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Aula 3 Pesquisas alimentaçao e nutrição

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Aula 3 - Pesquisas alimenta�ao e nutri��o/artigo_atividade_fisica_habito_assistir_tv_pns_2013.pdf
277 Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 24(2): 277-286, abr-jun 2015
Prática de atividade física e hábito de assistir à televisão 
entre adultos no Brasil: Pesquisa Nacional de Saúde 2013
Physical activity and television viewing among Brazilian adults: National Health Survey 2013
Grégore Iven Mielke
Universidade Federal de Pelotas, Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, Pelotas-RS, Brasil
Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Brasília-DF, Brasil
Pedro Curi Hallal
Universidade Federal de Pelotas, Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, Pelotas-RS, Brasil
Universidade Federal de Pelotas, Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Pelotas-RS, Brasil
Gisele Balbino Araújo Rodrigues
Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Brasília-DF, Brasil
Célia Landmann Szwarcwald
Fundação Instituto Oswaldo Cruz, Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Rio de Janeiro-RJ, Brasil
Flávia Vinhaes Santos
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Diretoria de Pesquisas, Rio de Janeiro-RJ, Brasil
Deborah Carvalho Malta
Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Brasília-DF, Brasil
Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Enfermagem, Belo Horizonte-MG, Brasil
Artigo
originAl
doi: 10.5123/S1679-49742015000200010
Resumo
Objetivo: descrever a prática de atividade física e o hábito de assistir à televisão entre adultos brasileiros. Métodos: 
estudo descritivo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013; foram calculadas as prevalências de adultos (≥18 anos) 
ativos no lazer, no deslocamento, e insuficientemente ativos (considerando-se três domínios: lazer, deslocamento e trabalho), 
além da proporção de adultos assistindo à televisão por três ou mais horas/dia. Resultados: 22,5% dos adultos atingiram 
as recomendações de atividade física no lazer (IC
95%
 21,8-23,1), sendo esse percentual de prevalência maior entre homens e 
residentes na área urbana; 31,9% (IC
95%
 31,0-32,7) eram ativos no deslocamento e 46,0% (IC
95%
 45,2-46,8) insuficientemente 
ativos; a proporção de adultos que assistia à televisão por três ou mais horas/dia foi de 28,9% (IC
95%
 28,2-29,6). Conclusão: 
praticamente metade da população brasileira não atingiu os níveis recomendados de prática de atividade física, sugerindo a 
necessidade do fortalecimento de ações de promoção de atividade física no país.
Palavras-chave: Atividade Física; Inquéritos Epidemiológicos; Adulto; Epidemiologia Descritiva.
Abstract
Objective: to describe physical activity and television viewing habits among Brazilian adults. Methods: data 
from the 2013 National Health Survey with adults (aged 18 and over) were analyzed; prevalence of physical activity 
during leisure-time, when commuting and at work, as well as physical inactivity and watching television for three or 
more hours/day was calculated. Results: 22.5% achieved recommended physical activity during leisure-time (95%CI 
21.8-23.1), with this proportion being higher among men and urban area residents; 31.9% (95%CI 31.0-32.7) of the 
participants were active when commuting and 46.0% (95%CI 45.2-46.8) were considered inactive in all domains; the 
proportion of television viewing time (three or more hours/day) was 28.9% (95%CI 28.2-29.6). Conclusion: given that 
practically half the Brazilian adult population did not achieve recommended levels of physical activity, this suggests 
the need to strengthen actions to promote physical activity in Brazil.
Key words: Physical Activity; Health Surveys; Adult; Epidemiology, Descriptive.
Endereço para correspondência: 
Grégore Iven Mielke – Universidade Federal de Pelotas, Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, Rua Marechal Deodoro, 
no 1160, 3º piso, Pelotas-RS, Brasil. CEP: 96020-220. E-mail: gregore.mielke@gmail.com
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Atividade física no Brasil
No Brasil, em 2008, mais de 13% das 
mortes ocorridas foram atribuídas à 
inatividade física.
Introdução
A prática de atividade física tem papel crucial no 
enfrentamento das doenças crônicas não transmis-
síveis (DCNT), responsáveis por 72% das mortes 
ocorridas no Brasil em 2007.1 Estudo conduzido 
por Lee e colaboradores2 estimou que a inatividade 
física – definida como ‘Não praticar pelo menos 150 
minutos semanais de atividade física moderada/vigo-
rosa’ – foi responsável, em 2008, por 6% das mortes 
por doença coronariana, 7% das mortes por diabetes 
tipo 2, 10% das mortes por câncer de mama e 10% 
das mortes por câncer de colón, causando mais de 
5 milhões de mortes por ano no mundo.2 No Brasil, 
em 2008, mais de 13% das mortes ocorridas foram 
atribuídas à inatividade física.2 
Hallal e cols.,3 ao analisarem dados sobre a prevalência 
de inatividade física em 122 países no ano de 2012, 
encontraram que 31% da população mundial na idade 
de 15 anos ou mais não atingiam as recomendações 
de atividade física para a saúde, com grande variação 
dessa prevalência entre diferentes regiões do mundo.3 
Considerando-se apenas a população brasileira, estimou-
-se que 49,2% dos adultos não praticavam pelo menos 
150 minutos semanais de atividade física moderada a 
vigorosa na semana, sendo essa prevalência de 47,2% 
entre homens e de 51,6% nas mulheres. Além da ina-
tividade física, o comportamento sedentário tem sido 
descrito com um importante fator de risco para a saúde, 
sendo estimado que 41,5% da população mundial com 
15 anos ou mais despende quatro horas ou mais por 
dia em comportamento sedentário.3 
O diagnóstico do estado de saúde comunitário tem 
grande importância no cuidado da saúde da popula-
ção e no planejamento de ações voltadas à gestão do 
Sistema Único de Saúde. Frente à amplitude geográfica 
e à diversidade cultural e socioeconômica do Brasil, 
as quais interferem diretamente no perfil de fatores de 
risco e doenças que afetam a população, a realização 
de inquéritos de abrangência nacional é ferramenta 
importante para subsidiar o planejamento de ações de 
prevenção de DCNT e promoção da saúde, incluindo 
a promoção de atividade física.
Dada a importância da atividade física no contexto da 
Saúde Pública, o Brasil tem incorporado a mensuração 
da atividade física em seu sistema de monitoramento 
e vigilância. Em 2013, uma parceria firmada entre o 
Ministério da Saúde e a Fundação Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística (IBGE) permitiu a realização 
da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), uma investigação 
de representatividade nacional com o propósito de 
retratar questões relacionadas à saúde dos brasileiros.4 
O objetivo do presente estudo foi descrever a prática 
de atividade física e o tempo assistindo televisão entre 
adultos brasileiros. 
Métodos
Este estudo foi realizado com dados coletados 
pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). A PNS é uma 
pesquisa de base domiciliar que faz parte do Sistema 
Integrado de Pesquisas Domiciliares (SIPD) do IBGE. 
A população-alvo do estudo constitui-se de adultos 
residentes em domicílios particulares do Brasil, à 
exceção daqueles localizados em setores censitários 
especiais (quartéis, bases militares, alojamentos, 
acampamentos, embarcações, penitenciárias, colônias 
penais, presídios, cadeias, asilos, orfanatos, conventos 
e hospitais). O processo de amostragem foi construído 
de forma a se conseguir uma amostra representativa, 
com desagregação geográfica, considerando-se as 
macrorregiões do país, Unidades da Federação e ca-
pitais. O processo de amostragem foi realizado em três 
estágios, sendo os setores censitários ou conjunto de 
setores como unidades primárias de amostragem, os 
domicílios como unidades
secundárias e os moradores 
adultos (18 anos ou mais) como unidades terciárias de 
amostragem. Em cada domicílio pertencente à amostra, 
foi selecionado – de forma equiprobabilística – um 
adulto. Cada participante respondeu um questionário 
sobre informações do domicílio, um questionário sobre 
o estado de saúde dos demais moradores do domicílio 
e um questionário individual sobre estilo de vida e 
estado de saúde. Para este estudo, foram utilizadas 
apenas as informações coletadas pelo questionário 
individual. Detalhes adicionais sobre a PNS, o processo 
de amostragem e instrumentos utilizados são descritos 
no relatório oficial da pesquisa.5 
A prática de atividade física foi mensurada com base 
nas respostas a um questionário composto por perguntas 
279 
Grégore Iven Mielke e colaboradores
Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 24(2): 277-286, abr-jun 2015
sobre frequência e duração da prática de atividade física 
em diferentes domínios. Para cada um dos domínios ava-
liados, foram construídos escores de prática de atividade 
física multiplicando-se a frequência semanal pelo tempo 
de duração nos dias em que a atividade era realizada. Esse 
instrumento segue o modelo de questionário aplicado 
pelo sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção 
para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), 
o qual investiga a prática de atividade física no lazer, no 
deslocamento e em atividades no trabalho. Neste artigo, 
foram estudados os seguintes indicadores: 
a) ativo no lazer – proporção de participantes que 
praticaram pelo menos 150 minutos por semana 
de atividades físicas leves ou moderadas, ou pelo 
menos 75 minutos/semana de atividades físicas 
vigorosas no lazer, ou um combinado de ativida-
des físicas moderadas e vigorosas totalizando 150 
minutos semanais; 
b) ativos no deslocamento – proporção de adultos 
que relataram despender pelo menos 30 minutos 
deslocando-se a pé ou de bicicleta para o trabalho 
ou outras atividades habituais.
Para a construção deste indicador, foi considerado 
o tempo de 30 minutos diários, assumindo-se que 
os deslocamentos relatados pelos participantes 
ocorreriam em pelo menos cinco dias da semana, 
de forma a totalizar 150 minutos semanais;
c) Insuficientemente ativos – adultos que não atingiram 
pelo menos 150 minutos semanais de atividade 
física considerando-se o lazer, o trabalho e o des-
locamento –; e
d) hábito de assistir à televisão – proporção de parti-
cipantes que relataram assistir à televisão por três 
ou mais horas/dia.
Para cada um dos indicadores, foram calculadas 
as respectivas prevalências (na forma de proporções, 
em percentuais) e intervalos de confiança de 95% 
(IC
95%
). Os indicadores foram descritos de acordo com 
o sexo (masculino; feminino), unidades da Federação, 
macrorregiões do país (Nordeste; Norte; Sudeste; Sul; 
e Centro-Oeste) e área de residência (urbana; rural). 
Todas as análises foram realizadas considerando-se 
os pesos amostrais. Os resultados da amostra foram 
expandidos para a população brasileira. As análises 
foram conduzidas no pacote estatístico Stata versão 12.1. 
O estudo foi aprovado pela Comissão Nacional de 
Ética em Pesquisa (CONEP), sob o Parecer no 328.159, 
de 26 de junho de 2013, em conformidade com a 
Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) no 
466, de 12 de dezembro de 2012. Todos os indivídu-
os participantes foram consultados, esclarecidos e 
aceitaram participar da pesquisa mediante assinatura 
de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Resultados
Foram selecionados para a amostra da PNS 81.167 
domicílios em todo o Brasil, sendo entrevistados 60.202 
indivíduos (proporção de resposta: 74,2%). Para as 
análises dos dados de atividade física, foram validadas 
informações de 59.667 participantes. Os dados da 
amostra estudada podem ser expandidos para 146,1 
milhões de adultos. 
A descrição dos indicadores de atividade física e do 
hábito de assistir à televisão, entre a população geral e 
de acordo com o sexo, encontra-se na Tabela 1. 
A prevalência de adultos ativos no lazer foi de 22,5% 
(IC
95%
 21,8-23,1), sendo maior nos homens (27,1%; 
IC
95%
 26,1-28,0) quando comparada à das mulheres 
(18,4%; IC
95%
 17,5-19,2). Foram classificados como 
ativos no deslocamento 31,9% (IC
95%
 31,0-32,7) da 
população estudada. Considerando-se apenas o des-
Tabela 1 – Prevalência (%) dos indicadores de prática de atividade física e do hábito de assistir à televisãoa entre 
adultos, de acordo com o sexo – Pesquisa Nacional de Saúde. Brasil, 2013
Indicadores de atividade física
Masculino Feminino Total
% (IC
95%
b) % (IC
95%
b) % (IC
95%
b)
Ativo no lazer 27,1 (26,1-28,0) 18,4 (17,5-19,2) 22,5 (21,8-23,1)
Ativo no deslocamento 31,0 (29,9-32,1) 32,6 (31,6-33,7) 31,9 (31,0-32,7)
Insuficientemente ativo 39,8 (38,7-40,8) 51,5 (50,5-52,5) 46,0 (45,2-46,8)
Hábito de assistir à televisão a 25,5 (24,5-26,6) 31,9 (31,0-32,8) 28,9 (28,2-29,6)
a) Por três horas ou mais/dia
b) IC
95%
: intervalo de confiança de 95%
280 Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 24(2): 277-286, abr-jun 2015
Atividade física no Brasil
locamento para o trabalho, 12% relataram mais de 30 
minutos por dia para ir/voltar a pé ou de bicicleta ao 
trabalho (dados não mostrados). Praticamente metade 
da população estudada (46,0%; IC
95%
 45,2-46,8) não 
atingiu as recomendações de pelo menos 150 minutos 
semanais de prática de atividade física considerando-se 
o lazer, o trabalho e o deslocamento, sendo essa preva-
lência maior entre mulheres (51,5%; IC
95%
 50,5-52,5); 
28,9% (IC
95%
 28,2-29,6) da população relatou assistir 
à televisão por três ou mais horas diárias.
De maneira geral, houve pouca variação nos indi-
cadores estudados de acordo com as macrorregiões 
do país (Figura 1).
A prevalência de ativos no lazer, por exemplo, variou 
de 22,2% (IC
95%
 20,8-23,6) na região Norte a 24,1% 
(IC
95%
 22,7-25,4) na região Centro-Oeste. A prevalência 
de ativos no deslocamento variou entre 25,9% (IC
95%
 
24,4-27,4) na região Centro-Oeste e 35,2% (IC
95%
 
33,7-36,7) na região Nordeste.
A Figura 2 apresenta a descrição dos indicadores de 
atividade física de acordo com a área de residência. As 
prevalências de deslocamento ativo e inatividade física 
apresentaram pouca variação entre os participantes 
residentes na área urbana ou rural. Por sua vez, a 
prevalência de ativos no lazer entre aqueles residentes 
na área urbana foi praticamente o dobro da prevalência 
de ativos no lazer entre residentes na área rural. Da 
mesma forma, o hábito de assistir à televisão foi maior 
entre aqueles que residiam na área urbana (30,1%; 
IC
95%
 29,3-30,9) quando comparados aos residentes 
na área rural (21,4%; IC
95%
 20,0-22,8).
Em relação à prevalência de ativos no lazer de acordo 
com as Unidades da Federação (Figura 3), em 16 delas, 
a prevalência do indicador esteve entre 21 e 24%. No 
estado do Amazonas, 1/4 da população foi classificada 
como ativa no lazer, enquanto Rondônia foi o estado com 
menor prevalência de ativos no lazer (17%; IC
95%
 14,0-
20,1). Rondônia também foi o estado que apresentou a 
maior prevalência de insuficientemente ativos (57,3%; 
IC
95%
 52,8-61,7), enquanto Minas Gerais (41,0%; IC
95%
 
37,6-44,5) foi aquele com essa prevalência menor entre 
todas as Unidades da Federação (Figura 4). Apenas em 
11 estados, o percentual de insuficientemente ativos 
foi menor que a prevalência nacional.
a) Por três horas ou mais/dia
Figura 1 – Prevalências (%) e intervalos de confiança de 95% dos indicadores de atividade física e do hábito de 
assistir à televisão a entre adultos,
de acordo com as macrorregiões do país – Pesquisa Nacional de 
Saúde. Brasil, 2013
22,2
30,5
48,1
30,5
22,3
35,2
44,3
28,9
22,7
31,6
46,5
31,0
21,5
30,4
45,6
23,7
24,1
25,9
47,2
25,6
0 20 40 60
Prevalência (%)
Centro-Oeste Sul Sudeste Nordeste Norte
Lazer
Deslocamento ativo
Insuficientemente ativo
Televisão (3+ horas/dia)
281 
Grégore Iven Mielke e colaboradores
Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 24(2): 277-286, abr-jun 2015
 a) Por três horas ou mais/dia
Figura 2 – Prevalências (%) e intervalos de confiança de 95% dos indicadores de atividade física e do hábito de 
assistir à televisão a entre adultos, de acordo com a área de residência – Pesquisa Nacional de Saúde. 
Brasil, 2013
23,8
32,0
45,6
30,1
13,8
31,3
48,3
21,4
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
Lazer Deslocamento Inatividade física TV
Pr
ev
al
ên
cia
 (%
)
Urbano Rural
Figura 3 – Prevalência (%) e intervalos de confiança de 95% de adultos ativos no lazer, de acordo com as 
Unidades da Federação – Pesquisa Nacional de Saúde. Brasil 2013
17,1
18,1
18,5
19,0
19,4
20,7
20,9
21,0
21,3
21,4
21,4
21,4
21,8
21,9
22,1
22,5
22,6
22,8
22,8
22,9
23,5
24,2
24,6
24,7
25,3
26,7
35,1
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Rondônia
Alagoas
Piauí
Mato Grosso
Paraiba
Rio de Janeiro
Tocantins
Rio Grande do Sul
Acre
Pará
Espirito Santo
Paraná
Pernambuco
Mato Grosso do Sul
Maranhão
Santa Catarina
Goiás
Sergipe
Minas Gerais
Bahia
São Paulo
Roraima
Ceará
Amapá
Rio Grande do Norte
Amazonas
Distrito Federal
Prevalência (%)
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Atividade física no Brasil
Discussão
Os dados do presente estudo mostram que prati-
camente metade da população brasileira não atingiu 
os níveis recomendados de prática de atividade física. 
Apenas um em cada quatro a cinco adultos atingiu as 
recomendações de atividade física no lazer e 31% foram 
classificados como ativos no deslocamento. Aproxima-
damente um terço da população despendia mais de 
três horas diárias assistindo à televisão. A distribuição 
desses indicadores revelou padrões específicos, de 
acordo com variáveis regionais e área de residência. 
Estes resultados são impactantes e apontam um caminho 
repleto de desafios para o enfrentamento de DCNT.
No Brasil, a produção científica em epidemiologia 
da atividade física tem crescido bastante nos últimos 
anos, com destaque para estudos realizados sobre o 
tema nas regiões Sul e Sudeste.6 Entretanto, apesar 
desse avanço, a comparabilidade entre achados de 
diferentes pesquisas vê-se muitas vezes limitada, devido 
aos diferentes instrumentos empregados e aos aspectos 
relacionados com os domínios da atividade física.6 
A partir dos dados da PNS, é possível desenhar um 
panorama bastante ampliado da prática de atividade 
física no Brasil.
O entendimento do contexto no qual ocorre a prática 
de atividade física é fundamental para o desenvolvimento 
de políticas de prevenção de DCNT e promoção da 
saúde. Entre os domínios da atividade física, o lazer é 
o que apresenta grande potencial de intervenção. Neste 
estudo, observou-se pouca variação regional na prática 
de atividade física no lazer. No Brasil, dados da Pesquisa 
Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizada 
pelo IBGE em 2008 mostraram que apenas 10,5% dos 
participantes com 14 anos ou mais de idade relataram 
praticar atividades físicas leves ou moderadas em cinco 
dias ou mais na semana por pelo menos 30 minutos 
e/ou praticaram atividades físicas vigorosas em três 
dias ou mais na semana por pelo menos 20 minutos.7 
Dados de tendência temporal em adultos residentes 
nas capitais de estados brasileiros mostraram que 
entre 2006 e 2012, houve um aumento na prevalência 
de adultos que praticaram atividade física no lazer 
por pelo menos 30 minutos em cinco ou mais dias na 
semana.8 Cabe destacar que as prevalências de ativos 
no lazer encontradas por este estudo não devem ser 
Figura 4 – Prevalência (%) e intervalos de confiança de 95% de adultos insuficientemente ativos, de acordo com as 
Unidades da Federação – Pesquisa Nacional de Saúde. Brasil, 2013
41,0
41,7
41,9
42,2
42,7
43,7
44,1
44,4
44,7
44,7
45,0
46,2
46,9
46,9
47,1
47,7
48,0
48,3
49,8
50,4
51,9
51,9
52,3
52,6
52,6
52,9
57,3
0 10 20 30 40 50 60 70
Prevalência (%)
Minas Gerais
Ceará
Pernambuco
Maranhão
Bahia
Distrito Federal
Rio Grande do Sul
Amapá
Sergipe
Mato Grosso do Sul
Pará
Santa Catarina
Paraná
Goiás
Rio Grande do Norte
Rio de Janeiro
São Paulo
Tocantins
Amazonas
Alagoas
Piauí
Paraíba
Roraima
Acre
Espírito Santo
Mato Grosso
Rondônia
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Grégore Iven Mielke e colaboradores
Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 24(2): 277-286, abr-jun 2015
comparadas com os resultados da PNAD 2008, devido 
aos diferentes instrumentos empregados nos inquéritos.
Em torno de um terço da população brasileira foi 
classificada como ativa no deslocamento. O debate so-
bre esse domínio da atividade física pode ser realizado 
sob mais de uma perspectiva. O incentivo a formas 
de deslocamento ativo, como o uso de bicicleta e o 
deslocamento a pé, pode contribuir para o aumento 
dos níveis populacionais de atividade física e, conse-
quentemente, para o enfrentamento das DCNT. Contudo, 
é importante salientar que a forma de deslocamento 
de uma população é pouco influenciada por escolhas 
individuais, sendo o acesso a bens e serviços essenciais, 
como segurança, transporte público de qualidade e 
ambientes favoráveis à mobilidade urbana, determinan-
tes sociais da saúde individual e coletiva com impacto 
direto sobre o deslocamento ativo. 
Nesse sentido, para que haja aumento nos níveis 
populacionais de atividade física no deslocamento, 
faz-se necessário promover ações intersetoriais envol-
vendo a construção de ambientes propícios à prática 
de deslocamento ativo. As políticas para transporte 
ativo têm potencial para aportar benefícios à saúde, 
aumentando os níveis de atividade física e contribuin-
do para a redução da poluição,9 a qual também está 
relacionada a maiores taxas de DCNT. O incentivo a 
formas de deslocamento ativo são capazes de melhorar 
o tráfego, além de seu reflexo positivo sobre aspectos 
sociais e ecológicos.10,11 Dados sobre deslocamento 
entre adultos residentes nas capitais mostraram uma 
redução na proporção de adultos que se deslocaram 
a pé ou de bicicleta para o trabalho, tanto no período 
entre 2006 e 2008 quanto entre 2009 e 2012.8 Dos 
adultos residentes nas capitais brasileiras em 2012, 
11,0% se deslocaram para o trabalho dessa forma. 
No presente estudo, considerando-se apenas o deslo-
camento para o trabalho, 12% relataram mais de 30 
minutos para ir/voltar a pé ou de bicicleta ao trabalho 
(dados não mostrados).
A literatura científica tem sugerido que o compor-
tamento sedentário (tempo sentado) está associado a 
maior risco de eventos cardiovasculares12 e maiores 
taxas de mortalidade por todas as causas.13 A PNS 2013 
utilizou como medida de comportamento sedentário 
o tempo despendido assistindo à televisão – este, 
também, associado ao maior risco de mortalidade por 
doenças cardiovasculares.12,14 Praticamente um terço 
da população brasileira relatou assistir à televisão 
por
três horas ou mais/dia, sendo esse hábito mais 
frequente entre mulheres e residentes na área urbana. 
Apesar desse padrão também ser demostrado em outros 
estudos,15 faz-se mister uma interpretação cautelosa 
desses achados no que tange à atribuição de maior 
exposição a comportamentos sedentários nesses grupos 
populacionais. É necessário destacar o papel do tempo 
sentado diante da televisão como grande responsável 
pelo total de comportamento sedentário e como opção 
de lazer acessível para grupos específicos, especialmente 
entre a população com menor escolaridade.15 É possível 
que outras formas de comportamento sedentário não 
avaliadas neste estudo, como por exemplo, o trabalho 
sentado e o tempo despendido diante de outros tipos 
de tela (p. ex.: tela-monitor do computador), possam 
representar grande parte do total de comportamento 
sedentário entre adultos. 
Os dados apresentados mostraram que a relação 
entre sexo e prática de atividade física depende do 
indicador analisado. No presente estudo, encontrou-
-se que os homens foram mais ativos que as mulheres 
no lazer, ao passo que as mulheres relataram maior 
tempo assistindo à televisão. No que se refere as esses 
dois indicadores, tal padrão tem sido frequentemente 
reportado pela literatura.3,7,8,15 
Quando a prática de atividade física foi considerada 
em mais de um domínio, observou-se uma prevalência 
de insuficientemente ativos maior entre as mulheres 
quando comparada à mesma prevalência entre os 
homens. Dados da PNAD 20087 mostram que a pre-
valência de inativos, definidos como participantes 
que não praticavam qualquer atividade física em 
todos os domínios (deslocamento, atividade laboral, 
faxina no ambiente doméstico e atividades no lazer), 
foi de 25,6% em homens e de 15,2% em mulheres.7 
Apesar de os resultados apresentados não mostrarem 
padrão semelhante aos achados da PNAD, é importante 
destacar que a construção dos indicadores revela 
distinções marcantes. Diferentemente da PNAD 2008, 
para a construção do indicador do presente estudo, 
atividades realizadas no ambiente doméstico não foram 
consideradas e, possivelmente, tal diferença explicaria 
a inconsistência nos achados. 
Mesmo com o aumento da taxa de urbanização no 
Brasil observado nos últimos anos, a população residente 
em áreas rurais representa aproximadamente 16% da 
população brasileira,16 variando entre 27% nas regiões 
Norte e Nordeste e 7% na região Sudeste. Não obstante 
a crescente produção de literatura sobre os níveis de 
atividade física no Brasil, poucos estudos têm-se ocupado 
284 Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 24(2): 277-286, abr-jun 2015
Atividade física no Brasil
do contexto rural. Os resultados do presente estudo 
indicam que apenas 13% dos adultos residentes na área 
rural atingiram os níveis recomendados de atividade física 
no lazer versus 24% de residentes na área urbana com 
essa mesma indicação. Em estudo realizado com duas 
comunidades rurais situadas no Vale do Jequitinhonha, 
estado de Minas Gerais, Bicalho e cols.17 encontraram 
uma prevalência de ativos no lazer próxima de 10%, em 
2008-2009. Apesar das baixas prevalências de prática de 
atividade física no lazer entre moradores da área rural, 
é preciso interpretar esse resultado dentro do contexto 
no qual as atividades laborais são realizadas, principal-
mente por meios manuais. No mesmo estudo conduzido 
em Minas Gerais (2008-2009),17 mais de 80% daqueles 
que relataram trabalhar praticavam mais de 150 minutos 
de atividade físicas moderadas e vigorosas no trabalho. 
A elaboração de estratégias de promoção da atividade 
física no meio rural, portanto, devem considerar aspectos 
contextuais, assim como outros domínios da prática de 
atividade física. Os resultados apresentados apontam 
para a necessidade de estudos capazes de identificar as 
barreiras encontradas por residentes em áreas rurais 
para desenvolverem um lazer ativo, além de analisar e/
ou propor políticas públicas que ampliem o acesso dessa 
população a iniciativas de promoção de atividade física.
Nos últimos anos, o Brasil tem empreendido diversos 
esforços para o enfrentamento de DCNT, tendo pautado 
o aumento da prática de atividade física como um dos 
fatores-chave desse processo.18 Nesse sentido, algumas 
ações merecem destaque. Em 2006, o Ministério da 
Saúde lançou a Política Nacional de Promoção da Saú-
de, atualizada em 2014;19 e em 2011, o Plano de Ações 
Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas 
Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2012.20-21 A 
prática de atividade física tem recebido atenção espe-
cial nesses documentos, com a criação de diretrizes 
específicas voltadas ao aumento dos níveis de atividade 
física entre a população. A título de exemplo, pode-se 
mencionar a criação do Programa Academia da Saúde 
em 2011, com previsão de financiamento de até 4.000 
polos de desenvolvimento de intervenções comunitárias de 
promoção da saúde – incluída a promoção de atividade 
física sem custo para a população –, facilitando o acesso 
da sociedade a espaços apropriados para a prática de 
atividade física.22 
A inclusão de indicadores de atividade física na PNS é 
extremamente positiva. A PNS servirá como linha de base 
para o monitoramento, em escala nacional, de fatores 
de risco para DCNT. Entretanto, para que não se perca 
essa linha de base, será imprescindível a manutenção 
da comparabilidade entre instrumentos e indicadores 
comuns, a serem utilizados nos inquéritos futuros.
Quanto às limitações do presente estudo, destaca-se 
a construção do indicador ‘ativo no deslocamento’. 
Aqui, foram considerados ativos os indivíduos que 
relataram deslocar-se a pé ou de bicicleta por pelo 
menos 30 minutos/dia. Dessa forma, assumiu-se todos 
os deslocamentos ocorridos nos cinco dias úteis da 
semana. Apesar dessas limitações, acredita-se que os 
resultados da presente análise tenham validade aceitável, 
pelo motivo de que um indicador mais rigoroso poderia 
subestimar a prevalência de ativos a deslocamento. Outra 
limitação a ser mencionada foi a exclusão do domínio 
de atividades domésticas no indicador ‘insuficientemente 
ativo’. Essa estratégia foi adotada com o objetivo de 
construir indicadores mais conservadores, uma vez 
que as atividades domésticas poderiam superestimar 
as prevalências encontradas.23 Outra razão considerada 
para não se incluir atividades domésticas no indicador 
‘insuficientemente ativo’ foi a intenção de tornar as 
estimativas da Pesquisa Nacional de Saúde – PNS – 
mais próximas, em termos de comparabilidade, dos 
indicadores utilizados internacionalmente.3 
Por fim, para que haja um aumento dos níveis po-
pulacionais de atividade física, são necessárias ações 
intersetoriais que proponham a criação de ambientes 
dinâmicos, onde a escolha por comportamentos ativos 
seja motivada por valores e prazer como pontos-chave 
do sucesso. 
No sentido da melhoria dos indicadores de saúde da 
população, os resultados deste estudo podem servir de 
apoio à organização do sistema de saúde brasileiro, no 
que se refere à proposição de ações capazes de pro-
mover a saúde tendo a prática de atividade física como 
um de seus eixos auxiliares. O atual cenário nacional 
da prática de atividade física, de alta prevalência de 
inatividade física e baixa prevalência de adultos prati-
cando atividade física no lazer, sugere a necessidade 
do fortalecimento de ações de promoção de atividade 
física em nível populacional no Brasil. 
Contribuição dos autores
Mielke GI liderou o manuscrito e redigiu sua primeira 
versão sob supervisão de Hallal PC. 
Rodrigues GBA participou da redação do manuscrito.
285 
Grégore Iven Mielke e colaboradores
Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 24(2): 277-286, abr-jun 2015
Malta DC e Hallal PC definiram o plano
de análise.
Szwarcwald CL e Santos FV acompanharam a coleta 
de dados e apoiaram a execução do trabalho de forma 
institucional.
Todos os autores realizaram contribuições subs-
tanciais para a construção do manuscrito, revisando-o 
criticamente, e são responsáveis por todos seus aspec-
tos, incluindo a garantia de sua precisão e integridade.
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Recebido em 09/02/2015
Aprovado em 05/05/2015
Aula 3 - Pesquisas alimenta�ao e nutri��o/artigo_consumo_alimentos_nao_saudaveis_relacionados_dcnt_pns_2013.pdf
257 Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 24(2): 257-265, abr-jun 2015
Consumo de alimentos não saudáveis relacionados a 
doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: Pesquisa 
Nacional de Saúde, 2013
Unhealthy food consumption related to chronic non-communicable diseases in Brazil: 
National Health Survey, 2013
Rafael Moreira Claro
Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Enfermagem, Belo Horizonte-MG, Brasil
Maria Aline Siqueira Santos
Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Brasília-DF, Brasil
Tais Porto Oliveira
Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Brasília-DF, Brasil
Cimar Azeredo Pereira
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Coordenação de Trabalho e Rendimentos, Rio de Janeiro-RJ, Brasil
Célia Landmann Szwarcwald
Fundação Instituto Oswaldo Cruz, Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Rio de Janeiro-RJ, Brasil
Deborah Carvalho Malta
Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Enfermagem, Belo Horizonte-MG, Brasil
Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Brasília-DF, Brasil
Artigo
originAl
doi: 10.5123/S1679-49742015000200008
Resumo
Objetivo: descrever o consumo de alimentos não saudáveis relacionados ao risco aumentado para doenças crônicas não 
transmissíveis (DCNT) segundo características regionais e sociodemográficas entre adultos brasileiros. Métodos: estudo 
descritivo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013, representativos da população ≥18 anos de idade; calculou-se, 
para o conjunto da população e segundo sexo, idade e nível de instrução, as prevalências e intervalos de confiança de 95% 
(IC
95%
) do consumo de alimentos não saudáveis pesquisados. Resultados: entre os 60.202 entrevistados, a prevalência de 
consumo de carne com excesso de gordura foi de 37,2% (IC
95%
:36,4-38,0), de leite integral, 60,6% (IC
95%
:59,8-61,4), de 
consumo regular de refrigerantes, 23,4% (IC
95%
:22,7-24,1),
e de consumo regular de doces, 21,7% (IC
95%
:21,0-22,3); esses 
fatores foram mais frequentes em homens, jovens e pessoas com menor nível de instrução. Conclusão: a população brasileira 
apresentou alta prevalência de consumo de alimentos não saudáveis considerados fatores de risco para DCNT.
Palavras-chave: Inquéritos Epidemiológicos; Doença Crônica; Estilo de Vida; Comportamento Alimentar; Epidemiologia 
Descritiva.
Abstract
Objective: to describe the consumption of unhealthy foods considered risk factors for chronic non-communicable 
diseases (NCDs) according to regional and sociodemographic characteristics of Brazilian adults. Methods: this was 
a cross-sectional survey representative of the Brazilian population aged ≥18 years using 2013 National Health Survey 
data; consumption prevalences were calculated by gender, age and schooling; consumption indicators were meat with 
excess fat, whole milk, soft drinks and sweets. Results: among the 60.202 respondents, the frequency of consumption of 
meat with excess fat was 37.2% (95%CI: 36.4-38.0), whole milk, 60.6% (95%CI: 59.8-61.4), regular consumption of soft 
drinks, 23.4% (95%CI: 22.7%-24.1), and regular consumption of candy and desserts, 21.7% (95%CI: 21.0-22.3); these 
factors were more common among men, young individuals and those with less schooling. Conclusion: Consumption 
of dietary risk factors for NCDs is high in the Brazilian population. 
Key words: Health Surveys; Chronic Disease; Life Style; Feeding Behavior; Epidemiology, Descriptive.
Endereço para correspondência: 
Rafael Moreira Claro – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Enfermagem, Departamento de Nutrição, Av. Prof. 
Alfredo Balena, no 190, Santa Efigênia, Belo Horizonte-MG, Brasil. CEP: 30130-100. E-mail: rafael.claro@gmail.com
258 Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 24(2): 257-265, abr-jun 2015
Consumo de alimentos não saudáveis – PNS, 2013
Introdução
Desde a segunda metade do Século XX, condições 
favoráveis à ocorrência de desnutrição e doenças in-
fecciosas têm sido gradativamente substituídas por um 
cenário favorável à ocorrência de doenças crônicas não 
transmissíveis (DCNT) relacionadas ao consumo excessivo 
e/ou desbalanceado de alimentos e à prática insuficiente 
de atividade física.1 Tal cenário pode ser verificado tanto 
em países desenvolvidos como em grande parte daqueles 
em desenvolvimento, incluído o Brasil.2 Nesse contexto, 
a estratégia global da Organização Mundial da Saúde 
(OMS) para Alimentação, Atividade Física e Saúde, de 
2003, ressalta a necessidade de adequação dos padrões 
mundiais de alimentação, com ênfase na redução do 
consumo de alimentos com alto teor de energia, baixo 
teor de nutrientes e alto teor de sódio, gorduras saturadas, 
gorduras trans e carboidratos refinados.1,3
Distrito Federal. O Vigitel (i) averigua o consumo de 
alimentos tidos como fatores de risco ou proteção para 
ocorrência de DCNT e (ii) fornece estimativas anuais 
desse consumo entre sua população-alvo.8,9 Em seguida 
ao monitoramento dos fatores de risco e proteção para 
DCNT iniciado pelo Vigitel, no ano de 2013, a Pesquisa 
Nacional de Saúde (PNS), em seu módulo de Estilo de 
Vida, averiguou o conjunto compatível de indicadores 
de consumo alimentar mediante entrevistas domiciliares 
em amostra expandida, representativa de todo país.10
O presente estudo teve por objetivo descrever o 
consumo de alimentos não saudáveis considerados 
fatores de risco para DCNT entre adultos brasileiros, 
segundo características regionais e sociodemográficas. 
Métodos
Trata-se de estudo descritivo com dados da Pesquisa 
Nacional de Saúde – PNS – para o ano de 2013, resul-
tantes de inquérito transversal representativo de toda 
população adulta (idade ≥18 anos) do país, referente 
aos indicadores de consumo alimentar identificados 
como marcadores de alimentação não saudável. A PNS 
consiste de um inquérito domiciliar realizado em parce-
ria, entre o Ministério da Saúde e a Fundação Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e faz parte 
do Sistema Integrado de Pesquisas Domiciliares (SIPD) 
do IBGE. A PNS tem como base a Amostra Mestra da 
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), 
contínua e também do IBGE, com ampliação de sua 
área geográfica para gerar estimativas mais precisas.10,11
O processo amostral foi composto por amostragem 
aleatória simples, por conglomerados, dividida em três 
estágios: setores censitários (unidades primárias); 
domicílios (unidades secundárias); e um morador 
adulto – 18 anos ou mais – (unidade terciária), sele-
cionado a partir da lista de moradores construída no 
momento da entrevista, para responder ao questionário 
específico. Foram definidos pesos amostrais para as 
unidades primárias de amostragem (UPA), para os 
domicílios e todos seus moradores, e o peso para o 
morador selecionado.
O tamanho mínimo da amostra foi de 1.800 domi-
cílios por unidade da federação (UF). A amostra foi 
planejada para 81.167 domicílios, considerando-se 
apenas os domicílios ocupados. Foram realizadas 
entrevistas em 64.348 domicílios, nos quais foram 
efetivamente entrevistados 60.202 adultos, resultando 
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), em 
seu módulo de Estilo de Vida, averiguou 
o conjunto compatível de indicadores de 
consumo alimentar.
Estudos sobre a tendência de mudanças no padrão 
alimentar da população brasileira nas últimas décadas 
destacam a elevação do consumo de carnes e alimentos 
industrializados (refrigerantes, biscoitos e refeições 
prontas) e a redução do consumo de leguminosas, 
raízes e tubérculos, frutas e hortaliças.4,5 Diante des-
sas constatações, entre outras medidas, o Ministério 
da Saúde coordenou a elaboração do Plano de Ações 
Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crôni-
cas não Transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022,6 
no ano de 2011, e a revisão do ‘Guia alimentar para 
a população Brasileira: promovendo a alimentação 
saudável’, em 2014.7 
Além disso, como parte do processo de dotar o 
país de ferramentas para monitorar a frequência e a 
distribuição dos principais fatores determinantes das 
DCNT, o Ministério implantou, no ano de 2006, o Sis-
tema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para 
Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 
com o objetivo de monitorar continuamente, mediante 
entrevistas telefônicas, a frequência e distribuição de 
fatores de risco e proteção para doenças crônicas 
em todas as capitais dos 26 estados brasileiros e no 
259 
Rafael Moreira Claro e colaboradores
Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 24(2): 257-265, abr-jun 2015
em uma proporção de não resposta de 8,1%.
O trabalho de campo foi realizado sob a respon-
sabilidade do IBGE e os profissionais envolvidos na 
pesquisa, como agentes de coleta de informações, 
supervisores e coordenadores, foram capacitados 
previamente. As entrevistas foram feitas com a utilização 
de PDA (personal digital assistance), computadores 
de mão, e foram agendadas conforme a disponibilidade 
e conveniência dos entrevistados, tendo sido previstas 
duas ou mais visitas a cada domicílio se necessário.
Outros detalhes sobre o processo de amostragem 
e ponderação estão disponíveis na publicação sobre 
os resultados da PNS.10 O questionário da Pesquisa 
Nacional de Saúde pode ser acessado online, no 
seguinte endereço eletrônico:
http://www.pns.icict.fiocruz.br/arquivos/Novos/
Questionario%20PNS.pdf
O presente estudo utilizou os dados provenientes 
das respostas às questões relacionadas ao consumo 
alimentar não saudável contidas na PNS. Com base 
nessas questões, foram obtidos quatro indicadores:
a) Consumo de carne ou frango com excesso de gordura 
Prevalência (%) de indivíduos que referiram con-
sumir carne com gordura e/ou frango com pele 
(independentemente
da quantidade consumida e da 
frequência semanal), com base em duas questões 
propostas aos entrevistados, 
“Quando o(a) sr(a) come carne vermelha, o(a) 
sr(a) costuma: a) tirar o excesso de gordura 
visível, b) comer com a gordura?” 
“Quando o(a) sr(a) come frango/galinha, o(a) 
sr(a) costuma: a) tirar a pele, b) comer com a 
pele?”
Ambas essas condições – consumir carne com 
gordura e/ou frango com pele – são suficientes 
para estabelecer a condição de risco.22
b) Consumo de leite com teor integral de gordura 
Prevalência (%) de indivíduos que referiram costume 
de tomar somente leite integral (independentemente 
da quantidade consumida e da frequência semanal), 
com base na seguinte questão proposta, 
“Quando o(a) sr(a) toma leite, que tipo de leite 
costuma tomar: a) integral, b) desnatado ou 
semidesnatado, c) os dois tipos?”
A referência ao consumo exclusivo de leite integral 
ou de ambos os tipos de leite – integral e com teor 
reduzido de gordura – é suficiente para estabelecer 
a condição de risco.22
c) Consumo regular de refrigerante ou suco artificial
Prevalência (%) de indivíduos que referiram consumir 
refrigerante ou suco artificial 5 dias ou mais por sema-
na, definida com base na seguinte questão proposta, 
“Em quantos dias da semana o(a) sr(a) costuma 
tomar refrigerante (ou suco artificial)? a) 1 a 
2, b) 3 a 4, c) 5 a 6 d) Todos os dias e) Quase 
nunca f) Nunca”.
d) Consumo regular de alimentos doces 
Prevalência (%) de indivíduos que referiram consu-
mir alimentos doces em 5 ou mais dias da semana, 
definida com base na seguinte questão proposta 
aos entrevistados, 
“Em quantos dias da semana o(a) sr(a) come 
alimentos doces, tais como pedaços de bolo ou 
torta, doces, chocolates, balas, biscoitos ou bo-
lachas doces? a) 1 a 2, b) 3 a 4, c) 5 a 6 d) Todos 
os dias e) Quase nunca f) Nunca”
A definição dos indicadores seguiu a classificação 
adotada pelo Sistema de Vigilância de Fatores de Risco 
e Proteção para Doenças Crônicas não Transmissíveis 
por Inquérito Telefônico – Vigitel.9 
As prevalências dos desfechos e seus respectivos 
intervalos de confiança de 95% (IC
95%
) foram apre-
sentadas para o conjunto da população estudada 
e – também – segundo sexo (masculino; feminino), 
faixa de idade (quatro faixas etárias: 18 a 24, 25 a 39, 
45 a 59 e 60 anos e mais), nível de instrução (sem 
instrução e com Ensino Fundamental incompleto; com 
Ensino Fundamental completo e Médio incompleto; com 
Ensino Médio completo e Superior incompleto; com 
Ensino Superior completo), raça/cor da pele (branca; 
preta; parda; amarela; indígena), além da área (urbana; 
rural), UF e macrorregião de residência. A categorização 
das variáveis sociodemográficas baseou-se no modelo 
adotado pelo IBGE para o censo demográfico de 2010.
Diferenças significativas entre os indicadores e 
estratos populacionais avaliados foram identificadas 
a partir da comparação dos IC
95%
 das frequências. A 
não sobreposição dos intervalos (no todo ou em parte) 
indica a presença de diferença significativa (p<0,05). A 
análise de dados foi realizada com auxílio do software 
Stata versão 11.0, que considerou efeitos da amostragem 
complexa da PNS 2013 (módulo survey).
A PNS foi aprovada pela Comissão Nacional de Ética 
em Pesquisa (CONEP) do Conselho Nacional de Saúde 
(CNS), Ministério da Saúde, sob o Parecer no 328.159 
de 26 de junho de 2013.
260 Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 24(2): 257-265, abr-jun 2015
Consumo de alimentos não saudáveis – PNS, 2013
Resultados
O consumo de carne ou frango com excesso de gordura 
foi referido por 37,2% dos entrevistados, sendo maior 
entre homens (47,2%; IC
95%
:46,0-48,4), indivíduos na 
faixa etária de 25 a 39 anos (41,0%; IC
95%
:39,8-42,3), 
com nível de instrução Fundamental completo e Médio 
incompleto (42,2%; IC
95%
:40,4-44,1) e na população de 
raça/cor da pele preta (39,7%; IC
95%
:37,4-42,1) (Tabela 1). 
Quanto à área e macrorregião de residência, verificou-se 
maior prevalência de consumo entre residentes na área 
rural (45,8%; IC
95%
:43,9-47,8) e nas regiões Sul (42,5%; 
IC
95%
:40,5-44,5) e Centro-Oeste (45,7%; IC
95%
:44,0-47,5) 
(Tabela 1). Quando comparadas as UF, as maiores 
frequências de consumo foram observadas nos estados 
de Mato Grosso do Sul (55,7%; IC
95%
:52,9-58,5), Mato 
Grosso (55,1%; IC
95%
:51,3-59,0) e Rondônia (51,5%; 
IC
95%
: 47,7-55,4), e as menores no Amazonas (21,9%; 
IC
95%
:19,6-24,4), na Paraíba (28,2%; IC
95%
:25,0-31,5) e 
na Bahia (28,4%; IC
95%
:26,3-32,9) (Figura 1).
O consumo de leite integral foi referido por 60,6% 
(IC
95%
:59,8-61,4) da população entrevistada, sendo 
mais frequente entre indivíduos mais jovens (com idade 
entre 18 e 24 anos) (65,0%; IC
95%
:63,1-66,9) e entre 
aqueles sem nível Superior de instrução completo. 
Não foram identificadas diferenças na prevalência de 
consumo quanto ao sexo ou raça/cor da pele (Tabela 
1). A frequência de consumo manteve-se semelhante 
entre as áreas urbana e rural, sendo a região Centro-
-Oeste do país aquela com maior prevalência (64,5%; 
IC
95%
:62,9-66,1) (Tabela 1). Quando comparadas as UF, 
as maiores frequências de consumo foram observadas 
nos estados de Roraima (73,2%; IC
95%
:70,2-76,1), 
Acre (72,3%; IC
95%
:69,0-75,7) e Tocantins (69,6%; 
Tabela 1 – Prevalência (%) dos indicadores de alimentação não saudável entre adultos (≥18 anos; n=60.202) 
segundo variáveis sociodemográficas – Pesquisa Nacional de Saúde. Brasil, 2013
Variáveis
Consumo de carne ou 
frango com excesso 
de gordura
Consumo de leite 
com teor integral de 
gordura
Consumo regular de 
refrigerante ou suco 
artificial a
Consumo regular de 
alimentos doces a
% (IC
95%
b) % (IC
95%
b) % (IC
95%
b) % (IC
95%
b)
Sexo
Masculino 47,2 (46,0-48,4) 61,6 (60,5-62,8) 26,6 (25,6-27,6) 20,9 (20,0-21,7)
Feminino 28,3 (27,3-29,2) 59,7 (58,6-60,8) 20,5 (19,7-21,3) 22,4 (21,6-23,2)
Idade (em anos)
18-24 39,9 (37,9-41,9) 65,0 (63,1-66,9) 35,5 (33,5-37,5) 32,0 (30,1-34,0)
25-39 41,0 (39,8-42,3) 61,9 (60,6-63,1) 28,2 (27,0-29,5) 22,5 (21,4-23,6)
40-59 37,0 (35,7-38,4) 58,5 (57,3-59,8) 19,2 (18,1-20,2) 18,5 (17,5-19,5)
60 ou mais 28,2 (26,7-29,7) 58,5 (56,8-60,2) 12,0 (10,9-13,1) 17,2 (15,9-18,5)
Nível de instrução
Sem instrução e Fundamental incompleto 40,0 (38,8-41,3) 61,6 (60,4-62,7) 19,3 (18,3-20,3) 16,7 (15,8-17,6)
Fundamental completo e Médio incompleto 42,2 (40,4-44,1) 64,1 (62,3-65,9) 28,9 (27,1-30,7) 23,2 (21,6-24,7)
Médio completo e Superior incompleto 35,4 (34,1-36,7) 62,7 (61,4-64,0) 26,8 (25,6-27,9) 24,7 (23,5-25,8)
Superior completo 26,7 (24,7-28,7) 48,0 (45,6-50,4) 20,3 (18,5-22,1) 27,4 (25,4-29,4)
Raça/cor da pele
Branca 35,9 (34,7-37,1) 59,3 (58,0-60,5) 23,9 (22,8-24,9) 24,6 (23,6-25,6)
Preta 39,7 (37,4-42,1) 60,7 (58,2-63,2) 23,9 (21,7-26,2) 20,2 (18,3-22,2)
Parda 38,2 (37,0-39,3) 62,3 (61,2-63,4) 22,8 (21,9-23,8) 18,6 (17,8-19,5)
Zona de residência
Urbana 35,8 (34,9-36-7) 60,4 (59,4-61,3) 24,9 (24,2-25,7) 22,0 (21,3-22,7)
Rural 45,8 (43,9-47,8) 62,2 (60,3-64,1) 13,5 (12,4-14,7) 19,5 (17,8-21,2)
Região de residência
Norte 34,4 (32,3-36,5) 64,4 (62,5-66,3) 19,9 (18,7-21,1) 10,7 (9,7-11,8)
Nordeste 29,7 (28,5-30,9) 58,3 (57,0-59,7) 16,8 (15,8-17,9) 18,8 (17,7-19,8)
Sudeste 38,9 (37,4-40,4) 60,8 (59,3-62,3) 26,8 (25,6-28,1) 23,7 (22,6-24,9)
Sul 42,5 (40,5-44,5) 60,3 (58,4-62,3) 24,4 (22,7-26,1) 26,2 (24,5-27,9)
Centro-Oeste 45,7 (44,0-47,5) 64,5 (62,9-66,1) 27,7 (26,1-29,3) 22,0 (20,6-23,3)
Brasil 37,2 (36,4-38,0) 60,6 (59,8-61,4) 23,4 (22,7-24,1) 21,7 (21,0-22,3)
a) Consumo regular definido como consumo de qualquer quantidade em 5 ou mais dias durante a semana
b) IC
95%
: intervalo de confiança de 95%
261 
Rafael Moreira Claro e colaboradores
Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 24(2): 257-265, abr-jun 2015
Figura 1 – Prevalência (%) e intervalo de confiança de 95% (IC
95%
) do consumo de carne ou frango com excesso 
de gordura entre adultos (≥18 anos; n=60.202) segundo unidades da federação – Pesquisa Nacional 
de Saúde. Brasil, 2013
Figura 2 – Prevalência (%) e intervalo de confiança de 95% (IC
95%
) do consumo de leite com teor integral de 
gordura entre adultos (≥18 anos; n=60.202) segundo unidade da federação – Pesquisa Nacional de 
Saúde. Brasil, 2013
IC
95%
:65,9-73,3), e as menores em Alagoas (49,0%; 
IC
95%
:45,5-52,6), na Paraíba (49,8%; IC
95%
:46,1-53,4) 
e no Amazonas (51,5%; IC
95%
:48,1-54,9) (Figura 2).
A prevalência de consumo regular de refrigerante 
ou suco artificial foi de 23,4% (IC
95%
:22,7-24,1), maior 
entre homens (26,6%; IC
95%
:25,6-27,6), apresentando 
diminuição na medida do incremento da idade. A 
prevalência de consumo também foi maior nos níveis 
intermediários de instrução e não variou significa-
tivamente quanto às categorias de raça/cor da pele. 
No que concerne ao local de residência, verificou-se 
maior prevalência de consumo de refrigerante ou suco 
artificial na área urbana (24,9%; IC
95%
:24,2-25,7) 
e na região Centro-Oeste (27,7%; IC
95%
:26,1-29,3) 
(Tabela 1). Quando comparadas as UF entre si, as 
maiores prevalências desse consumo foram identifica-
das nos estados do Amapá (31,3%; IC
95%
:27,5-35,1), 
Goiás (30,4%; IC
95%
:27,5-33,4) e Mato Grosso do Sul 
(29,9%; IC
95%
:27,1-32,7); e as menores prevalências, 
no Rio Grande do Norte (10,9%; IC
95%
:9,0-12,8), em 
Sergipe (13,5%; IC
95%
:11,7-15,3) e na Paraíba (13,6%; 
IC
95%
:11,4-15,8) (Figura 3).
51,5
39,6
37,2
21,9
43,8
34,2 32,9
39,0
30,5 29,9 30,0 30,6 28,229,9 30,0 30,6 28,2 28,4
33,1
28,5 29,6
47,1
35,6
31,628,5 29,6 31,6
38,2
44,9
40,4 41,4
55,7 55,1
44,3
30,130,1
51,5
39,6
37,2
21,9
43,8
34,2 32,9
39,0
30,5
28,4
33,1
47,1
35,6 38,2
44,9
40,4 41,4
55,7 55,1
44,3
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40
60
80
100
60,6
66,4
72,3
51,551,5
73,2
68,0
58,1
69,6 67,3
61,5 60,0
53,4 49,8
54,553,4 49,8
54,5
49,0
56,1
60,9 62,4 63,2 60,3 60,0
63,0
66,5
54,2
60,7
66,1 68,1
57,860,6
66,4
72,3 73,2
68,0
58,1
69,6 67,3
61,5 60,0
49,0
56,1
60,9 62,4 63,2 60,3 60,0
63,0
66,5
54,2
60,7
66,1 68,1
57,8
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262 Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 24(2): 257-265, abr-jun 2015
Consumo de alimentos não saudáveis – PNS, 2013
Por fim, a prevalência de consumo regular de doces 
foi de 21,7% (IC
95%
:21,0-22,3) para o conjunto da popu-
lação estudada. Essa prevalência tendeu a diminuir com o 
aumento da idade e a aumentar com a elevação do nível 
de instrução, sendo maior entre os indivíduos de cor da 
pele branca (24,6%; IC
95%
:23,6-25,6) na comparação com 
os demais (Tabela 1). Quanto à área e macrorregião de 
residência, verificou-se maior prevalência de consumo 
regular de doces entre os residentes na área urbana (22,0%; 
IC
95%
:21,3-22,7) e na região Sul (26,2%; IC
95%
:24,5-27,9) 
(Tabela 1). As UF com as maiores prevalências desse 
consumo foram Santa Catarina (31,0%; IC
95%
:27,2-34,8), 
Rio Grande do Sul (25,4%; IC
95%
:22,6-28,1) e São Paulo 
(25,2%; IC
95%
:23,5-26,8), e as menores, Pará (8,5%; 
IC
95%
:6,6-10,5), Amazonas (8,7%; IC
95%
:7,4-10,1) e Piauí 
(10,5%; IC
95%
:8,7-12,3) (Figura 4).
Discussão
O estudo detalhado da frequência de consumo de 
alimentos considerados fatores de risco para DCNT na 
população brasileira fornece informações importantes 
para o planejamento e avaliação das ações de prevenção 
dessas doenças no país. Para todos os indicadores 
Figura 3 – Prevalência (%) e intervalo de confiança de 95% (IC
95%
) do consumo regular de refrigerante ou suco 
artificial entre adultos (≥18 anos; n=60.202) segundo unidade da federação – Pesquisa Nacional de 
Saúde. Brasil, 2013
Figura 4 – Prevalência (%) e intervalo de confiança de 95% (IC
95%
) do consumo regular de doces entre adultos 
(≥18 anos; n=60.202) segundo unidade da federação – Pesquisa Nacional de Saúde. Brasil, 2013
 
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24,9 23,7 25,5
15,815,8
31,3
23,6
14,4
18,3 20,2
10,9 13,6
20,0
15,5 13,5
16,6
24,5 25,6
29,2 27,3
23,0
29,9
24,5
30,4
23,2
17,416,6 17,4
22,1
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25,4
18,0 20,8
24,0 21,6
17,7
23,7 23,021,4 22,8 20,4 22,4 19,117,2 17,0
8,7 8,5 10,6
17,7
11,1 10,5
21,7 16,6 14,1 13,0
263 
Rafael Moreira Claro e colaboradores
Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 24(2): 257-265, abr-jun 2015
estudados, no que se refere ao conjunto da população, 
a prevalência identificada ficou acima dos 20%, indi-
cando elevada presença de comportamentos de risco 
na população. O pior quadro encontrado diz respeito 
à grande prevalência de consumo dos alimentos-fonte 
de gordura saturada: 6 a cada 10 brasileiros referi-
ram consumir leite integral; e 4 a cada 10 referiram 
consumir carne ou frango com excesso de gordura. 
O consumo dos alimentos-fonte de açúcar mostrou-se 
menos frequente, com 2 a cada 10 brasileiros referindo 
consumir refrigerantes (ou suco artificial) ou doces 
regularmente. De um modo geral, os fatores de risco 
foram mais prevalentes no sexo masculino e nas faixas 
inferiores de idade e de instrução.
Algumas limitações devem ser observadas na 
apreciação dos resultados do presente estudo. Uma 
questão central reside na validade e reprodutibilidade 
dos indicadores apresentados. Ainda que nenhum 
estudo tenha sido feito sobre dados coletados na 
PNS 2013, três dos quatros indicadores aqui apre-
sentados tiveram sua validade analisada (as questões 
sobre esses indicadores são compartilhadas entre o 
Vigitel e a PNS).12-14 Os indicadores de consumo de 
carne ou frango com excesso de gordura, de leite 
integral e de refrigerantes apresentaram validade 
satisfatória em todos os estudos publicados, até o 
presente momento.12-14 Mesmo assim, por se tratar 
de informação autorreferida (pelos entrevistados), 
seria natural acreditar que, em caso de viés – por se 
tratar de comportamento reconhecido como negativo 
pelas autoridades sanitárias e Opinião Pública –, as 
frequências reais seriam todavia mais elevadas que as 
apresentadas por este estudo. Ainda que o indicador 
do consumo de doces não tenha sido avaliado até o 
momento da conclusão deste relato, é natural supor 
que sua validade seja semelhante à observada para 
os demais, haja vista esses indicadores terem sido 
criados de forma semelhante.
O instrumento de coleta de dados empregado na 
PNS não permite que a quantidade total de gordura 
saturada e de açúcar livre consumida seja diretamente 
avaliada, dado que informações sobre a quantidade 
consumida dos alimentos-alvo do presente estudo e de 
outras fontes desses nutrientes não são aferidas. Não 
obstante, a grande participação dos alimentos avaliados 
no consumo total de gordura saturada e de açúcares 
livres na população brasileira permite concluir que sua 
investigação forneça uma boa aproximação (proxy) do 
consumo desses nutrientes.15 Estudo realizado a partir 
de dados de consumo alimentar coletados pela Pesquisa 
de Orçamentos Familiares POF/IBGE de 2008-2009 
destaca a grande participação das carnes (junto aos 
óleos e gorduras) no consumo de gordura saturada 
e dos refrigerantes e doces no consumo de açúcar da 
população brasileira, reforçando a consistência dos 
dados aqui apresentados.15
Poucos estudos avaliaram o consumo de alimentos e 
bebidas-fonte de gordura saturada e açúcares de modo 
a ser possível a comparação direta de seus resultados 
com os do presente estudo.15-17 De maneira geral, 
análises de adequação do consumo de nutrientes pela 
população brasileira usando dados das POF/IBGE de 
2002-2003 e 2008-2009 indicam que a população 
brasileira apresenta consumo de gordura saturada 
dentro do limite máximo preconizado pela OMS (de 
10% das calorias totais).1,4 Apesar disso, a grande 
frequência de indivíduos que relataram consumo de 
carne ou frango com excesso de gordura e de leite 
integral indica que o consumo desse nutriente poderia 
atingir níveis ainda mais baixos, caso medidas simples 
fossem tomadas no ambiente doméstico: por exemplo, 
remover a gordura aparente da carne e a pele do frango 
antes de seu consumo, e substituir o leite integral por 
leite desnatado.
Sabe-se que o consumo de açúcar livre pela população 
brasileira excede – em mais de 50% – o limite máximo 
recomendado pela OMS, de 10% das calorias totais.1,18 De 
fato, a frequência de consumo de refrigerantes e sucos 
artificiais identificada no presente estudo é semelhante 
àquela observada nos Estados Unidos da América (EUA) 
em 2011, 26,3%.19 Tal situação é alarmante, dada a re-
lação claramente definida entre o consumo de bebidas 
adoçadas e o ganho excessivo de peso.20
Evidências apontam para a coexistência de gordura 
saturada e açúcares livres no padrão de consumo da 
população brasileira,21 sugerindo que intervenções 
educativo-preventivas simultâneas possam compor 
uma estratégia interessante para a redução no consumo 
excessivo desses nutrientes. 
O Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento 
das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) no 
Brasil 2011-2022, do Ministério da Saúde, prioriza 
a redução da exposição da população aos fatores de 
risco e o incentivo aos fatores protetores, visando 
ampliar medidas de proteção da saúde, seja na criação 
de espaços para a prática de atividade física, seja com 
264 Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 24(2): 257-265, abr-jun 2015
Consumo de alimentos não saudáveis – PNS, 2013
medidas de proibição à propaganda do cigarro e cria-
ção de ambientes livres de fumo, entre outras, além 
do apoio a estilos de vidas saudáveis, pela melhoria da 
qualidade de vida e bem-estar da população.22,23 Ainda 
que a redução no consumo de gorduras e açúcares 
livres não esteja explicitada entre as metas previstas, 
em diversas vezes está subentendida entre as ações 
sugeridas pelo Plano, como a regulação da composição 
nutricional de alimentos processados para redução de 
seu teor de açúcar.22
Outrossim, entre as inúmeras ações em curso para 
o enfrentamento das práticas alimentares inadequadas 
na população brasileira, destaca-se a publicação, em 
2014, de uma nova edição do ‘Guia Alimentar para 
a População Brasileira: promovendo a alimentação 
saudável’.7 Entre suas orientações, o Guia prioriza o 
consumo de alimentos in natura ou minimamente 
processados, especialmente aqueles de origem vegetal, 
em detrimento ao consumo de alimentos ultraproces-
sados como o refrigerante e os doces.
Este estudo identificou elevada prevalência de con-
sumo de alimentos não saudáveis tidos como fatores 
de risco para doenças crônicas não transmissíveis – 
DCNT – na população brasileira. De forma geral, esse 
consumo foi mais frequente entre indivíduos do sexo 
masculino, nos menores níveis de idade e instrução. 
Ações de prevenção de DCNT e promoção da saúde 
devem considerar a distribuição desses fatores na 
população, para que se confirmem mais efetivas. 
Contribuição dos autores
Claro RM, Santos MAS e Malta DC participaram 
da concepção e delineamento do estudo, análise dos 
dados, revisão crítica e discussão dos resultados, e 
redação da versão inicial do manuscrito. 
Oliveira TP, Pereira CA e Szwarcwald CL participaram 
da concepção e delineamento do estudo, análise dos 
dados e redação do manuscrito. 
Todos os autores aprovaram a versão final do ma-
nuscrito e são responsáveis por todos seus aspectos, 
garantindo sua precisão e integridade.
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Recebido em 09/02/2015 
Aprovado em 17/03/2015
Aula 3 - Pesquisas alimenta�ao e nutri��o/artigo_monteiro_colaboradores_causas_declinio_desnutricao_brasil.pdf
Rev Saúde Pública 2009;43(1):35-43
Carlos Augusto MonteiroI,II
Maria Helena D’Aquino 
BenicioI,II
Silvia Cristina KonnoI,II
Ana Carolina Feldenheimer da 
SilvaII
Ana Lucia Lovadino de LimaII
Wolney Lisboa CondeI,II
I Departamento de Nutrição. Faculdade de 
Saúde Pública. Universidade de São Paulo 
(USP). São Paulo, SP, Brasil
II Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em 
Nutrição e Saúde. (USP). São Paulo, SP, 
Brasil
Correspondência | Correspondence:
Carlos Augusto Monteiro
Departamento de Nutrição
Faculdade de Saúde Pública da USP
01246-904 São Paulo, SP, Brasil
E-mail: carlosam@usp.br
Recebido: 19/8/2008
Aprovado: 1/12/2008
Causas do declínio da 
desnutrição infantil no Brasil, 
1996-2007
Causes for the decline in child under-
nutrition in Brazil, 1996-2007
RESUMO
OBJETIVO: Estabelecer a evolução da prevalência de desnutrição na população 
brasileira de crianças menores de cinco anos de idade entre 1996 e 2007 e 
identifi car os principais fatores responsáveis por essa evolução.
MÉTODOS: Os dados analisados procedem de inquéritos “Demographic 
Health Surveys” realizados

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