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Leandro C. Lages Universidade Federal do Piauí – UFPI Departamento de Ciências Jurídicas Curso: Bacharelado em Direito Disciplina: Direito Empresarial 1 Fontes do Direito Empresarial Prof. Dr. Leandro Cardoso Lages leandrolages@uol.com.br @leandrolagesadv Leandro C. Lages FONTES – CARÁTER HISTÓRICO: indica os primeiros documentos jurídicos. – CARÁTER MATERIAL: indica os órgãos elaboradores da norma. – CARÁTER FORMAL: como se exteriorizam as normas jurídicas. Leandro C. Lages FONTES – FONTES PRIMÁRIAS: - CF-88 - Leis (Ccom-1850, CC-2002, leis comerciais) – FONTES SECUNDÁRIAS: - Boa-fé (objetiva) - Usos - Princípios Leandro C. Lages BOA-FÉ – Princípio de ordem moral, orienta a conduta humana – Presente no Ccom-1850, CC-2002 e PL 1572/2011 – Boa-fé subjetiva e objetiva – Diferente no direito do consumidor e do trabalho – Direito Empresarial: erro de um contratante premia a eficiência do outro – Caso locação “Rua da Consolação” – Caso “boleto bancário” – Resp 595.631-SC – Corresponde à previsibilidade de conduta e impacta no custo de transação, facilitando o Leandro C. Lages USOS – Conduta reiterada, que leva as partes que a praticam a acreditar que o comportamento se repetirá. – Direito surgiu dos costumes reiterados. – Prova: testemunhas ou registro na Junta Comercial. – Grande relevância para o Direito Empresarial. Leandro C. Lages PRINCÍPIOS Importância para o Direito Comercial: – Criar segurança jurídica no ambiente negocial, atraindo investimentos, mantendo os existentes e contribuindo para fortalecer a economia. – Nesse tipo de ambiente: negócios fluem, empresas se fortalecem, contratam mais pessoas, circulam riquezas, novas empresas surgem, maior arrecadação tributária, concorrência com disputa de preços e qualidade, atração de investimentos. Leandro C. Lages Liberdade de iniciativa – Art. 170, CF – Assegura o direito de estabelecer-se como empresário, bem como a não criação de óbices a esta liberdade (Exceções: crises, direitos trabalhista, consumidor, meio ambiente, etc) – A iniciativa privada é imprescindível para o atendimento às necessidades de todos – Lucro: principal fator de motivação da iniciativa privada – Importância da proteção jurídica do investimento, sob pena de desestímulo à atividade – importância da empresa na geração de empregos, arrecadação tributária e circulação de riquezas. Leandro C. Lages Liberdade de concorrência – Art. 170, V, CF – Decorre da liberdade de iniciativa – Ao competirem entre si, as empresas melhoram produtos e serviços, diminuem custos, a fim de ter mais preços competitivos – Coibição de práticas que comprometam uma concorrência leal, tais como a publicidade enganosa-abusiva, proteção à marca e patentes, dumping, cartéis, etc. – Premia-se com o lucro a decisão empresarial acertada, e penaliza- se com prejuízo ou falência a decisão empresarial equivocada Leandro C. Lages Função social da empresa A empresa atinge a sua função social ao: 1) Gerar empregos, tributos e riquezas. 2) Contribuir para o desenvolvimento econômico, social e cultural de onde atua. 3) Adotar práticas empresariais sustentáveis visando à proteção do meio ambiente. 4) Respeitar o direito dos consumidores e empregados. Leandro C. Lages Liberdade de associação – Art. 5º , CF – Ninguém ser obrigado a tornar-se ou manter-se sócio contra a sua vontade – O sócio não poderá ser desligado da sociedade senão nas hipóteses de lei – O sócio não pode retirar-se da sociedade imotivadamente nas sociedades por tempo determinado Leandro C. Lages Preservação da empresa – Em torno da empresa não gravitam apenas os interesses individuais dos empresários e empreendedores – Em torno da empresa há interesses dos trabalhadores, consumidores, fisco, Estado, e outras pessoas – Esses interesses devem ser considerados e protegidos, na aplicação de qualquer norma de direito, sempre com o objetivo de preservar a empresa (Ex: condenações, indenizações, rescisão de contratos, multas, falência, recuperação, etc) – Valorização de medidas que previnam ou impeçam a crise da empresa (Ex: incentivos, recuperação, etc ) Leandro C. Lages Autonomia patrimonial da sociedade empresária – A sociedade empresária difere dos sócios que a compõem – A responsabilidade por dívidas cabe à sociedade, não aos sócios – Sem este princípio os empreendedores jamais investiriam nas sociedades, com sérios prejuízos à economia – O investidor conservador não arriscaria, e o arrojado somente arriscaria em busca de altos retornos. Ninguém empreenderia se houvesse o risco de perder a totalidade do seu patrimônio – Exceção: desconsideração da personalidade jurídica. Leandro C. Lages Proteção ao sócio minoritário – Limita o poder do sócio majoritário. – Protege-se o sócio minoritário contra o abuso de poder do majoritário. – Direito de fiscalização e de recesso. Leandro C. Lages Automonia da vontade – No contrato entre empresários, ao contrário do que se verifica no contrato de trabalho e no de consumo, a autonomia da vontade ainda é bastante ampla. – As partes podem escolher entre contratar ou não, com quem contratar e negociam livremente as cláusulas do contrato. – A autonomia da vontade encontra limites, por exemplo, nos casos de contrato cuja prestação é criminosa ou impossível. – Valoriza-se a autonomia porque presume-se a igualdade entre as partes. Leandro C. Lages Vinculação ao contrato – A revisão judicial do contrato não deve neutralizar a regra básica da competição, que premia, com lucros, o empresário que adotou a decisão acertada, e pune, com prejuízos ou mesmo a falência, o que adotou a decisão equivocada. – A revisão de cláusulas apenas em situações excepcionais, supervenientes à assinatura do contrato e totalmente imprevisíveis para as partes. – Necessidade de decisão judicial a fim de buscar o equilíbrio contratual, harmonizando-se com o princípio da livre concorrência entre as partes. Leandro C. Lages Proteção ao contratante dependente – Não decorre da vulnerabilidade financeira. – Não decorre da necessidade de contratar (como o trabalhador), nem da carência no acesso às informações (como o consumidor). – Decorre da dependência de um empresário para com o outro, como por exemplo, nos contratos de franquia, em que o franqueado segue as orientações do franqueador. Outros exemplos: contratos de shopping center e representação comercial. – Decorre da obrigação contratual de organização da empresa seguindo orientações emanadas do outro contratante. Leandro C. Lages Eficácia dos usos e costumes – Em nenhum outro ramo do direito, as práticas adotadas pelos empresários têm igual relevância. – O direito comercial reconhece como válidas e eficazes as cláusulas do contrato empresarial em que as partes contraem obrigações de acordo com as práticas costumeiras. – Importância aos usos e costumes como padrão para a definição da existência e do alcance de qualquer obrigação entre empresários. Leandro C. Lages Inerência ao risco – O risco é inerente a qualquer atividade empresarial. – a crise pode atingir a empresa mesmo nos casos em que o empresário agiu em cumprimento à lei e aos seus deveres, e não tomou nenhuma decisão precipitada, equivocada ou irregular. – A inerência ao risco não pode servir de escusa para que o empresário venha a furtar-se das suas responsabilidades.