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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA INTERATIVA LICENCIATURA EM LETRAS ESTUDOS DISCIPLINARES III TRABALHO EM GRUPO ESTRATÉGICA DE LEITURA DE TEXTO NÃO VERBAL Ângela Ferreira Possidônio Angiolett RA 1512588 Noélia Alexandre Rocha RA 1511891 Polo Brusque – Santa Catarina 2015 Estratégica de leitura de texto não verbal Considere a relação entre “conteúdo e expressão” em um texto não verbal, em termos de percurso do olhar A linguagem é uma forma de comunicação onde ocorre a interação entre os homens. Ela pode ser classificada em linguagem verbal, linguagem não verbal e linguagem sincrética ou multimodal. O mundo está repleto de textos verbais, não verbais e multimodais, que integrados, promovem a comunicação. Para onde o olhar humano é dirigido, é possível identificar um texto. Estão presentes na TV, na internet, na família, no trabalho, na igreja, no lazer, nas ruas, no comércio, no ônibus, no cinema, no museu, na escola, no esporte, etc... Os textos verbais são aquelas ocorrências sócias comunicativas que possuem uma unidade verbal concreta, ou seja, uma palavra, oral ou escrita. Exemplos: frases, recados, livros, artigos, cartas, e-mails, orações, placas indicativas, jornais, revistas, histórias em quadrinhos, tirinhas, etc... Os textos não verbais não possuem uma unidade verbal concreta. São constituídos apenas da linguagem visual (imagem, fotografia, pintura, vídeo, obra de arquitetura), musical (música, som) ou corporal (dança, mímica, libras). Os textos multimodais ou sincréticos são constituídos por palavras, imagens, gráficos, fotografias, música. É a mistura do texto verbal e não verbal. Os textos multimodais e os nãos verbais têm como característica comum, o fato de exigirem, análises diferenciadas, pois cada um destes signos possui graus de complexidade diferentes. Por exemplo, a placa de “silêncio” usada nos hospitais. Ela não exige grande capacidade interpretativa do leitor, pois o próprio gesto do dedo indicador sobre os lábios fechados, já é suficiente, para a compreensão imediata do pedido de silêncio. Essa compreensão instantânea, tanto do plano de conteúdo: placa; quanto da expressão: pedido de silêncio acontece graças ao conhecimento de mundo do leitor. Outro exemplo é uma construção arquitetônica. Esta requer uma análise profunda e detalhada, devido à complexidade da obra. Exige do leitor um conhecimento específico. Aos leigos sobre o assunto caberá apenas à análise do conteúdo, que pode ser um prédio, uma casa, uma escola, etc. A análise da expressão provavelmente será incompleta ou superficial. Estes textos não verbais e os multimodais, como a imagem, a fotografia, a pintura, o cartaz, a dança, a música, a arquitetura, etc. trazem no conteúdo, uma temática a ser analisada, pensada. Nestes textos, o tema abordado recebe o nome de plano de conteúdo. O plano de conteúdo é apresentado através das formas de texto (veículo, suporte) e é chamado de plano de expressão. O plano de conteúdo é manifestado no plano de expressão, ou seja, o conteúdo é apresentado nos formatos de charge, história em quadrinhos, tirinhas, imagens, gráficos, pinturas, mapas, etc., escolhido pelo autor, para expor a obra. A imagem, presente no plano de expressão, é um texto que tem uma mensagem a ser decodificada através da prática da leitura. Conforme PIETROFORTE (2004, p.11): O texto por sua vez pode ser definido como uma relação entre um plano de expressão e um plano de conteúdo. O plano de conteúdo refere-se ao significado do texto, ou seja, como se costuma dizer em semiótica, ao que o texto diz e como ele faz para dizer o que diz. O plano de expressão refere-se à manifestação desse conteúdo em um sistema de significação verbal, não verbal ou sincrético. Segundo a visão interacionista de leitura, ler é uma prática onde ocorre a interação entre autor – texto – leitor. Todos estão inseridos em um contexto sócio histórico cultural. O leitor, a partir de seus conhecimentos prévios, interage com o texto, produzindo uma significação. Ao produzir um sentido, como consequência, ele recria o próprio texto e amplia as possibilidades da prática social que emergem no texto. Para Pietroforte (2004) o sentido de um texto não verbal, e um texto multimodal, está na relação que existe entre, o plano de conteúdo e o plano de expressão, e ainda, na rede de relações que se criam a partir desta conexão conteúdo/expressão. Segundo GUIMARÃES (2012, p.112) “(...) a linguagem não verbal contribui decisivamente para a construção de significados.” Diante disso, a tarefa do leitor é ser capaz de ler e interpretar a imagem de um texto não verbal e texto multimodal, e produzir um sentido na prática social individual e/ou comunitária. A fim de alcançar esta meta, o leitor poderá utilizar-se de estratégias de leitura, um conjunto de ações ou procedimentos, que funcionam como ferramentas flexíveis auxiliando na conquista da interpretação eficaz de uma imagem. “As estratégias são um conjunto de ações que auxiliam o leitor a compreender melhor o que lê.” (BROADBECK; COSTA; CORREA, 2012, p.87) Os usos dessas ações ajudam o leitor, diante das dificuldades de compreensão de um texto não verbal e texto multimodal, a avançar na interpretação das imagens, dos planos presentes, do conteúdo, dos ângulos, das relações estabelecidas entre o plano de conteúdo e o plano de expressão. Essas são algumas estratégias de leitura que podem ser praticadas pelo leitor: manter uma postura ativa na leitura das imagens: Ativar os conhecimentos de mundo ou enciclopédicos, para conectá-los com a imagem, produzir uma interpretação e construir um sentido. Por exemplo, a leitura de uma charge. O gênero charge exige que o leitor tenha o conhecimento atual dos temas críticos ou polêmicos que estão ocorrendo no país. A ausência deste conhecimento pode obstruir a interpretação da charge, e neste caso, o texto fica sem sentido para o leitor; observar atentamente a imagem do texto: Identificar detalhes presentes, que permitem fazer a relação entre o plano de conteúdo e o plano de expressão: a) obras de artes (pintura): analisar a presença dos estilos linear ou pictórico; ritmo acelerado ou desacelerado; relação linear ou planar; intercalado ou intercalante; circundado ou circundante; b) artigos de revista: examinar os planos (fundo ou primeiro), os ângulos (baixo, alto, direto), a posição dos elementos (direita, esquerda, superior, inferior, centro). A hierarquia de importância dos elementos pode ser observada através dos planos, tamanho e tipo de letra, os contrastes de tons e cores. A presença ou ausência de linhas divisórias, que conectam ou desconectam os elementos da imagem, indicam se os elementos pertencem ao mesmo sentido; c) fotografia: identificar a presença da legenda que indica a função de etapa ou de ancoragem. Na função de etapa há uma relação complementar entre a imagem e a palavra. Na função de ancoragem as palavras explicam a imagem tal como ela é; d) música: examinar o andamento e a tipologia. O andamento pode ser tônico ou átono. Acelerado ou desacelerado. A tipologia é o gênero musical (jazz, samba, rock, baião, etc.); e) escultura: observar a posição dos personagens. Anterioridade ou posterioridade; f) arquitetura: análise da continuidade dos espaços: continuidade ou descontinuidade. Horizontal ou vertical; distinguir o gênero de texto não verbal e multimodal: A partir do conhecimento da funçãosocial do gênero textual, criam-se hipóteses ou expectativas a respeito da mensagem a ser decodificada. Por exemplo, se é uma tirinha, capa de uma revista, uma pintura, dança, etc... Saber qual é a função do gênero textual ajuda na interpretação da imagem; relacionar a função social do gênero textual que foi identificado no passo anterior com a possível mensagem a ser decodificada: Como fazer a leitura de uma charge? Em primeiro lugar é necessário saber qual é a função social do gênero charge. Em seguida é importante conhecer as características do autor que criou a charge em questão. O próximo passo é ter o conhecimento de mundo acerca dos assuntos sociais ou políticos atuais. Com estes elementos é possível realizar a leitura e análise de uma charge; identificar o autor da obra: Conhecer as características do autor, para melhor relacionar a mensagem a ser interpretada. Por exemplo, um artista plástico. Saber qual é o seu estilo, a época a que pertenceu ou pertence, o conteúdo que costuma trabalhar em suas obras. Outro exemplo, o autor de uma tirinha ou história em quadrinhos. Conhecer o autor, seu estilo, os temas que retrata em seus trabalhos, os personagens criados por ele, etc. O ser humano é um ser dinâmico que está em constante mudança. O século atual é marcado pela imagem. A pluralidade de textos multimodais e não verbais existentes refletem esta característica humana. Este cenário é um convite a todos a realizar a prática da leitura destes textos, como prática social que produza sentido, garantindo assim que o desenvolvimento humano não fique estagnado, mas que também se modifique, acompanhando a velocidade das mudanças, sem deixar de elevar a consciência moral do homem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BRODBECK, Jane Thompson; COSTA, Antônio José Henrique; CORREA, Vanessa Loureiro. Estratégias de leitura em língua portuguesa. Curitiba: Intersaberes, 2012. CARDOSO, Marilisa. Expressões da linguagem: texto verbal e texto não verbal. Disponível em: <http://www.lerecompreendertextos.com.br/2013/08/expressoes-da- linguagem-texto-verbal-e.html>. Acesso em 25/09/2015. FIORIN, José Luiz. Em busca do sentido- Estudos discursivos. São Paulo: Contexto, 2008. GUIMARÃES, Thelma Carvalho de. Comunicação e linguagem. São Paulo: Pearson, 2012. KOCH, Ingedore Villaça: ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender os sentidos do texto. 3ª ed. São Paulo: Contexto, 2010. PIETROFORTE, Vicente Antônio. Semiótica visual do olhar. São Paulo: Contexto, 2004. SILVA, Sílvio Profirio da. Multimodalidade, afinal o que é? Disponível em:< http://observatoriodaimprensa.com.br/diretorioacademico/_ed768_multimodalidade_ afinal_o_que_e/>. Acesso em 24/09/2015.
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