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A Doutrina da Soberania Popular de S. Tomás de Aquino

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mantém-se na linha do ensinamento de S. Paulo, mas a partir daí vai introduzir 
um elemento totalmente novo. 
O Aquinatense vai, na verdade, ensinar que o poder, de origem divina, é 
transmitido directamente ao povo, e do povo é que vai, se ele assim o 
determinar, para os governantes. Esta doutrina – doutrina da ordem popular do 
poder ou, como se dirá mais tarde, doutrina da soberania popular – conjugada 
com o ensinamento pauliano da origem divina do poder, pode condensar-se na 
fórmula “todo o poder vem de Deus através do povo”. Daqui resulta que Deus 
concede o poder ao povo, e portanto o povo é que é o verdadeiro titular do 
poder político. 
O povo pode, pois, exercer directamenteo poder, ou delegar o seu exercício em 
governantes: estes serão meros delegados do povo, actuando no lugar em vez 
do povo. Era a negação do que se chamaria da doutrina do direito divino dos reis 
– isto é, da ideia de que o poder vem directamente de Deus para os reis, sem 
qualquer mediação popular. 
1.10.9. Regimes políticos 
Assim, S. Tomás de Aquino, repete que há 3 formas justas de governo: a 
monarquia, a aristocracia e a república; e 3 formas desviadas ou injustas: a 
tirania, a oligarquia e a democracia. Reconhece que qualquer das 3 primeiras 
formas é legítima, porque em todas elas os governos actuam justamente, e 
condena as outras 3, porque nelas os governos actuam injustamente – tudo 
sempre em relação ao bem comum. Quanto ao regime ideal, S. Tomás de Aquino 
distingue entre o regime melhor “em teória” e “na prática”: teoricamente, o 
regime ideal é para ele a Monarquia; praticamente, porém, as suas preferências 
vão para um regime misto. S. Tomás de Aquino prefere a monarquia por 4 
ordens de razões: Do ponto de vista teológico, a monarquia é o regime que mais 
se aproximado governo do mundo por Deus, que é também o governo de um só, 
e da forma de governo que Cristo pretendeu para a sua Igreja- Do ponto de vista 
filosófico, a arte de governar, como todas as artes, deve imitar a natureza: a 
sociedade política deve seguir o modelo da natureza. Orana natureza tudo vem 
da unidade e tudo regressa à unidade, o que é também um argumento no 
sentido da monarquia.- Do ponto de vista prático, o governo de vários ou de 
muitos nunca se torna eficaz senão quando, após as necessárias deliberações, 
todos se põem de acordo e atingem a unidade. Portanto, é melhor o governo de 
um só do que ode muitos, que primeiro têm de procurar entre si alcançar um 
consenso. 
Do ponto de vista histórico, enfim, o passado mostra que os países sem rei 
sempre viveram na discórdia e sempre andaram à deriva, como designadamente 
na história de Roma. Pelo contrário, as cidades e países governados por um rei 
gozam de paz, florescem em justiça e vivem felizes na abundância das riquezas. 
Mas, por razões práticas, acrescenta que o regime ideal não deve ser uma 
monarquia pura. Para ele, é necessário associar à responsabilidade do governo 
não só as elites, capazes de, pela sua inteligência, pelos seus conhecimentos, 
pelos seus méritos, assegurar uma boa gestão dos negócios públicos, mas 
também, no tocante às decisões fundamentais sobre a vida colectiva, toda a 
população, todo o povo. 
Assim, o regime misto preconizado por S. Tomás de Aquino é uma monarquia 
temperada por elementos de aristocracia e por elementos de república, 
seguindo aqui bastante o pensamento de Aristóteles e de Cícero. Assim, as 
monarquias garantirá a unidade e a eficácia do poder; a aristocracia permitirá 
contribuir com a superioridade do mérito para a boa administração; e a 
república assegurará a participação dos cidadãos no governo do país. 
1.10.10. O pior regime: a tirania 
 Para S. Tomás de Aquino tal como o governo por um rei é o melhor regime, 
assim também o governo por um tirano é a pior forma de governo: Primeiro, um 
poder que seja unido é mais eficiente do que outro que seja dividido. Assim, da 
mesma forma que é melhor um poder produtor de bem ser unido, é mais nocivo 
que um poder produtor de mal seja unido do que dividido. Por isso, a tirania é 
pior do que a oligarquia, e esta é pior do que a democracia. Segundo, o que torna 
um regime injusto é o facto de serem prosseguidos os interesses pessoais do 
governante em detrimento do bem-estar da comunidade. Ora, servindo a tirania 
para satisfazer apenas os interesses de um homem só, é aí que se fica mais longe 
(mais longe ainda do que naoligarquia) da satisfação dos interesses de todos. 
Terceiro, é bom que um bom governo seja unido e forte, mas é mau que um mau 
governo seja forte e unido. Por consequência, de todas as formas injustas de 
governo, a democracia é a mais tolerável, e a tirania é a pior.- Quarto, a tirania 
não há apenas satisfação de interesses pessoais do tirano em prejuízo dos 
interesses do povo e do país: há também opressão dos súbditos. E tudo isso 
acontece porque “não há lei” e portanto nada é seguro, tudo é incerto. Quinto, 
o tirano semeia a discórdia entre os seus súbditos. Como vive permanentemente 
no receio de uma revolta, o tirano divide para reinar. Sexto, a tirania gera o medo 
dos cidadãos perante o poder. Ninguém se sente livre ou seguro. Sétimo, e em 
consequência de tudo isto, o tirano não consegue normalmente assegurar uns 
países forte perante os inimigos exteriores. 
Em regra, o tirano é forte perante os seus súbditos, mas fraco perante os seus 
inimigos. S. Tomás de Aquino conclui que o tirano, dominado cegamente pelas 
paixões e incapaz de actuar segundo a razão, não difere em modo nenhum de 
uma besta; nem é diferente ser sujeito a um tirano ou ser sujeito a um animal 
selvagem. 
1.10.1. Remédios contra a tirania 
S. Tomás de Aquino não aconselha o tiranicídio, isto é, o assassinato do tirano. 
Na verdade, pondera ele, seria perigoso que os induzidos a tomar a iniciativa 
particular de atentar contra a vida dos governantes, mesmo tiranos. Por isso o 
remédio contra os males da tirania deve assentar mais nas mãos da autoridade 
pública do que no juízo privado dos indivíduos. S. Tomás de Aquino distingue 
duas hipóteses: a de a comunidade ter o direito de escolher o seu rei, e a de esse 
direito pertencer a uma autoridade superior. 
No primeiro caso, S. Tomás conclui que a comunidade que tem o direito de 
eleger o rei tem também o direito de o depor. No segundo caso, que é por 
exemplo o de uma colónia dependente de um poder alheio, o remédio contra a 
tirania consiste em apelar para o poder superior a fim de que este corrija ou 
deponha o tirano. Esta concepção apregoa, basicamente, a resignação perante 
a tirania, em vez do direito à desobediência e à insurreição. Trata-se, como se ê, de uma 
posição bastante tímida, em que prevalece a defesa conservadora da 
autoridade, da ordem e da estabilidade sobre a visão mais liberal da garantia dos 
direitos individuais. S. Tomás admite o direito de desobediência do povo cristão 
em relação ao seu rei – é o de este ser declarado pela Igreja como herético, 
cismático ou excomungado. 
1.10.2. Os deveres do príncipe cristão 
Como deve comportar-se um verdadeiro príncipe cristão? Tomás de Aquino 
estabelece o paralelo entre o rei e Deus “pois o rei faz no seu reino o que Deus 
faz no universo”.“ Governar é guiar aquilo que é governado para o seu fim”: ora 
o fim das sociedades humanas é proporcionar uma “vida virtuosa” a todos os 
indivíduos segundo a lei de Deus. Este é pois o principal dever dos príncipes 
cristãos. Mas o bem-estar da comunidade política não é apenas espiritual, tem 
de ser também material. Neste campo, os deveres do príncipe cristão são 
múltiplos:-garantir a paz e a unidade do país;- prevenir os crimes, reprimir a 
violência e fazer justiça;- defender o reino contra os seus inimigos;- prover os 
lugares públicos;- proporcionar aos mais necessitados meios de subsistência, ou 
“suficiência de bens corporais ”Deve o príncipe obediência às suas próprias leis? 
S. Tomás distingue então, na lei humana, dois aspectos – a sua “força directiva” 
e a sua “força coactiva”. E explica que, se o soberano não está sujeito à lei 
humana no segundo aspecto, o da coacção – pois é o próprio soberano que 
dispõe da força pública e esta não pode ser usada contra ele -, no entanto o 
soberano está sujeito às leis no seu primeiro aspecto, ou seja, à sua força 
directiva, aos seus comandos. S. Tomás de Aquino considerava a função 
governativa tão difícil e pesada que nenhuma recompensa terrena – nem a 
riqueza, nem a honra, nem a glória, poderia ser retribuição suficiente para os 
príncipes deles incumbidos: só a vida eterna os poderá recompensar. 
1.10.3. Estado e Igreja 
Em meados estava-se no auge da supremacia do papado, segundo a doutrina do 
sacerdotalismo e do “agostinianismo”: o poder espiritual predominavas obre o 
poder temporal, pois os titulares deste, como cristãos, tinham de sesubmeter à 
Igreja. Ora, S. Tomás vem dizer que tanto o poder espiritual como o poder 
temporal são legítimos – e têm ambos origem divina. Segundo ele, a vida 
sobrenatural é sem dúvida superior à vida terrena, e por isso S. Tomás de Aquino 
reconhece, na esteira da tradição medieval, a primazia do poder espiritual sobre 
o poder temporal. Mas acrescenta: essa primazia só se verifica naquilo que se 
refira à salvação das almas. Ou seja, S. Tomás de Aquino procura fechar a porta 
por onde tinham passado todos os abusos da doutrina da supremacia do poder 
espiritual sobre o poder temporal. E acrescenta que o poder secular só está 
subordinado ao espiritual enquanto tal subordinação for requerida por Deus, 
que é como quem diz, enquanto for necessária para a salvação da alma, 
baseando-se no Evangelho de S. Mateus“ dai a César o que é de César”. 
1.10.4. Erasmo de Roterdão 
À maneira dos autores medievais, Erasmo constrói idealmente um corpo cristão 
cujo centro é Cristo. À volta dele estendem-se concentricamente três círculos, 
dois pequenos e um grande. A primeira é ocupada pelos príncipes da Igreja e 
pelos sacerdotes: é a zona interna. A zona externa contém a grande massa de 
simples leigos, com os pés pesadamente presos à gleba e pertencentes ao corpo da Igreja. 
Entre as duas zonas (interna ou eclesiástica e externa ou laica), há uma 
zona intermédia constituída pelos príncipes temporais. Quando estes governam 
com justiça e proporcionam repouso aos seus povos, participam à sua maneira 
da dignidade sacerdotal, situando-se assim muito acima dos que constituem a 
zona externa do laicado. 
No entanto, seria errado inferir neste esquema que Erasmo confere aos 
príncipes uma situação privilegiada. Para ele não há dois cristianismos, um para 
os príncipes e outro para o comum das pessoas. A religião de todos deve ser 
conforme ao ideal evangélico. O príncipe, por estar situado mais acima, deve 
superar os outros pelas suas virtudes, prudência e integridade. A lei do sacrifício 
impõe-se-lhe como a todos os cristãos. Se tenciona seguir Cristo, deve carregar 
a sua cruz. Não pode escapar à lei comum. Estamos assim longe de Maquiavel 
que constrói uma moral especial para o príncipe e o coloca acima da moral 
universal; e igualmente longe dos absolutistas, que fazem com que a conduta 
dos poderosos escape a qualquer espécie de controlo terrestre. 
Erasmo, embora reconheça direitos ao príncipe, limita-os fortemente. Apoiados 
na primeira doutrina da Igreja nascente, os reis tendem a considerar que se lhes 
deve obediência sem discussão, de acordo com o princípio estabelecido pelos 
apóstolos. Mas esta fórmula de submissão referia-se aos imperadores romanos. 
Assim, Erasmo quer que o príncipe seja escolhido em atenção aos seus méritos 
autênticos. 
O primeiro, a seu ver, consiste em ser pacífico. Ao passo que Maquiavel, e muitos 
dos seus seguidores, glorificam o príncipe quando este se apodera de novas 
terras para reinar sobre elas. Erasmo condena as conquistas em vários dos seus 
adágios característicos. O evangelho é um evangelho de paz; por isso o primeiro 
dever do príncipe é não fazer a guerra. Dirigida a Carlos V ou a Francisco I, esta 
linguagem parece muito ingénua. No entanto, aos olhos de Erasmo, é sábia, pois 
aumentar as possessões não constitui vantagem para um príncipe. Mais lhe 
valeria restringi- las, pois ser-lhe-ia mais fácil fazer reinar a justiça e a paz num 
território menos vasto. Proporcionaria ao seu povo maior prosperidade. 
Sumário 
Santo Agostinho tinha ideias claras sobre a matéria: os poderes eclesiásticos e 
civil são distintos e independentes. Cada um move-se na sua esfera própria de 
jurisdição e actua por sua conta, só sendo responsável perante Deus. Toda e 
qualquer ingerência de um nos domínios reservados do outro é inconveniente e 
perigosa. Santo Agostinho manteve-se na posição tradicional do Cristianismo 
primitivo. E especificava mesmo que a Igreja, por amor da concórdia civil, deve 
aceitar o Estado tal como ele é, com os erros e insuficiências que 
inevitavelmente o caracterizam, oferecendo-lhe, na pessoa dos seus fiéis, 
cidadãos bons e virtuosos. 
Para S. Tomás de Aquino, só o Estado é a sociedade perfeita. Perfeita, não no 
sentido de que disponha de uma perfeição absoluta igual à de Deus, mas no 
sentido de que se basta a si própria, de que contém em si todas as virtualidades 
para satisfazer as necessidades fundamentais do homem. O fim do Estado, 
segundo S. Tomás de Aquino é o bem comum. Para S. Tomás de Aquino de uma 
forma muito clara, o fim do Estado não é apenas a obtenção do bem comum no 
sentido colectivo da expressão: porque o bem comum tem também uma 
dimensão e uma incidência individual. 
O bem comum pressupõe e exige que todos e cada um dos homens possam não 
apenas viver, mas viver bem. A ideia de felicidade individual, ou de bem-estar 
individual tem origem em Aristóteles e é uma ideia fundamental no conceito de 
bem comum de S. Tomás de Aquino. 
 
TEMA II: A IDADE MODERNA 
 
Ideais Política Moderna: O Absolutismo 
2. Positivismo 
Introdução 
A sociocracia de origem comtiana, permitiu estabelecer as bases para a coesão 
social, garantindo a participação do indivíduo na decisão do grupo ou individual; 
no concernente ao positivismo lei dos três estados que a humanidade percorre 
sucessivamente. Ainda dá o seu contributo positivo no campo político. 
Objectivos 
 Conhecer a Sociocracia de Comte; 
 Analisar o positivismo de Comte; 
 Descrever a influência do positivismo de Comte na arena Política; 
 Compreender a essência do pensamento de Maquiavel. 
 
2.1. O espírito do Renascimento e a política 
A partir de meados do século XV, entra-se numa nova fase da história da Europa 
– a fase do Renascimento, que dá início á chamada Idade Moderna. Conhece-se 
os seus aspectos fundamentais. Por um lado, dá-se uma atenuação muito forte 
do espírito religioso global e envolvente que marcou a Idade Média, e uma clara 
acentuação do humanismo e dos valores profanos, com um certo resvalar para 
o paganismo, num quadro geral de restauração da cultura greco-romana e dos 
traços característicos da Antiguidade Clássica, e da ruptura com a Idade Média. 
Tudo o que é humano passa a ser mais importante do que o divino. Por outro 
lado, assiste-se á afirmação da supremacia do poder civil sobre as autoridades 
religiosas,e ao fortalecimento do poder real. 
 
É, no plano político e administrativo, o fim do feudalismo: acaba a pulverização 
dos poderes senhoriais, corporativos, eclesiásticos e municipais, dá-se a 
centralização do poder real e a afirmação do Estado soberano. É neste período, 
com efeito, que nascem as grandes Monarquias europeias: os Reis Católicos em 
Espanha, os Tudors em Inglaterra e o absolutismo realem França. Começam a 
afirmar-se as nacionalidades: passa-se da Cidade – Estado para o Estado – 
Nação. E assiste-se á ascensão do absolutismo real: o monarca desliga-se cada 
vez de vínculos de carácter religioso, para se guiar sobretudo por motivações 
puramente politica, ou seja, pela “razão de Estado“. Em Portugal encarna 
integralmente o reforço do poder real e o despreendimento de limites morais. 
Noutro plano, dão-se os Descobrimentos, tarefa de cunho universal e planetário, 
em que os portugueses desempenham papel primordial. E com os 
Descobrimentos vem o progresso das técnicas e da mentalidade científica: a 
cartografia, a ciência náutica, a astronomia, as ciências naturais, tudo vai 
conhecer um surto enorme, com as maiores consequências do ponto de vista 
cultural, económico e social. Uma delas será nada mais nada menos que o início 
do capitalismo moderno. A generalização e abertura do comércio, que deixa de 
ser puramente local e requer controle e proteção de âmbito nacional, também 
contribui poderosamente para acentuar a necessidade do reforço de um poder 
real centralizado. 
Por último, cumpre chamar a atenção para que é durante esta fase - cerca de 
um século depois do seu início – que se produz esse grande terramoto da história 
europeia que é a Reforma protestante, seguida da Contra – reforma católica – 
acontecimentos que dividem a Europa cristã em países católicos e protestantes, 
com inevitáveis implicações políticas. 
2.2. O poder liberto da moral: MAQUIAVEL 
Vida e obra de MAQUIAVEL. 
MAQUIAVEL nasceu em 1469 e morreu em1527, com 58 anos. Era natural de 
Florença. É importante ter presente que ao tempo não existia a Itália como país 
unificado: existiam várias cidades independentes, parecidas com as diferentes 
polis da Grécia antiga. MAQUIAVEL, pertencia á classe média: era filho de um 
licenciado em Direito. Em 1498 foi nomeado Secretário da segunda chancelaria 
de Florença, cargo que ocupou até 1512. Mas a dada altura caiu em desgraça, 
retirando-se da vida pública para uma modesta casa de campo em San Casciano. 
Foi então que redigiu a sua obra mais conhecida e mais célebre - «OPríncipe», 
escrita em 1513 – 1514, mas publicada apenas em 1531, quatro anos a pós a sua 
morte. Este livro foi oferecido a LORENZO DE MEDICIS, ou Lourenço O Magnifico, 
de quem o autor queria obter o favor de um emprego. A sua obra foi 
efectivamente bastante contestada, designadamente pela Igreja Católica, em 
cujo Índex dos livros proibidos esteve colocado «O Príncipe» de 1559 até 1850. 
2.3. O pensamento político de MAQUIAVEL. Ideia geral 
Caído em desgraça, saudoso das proximidades do poder, pretendendo 
reconquistar um cargo público pela mercê do monarca, o Secretário Florentino 
dedica-se á redacção de «O Príncipe». E confessa expressamente que o seu 
objectivo é «obter o favor de um príncipe». Resolve então oferecer a Lourenço 
de Médicis, o Magnifico, aquilo que julga possuir de mais valioso: nem cavalos, 
nem armas, nem panos de ouro, nem pedras preciosas, mas antes «o 
conhecimento das acções dos grandes homens, adquirido numa longo 
Experiencia das coisas modernas e numa continuado leitura das antigas. 
O grande objectivo do livro é aconselhar o Príncipe e sobretudo aconselhá-lo 
sobre o modo de adquirir o poder e sobre o modo de o conservar, quando 
recentemente adquirido. Este é o único fim político que MAQUIAVEL toma em 
conta e considera – conquistar e manter o poder. Tudo o resto para ele é 
secundário. 
A originalidade de «O Príncipe» de MAQUIAVEL está em que ele quebra 
completamente com a tradição do pensamento político que o procedeu: quebra 
com a tradição de PLATÃO, de ARISTÓTELES, e de CÍCERO, e quebra com a 
tradição medieval cristã. Quebra com a tradição greco-latina clássica, na medida 
em que não situa o Estado perante o Mundo, nem perante o Cosmos, não se 
preocupando minimamente com a existência de leis eternas e universais ou com 
qualquer referência ao direito natural, e também na medida em que opta pelo 
realismo politico contra o idealismo ético. E quebra com a tradição medieval 
cristã, na medida em que, além de omitir referencias á lei natural, nunca fala em 
Deus, ignora as limitações morais dos governantes, aconselha muitas vezes a 
prática de actos imorais, e se esporadicamente fala na religião não é para lhe 
subordinar a politica mas, bem ao contrário, para afirmar que a religião é útil ao 
Estado porque ajuda a convencer os povos a obedecer às leis. 
MAQUIAVEL é assim um inovador e, á sua maneira, um revolucionário ele é, sem 
dúvida. «O primeiro analista moderno do poder» «O Príncipe» não é um livro 
teórico, é um manual com recomendações sobre a arte e governar. O seu valor 
na História das Ideias Politicas é imenso, pelos caminhos novos que abriu á 
análise dos mecanismos do poder, e também pela desfaçatez com que ousou 
revelar na sua crueza a maldade eu os homens usam uns para com os outros na 
actividade politica. 
2.4. A noção de Estado 
MAQUIAVEL é o primeiro autor a utilizar a palavra «Estado» com o sentido que 
ela assume actualmente. É a época do Renascimento, terminou a Idade Média, 
extinguiu-se o feudalismo, nasceram os primeiros Estados nacionais, o poder 
real conseguiu monopolizar o emprego da força pública ao serviço do bem 
comum: nasceu o Estado moderno. Pois é justamente nesta época que 
MAQUIAVEL utiliza pela primeira vez a palavra «Estado» no sentido actual de 
comunidade política soberana na ordem interna e na ordem internacional. Os 
gregos falavam antes em polis e os romanos em república. Mas, é claro, o Estado 
no Renascimento é um conceito que ainda se não destacou dos próprios homens 
que o governam. O Estado é, pois, o Estado monárquico: é o principado, é o 
poder real, é o «absolutismo principesco». 
2.5. Classificação dos regimes políticos. 
MAQUIAVEL, apresenta pela primeira vez uma classificação bipartida e que, na 
base do critério que ele adopta, nunca mais será abandonada até aos nossos 
dias. É classificação em, «Repúblicas» e «Principados» ou, como hoje diríamos, 
em «República» e «Monarquia»: a monarquia é governada pela vontade de um 
só indivíduo (soberano singular), a república é dirigida por uma vontade 
colectiva – seja de poucos, seja de muitos (soberano colectivo). Exemplos de 
monarquias eram os reinos de Espanha, França ou Inglaterra; exemplos de 
repúblicas eram as cidades de Florença, Génova ou Veneza. 
Em «O Príncipe», ele vai tratar sobretudo das monarquias, ou principados, 
afirmando claramente que o seu objectivo fundamental é determinar qual é a 
essência dos principados, quantas espécies de principados existem, como se 
adquirem, como se mantêm e porque se perdem. Um outro aspecto bastante 
curioso da classificação de MAQUIAVEL é o de que, contrariamente a 
ARISTÓTELES e a S. TOMÁS DE AQUINO, o Florentino não distingue entre formas 
de governo boas e más, ou sãs e degeneradas. Para MAQUIAVEL todos os 
regimes políticos são legítimos, não há formas de governo ilegítimo, o que há é 
umas mais convenientes do que outras, conforme as circunstâncias. 
MAQUIAVEL não faz juízos morais. Para ele não tem sentido distinguirentre rei 
e tirano: o príncipe é bom ou mau, não em função de critérios éticos, mas em 
função de êxito político. Bom é o príncipe capaz de conquistar o poder e de o 
manter por muitos anos; é mau aquele que não chega a possuir o poder ou eu o 
perde em pouco tempo. Para ele, não há políticos juízos éticos: o único critério 
é o do êxito político. Não importa se os príncipes usam ou não a crueldade: o 
que conta é se a crueldade foi bem usada e teve êxito, ou foi mal usada e 
fracassou. 
2.6. A melhor forma de governo. 
Se é certo que MAQUIAVEL não distingue entre formas de governo sãs e 
degeneradas. Isto não quer dizer, todavia, que ele não afirme as suas 
preferências. Fá-lo, por critérios de conveniência política e não por critérios 
morais. 
Em princípio, e como regra geral, MAQUIAVEL prefere a República. Prefere-apor 
se tratar de um «governo livre», isto é, do governo que melhor defende a 
liberdade. E também porque, segundo ele, a Monarquia tem diversos 
inconvenientes de peso: na verdade, a monarquia depressa se transforma de e 
lectiva em hereditária e, nesta, surge com frequência o fenómeno dos filhos que 
degeneram dos seus pais, e que se entregam ao luxo, ao egoísmo e a toda a 
espécie de prazeres. Assim, os príncipes atraem sobre si o ódio geral. Do ódio 
nasce o medo. E o medo mais cedo ou mais tarde, conduz sempre á tirania, a 
qual se caracteriza pela instabilidade. 
2.6.1. Montesquieu 
A vida de Montesquieu transcorreu entre meados do século XVII d.C. e a 
primeira metade do século XVIII d. C., período que abrange o apogeu do Ancient 
Regime na França. 
"A noção de monarquia clássica comanda o devir político dos países franceses 
entre 1450 e 1789: ela corresponde a um Antigo Regime muito "alongado" que 
se escoa, e depois se esborra, em paz ou furor, desde o fim das Guerras dos Cem 
Anos até o declínio do reinado de Luís XVI.” Em termos históricos, o Absolutismo 
Político se encontra vinculado à implantação de um estado centralizado 
politicamente com a consequente implantação de uma "racionalização" 
burocrática do aparelho administrativo dos Estados Nacionais europeus surgidos 
a partir do século XIV d. C. Tais Estados Nacionais possuem como forma política 
de governo a Monarquia, usualmente conhecida como Monarquia Absolutista. 
Ante o exposto, e na esteira do magistério do professor Perry Anderson, a 
expressão "absolutista" era um qualificativo impróprio para as Monarquias 
existentes no Estados Nacionais da Época Moderna, eis que "nenhuma 
monarquia ocidental gozara jamais de poder absoluto sobre seus súbitos, no 
sentido de um despotismo sem entraves. Todas elas eram limitadas, mesmo no 
máximo de suas prerrogativas, pelo complexo de concepções denominado 
direito ‘divino’ ou ‘natural’. 
A monarquia absoluta no Ocidente foi sempre, na verdade, duplamente 
limitada: pela persistência, abaixo dela, de corpos políticos tradicionais, e pela 
presença, sobre ela, de um direito natural abrangente.” Na Monarquia 
Absolutista europeia da Era Moderna, o sistema de coerção política e social não 
estava baseado num sistema de controlo centralizado nas mãos de uma única 
pessoa, como poderia parecer a primeira vista, mas, conforme o país e a época, 
era um sistema de coerção sociopolítico com diferentes níveis de coercibilidade 
e, por via de consequência, com graus diversos de autonomia dos segmentos 
sociais que integravam a Sociedade frente à pessoa do monarca. Por outro lado, 
à guisa de conclusão deste tópico, ressalta que a partir de meados do século XVII 
d. C, "cumprira-se uma mudança de orientação dos espíritos”. 
O humanismo cristão do século XVII estava preocupado com o homem em si. 
Via-se agora no Homem o ser social em suas relações não apenas com o sistema 
da natureza e com Deus, mas igualmente com o seu meio e suas instituições. 
Transformara-se de tal maneira que só aceitava o que fosse conhecido pela 
observação e pela experiência. As instituições religiosas, políticas e sociais 
deveriam ser submetidas à luz da razão. 
 O desenvolvimento da economia de troca, a ascensão da burguesia, a crítica 
das instituições sociais provoca uma mudança de valores sociais. A sociedade de 
ordens, praticamente desaparecida das cidades holandesas, encontra-se 
arruinada na Inglaterra onde só existem alguns vestígios seus. Por sua vez, é 
posta em discussão na França. 
No Espírito das Leis Montesquieu se preocupa, essencialmente, em explicar e 
distinguir, através de uma lógica inteligível, a génese e o desenvolvimento dos 
sistemas legais in abstracto através das múltiplas diversidades desses sistemas 
legais e das distintas formas de governo, conforme a época e o lugar, a partir das 
condições históricas, geográficas, psicológicas, etc. 
A partir de uma leitura atenta desta sua magnum opus, podemos concluir que 
Montesquieu foi um dos precursores do método comparativo-indutivo 
actualmente empregado tanto pela Ciência Política quanto pela História Política. 
O Espírito das Leis inicia-se com uma teoria geral das leis, a qual constitui a base 
da filosofia política de Montesquieu. 
Na sequência, Montesquieu, com o intuito de fazer uma obra de ciência positiva, 
remodela as classificações tradicionais dos regimes políticos. Distingue três 
espécies de governo: republicano, monárquico e despótico. Em cada tipo de 
regime, que observa aqui ou ali pelo mundo, ele estuda sucessivamente a 
natureza, ou seja, as estruturas constitutivas que nele se podem notar, e o 
princípio, ou seja, o mecanismo do seu funcionamento. Por fim, procura analisar 
os meios e factores que, numa perspectiva jurídica-normativista e política, 
eventualmente conduzem ao "bom governo". 
A Teoria da Tripartição dos Poderes do Estado não é criação de Montesquieu. 
John Locke, filósofo liberal inglês, cerca de um século antes de Montesquieu já 
tinha formulado, ainda que implicitamente, a teoria em questão. Entretanto, 
cabe a Montesquieu o inegável mérito de colocá-la num quadro mais amplo. A 
teoria ora em comento "... Foi inspirada pelo sistema político constitucional, 
conhecido quando de sua viagem à Inglaterra, em 1729. Ali encontrou um 
regime cujo objectivo principal era a liberdade.” Ressalte-se que Montesquieu 
não foi um liberal na acepção moderna do termo, ainda que sua Teoria de 
Separação dos Poderes tenha servido como um dos alicerces para a construção 
do Estado Democrático Liberal. Realmente, "Montesquieu crê na utilidade social 
e moral dos corpos intermédios (da Sociedade), designadamente os 
parlamentos e a nobreza." 
 Nesta mesma esteira de raciocínio Montesquieu "... Opta claramente pelos 
interesses da nobreza, quando põe a aristocracia a salvo tanto do rei quanto da 
burguesia. Do rei, quando a teoria da separação dos poderes impede o Executivo 
de penetrar nas funções judiciárias; dos burgueses quando estabelece que os 
nobres não podem ser julgados por magistrados populares. 
Por outro lado, como autêntico aristocrata, desagrada-lhe a ideia de o povo todo 
possuir poder. Por isso estabeleceu a necessidade de uma Câmara Alta no 
Legislativo, composta por nobres. 
A nobreza, além de contrabalançar o poder da burguesia (estamento social em 
rápida ascensão social e económica na França dos séculos XVII e XVIII), era vista 
por ele como capacitada, por sua superioridade natural, a ensinar ao povo que 
as grandezas são respeitáveis e que monarquia moderada é o melhor regime 
político.” Montesquieu, jurista oriundo da nobreza togada do Ancient Régime, 
reconhece que,independentemente da espécie de governo ou regime político 
de um dado país, a ordem social é, em si, heterogénea e sujeita a desigualdades 
sociais as mais diversas. Se, por um lado, ele aceita, ainda que de forma implícita, 
uma estrutura política e social pluralista, também é verdade que Montesquieu 
entende que o povo é de todo incapaz de discernir sobre os reais problemas 
políticos da Nação e, portanto, não deve e nem pode ser o titular da soberania. 
 Dentro dessa ordem de coisas, o objectivo último da ordem política, para 
Montesquieu, é assegurar a moderação do poder mediante a "cooperação 
harmónica" entre os Poderes do Estado funcionalmente constituídos 
(legislativo, executivo e judiciário) com o escopo de assegurar uma eficácia 
mínima de governo, bem como conferir uma legitimidade e racionalidade 
administrativa à tais poderes estatais, eficácia e legitimidade essas que devem e 
podem resultar num equilíbrio dos poderes sociais. "Desse ponto de vista, 
Montesquieu é um representante da aristocracia, o qual luta contra o poder 
monárquico, em nome de sua classe (a nobreza togada), que é uma classe 
condenada. Vítima do ardil da história, ele se levanta contra o rei, pretendendo 
agir em favor da nobreza, mas sua polémica só favorecerá de fato a causa do 
povo. 
A concepção de equilíbrio social, exposta em “L’Espirit des lois” está associada a 
uma sociedade aristocrática; e no debate da sua época sobre a Constituição da 
monarquia francesa, Montesquieu pertence ao partido aristocrático e não ao do 
rei ou ao do povo.” Ante ao exposto, e por derradeiro, a Teoria da Tripartição 
dos Poderes explicitada por Montesquieu adquire um cunho nitidamente 
conservador, segundo os nossos padrões políticos e sociais actuais, mais foi uma 
teoria nitidamente liberal frente à Sociedade e ao Estado da sua época. A sua 
adopção por Montesquieu, em consonância com a sua opção clara por um 
regime aristocrático, visava a realização não de um regime democrático 
politicamente pluralista mais garantir uma dinâmica governamental mais 
perfeita cuja principal finalidade é garantir o "bom andamento" - leia-se o 
funcionamento racionalmente ordenado mediante normas jurídicas "justas" - do 
próprio Estado. 
2.6.2.Sociocracia de Augusto Comte 
Augusto Comte inventor que definiu a Sociocracia como um sistema de governo 
que se baseia em decisões tomadas com o consentimento de indivíduos iguais e 
numa estrutura organizacional que se assemelha a um organismo vivo. É 
fundamental na sociocracia o princípio de auto organização, assentado nas 
teorias sistémicas de inteligência colectiva. Comte detestava o laissez- faire do 
liberalismo, estimulador, segundo ele, do egoísmo e da instabilidade, rejeitava 
também a anarquia natural dos democratas pelo clima de desordem que 
provocava. Idealizou para o devir uma sociocracia gerências por um Estado- 
maior de sábios e tecnocratas, aliados aos industriais, que tratariam à política o 
espaço das paixões humanas com as frias leis das ciências naturais. 
Autor mais conhecido por suas elaborações filosóficas na área da ciência, 
nascido Isidoro Augusto Maria Francisco Xavier Comte, em 1798 – pesquisou 
extensamente em Sociologia, inclusive no que actualmente denominamos 
Ciência Política. 
Comte fora coerente ao repudiar os estadistas. Quem tentasse regredir ao 
passado, resgatando uma religião ou uma instituição ultrapassada, atrasava a 
chegada da era científica. A sociologia ocuparia no futuro o lugar mais 
importante na hierarquia do conhecimento porque tratava do que era Humano. 
Essa ciência se dedicaria a estudar o comportamento e o relacionamento social, 
analisando seus factores estáticos e dinâmicos, conceitos que ele extraiu da 
Mecânica, a fim de que possam ser inteligíveis e antevistos. A sociologia para 
Comte seria tão precisa aos governantes futuros um alto grau de previsão nas 
decisões a serem tomadas ou consideradas. 
Comte viu nesses factores estáticos e dinâmicos uma oposição e uma 
complementaridade, a estática era o desejo intrínseco de ordem que toda 
sociedade civilizada deseja, a dinâmica era o progresso, o destino que ela deve 
cumprir rumo às etapas superiores de organização e produção. Harmonizou-os 
no lema: ordem e progresso. 
Uma reorganização colectiva sem Deus e sem Rei, sob a preponderância 
exclusiva do sentimento social, assistido pela razão positiva e da acção. Se a 
transformação social deve-se à acção política consciente, o movimento 
positivista tem como tarefa fundamental esclarecer as mentes ilustradas para 
com sua obrigação de fazer emergir o mais rápido possível a Era Científica. 
Daí Comte reservar a cada seu seguidor a função de apóstolo, de divulgador das 
suas ideias, todos eles dedicados ao sacerdócio da humanidade. Formou-se ao 
seu redor, a partir de então, uma pequena seita de excêntricos discípulos que 
passaram a cultuá-lo como uma espécie de messias dos tempos científicos: um 
Cristo da era da ciência. 
2.6.3. Do tradicionalismo ao positivismo 
O tradicionalismo conduz, no plano político, ao corporativismo, no plano 
intelectual, leva ao sociologismo. Esta doutrina entende que a moral é o 
conjunto de regras impostas pela sociedade, em determinada época, e que, 
portanto, varia no tempo. O que é moralmente válido, para esta doutrina, é o 
que diz ou o que faz a maioria. Ora, este pensamento afronta a moral cristã 
porque sabemos que, apesar da sociedade humana sofrer mudanças no 
decorrer da história, os valores cristãos jamais deixam de ser válidos, 
verdadeiros para todos os homens, de todos os tempos e de todas as culturas. 
O estudo de Comte poderia ser a continuação de Saint-Simon, porque apesar de 
terem cortado relações o pensamento do autor do catecismo dos industriais 
exerceu considerável influência sobre o do autor do catecismo positivista. 
Mas no plano político, seria negligenciar o essencial da concepção positivista, 
pois as duas escolas se desenvolveram historicamente fora da universidade e em 
oposição ao partido liberal, como também adoptam, quanto ao problema de 
fundo, idêntica atitude de negação. São contra revolucionário no sentido 
filosófico e rejeitando na ordem civil, económica e política. 
Comte funda todo o seu sistema sobre a lei dos três estados que a humanidade 
percorre sucessivamente. Ao estado teológico e guerreiro segue-se o estado 
metafísico e jurídico, e depois o estado positivo e científico. 
A primeira é o ponto de partida necessário da inteligência humana; a terceira, 
seu estado fixo e definitivo; a segunda, unicamente destinada a servir de 
transição. 
No estado teológico, o espírito humano, dirigindo essencialmente suas 
investigações para a natureza íntima dos seres, as causas primeiras e finais de 
todos os efeitos que o tocam, numa palavra, para os conhecimentos absolutos, 
apresenta os fenómenos corno produzidos pela acção directa e contínua de 
agentes sobrenaturais mais ou menos numerosos, cuja intervenção arbitrária 
explica todas as anomalias aparentes do universo. 
No estado, metafísico, que no fundo nada mais é do que si modo geral do 
primeiro, os agentes sobrenaturais são substituídos por forças abstractos, 
verdadeiras entidades (‘abstracções personificadas) inerentes aos diversos seres 
do mundo, e concebidas como capazes de engendrar por elas próprias todos os 
fenómenos observados, cuja explicação consiste, então, em determinar para 
cada um numa entidade correspondente.Enfim, no estado positivo, o espírito humano, reconhecendo a impossibilidade 
de obter noções absolutas, renuncia a procurar a origem e o destino do universo, 
a conhecer as causas íntimas dos fenómenos, para preocupar-se unicamente em 
descobrir, graças ao uso bem combinado do raciocínio e da observação, suas leis 
efectivas, a saber, as relações invariáveis de sucessão e de similitude. A 
explicação dos fatos, reduzidas então a seus lermos reais, se resume de agora 
em diante na ligação estabelecida entre os diversos fenómenos particulares e 
alguns factos gerais, cujo número o progresso da ciência tende cada vez mais a 
diminuir. 
O sistema teológico chegou à mais alta perfeição de que é susceptível quando 
substituiu, pela acção providencial de um ser único, o jogo variado de numerosas 
divindades independentes, que primitivamente tinham sido imaginadas. Do 
mesmo modo, o último termo do sistema metafísico consiste em conceber, em 
lugar de diferentes entidades particulares, uma única grande entidade geral, a 
natureza, considerada como fonte exclusiva de todos os fenómenos. 
Essas estruturas são consideradas definitivas e básicas em qualquer estágio do 
desenvolvimento social, só ocorrendo, na passagem de um momento a outro, 
aperfeiçoamentos em cada uma delas. 
Assim, mais uma vez, Comte subordina a dinâmica a uma estática, subordina o 
progresso à ordem; o progresso é um mero deslocamento, um mero 
aperfeiçoamento de estruturas que são perenes e imutáveis. 
O século XIX já atingiu este estádio e Comte não é bastantes para essa doutrina 
retrógrada que, na proposta ver altamente ridícula, preconiza hoje, como 
solução possível para anarquia intelectual, a quimérica reinstalação social dos 
mesmos são princípios cuja inevitável de cretude levou a esta anarquia”. O 
espírito positivo que em dois séculos cresce mais do que ao longo de todo o seu 
percurso anterior, já não permite outra unidade mental além da que resultaria 
do seu ascendente universal. 
2.6.4. Espírito positivo 
O espírito positivo cuja aplicação sistemática e constante dá origem à doutrina 
denominada positivismo que tem um sentido duplo: primeiro sentido, na ordem 
lógica e cronológica, é também o mais simples, o positivismo opõe-se ao 
negativo e traduz-se assim a reacção contra o espírito destrutivo do século XVIII. 
Assinala a predilecção de Comte pela acção construtiva. É nesta acepção que 
deve-se entender a expressão política construtiva; segundo sentido o 
positivismo opõe-se ao conjectural e o hipotético, conceder-se-á positivo o que 
se baseia em factos verificados e nas suas relações reconhecidas como 
constantes. 
As duas acepções encontram-se e aliam-se na afirmação fundamental do 
positivismo, que é a da soberania da sociedade, considerada na sua unidade 
humana. Comte não se detém nos elementos parciais que constituem o povo e 
a nação. Vai até a humanidade na qual não vê apenas uma simples nação, mas 
a realidade concreta por excelência. A humanidade torna-se génio supremo, o 
vivo em si, o grande ser, pois o homem explica-se pela humanidade e não a 
humanidade pelo homem. 
Comte faz, também, uma distinção entre o indivíduo e o colectivo. Caracteriza o 
homem como ser inteligente e dotado de sociabilidade (o que o diferencia dos 
animais) e reivindica para o colectivo, para o grupo social, uma superioridade 
perante o indivíduo. E dessa concepção que decorre sua noção de que os 
homens, enquanto indivíduos numa sociedade, existem como substitutos 
efémeros de outros indivíduos e que, como tal, têm importância, apenas, como 
perpetuadores da espécie. Esta hipótese da sociedade humana origina em 
Comte uma ciência da sociedade, a sociologia, uma teoria política da dominação 
da sociedade, a sociocracia, e uma religião da sociedade, a sociolatria. O autor 
do catecismo positivista limita-se a transpor os elementos da idade teocrática 
onde, a teologia como dogma, correspondiam a teocracia como regime e a 
teolatria como culto. 
2.6.5. Influência política de Comte 
No estado, o poder temporal, equivalente material da ordem espiritual 
positivista, seria exercido pelos industriais. Porque, para Comte, era natural que 
os ricos detivessem a autoridade econômica e social indispensável para o 
conjunto da coletividade, uma vez que constituíam o topo na hierarquia das 
capacidades. 
Segundo a perspectiva comtiana, a propriedade, que tinha raízes na constituição 
biológica do homem, era inevitável, e, além disso, socialmente indispensável. 
Pois, foi devido à sua virtude de concentração de capitais que a civilização 
material se desenvolveu. Ou seja, foi porque os homens foram e são capazes de 
gerar e acumular riquezas maiores do que as consumidas pela coletividade e de 
as legarem à geração posterior, que a civilização progrediu materialmente. 
Contudo, essa riqueza concentrada sob a forma de propriedade privada de 
alguns foi construída por todos em conjunto, tendo origem social e devendo, 
portanto, ser esta a sua destinação. 
A autoridade e a concentração de riqueza por parte dos industriais na ordem 
temporal tornavam-se ainda mais aceitáveis quando se compreende que, na 
sociedade moderna positivista, existia uma outra ordem de realidade mundana, 
que era a dos méritos morais. Esta contrabalançava o poder temporal, 
regulando-o e moderando-o, fazendo com que a existência dos indivíduos não 
fosse definida apenas pela posição econômica e social, mas, sobretudo, como 
queria Comte, pela sua posição na ordem espiritual. 
De acordo com Comte: O objetivo supremo de todos deve ser alcançar o 
primeiro lugar, não na ordem do poder, mas na ordem dos méritos. 
A questão social, levantada pelo embate entre as classes advinha do 
desordenado movimento progressivo da sociedade industrial, que precisava 
agora, uma vez estabelecido o positivismo e a sociologia caracteriza-se, então, 
pela preocupação em descobrir que leis governam a sociedade e não pela 
preocupação com a sua transformação física social orientadora da política 
positiva, ser superado pela incorporação do proletariado à ordem científico- 
industrial. 
Isso seria possível, segundo Comte, à medida que o conjunto social, orientado 
pelo poder espiritual positivista formasse um forte movimento de opinião 
pública no sentido de mostrar aos detentores do capital a sua origem e o seu 
objetivo social, não permitindo que a riqueza social fosse gestada em prejuízo 
da massa proletária, cabendo a esta última limitar suas pretensões às 
possibilidades econômicas de cada período. 
Assim considerando, a incorporação do proletariado à ordem social dependia de 
uma mudança profunda na concepção política e econômica que envolvia o cerne 
da sociedade industrial, ou seja, a propriedade, a gestão do capital e o trabalho. 
Essa modificação só poderia ser efetuada por uma doutrina que buscasse, 
primeiro, atingir as representações sociais sobre o mundo e sua organização 
para depois agir sobre suas instituições. 
A sociedade pensada pelo positivismo teria então uma outra visão sobre o 
mundo do trabalho. Pois, procurava torná-lo parte organicamente harmoniosa 
de uma ordem na qual o poder e a riqueza se concentravam nos detentores do 
capital, na classe contraditória à do trabalho. 
Portanto, na interpretação dele a ordem supõe o amor e a síntese não pode se 
realizar a não ser pela simpatia; a unidade teórica e a unidade prática são, pois, 
impossíveis sem unidade moral. 
Esse amor, necessário à ordem social, nasciana família, na qual o homem é 
iniciado na educação moral e aprendia o devotamento aos seus. Pois, era 
necessária a ligação entre a existência pessoal e a social, tendo em vista que o 
verdadeiro caráter da educação moral dependia da submissão do indivíduo à 
sociedade. Era com o amor deste que a Humanidade renovaria a conduta 
moral, e portanto, era através da moralidade, do sentimento, contido no 
positivismo, que Comte pretendia regenerar a sociedade humana. 
O Estado era fruto da própria sociedade em desenvolvimento que engendrava a 
necessidade de uma função coordenadora totalizante que submetesse a si 
todas as demais atividades. Sua autoridade nascia dessa mesma necessidade, 
o que lhe permitia promover a direção universal do conjunto de atividades das 
partes, pelas quais as malhas do social se distribuíam. Sendo assim, a 
subordinação das partes à direção política totalizante do Estado era tão natural 
quanto à dependência entre as funções sociais. 
Ele se subordinava, assim como todo o corpo social, ao estado actual de 
desenvolvimento intelectual e moral, ou, por outras palavras, ao estado cultural 
da humanidade. Pois, como vimos, o que determinava a unidade social era o 
conjunto de ideias, de representações e crenças que formavam a cultura da 
sociedade, criada pelo homem vivendo em conjunto, mas determinado por leis. 
Era sobre essa cultura que a ordem social se formava e se desenvolvia com o 
progresso da natureza humana. E, portanto, “o estado de cultura é que 
determina o restante do corpo social, e não o contrário”. O que leva a concluir 
que cada estágio de desenvolvimento determinava um tipo diferente de Estado. 
Na ordem industrial-científica, na qual o positivismo estabeleceu os princípios 
fundamentais da unidade consensual, o Estado somente podia agir de acordo 
com os ensinamentos deste, através da física social, que agora atingia o objetivo 
prático de seus conhecimentos sobre as leis que regem a vida em sociedade, 
qual seja, orientar positivamente a prática política. 
Tratava-se, portanto, de um Estado intensamente intervencionista no sentido 
de manter a ordem e conduzir, por meio da orientação que recebia, a sociedade 
ao seu pleno desenvolvimento, realizando historicamente a natureza humana. 
A posição central que ocupava no corpo social advinha-lhe da necessidade 
originária de sua função reguladora dos movimentos de cada órgão, de modo 
que nenhum se sobrepusesse aos demais. Assim, cabia-lhe ordenar a sociedade 
em todo o seu aspecto material, o que punha em relevo a economia, de forma 
que esta se desenvolvesse com base em um equilíbrio harmônico de forças 
sociais. 
O Estado intervinha como sábio ordenador, determinando sua ação pela 
necessidade do conjunto social, colocando-se, portanto, em uma posição 
supraclassista, uma vez que o interesse que defendia é os do organismo como 
um todo e não os de partes determinadas. Ao impulsionar o progresso industrial 
da sociedade, agia sobre o conjunto, provendo o interesse de todos no 
desenvolvimento da riqueza. 
2.7. Voltaire 
 O escritor e filósofo francês François Marie Arouet (1694-1778) pseudônimo 
Voltaire, foi mais um defensor das liberdades civis do que um reformador 
político. Viveu isolado por três anos na Inglaterra, onde foi influenciado pelas 
ideias de John Locke e de Newton. Não reclamava a liberdade política, não 
defendia os direitos do homem e do cidadão e nem se quer defendia a igualdade. 
É reconhecida a frase de Voltaire: todos somos igualmente homens, mas não 
somos todos membros iguais da sociedade Considera que a hierarquia das 
classes socias é benfazeja; é necessária a educação das classes populares, pois 
não é os trabalhadores que se deve instruir, mas sim é o bom burguês, é o 
habitante das cidades. 
 Ao regressar à França, publicou as cartas filosóficas (1734), Voltaire faz um 
rasgado elogio da constituição inglesa, mas parece confiar cada vez mais num 
regime forte: conta com a autoridade para fundar a liberdade. Quando ele fala 
da liberdade, pensa geralmente na liberdade dos civis, mais do que liberdade 
política, deseja uma magistratura submetida ao governo. Por ter convivido com 
a liberdade inglesa, não acreditava que um governo e um Estado liberal, 
tolerantes fossem utópicos. Não era um democrata, e acreditava que as pessoas 
comuns estavam curvadas ao fanatismo e à superstição. Para ele, a sociedade 
deveria ser reformada mediante o progresso da razão e o incentivo à ciência e 
tecnologia. 
Assim, Voltaire transformou-se num perseguidor ácido dos dogmas, sobretudo 
os da Igreja Católica, que afirmava contradizer a ciência, no entanto, muitos dos 
cientistas de seu tempo eram padres jesuítas. Voltaire foi um teórico 
sistemático, mas um propagandista e polemista, que atacou com veemência 
alguns abusos praticados pelo Antigo Regime: o obscurantismo medieval, 
caracteriza-se, fundamentalmente, por dois fatos: acentuada religiosidade, com 
dogmas e cultos, e um sistema de governo baseado na monarquia sobrenatural, 
omnipotente, absolutista. 
No espiritual ou filosófico, a Igreja católica é á base dos princípios em que o 
Homem se desenvolve e, por conseguinte, a sociedade; O culto e o dogma são 
os pilares da existência; O Homem não tem o direito a pensar conforme seu livre 
arbítrio, não existe a razão; No terreno ou material, o Rei é um eleito de Deus, e 
por isso, a sociedade deve viver, trabalhar e actuar em função dele, aquele rege 
os destinos dos povos e dos homens. Tinha a visão de que não importava o 
tamanho de um monarca, deveria, antes de punir um servo, passar por todos os 
processos legais, e só então executar a pena, se assim consentido por lei. 
 Voltaire defendeu a redução dos privilégios da nobreza e do clero; Defendia as 
liberdades civis (de expressão, religiosa e de associação); Criticou as instituições 
políticas da monarquia, combatendo o absolutismo; Criticou o poder da Igreja 
Católica e sua interferência no sistema político; Foi um defensor do livre 
comércio, contra o controle do estado na economia. Numa monarquia 
parlamentarista, o monarca exerce a chefia de Estado, cujos poderes são apenas 
protocolares e suas funções de moderador político são determinados pela 
Constituição, onde tem como função resolver impasses políticos, proteger a 
Constituição. 
Defendia a submissão ao domínio da lei, baseava-se em sua convicção de que o 
poder devia ser exercido de maneira liberal e racional, sem levar em contra as 
tradições. 
2.8. Jean-Jacques Rousseau 
O primeiro grande defensor, nos tempos modernos, da república como forma 
de governo, ele faz um ataque violentíssimo a monarquia. Para ele só é legítimo 
o governo que provém da vontade geral, tal como é expressa pelo povo em 
eleições. Portanto, não é legítimo o governo monárquico, que não emana da 
soberania popular, mas da tradição, do costume da sucessão hereditária. Por 
outro lado, se a soberania não pertence ao rei, nem se encontra personificada 
nele ou encarnada por, mas é um direito um poder pertcente ao povo, então 
segue-se dai que a soberania pode ser exercida contra o rei. 
Enfim, a soberania é exercida pelo povo através da vontade geral. E esta não é 
alienável. Por consequência a vontade geral pode a todo o tempo mudar de 
governo. Os governantes são simples depositários, são comissários não são dono 
do povo: são seus funcionários, por isso o povo pode destitui-los sempre que 
quiserem. Quando a revolução francesa destitui o rei, o condena a morte e o 
executa, não está senãoa por em prática as ideias de Rousseau. 
Finalmente ele afirma-se partidário de um sistema de governo aqui hoje 
chamamos sistema convencional, um sistema de governo em que o povo elege 
uma assembleia com os poderes limitados pela doutrina da democracia directa, 
acima exposta e em que por sua vez essa assembleia elege uma comissão 
delegada para exercer o poder executivo – mas em que o governo não é titular 
de um poder próprio de um poder autónomo, do poder executivo, antes 
funciona como simples delegado do legislativo da assembleia. É este modelo que 
vai dar origem a experiência convenção na revolução francesa (1791) e em 
consequência disso, ao chamado sistema de governo do tipo convencional, em 
que todo o poder político se estrutura sob a forma de uma pirâmide de 
assembleis delegads: assembleia legislativa é delegada do povo, o governo é 
uma comissão delegada do legislativo, o chefe do estado é colegial, e assim 
sucessivamente. 
Esta ideia vem de Rousseau os órgão de poderes só tem competência de delegar, 
e por isso os seus poderes podem ser lhe retirados de um momento para outro, 
o povo delega no parlamento, parlamento delega no governo, o governo delega 
na suas comissões aos delegados, e tudo volta de novo à origem, em qualquer 
momento, porque não há poderes próprio, só há competências delegadas 
permanentemente revogáveis. 
A melhor constituição será, pois aquele em que o poder executivo estiver unido 
ao legislativo: quem faz as leis sabe melhor que ninguém como elas deve ser 
interpretados e executados. 
2.9. Thomas More 
É difícil distinguir as ideias políticas de T. More das que professava acerca da 
família e da propriedade, embora entre estas se verifique uma curiosa ausência 
de harmonia. Dá a impressão de ter sido atraído por Platão durante algum 
tempo ao ponto de admitir a comunidade de mulheres. Em contrapartida, a 
sociedade utópica assenta na família e numa moral muito tradicional que, no 
fundo, nada tem de utópico. Um pouco a maneira de Bodin, mas num estilo 
diferente a república ideal da utopia alicerça-se inteiramente sobre a célula 
familiar e sobre uma concepção patriarcal. T. More toma como exemplo a sua 
própria família. Mas, se em sua casa tudo se passa em perfeito acordo, ele 
admite que em caso contrário cabe ao chefe de família um direito de correcção 
doméstica sobre a mulher e os filhos. Alarga esta autoridade de maneira a que 
tudo se regule e ordene no seio da família e que só se apele à justiça púbica 
quando a enormidade do crime exigia o recurso ao Estado. Não condena 
absolutamente o divórcio nem, ao que parece, o casamento dos padres. Em 
contrapartida, é muito severo quanto ao adultério, o único crime privado que 
deve ser punido com a morte. 
A partir destas premissas familiares, seria muito fácil compreender que T. More 
edificasse uma defesa da propriedade e procurasse tornar proprietários todos 
os seus utópicos. Na história das ideias, família e propriedade estão o mais das 
vezes ligadas. Aos olhos dos sociólogos, família e bem de família apresentam-se 
como elementos que devem necessariamente coincidir e sustentar-se entre si. 
A posição de T. More é completamente diferente. O povo da utopia é um povo 
de amigos; ora, segundo a fórmula platónica, entre amigos tudo deve ser 
comum. Aquilo que Platão considerava um ideal entre amigos deve sê-lo 
também entre os cristãos. A fraternidade cristã deve levar à comunidade cristã. 
Por esse motivo, T. More abandona a posição tradicional dos aristotélicos e dos 
escolásticos, para quem a propriedade individual era um elemento capital da 
liberdade, preferindo-lhe as teses de A República. Platão havia desdenhado fazer 
leis para os povos que recusam a comunidade de bens. Aquele grande génio, 
tinha previsto facilmente que o único meio para organizar a felicidade pública 
era a aplicação do princípio de igualdade. 
Ora, a igualdade é impossível num Estado onde a posse é solitária e absoluta, 
pois, cada um arroga-se ai de diversos títulos e direitos para chamar a si o mais 
que pode, e a riqueza nacional, por maior que seja, acaba por cair na posse de 
um pequeno número de indivíduos que só deixam aos outros indigência e 
miséria... o único meio de distribuir os bens com igualdade e justiça, e de 
constituir a felicidade do género humano, é a abolição da propriedade. De modo 
a satisfazer o seu ideal de amizade e fraternidade, T. More imagina então um 
sistema comunitário em que todos trabalham e cada um trabalha pouco. Só 
ficam isentas da obrigação do trabalho quinhentas pessoas que, após selecção 
se entregam a metafísica. 
Naturalmente, a partir d momento que existe comunidade de bens, a vida tem 
de ser severamente regulamentada, a fim de evitar abusos. Sobre a cidade da 
utopia, onde a regulamentação da vida atinge especial rigor, e onde reaparecem 
os escravos, na forma de condenados ou prisioneiros de guerra, exerce-se uma 
autoridade que pode ser classificada de democrática, apesar de ser amplamente 
electiva. As famílias, em grupo de trinta, elegem anualmente um chefe 
designado por filarco ou sifogrante. Dez sifograntes, tendo sob a sua alçada 300 
famílias, designam anualmente um protofilarco ou traníboro. Os 200 traníboros 
constituem o senado. Trata-se pois, de um sistema escalonado: chefes de 
família, chefes de grupo e seus representantes, estes constituem o senado que, 
de uma lista de quatro cidadãos apresentada pelo povo, escolhe um Adamo ou 
príncipe dos utopianos. Para evitar que os filarcos se constituam em oligarquias, 
podem ser renovados todos anos, embora, T. More pense que no geral se 
comportam bem o suficiente para serem reeleitos. 
Este conjunto que forma um regime piramidal, é de estrutura democrática, 
embora atenuada pela existência de um poder espiritual. Há sacerdotes eleitos 
que presidem às coisas divinas, mas tratam também de coisas humanas, zelam 
pelos bons costumes e podem excluir um utopiano da comunidade religiosa, o 
que constitui a maior desgraça. Os sacerdotes, tal como os traníboros e o adamo, 
são escolhidos entre os letrados, que não constituem uma casta ou classe 
propriamente dita, uma vez que o seu recrutamento é aberto e há sempre a 
possibilidade de devolver à precedência aquele que anda a marcar passo na 
metafísica. 
Finalmente, uma aristocracia por selecção, serve de estufa às funções religiosas 
e públicas. De democracia o regime torna-se aristocrático, devido à exigência de 
recrutamento no quadro dos letrados. A eleição é livre, sem manobras e sem 
candidatura. Enfim, as leis são simples, fáceis de compreender e de aplicar. De 
resto, diz T. More, na utopia todo são doctores em direito, pois as leis são em 
muito pequeno número e a sua interpretação mais tosca e mais natural é aceite 
como a mais razoável e justa. 
Sumário 
Comte idealizou para o devir uma sociocracia gerências por um Estado-maior de 
sábios e tecnocratas, aliados aos industriais, que tratariam à política o espaço 
das paixões humanas com as frias leis das ciências naturais. A sociologia ocuparia 
no futuro o lugar mais importante na hierarquia do conhecimento. Comte faz, 
também, uma distinção entre o indivíduo e o colectivo. 
Caracteriza o homem como ser inteligente e dotado de sociabilidade (o que o 
diferencia dos animais) e reivindica para o colectivo, para o grupo social, uma 
superioridade perante o indivíduo. 
 
TEMA III: O NACIONALISMO TOTALITÁRIO: MUSSOLINI 
Introdução 
Mediante os problemas económico, as guerras e a ameaça comunista, a classe 
burguesa e proletária exauste destesmales vai apoiar o fascismo, que procurou 
reorganizar a economia e restabelecer o nacionalismo italiano. Mussolini 
chegando ao poder tornou -se ditador e na sua direcção a Itália atingiu certo 
desenvolvimento. 
Ao completar esta unidade / lição, tu serás capaz de: 
Objectivos 
 Caracterizar o estado nacional fascista; 
 Descrever o totalitarismo no estado fascista; 
 Analisar o corporativismo durante o fascismo. 
3.1. Estado nacional 
Os problemas económicos, os partidos de esquerda, comunistas e socialistas, 
bem como os anarquistas, ganhavam cada vez mais adeptos entre os italianos, 
o que preocupava a elite capitalista; o tratado de Versalhes, a crise 
socioeconómica; todos estes acontecimentos fizeram com que surgisse o 
movimento fascista. 
A Marcha sobre Roma foi uma vasta manifestação fascista, com característica de 
golpe de estado, ocorrida em 28 de Outubro de 1922 na capital da Itália, 
com o afluxo na cidade de dezenas de milhares de militantes fascistas que 
reivindicavam o poder político no reino. Este evento representou a ascensão ao 
poder do Partido Nacional Fascista (PNF) e o fim da democracia liberal, pela 
nomeação de Benito Mussolini como chefe de governo pelo Rei Vítor Emanuel 
III. 
Em 1928 proibiram-se todos os partidos, excepto o PNF, funda-se as milícias 
das camisas negras criando um clima de Terror. 
O fascismo se apropriou do símbolo de poder dos magistrados da Roma Antiga, 
o feixe de varas, que representava a união do povo em torno da justiça do 
Estado. O objectivo era evidente: retomar a história do povo italiano, sugerindo 
que a Itália poderia voltar a ser o Império Romano da Antiguidade. 
Esse movimento, fundado em Milão, em Março de 1919, não tinha ainda o 
perfil políticoideológico que iria assumir anos depois. Nas palavras do 
próprio Mussolini: "Não temos uma doutrina pronta; nossa doutrina é a 
acção. 
Em Junho de 1919 foi publicado o programa oficial do movimento, e 
algumas de suas reivindicações eram: jornada de trabalho de 8 horas; 
sufrágio universal extensivo às mulheres; representação proporcional no 
Parlamento; abolição do Senado do Reino; formação de uma milícia que 
actuasse paralelamente ao Estado; e maior actuação da Itália no cenário 
internacional. 
Desse programa inicial, somente as duas últimas propostas seriam levadas a 
cabo durante o período em que os fascistas controlaram a Itália, pois o Fascismo 
de Combate era, na realidade, um grupo de pessoas que tinham formações 
políticas e opiniões diferentes sobre o futuro da Itália, mas que se uniram no 
calor da hora, em função da grande crise do pós-guerra. 
O fascismo perpétua-se com uma Nação submissa, sem espíritos críticos, sem 
vontades individuais, mas com “uma alma colectiva”. Os ideais fascistas, eram 
inculcados, primeiramente, nos jovens, pois considera-se que as crianças, antes 
de pertencerem às famílias, pertenciam ao Estado. 
Na Itália, a partir dos 4 anos, as crianças ingressavam nos “Filhos da Loba” e 
usavam já uniforme; dos 8 aos 14 faziam parte dos “balillas”, aos 14 eram 
vanguardistas e aos 18 entravam nas Juventudes Fascistas. As raparigas eram 
inseridas em organizações e específicas, como a das “Jovens Italianas” 
A educação fascista era, obviamente, complementada pela escola, através de 
professores profundamente subservientes ao regime, ao qual prestavam 
juramento, e de manuais escolares impregnados dos princípios totalitários 
fascistas. Uma vez adultos, continuava a regimentação de Italianos, dos quais se 
procurava obter a total adesão. 
As bases de apoio social do fascismo foram, com efeito, heterogéneas e nelas 
podemos encontrar: 
 As classes médias dos pequenos comerciantes e industriais, arruinados 
pela Concentração capitalista, e dos funcionários e detentores de 
rendimentos fixos, proletarizados pela inflação; 
 Os quadros dirigentes da economia, grandes agrários e grandes 
industriais (do Ruhr e da Lombardia) aos quais o fascismo se alia desde 
que chega ao poder, do exército, da Igreja e da cultura, que aceitam o 
regime em troca da sua estabilização conservadora e da garantia dos 
seus privilégios de classe; 
 As próprias classes laboriosas, cujo bem -estar e dignidade se 
procurava promoverem, através da absorção do desemprego e da 
integração em associações de tempos livres. 
 Grandes programas de obras públicas e de militarização foram 
então, responsáveis pela diminuição do desemprego na Itália. 
3.2. Estado totalitário 
O estado totalitário fascista vai se apresentar estruturada d seguinte maneira: 
 A filiação no partido único (Nacional Fascista). Todos os funcionários, 
oficiais e professores eram recrutados no Partido, pelo que se fala da 
classe média como de uma nova elite fascista; 
 A inscrição obrigatória dos trabalhadores na Frente do Trabalho 
NacionalSocialista e nos sindicatos fascistas e corporações mistas, após 
a extinção dos sindicatos livres; 
O Partido Fascista (único) cria a sua própria formação paramilitar: a 
Milícia Voluntária para a Segurança Nacional, Outro órgão de repressão 
contra os antifascistas, era a Polícia política apelidada de Organização 
de Vigilância e Repressão do Antifascismo (O.V.R.A.). A censura foi 
ampliada: a educação, as artes, os desportos, as rádios, o cinema e, 
até mesmo, o lazer da população seguiam as orientações fascistas. 
Foi criado o Tribunal Especial de Defesa do Estado, responsável pelo 
julgamento de "crimes" políticos; 
 Centralização do estado: A economia passou a ser firmemente 
controlada pelo Estado, com o apoio dos capitalistas italianos. O povo é 
o corpo do Estado, e o Estado é o espírito do povo. Na doutrina fascista, 
o povo é o Estado e o Estado é o povo: Tudo no Estado, nada contra o 
Estado, nada fosse do Estado 
 O culto do Chefe; encenação e propaganda - Mussolini, dizia que a 
força do Estado fascista exigia aos italianos: “Acreditar, obedecer, 
combater”. 
Consagrador de dogmas, avesso à crítica e à contestação, o totalitarismo fascista 
repudiava o legado racionalista da cu ltura ocidental. Pelo contrário, exaltava 
ofanatismo e o sentimento excessivo. Não só para com o Estado e a Nação, que 
idolatrava, mas também para com o Chefe (duce), símbolo do Estado 
omnipotente, encarnação da Nação e guia dos seus destinos, é o homem 
excepcional, o super-homem, a quem se deve prestar uma obediência cega 
e seguir sem hesitações, tornando-se o duce com poder absoluto eis o 
lema do nacional-socialismo: “Um Povo, um Império, um Chefe”, 
 Expansionismo e militarismo: Uma das primeiras atitudes 
expansionistas do Estado italiano foi incentivar a fundação de 
Fascismos em países ondeimigrantes italianos tinham se instalado, 
propagando o ideal do partido pelo mundo. Além disso, o serviço 
secreto italiano auxiliava grupos simpáticos ao fascismo em várias 
partes da Europa. 
3.3. Estado corporativo 
O fascismo italiano desenvolveu, em especial, a teoria do regime corporativo, ou 
corporativismo. 
Corporativismo era uma doutrina que vinha de século anteriores, mas que no 
final do século XIX tinha sido recuperada pela doutrina social da igreja. 
Mussolini vai lançar mão dessa doutrina, depurada de alguns dos elementos 
acentuados pelo pensamento católico, e faz dela a doutrina oficial doEstado 
italiano. Tratado de Latrão (1929) As relações políticas entre a Igreja Romana e 
o Estado Italiano não foram fáceis desde o processo de unificação da Itália 
no século 19, principalmente por que o papado não aceitava perder o 
poder político sobre os antigos Estados Pontifícios. 
Na perspectiva de resolver tal dilema e, ao mesmo tempo, ganhar o apoio 
dos católicos, Mussolini assinou com o papa Pio 11 três acordos, que 
ficaram conhecidos como Tratado de Latrão: A Santa Sé teria sua soberania 
política dentro do Estado do Vaticano, ao mesmo tempo que reconheceria o 
Estado Italiano; A Itália indemnizaria o Vaticano pelos danos causados 
durante as guerras de unificação; A religião católica seria a religião oficial do 
Estado Italiano, sendo ensinada obrigatoriamente em todas as escolas. 
De acordo com estas doutrinas, todas as forças económicas e sociais devem 
ser organizadas oficialmente em associações. Assim o faz, agrupando-os em 
22 corporações, cada uma dirigida por um conselho formado por patrões e 
trabalhadores. 
Em 1929, Mussolini discreta a abolição da câmara dos reptados e põe nos seu 
lugar a Câmara dos Fascistas e das corporações: era a abolida o sufrágio 
individual, muito criticado por ser o sufrágio típico da democracia parlamentar, 
e que agora ficava substituído pelo sufrágio corporativo ou institucional. 
Mas, ao contrário da tradição medieval e da doutrina da igreja, o corporativismo 
do estado fascista não é um corporativismo de associação, é um corporativismo 
de Estado. Não representa a auto – direcção da economia, mas sim o controlo 
total da economia pelo poder político. 
 
Sumário 
Fascismo como uma ideologia política social tinha como objectivo, livrar a Itália 
dos problemas que se vivia naquela comunidade, nisto, os grupos sócias 
apoiaram o partido fascista, este chegado ao poder tornou-se totalitário, 
eliminando todos os partidos, sob a direcção de único partido criou um estado 
nacional fascista. Criou bases de apoio para garantir a execução do programa do 
partido. Um dos aspectos particulares fora o corporativismo, que eliminou os 
sindicatos 
 
TEMA IV: O NACIONALISMO TOTALITÁRIO 
 
O Nacionalismo Totalitário: Hitler 
Introdução 
Foi no contexto das crises económica, tratado de Versalhes, medo ao 
comunismo que o nazismo teve campo na Alemanha, na direcção de Adolfo 
Hitler. Este chegado ao poder introduziu o partido único, a política totalitária, 
racista e expansionista. Na direção dos nazis os problemas económico foram 
remediados, permitindo a afirmação da Alemanha como uma potência 
económica e militar no século XX. 
Ao completar esta unidade / lição, tu serás capaz de: 
Objectivos 
 Caracterizar o estado nacional nazista; 
 Descrever o totalitarismo no estado nazista; 
 Analisar a política racial durante o nazismo. 
 
3.4. Estado nacional 
Factores como o início da Grande Depressão (1929), desemprego maciço, as 
humilhações do Tratado de Versalhes (1919), o descontentamento social com 
o regime democrático ineficaz, o apoio do povo alemão aos partidos socialistas 
e o temor de uma revolução socialista, levou a alta burguesia alemã, 
empresários e o clero a apoiaram a extrema-direita do aspecto político, 
optando por extremistas de partidos como o Partido Nazista. 
As eleições de Julho de 1932, os nazistas tornaram-se o maior partido no 
Reichstag, com 230 lugares. Porém o Partido Nazista não conseguiu uma maioria 
parlamentar até a nomeação de Hitler como chanceler. 
Assim em 30 de Janeiro de 1933 Adolf Hitler foi nomeado chanceler da 
Alemanha por Hindenburg o gabinete ministerial em seguida dissolvido por 
Hitler. 
Porém, para triunfar, o nazismo precisava combater seu principal concorrente 
ideológico, o socialismo revolucionário ou comunismo, com o qual teria de 
disputar a adesão popular. Igualmente totalitário, o comunismo também se 
arvorava a construir uma sociedade perfeita, não só na Alemanha, mas no 
mundo. Durante o mesmo ano de 1933, o Partido Nazista eliminara toda a 
oposição. 
Inúmeros ministérios deixaram de se reunir no regime nazista — embora 
continuassem existindo na teoria — como o Conselho Secreto do Gabinete e o 
Conselho de Defesa do Reich, cujas funções passaram a ser executadas por 
Hitler. 
A Alemanha, por fim, transformou-se em um estado nacionalista, onde não- 
arianos e oponentes do nazismo eram excluídos da administração, e o sistema 
judiciário tornou-se subserviente ao nazismo. Campos de concentração foram 
criados para receber prisioneiros políticos, judeus, ciganos e eslavos. A Bandeira 
da República de Weimar foi substituída pela bandeira da suástica do partido 
nazista no dia 15 de Setembro de 1935. 
Em 22 de Setembro de 1933 foi criada a Câmara de Cultura do Reich, com a 
intenção de “nazificar” a cultura: A fim de levar a cabo uma política de cultura 
alemã, é preciso unir os artistas de todas as esferas numa organização coesa sob 
a direcção do Reich. O Reich deve não somente determinar as linhas do 
progresso mental e espiritual, mas também orientar e organizar as profissões. 
As subcâmaras foram criadas para orientar e controlar toda a cultura: imprensa, 
belas-artes, literatura, música, cinema e rádio. Todos os profissionais dessas 
áreas foram obrigados a associarse às câmaras, que podiam expulsar ou recusar 
pessoas por “falta de confiança política. 
Toda a juventude alemã do Reich está organizada nos quadros da Juventude 
Hitlerista. A juventude alemã, além de ser educada na família e nas escolas, será 
forjada física, intelectual e moralmente no espírito do nacional-socialismo por 
intermédio da Juventude Hitlerista. Aos 14 anos o rapaz entrava na Juventude 
Hitlerista propriamente dita, ficando nela até os 18 anos, quando era transferido 
para a Cooperação pelo Trabalho e o exército. Na Juventude Hitlerista os rapazes 
recebiam treinamento em doutrinas nazistas, artes militares. O principal papel 
das mulheres era gerarem filhos sadios, propagando a "raça ariana". Aos 18 anos 
as moças prestavam um ano de serviço nas fazendas, equivalente à Cooperação 
do Trabalho dos rapazes. 
Na Alemanha nazista foram extintos os sindicatos, contratos colectivos e o 
direito de greve. Os sindicatos foram substituídos pela Frente Alemã do 
Trabalho, chefiada, que admitia assalariados e empregados e também patrões e 
membros de profissões liberais, tornando-se a maior organização partidária. 
Grandes programas de obras públicas e de militarização foram então, 
responsáveis pela diminuição do desemprego na Alemanha. 
3.5. Estado totalitário 
O estado totalitário organizar-se da seguinte maneira: 
 A filiação no partido único (na Alemanha, respectivamente). Cargos 
de responsabilidade foram confiados aos membros do Partido, cujos 
efectivos passam de 3 milhões, em 1934, para 9 milhões em 1939. 
 O culto do chefe: Hitler era venerado como um Deus, para isso 
concentrou todo o poder (executivo, legislativo e judicial) tornando- 
se o chefe absoluto da Alemanha, era chefe do exército. 
 Expansionismo e militarismo: Consagrando todos os seus esforços à 
conservação dos seus melhores elementos, o nacional-socialismo 
teria forçosamente que proceder à incorporação de todos os alemães 
numa só Pátria, numa só Nação, num só Povo. 
O Programa do Partido Nazi (1920) exigia a reunião de todos os alemães numa 
Grande Alemanha, o que equivalia

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