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CURSO LIGA DE MERCADO FINANCEIRO FEA USP INTRODUÇÃO AO MERCADO DE DERIVATIVOS PARCEIROS Derivativos Sumário 1. Derivativos: Conceitos e definições .................................................... 3 1.1 Introdução ................................................................................... 3 1.2 Mercados de derivativos: Conceitos Básicos ....................................... 4 2. Mercado a termo ............................................................................. 7 2.1 Introdução ................................................................................... 7 2.2 Características gerais ..................................................................... 7 2.3 Deficiências dos contratos a termo ................................................. 10 3. Mercado futuro: características e funções .......................................... 11 3.1 Introdução ................................................................................. 11 3.2 Características dos contratos futuros .............................................. 12 3.3 Importância do mercado futuro ...................................................... 14 3.4 Condições para o funcionamento do mercado futuro .......................... 21 4. Mercado de opções ........................................................................ 23 4.1 Opções e os mercados de derivativos .............................................. 23 4.2 Como surgiram as opções ............................................................. 24 4.3 Opções: mecanismos de funcionamento .......................................... 25 5. Mercado de swaps ......................................................................... 28 5.1 Swaps: Definição e história ........................................................... 28 5.2 Swaps: Mecanismos de funcionamento............................................ 28 5.3 Brasil e os swaps cambiais ............................................................ 30 5.4 Conclusão .................................................................................. 31 6. Exercícios .................................................................................... 32 1. Derivativos: Conceitos e definições Esta seção esclarece os principais conceitos relacionados ao mercado de derivativos. Apresenta-se a sua definição, os contratos que o envolvem e onde estes são negociados. 1.1 Introdução Suponha que eu e você moremos no interior de São Paulo, em Araçatuba. Eu sou pecuarista e você planta milho em uma fazenda a 25 km da minha. Ao longo destes últimos anos, tenho comprado seu milho para utilizá-lo como ração para meu rebanho. Nessas negociações, estabelecemos que o pagamento é a vista, ao preço vigente no mercado no dia em que ocorre a entrega do milho. Nota-se, portanto, que o milho é uma commodity fundamental tanto para você como para mim. Entretanto, temos uma grande diferença: eu torço para que o preço do milho caia o máximo possível; você, ao contrário, espera que o preço, após a safra, seja o mais alto possível. Como evitar tanta incerteza? Considere que estamos a cinco meses da safra, e, nas últimas semanas, as cotações do grão estiveram extremamente voláteis, causando certa apreensão às duas partes. Diante desse cenário, podemos fazer o seguinte acordo: fixamos, agora, o preço do milho que será colhido daqui a cinco meses. Escolheremos um preço razoável para os dois lados, o qual permitirá a obtenção de bons lucros em ambas as atividades. Desse modo, não precisaremos no preocupar com o que vai acontecer na próxima safra. Sabendo de antemão o preço do milho, podemos planejar: eu, a engorda de bois, e, você, o plantio. Esse acordo é chamado de contrato a termo, o qual iremos definir mais adiante. Essa história ilustra o fato de os ativos poderem ser negociados por meio de operações a vista e/ou de liquidação futura. Nas operações a vista (também chamadas de mercado spot), a transação é liquidada imediatamente, existindo a entrega do ativo e seu pagamento. Nas operações de liquidação futura, a entrega do ativo e seu pagamento ocorrem em momento posterior ao da negociação. Estas operações são instrumentalizadas por meio dos chamados contratos de derivativos. 1.2 Mercados de derivativos: Conceitos Básicos “Derivativos” é o nome dado à família de mercados em que operações com liquidação futura são implementadas, tornando possível a gestão do risco de preço de diversos ativos. Quatro tipos de contratos são negociados nesse mercado: a termo, futuro, de opções e swaps. Iremos conceituar tais contratos ao longo dessa seção. A origem do termo “derivativos” está associada à ideia de que os preços desses contratos possuem estreita ligação com, derivam de preços do ativo subjacente. Quanto ao locus de negociação dos contratos de derivativos, podemos distingui-los entre negociados em mercado de balcão ou negociados em bolsas organizadas: O Mercado de Balcão é, em boa parte dos casos, espontâneo. Surge, geralmente, entre grandes instituições, sem local fixo de encontro, com baixa transparência na divulgação de preços (ao mercado, não entre as empresas) e não segue regras específicas. É basicamente um mercado em que as partes negociam diretamente entre si, e, dessa forma, os derivativos negociados em mercado de balcão são feitos “sob medida”, existindo grande flexibilidade na negociação dos termos do contrato, tais como a qualidade e a quantidade do ativo, as garantias do negócio, a forma de liquidação, etc. Exemplos desses derivativos são os contratos a termo, os swaps e as opções flexíveis. Já as Bolsas de Valores oferecem um local mais apropriado para as transações, organizam o mercado, preparam as regras e contatos, fazem a compensação e liquidação dos contratos e se autorregulam, além de serem reguladas pelo governo. Os contratos ali negociados são padronizados. Exemplos desses derivativos são os contratos futuros e de opções, além dos swaps já mencionados. No que tange aos participantes dos mercados futuros, podemos classificar os agentes em três categorias que se diferenciam pelos objetivos da participação: os hedgers, os arbitradores e os especuladores. Hedgers Os hedgers atuam nos mercados futuros visando proteção contra as oscilações de preços dos ativos com os quais trabalham. A principal preocupação do hedger não é obter lucro, mas garantir o preço de compra ou de venda de determinado ativo numa data futura e eliminar o risco de variações adversas de preço. Podemos citar alguns exemplos de hedging: uma instituição financeira que possui uma carteira de ativos pós-fixados. Como corre o risco de queda da taxa de juros, ela vende contratos DI de um dia, dessa forma se protegendo contra a variação da taxa; ou uma emprese que tem um passivo em dólares. Quanto maior a desvalorização de sua moeda em relação ao dólar, maior a magnitude de sua dívida na moeda nacional. Assim, ela compra contratos de taxa de câmbio de reais por dólar no mercado futuro, se protegendo contra uma possível desvalorização. Especuladores Os especuladores são participantes cujo principal objetivo é a obtenção de lucro. Sua atuação consiste na compra e venda de contratos futuros apenas com o objetivo de ganhar o diferencial entre o preço de compra e o de venda, não tendo nenhum interesse no ativo-objeto. O conceito de especulador tem recebido frequentemente conotação muito depreciativa, talvez devido ao fato de seu objetivo ser apenas o lucro. No entanto, sua participação é fundamentalnos mercados futuros, pois são os únicos tomadores de risco. Quando os hedgers entram no mercado futuro, eles não estão propriamente eliminando o risco de variações adversas nos preços, mas transferindo esse risco para outro participante, a saber, o especulador. Além disso, os especuladores têm o papel importante de equalizador de oferta e demanda, pois nem sempre o volume de hedgers procurando proteção contra queda de preços iguala-se ao volume dos que fazem o mesmo contra a alta de preços. Os especuladores dificilmente mantêm suas operações em aberto por muito tempo, devido à magnitude do risco assumido e, por não estarem envolvidos com a negociação física do ativo-objeto. Em geral, eles abrem e fecham posições rapidamente, provocando o aumento do volume negociado no mercado e assim favorecendo sua liquidez. Na ausência dos especuladores, o volume de negócios nos mercados futuros seria bem mais restrito, pois muitas ordens de grande vulto ficariam sem contraparte e não poderiam ser cumpridas. Assim, a atividade dos especuladores amplia o mercado, o que ajuda a minimizar as flutuações de preços. Isso vai contra o senso comum, que costuma atribuir a esse agente a intensificação de flutuações nos preços. Eles formam um grupo muito variado de participantes, incluindo instituições, fundos de commodities¸ membros do público em geral e outros participantes que procuram ganho financeiro e tomam posições em mercados voláteis. Dentre eles, também se incluem os operadores especiais da BM&F, figura semelhante aos scalpers e position traders das bolsas de futuros de exterior. Operadores especiais são pessoas físicas ou firmas individuais, detentoras de título da bolsa, nessa categoria, habilitada a atuar nos pregões, executando operações por conta própria e por conta de corretores de mercadorias, desde que autorizadas pela bolsa. Scalpers são pessoas que trabalham com ações ou com mercados futuros e que mantêm a posição por um curtíssimo período de tempo tendo em vista auferir lucro na diferença entre o maior preço de oferta e o menor preço de demanda (bid-ask spread). Position Traders são traders de ação que mantêm uma posição para o longo prazo (de meses a anos). Traders de longo-prazo não se preocupam com as flutuações de curto-prazo, pois acreditam que o horizonte de longo prazo de investimento irá amenizar tais flutuações. Arbitradores O Arbitrador é um participante que tem como objetivo o lucro, evitando assumir riscos diretamente. Sua atividade consiste em buscar distorções de preços entre os mercados, spot e futuro, e tirar proveito dessa diferença. A estratégia do arbitrador consiste em comprar no mercado em que o preço está mais baixo e vender naquele em que estiver mais alto, tendo como lucro o diferencial de compra e de venda. Atuando geralmente com operações simultâneas (ele abre e fecha a posição ao mesmo tempo), elimina riscos de mercado porque ele sabe exatamente por quanto ele comprará e por quanto ele venderá. É importante notar que, uma vez que os arbitradores compram no mercado A e vendem no mercado B estão aumentando a procura no mercado A (e, consequentemente, seus preços), enquanto está aumentando a oferta no mercado B (e, assim, diminuindo os preços). Essa operação tende a equalizar os preços entre o mercado a vista e o mercado futuro. Tendo esclarecido os conceitos básicos que regem o mercado de derivativos, vamos em seguida nos aprofundar nas formas que os contratos de derivativos podem assumir. 2. Mercado a termo O contrato a termo é um dos mais tradicionais contratos derivativos, largamente utilizados em muitos seguimentos da economia. Vamos examinar a seguir suas características principais e mostrar exemplo de uso. 2.1 Introdução Os mercados a termo têm origem muito remota, associada ao problema da sazonalidade dos mercados agrícolas. Assim, são realizados acordos privados de compra e de venda de um ativo para liquidação em data futura por preço predeterminado. Dessa maneira, um contrato a termo corresponde à negociação privada, em que as duas partes chegam a um acordo sobre o preço da commodity a ser entregue no futuro. A mercadoria não troca de mãos até a chegada da data de entrega acertada entre as partes. No entanto, todas as incertezas provenientes da livre movimentação das forças de mercado, que poderiam causar grandes variações nos preços, são eliminadas pelo expediente das partes em acertar com antecedência qual o preço de fechamento do negócio. 2.2 Características gerais Observe, pelo diagrama abaixo, que, no momento inicial (em t0), as partes pactuam a operação a ser liquidada em data posterior (em tv). No vencimento, o vendedor entrega a commodity negociada, conforme definido no contrato; e o comprador paga o valor combinado em t0. Nota-se que ambas as partes, quando negociam, enfrentam o risco de crédito (de não cumprimento) da contraparte pela totalidade do valor contratado. Observemos o diagrama: Temos que: t0 = momento atual no qual se faz a negociação dos termos do contrato. ty = data do vencimento, em que as partes estão obrigadas a cumprir sua parte do contrato. Comprador = quem se obriga a pagar, ao preço negociado em t0, pelo ativo- objeto. Vendedor = quem se obriga a entregar o ativo-objeto, conforme contratado, no dia de vencimento (ty). Para deixar mais claro o processo e sua finalidade, podemos fazer os seguintes exemplos: SITUAÇÃO A – Safra Recorde SITUAÇÃO B – Escassez de café As condições climáticas favoreceram muito o cultivo de café e ocorreu superprodução no período. O excesso de oferta levará à queda acentuada de preços de venda, reduzindo a margem de lucro do produtor. É possível que o valor de venda seja insuficiente para cobrir os custos de produção. Nesse caso, o produtor poderá preferir destruir o café a coloca-lo no mercado, pois, dessa forma, ele minimizará seus custos com armazenagem e transporte, e, ao mesmo tempo, A ocorrência de pragas, geadas ou outras intempéries dificultaram o cultivo, provocando a escassez do café. Essa situação também poderia ser causada pela existência de problemas vinculados à logística da safra ou então por eventos externos que estimulem a exportação em detrimento do abastecimento no mercado interno. Nesses casos, haverá alta nos preços do café e o produtor conseguirá vender sua produção por um preço mais elevado do que ele imaginava ajudará a conter a pressão de oferta. anteriormente. No exemplo acima, o vendedor estará correndo o risco de queda acentuada nos preços e o comprador, de uma alta nos preços do café no mercado a vista no final da safra. A fim de eliminar os riscos de variações adversas de preços, o produtor poderá realizar um contrato a termo com as características exemplificadas abaixo: Suponha que, ao preço de R$ 100,00 para cada saca de 60 kg, o produtor consiga pagar todos os seus custos de produção e ainda obter um lucro razoável na atividade. Suponha também que R$ 100,00 seja o preço máximo que o torrefador possa pagar para também auferir um lucro que lhe agrade. Assim, para ambos, R$ 100,00 é um preço razoável de negociação. Logo, o torrefador e o cafeicultor, por meio de um contrato a termo, poderão fazer um compromisso de compra e venda, no qual o produtor se compromete a vender café de determinada qualidade em local específico a esse preço no final da safra e o torrefador se compromete a comprar esse café por essa quantia na data predeterminada. Dessa forma, independentemente doresultado da safra e dos preços vigentes no mercado a vista no período de entrega, ambos terão seus preços de compra e de venda travados em R$ 100,00 por saca. E então, temos o seguinte resultado da operação: SITUAÇÃO A – Safra recorde SITUAÇÃO B – Escassez de café Suponha que, no final da safra, esteja vigorando o preço de R$ 90,00 a saca de café: Produtor: Obterá êxito nessa operação, pois conseguirá vender sua produção por R$ 100,00, preço superior ao do mercado. Os custos de produção serão cobertos e a lucratividade, garantida. Torrefador: Pagará um preço mais alto do que o preço do mercado a vista, mas que ainda lhe convém, Suponha que o preço em vigor no final da safra seja de R$ 120,00 a saca de café: Produtor: Venderá a mercadoria para o torrefador a um preço inferior ao praticado no mercado a vista; que, no entanto, cobre todos os seus custos de produção e garante lucratividade razoável para a sua atividade. Torrefador: Obterá êxito na operação, pois comprará por R$ pois R$ 100,00 é um preço que o torrefador considera razoável dentro de sua atividade. 100,00 uma mercadoria cujo preço de mercado é R$ 120,00. Tanto para o produtor (na situação de escassez de café), como para o torrefador (na situação de safra recorde), o prejuízo realizado não será encarado propriamente como um prejuízo e sim como um prêmio pago por um seguro. Nesse exemplo, ao preço de R$100,00/saca, ambos tinham seus custos cobertos e a lucratividade, dentro de suas respectivas atividades, garantida. Quando o participante entra no mercado, com a finalidade de obter proteção, ele estará abrindo mão de possível ganho para não incorrer num prejuízo efetivo. 2.3 Deficiências dos contratos a termo Os contratos a termo não eliminam o risco de a contraparte não honrar o contrato. O risco de crédito está relacionado com a ausência de sistema de garantias adequado. Os negócios para liquidação a termo envolvem elevados riscos dessa natureza. Para resolver esse problema, cada uma das partes da transação faz o depósito de uma soma de dinheiro (ou oferece algum ativo líquido em garantia) com uma terceira parte, neutra, pelo montante que se acredita que seja o risco de não cumprimento do contrato. Caso uma parte não o honre, a outra parte recebe o dinheiro como reembolso pela inconveniência ou perda financeira. No entanto, outros problemas permanecem especialmente nos mercados agropecuários. Os contratos a termo especificam o prazo e o local da entrega da mercadoria, assim como sua qualidade mínima e a quantidade negociada. Apesar dessas especificações, na prática, surgem muitas dúvidas, contrariedades e disputas em relação aos itens acordados, trazendo um custo de transação muito algo à negociação e, assim, tornando-a pouco ágil e limitada. Além disso, temos outros problemas: Inadequação dos sistemas de armazenamento; Variação nas condições de pagamento de um contrato para outro; Falta de transparência na formação de preços: como os mercados a termo são negociações privadas, os demais participantes do mercado não têm informações em relação a fechamento dos negócios. Não existe nenhum tipo de divulgação formal dos preços que são praticados, logo nenhum participante do mercado estará certo se está realmente negociando pelo preço mais justo. Ele não sabe como está ocorrendo à formação de preços da commodity no mercado como um todo; Impossibilidade de recompra ou revenda caso uma das partes deseje sair do contrato antes do prazo estabelecido: os contratos a termo não oferecem a possibilidade de intercambialidade de posições, ou seja, nenhuma das partes consegue encerrar sua posição antes da data de liquidação (é muito difícil encontrar outra pessoa que esteja disposta a aceitar todas as condições que foram negociadas entre um agente e sua contraparte). Esses contratos são particulares e pessoais, ou seja, suas especificações só atendem às necessidades de seus detentores. No sentido de aprimorar os negócios para a liquidação futura e sanar os problemas acima citados, foram desenvolvidos os mercados futuros. Como o setor produtivo agrícola necessitava avançar e aumentar a eficiência de suas ligações com os outros elos da cadeia produtiva, as bolsas de futuros surgiram como resposta a essas necessidades. 3. Mercado futuro: características e funções Nesta seção, analisam-se as principais características do mercado futuro, suas funções e sua importância para a economia de um país, bem como as condições para seu bom funcionamento. Adicionalmente, serão apresentados os agentes que nele atuam. 3.1 Introdução Os contratos futuros são muito semelhantes aos contratos a termo, pois são utilizados em operações de compra e venda de um ativo para uma determinada data futura por um preço predeterminado. Todavia, os contratos futuros são padronizados e as operações são realizadas por meio de pregões de bolsa, mediante um sistema de leilões múltiplos onde ofertas de compra e de venda são realizadas concomitantemente e cujos preços são divulgados publicamente a todos os participantes do mercado. 3.2 Características dos contratos futuros Muitas características dos contratos futuros surgiram como aperfeiçoamento dos contratos a termo. Duas dessas características – a padronização dos contratos e a liquidação centralizada em uma clearing – são fundamentais para o bom funcionamento do mercado futuro e marcam a diferença em relação ao mercado a termo. A padronização facilita a participação dos agentes e a liquidação centraliza confere credibilidade e segurança às operações realizadas nesse mercado. Padronização dos contratos futuros Todos os termos do contrato futuro são padronizados e estabelecidos pela bolsa antes de começar a negociação. Após o comprador ou vendedor escolher o contrato a ser negociado, sua quantidade e a data de vencimento desejada, a única variável sujeita à negociação entre as partes é o preço. É muito importante que não haja ambiguidades e que todas as cláusulas do contrato estejam bem claras para os participantes. As chamadas especificações contratuais incluem itens, tais como: O objeto da negociação (em que se define a qualidade da commodity negociada); A unidade de negociação; A maneira como a cotação é feita; A variação mínima da apregoação; A oscilação máxima diária da cotação; Meses de vencimento; Número de vencimentos em aberto; Data do vencimento e último dia de negociação; Condições de liquidação; Custos operacionais e outras regras e normas; Veja, a seguir, dois exemplos: 1. Contrato futuro de boi gordo da BM&F O objeto de negociação é um boi gordo acabado para abate – tipo bovino, macho, castrado, bem acabado, em pasto ou confinamento, com peso vivo individual entre o mínimo de 450 kg e máximo de 550 kg (verificado na balança no local de entrega) e idade mínima de 42 meses, A cotação é em reais por arroba líquida. A unidade de negociação é de 330 arrobas líquidas. Os meses de vencimento são todos os meses do ano. Ambas, a data de vencimento do título e o último dia de negociação dele acontecem no último dia útil do mês de vencimento. No vencimento, as posições podem ser encerradas de duas maneiras: financeiramente (com base em um índice de preços) ou pela entrega dos bois negociados em cada contrato.¹ 2. Contrato futuro de taxa de câmbio de reais por dólar da BM&F As especificações do contrato futuro de taxa de câmbio de reais por dólar negociado na BM&F estabelecem que o objeto de negociação seja a taxade câmbio de reais por dólares dos Estados Unidos, para entrega pronta, contratada nos termos da resolução 1690/90, do Conselho Monetário Nacional (CMN). Ao relacionar as condições de liquidação no vencimento, o contrato esclarece que a taxa de câmbio é definida como a taxa média de venda apurada pelo Branco Central do Brasil (BACEN), segundo critérios por ele definidos, e divulgada pelo Sisbacen, transação PTAX800, opção “5-L” (cotação de fechamento), e que será utilizada com até quatro casas decimais.1 A padronização dos contratos é condição imprescindível para que a negociação possa ser realizada na bolsa. Isso se deve a duas razões: Viabiliza a negociação em pregão: Imagine um pregão em que cada um dos participantes estivesse negociando um tipo de boi ou de café, todos de espécies diferentes ou com cotações e unidades de negociação distintas. A negociação de pregão seria impraticável. Graças à padronização, os produtos em negociação se tornam completamente homogêneos, tornando indiferente quem está comprando ou vendendo a mercadoria. Intercambialidade de posições: os contratos negociados em balcão não são intercambiáveis, já que são instrumentos particulares e pessoais, sendo muito difícil encontrar substituto para uma das partes. Com a padronização dos contratos, esse problema foi substancialmente mitigado. Os contratos 1 � As especificações dos contratos futuros negociados na BM&F estão disponíveis no site: http://www.bmf.com.br – Link: Contratos podem passar de mão em mão com maior facilidade, tanto entre vendedores quanto entre compradores. Assim, nenhum participante precisa carregar sua posição até a data do vencimento do contrato, podendo encerrar sua posição a qualquer momento, desde a abertura do contrato até a data do vencimento. Esse encerramento é feito por meio de uma operação inversa à original: para fechar a posição de um contrato de compra, por exemplo, de boi gordo, basta fazer um contrato de venda de boi gordo (com a mesma quantidade que o contrato de compra) e sua posição é liquidada; as obrigações de entrega do boi gordo e compra deste são transferidas respectivamente para as contrapartes dos contratos de venda e de compra. Câmaras de compensação (clearing houses) Outro avanço, em relação aos contratos a termo, foi reduzir os problemas relativos ao risco de crédito por meio da criação das câmaras de compensação. Com a atividade das clearings: Desenvolveu-se um sistema de garantias adequado, tornando o mercado seguro a seus participantes. Todas as transações são registradas: as entregas da commodity dos vendedores para os compradores e o pagamento destes passaram a ser documentados e supervisionados pela clearing; A liquidação financeira dos contratos futuros foi facilitada, já que estes agora são padronizados e podem ser trocados facilmente. Se, após sucessivas negociações um participante é simultaneamente comprador e vendedor, a sua posição é liquidada na câmara de compensação: seus contratos de venda são pareados aos seus contratos de compra e sua posição é fechada para os contratos equivalentes. A vantagem é que se tornou possível a entrada no mercado de pessoas que não têm o interesse de entregar ou de receber a commodity. Ou seja, viabilizou a participação de especuladores e investidores, aumentando a liquidez das operações. Cada transação possui uma terceira parte, pois a clearing passa a ser o comprador para cada vendedor e o vendedor para cada comprador. Na realidade, o vendedor vende para a câmara de compensação e o comprador compra desta. Isso assegura a integridade dos negócios realizados. 3.3 Importância do mercado futuro O mercado futuro desempenha duas funções básicas na economia: a possibilidade de realização do hedging e a descoberta de preços. Veja a seguir cada uma dessas funções e os benefícios por elas gerados. Hedging A incerteza dos preços futuros é uma das maiores causas de ineficiência dos negócios. Veja, por exemplo, a agropecuária e o próprio setor financeiro. Agropecuária: trata-se de uma atividade produtiva que se assemelha a um jogo de incertezas com elevado risco financeiro. A produção tem forte dependência dos fatores climáticos; algumas culturas e/ou criações permanecem no campo sem apresentar retorno ao investimento realizado por prolongados períodos (devido ao próprio processo de maturação ou de crescimento); a comercialização é difícil devido ao perecimento dos produtos, bem como à volatilidade dos preços que estarão vigentes ao final da safra. Setor financeiro: o mercado de câmbio, em regime de livre flutuação, reflete forças econômicas internas e externas e a relação entre ambas (veja o gráfico abaixo), dificultando o planejamento e a execução da atividade industrial quando há insumos importados ou quando o produto é vendido externamente. Títulos financeiros também oscilam muito e as taxas de juro apresentam muita volatilidade, adicionando riscos extras na atividade de intermediação financeira que se traduzem em maiores custos para o usuário final do crédito. Os mercados futuros propiciam os instrumentos necessários para melhorar essa ineficiência. Por meio de operações de hedge, todos aqueles que detêm o produto ou direitos sobre este, têm um tipo de “seguro” ou “garantia” contra tanto os efeitos negativos como os positivos da variação de preços. Nos jargões de mercado, denomina-se hedging o ato de defender-se contra variações adversas nos preços por meio da tomada de posições no mercado futuro oposta a posição no mercado a vista. Para melhor explicar o processo, vemos a seguir um exemplo: Uma importadora que sofre o risco da desvalorização do câmbio pode comprar contratar termos sobre o câmbio se comprometendo a vender dólares na data em que precisará comprar os mesmo para as negociações próprias à empresa: dessa forma, a desvalorização do câmbio lhe proporcionará lucro na moeda nacional e contrabalanceará o prejuízo na compra à vista, fixando o preço. E por meio de outro exemplo, podemos entender melhor como funciona o processo: Um pecuarista que terá no dia 31/07 6.600 arrobas de boi gordo está preocupado com a variação do preço do ativo-objeto nos próximos meses, e resolve fazer uma operação para se proteger contra uma possível perda financeira. Avaliando o processo de engorda, suas despesas, e o lucro que ele espera auferir sobre as 6.600 arrobas do gado, o pecuarista conclui que R$ 53,20/arroba é um bom preço a receber pelo seu emprenho. Então, ele faz uma operação no mercado de derivativos comprando boi gordo em contratos futuros, vejamos o que acontece: Hedge de venda de boi gordo data Cotação Cálculo do ajuste Ajuste para o vendedor 09/05 R$ 53,20 15/05 R$ 53,10 (53,20- 53,10)*6.600 R$ 660,00 27/07 R$ 49,25 (53,10- 49,25)*6.600 R$ 25.410,00 30/07 R$ 49,65 (49,25- R$ - 2.640,00 49,65)*6.600 31/07 R$ 50,10 (49,65- 50,10)*6.600 R$ - 2.970,00 TOTAL R$ 20.460,00 No dia 31/07, a BM&F liquida financeiramente os contratos pelo indicador ESALQ/BM&F, fechando a posição do pecuarista no mercado futuro. No mesmo dia, ele vende o equivalente a 6.600 arrobas no mercado físico a um preço de R$ 50,10/arroba. Temos que: Mercado Físico R$ 330.660,00 (50,10*6.600) Ganho no mercado futuro R$ 20.460,00 (53,20-50,10)*6.600 Total R$ 351.120,00 (ou R$ 53,20/arroba) É possível ainda distinguir as operações de hedge em dois tipos: Hedge de venda: é realizado ao vender contratos futuros, ou seja, ao assumiruma posição vendida em futuros contra uma posição comprada no mercado físico. O objetivo é buscar proteção contra uma queda dos preços do ativo com o qual trabalha Hedge de compra: é realizado ao comprar contratos futuros, ou seja, assumir uma posição comprada em futuros contra uma posição vendida no mercado físico. O objetivo é buscar proteção contra alta dos preços do ativo com o qual trabalha. Na realidade, o que as empresas que fazem o hedge buscam é eliminar o risco de preço, podendo dedicar-se exclusivamente às atividades típicas de seu negócio. Descoberta de preços A segunda principal função dos mercados futuros é a de “descobrir os preços”. Em um mercado concorrencial, compradores e vendedores são os que determinam os preços. A descoberta dos preços é um processo dinâmico e contínuo, no qual se recolhem informações e interpretam-se sinais sobre as forças de oferta e demanda, incorporando-se novas informações aos preços. Os mercados futuros aproximam-se muito de um modelo ideal de formação de preços: proveem mecanismos centralizados de negociação, com ampla transparência e facilidade de acesso, no qual as informações são recebidas, processadas, interpretadas e incorporadas com velocidade de dinamismo. No pregão do mercado futuro de taxa de juro, por exemplo, os operadores negociam por conta e ordem de bancos e instituições interessadas em fixar a taxa de juro para um período posterior. As ofertas realizadas refletem todas as expectativas desses agentes, fundadas em todas as informações disponíveis. O preço futuro de uma commodity ou instrumento financeiro observado nos pregões de uma bolsa em determinado dia, pode ser interpretado como refletindo o consenso dos agentes de mercado, naquele dia, sobre quanto será o preço em um ponto futuro. A “descoberta de preços” permite o planejamento estratégico pelos agentes. Tomando como exemplo o mercado do boi gordo, observa-se que algumas atividades, como a de confinamento para engorda do gado, baseiam-se em cálculos complexos de rentabilidade, no qual expectativas sobre preços futuros são os parâmetros principais. O pecuarista compra um lote de bezerro ou de boi magro, investe em sua engorda durante um tempo e vende o lote de boi gordo no final do período do investimento em ganho de peso. Porém, a que preço? Este é o ponto chave; e, apesar de não haver uma resposta pontual, o mercado futuro fornece uma boa aproximação desse valor. Na ausência de mecanismo de mercado “descobrindo o preço” e possibilitando o hedging, essa atividade de engorda seria muito arriscada. Haveria preço certo quando da compra do lote do boi magro, e, também (possivelmente), dos insumos de engorda. Mas o preço do boi gordo, seis ou oito meses à frente, seria uma incógnita. Com um mercado futuro em funcionamento e com o preço aí descoberto, o pecuarista decide se vai ser ou não lucrativo confinar o gado. Veja pelo gráfico a seguir que o pecuarista em meio de 2006, por exemplo, pôde utilizar o mercado futuro para realizar a “descoberta de preços” da arroba do boi para o mês de dezembro de 2006. Várias conclusões podem ser obtidas desse gráfico: Desde maio de 2006, havia referência de preços para dezembro daquele ano; O preço futuro oscilou entre R$ 58,00 e R$ 63,00, aproximadamente, em boa parte do período, facilitando o planejamento dos pecuaristas, dos processadores e até dos exportadores de carne. Em julho, o preço a vista (aqui denominado “indicador ESALQ/BM&F) subiu acentuadamente (provavelmente devido à piora das pastagens, cenário habitual nessa época), mas o mercado futuro teve uma oscilação muito menos. Os preços do mercado futuro já incorporavam essas informações desde muito antes. Em períodos menores, há também um efeito de retroalimentação entre os preços no presente e no futuro, inflexões de preço em um mercado influenciam o outro (em ambas as direções), pois a dinâmica do ajuste das forças de oferta e demanda causa arbitragem entre a produção presente e a futura. O fato de todos os negócios serem realizados em pregão, com grande número de participantes, e a informação ser imediatamente disseminada, aproxima os mercados futuros do ideal de competição perfeita. Além disso, a divulgação dos preços em jornais, televisão, terminais e sistemas on-line, permite a vendedores e compradores conhecerem, a qualquer momento, o preço das mercadorias ou instrumento financeiros que pretendem comprar ou vender. E, ainda, as regras da negociação em pregão proporcionam a certeza de que os negócios foram realizados pelo melhor preço possível, sem favorecimento ou discriminações. Benefícios gerados pelos mercados futuros As funções de hedge e de descoberta de preços garantem uma série de benefícios para as empresas e para os negócios. Podemos sintetizá-los nos itens abaixo: Facilita a administração de risco: os agentes econômicos enfrentam riscos de preços em suas atividades; ao administrar seus recursos, esses agentes se guiam por relações de preços. No entanto, preços esperados, que entram nos respectivos cálculos de rentabilidade, estão sujeitos a grandes mudanças no futuro, de modo que alguns desses agentes podem acabar tendo custos maiores que receitas. Os mercados futuros constituem-se assim numa boa maneira de administrar esse risco. Ajuda as empresas a planejarem estrategicamente suas atividades: o preço futuro representa o consenso dos participantes do mercado sobre o preço que se espera vigorar numa data futura. Em 23/06/2006, o preço futuro do dólar comercial (R$/US$ 1.000,00), com vencimento em setembro/2006, estava cotado em R$ 2.275,010 e para janeiro/2007 em R$ 2.339,68. Com essa informação, importadores, exportadores, instituições financeiras e outros que dependam do câmbio podem ajustar planos, rever metas e calibrar estratégias. Os contratos futuros permitem a criação efetiva de um mercado de “papel”: embora o objeto desses contratos sejam commodities e instrumentos financeiros, na prática, menos de 1% dos contratos são liquidados com a entrega física dos bens e serviços. A grande maioria é liquidada via reversão da posição, ou seja, o comprador ou vendedor de um determinado contrato assume a posição oposta em outro contrato idêntico, fechando a posição. Isso é possível porque os contratos são padronizados e porque os custos operacionais são baixos. Dão também muita flexibilidade aos especuladores, que podem comprar ou vender futuros de commodities ou instrumentos financeiros sem se preocuparem em serem donos desses bens. Contribui para estimular a liquidez do próprio mercado físico da commodity: o mercado futuro permite melhor planejamento estratégico das atividades produtivas, especialmente as agropecuárias, evitando que os produtores tenham de vender sua colheita logo após a safra para fazer caixa. Dessa maneira, as vendas se distribuem melhor no tempo. Um benefício adicional é o de racionalizar o uso da capacidade de armazenamento. Atrai participantes de fora da cadeia produtiva, pela atuação dos especuladores: se o mercado fosse depender apenas dos membros da cadeia de produção para operações de hedge de compra e venda, isso limitaria a liquidez dos contratos. Por exemplo, suponha que pecuaristas queiram fazer hedge de venda das suas arrobas de boi gordo. Se somente supermercados e frigoríficos estivessem dispostos a comprar os contratos futuros, talvez a demanda de hedge dos pecuaristas não fosse atendida. No entanto, com a entrada dos especuladores, o mercado tem mais liquidez, mais compradores e mais vendedores, e, logo, mais capacidade de atender as demandas de ambosos lados. O especulador, como já dito, permite que não seja necessária a troca do ativo-objeto, e, portanto, o hedge pode ser feito através do lucro financeiro puro, e não da troca, equalizando as demandas. 3.4 Condições para o funcionamento do mercado futuro Diversas commodities e ativos financeiros servem como ativo subjacente aos contratos de derivativos. Entretanto, verifica-se que não são todas as commodities ou ativos financeiros do mercado a vista que têm correspondência no mercado futuro. As razões que levam um ativo a ter demanda suficiente no mercado futuro para dar liquidez mínima ao processo não são precisamente conhecidas: Estima-se, com base na experiência de bolsas no mundo inteiro, que cerca de 10% dos novos contratos lançados para negociação têm êxito e concretizam o seu mercado futuro. Apesar da baixa probabilidade de sucesso, a experiência acumulada em muitas décadas aponta para alguns requisitos: Grande e ativo mercado físico da commodity ou do ativo financeiro: quanto maior for o mercado comercial, maior a probabilidade de um contrato futuro dar certo. Seus participantes devem ter atuação ativa no mercado físico para assegurar conexão lógica e consistente entre os preço a vista e a futuro; Atomicidade dos participantes e mercado competitivo: Os agentes dos mercados têm que ter nenhum ou pouquíssimo poder de mercado, com a produção e o consumo distribuído de forma mais ou menos homogênea entre todos os agentes, para que, assim, haja competição e livre formação de preços. Ou seja, nenhum participante isoladamente deve ter condições para influenciar o preço. Os participantes são, na linguagem da economia, tomadores de preço, ao invés de formadores de preço; Homogeneidade do produto: o produto deve ser passível de padronização e classificação. Essa condição é muito importante do ponto de vista do comprador, porque o deixa indiferente a quem está ofertando o produto; Baixa intervenção governamental: a regulamentação imposta pelo governo muitas vezes influencia na formação de preços, principalmente com controle destes e da comercialização dos produtos; Período de estocagem: produtos que perecem rapidamente têm mais dificuldade de afirmação no mercado futuro devido às dificuldades impostas pelo pequeno tempo de negociação; Regras de mercado estáveis: os contratos são desenhados e lançados para atender situações que reflitam um dado conjunto de regras de mercado. Caso essas regras mudem com demasiada frequência, fica difícil mantes os participantes ativos no contrato, devido ao risco de que as mudanças das regras de mercado provoquem prejuízos para uma ou ambas as partes; Alta volatilidade da commodity ou do instrumento financeiro: os preços do ativo devem ser suficientemente voláteis para causar desconforto e apreensão aos participantes do mercado e induzi-los a querer administrar o risco da variação dos preços; Disponibilidade de informação pública sobre a oferta e a demanda do ativo: a atividade de negociação será seguramente meio caso a informação possa ser facilmente encontrada e ajude a fazer previsões de preços. Vimos, ao longo desta seção, as principais características dos contratos futuros, suas funções e os benefícios que os diferentes agentes de mercado auferem com seu uso. Dada a volatilidade dos preços nos mercados financeiros, agropecuários e de energia, dentre outros, a utilização dos contratos futuros para a realização da gestão financeira dos negócios vem sendo ampliada. Nesse sentido, é essencial que o conhecimento desses mercados seja aprofundado de forma a melhor entende-lo para utilizá-lo com maior eficiência. 4. Mercado de opções A seguir, apresentamos uma visão geral dos fundamentos e do funcionamento do mercado de opções em comparação com outros derivativos. O estudo se complementa com a discussão dos conceitos e definições básicas utilizadas nesta modalidade. 4.1 Opções e os mercados de derivativos Assim como os mercados a termo, futuro e as operações de swaps, as opções são instrumentos destinados à gestão do risco de preços. As opções, todavia, apresentam algumas características que lhes conferem maior flexibilidade com relação às operações a termo e futuro. Por meio de um único pagamento (inicial), uma das partes realiza o hedge sem abrir mão dos movimentos que lhe favorecem; a outra parte da operação recebe esse pagamento como remuneração por sua exposição ao risco, que pode chegar a ser ilimitado. Admitindo diferentes graus de padronização, as opções são negociadas tanto no chamado mercado de balcão ou em ambientes organizados, bolsas. Quanto mais padronizadas, maior facilidade têm as partes em liquidar suas posições iniciais (de compra ou de venda) com operações inversas (semelhantemente ao que acontece no mercado futuro). É importante ressaltar ao menos dois dos termos mais usados no vocabulário quando se trata de opções: Opções de compra, nas quais um agente tem o direito de comprar o ativo subjacente, são usualmente chamadas de call; enquanto opções de venda, nas quais um agente tem o direito de vender o ativo subjacente, são chamadas de put. 4.2 Como surgiram as opções As bolsas americanas foram o berço em que se desenvolveram os primeiros contratos de opções na forma como são conhecidos hoje. Talvez o principal fato da história desses instrumentos seja a criação, em 1973, da Chicago Board Options Exchange (CBOE), em que começaram a ser negociados contratos de opções de compra sobre um total de 16 ações. Nos Anos subsequentes, outras bolsas como a American Stock Exchange, a Philadelphia Stock Exchange (PHLX) e a Pacific Stock Exchange também lançaram contratos semelhantes. Apenas em 1977 começaram a ser negociadas opções de venda, coincidindo com a realização de alguns estudos que procuravam precificar essas opções. Luiz Maurício da Silva, em seu livro “Mercado de opções – Conceitos e Estratégias” (1996) lembra que: Nos anos 80, além das opções sobre ações, os contratos de opções se estenderam também aos instrumentos financeiros, como: opções sobre índices de ações, divisas, bônus (obrigações), futuros de índices de ações, futuros de commodities, futuros de bônus do tesouro e futuros de moedas. Além dos mercados americanos, os contratos de opções também se desenvolveram nos principais centros financeiros como Amsterdã, Londres e Paris, e em outros mercados de países mais desenvolvidos como Canadá (Toronto), Suécia, Nova Zelândia e Austrália. No que concerne a América Latina, as primeiras bolsas a iniciarem negociação com opções foram às brasileiras. Os primeiros contratos foram de opções de ações, lançados na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ) e na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), no início da década de setenta. Já as negociações com futuros e opções, se iniciaram ao final de 1984 na Bolsa Brasileira de Futuros (BBF) e no ano seguinte na Bolsa Mercantil e de Futuros (BM&F). 4.3 Opções: mecanismos de funcionamento Na negociação de opções, a padronização deixa de ser tão importante como é no mercado futuro. Geralmente não há ajustes diários2, as garantias exigidas são diferentes, e a reversão das posições se realiza de outra maneira. Além disso, diferentemente das obrigações pressupostas na negociação de contratos a termo e de futuros, no mercado de opções, compradores e vendedores realizam suas ofertas para adquirirem (ou venderem) direitos. Como Classificar esses direitos? É possível distinguir entre direito de comprar e direito de vender. Quando se negocia o direito de comprar determinado produto, aspartes estão negociando uma call. Já as puts permitem a negociação de direitos de venda de certo produto. Em ambos os casos, o direito adquirido na negociação tem prazo de validade, refere-se a um produto denominado ativo-objeto (definido no contrato) e é exercido a um preço (de exercício) previamente estabelecido. Convém analisar cada um dos elementos da definição, iniciando pelos participantes. Participantes O titular da opção é quem detém o direito de comprar ou vender. Já o vendedor (também chamado “lançador” da opção), seja uma put seja um call, é quem, no ato da negociação, aceita o direito da contraparte. É preciso notar que não há simetrias entre compradores e vendedores e calls e puts: Tipo de opção Titular Paga o prêmio Lançador Recebe o prêmio 2 � Ajustes diários ocorrem apenas no mercado de opções com ajuste sobre a Taxa de Câmbio de reais por dólar dos EUA. Esse instrumento foi implementado no ano de 2006. As opções com ajuste diferenciam-se das opções convencionais, pois são marcadas a mercado, ou seja, possuem seus valores atualizados diariamente e são liquidadas no dia útil seguinte de acordo com as variações de preços. CALL Direito de comprar Obrigação de vender PUT Direito de vender Obrigação de comprar Ativo-objeto da ação O direito de compra ou de venda negociado por meio de uma opção pode estar referido a diversos tipos de ativos. Pelo menos quatro tipos podem ser diferenciados: Ativos tangíveis, ou físicos, como ouro em lingotes ou um produto agrícola como o milho; Valores mobiliários, como a ação de uma companhia cotada em bolsa; Um conceito abstrato como o preço de outra commodity – uma opção sobre “taxa de câmbio”, por exemplo; Outro contrato derivativo (futuro ou de swap) – os contratos de opções sobre o contrato futuro de café da BM&F, sobre o contrato futuro de DI, etc. Vencimento De acordo com o período no qual o direito da opção pode ser exercido, podemos classificá-la em: Opção americana: quando o direito pode ser exercido pelo titular a qualquer momento entre a compra da opção e a data de seu vencimento. Opção europeia: quando o direito só pode ser exercido na data de vencimento da opção. Opção asiática: quando o direito se refere a uma média de preços durante certo período. Por exemplo: um banco pode vender a uma empresa importadora o direito de comprar dólares durante certo período (ou em um número preestabelecido de operações) a um preço médio predeterminado. Nota-se que, na atualidade, os nomes apenas são utilizados para marcar as diferenças, sem qualquer referência ao local da negociação. Preço de exercício Dois preços devem ser distinguidos quando se trata de mercado de opções: o preço de exercício e o preço (prêmio) de uma opção. O primeiro é preestabelecido e define um valor de referência para o exercício. Já o prêmio é a quantia paga pelo comprador ao vendedor de uma opção: este valor é resultado da negociação, das forças de oferta e demanda, entre as partes. Vamos elucidar essa diferença atentando ao seguinte exemplo: quando a cotação de uma ação, a EMBR3, é de R$19,00, a bolsa poderá ficar preços de exercício de R$18,50; R$19,00 e R$19,50, para o vencimento subsequente das opções de compra. Uma call de R$19,50 para esse vencimento pode ser negociada a R$1,00. Isso significa que o titular pagou um prêmio de R$1,00 para ter direito de comprar a ação EMBR3, no vencimento determinado, a R$19,50. O preço de exercício é um valor de referência que permitirá ao titular decidir se exerce ou não seu direito. As opções de compra geralmente serão exercidas quando o preço do ativo-objeto for superior ao preço de exercício preestabelecido; Nas opções de venda, o preço de exercício marca o nível máximo: quando o preço do ativo-objeto estiver abaixo desse nível, o direito geralmente é exercido pelo titular. Em ambos os casos descritos, usou-se a expressão “geralmente”, pois existem outros fatores que também incidem sobre a decisão de exercício, além da relação de preços de exercício e preço do ativo-objeto. O valor do prêmio de uma opção estará determinado pela oferta e demanda, isto é, deverá refletir o ponto de encontro das intenções de venda e compra, e poderá diferir do chamado “preço justo” (que é um preço teórico calculado por complexos modelos matemáticos, geralmente para decidir a conveniência de realizar uma operação). Série Reunindo-se todos os conceitos apresentados, define-se a série de uma opção como o conjunto formado pelo tipo de opção, ativo-objeto, preço de exercício e vencimento. As diferentes séries costumam receber uma sigla ou denominação que facilita sua identificação. Por exemplo: A série DOLjL02 identifica as opções de compra do tipo europeia sobre a taxa de câmbio de reais por dólar comercial com preço de exercício de R$3.000,00/US$1.000,00, para vencimento em julho/2004. A série DOLAG29 identifica as opções de venda do tipo europeia sobre a taxa de câmbio de reais por dólar comercial com preço de exercício de R$3.200,00/US$1.000,00, para vencimento em agosto/2004. A série ICFMA57 identifica as opções de compra do tipo americanas sobre o contrato futuro de café arábica de US$70,00/saca, para vencimento de maio/2004. A série ICFST83 identifica as opções de venda do tipo americanas sobre o contrato futuro de café arábica de US$75,00/saca, para vencimento em setembro/2004. Denominações mais ou menos complexas são adotadas nos diversos mercados em que as opções são negociadas, sendo sempre o objetivo condensar em um código a informação; código relativo ao tipo específico de contrato aberto à negociação. 5. Mercado de swaps 5.1 Swaps: Definição e história O site investopédia define swap da seguinte maneira: Swap é um acordo entre duas partes visando à troca de uma sequência de fluxos de caixa por um período de tempo definido. Normalmente, da firmação do contrato, ao menos uma dessas séries de fluxo de caixa é determinada por uma variável aleatória ou incerta, como uma taxa de juros, taxa de câmbio, valor de uma ação ou o preço de uma commodity. Conceitualmente, podemos analisar o swap tanto como um portfólio de contratos a termo, ou como uma posição de longo prazo em uma ação combinada com uma posição de curto prazo em outra. A primeira negociação de swap conhecida ao público ocorreu em 1981, quando a empresa IBM e o Banco mundial acordaram um contrato de swap. Mas apesar de ser um contrato relativamente recente, swaps estão entre os mais usados contratos de derivativos no mundo. Chegando a números exorbitantes, a Associação Internacional de Swaps e Derivativos estimou em 2006 que o mercado de swaps neste ano tinha um valor de referência (notional value) que excedia US$ 250 trilhões: à época, o mercado mobiliário dos EUA tinha aproximadamente 6,5% desse tamanho. 5.2 Swaps: Mecanismos de funcionamento Swaps são contratos negociados majoritariamente no mercado de balcão, e, portanto, como já mencionado anteriormente, a variabilidade dos termos do contrato é muito grande, ficando a cargo das partes a criatividade na criação de cada cláusula. Essa mesma característica ajudou a criar no mercado uma imensa gama de “contratos padrão”, e nesta seção introduziremos algumas noções a respeito do plain vanilla interest rate swap que é um swap sobre taxas de juros e o swap cambial. Principais partes de um acordo de swap Antes de entrar propriamente na discussão sobre o funcionamento deste instrumento financeiro, é importante que deixemos claro à que cada termo remete e quais são as partes envolvidasno contrato. O mais comum entre os contratos de swap é que ocorra a troca de duas séries de fluxos de caixa, das quais uma é determinada por uma taxa de juros fixa enquanto a outra é indeterminada. O valor que uma companhia deverá pagar a outra será calculado em cima de um valor de referência (notional value) que é acordado no início do contrato; os pagamentos deverão ser feitos em datas específicas, tais datas e o tempo entre os pagamentos (por exemplo, pagamentos mensais, anuais, bimestrais) são todos termos do contrato. Com uma ideia mais clara dos termos envolvidos em um contrato de swap, passamos agora para o funcionamento prático. Plain Vanilla interest rate swap Esse é o tipo de contrato mais simples e mais comum, e nos aprofundaremos nele por meio de um exemplo numérico: A empresa “A” e a instituição financeira “B” têm interesse em fazer um swap para trocar uma série de fluxos de caixa nos próximos cinco anos. Por motivos financeiros, está à procura de um contrato em que ela pague uma taxa de juros variável, mas receba em troca uma taxa fixa. Exatamente o oposto do que B necessita no momento. No dia 29/07/2013, Ambas firmam um contrato de Swap no qual os seguintes termos são acordados: O Valor de referência do contrato é de R$ 50 milhões A data de troca dos fluxos de caixa ocorrera todo dia 29/07 de cada ano, e o espaço de tempo entre as trocas é de um ano. A empresa A fica incumbida de pagar à B a taxa Selic ao ano vigente no dia da troca A empresa B fica incumbida de pagar à A 8% de juros ao ano No dia 29/07/2014, as empresas vão fazer a primeira troca de fluxos de caixa prevista no contrato, temos a seguinte situação: a Selic over, ao ano, no dia 29/07/2014 era de 10,90%, logo, A deve paga à B 0,1090*50milhões (Selic*Valor de referência), ou seja, R$5.450.000,00; Já B deve pagar a A 0,08*50milhões (8%*Valor de referência), ou seja, R$4.000.000,00. Na pratica, o que ocorrerá é que a empresa A pagará à instituição financeira B o valor de R$1.450.00,00 que é o valor líquido da operação. Esse processo continuará por mais quatro anos, sendo finalizado no dia 29/07/2018. É importante ressaltar que nesse tipo de contrato não há a troca do principal, ou valor de referência. As partes somente trocam os fluxos de caixa que são calculados por meio destes. Swap Cambial A principal diferença quando se compara o Swap cambial com o swap de juros é a troca do principal: Quando da firmação do contrato, as partes trocam os valores do principal acordado (geralmente corrigidos pela taxa de câmbio entre as moedas); nas datas combinadas para as trocas, somente os fluxos de caixa (ainda calculados sobre o principal) serão intercambiados; finalmente, ao final do tempo que foi negociado entre as partes, o principal é devolvido a contraparte sem ajuste pela taxa de câmbio vigente. Vejamos um exemplo: Uma firma brasileira B, e uma companhia europeia E, acordam um contrato de swap cambial com principal de $50 milhões. Se a taxa de câmbio Real/Euro estiver cotada em R$3,00/euro no dia do contrato, B receberá de E €16.666.666,67 no dia da contratação e E receberá de B R$150.000.000,00. Nas datas posteriores, as partes trocarão juros sobre o principal que foi recebido da outra parte: Se B recebeu euros de E, pagará uma taxa de juros sobre o euro, e vice-versa. Ao final do contrato, o dinheiro cedido no primeiro dia será recebido sem ajustes de câmbio. 5.3 Brasil e os swaps cambiais Swap cambial é um termo muito falado na mídia brasileira nos últimos tempos. Mesmo que nem todos entendam o que é, a maioria de nós já ouviu falar das rolagens de swap cambial do Banco Central do Brasil (BACEN). Nesta breve seção, vamos tentar entender um pouco melhor esse instrumento financeiro utilizado pelo banco central. A operação de troca de fluxos de caixa que estava tão em voga na mídia entre meados de 2013 e no começo de 2014 se diferenciava um pouco da estudada há pouco. Se aproximando, neste quesito, ao swap de taxa de juros, o governo central não trocava o principal negociado com os agentes do mercado, e a troca de fluxos de caixa também envolvia uma taxa de juros. Segundo a seção de economia do site terra.com.br, a operação se dava da seguinte forma: O Bacen se comprometia a pagar aos compradores do contrato uma taxa de juros pós-fixada, e, em contrapartida, recebia a variação percentual do câmbio Real-Dólar, no mesmo intervalo de tempo. Assim, a expectativa do banco central é que o Real se desvalorize em relação ao dólar, aumentando o “valor de face” do câmbio; enquanto os agentes de mercado esperam que o Real se valorize, ou que se desvalorize percentualmente menos que a taxa de juros pós-fixada. Como explica o site yinestimentos.com: O Swap Cambial reverso equivale a comprar dólares no mercado futuro, fazendo com que o Dólar caia ou pare de subir. Como o BC se tornarão vendedores de Dólares no futuro, outros investidores se tornarão compradores, aumentando a demanda pelo dólar fazendo o Dólar cair. Por que usar um swap? Há duas principais finalidades no uso dos swaps: Necessidade comercial: A empresa, por exemplo, pode estar querendo criar filiais em outro país; por ser mais fácil conseguir financiamento onde ela já está firmada, a contratação de um swap cambial fará o papel da conversão da moeda. Vantagem comparativa: O Site investopedia.com explica esse exemplo muito bem, vejamos: Algumas companhias têm vantagem comparativa em adquirir alguns tipos de financiamentos. Entretanto, essa vantagem comparativa pode não ser compatível com o tipo de financiamento desejado. Nesse caso, a companhia pode adquirir o financiamento o qual ela possui vantagem comparativa, e, então, contratar um swap para converter aquele no tipo de financiamento desejado. 5.4 Conclusão Apesar de ser um instrumento um tanto confuso e complicado, os contratos de swap têm ganhado grande espaço no mundo das finanças. Como foi citado na introdução, o valor de referência dos contratos de swap em 2006 era aproximadamente 15 vezes maior que o valor do marcado de ações públicas dos EUA. Esse crescimento rápido e intensivo no uso de swap não é à toa: eles possibilitam o uso de instrumentos financeiros que de outra forma seriam impraticáveis pelas empresas. A importância do Mercado de Derivativos é inegável, e suas aplicações são inúmeras, e estão sendo ampliadas a cada dia. Como vimos na seção sobre mercados futuros, ainda hoje há criação de novos contratos tentando dar contraparte no futuro ao que há no mercado a vista, diversificando os tipos de investimento, protegendo novos produtores contra as incertezas inerentes à natureza. Entretanto, devemos sempre ter muito cuidado com esse instrumento financeiro, com os derivativos. Já vimos que as perdas incutidas aos especuladores podem ser muito maiores do que o valor do ativo subjacente, podendo chegar a ser impraticável para o agente. São instrumentos de Hedge e de Alavancagem extremamente lucrativos, ou extremamente perigosos. Mas quando usados de forma coerente, sempre atentando aos mecanismos de trava (para o prejuízo não disparar), trazem inúmeros benefícios que extrapolam em muito o mercado financeiro, chegando ao mercado de bens. 6. Exercícios 1)Quais são os tipos de derivativos? Analise, separando-os entre negociados em mercado de balcão ou negociados em Bolsa, qual a principal característica o permite que o contrato seja negociado nas bolsas de valores. 2)O que diferencia o contrato de futuros do contrato de opção? 3)Quais os participantes do mercado de derivativos? Quais assuas funções? 4)Suponha que a sua empresa adquiriu uma dívida que varia de acordo com a taxa Selic over, ao ano. Você, no entanto, está muito preocupado com os rumores de que a taxa Selic deve subir nas próximas reuniões do Copom, pois esse cenário desestabilizaria as finanças da sua empresa. Conversando com um amigo de negócios, você descobre que ele está passando por um problema um pouco similar: as dívidas deles são todas negociadas por taxas pós-fixadas, no entanto, algumas dos seus direitos a receber são pré-fixados a uma taxa de 10% ao ano; mas ele, diferentemente de você, aposta na queda da taxa básica de juros. Você então tem a seguinte ideia: vocês poderiam fazer um contrato de swap, no qual ele te pagaria a taxa Selic que tanto te incomoda, e você, em troca, pagaria 11% ao ano. Supondo também que a taxa Selic um ano após a negociação fechou em 10,90% e dois anos após a negociação a 11,5%, sua ideia foi boa? Vocês se protegeram contra o que procuravam? Se sim, em quais cenários? *Assuma que o contrato foi firmado com um valor de referência de R$ 100 milhões e que as trocas dos fluxos de caixa são feitas anualmente. 5)Suponha agora que você um pecuarista do estado de São Paulo e vende bois para a Europa. Atualmente, você está criando bois para a engorda e possui um total de 18.000 arrobas. Cuidadoso como sempre, você já conversou com seu conselheiro financeiro e se protegeu contra as variações do euro, pois você não quer correr o risco de uma desvalorização do real. Quando chegou a casa para assistir o jornal, no entanto, você ouviu algumas notícias que falavam sobre rumores de que a União Europeia iria aumentar as restrições sobre a carne importada devido a um surto de doença em bois no norte do Roraima. Ao ligar para o seu conselheiro financeiro, ele rapidamente te disse para comprar no mercado futuro contratos de futuros sobre a arroba de boi para se proteger contra as variações que estão por vir nas próximas semanas. Você decidiu que 125,00 é um bom valor para receber por arroba, pois cobre todos os custos e te dá lucro o suficiente para sobreviver até a próxima remessa. Se você pretende vender bois no mercado à vista, qual posição deve tomar no mercado de futuros? Se nos dias 21 dos meses de fevereiro, março, abril, maio e junho os preços estavam respectivamente R$ 124,00. R$ 120,00, R$ 123,00, R$118,00 e, no dia da venda dos bois (21 de maio), R$121,00, quanto foi seu lucro (ou prejuízo) financeiro no final do processo? Por quando você vendeu os bois? Qual foi o preço médio por arroba com o Hedging no mercado de futuros?
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