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Aula 2 Weber

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WEBER – Política como vocação
Conceitos fundamentais
Preocupação metodológica.
Tipos ideiais.
Sociologia é a ciência que estuda e compreende a ação social.
O que é a ação social? – é um comportamento humano, uma atitude exterior ou interior voltada para a ação, ou para a abstenção. A conduta é ação quando o ator atribui a esta conduta certo sentido. A ação é social quando, de acordo com o sentido que lhe atribui o ator, ela se relaciona com o comportamento de outras pessoas. É a ação orientada para a conduta de um grupo de ouvintes.
Ação e relação social
A ação se organiza em relação social. Há relação social quando o sentido de cada ator , de um grupo de atores que age, se relaciona com a atitude do outro, de modo que suas ações são mutuamente orientadas.
Tipos puros de ação social
Ação racional com relação a fins (ou objetivos): para atingir um objetivo previamente definido lança-se mão dos meios necessários ou adequados, ambos avaliados e combinados tão claramente quanto possível. O ator concebe claramente seu objetivo e combina os meios disponíveis para atingi-lo.
Tipos puros de ação social
Ação racional em relação a valores: quando o agente orientar-se por fins últimos, agindo de acordo com ou a serviço de suas próprias convicções, levando em conta somente sua fidelidade a certos valores, estes, sim, inspiradores de sua conduta.
Tipos puros de ação social
Ação afetiva: inspirada em suas emoções imediatas, sem consideração dos meios ou fins a se atingir. Distingue-se a ação social referente a valores porque nesta o sujeito elabora conscientemente os pontos de direção últimos da atividade e se orienta de acordo com estes de maneira consequente, agindo racionalmente.
A ação afetiva é definida por uma reação emocional do ator e não a um objetivo ou sistema de valores.
Tipos puros de ação social
Ação tradicional: é aquela ditada pelos hábitos, costumes, e crenças. Para agir em conformidade com a tradição, o ator não precisa conceber um objetivo, ou um valor, nem ser impelido por uma emoção; obedece simplesmente a reflexos enraizados por longa prática.
Preocupação de Weber com a racionalização, característica das sociedades contemporâneas. Exemplo claro: burocracia (como tipo ideal).
Weber e a política
Política é o conjunto de esforços feitos com vistas a participar do poder ou influenciar a divisão do poder, seja entre Estados, seja no interior de um único Estado.
Poder é a capacidade para afetar o comportamento dos outros. Para Weber: “poder significa toda probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento desta probabilidade”.
Poder é legítimo quando existe a anuência, a disposição de obediência, por parte daqueles que não o detém. Será ilegítimo quando exercido por indivíduo ou grupo social que não é aceito pelos demais e impõe sua vontade mesmo havendo resistência.
Mecanismos de distribuição de poder
O poder pode assumir a forma da riqueza, de distinção (grupos de status, prestígio), ou o próprio poder político. 
Econômico: pessoas que têm a mesma posição econômica estão na mesma situação de classe. As pessoas lutam para adquirir poder econômico. Não há distinções políticas e sociais como ocorre em Marx. Seu significado é definido pelo mercado. Exemplos: Proprietários de terras, industriais, trabalhadores qualificados e profissionais liberais. 
Mecanismos de distribuição de poder
Por ordem social: luta e distribuição de honra e prestígio. Pertencimento a grupos de status ou estamentos. É baseado na honra adstrita a alguma qualidade comum a muitas pessoas. 
Prestígio de tradicionais famílias brasileiras. Estamentos expressam sua honra por meio de um estilo de vida típico, consumo de certos bens, determinados comportamentos e modo de expressão, matrimônios endogâmicos, vestimentas específicas, etc.
Castas
O que diferencia classes de estamentos é o sentimento de pertencimento.
Mecanismos de distribuição de poder
O poder político é expresso pelos partidos.
Característica eminentemente racional.
Partido é uma organização que luta especificamente pelo domínio.
Autoridade em Weber
É um poder que se faz obedecer voluntariamente.
Poder é a possibilidade de impor sua vontade a outro, ainda que haja resistência. Ocorre numa relação social e indica situação de desigualdade.
Dominação: probabilidade que tem o senhor de contar com a obediência dos que, em teoria, devem obedecê-lo.
No poder o comando não é necessariamente legítimo nem a obediência é forçosamente um dever, enquanto que na dominação a obediência se fundamenta no reconhecimento , por aqueles que obedecem, das ordens que lhe são dadas.
Estado
Estado se funda na força
Reivindica o monopólio do uso legítimo da violência física.
O Estado consiste em uma relação de dominação do homem sobre o homem, fundado no instrumento da violência legítima.
O Estado só pode existir, portanto, sob condição de que os homens dominados se submetam à autoridade continuamente reivindicada pelos dominadores.
Três razões que justificam a dominação, e consequentemente três fundamentos de legitimidade.
Tipos de dominação: racional-legal
Ocorre em virtude do estatuto e seu tipo mais puro é a dominação burocrática. (Ler pág. 170-171 Freund).
Baseado no cargo ou posição formalmente instituída. Autoridade investida no cargo ocupado. Só existe esta autoridade enquanto o ocupa.
É legítimo por estar de acordo com as regras escritas e leis e as pessoas são governadas através de um processo legal. É o tipo de dominação encontrada nos modernos Estados e organizações. Ex. Funcionário público.
Dominação tradicional
Baseada na crença, normas, tradições sagradas e que as pessoas obedecem em virtude da tradição.
Legitimidade dos que são chamados pela tradição a exercer a autoridade.
Dominação patriarcal e patrimonialismo.
Senhor e súditos
Dominação Carismática
Ocorre em virtude de devoção afetiva à pessoa do senhor e a seus dotes sobrenaturais (carisma) e, particularmente: a faculdades mágicas, revelações ou heroísmo, poder intelectual ou de oratória.
Obedecer se baseia no carisma.
Origem do Estado Moderno
Tem como ponto de partida o desejo de o príncipe expropriar os poderes “privados” independentes que, a par do seu, detêm força administrativa, isto é, todos os proprietários de meios de gestão, de recursos financeiros, instrumentos militares e de quaisquer espécie de bens suscetíveis de utilização para fins políticos. 
Definição de Estado Moderno
É um agrupamento de dominação que apresenta caráter institucional e que procurou (com êxito) monopolizar, nos limites de um território, a violência física legítima como instrumento de domínio e que, reuniu nas mãos dos dirigentes os meios materiais de gestão. O Estado moderno expropriou todos os funcionários que detinham os meios de gestão, substituindo-os, inclusive no topo da hierarquia.
Política como vocação
Quem tem vocação para a política?
Qual a forma de dominação que deve estar baseado?
Políticos profissionais
Categoria nova
Não tinham a ambição de chefes carismáticos e não buscavam transformar-se em senhores, mas empenhavam-se na luta política para se colocarem à disposição de um príncipe, na gestão de interesses políticos que encontravam seu ganha-pão e conteúdo moral de suas vidas.
Políticos profissionais
Todos exercitamos ocasionalmente a política.
É possível transformar a política em profissão principal ou secundária.
Cargos de confiança/comissionados
Colaboradores inteira e exclusivamente dedicados à figura do chefe, do líder.
Maneiras de fazer política
Duas maneiras, viver “para” a política e viver “da” política.
Quem vive para a política a transforma, é o objetivo de sua vida, seja porque se satisfaz com a simples posse de poder, seja porque o exercício dessa atividade lhe permite encontrar o equilíbrio interno.
A distinção é por critério econômico 
Maneiras de fazer política
Daquele que vê na política uma permanente fonte de rendas vive “da” política, e o contrário é quem
vive “para” a política.
O homem político deve, em condições normais, ser economicamente independente das vantagens que a atividade política possa lhe proporcionar. É indispensável que possua fortuna pessoal ou ter, no âmbito da vida privada, situação suscetível de lhe assegurar ganhos suficientes.
Economicamente disponível
Só a fortuna pessoal assegura independência econômica.
O homem político deve ser economicamente disponível, ou seja, ele não deve estar obrigado a consagrar toda a sua capacidade de trabalho e de pensamento à consecução de sua própria subsistência.
Neste sentido o mais disponível é o capitalista, pessoa que recebe rendas sem nenhum trabalho.
O operário e o moderno homem de negócios não são economicamente disponíveis.
Camadas dirigentes devem ser recrutadas segundo critérios plutocráticos.
Funcionários remunerados
O recrutamento não plutocrático de pessoal político envolve, necessariamente, a condição de a organização política assegurar-lhe ganhos regulares e garantidos.
O homem político profissional, que vive “da” política, pode ser um puro beneficiário ou um funcionário remunerado. 
Funcionários de carreira
A moderna função pública exige um corpo de trabalhadores intelectuais especializados, altamente qualificados e que se preparam, ao longo de anos, para o desempenho de sua tarefa profissional, animados por um sentido de honra corporativa onde se acentua o capítulo da integridade.
A não existência do sentimento de honra entre os funcionários levará a índices alarmantes de corrupção.
Funcionários “políticos” X de carreira
Os funcionários “políticos” são reconhecíveis externamente pela circunstância de que é possível deslocá-los à vontade ou colocá-los em “disponibilidade”. Funcionários de carreira possuem estabilidade.
Como o funcionário deve agir
O verdadeiro funcionário não deve fazer política exatamente devido a sua vocação: não é demagogo, deve administrar, antes de tudo, de forma não partidária.
Aparelhamento estatal?
O funcionário deve agir sine ira et studio, sem ressentimentos e sem preconceitos.
Ira et studio
Cabe ao homem político, seja o chefe, sejam seguidores, o combate e embate políticos. Com efeito, tomar partido, lutar, apaixonar-se – ira et studio –são as características do homem político, e antes de tudo, do chefe político.
Honra
A honra do funcionário reside em sua capacidade de executar conscienciosamente uma ordem, sob responsabilidade de uma autoridade superior. Não deve se deixar contaminar por valores pessoais e convicções.
A honra do chefe político consiste exatamente na responsabilidade pessoal exclusiva por tudo quanto faz, responsabilidade que ele não pode rejeitar nem delegar.
Ética na política
Como fica a questão da ética na política, na forma de agir do chefe político? A mesma ética que valida a ação política é valida para qualquer outro gênero de ação?
Pode-se realmente acreditar que as exigências éticas permaneçam indiferentes ao fato que toda política utiliza como instrumento específico a força, por trás da qual se perfilha a violência?
´”Tipos” de ética
Duas máximas éticas orientam a atividade do chefe político.
Ética da convicção e ética da responsabilidade.
Isso não implica que a presença de uma equivalha à ausência da outra.
Convicção: agir de acordo com convicções, independentemente do resultado, este cabe a “Deus”.
Responsabilidade: Devemos responder pelas previsíveis consequências de nossos atos.
Salvação da Alma
“Quem deseja a salvação da própria alma ou de almas alheias deve, portanto, evitar os caminhos da política que, por vocação, procura realizar tarefas muito diferentes, que não podem ser concretizadas sem violência”.
QUAL ÉTICA O POLÍTICO POR VOCAÇÃO DEVE USAR?
Qual ética usar?
Não cabe recomendar a ninguém que atue segundo a ética da convicção ou segundo a ética da responsabilidade, assim como não cabe dizer quando observar um e quando observar outra.
As éticas não se contrapõem, mas se completam e, em conjunto, formam o homem autêntico, isto é, um homem que pode aspirar à vocação política.

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