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Referência à obra de Montesquieu e a seu contexto histórico

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FACULDADE DE DIREITO DA FUNDAÇÃO ESCOLA SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO
CREDENCIADA PELA PORTARIA MEC N.º 3.640, DE 17/10/2005 – DUO DE 20/10/2005
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
AUTORIIZADDO PELA PORTARIA MECN.º846, DE 4 DE ABRIL DE 2006 – DUO DE 05/04/2006
Referência à obra de Montesquieu e a seu contexto histórico
Montesquieu nasceu perto de Bordéus, na França, em 1689 e faleceu, em Paris, em 1755, aos 62 anos. 
Escreveu diversos livros notáveis como a “Dissertação sobre a política dos romanos na religião”, em 1716. Espírito universal, também escreveu sobre certas doenças, sobre o eco e sobre a função das glândulas renais. Estas preocupações foram afastadas pelas de ordem literária, histórica e política. Em 1721 publicou as “Cartas persas”, obra em que, por meio de um personagem persa (completamente estranho ao ambiente francês), criticou vários costumes e pontos de vista aceitos em sua época. 
Tornou-se membro da Academia Francesa em 1728.
Antes de escrever aquela que permaneceu como sendo a sua maior obra – “Do Espírito das leis ou das relações que as leis devem ter com a constituição de cada governo, com os costumes, o clima, a religião e o comércio”, que veio a ser publicada em 1748, muito estudou, pesquisou e viajou, observando atentamente a prática político-jurídica dos países por onde passou.
Passou por Viena, atravessou a Hungria, deteve-se em Veneza, onde encontrou personagens ilustres e singulares nos temas que o interessavam. Depois visitou Milão, Turim, Florença, Roma, Nápoles, o Tirol, a Baviera e os Países Baixos. Daí dirigiu-se à Londres, em 1729, onde permaneceu durante dois anos. 
Na Inglaterra surpreendeu-se que, “nessa nação se pudesse criticar livremente o governo e que este subsistisse”. Neste país foi recebido do modo mais favorável tendo-se tornado membro da Academia Real de Londres. 
Retornando à França retira-se para sua propriedade, onde organiza suas anotações e medita sobre elas. Entrementes, publica as “Considerações sobre as causas da grandeza dos romanos e sua decadência”. 
Era modesto e desprezou tudo o que estava além do asseio “só vestia os tecidos mais simples e nunca lhes acrescentava ouro e prata”. 
Em política, “orientou-se pelo horror ao despostismo; em religião pelo horror ao fanatismo”. 
Não mistura suas reflexões com a religião. Não examina “nos destinos do homem os desígnios de Deus; o homem ele só o procura em si mesmo, em sua natureza, em seus apetites, em seu gênio”.[1: TRUC, Gonzague. Introdução ao Espírito das Leis. In: Montesquieu. Do Espírito das Leis. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 9-22.]
A influência da obra de Montesquieu – Do Espírito das Leis (1748) foi e tem sido da maior importância no pensamento político-jurídico e na construção da democracia.
Esta obra tem dimensão imensa, vinculando o direito à política e ao contexto histórico, ao clima, à religião, ao comércio e etc. (o que era absolutamente novo, à época), sendo, por isto, o autor considerado um dos pais da Sociologia do Direito. 
O capítulo chave desta obra é o sexto do livro XI, denominado “Da constituição da Inglaterra”, onde o autor parte de uma observação a um tempo aguda e simples, derivada de seus estudos, viagens e observações: todo o homem que concentra poderes deles vem a abusar. Portanto, era preciso dividir o poder, mas não bastava dividi-lo. Era preciso que poderes separados (divididos) fossem exercitados por pessoas diferentes. Vale dizer, poderes divididos e Órgãos (pessoas) diversas a exercê-los. Esta percepção foi fundamental à configuração da democracia. Dela resultou a divisão dos poderes do Estado: Poder Executivo (que governa), Poder Legislativo (que elabora as leis) e Poder Judiciário (que julga os litígios surgidos na sociedade). 
Neste sentido escreve Montesquieu:
“A liberdade política, num cidadão, é esta tranqüilidade de espírito que provém da opinião que cada um possui de sua segurança; e para que se tenha esta liberdade, cumpre que o governo seja de tal modo, que um cidadão não possa temer outro cidadão.[2: Na Inglaterra, se um homem possuísse tantos inimigos quantos são os cabelos de sua cabeça, nada lhe aconteceria; é muito, porque a saúde da alma é tão necessária como a do corpo. (Notes sur l’Angleterre.) (N. do A.)]
Quando na mesma pessoa ou no mesmo corpo de magistratura o poder legislativo está reunido ao poder executivo, não existe liberdade, pois pode-se temer que o mesmo monarca ou o mesmo senado apenas estabeleça leis tirânicas para executá-las tiranicamente.
Não haverá também liberdade se o poder de julgar não estiver separado do poder legislativo e do executivo. Se estivesse ligado ao poder legislativo, o poder sobre a vida e a liberdade dos cidadãos seria arbitrário, pois o juiz seria legislador. Se estivesse ligado ao poder executivo, o juiz poderia ter a força de um opressor.
Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos.”
Editado por FERREIRA, MARCOS VINICIUS VIEIRA, aluno FMP-insc.2014/1
	
	
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