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RESUMO DE DIREITO PENAL - P2 Crime material: o resultado integra a descrição típica e, caso não sobrevenha, o crime ficará na esfera do tentado. Crime formal: o tipo descreve conduta e resultado, mas não se exige a superveniência desse último para ser tido como consumado. Crime de mera conduta: subclassificação dos crimes formais; tipos penais que descrevem somente a conduta. TEORIAS DA CONDUTA A) Conceito causal de conduta Conduta penalmente relevante é o comportamento humano que causa um resultado no mundo exterior, ou que não o evita, no caso da omissão. B) Conceito final de conduta O que caracteriza o agir humano é a capacidade de dirigir a causalidade de acordo com a sua vontade, ou seja, a aptidão humana de iniciar uma conduta para atingir um determinado fim. C) Conceito social de conduta Conduta seria a voluntária causação de consequências previsíveis e socialmente relevantes. D) Conceito negativo de conduta 1. Conduta é o não evitar evitável na posição de garantidor, o que incluiria tanto os fatos comissivos como omissivos. 2. Conduta deve ser entendida como a causação do resultado individualmente evitável. E) Conceito pessoal de conduta (a manifestação do "eu") Conduta é a manifestação da personalidade humana a ser devidamente valorada pelo Direito Penal. AÇÃO X OMISSÃO AÇÃO - é a conduta comissiva, ou seja, exige um fazer. OMISSÃO - há a não realização de um comportamento previsto no tipo penal. Omissão PRÓPRIA é aquela em que a conduta se perfaz com a simples não realização da atividade determinada pelo tipo penal incriminador. O sujeito, ao não fazer o que é esperado, amolda seu comportamento à descrição típica proibida (viola o mandamento positivo). Omissão IMPRÓPRIA corresponde às hipóteses em que o agente (omitente) se coloca numa posição especial de proteção para com o bem jurídico. É o garante de que o bem jurídico não sofrerá determinada lesão. AUSÊNCIA DE CONDUTA Inexiste conduta se falta a manifestação de personalidade do agente (voluntariedade). Não há pois, ação, no caso de coação física irresistível, no caso de ação em completa inconsciência ou, ainda, nos chamados atos reflexos. No entanto, não deixa de existir conduta nos chamados movimentos impulsivos ou instintivos. CAUSALIDADE Nos crimes materiais, isto é, naqueles em que o momento consumativo depende da superveniência de um resultado exterior à ação, deve-se estabelecer a relação da causalidade entre a ação e o resultado. Tal resultado integra a descrição da conduta proibida e dele depende a tipicidade. Art. 13 – a existencia do delito depende da ocorrência do resultado, atribuindo-lhe a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. A TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES (teoria da conditio sine qua non) É causa de um resultado todas as condições que colaboram para a sua produção, independente da sua maior ou menor proximidade ou grau de importância. Método de eliminação hipotética - Para saber quando uma conduta funciona como causa do resultado considera-se que, quando suprimida mentalmente (imaginando que não ocorreu, no momento em que ocorreu e como ocorreu), desaparecia, igualmente, o resultado. TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA Distingue as consequências normais das consequências anormais e extraordinárias, excluindo, em relação a estas últimas, o nexo causal. Considera-se causa a condição que for mais adequada ao resultado. Para tanto, utiliza-se do chamado juízo de prognose objetivo-posterior, ou seja, o juiz deve se colocar, objetivamente, na posição de alguém que estivesse de posse das informações disponíveis sobre determinado episódio. Art 13, 1, acolhe a teoria da causalidade adequada, nas hipóteses de cursos causais extravagantes ou aventureiros. Na verdade é uma teoria da imputação. TEORIA DA SUPERVENIÊNCIA CAUSAL No tocante a cursos causais imprevisíveis, o p1, do art 13, CP, diz que a superveniência de causa relativamente independente rompe a imputação, quando, por si só, produziu o resultado. Cursos causais concorrentes – concausas – podem ser, cronologicamente, antecedentes, concomitantes ou supervenientes. Com relação a sua origem, as concausas dividem-se em absoluta ou relativamente independentes da causa original. No processo físico de sucessão de causas naturais, somente as concausas absolutamente independentes rompem o nexo de causalidade. TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA Além dos requisitos conduta, resultado e nexo de causalidade natural entre conduta e resultado, o preenchimento do tipo objetivo requer seja ainda verificado: (1) se a realização da conduta criou um risco não permitido de lesão ao bem jurídico; (2) se esse risco não permitido se materializou no resultado. A) Exclusão da imputação no caso de diminuição de risco B) Exclusão da imputação ante a falta da criação de perigo C) Exclusão da imputação fora do âmbito de proteção da norma TEORIA DOS PAPÉIS (JAKOBS) O que faz é mencionar quatro critérios de imputação, que são consequência automática da ideia de adequação social: (1) risco permitido – cada indivíduo se comporta conforme o seu papel em sociedade e, se o fizer, mesmo que crie algum risco, não poderá ser incriminado; (2) princípio da confiança - as pessoas, em sociedade, devem confiar que as outras cumprirão os seus papéis, não poderá haver imputação; (3) proibição de regresso – se cada indivíduo agir conforme o seu papel, não poderá haver imputação; (4) competência ou capacidade da vítima - devem ser levados em conta o consentimento do ofendido e as ações a próprio risco. CAUSALIDADE DA OMISSÃO Art 13, pr2 TEORIA DO TIPO DOLOSO Tipo significa o conjunto dos elementos objetivos e subjetivos contidos na norma penal incriminadora. FUNÇÕES DA TEORIA DO TIPO Função sistemática - significa que o tipo abarca o conjunto dos elementos que possibilitam informar se e qual delito ocorreu no caso concreto. Função político-criminal - função de garantia com assento constitucional – nullum crimen sine lege. Função dogmática - consiste em descrever os elementos cujo desconhecimento exclui-se o dolo. CLASSIFICAÇÕES DO TIPO PENAL TIPO OBJETIVO O tipo objetivo representa a exteriorização da vontade que concretiza o tipo subjetivo. Compreende aquilo do tipo que tem de se encontrar no mundo exterior. Elementos descritivos - expressões do tipo que são compreendidas de imediato, pela simples constatação sensorial. Elementos normativos – exige juízo de valor. ELEMENTOS DO TIPO SUBJETIVO Dolo direto de 1o grau – o agente quer o resultado representado como fim de sua ação. Dolo direito de 2o grau – o querer liga-se com outra finalidade, porém abrange os efeitos colaterais necessários ao fim proposto ou do meio escolhido. Dolo eventual – o agente não quer diretamente a realização do tipo, mas aceita como possível ou até provável a sua realização, assumindo o risco da produção do resultado. TEORIA DO TIPO CULPOSO O CP vigente se limita a dizer que o crime é culposo (art 18) nas hipóteses em que o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO 1. Conduta lícita - o agente causa o resultado porque atuou sem observar as normas de atenção, cuidado ou diligencia impostas pela vida de relação. A ação que desatenda ao cuidado e à atenção adequados, nas circunstâncias em que o fato ocorreu, provocando o resultado, é típica, embora trate-se de conduta, em tese, lícita, que somente adquire status de ilícita por conta do resultado que deu causa. 2. Previsibilidade 3. Inobservância das normas de atenção, cuidado ou diligência- Ressalta-se que o essencial no tipo culposo não é a simples causação do resultado, mas sim a forma em que a ação causadora se realiza (falta de diligência devida). A) Imprudência - prática de conduta arriscada ou perigosa (caráter comissivo) B) Negligência - Falta de precaução. C) Imperícia - falta de capacidade, despreparo ou insuficiência de conhecimento técnico para exercício da arte, profissão ou ofício. 1. Resultado - Haverá crime culposo quando o agente não deseja e nem assume o risco de produzir o resultado criminoso previsível, mas, ainda assim, o produz. ESPÉCIES DA CULPA Culpa consciente – ocorre a previsão do resultado sem aceitar o risco de produzí-lo. Culpa inconsciente - não há previsão do resultado por descuido, desatenção ou simples desinteresse. CULPA IMPROPRIA É uma conduta dolosa à qual a lei reservou a pena de um crime culposo, pelo fato de a pena do crime culposo ser mais branda do que a do crime doloso. Descriminantes putativas – que decorrem de erro sobre a legitimidade da ação realizada. O agente supõe agir licitamente porque imagina, por erro, existir situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. (art 20, pr1, 2a parte do CP) DOLO EVENTUAL E CULPA CONSCIENTE Em ambos os casos, o agente prevê o resultado. No dolo eventual, o agente não se importa com o resultado. Na culpa consciente, o autor da infração penal não acredita que o resultado pode advir. CONCORRÊNCIA E COMPENSAÇÃO DE CULPA Havendo concorrência de culpas, isto é, cada um violando o seu dever de cuidado, haverá a punição isolada de cada autor (autoria colateral). TEORIA DO TIPO OMISSIVO Este aspecto da conduta humana será penalmente relevante quando confrontado com uma norma que lhe exige a realização de determinada atividade. Os crimes comissivos também podem ser praticados por omissão (crimes comissivos por omissão ou omissivos impróprios). Em tais casos, o agente viola norma implícita existente junto à norma proibitiva, que lhe impõe o dever jurídico de agir para evitar determinado resultado. CAUSALDIADE NA OMISSÃO Na omissão, não há o nexo de causalidade, há o nexo de não impedimento. A omissão se relaciona com o resultado pelo não-impedimento e não pela sua causação. Esse não impedimento è considerado pelo Direito como causa. ANTIJURICIDADE Conduta típica será antijurídica se não houver fatores como a legítima defesa ou o estado de necessidade que excluam a antijuridicade. A antijuricidade é noção de contrariedade para com o ordenamento jurídico e, injusto, é a conduta em si avaliada como antijurídica. ASPECTOS FORMAL E MATERIAL DA ANTIJURICIDADE FORMAL – consiste na contradição do fato para com o conjunto de normas jurídicas. MATERIAL – se constitui da lesão produzida pelo comportamento humano que fere o interesse jurídico protegido. CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ANTIJURICIDADE Se a ação é permitida por outro ramo do direito, não pode ser antijurídica perante o direito penal. É possível que surjam comportamentos considerados justificados pela consciência social. Art 23, III, CP – uma única causa supralegal de exclusão da antijuricidade – o consentimento do ofendido: podendo ser excludente da tipicidade ou causa de justificação. O consentimento que exclui a tipicidade (consentimento-acordo) se conecta a dois tipos que preveem uma ação contrária ou sem a vontade do titular do bem jurídico, isto é, uma conduta invito laeso. No consentimento-justificação, há lesão ou perigo ao seu bem jurídico que enseja a tipicidade da conduta, mas não há antijuricidade. A aquiescência justifica a conduta na medida em que o afetado não tem interesse ou abandona a proteção estatal ao bem jurídico. Nestes e em outros casos faz-se necessária a presença dos seguintes requisitos: (1) que se trate de ofendido com capacidade jurídica para consentir; (2) que se trate de manifestação de vontade idônea; (3) que se trate de consentimento para lesão de bens disponíveis; (4) que o consentimento ocorre antes ou durante a realização da conduta por parte do agente. EXCESSO NAS CAUSAS JUSTIFICANTES Verifica-se nas hipóteses em que, embora agindo, inicialmente, acobertado por uma justificante, o agente extrapola a autorização legal, lesando desarrazoadamente bem jurídico alheio. A) Excesso doloso O agente deliberadamente aproveita-se da situação inicial justificante, para realizar um resultado a maior. B) Excesso culposo Quando é involuntário. ESTADO DE NECESSIDADE O agente pratica conduta típica, mas, por força de colisão de dois ou mais interesses juridicamente protegidos, o sacrifício de um para salvaguardar a sobrevivência de outro estará considerado como justificado, diante da impossibilidade de salvamento de todos os bens postos em perigo. A) Estado de necessidade justificante e estado de necessidade exculpante Bem jurídico sacrificado de Bem jurídico protegido de Estado de necessidade Menor valor Maior valor Justificante Igual valor Igual valor Justificante Maior valor Menor valor Exculpante REQUISITOS OBJETIVOS DO ESTADO DE NECESSIDADE A) Existência de perigo atual e inevitável B) Provocação involuntária do perigo C) Salvaguarda de direito próprio ou alheio D) Ausência de dever legal de enfrentar o perigo REQUISITOS SUBJETIVOS Consciência e vontade de agir justificadamente. LEGÍTIMA DEFESA Quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL Há situações em que a lei determina que seus executores realizem atos que lesionam bens jurídicos alheios. É o que ocorre em ações de penhoras de bens, de execução de prisões, do poder de polícia e da fiscalização de gêneros alimentícios. QUESTÕES Joana, 19 anos, nutre, desde criança, sentimento de inveja da beleza de sua prima, Fernanda, da mesma idade. Ao entrar na Faculdade de Direito e perceber que o entorno do prédio de sua universidade, há vários crimes de roubo, em que o agente atenta contra intregridade física das vítimas, Joana decide levar sua prima, sob o pretexto de conhecer as instalações do prédio universitário, à sua faculdade com a intenção de que a mesma sofra um assalto no caminho, reaja e venha a sofrer lesões no rosto. O que de fato ocorre. Analise a responsabilidade de Joana de acordo com as teorias da causalidade e imputação objetiva apresentadas em aula. (Valor: 4,0 pontos) Após uma discussão de relacionamento com sua namorada, por motivos de ciúmes, Caio que estava extremamente nervoso, decide voltar para sua casa dirigindo. Visando chegar o mais rápido em casa, Caio ignora todas as sinalizações do trajeto, até que em uma das vias, vê uma senhora atravessando a faixa de pedestres, mas não diminui sua velocidade por acreditar que não irá atingi-la, no entanto, a atropela e foge do local. Neste momento, o bombeiro, Mévio que estava em seu horário de trabalho, vê a cena e nada faz para socorrer a vítima atropelada no meio da rua que acaba falecendo. Com base nesta situação, analise as responsabilidades penais de Caio e Mévio. (Valor: 3,0 pontos) Mévio, policial militar, conhecido por sua agressividade e sede de sangue, estava fazendo patrulhamento em uma região conhecida por ser dominada pelo tráfico de drogas no Rio de Janeiro, reconhece o gerente do tráfico, Tício, caminhando pela comunidade.Sabendo de todo mal que aquele homem causou e amparado por seu dever de proteger a sociedade, Mévio dispara um projétil de arma de fogo contra Tício, mas não consegue acertá-lo. Tício, reage atirando contra viatura policial, começando um grande conflito. Ao conseguir tirar a viatura do local, Mévio e seu colega de farda Caio, ainda dentro da comunidade, ficam sobressaltados, quando escutam o barulho de uma pessoa se escondendo atrás de um muro. Acreditando que era um traficante prestes a ataca-los, Mévio atira seguidamente contra o muro. Ao saber que a pessoa estaria morta, o mesmo se aproxima e percebe que a pessoa que ele acreditava ser um traficante era uma criança escondida e que tinha a matado. Analise o caso. (Valor: 3 pontos) João, dono de uma casa de festas noturnas prestes a inaugurar, descumpre as recomendações dos bombeiros e as normas anti-incêndio porque elas atrasariam a inauguração do seu estabelecimento. Tão confiante do sucesso do seu investimento e descrente de que qualquer problema aconteceria, João planeja uma festa de inauguração que conterá a apresentação de malabaristas que utilizam fogo mesmo sabendo que fogo em casas noturnas é proibido. Na noite da festa, cerca de 2.000 pessoas comparecem a casa de festa que possuía capacidade para 1.500. No momento da apresentação, o malabarista Fernando se descuida, deixando o instrumento cair, ocasionando um incêndio, que rapidamente se alastra. Completamente em pânico, os presentes começam a correr para saída, sendo impedidos pelos seguranças que acreditavam que os clientes estavam saindo sem pagar. Caso isso acontecesse, eles seriam os responsáveis pelo pagãmente conforme as regras estabelecidas por João. No entanto, a quantidade de pessoas era tão grande que a maioria conseguiu sair. João permaneceu na boate pelo maior tempo possível na tentativa de evacuar o local enquanto o malabarista Fernando foi um dos primeiros a sair. Ambos se salvaram, no entanto, cerca de 50 pessoas morreram. Analise o caso. (Valor: 4 pontos)
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