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Estado Moderno - Montesquieu

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FACULDADE DE DIREITO DA FUNDAÇÃO ESCOLA SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO
CREDENCIADA PELA PORTARIA MEC N.º 3.640, DE 17/10/2005 – DUO DE 20/10/2005
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
AUTORIIZADDO PELA PORTARIA MECN.º846, DE 4 DE ABRIL DE 2006 – DUO DE 05/04/2006
O Estado Moderno
O Estado moderno é uma organização social independente, estabelecida em um território, cujo poder é originário, isto é, não derivado de outro poder superior. “O elemento fundamental do Estado é o poder”. É uma organização do poder, constituindo “uma unidade estável e independente da mudança dos indivíduos e das formas políticas”. Vale dizer, “as mudanças de governo ou de forma política não alteram a identidade do Estado”.[1: LATORRE, Angel. Introdução ao direito. Tradução de Manuel de Alarcão. Coimbra: Almedina, 1978. p. 22-23. Título original: Introducción al derecho.]
Do que foi referido, resulta que “as relações que formam a matéria do Estado são as que se dão entre os homens que mandam e os que devem obedecer”, como salientava Georg Jellineck.[2: DE LA CUEVA, Mario. La idea del Estado. 5. ed. México: Fondo de Cultura Econômica. 1996. p. 146.]
O Estado é uma pessoa jurídica, uma organização do poder de onde advêm as leis. Dentro dele, segundo as formas políticas estabelecidas, os homens ditam normas de conduta obrigatórias. “O Estado não só cria o direito, mas tem hoje o monopólio de sua criação, no sentido de que dentro de seus limites não pode haver outro direito a não ser o ditado ou reconhecido por ele”. [3: LATORRE,Angel, op. cit., p. 25-26.]
Assim o direito positivo é aquele elaborado pelo Estado, através do processo legislativo, mas o Estado reconhece outras fontes do direito, como o costume. Em certos casos, o Estado pode admitir até mesmo a aplicação do direito estrangeiro, nas condições e limites por ele estabelecidos. 
Nestas condições, o direito positivo é criado pelo Estado ou por ele aceito.[4: DE LA CUEVA, Mario, op. cit., p. 151.]
“O Estado, além de criar o direito, garante-o com o seu poder. Na medida em que ele próprio é uma organização de poder, uma de suas finalidades é garantir o respeito das normas jurídicas... Para isso constitui órgãos especializados em aplicar o (direito positivo) aos casos concretos (os tribunais) e em impô-lo coactivamente aos cidadãos quando é preciso (corpos de polícia e semelhantes), assumindo assim o monopólio do uso da força para fazer respeitar o direito (positivo)... deste modo o Estado cria o direito (positivo), aplica-o e impõe-o pela força se necessário. Aparece na sua tríplice veste de ‘juiz, polícia e legislador’ ”.[5: LATORRE, Angel, op. cit., p. 25-26.]
Mas, hoje, exercendo esta tríplice função, o Estado de direito, porque se autolimita (Jellineck), não exerce o poder de modo arbitrário ou ilimitado. Expressões de sua autolimitação são: a) o estabelecimento da divisão dos poderes, de que tratou insuperavelmente Montesquieu (“Espírito das leis” –L’esprit des lois – cap. VI do livro XI, denominado “Da Constituição da Inglaterra”); b) o reconhecimento dos direitos fundamentais, sem os quais não há Estado de direito nem democracia.
A necessidade da divisão de poderes (erroneamente chamada, com freqüência, separação de poderes) foi concebida por Montesquieu a partir da observação de que, toda vez que alguém acumula poderes, deles abusa. Daí a necessidade de dividir os poderes, tendo em vista o seu exercício racional, de modo que o poder controle o poder, assim evitando seus excessos.[6: Montesquieu. Do Espírito das leis. São Paulo: Abril cultural, 1973. p. 156-162.]
Montesquieu nasceu em 1689, na França, perto de Bordéus. Muito viajou, passando por Viena, atravessando a Hungria, detendo-se em Veneza, visitando depois Milão, Turim, Florença, Roma, Nápoles, o Tirol, a Baviera, as margens do Reno, chegando até os Países Baixos. Mas a sua grande estadia foi em Londres, onde permaneceu por dois anos. Depois voltou para a França, em 1731, retirando-se para a sua propriedade particular, onde organizou suas informações e sobre elas meditou e escreveu.
Antes do “Espírito das leis” (cujo título completo é: Do Espírito das leis, ou das relações que as leis devem ter com a constituição de cada governo, com os costumes, o clima, a religião, o comércio, etc.), escrevera “Cartas Persas” (em que criticava as leis e os costumes europeus a partir da ótica de um suposto persa) e “Considerações sobre as causas da grandeza e decadência dos romanos”. 
Todavia, apesar da importância destas obras, a que lhe deu renome e influenciou decisivamente a organização político-jurídica do Estado moderno foi “O Espírito das leis”. 
Quanto ao caráter de Montesquieu, deve-se dizer que, apesar de nobre, era pessoa simples, desprezando em seus hábitos tudo o que estava além do asseio. Tinha temperamento calmo e moderado, orientando-se em política pelo horror ao despotismo e em religião pelo horror ao fanatismo. 
É tido como o pai da Sociologia do Direito por ter considerado as leis em sua realidade social e histórica. Também é tido como o fundador da Ciência Política.
 
Editado por FERREIRA, MARCOS VINICIUS VIEIRA, aluno FMP-insc.2014/1
	
	
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