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trabalho de Direito penal evolução das penas

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Introdução:
O surgimento do Direito Penal se deu com o surgimento da própria sociedade, sua origem nasceu em meio ao sentimento de vingança e não de justiça. O Direito Penal passou por várias evoluções durante a sua história, tendo como influencias o direito romano, grego antigo, canônico e também de outras escolas como a clássica e a positiva. Essas influências serviram de base para o direito penal moderno, justificando a criação de princípios penais atuais sobre o erro, culpa, dolo etc. daí, a importância do conhecimento da história do direito penal.
O Direito Penal pode ser conceituado por dois aspectos: pelo Formal; e o Material. O formal se caracteriza como direito público pelo qual são dedicadas as normas que provém do Poder Legislativo para reprimir os delitos, exercendo as penas em finalidade de preservar e proporcionar melhor desenvolvimento da sociedade. Quanto ao material, o Direito refere-se a comportamentos totalmente reprovados ou danosos a sociedade no qual afeta o bem estar ou progresso de qualquer cidadão.
Idade antiga ou Antiguidade: compreensão histórica da pena neste período
A Idade Antiga é o período histórico em que as primeiras civilizações surgiram e se desenvolveram. Essa época foi marcada pelo nascimento da escrita, por volta de 4.000 a 3.500 a. C., até a queda do Império Romano do Ocidente em 476 D.C. e o início da Idade Média no século V (CALDEIRA, 2009, p. 272). Foi nessa época a que se formaram os primeiros Estados organizados com certo grau de nacionalidade, de territórios e organização mais complexas, e foi o período no qual algumas das religiões ainda existentes tiveram origem e se desenvolveram entre elas o cristianismo, o budismo, o confucionismo e o judaísmo. Nesse período as normas eram determinadas por regras sociais onde eram ligadas a crença religiosa. Acreditava-se, em tempos primitivos, que os fenômenos naturais como ventos, chuvas trovões, raios e secas eram decorrentes da fúria dos deuses e, foram criados os tabus, séries de proibições que, quando não obedecidas, geravam castigos aos infratores e expulsão do individuo da tribo, do clã etc.; ou seja, do corpo social. Desta forma, a pena possuía uma finalidade: eliminar aquele que se tornara um inimigo da comunidade e dos seus Deuses e forças mágicas. Neste sentido, a pena já começa a ganhar os contornos de retribuição, uma vez que, após a expulsão do indivíduo do corpo social, ele perdia a proteção do grupo ao qual pertencia, podendo ser agredido por qualquer pessoa. Geralmente quem era responsável pelo julgamento e determinação das penas eram os anciões e os chefes dos grupos. 
As penas mais comuns nesses períodos eram:
 [...] a morte, as penas corporais, as sanções sobrenaturais; ou ainda uma das sanções mais graves nas sociedades arcaicas, o banimento, ou seja, a expulsão fora do grupo, que para o expulsado leva à perda da proteção do grupo. (GILISSEN, 1995, P. 37)
Períodos da vingança
Desde os primórdios da antiguidade, a história, é testemunha do notável esforço do homem para conviver em sociedade. A primeira ideia de punição, lançada pelos primeiros grupos sociais na origem do nascimento da humanidade, surgiu oriunda a constante necessidade pela aplicação de meios que limitassem a atuação privada dos indivíduos no contexto social. Surge assim um período com uma grande coação social que “reflete nada mais do que a reação da sociedade proclamada pela perda da paz.” (CALDEIRA, 2009, p. 260). Cabia ao infrator a responsabilidade pelo dano causasse por viver em sociedade. Tão logo, a cada regra de conduta violada, fazia-se necessária a aplicação de alguma sanção como medida de segurança.
Com efeito, talvez a característica mais marcante da idade antiga, não seja os períodos de fundamentação da pena, mais a sua forma de execução. Na China, por exemplo, as penas variavam da pena de morte para homicídio e da castração para o estupro. Penas como o espancamento não eram estranhas. Na Índia, as penas de multa eram destinadas as pessoas hierarquicamente superiores, que ficaram eximidas das penas corporais. No Egito, a revelação de segredos era punida com a amputação da língua.(CALDEIRA, 2009).
A ideia de privação de liberdade como forma de castigo era desconhecida ao povo da época. A pena neste período significava apenas vingança, retribuição ura e feroz a alguma injuria cometida, esta, aplicada a maioria das vezes de forma desproporcional a dimensão do delito, dado que a justiça era legitimada pelo sangue e mantida pela prevalência dos mais fortes. O ‘corpo’ era tido como o principal elemento constituinte da pena.
Fase da vingança privada
Esta fase correspondia ao momento em que o controle social era baseado na regra do mais forte, a partir da autotutela ou da submissão. Nela, a retaliação por algum mal cometido era de cunho pessoal, traçada brutalmente pelo próprio ofendido, ou pelo grupo a qual este pertencia, como meio a estabelecer poder e restaurar a honra, outrora, infligida. O duelo era tido, como um dos mais aclamados meios de execução penal.
Neste período surgiu o Código de Hamurabi, onde estava inserida a famosa “Lei do Talião”, que mantinha a máxima da “justiça espelhada” do “olho por olho, dente por dente” ganhou destaque por ter sido a primeira compilação de normas não positivadas a sugerir os primeiros princípios de proporcionalidade na aplicação da pena, agindo como instrumento moderador na aplicação do castigo.
O Código de Hamurabi era bem rígido e direto nas medidas punitivas, utilizadas na época. Se um filho agrediu o seu pai, ser-lhe-á cortada a mão por altura do pulso. Se alguém vazou um olho de um homem livre, ser-lhe-á vazado o olho, seguindo aquilo que acontecia antes da criação desses tipos de norma acarretaria a dizimação de vários grupos, a lei do Talião vai surgir com o intuito de refrear as mortes e limitar a reação a ao mal idêntico ao praticado.
Vingança divina
Neste momento histórico entendia-se que o direito de punir era algo dos deuses. Nesta época, surge a figura dos sacerdotes, sendo estas pessoas consideradas divinas, responsáveis em receber as ordens de Deus e aplicá-las a quem transgredisse a lei ou os bons costumes da sociedade em geral.
A titulo de exemplificação, a Bíblia Sagrada, interpretada e corrigida por João Ferreira de Almeida, narra uma triste história acontecida na passagem dos sexto livro do Velho Testamento, conhecido como o Livro de Josué, onde:
Então Josué e todo o Israel com ele tomaram a Acã filho de Zera, e a capa, e a barra de ouro, e a seus filhos e a suas filhas, e a seus bois, e a seus jumentos, e a suas ovelhas, e a sua tenda, e tudo quanto tinha, e levaram-nos ao vale de Acor. Disse Josué: Por que nos conturbaste? O Senhor hoje te conturbará. E todo Israel o apedrejou; e depois de apedrejá-los, queimou-os a fogo. E levantaram sobre ele um monte de pedras, que permanece até ao dia de hoje; assim o Senhor apagou o furor de sua ira. (Bíblia Sagrada, 1969, p.355)
Como demonstrado acima, o direito de punir nas mãos da igreja era exercido de forma arbitrária e sem qualquer senso de humanidade. Nesta época, a pessoa considerada culpada da prática de um delito era condenada a morte pelos piores métodos possíveis, dentre eles o apedrejamento, o enforcamento, queimado vivo em fogueira, dentre vários outros métodos cruéis e desumanos.
O Estado e Igreja se uniam em seus objetivos para punir os culpados das práticas dos delitos, sendo que o crime era considerado como uma ofensa a Deus e por tal motivo o delinquente teria que sofrer as penas impostas pelo Estado e a Igreja, surgindo assim o que hoje conhecemos por privação da liberdade como pena, pois neste caso, o culpado era colocado em um local separado e deserto para que refletisse ou pensasse sobre o mal que tinha cometido, sob o caráter de “Penitência”, com o intuito de arrependimento do que havia praticado, surgindo assim à expressão Penitenciária.
A Vingança Pública 
Um período da tutela penal teocrático, quenão tem a lei igual para todos porque favorecem os mais privilegiados, um período que tem as condenações muito ligadas à religião, que infelizmente ficou a impressão que as leis e penas ali criadas naqueles tempos erra mais voltadas a punir os menos favorecidos, e os abastados desfrutavam destes privilégios que a lei lhes proporcionava.
As penas aplicadas naquela época eram muito severas e cruéis e com características de torturas, a seguir alguns exemplos de punição efetuado na época, como esquartejamento, fogo, roda, forca e decapitação. 
O esquartejamento infligido no crime de lesa-majestade consistia em prender o condenado a quatro cavalos que se lançavam no mesmo tempo em diferentes direções e assim arrancando os seus membros, o de fogo o infrator é amarado a um porte na praça publica e ali ainda em vida era lançado chamas ao seu corpo, ainda neste mesmo seguimento acontecia de emergir o condenado em chumbo fundido, azeite ou resina fervente, a roda era umas das mais cruéis sentenças aplicadas o condenado erra amarado de barriga para cima na roda e os membros erram esmagados por uma barra de ferro pelo carrasco e depois erra erguido e deixado para morte certa servindo de comer para os abutres. De acordo com a revista facecia. 
Algo no mesmo no mesmo sentido aconteceu no Brasil, à sentença de Tiradentes foi aos mesmos princípios uma condenação extremamente injusta com um ser humano.
Este sistema, injusto e aberrante, acabou por gerar descontentamento, levando inúmeros pensadores e filósofos a se manifestar contrariamente a sua manutenção.
Com o iluminismo, tem inicio, pois a período humanitário. De acordo com a revista facecia.
Idade média - Compreensão histórica da pena neste período
Neste período da história o Direito Canônico possuía cada vez mais poder, suas decisões eram executadas em tribunais civis, exercendo grande influencia na legislação penal, por introduzir no mundo as primeiras noções de privação de liberdade como forma de punição. Desta forma: “Começando a ser aplicada aos religiosos que cometiam algum pecado, a privação da liberdade era uma oportunidade dada pela Igreja para que o pecador, no silêncio da reclusão, meditasse sobre sua culpa e se arrependesse dos seus pecados” (CALDEIRA, 2009, p. 264). 
Não obstante, a privação de liberdade, não foi adotada somente a clérigos, mas também aos cidadãos em geral. Doravante, com a instauração do cárcere como penitência e meditação, originou-se a palavra “penitenciária”, considerada como a grande contribuição deste período da história para a teoria da pena. As praticas punitivas ainda possuíam cunho vil e atroz, contudo, com o advento das prisões criam-se novos princípios de administração ou aplicação em seus cerimoniais, acarretando, assim, mudanças nas penas e na forma de executá-las. 
Por conseguinte, no ano de 1215, a Igreja católica já temerosa, começa a punir todo e qualquer ato que divergisse ou atentasse contra os dogmas presentes em sua doutrina. Como forma à conter a ameaça de heresias no seio da comunidade, o Papa Inocêncio IV, compele nova legitimidade para a pratica da tortura. Ascendia na humanidade, um dos mais célebres movimentos de execução da pena como espetáculo punitivo, denominado de: “Inquisição”. Originam-se a partir daí, os tribunais do Santo Ofício.
Tatiana Chiaverini revela aspectos relevantes sobre o processo de tomada das Inquisições:
A Santa Inquisição foi criada na Idade Média, durante o século XIII, sob os ditames da Igreja Católica Romana. Ela era composta por Tribunais que julgavam todos aqueles considerados uma ameaça ao Direito Canônico, aos dogmas e valores defendidos pela Igreja. Bastava mera denúncia anônima para que a pessoa se tornasse suspeita, fosse perseguida e condenada. As pessoas estavam sujeitas desde a prisão temporária ou perpétua até a pena de morte na fogueira, onde os condenados eram queimados vivos em plena praça pública (CHIAVERINI, 2011, p. 31).
Sobre esta vertente, as penas de morte e de castigos corporais bárbaros, outrora, consideradas, contrariam a doutrina cristã, eram permitidas desde que admitidas pela igreja e aplicadas pelo Estado. A igreja denunciava a existência do crime e quando obtinha o arrependimento do litigante[6] o entregava ao Estado, para que fosse executado. Fazia-se uso da conveniência e praticidade de usa-las como instrumento de controle e dominação. 
Nesse sentido, Naspolini atesta que:
Após a confissão, vinha a condenação e, em seguida, a execução da pena. Mas, antes disso, o condenado era obrigado a confessar sua culpa em uma igreja, pedindo perdão a Deus e aos Santos por ter-se entregado ao diabo. Nesse evento denominado ato-de-fé, a multidão comparecia para ouvir o relato de suas maldades e seu arrependimento. Em seguida era conduzido ao cadafalso, normalmente situado em praça pública, onde seria queimado pelo carrasco. Algumas vezes, e dependendo da gravidade do crime, o juiz concedia o estrangulamento antes que fosse acesa a fogueira; em outras, o condenado era queimado vivo. Durante a execução, a sentença era lida em público para que todos tomassem ciência dos malefícios por ele praticados (NASPOLINI, 2010, p. 266).
Vigorava entre os homens a ideia de punição ao invés de vingança, deixou-se de se punir “mais”, para se punir “melhor” mediante a extensão de alguma inflação cometida. Ver-se-á que durante a idade média não havia a preocupação com a dignidade da pessoa humana nem com a legalidade. A prisão, célebre conquista da época, só funcionava como ferramenta de punição e intimidação, mantendo-se isenta de qualquer noção de proporção ou humanização.
Direito moderno ou contemporâneo
O direito penal é a área do direito que seleciona os comportamentos humanos imperdoáveis à coletividade social, capazes de colocar em perigo os principais valores fundamentais para a convivência em sociedade, e retrata-los como infrações penais, e colocando como consequência as respectivas sanções, além de determinar todas as regras complementares que são necessárias para a sua melhor e mais justa aplicação, buscando justiça igualitária como meta maior.
O direito penal tem o importante papel de proteger os valores fundamentais do corpo para sua existência em sociedade, esses valores que são a vida, saúde, a liberdade, a proporcionalidade e etc., denominados bens jurídicos.
A modernidade do direito penal se da entre os séculos XVII XVIII, em 1764 ano em que foi lançada a obra “Dos Delitos e das Penas” pelo Marquês de Beccaria, Cesare Bonsana. Os pensamentos de Beccaria defendia que as leis já existentes naquela época, eram impróprias, como o uso de pena de morte, uso da pratica de tortura e diversos outros aspectos. Pouco tempo se passou após a publicação da obra e vários países modificaram suas legislações. Nessas novas leis era possível encontrar vários aspectos em comum com o livro de Beccaria. Sem dúvidas Beccaria foi uma pessoa de grande importância para a sociedade em geral, e para a evolução do direito penal da idade media, para o direito penal contemporâneo conforme conhecemos hoje.
Atualmente o direito penal se modernizou. Já não mas se pratica a crueldade como forma de pena ou para forçar o criminoso a dizer algo. Hoje os penalistas se atentam-se com a pessoa condenada, de uma forma humanista, incluindo-se as ideias da “Nova Defesa Social”. Esse movimento surgiu após a grande segunda Guerra Mundial, com o objetivo de reagir contra os abusos praticados pelos regimes totalitários, e em busca de uma forma de política que respeite a dignidade da pessoa e assegure os direitos do homem.
Conclusão 
Em meio a toda a história e evolução da pena, marcada por períodos que aderiram praticas que feriam a dignidade humana, foi através do clamor e do passar do tempo, que o povo excluiria essas práticas e adicionariam uma maior proporcionalidade na aplicabilidade das punições, que analisariam as diversas hipóteses e os diversos métodos pelo qual foi efetuado o delito, vinculando e estabelecendo essa constante balança, que estava sujeitaa medir o peso entre os delitos e os delinquentes, garantindo uma penalidade proporcional ao que se foi cometido. 
É importante jamais esquecer que, o direito está em constante evolução juntamente aos passos da sociedade, se estes dois pilares evoluem o método punitivo vai acompanha-los. Pois após todos os momentos históricos que o povo e o delito percorreram pode-se afirmar que se uma norma for violada, a conduta deve ser reconhecida, para que assim seja aplicada uma sanção que pode estar predeterminada ou não na norma, para que o criminoso sinta a eficácia da lei perante aquele delito. Ressaltando a força coatora do Estado para com as infrações efetuadas perante a sociedade, preservando sempre o bem estar do meio social e garantindo a proteção das condutas.
REFERENCIAS 
https://aliceoliveira1.jusbrasil.com.br/artigos/347455966/evolucao-historica-das-penas
BITENCOURT, Cezar Roberto. Falência da Pena de Prisão: causas e alternativas. 4. Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais
Carpez, Fernando.Curso de direito penal, volume 1. Parte geral: (arts. 1ºa 120)/Fernando Carpez. – 17. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2013.
CALDEIRA, Felipe Machado. A evolução histórica, filosófica e teórica da pena. Revista da EMRJ, v. 12, n. 45, p. 255-272, 2009.
-www.conteudojuridico.com.br/artigo,a-evolucao-historica-e-doutrinaria-da-pena-e-sua-finalidade-a-luz-do-ideal-da-ressocializacao,47477.html. acessado dia 24/02/18
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HTTP://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=5861
http://miidleage.blogspot.com.br/2009/10/castigos-e-penas-de-morte-na-idade.html
http://monografias.brasilescola.uol.com.br/direito/a-historia-as-ideias-direito-penal.htm
https://marcelapinedo.jusbrasil.com.br/artigos/312660166/escolas-penais
https://naletradalei.wordpress.com/2010/08/10/beccaria/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_penal#Teorias_do_Direito_Penal
https://thaisantunes01.jusbrasil.com.br/artigos/339931347/o-direito-penal-e-as-sociedades-da-antiguidade
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