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PESQUISA SOBRE ENCARCERAMENTO FEMININO

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ENCARCERAMENTO FEMININO 
 
Segundo dados do World Female Imprisonment List, relatório produzido pelo Institute for 
Criminal Policy Research da Birkbeck, University of London, o Brasil tinha em 2014 a quinta 
maior população de mulheres encarceradas do mundo. 
 
(1) Refere-se somente às presas condenadas 
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do World Female Imprisonment List, último dado disponível para cada país7. 
 
Ainda segundo os dados apresentados pelo Institute for Criminal Policy Research, entre 
2000 e 2014, o número de mulheres presas aumentou em 50% ao redor do mundo, 
passando de 466.000 mulheres para o patamar mais recente de 700.000. A população de 
homens encarcerados aumentou 20% no mesmo período, para os países analisados pelo 
relatório. Estima-se que o crescimento da população feminina encarcerada representa três 
vezes o crescimento da população nacional nos países da América e cinco vezes nos países 
da Ásia. 
 
É possível afirmar que a população absoluta de mulheres encarceradas no sistema 
penitenciário cresceu 567% entre os anos 2000 e 2014, chegando ao patamar de 37.380 
mulheres. 
 
 
 
 
Quando se coloca o foco na necessidade de inverter os rumos do encarceramento massivo 
brasileiro, o primeiro passo há de ser a mobilização para pôr fim à ilegítima proibição das 
arbitrariamente selecionadas drogas tornadas ilícitas e sua fracassada e destrutiva política 
de ‘guerra às drogas’. A legalização e consequente regulação e controle da produção, do 
comércio e do consumo de todas as drogas é medida indispensável e urgente para afastar 
o motor do crescimento das prisões e significativamente reduzir o número de presos, assim 
reduzindo a dimensão da violência, da opressão, dos danos e das dores provocados pelo 
sistema penal, a atingir tanto mulheres quanto homens. 
Fonte: http://sxpolitics.org/ptbr/mulheres-presas/5413#sthash.BXdCfG4s.dpuf 
 
 
Valendo frisar que no caso dos estabelecimentos femininos a disponibilidade de unidades 
voltadas à prisão processual é significativamente mais baixa. Enquanto 52% das unidades 
masculinas são destinadas ao recolhimento de presos provisórios, apenas 27% das 
unidades femininas têm esta finalidade. 
 
Um dos mais recentes corolários desta luta toda deu-se no dia 10 de dezembro de 2015, 
quando o Diário Oficial da União publicou a Lei Complementar n. 153, alterando o art. 3º 
da Lei Complementar n. 79, de 1994, que criou o Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), 
prevendo a destinação de recursos deste Fundo também às novas finalidades. Estas foram 
previstas no novo inciso XV, acrescido ao art. 3º da LC 79/94, assim especificadas: 
“implantação e manutenção de berçário, creche e seção destinada à gestante e à 
parturiente nos estabelecimentos penais, nos termos do § 2º do art. 83 e do art. 89 da 
Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 – Lei de Execução Penal.” (BRASIL, 2015a, online). 
O presente dispositivo entrou em vigor no próprio dia 10/12/15. O Funpen tem como 
gestor legal o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e esta nova previsão é 
importantíssima para que a engrenagem, ao andar, contemple as referidas instalações nas 
novas unidades penais ou nas reformas das inúmeras já existentes, uma vez que passa a 
haver financiamentos da União para tal. 
Logo, esta conquista é muito significativa em termos de políticas públicas de equidade de 
gênero na sociedade brasileira, principalmente para as próprias mulheres em situação de 
prisão que estejam grávidas, eis que possuem o direito fundamental de terem 
acompanhamento de suas gestações (incluindo assistência pré-natal completa e todos os 
demais atendimentos necessários e previstos em protocolos a qualquer gestante no Brasil) 
e partos humanizados. Soubemos, enquanto Conselheiros, por depoimentos até de 
profissionais da área médica, proferidos em Audiências Públicas, que no Estado de São 
Paulo mulheres presas davam à luz algemadas e sem a possibilidade de contarem com a 
presença de companheiros ou de outros familiares nesses momentos tão importantes, 
delicados e sensíveis de suas vidas. Chegou-se, à época, a ironizar-se o quão perigosa 
deveria ser uma mulher em trabalho de parto, sedada, para merecer permanecer com 
algemas em tais momentos. 
Está-se a falar, também, de direitos fundamentais das crianças que nasçam enquanto suas 
progenitoras estejam em situação de prisão, eis que, por força constitucional, pelo artigo 
5º (XLV) da CF/88, “nenhuma pena passará da pessoa do condenado”, porquanto os filhos 
e as filhas das mulheres presas, preso(a)s não são – por isso, tanto a área descoberta 
com espaço para recreação infantil e a creche em si, previstas na Res. CNPCP 4/09, devem 
estar em setor externo da unidade penal, de modo a evitar-se às crianças o contato com 
e a assimilação da cultura prisional –, possuindo elas, ademais, outro direito fundamental 
primordial assegurado no mesmo art. 5º da Constituição Federal, que é o de terem 
amamentação adequada (inciso L). Este direito assiste tanto às crianças quanto às mães, 
estando longe de ser um privilégio às mulheres presas, como outrora muitos já 
interpretaram. Os benefícios que o leite materno traz às crianças são inúmeros, desde os 
físicos até os psicológico-emocionais (como o desenvolvimento de laços de confiança, de 
segurança, de afeto). Mediatamente, há benefícios até para a rede pública de saúde, pois 
a amamentação com leite humano vai fortalecer o sistema imunológico das crianças, 
fazendo com que adoeçam menos. Até nos casos em que o leite não seja humano, estar 
perto das mães parece, em regra, ser melhor para os bebês. Quanto a isto, claro que se 
precisa a análise caso a caso, porém, as autênticas unidades prisionais materno-infantis, 
quando equipadas com creches e tudo o mais que a Resolução CNPCP n. 4/09 estipula, 
podem permitir que crianças até os seus 7 anos de idade permaneçam com suas mães, 
sendo que aquelas com até dois anos de idade devem permanecer em berçários[3]. De 
todos os modos, o que importa ressaltar, sempre, é que a criança tem prioridade absoluta 
em nosso ordenamento jurídico-constitucional (art. 227, caput), assim como que as 
proteções à maternidade e à infância configuram direitos fundamentais sociais (art. 6º, 
CF/88). 
A Constituição do Estado do Tocantins, de 5 de outubro de 1989, por exemplo, prevê, 
desde o seu início, no art. 118, Parágrafo único, ao tratar do sistema penitenciário: “Serão 
asseguradas condições para que as presidiárias possam permanecer com seus filhos 
durante o período de amamentação.” (TOCANTINS, 2012, p. 73). 
Fonte http://emporiododireito.com.br/vida-mais-digna-no-carcere-com-equidade-de-genero-
direitos-fundamentais-humanizantes-as-gestantes-privadas-de-liberdade-no-sistema-prisional-e-
aos-seus-filhos-por-gisela-maria-bester/ 
 
 
 
 
Analisando-se o perfil das mulheres privadas de liberdade por faixa etária por Unidade da 
Federação, percebe-se que o perfil etário da mulher encarcerada repete o padrão nacional 
jovem em quase todos os estados, com a grande maioria das mulheres privadas de 
liberdade abaixo dos 34 anos, ou seja, em pleno período economicamente ativo da vida. 
 
 
 
Em relação ao grau de escolaridade, este se apresenta baixo no geral da população 
prisional. Enquanto na população brasileira total cerca de 32% das pessoas completou o 
ensino médio, apenas 8% da população prisional total o concluiu. Se compararmos o grau 
de escolaridade de homens e mulheres encarcerados, é possível notar uma condição 
sensivelmente melhor no caso das mulheres, ainda que persistam baixos índices gerais de 
escolaridade (50% das mulheres encarceradas não concluíram o ensino fundamental– 
53% dos homens). Apenas 4% das mulheres encarceradas são analfabetas, contra 5% 
dos homens; 11% das mulheres encarceradas concluíram o ensino médio, contra 7% dos 
homens encarcerados. 
 
 
O encarceramento feminino obedece a padrões de criminalidade muito distintos se 
comparados aos do público masculino. Enquanto 25% dos crimes pelos quais os homens 
respondem estão relacionados ao tráfico, para as mulheres essa proporção chega a 68%. 
 
Segundo a Lei de Execução Penal, o trabalho da pessoa privada de liberdade tem a 
finalidade educativa e produtiva. De acordo com a lei, ainda que não sujeito ao regime da 
CLT, o trabalho do preso deve ser remunerado, não podendo ser inferior a ¾ do salário 
mínimo. 
Se analisarmos os recortes específicos de gênero, é possível afirmar que as mulheres no 
sistema prisional tem maior acesso às atividades laborais. Existiam em junho de 2014 
6.766 mulheres em atividades laborais (30,0% da população total de mulheres com dados 
disponíveis). No caso dos homens, esse percentual é de 14,3%. 
 
Segundo a Lei de Execução Penal, é dever do Estado fornecer à pessoa privada de 
liberdade assistência educacional, com o objetivo de prevenir o crime e orientar o retorno 
à convivência em sociedade. A lei prevê que assistência educacional compreenderá a 
instrução escolar e a formação profissional da pessoa privada de liberdade, devendo o 
ensino fundamental ser obrigatório. 
8,8% das mulheres estão trabalhando e estudando dentro do sistema prisional. No caso 
dos homens essa proporção é de 3,9% 
 
 
MORTALIDADE 
Em relação aos registros de mortalidade dentro do sistema prisional, foram registradas 
566 mortes nas unidades prisionais no primeiro semestre de 2014 (sem os dados de São 
Paulo e Rio de Janeiro). Cerca de metade dessas mortes podem ser consideradas mortes 
violentas intencionais. 96% das vítimas foram homens e 3% foram mulheres. 
 
CUSTO DOS PRESOS 
Cada preso tem o custo mensal de cerca de três salários mínimos ( não quer dizer que 
diretamente com a pessoa). 
Fonte: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/kenarik-boujikian-presidenta-dilma-indulto-
natalino-para-cintia-e-outras-mulheres-encarceradas.html 
 
ROTINA DE BELEZA 
Num universo em que boa parte dos produtos femininos, como espelho, alicate e espátula 
de unha, são proibidos, a solução foi o escambo. Para ficar bonita, troca-se unha pintada 
por roupa lavada; sobrancelha feita por cela arrumada. 
— A gente faz do jeito que dá. Não dá é para ficar sem se cuidar. Temos nossa vaidade e 
vamos pedindo para as colegas que sabem fazer (unhas, penteado). Cada uma faz o que 
pode — explica Ana Carolina Rosa, condenada por tráfico de drogas que ganhou, nesta 
terça-feira, o 10º concurso Garota Talavera Bruce, evento organizado anualmente pela 
Secretaria estadual de Administração Penitenciária para resgatar a autoestima das presas. 
Os alicates foram liberados para algumas detentas que conseguiram a regalia com o título 
de “manicure” das celas. São elas, que muitas vezes já fizeram cursos e até mesmo 
trabalharam no ramo, que oferecem os serviços às demais. Para o que — aparentemente 
— não há jeito, elas improvisam. 
 
Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/presidiarias-do-talavera-bruce-contam-rotina-
de-beleza-atras-das-grades-14465320.html#ixzz3xY52bbJV 
 
FALTA DE SEXO E AUSÊNCIA DE FILHOS TORNA A VIDA MAIS DURA 
Uma das principais diferenças entre os presidios femininos e masculinos, é que a maioria 
dos homens mantém suas companheiras e namoradas fiéis, que os visitam sempre que 
possível. 
A prova é a longa fila formada por mulheres todos os domingos nos presídios masculinos. 
No caso das detentas, a história é outra. 
No presídio Talavera Bruce, no Rio de Janeiro, a maioria das detentas entrevistadas 
afirmou não ter contato com o pai dos seus filhos. 
Poucas prisões femininas adotam o programa da visita íntima, já comum nos presídios 
masculinos. 
"A visita íntima acontece de 15 em 15 dias, aos domingos", explica Júnia, de 24 anos, que 
está no Talavera Bruce, onde o programa já existe. 
Mas, em São Paulo, as presas não têm essas regalias. A diretora do presídio feminino da 
capital, Maria da Penha Dias, afirma que não há infraestrutura para fazer a visita conjugal 
com a dignidade necessária. 
 
"Não é preconceito, mas sim falta de local. E também temos medo de que o homem venha 
visitar a Maria e queira visitar a Joana também. A nossa preocupação é que se fuja ao 
controle disso. E os funcionários dizem que não querem ser porteiro de motel, então é 
muito complicado isso", diz Maria da Penha. 
Mesmo com a proibição, tem gente que consegue burlar as regras, como Robemar, que 
conheci na fila para receber o salário das detentas. Ele afirma que a mulher ficou grávida 
no presídio: "Sou ex–presidiário, tive privilégio, colaboração das irmãs", explica Robemar. 
As grávidas normalmente são levadas para um hospital público para ter o bebê e logo 
voltam à penitenciária. As crianças costumam ficar com as mães de 4 a 6 meses, 
dependendo do Estado. 
Pais provisórios - Quando os bebês completam a idade-limite, são entregues à família 
das presas, se elas tiverem condições de cuidar da criança. Caso contrário, vão para 
instituições públicas. 
Algumas conseguem pais provisórios, que fazem parte do projeto Acorde, desenvolvido 
por missionários batistas. 
Ana Carolina é uma menina sorridente e faladora, com 6 anos de idade. Sem pestanejar, 
ela diz ter duas mães. 
A mãe biológica foi condenada a 21 anos de prisão, mas pode sair antes em liberdade 
condicional. 
Os pais provisórios da menina são Mara e Josafá, que garantem que vão entregar Ana 
Carolina de volta à mãe com a sensação de dever cumprido. 
"Quando assumimos a Ana Carolina, assumimos também a mãe dela, a Eliane", garante 
Josafá Queiroz. "Nós costumamos dizer que temos um amor desprendido." 
Para participar do projeto dos pais provisórios, as famílias têm que se comprometer a levar 
a criança a cada 15 dias até a prisão para ver a mãe e também conscientizar-se de que 
terão a guarda provisória apenas até que ela seja libertada. 
Fonte 
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2001/011115_prisaohomens.shtml 
 
INDULTO 
O indulto é uma forma de extinção da punibilidade, conforme o Art. 107, II, CP. A 
competência para concessão de indulto pode ser excepcionalmente delegada, mesmo em 
se tratando de uma competência privativa[2] do Presidente da República, aos Ministros de 
Estados, ao Procurador-Geral da República e ao Advogado-Geral da União. O indulto só 
pode ser concedido "após condenação transitada em julgado, mas, na prática, têm sido 
concedidos indultos mesmo antes da condenação tornar-se irrecorrível". 
O indulto "apenas extingue a punibilidade, persistindo os efeitos do crime, de modo que o 
condenado que o recebe não retorna à condição de primário". "Há, porém, certa diferença 
técnica: a graça é em regra individual e solicitada, enquanto o indulto é coletivo e 
espontâneo". 
O indulto coletivo abrange sempre um grupo de sentenciados e normalmente inclui os 
beneficiários tendo em vista a duração das penas que lhe foram aplicadas, embora se 
exijam certos requisitos subjetivos (primariedade, etc.) e objetivos (cumprimento de parte 
da pena, exclusão dos autores da prática de algumas espécies de crimes etc.)". 
 
LEI QUE PROÍBE ALGEMAR PRESAS GRÁVIDAS 
A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) aprovou nesta quinta-feira 
(10/12/15), no Dia Internacional dos Direitos Humanos, o projeto de lei que proíbe ouso 
de algemas em presas grávidas durante o trabalho de parto e seu período de internação 
no hospital. 
“Isto é muitosimbólico no que diz respeito ao protagonismo das mulheres no 
fortalecimento da democracia. É inconcebível, em pleno século 21, que uma mulher entre 
em trabalho de parto algemada. Isto não é segurança, é uma violação grave de direitos”, 
comemorou o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) em sua página no Facebook. 
A proposta, apresentada em junho de 2012 pela bancada PSOL na ALERJ, tem como 
objetivo garantir o tratamento digno às mulheres nos sistemas prisional e socioeducativo. 
Agora, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) tem 15 dias úteis para sancionar a lei. 
O uso de algemas só será permitido em casos de resistência, possibilidade de fuga ou de 
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros. 
Esta medida já é aprovada no Estado de São Paulo desde 2012 por meio do Decreto nº 
57.783, que ressalta a consideração de que a presa em trabalho de parto não apresenta 
risco de fuga. 
Em 2013, o Estado de São Paulo foi condenado a indenizar uma presidiária que foi 
algemada pelos braços e pés antes, durante e após o parto. 
 
Senado aprova projeto que proíbe revista íntima em presídios do país 
(conteudo não pode ser copiado) - link: 
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/06/1464891-senado-aprova-projeto-que-
proibe-revista-intima-em-presidios-do-pais.shtml 
 
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