pela percepção e pelo hábito, são levadas à memória e, de lá, a razão as apanha para formar os pensamentos. A experiência escreve e grava em nosso espírito as ideias e a razão irá associálas, combinálas ou separálas, formando todos os nossos pensamentos. Por isso, David Hume dirá que a razão é o hábito de associar ideias, seja por semelhança, seja por diferença. PROBLEMAS DO INATISMO Platão afirmava que a ideia de justiça era inata, vinha da contemplação intelectual do justo em si ou do conhecimento racional das coisas justas em si. Sendo inata, era universal e necessária. Dizia que os seres humanos variam muito nas suas opiniões sobre o justo e a justiça, pois essas opiniões se formam por experiência e esta varia de pessoa para pessoa, de época para época, de lugar para lugar. Por isso mesmo, são simples opiniões. Uma ideia verdadeira, ao contrário, por ser verdadeira, é inata, universal e necessária, não sofrendo as variações das opiniões, que, além de serem variáveis, são, no mais das vezes, falsas, pois nossa experiência tende a ser enganosa ou enganada. A IDEIA PLATÔNICA DA JUSTIÇA MORAL OU POLÍTICA Moralmente, uma pessoa é justa (pratica a ideia universal da justiça) quando faz com que o intelecto ou a razão domine e controle inteira e completamente seus impulsos passionais, seus sentimentos e suas emoções irracionais. Isso se justifica porque o intelecto ou a razão é a parte melhor e superior de nossa alma ou espírito e deve dominar a parte inferior e pior, ligada aos desejos irracionais do nosso corpo. Politicamente, uma sociedade é justa (isto é, pratica a ideia inata e universal de justiça) quando nela as classes sociais se relacionam como na moral. Em outras palavras, quando as classes inferiores forem dominadas e controladas pelas classes superiores. Em outras palavras, a organização social deve ser estabelecida de tal modo a propiciar a prática da justiça. O exemplo mais singular dessa questão é o livro "A República". A sociedade justa cria uma hierarquia ou uma escala de classes sociais e de poderes, nas quais a classe econômica, mais inferior, deve ser dominada e controlada pela classe militar, para que as riquezas não provoquem desigualdades, egoísmos, guerras, violências; a classe militar, por sua vez, deve ser dominada e controlada pela classe política para impedir que os militares queiram usar a força e a violência contra a sociedade e fazer guerras absurdas. Enfim, a classe política deve ser dominada e controlada pelos sábios (a razão), que não deixarão que os políticos abusem do poder e prejudiquem toda a sociedade. Justiça, portanto, é o domínio da inteligência sobre os instintos, os interesses 17/08/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 8/12 e as paixões, tanto no indivíduo quanto na sociedade. A JUSTIÇA MORAL PLATÔNICA Freud, o pai da psicanálise, mostrou que não temos esse poder, que nossa consciência, nossa vontade e nossa razão podem menos que o nosso inconsciente, isto é, do que o desejo. Como uma ideia inata, afinal, perdeu a verdade? O que acontece com a justiça política platônica quando alguns filósofos que estudaram a formação das sociedades e da política mostraram a igualdade de todos os cidadãos e afirmaram que nenhuma classe tem o direito de dominar e controlar outras, e que tal domínio e controle é, exatamente, a injustiça? Como uma ideia inata, afinal, perdeu a verdade? Como uma ideia inata que deveria ter validade universal, ou seja, ser a mesma em todo lugar e em todos os tempos, pode mudar? Se era necessária, indispensável e única, como pôde haver outra capaz de questionála? O avanço no processo do questionamento comprometeu a tese de Platão que definiu a ideia de justiça como inata. O inatismo platônico não se sustentou frente a novos questionamentos. Tomemos, agora, um outro exemplo, vindo da filosofia de Descartes. Descartes considera que a realidade natural é regida por leis universais e necessárias do movimento, isto é, que a natureza é uma realidade mecânica. Considera também que as leis mecânicas ou leis do movimento elaboradas por sua filosofia ou por sua física são ideias racionais deduzidas de ideias inatas simples e verdadeiras. Quando comparamos a física de Descartes com a de Galileu, elaborada na mesma época, verificamos que a física galileana é oposta à cartesiana e é a que será provada e demonstrada verdadeira, a de Descartes sendo falsa. Como poderia isso acontecer, se as ideias da física cartesiana eram inatas? OS DOIS GRANDES PROBLEMAS DO INATISMO: 1. A própria razão pode mudar o conteúdo de ideias que eram consideradas universais e verdadeiras (é o caso da ideia platônica de justiça); 2. A própria razão pode provar que ideias racionais também podem ser falsas (é o caso da física cartesiana). Se as ideias são racionais e verdadeiras, é porque correspondem à realidade. A realidade permanece a mesma e, no entanto, as ideias que a explicavam perderam a validade. O inatismo se depara com o problema da mudança das ideias, feita pela própria razão e com o problema da falsidade das ideias, demonstrada pela própria razão. PROBLEMAS DO EMPIRISMO PROBLEMA INSOLÚVEL DO EMPIRISMO Se as ciências são apenas hábitos psicológicos de associar percepções e 17/08/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 9/12 ideias porsemelhança e diferença, bem como por contiguidade espacial ou sucessão temporal. ENTÃO As ciências não possuem verdade alguma, não explicam realidade alguma, não alcançam os objetos e não possuem nenhuma objetividade. O ideal racional da objetividade afirma que uma verdade é uma verdade porque corresponde à realidade das coisas e, portanto, não depende de nossos gostos, opiniões, preferências, preconceitos, fantasias, costumes e hábitos. Logo, não é subjetiva, não depende de nossa vida pessoal e psicológica. Essa objetividade, porém, para o empirista, a ciência não pode oferecer nem garantir. A ciência, mero hábito psicológico ou subjetivo, tornase afinal uma ilusão. A realidade tal como é em si mesma (isto é, a realidade objetiva) jamais poderá ser conhecida por nossa razão. O problema que questiona o empirismo é o da impossibilidade do conhecimento objetivo da realidade. RESUMINDO Do lado do INATISMO, o problema pode ser formulado da seguinte maneira: Como são inatos, as ideias e os princípios da razão são verdades intemporais que nenhuma experiência nova poderá modificar. Por definição, uma ideia inata é sempre verdadeira e não pode ser substituída por outra. A história (social, política, científica e filosófica) mostra que ideias tidas como verdadeiras e universais não possuíam essa validade e foram substituídas por outras. Se for substituída, então, não era uma ideia verdadeira e, não sendo uma ideia verdadeira, não era inata. Do lado do EMPIRISMO, o problema pode ser formulado da seguinte maneira: A racionalidade ocidental só foi possível porque a Filosofia e as ciências demonstraram que a razão é capaz de alcançar a universalidade e a necessidade que governam a própria realidade, isto é, as leis racionais que governam a natureza, a sociedade, a moral, a política. A marca própria da experiência é a de ser sempre individual, particular e subjetiva. Se o conhecimento racional for apenas a generalização e a repetição para todos os seres humanos de seus estados psicológicos, derivados de suas experiências. ENTÃO O que chamamos de Filosofia, de ciência, de ética etc. são nomes gerais para hábitos psíquicos e não um conhecimento racional verdadeiro de toda a realidade, tanto a realidade natural quanto a humana. Problemas dessa natureza, frequentes na história da Filosofia, suscitam, periodicamente, o aparecimento de uma corrente filosófica conhecida como CETICISMO, para o qual a razão humana é incapaz de conhecer a realidade e 17/08/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 10/12 por isso deve renunciar à verdade. O cético sempre manifesta explicitamente dúvidas toda vez que a razão tenha pretensão ao conhecimento verdadeiro do real. EMPIRISMO NA CIÊNCIA Um conceito capital na ciência e no método científico é que toda evidência deve ser empírica, isto é, depende da comprovação feita pelos sentidos. Geralmente, são empregados termos que o diferenciam do empirismo filósofico, como o adjetivo empírico, que aparece em termos como método empírico ou pesquisa empírica, usado nas ciências sociais e humanas para denominar métodos de pesquisa que são realizados através da observação e da experiência (por exemplo, o funcionalismo). EMPIRISMO NA FILOSOFIA A doutrina do empirismo foi definida explicitamente pela primeira vez pelo filósofo inglês John Locke no século XVII. Locke argumentou que a mente seria, originalmente, um "quadro em branco" (tábula rasa), sobre o qual é gravado o conhecimento, cuja base é a sensação; ou seja, todas as pessoas, ao nascerem, o fazem sem saber de absolutamente nada, sem impressão nenhuma, sem conhecimento algum. Todo o processo do conhecer, do saber e do agir é aprendido pela experiência, pela tentativa e erro. Historicamente, o empirismo se opõe a escola conhecida como racionalismo, segundo a qual o homem nasceria com certas ideias inatas, as quais iriam "aflorando" à consciência e constituiriam as verdades acerca do universo. A partir dessas ideias, o homem poderia entender os fenômenos particulares apresentados pelos sentidos. O conhecimento da verdade, portanto, independeria dos sentidos físico. Exercício 1: Para Platão: I) a razão e as ideias são inatas e afloram a partir da reminiscência, levando à verdade que, por sua vez, tem caráter de validade universal. II) o espírito humano é um mero prisioneiro na caverna do corpo. Somente quando deixar esse mundo poderá libertarse do corpo para realizar o seu fim, isto é, chegar à contemplação do inteligível. III) o conhecimento humano integral está dividido em dois graus: o conhecimento sensível, particular, mutável e relativo; e o conhecimento intelectual, universal, imutável, absoluto que o homem somente compreende pelas experiências, mas percebe apenas pela razão. IV) no mundo material e contigente, não há ciência, devido à sua natureza inferior. É somente no mundo imaterial e racional das ideias que pode haver conhecimento pela sua natureza superior. Esse mundo ideal, racional transcende inteiramente o mundo empírico, imaterial, em que vivemos. Assinale a alternativa correta: 17/08/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 11/12 A Apenas I é correta. B Apenas I e II são corretas. C Apenas II e III são corretas. D Apenas II e IV são corretas. E Todas são corretas. Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não fez comentários Exercício 2: Assinale a alternativa incorreta: A O conhecimento sensível, embora verdadeiro, não sabe que é, donde pode passar indiferentemente o conhecimento diverso, cair no erro sem saber. B Platão não admite que da sensação particular, mutável, relativa se possa de algum modo tirar o conceito universal, imutável, absoluto. C Platão não dá ao conhecimento racional, conceitual, científico, uma base real, um objeto próprio. D Deste mundo material e contingente não há ciência, devido à sua natureza inferior, mas apenas é possível, no máximo, um conhecimento sensível verdadeiro opinião verdadeira que é precisamente o conhecimento adequado à sua natureza inferior. Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não fez comentários Exercício 3: Platão dissera que não é possível ensinar o que são as coisas, mas apenas ensinar a procurálas. Isso significa que: I. o conhecimento filosófico e o científico dependem do método. II. o conhecimento científico reside apenas em ideias sobre as coisas. III. o conhecimento filosófico é inacessível e inatingível, porque não é sobre as coisas. IV. o conhecimento científico sobre as coisas é falso. Assinale a alternativa correta: A Apenas II, III e IV são corretas. B Apenas II é correta. C Apenas I e III são corretas. D Apenas I é correta. E Todas são corretas. Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não fez comentários Exercício 4: "Na mocidade, Platão conheceu primeiro Crátilo e as doutrinas heraclíticas – segundo as quais o mundo sensível está sempre fluindo e não existe dele um conhecimento científico – e mais tarde ainda conservava essas opiniões. Quando Sócrates, desprezando o universo físico e limitando seu estudo a questões morais, procurou o universal nesse campo e foi o primeiro a se concentrar nas definições, Platão seguio e supôs que o problema da definição não se refere a coisa alguma sensível, mas a entidades de outro tipo, pela razão de que não 17/08/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemasde conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 12/12 pode haver definição geral de coisas sensíveis, que estão sempre mudando. Chamou essas entidades de 'Ideias' e afirmou que todas as coisas sensíveis são nomeadas segundo elas e em virtude de sua relação com elas." (Aristóteles, Metafísica. In: MARCONDES, 2000). Assinale a alternativa correta. Podese afirmar que Sócrates: A Procurou o universal, desprezando o estudo das questões morais. B Procurou o universal no campo físico, concentrandose nas definições. C Limitou seu estudo a questões morais e procurou o universal nesse campo. D Procurou o universal no universo físico e no campo moral. E Concentrouse nas definições do universo físico e do campo moral. Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não fez comentários Exercício 5: Garcia e Sanford (2003), no livro Matrix: bem vindo ao deserto do real, ao analisarem o filme Matrix, escrevem um artigo nominado "A metafísica de Matrix". Leia o trecho do artigo e, em seguida, escolha a ideia filosófica que melhor se aplica ao trecho citado aqui: "A pergunta é: o que é a matrix? E a busca pela resposta acaba tirando Neo (personagem principal) da prisão e levandoo ao mundo real. A saída de Neo da Matriz não é diferente da subida do prisioneiro da caverna, mas a realidade que Neo descobre não é um reino abençoado de formas, puras e reluzentes em beleza. Em vez disso, ele se depara com uma realidade que é feia, um mundo destroçado por guerra entre humanos e máquinas, onde a existência é dosada somente com os meios mais parcos e a vida é vivida com uma constante ameaça de morte. É uma realidade descrita como um deserto." (p. 89) A Esse trecho retrata a visão platônica entre o mundo das ideias e o mundo do sensível. B Esse trecho retrata a visão de homem e política de Aristóteles. C Esse trecho retrata a dicotomia entre alma racional e corpo cartesiano. D Esse trecho retrata a visão do homem em movimento de Heráclito. E Esse trecho retrata a permanência do ser em Parmênides. Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não fez comentários Exercício 6: “Um conceito ou uma ideia é uma rede de significações que nos oferece: o sentido interno e essencial daquilo a que se refere; os nexos causais ou as relações necessárias entre seus elementos, de sorte que por eles conhecemos a origem, os princípios, as consequências, as causas e os efeitos daquilo a que se refere. O conceito ou ideia nos oferece a essência significação necessária de alguma coisa, sua origem ou causa, suas consequências ou seus efeitos, seu modo de ser e de agir.” (CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. Unidades 46). Portanto, os conceitos NÃO nos oferecem: A As causas e os efeitos que originam aquilo que é concebido (pelo conceito). B A significação necessária do que é concebido (pelo conceito). C A experiência sensível do que é concebido (pelo conceito). D A ideia do que é essencial àquilo a que o conceito se refere. E As outras alternativas não respondem corretamente à questão. 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