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Wedelia paludosa e efeitos dos fitoterápicos em geral

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Wedelia paludosa e efeitos dos fitoterápicos em geral
SUMÁRIO
RESUMO
O gênero Hyptis Jacq. (Lamiaceae) inclui cerca de 300 espécies, de ampla ocorrência na América tropical. Estas espécies são bastante aromáticas e frequentemente são usadas no tratamento de infecções gastrintestinais, cãibras e dores, bem como no tratamento de infecções de pele. Os óleos essenciais secretados neste gênero têm importante ação farmacológica, como anestésico, antiespasmódico, anti-inflamatório, além de abortivo em doses elevadas. Estudos têm mostrado atividades biológicas importantes no gênero Hyptis, tais como atividades antifúngica, antibacteriana e inseticida dentre outras. A propagação de H. marrubioides pode ser feita por sementes, que em geral apresenta boa germinação. No entanto, plantas advindas de sementes apresentam grande variabilidade quanto à morfologia e ao teor de metabólitos. Dentro dos parâmetros climáticos, temperatura atmosférica e precipitação têm sido apontadas como fatores que influenciam a composição e conteúdo de óleo essencial em várias plantas aromáticas. Poucas são as informações encontradas relatando estudos fitotécnicos com esta espécie, e determinar a época de colheita em função da produção de princípios ativos é fundamental no manejo de plantas medicinais. No artigo utilizado para este trabalho a extração do óleo essencial foi realizada pelo método de hidrodestilação em aparelho de Clevenger, por um período de duas horas a partir da ebulição. Para a purificação do óleo essencial, o hidrolato foi submetido à partição líquido-líquido em funil de separação, realizando-se três lavagens do hidrolato com três porções de 20 mL de diclorometano por meia hora cada. As frações orgânicas foram reunidas e secas com sulfato de magnésio anidro, deixando-o agir por 4h; posteriormente, o sal foi removido por filtração simples, e o solvente foi evaporado à temperatura ambiente, sob capela de exaustão de gases. s amostras foram analisadas por cromatografia em fase gasosa (Varian CP-3380), equipada com detector de ionização de chamas, coluna capilar SE-54, 30 m x 0,32 mm (Alltech, Deerfield, Tl, USA) e hidrogênio como gás de arraste (2 mL min.-1). A temperatura da coluna foi programada na faixa de 40ºC até 180ºC, com variação de 5ºC min. -1. As temperaturas do injetor e do detector foram mantidas a 250ºC. Foi injetado 1 μL de amostra no modo split (1 100-1). As concentrações relativas (%) correspondentes aos componentes do óleo essencial foram calculadas utilizando o software Varian Star 5.52. A identificação dos picos foi realizada por comparação dos índices de retenção, calculados a partir de uma série n-alcanos (C9 a C17), com dados de literatura. Houve diferença significativa nos teores de óleo essencial nas diferentes estações do ano. O inverno foi a estação em que se obtiveram os menores teores de óleo, com uma redução equivalente a 36% em relação ao teor observado na estação do verão. No outono, a queda foi de 21,4% e, na primavera, de 16,6%. Apesar destas diferentes reduções nos teores de óleo, as estações do inverno, primavera e outono não diferenciaram estatisticamente entre si, em nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Scott-Knott. Sendo possível concluir que No verão, foi obtido o maior teor de óleo essencial, período em que as plantas se encontravam em pleno florescimento e com os ramos cheios de folhas. Acredita-se que este resultado pode estar sendo influenciado pelo maior comprimento dos dias de verão, que, consequentemente, traz melhores condições para o desenvolvimento vegetativo das plantas. A redução dos teores de óleo, principalmente no inverno e outono, pode ser explicada pelo acionamento do mecanismo natural de fonte-dreno, que degrada metabólitos secundários e direciona seus compostos químicos para a manutenção do metabolismo primário.
Palavras chave: plantas, terapia, fitoterápico.
BÁRBARA LUIZA S. CARVALHO C53ECE-7
BRUNO LISBOA DE JESUS C489I-6
JAQUELINY MASCARENHAS ALVES C20688-1
LARISSA MACHADO SANTOS C426CC-0
THAYNARA SILVA MATEUS C45635-7
ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS
Wedelia paludosa e efeitos dos fitoterápicos em geral
Trabalho para obtenção de nota da disciplina de Atividades Práticas Supervisionadas, referente ao ano grade 2017/1 do curso de Fármacia da Universidade Paulista – UNIP
GOIÂNIA
2017
1.INTRODUÇÃO
A utilização de plantas com fins medicinais, para tratamento, cura e prevenção de doenças, é uma das mais antigas formas de prática medicinal da humanidade. No início da década de 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou que 65-80% da população dos países em desenvolvimento dependiam das plantas medicinais como única forma de acesso aos cuidados básicos de saúde (MEHTA, 2004).
 Os medicamentos à base de plantas medicinais podem ser considerados como recursos auxiliares em um programa terapêutico global, sendo que os profissionais da área da saúde devem atentar para esse potencial, como meio de valorizar, estudar e utilizar terapeuticamente espécies vegetais nativas (MACHADO, 1999).
 Atualmente, grande parte da comercialização de plantas medicinais é feita em farmácias e lojas de produtos naturais, onde preparações vegetais são comercializadas com rotulação industrializada (BLUMENTAHL, 2006).
A espécie Wedelia paludosa DC. (Acmela brasiliensis, Sphagneticola trilobata), pertencente à família Asteraceae, é conhecida popularmente por pseudo-arnica, margaridão, pingo-de-ouro, mal-me-quer-do-brejo, picão-da-praia ou simplesmente vedélia (AGRA, 2008). Além de seus usos ornamentais, esta planta é frequentemente empregada na medicina popular para tratar várias doenças, incluindo tosse, condições infecciosas e dolorosas (ROQUE et al., 2001). Sendo assim, o presente trabalho apresenta uma metodologia de revisão, a partir de materiais preexistentes que relatam as características dessa espécie, assim como a utilização de plantas medicinais como um todo.
2.DESENVOLVIMENTO
2.1 UTILIZAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS
De acordo com Lopes et al. (2005), planta medicinal é toda planta que administrada ao homem ou animal, por qualquer via ou forma, exerça alguma ação terapêutica. O tratamento feito com uso de plantas medicinais é denominado de fitoterapia, e os fitoterápicos são os medicamentos produzidos a partir dessas plantas. Sendo assim, a fitoterapia é caracterizada pelo tratamento com o uso de plantas medicinais e suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de princípios ativos isolados (SCHENKEL; GOSMAN; PETROVICK, 2000).
No século XIX o empirismo da alquimia foi suplantado pela química experimental que permitiu a síntese laboratorial de novas substâncias orgânicas. Esse fato foi um dois fatores determinantes da revolução industrial e tecnológica que desencadeou a produção acelerada de novos medicamentos e, à medida que derivados mais puros e concentrados de plantas se tornaram disponí- veis, os médicos priorizaram as drogas sintéticas e passaram a desconsiderar o papel importante da fitoterapia (BRATMAN, 1998; SIMÕES; SCHENKEL; SIMON, 2001).
Com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia as plantas medicinais estão tendo seu valor terapêutico pesquisado e ratificado pela ciência e vem crescendo sua utilização recomendada por profissionais de saúde. A necessidade exige e a ciência busca a unificação do progresso com aquilo que a natureza oferece, respeitando a cultura do povo em torno do uso de produtos ou ervas medicinais para cura de patologias (ACCORSI, 2000). Grande parte da população mundial tem confiança nos métodos tradicionais relativos aos cuidados diários com a saúde e cerca de 80% dessa população, principalmente dos países em desenvolvimento, confiam nos derivados de plantas medicinais para seus cuidados com a saúde. Aproximadamente 25% de todas as prescrições médicas são formulações baseadas em substâncias derivadas de plantas ou análogos sintéticos derivados destas (GURIB, 2006).
2.2 CUIDADOS NO USO DE PLANTASMEDICINAIS
A utilização de plantas medicinais como alternativa terapêutica vem atingindo um público cada vez maior. Este crescimento requer dos pesquisadores e estudiosos um maior empenho, no sentido de fornecer informações relativas ao sistema produtivo dessas plantas e preparo dos medicamentos, pois nem sempre as normas que garantem a qualidade dos fitoterápicos são cumpridas (CASTRO E FERREIRA, 2000). A vasta gama de informações sobre o uso de centenas de plantas como remédios, em todos os lugares do mundo, leva à necessidade de se desenvolver métodos que facilitem a enorme tarefa de avaliar cientificamente o valor terapêutico de espécies vegetais (ELISABETSKY, 2001).
 A atenção dirigida pelas autoridades e administrações de saúde para o uso de plantas medicinais aumentou consideravelmente nos últimos anos, por diferentes razões e em diferentes setores. Incentivo em investimentos públicos em plantas medicinais tem sido feito pela OMS desde 1978, observando-se crescente aceitação da fitoterapia por profissionais de saúde da atenção básica assim como a observação do aumento de seu uso pela população (HOMAR, 2005).
Nas últimas décadas, assistiu-se a um crescente interesse pelo uso de plantas medicinais e dos respectivos extratos na terapêutica, constituindo, em certas circunstâncias, uma ajuda nos cuidados primários de saúde e um complemento terapêutico, compatível com a medicina convencional. Para isso, deve haver garantia de segurança em relação a efeitos tóxicos e conhecimentos sobre efeitos secundários, interações, contra-indicações, mutagenicidade, dentre outros e, também, a existência de ensaios farmacológicos e experimentação clínica que demonstrem eficácia para este tipo de medicamento (ARAÚJO et al., 2007).
A automedicação é particularmente preocupante quando é realizada em conjunto com outros medicamentos, podendo levar a efeitos sinérgicos e interações não esperadas pelo médico. Diversos estudos vêm sendo realizados analisando a potencialização dos efeitos adversos que podem ser causados pelo uso isolado ou combinado de substâncias fitoterápicas. (ALEXANDRE et al., 2008). A maior parte dos fitoterápicos que são utilizados atualmente por automedicação ou por prescrição médica não tem o seu perfi l tóxico bem conhecido (CAPASSO et al., 2000). Por outro lado, a utilização inadequada de um produto, mesmo de baixa toxicidade, pode induzir problemas graves desde que existam outros fatores de risco tais como contraindicações ou uso concomitante de outros medicamentos (CORDEIRO et al., 2005).
Os métodos empregados em farmacovigilância de fitoterápicos que incluem a notificação espontânea de RAM (Reação Adversa a Medicamento), monitorização de pacientes e estudos analíticos são semelhantes ao que se utiliza na farmacovigilância de medicamentos convencionais, onde se verifica as relações de casualidade e gravidade segundo método estabelecido pela OMS (WHO, 2003). É importante levar em conta que os fioterápicos são em muitos casos misturas complexas de várias plantas das quais se conhece pouco sobre a toxicidade e particularmente sobre o perfil de reações adversas além da difculdade de distinguir reações adversas de eventos relacionados à qualidade do produto fitoterápico, adulteração, contaminação, preparação incorreta ou estocagem inadequada e/ou uso inapropriado, irracional (SILVEIRA, 2007).
3.CONCLUSÃO
O uso de plantas medicinais advém de tempos antigos, os relatos existentes indicam que o uso apenas desse meio terapêutico prevaleceu isoladamente por muitas décadas. Grande parte dos medicamentos manipulados atualmente provém da extração de substâncias químicas isoladas em plantas, que quando combinadas a outras substâncias já conhecidas farmacologicamente resultam em resultados dignamente positivos. 
Entretanto, o uso dessas substâncias não deve ser feito de maneira indiscriminada antes que se tenha conhecimento de suas verdadeiras utilidades, é necessário também a preocupação dos possíveis efeitos genotóxicos dos componentes fitoterápicos por menores que sejam. Já se sabe que os medicamentos fitoterápicos podem aumentar a probabilidade de efetividade, mas podem trazer riscos aos pacientes, aumentando a probabilidade de complicações, principalmente se os pacientes já estiverem fazendo uso de outra terapia.
Portanto, é preciso que os estudos acerca dessas plantas nunca cessem, pois com tamanha variedade biológica das mesmas sua utilização indiscriminada por populações leigas está longe de chegar ao fim. Sendo assim, as autoridades e pesquisadores ingressos na área da saúde devem procurar meios de orientar a população evitando intoxicação, overdoses e abortos pelo uso indiscriminado de substâncias fitoterápicas.
4.REFERÊNCIAS
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Blumentahl, M., ed.; The Complete German Commission E Monographs: Therapeutic Guide to Herbal Medicines; American Botanical Council: New York, 2006.
BRATMAN, S. Guia prático de medicina alternativa: uma avaliação realista dos métodos alternativos de cura. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
CASTRO HG; FERREIRA FA. 2000. Contribuição ao estudo das plantas medicinais: carqueja (Baccharis genistelloides). Viçosa: UFV. 102p.
Capasso R, Izzo AA, Pinto L, Bifulco T, Vitobello C, Mascolo N 2000. Phytotherapy and quality of herbal medicines. Fitoterapia 71: S58-S65.
Cordeiro CHG, Chung MC, Sacramento LVS 2005. Interações medicamentosas de fitoterápicos e fármacos: Hypericum perforatum e Piper methysticum. Rev Bras Farmacogn 15: 272-278.
ELISABETSKY E. 2001. Etnofarmacologia como ferramenta na busca de substâncias ativas. In: SIMÕES CMO; SCHENKEL EP; GOSMAN G; MELLO JCP; 
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Machado PV, Botsaris AS. Guia de saúde e orientação terapêutica. Monteiro da Silva, J Flora Med 1999;
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Mehta, D.K.; British National Formulary. British Medical Association and the Royal Pharmaceutical Society of Great Britain, The Pharmaceutical Press: London, 2004.
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Silveira PF 2007. Perfi l de Utilização e Monitorização de Reações Adversas a Fitoterápicos do Programa Farmácia Viva em uma Unidade Básica de Saúde de Fortaleza-CE, 141 p
WHO 2003b. Guidelines on good agricultural and collection practices (GACP) for Medicinal plants.

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