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BAIXA AUTOESTIMA INFANTIL SOB A PERSPECTIVA DA CLÍNICA EXISTENCIAL HUMANISTA: CASO CLÍNICO
JANAISA FARIAS PEREIRA MOTTA
RESUMO
O presente artigo é um relato de caso clínico, trata-se de um paciente que frequentava a Associação Casa de Maria Rainha da Paz (CASU SOCIAL) em Caratinga- MG, atendido durante o estágio em Psicologia Clinica I, do nono período de Psicologia do UNEC (Centro Universitário de Caratinga). Foram realizados 11 contatos terapêuticos, com a duração em torno de 50 minutos. A demanda apresentada foi de comportamento indisciplinar no Casu Social e o sentimento de abandono devido à ausência do pai. O caso foi conduzido através do viés da Clínica Existencial Humanista.
PALAVRAS CHAVE: Abandono; baixa autoestima; comportamento indisciplinar; Clínica existencial Humanista; privação afetiva.
 
1.INTRODUÇÃO
O indivíduo, quando criança pode passar por diversos obstáculos e dificuldades, que são tidos por muitos como normais e pertencentes a seu desenvolvimento. A criança é levada a internalizar regras para o seu próprio bem, mas que no futuro podem se tornar pontos inibidores da personalidade (FADMAN E FRAGER, 1986). A partir do momento que a criança torna consciente de si mesma, desenvolve uma necessidade de amor, ou consideração positiva, que é uma necessidade universal a todo indivíduo. 
Para Rafael (2002), a consideração positiva desenvolve-se na primeira infância; através do amor e dos cuidados recebidos pelo bebê, a criança descobre que os afetos são fonte de satisfação e, assim, ela aprende a sentir uma necessidade de afeição. Desta forma, sendo positiva ou negativa, interfere diretamente na autoestima da criança.
A criança, cujo atendimento serviu como fonte de estudo para o presente artigo, foi direcionada ao processo terapêutico com a demanda trazida pela família de incidência de comportamentos indisciplinados e com a queixa de privação afetiva paterna e autoestima baixa. Como recursos terapêuticos nos atendimentos foram empregados, principalmente, a entrevista com os responsáveis, uso de desenhos e atividades lúdicas, expressão verbal do paciente e observação do mesmo nas sessões.
Rogers acredita que o indivíduo possui a capacidade de entender a si próprio e resolver seus problemas de forma a buscar sua própria satisfação e eficácia ao funcionamento adequado. Assim, se este não possui conflitos estruturais profundos, apresenta esta capacidade. Independente da aprendizagem, esta característica é inerente ao homem e para que esteja em funcionamento, o indivíduo deve estar desprovido de ameaças ou desafios à imagem que tem de si mesmo (SOUZA, 2006). O paciente, objeto deste estudo, passou por privação afetiva por parte do pai, o que afetou de forma significativa a sua autoestima, levando-o a fantasiar em determinadas situações como estratégia para suprir a falta do pai.
A necessidade de autoestima é inerente a todo indivíduo, e seu processo inicia-se desde a infância até a maturidade. Conforme a consideração positiva, todo afeto e cuidado recebido pela criança influencia no desenvolvimento de sua autoestima. Rafael (2002) destaca a importância do relacionamento com os pais ou cuidadores, como ela vivencia os sentimentos de amor e de apreço das pessoas significativas para si que, primordialmente, são os pais.
Para Mattar (2010), sobre a psicoterapia infantil, pode-se dizer que brincando é o modo indireto de ir onde a criança se encontra, partindo daí a fim de ajudá-la no autoconhecimento. Assim o psicólogo atua como facilitador que, junto à criança, cria condições de crescimento num ambiente que lhe permita a expressão dos seus significados. Através do ato de brincar, a criança poderá expressar toda a sua hostilidade, e o terapeuta cria um ambiente permissivo para que ela externe esses sentimentos, sem criticá-la, censurá-la ou dar-lhe lições de moral. Essa forma de atuar vai diferenciar o psicólogo das pessoas comuns, pois a ele cabe a compreensão desta expressão. As intervenções do terapeuta deverão mobilizar os sentimentos de forma que estes apareçam através do brincar, da ação e pela linguagem.
As pessoas significativas para a criança têm uma forte influência sobre ela e a formação da imagem que tem de si mesma, bem como o rumo de sua vida. Os pais através de suas atitudes, sendo elas às vezes positivas, outras vezes negativas, acabam por determinar quais sentimentos ela vai experimentar.
Durante o processo terapêutico buscou-se facilitar o entendimento da criança sobre as situações que ocorriam com ela, acolhendo-a de forma incondicional, sem julgamentos, além da proposta de trabalhar sua autoestima, através de ferramentas lúdicas, objetivando que esta criança consiga assimilar de forma satisfatória a situação que está causando sofrimentos psíquicos.
A criança é uma pessoa em desenvolvimento, e possui em si todos os instrumentos que possibilitam a ela, evolução e desenvolvimento, além de uma tendência a utilizar tais instrumentos, desde que lhe sejam dadas as condições favoráveis para tanto. Sua autoestima quando elevada, proporciona-o relacionar-se melhor socialmente, porém, quando ocorre o contrário, esta interação social é comprometida. 
Os pais possuem papel fundamental para o desenvolvimento de uma autoestima saudável na criança. Neste estudo de caso pode-se observar de forma clara, o quanto a ausência paterna afetou a criança, causando-lhe um grande desajuste emocional, além de observarmos também as contribuições que a psicoterapia trouxe para o referido caso.	
2.RELATO DO CASO – O PACIENTE
	O paciente W.A., 9 anos, cursa o quarto ano do ensino Fundamental I, sexo masculino, reside na cidade de Caratinga-MG, mora com a sua mãe, 3 irmãos, 4 primos e o seu tio. Seus pais se separaram quando W.A. tinha 5 anos.
3.QUEIXAS APRESENTADAS PELO PACIENTE 
W.A. queixou sentir muito a separação dos pais, relatou que na época da separação não soube lidar com a situação e ficou bastante triste, demonstrando a sua tristeza através de comportamento indisciplinar e agressivo. Queixou-se também que sente abandonado pelo seu pai. 
4.SÍNTESE DO PROCESSO TERAPÊUTICO
Antes de realizar o atendimento com o W.A. foi pedido para que a sua mãe comparecesse ao Casu Social para a realização da anamnese, com a ausência desta, a anamnese foi realizada com sua tia, que não soube responder as perguntas, já que a mesma nunca morou na mesma casa que o paciente, a única demanda que trouxe foi de que W.A era um garoto indisciplinado quando contrariado. Nesta sessão foi estabelecido também o contrato terapêutico
De modo geral, trabalhou-se, nas primeiras sessões, estratégias lúdicas com o objetivo de favorecer a formação do vínculo, ajudá-lo a tomar consciência de si mesmo e da sua existência no mundo, identificar os conceitos e as regras que governam seu comportamento, verificar sua relação com pessoas dos ambientes em que está inserido, identificar seus sentimentos em relação a si mesmo, a determinadas pessoas e situações, treinar a solução de problemas cotidianos, desenvolver habilidades, trabalhar a autoconfiança e favorecer a concentração e o relaxamento. 
No primeiro contato terapêutico, foi solicitado a ele que desenhasse sua família como era e como gostaria que fosse. No primeiro desenho, desenhou os seus irmãos, sua mãe e seus primos. No segundo, desenhou a sua mãe, seus irmãos e seu pai. Ao ser questionado sobre os desenhos, relatou que seus pais são separados, que mora com a mãe, seus primos e irmãos. Explorando mais sobre o relacionamento com seu pai, o paciente disse que todo sábado joga futebol em um campo próximo a sua casa e que ao final, seu pai o leva para a casa dele. Este primeiro momento durou apenas 20 minutos e foi interrompido quando a sua tia chegou para responder a anamnese.
A segunda sessão foi livre, abriu-se oportunidade para que a criança interagisse livremente com os brinquedos, neste momento, ele escolheu uma mesa de futebol de botão, onde foi reafirmado o estabelecimento de vínculo e ele sentiu-sea vontade para expressar seus desejos e frustrações. Ao favorecer sua livre expressão, o paciente trouxe um aspecto fundamental, que o incomoda, que é a ausência do seu pai, favoreceu-se também sua autoestima, ao permitir-lhe fazer livres escolhas. Neste dia, W.A. relatou a ausência de seu pai e disse que antes da separação de seus pais, que ocorreu há 4 anos, os dois eram bem próximos e que o divórcio se deu depois que o seu pai inventou um trabalho fora do estado e nunca mais voltou para a casa. 
Enquanto jogava, relatava as idas à casa do pai e ao falar sobre isso, ficava pensativo e esquecia-se de jogar. Nesse brinquedo (futebol de botão), ele projetou a atividade que gostaria de desempenhar com o pai. Neste momento, usou a fantasia de jogar futebol com o mesmo (foi notado nas sessões seguintes que isso de fato não ocorre). Algumas crianças criam essas fantasias, pois precisam abandonar o próprio mundo para se sentirem seguras, por medo ou por não se sentirem bem com a própria realidade, mas na fantasia, elas podem expressar sentimentos do mundo real e esses sentimentos, mesmo que negativos, devem ser reconhecidos e aceitos pelo terapeuta. O não reconhecimento dos sentimentos da criança pode reforçar a baixa autoestima. Axline (1972), resume em oito as atitudes básicas do terapeuta junto à criança, a segunda atitude refere-se à aceitação da criança exatamente como ela é, aceitar genuinamente o que ela diz ou faz, já que ela pode perceber a rejeição, mesmo que velada. Esse ato permite à criança a coragem de exprimir os sentimentos verdadeiros, sem se sentir culpada por estes.
Na terceira sessão, W.A escolheu um jogo chamado “monopoly”. Durante a hora do jogo diagnóstica, disse que o relacionamento com os irmãos é bastante conflituoso e que por vezes desconta a sua raiva neles. Disse que ao ser agressivo com os irmãos, sua mãe o pune fisicamente ou deixando-o de castigo. Relatou que gosta muito de ir à casa do seu pai, que vai toda semana e que enquanto está na casa do pai, mesmo se ele agir de maneira errada, o seu pai não o pune, porque segundo ele, o pai é bastante calmo, diferente de sua mãe que é muito brava. Nesta sessão, foi percebido inconstâncias em seu relato, uma vez que antes da hora do jogo diagnóstica, o paciente disse que passou o final de semana na casa do pai e, durante o jogo, disse que passou o final de semana em casa, assistindo televisão com os irmãos.
Na quarta sessão, não foi proposto nenhuma atividade, somente foi pedido para o paciente encontrar algo na brinquedoteca e ele negou, disse que não queria brincar. Durante o contato terapêutico, ficou calado e foi dispensado. Após essa sessão, se fechou por alguns encontros (quinta e sexta sessão) algumas sessões ele não quis realizar a atividade proposta e outras ele simplesmente não quis falar nada. Axiline (1972) e Matar (2010) dizem que o objetivo é levar a criança à autossuficiência, independência e capacidade de autodireção. O terapeuta aceita o silêncio. A criança pode resistir aos esforços para mudá-la, e por vezes, o seu silêncio, ou o fato de não querer brincar, podem ser testes para o terapeuta, para verificar, se de fato, ela é livre para agir ali como quiser.
Na tentativa de investigação, acerca da separação dos pais, e as inconstâncias no relato de W.A., solicitou-se o comparecimento da mãe para enfim, realizar a primeira entrevista com a mesma, sendo que, esta chegou 1h30min atrasada e pouco informou sobre o seu filho, somente deixou claro que o pai está cada vez mais ausente e que W.A. não vai à casa do pai desde o começo do ano. Ela associa o aparecimento do comportamento indisciplinar com a ausência do pai, disse que quando o pai não busca a criança, este fica retraído em um canto ou bate nos irmãos. A relação dela com o ex-marido é conflituosa, visto que os dois quando tem contato só discutem. 
 De acordo com Almeida (2000), a forma como os pais se relacionam com os filhos e entre si interfere na maneira positiva ou negativa de o filho enfrentar o momento da separação e após a separação. Se os pais se agridem constantemente, as crianças podem considerar este comportamento como adequado e passam a emití-Io no relacionamento com os outros. Outro fator de extrema importância se refere à ausência de um dos cônjuges na vida dos filhos. Esta ausência pode influenciar a percepção do mundo e de si mesmo, contribuindo para uma autoimagem ruim, apresentando níveis altos de ansiedade, desenvolvimento afetivo instável, dificuldades para controlar a agressividade, muito evidenciado na queixa dos familiares de W.A. e da própria instituição. 
A sétima sessão foi realizada no mesmo dia em que a sua mãe respondeu a anamnese, devido ao que a mãe trouxe e uma necessidade que o paciente sempre demonstrou durante todo o encontro terapêutico, foi proposto atividade com o objetivo de identificar e enaltecer suas qualidades, assim como as suas potencialidades. Realizamos uma atividade onde deveria identificar 5 qualidades e 5 defeitos, W.A. tivera muita dificuldade em assinalar as suas qualidades, mas após intervenção onde foi falado situações que ele já havia trazido para dentro da terapia, conseguiu descrevê-las. Isto foi corroborado pelo que enfatiza, Almeida (2000), quando o autor coloca que a ausência de um dos ex-cônjuges pode gerar nos filhos o rebaixamento da autoestima.
Na oitava sessão, foi proposto o futebol de botão, devido o grande interesse de W.A. nesta atividade. Nesta sessão, disse que havia respondido a sua mãe e por isso estava de castigo. Voltamos a conversar sobre suas qualidades e defeitos, dessa vez ele disse com mais convicção sobre as suas qualidades, não precisando de nenhuma intervenção. 
Na nona sessão, escolheu mais uma vez o futebol de botão e foi combinado jogar somente nos primeiros minutos e depois iria ser realizada uma atividade em que, entre outros desenhos, deveria desenhar o que gosta e não faz. Neste desenho, representou ele brincando em um campo de futebol com o seu pai e disse que não o encontra no campo de futebol há muito tempo, que não lembra quando foi a ultima vez que passou o final de semana na casa de seu pai. 
Segundo Aguiar (2014), se uma criança perde um ente querido ou vivencia uma separação de forma dolorosa e está envolvida em luto, como no caso de W.A., ela momentaneamente desvia a sua atenção das coisas do mundo e volta-se mais para si e para sua dor. Se esse luto não se desfaz e a criança mantém-se envolvida com isso, a energia presa a essa situação começa a fazer falta em outros setores de sua vida. Esse desequilíbrio, entre outras maneiras, pode manifestar através de reações agressivas.
 Devido ao que a mãe trouxe e ao relato da nona sessão, percebeu-se as fantasias que o paciente criava para lidar com a ausência do pai. Ele fantasiava sobre as idas à casa do pai e sobre as atividades que os dois realizam juntos. W.A., assim como as crianças de um modo geral, se protege de alguma maneira, se retrai para não ser ferido, cria fantasias para se entreter – como inventar que viu o pai recentemente e que jogou futebol com ele -, para tornar a sua vida mais fácil de ser vivida. De acordo com Mattar (2010), as crianças fazem o que podem para ir em frente, para sobreviver, em direção ao crescimento e quando se depara com algo, como ausência ou interrupção no funcionamento natural, elas adotam algum comportamento que parece servir para fazê-las avançar. Assim, como no caso do W.A., elas poderão agir de modo agressivo e hostil, na tentativa de atender a suas necessidades. 
Na décima sessão, foi utilizada uma técnica de dramatização da Gestalt, onde foi proposto para o paciente confeccionar uma caixa de sentimento e após a confecção, iriamos dramatizar os sentimentos para o outro identificar. W.A. tivera dificuldades em colocar no papel aquilo que ele sente, mas através de incentivo, conseguiu escrevê-los.	
Na décima primeira sessão, considerando necessário retomar a alguns momentos do tratamento e encerrar o mesmo, foi proposto como atividade o futebol de botão. Voltamosa falar sobre as suas qualidades e sobre a importância de reconhecer e verbalizar os seus sentimentos. 
O trabalho foi realizado com o intuito de construir o fortalecimento do eu do paciente, para fortalecer o seu contato com o mundo e renovar o seu próprio contato com os seus sentidos e sentimentos. 
5.EVOLUÇÃO DO PACIENTE DURANTE E AO TÉRMINO DA TERAPIA
Sobre o sentimento de abandono, o paciente teve uma melhora significativa nas fantasias que ele criava para lidar com esses sentimentos durante a terapia, posto que ao final das sessões, ele não usava de mentiras para falar sobre as idas à casa do pai. 
Foi possível perceber também, uma melhora na aceitação das atividades. Durante o inicio do processo terapêutico, o paciente era retraído e ao final, realizava as atividades propostas sem nenhum problema. 
A entrevista de devolução era de suma importância neste caso, devido à necessidade de realizar um aconselhamento psicológico parental, com o objetivo de aconselhar e orientar os pais do paciente na tarefa de melhor conduzir as dificuldades a adaptação a novos contextos, mas por vezes foi proposto e eles não compareceram.
6.CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
Podemos concluir através do caso apresentado, que muitas vezes a demanda não está clara e estruturada, principalmente no atendimento infantil quando não é realizada a entrevista inicial com os pais (anamnese). A dificuldade de colher informações a respeito da criança com os pais e a própria dificuldade da criança verbalizar o que sente é um entrave no processo terapêutico.
A princípio, W.A. era bem ajustado e um bom aluno, apesar do seu ambiente social e familiar. Diante disso, deu-se a entender que era um garoto sem demanda, mas no decorrer do processo terapêutico percebeu-se a existência de um sentimento de abandono devido à ausência de seu pai. Este sentimento o prejudicava de tal forma que, o fazia criar fantasias para lidar com essa privação afetiva. Além disso, essas situações trouxeram prejuízos as suas interações sociais, sendo que, seu comportamento indisciplinar e a sua autoestima baixa são reflexos intrínsecos disso. 
O desenvolvimento sadio, contínuo dos sentidos, do corpo, dos sentimentos e do intelecto da criança constitui-se como sendo a base subjacente do senso de “eu” da criança. Um senso de eu forte contribui para um bom contato com o meio ambiente e com as pessoas desse meio ambiente. Se a criança é inserida num ambiente de respeito, afeto, aceitação e amor, no qual se compreende seus sentimentos, atitudes e comportamentos, ela pode experenciar todas as suas potencialidades.
A psicoterapia infantil pautada no humanismo sugere que, a experiência terapêutica é uma experiência de crescimento e oferece á criança a oportunidade de se libertar de suas tensões, de se desfazer de seus sentimentos mais perturbadores, para assim, ganhar compreensão de si. O objetivo central desse estágio clínico foi oferecer a oportunidade para João viver essa experiência num ambiente terapêutico lúdico, onde o mesmo pôde vivenciar sem julgamentos, para que ele pudesse se descobrir como pessoa, assim como enxergar novos caminhos que lhe permite ajustar-se ao relacionamento humano de maneira saudável e realista. 
7.REFERÊNCIAS
 
AGUIAR, Luciana. Gestalt terapia com crianças: teoria e pratica. 10 de mar de 2014 ed. Rio de janeiro: Summus, 2014.
AXLINE, V.M. Ludoterapia. Belo Horizonte, Interlivros, 1972
ALMEIDA, P. D. C. G. D. et al. Pais separados e filhos: análise funcional das dificuldades de relacionamento. Estudos de Psicologia (Campinas), Campinas, v. 17, n. 1, jan./abr. 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2000000100003>. Acesso em: 10 nov. 2017.
FADIMAN,J. ; FRAGER, R. Teorias da personalidade. São Paulo: Harbra,1986. 
MASLOW, A. Introdução à psicologia do ser. Rio de Janeiro: Eldorado, 1962.
MATTAR, Cristine Monteiro. Três perspectivas em psicoterapia infantil: existencial, não diretiva e Gestalt-terapia. Contextos Clínicos, Sergipe, v. 3, n. 2, p. 76-87, jul./dez. 2010. Disponível em: <file:///C:/Users/Samsung/Downloads/4564-15047-1-SM.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2017.
RAFAEL, M. G. A relação de ajuda e a acção social: uma abordagem rogeriana, 2002. Disponível em: http://www.rogeriana.com/graca/rasocial.htm. acesso em: 15 de nov 2017 
SCARTEZINI, Luma Guirado; ROCHA, Ana Carolina Raad; PIRES, Vanessa Da Silva. A necessidade de auto estima em Carl Rogers. Faef, Sao paulo, v. 5, n. 13, jan. 2012. Disponível em: <http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/hkNYQZ4GFZuVXwL_2013-5-13-15-59-41.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2017.
SOUZA, M. D. D. Relação entre vínculos afetivos e processo de aprendizagem: um estudo com alunos de São João Del-Rei, 2006. Disponível em: http://www.unipac.br/bb/teses/chdm20072-11.pdf. Acesso em: 15 de nov de 2017.

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