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Direito Processual Civil
Lei nº 5.869 de 11 de Janeiro de 1973
Lei nº 5.478 de 25 de Julho de 1968
Direito Constitucional
Contestação
A Contestação na Lei de Alimentos em face ao novo CPC
Análise sobre o momento adequado para apresentação de Contestação diante da alteração do Código de Processo Civil.
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Publicado por Fabio Eid
há 2 anos
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A Lei 5478/68 dispõe sobre o rito especial da Ação de Alimentos, instrumento muito utilizado por ser verdadeiro meio célere para resolução do processo de conhecimento, que costumeiramente é dilatado, muitas vezes sem necessidade.
Trata-se de verdadeiro rito hermético, célere, e que possui os moldes parecidos com o rito Ordinário do procedimento Comum, embora com relativa restrição probatória, pois admite-se sob a tutela da Lei somente os assuntos que a ela competem, contando com a necessidade de prova pré-constituída de parentesco ou obrigação de alimentar (ressalte-se que existem exceções para admissão da inicial sem esta documentação, prevista no art. 2, § 1o da Lei.
Com a alteração do Código de Processo Civil, poucos dispositivos foram expressamente revogados, a saber, a seção que tratava da execução do título que a Ação gera, mas é necessária a análise de especificamente um dispositivo: o artigo 5º, notadamente quanto a seu parágrafo primeiro, in verbis:
§ 1º. Na designação da audiência, o juiz fixará o prazo razoável que possibilite ao réu a contestação da ação proposta e a eventualidade de citação por edital.
Ora, desta simples leitura pode-se extrair que a Contestação, nesta sistemática, deve ser apresentada antes da Audiência de conciliação, em concordância com o revogado CPC/73, que preconizava:
Art. 297. O réu poderá oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em petição escrita, dirigida ao juiz da causa, contestação, exceção e reconvenção.
Este prazo, nos termos do artigo 241 do mesmo diploma, corria a partir da juntada aos autos do mandado cumprido ou do aviso de recebimento, o que gerava para o réu ônus de apresentar Contestação no prazo de 15 (quinze) dias. Nota-se, assim, que a Contestação na Ação de Alimentos obedecia à lógica do rito Comum do antigo CPC.
Entretanto, com a referida alteração sobreveio o artigo 335, que elenca três momentos passíveis de iniciar o prazo para apresentação da Contestação: (i) a partir da audiência de conciliação ou mediação quando da ausência da parte ou frustração na realização da autocomposição; (ii) a partir do protocolo do pedido de cancelamento da audiência designada, quando dispensada pelo autor; e (iii) variante de acordo com o modo de efetivação da citação (vide art. 231 do mesmo código).
Note-se que, no rito Sumário, desde o Código de 73 admitia-se a apresentação da Contestação após a Audiência Preliminar, hoje denominada como Audiência de Conciliação ou Mediação. Por que então a Lei de Alimentos não adotou como base o rito sumário, onde havia a previsão de apresentação da Contestação após a Audiência? A idéia principal do legislador, aqui, era fazer com que houvesse celeridade, por meio de uma Audiência uma, onde o juiz pudesse de plano avaliar os argumentos do autor e defesa de modo a proferir sentença na mesma, inclusive, caso não pudesse cumprir o disposto, deveria agendar nova audiência para a data imediatamente seguinte e disponível (artigo 10 da Lei).
A questão que resta, então, é o prazo para apresentação da Contestação. Esta deve se dar nos mesmos moldes da Lei de Alimentos, ou seja, antes da Audiência, ou após, nos termos do NCPC?
De acordo com os princípios gerais de Direito para resolução de antinomias ou incongruências normativas, a Lei especial sobrepõe-se à Lei geral quando regula procedimentos específicos. Considerando este fator, a resposta a prioriseria então que nas Ações de Alimentos o ideal é que a Contestação seja apresentada antes da realização da Audiência, para que o juiz possa ler tanto a exordial quanto a peça defensiva de modo a já proferir julgamento, analisadas as provas – com pouca dilação probatória. Em contraponto, dentre os mesmos preceitos, encontra-se que a Lei mais recente revoga a Lei mais antiga.
Ainda, podem alegar que subsistem os princípios da Ampla Defesa e do Contraditório, previstos no artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal. A partir do movimento neoconstitucionalista, criou-se a idéia de que a Constituição é o Ordenamento maior que permeia todo o arcabouço normativo do País, devendo haver coerência na hermenêutica e aplicação das normas infraconstitucionais em consonância com o disposto na Lei Maior.
Há quem identifique, aqui, a incongruência, visto que a apresentação de Contestação após a Audiência de Conciliação permite ao réu uma defesa mais ampla, uma vez que na referida audiência são propostas medidas conciliatórias, as quais podem servir de base para a construção da Contestação, inclusive fazendo com que a mesma seja mais sucinta, vez que a Audiência permite afastar os pontos incontroversos destarte, o que em tese contribuiria para a celeridade processual.
Por outro lado, ainda cabe analisar que a apresentação da Contestação após a Audiência importa na necessidade de realizar, ao menos, duas audiências, prejudicando a lisura e rapidez do feito, e traria em contrapartida muito pouco benefício à Defesa. Portanto, não entendemos haver violação ao princípio da Ampla Defesa ou Contraditório capaz de justificar a incidência do Novo CPC.
Apesar da imposição destes princípios – Ampla Defesa e Contraditório -, entendemos que podem ser relativizados em função da importância dada aos Alimentos provisionais, devidos, sobretudo, a menor (visto que a Lei admite sob sua tutela também os Alimentos recíprocos pleiteados entre cônjuges). Justifica mais esta posição a celeridade real que a Lei conferiu ao Processo, vez que pode ser sentenciado com mais rapidez e em audiência uma, onde a conciliação é oportunizada duas vezes – ao início da audiência e imediatamente antes da prolação da Sentença –não havendo prejuízo para a solução consensual.
Assim, entendemos que perdura a necessidade de apresentar a Contestação antes da Audiência, em razão do artigo 5º, LXXVIII que equipara à importância dos princípios da Ampla Defesa e Contraditório a Celeridade e Duração Razoável do Processo, em conjunto com a urgência presumida da Ação de Alimentos.
Deste modo, muito embora o novo regramento do CPC disponha que a Contestação deve ser apresentada após a Audiência de Conciliação, não se aplica o disposto à Lei de Alimentos, que possui tutela específica sobre a matéria e está fundamentada, sobretudo, na parte final do inciso LXXVIII do artigo 5º da Constituição Federal, pois constitui verdadeiro meio que garante a celeridade da tramitação da Ação ora estudada.
Fabio Eid
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