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bernardo final[419]

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE DOURADOS DO ESTADO MATO GROSSO DO SUL. 
BERNARDO DA SILVA, brasileiro, solteiro, criador de cavalos, portador da carteira de identidade nº 10111213, expedida pelo SJS, inscrito no CPF/MF sob o nº001002003-04, endereço eletrônico bernardo@hotmail.com, residente e domiciliado na Rua Guararapes nº 10 bairro Grande, na cidade de Dourados/MS, por seu advogado GILBERTO ALVES NUNES JUNIOR, endereço eletrônico cmdo56@hotmailcom, com endereço profissional na Av. Silvado nº 630 Bairro Partenon, nesta cidade, endereço que indica para os fins do artigo 106 do CPC, vem perante este juízo propor:
AÇÃO INDENIZATÓRIA PERDAS E DANOS
Pelo procedimento COMUM em face de SAMUEL ANTONIO, brasileiro, casado, comerciante, portador da carteira de identidade nº123456, expedida pelo SJS, inscrita no CPF/MF sob o nº 001003002-90, endereço samuca@gmail.com, residente e domiciliado na Rua Dorvalino nº 15 Bairro Piedade, na cidade de Campo Grande/MS, pelos fatos e fundamentos que passa a expor. 
I. GRATUIDADE DE JUSTIÇA
O requerente é pobre na acepção jurídica do termo e bem por isto não possui condições de suportar os encargos decorrentes do processo sem prejuízo do seu sustento conforme declaração de hipossuficiência anexa, nos termos da Lei 1060/50.
II. DA OPÇÃO DO AUTOR PELA REALIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO 
O autor requer audiência de conciliação. 
III. DOS FATOS 
 Bernardo é arrendatário de um pequeno sítio, na localidade de Dourados, e neste local cria cavalos com a finalidade de reprodução, da qual tira seu sustento, por ter boa fama e ser um excelente profissional, possui ótimos equinos, por esse motivo sempre é procurado por diversos criadores com intuito de alugar seus cavalos para cruza.
No dia 22 de setembro de 2016, Samuel procura Bernardo afim de locar um de seus cavalos, da raça manga-larga, com a finalidade de transportar o equino até sua fazenda situada na capital, e assim cruzar este com uma égua de propriedade de Samuel, afim de obter crias. 
Firmado contrato em duas vias, com firma reconhecida no tabelionato de notas da cidade, ficou acordado então o valor de R$ 10.000,00 sendo certo a devolução do equino em 02 de outubro de 2016, ficando a cargo de Samuel todas as custas referentes ao translado do animal. Tais fatos podem ser comprovados através do contrato em anexo. 
Porém, mesmo tendo firmado compromisso com Bernardo, Samuel não cumpriu a obrigação de restituir o cavalo dentro do prazo acordado por ambos, e se quer ligou ou procurou Bernardo para informar o motivo do atraso de mais de 90 dias para devolução do animal, o que nos leva crer ser pura desídia. 
Bernardo decidiu ir a procura de seu cavalo, e ao chegar na fazenda de Samuel, descobre que seu cavalo manga-larga morreu em 14 de janeiro de 2017, após uma grande tempestade atingir a capital e alagar completamente a fazenda de Samuel, o que foi inevitável devido à altura atingida pela água. 
IV. DOS FUNDAMENTOS
O autor encontra amparo jurídico inicialmente nos artigos 186 e 187 do código civil brasileiro, uma vez que Samuel violou os citados tipos ao deixar, por pura desídia, de restituir o bem que havia tomado por empréstimo. 
Ainda nesse sentido, o artigo 399 do mesmo código expressa que o devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, ainda que essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou força maior, bem como além do que ele efetivamente perdeu, o que ele também deixou de ganhar, fato evidente uma vez que o proprietário do cavalo sobrevive do aluguel do mesmo, tudo conforme prevê o artigo 402 do mesmo diploma legal. 
Cabe ressaltar ainda que, o artigo 927 do referido código é muito claro e objetivo, deixando evidente que aquele que, por ato ilícito causar dano à outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Com vistas a esclarecer em sua plenitude a discussão proposta, traz-se à baila o conceito de Responsabilidade Civil no magistério de Álvaro Villaça Azevedo (2008, p. 244), o qual esclarece que:
“(...)é a situação de indenizar o dano moral ou patrimonial, decorrente de inadimplemento culposo, de obrigação legal ou contratual, ou imposta por lei, ou ainda, decorrente do risco para os direitos de outrem(...)”
Diferente não é a jurisprudência do STJ:
“RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. SEGURO DE DANO. DANOS AO VEÍCULO SOB A GUARDA DA CONCESSIONÁRIA ESCOLHIDA PELA SEGURADORA. DANOS ORIUNDOS DA FALTA DE ZELO NA GUARDA DO VEÍCULO (FURTO DE PEÇA E DEPREDAÇÃO). RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA SEGURADORA. DEMORA INJUSTIFICÁVEL PARA DEVOLUÇÃO DO VEÍCULO. LUCROS CESSANTES DEVIDOS. JUROS MORATÓRIOS A PARTIR DA CITAÇÃO. 1. A seguradora de seguro de responsabilidade civil, na condição de fornecedora, responde solidariamente perante o consumidor pelos danos materiais decorrentes de defeitos na prestação dos serviços por parte da oficina que credenciou ou indicou, pois, ao fazer tal indicação ao segurado, estende sua responsabilidade também aos consertos realizados pela credenciada, nos termos dos arts. 7º, parágrafo único, 14, 25, § 1º, e 34 do Código de Defesa do Consumidor. (REsp 827.833/MG, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 24/4/2012, DJe 16/5/2012) 2. O credenciamento ou a indicação de oficinas e concessionárias como aptas à prestação do serviço necessário ao reparo do bem sinistrado ao segurado induz o consumidor ao pensamento de que a empresa escolhida pela seguradora lhe oferecerá serviço justo e de boa qualidade. 3. Nesse passo, considerando-se que, a partir do momento em que o bem segurado é encaminhado à oficina cadastrada da seguradora, vinculada a ela, deixa o segurado de ter qualquer poder sobre o destino daquele veículo, que sai de sua guarda e passa, ainda que indiretamente, para o controle da seguradora, afirma-se a responsabilidade desta, seja pela má escolha da concessionária credenciada, assim como pela teoria da guarda 4. A partir do momento em que o consumidor entrega seu veículo à concessionária para reparo, ele confia naquela empresa, tanto no que respeita aos serviços que serão prestados diretamente no bem, quanto à sua guarda e incolumidade, exsurgindo dessa constatação que o contrato de depósito se encontra unido ao de prestação de serviço, porque imprescindível a permanência do bem no estabelecimento onde se efetuarão os consertos. 5. O Código Civil, em seu artigo 629, estabelece de forma clara o dever de guarda sobre o objeto depositado, bem como sobre a obrigação de restituir o bem da mesma forma que foi deixado, ou seja, neste dispositivo resta incontroverso que a não devolução do objeto importará na incidência da responsabilidade civil. 6. No caso concreto, o furto do tacógrafo e a destruição do para-brisa devem ser considerados má prestação do serviço, porque representaram falha na guarda do bem, defeito na conservação do veículo, da qual não se pode descuidar a contratante na realização de sua prestação. 7. Já decidiu esta Corte que, descumprindo a seguradora o contrato, causando danos adicionais ao segurado, que por isso fica impossibilitado de retomar suas atividades normais, são devidos lucros cessantes. (REsp 593.196/RS, Rel. Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, QUARTA TURMA, julgado em 04/12/2007, DJ 17/12/2007, p. 176) 8. Não se assemelham a exclusão dos lucros cessantes relativos ao prazo expressamente previsto em contrato como adequado e razoável ao reparo do veículo segurado, e a consideração dos lucros cessantes em relação ao período de dias de reparo que ultrapassa o prazo contratual, porque este deixa de ser prazo "permitido". 9. Os juros moratórios, em sede de responsabilidade contratual, fluem a partir da citação. Precedentes. 10. Recurso especial parcialmente provido”.
Consolidando assim o ensejo do autor em pedir a justa reparação pelodano sofrido.
V. DOS PEDIDOS
Diante do exposto, o autor requer a este juízo:
Seja concedida a Justiça Gratuita, nos termos das Leis n.º. 5.584/70 e 1.060/50, com a redação que lhe deu a Lei nº. 7.510/86; 
Com fulcro no art. 319, VII, do NCPC, solicitar a designação de data para realização de audiência de conciliação, conforme fundamentado no item II; 
Determinar a citação do Requerido para integrar a relação processual, inicialmente pelo correio e, sendo esta infrutífera, por oficial de justiça, ou, ainda, por meio eletrônico, tudo nos termos do art. 246, incisos I, II e V, do CPC; 
Que seja julgado procedente o pedido de anulação do negócio jurídico; 
Condenação da ré ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios, conforme propõem os arts. 82 e 85 do CPC; 
Ao final, seja julgado totalmente procedentes os pedidos veiculados nesta ação.
VI. DAS PROVAS 
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369 e seguintes do CPC, em especial documental e depoimento pessoal dos réus.
VII. DO VALOR DA CAUSA
Dá-se a causa o valor de R$ 10.000,00.
Pede deferimento.
Local, 20 de janeiro de 2017.
____________________
Gilberto Alves Nunes Junior
OAB/RS n.º 2810824

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