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Artigo A Inexauribilidade do Direitos Fundamentais

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A INEXAURIBILIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
1
 
Camilla Silva Lira
2
, Raimundo Manoel Teles Dos Santos Junior
3
 
e Victor Emmanuel Cordeiro Lima
4
 
camillalira56@gmail.com; rmtdsj@gmail.com; victorlimapge@gmail.com 
 
RESUMO: Sob uma perspectiva clássica, os direitos fundamentais consistem em 
instrumentos de proteção do indivíduo frente à atuação do Estado. Podem ser 
conceituados também como sendo aqueles direitos que pertencem à esfera jurídica de 
qualquer ser humano independente de origem, raça, sexo, cor, idade ou quaisquer outras 
formas de discriminação. São, enfim, direitos que os homens possuem pelo só fato de 
serem homens, por sua natureza humana, pela dignidade que a ela é inerente. Partindo 
desta especialíssima categoria de direitos, o presente artigo visou a trabalhar uma das 
características dos direitos fundamentais – qual seja, a inexauribilidade, pela qual o 
catálogo previsto de direitos fundamentais nunca é exaustivo, a ele podendo ser sempre 
acrescidos novos direitos. Inicialmente, tratou-se do conceito e da evolução histórica 
dos direitos fundamentais. Posteriormente, trabalhou-se no foco deste artigo, na 
inexauribilidade em si. Por último, fez-se uma breve explanação tendo por foco alguns 
possíveis direitos fundamentais do futuro. Metodologicamente, a pesquisa se fez através 
de intensa pesquisa bibliográfica, partindo de estudos a respeito do tema para se chegar 
às conclusões e objetivos propostos. 
Palavras-chave: Direitos fundamentais, inexauribilidade dos direitos fundamentais, 
direitos fundamentais do futuro. 
 
INTRODUÇÃO 
Desde o início da evolução humana, a luta por melhores Direitos foi e sempre 
será um dos maiores objetivos das sociedades humanas. Com PFAFFENSELLER 
(2007) tem-se que da variação do Direito Natural ao Direito positivo, somada a 
acontecimentos históricos que levaram o homem a modificar suas aspirações, fez-se 
eclodir um movimento de reconstrução do conceito de Estado, que renasceu com o 
propósito de atender aos anseios de seus cidadãos. 
A atual concepção do que vêm a ser os direitos fundamentais foi forjada, na 
origem, quando da passagem de um Estado autoritário ou Estado Absoluto para um 
Estado de Direito, quando o Estado passou a respeitar as liberdades individuais. O 
reconhecimento dessas liberdades individuais aparece com maior evidência nas 
primeiras constituições escritas, e pode ser caracterizado como fruto do pensamento 
liberal-burguês do século XVIII. 
 
1 Trabalho de Iniciação Científica 
2 Bacharelanda em Direito pela Faculdade Maurício de Nassau – Parnaíba/PI. 
3 Bacharelando em Direito pela Faculdade Maurício de Nassau – Parnaíba/PI. 
4 Procurador do Estado do Piauí. Advogado. Professor de Direito Constitucional e de Direito Processual 
do Trabalho da Faculdade Maurício de Nassau campus Parnaíba/PI. 
Com a finalidade de cumprir com a função de defesa da sociedade na forma de 
limitação normativa ao poder estatal, sobreveio um conjunto de valores, direitos e 
liberdades, consubstanciados nos Direitos Fundamentais. Assim, considerando a 
necessidade de concretizar tais garantias, elas foram positivadas em um instrumento que 
pretendeu limitar a atuação do Estado e, ao mesmo tempo, traçar os parâmetros 
fundamentais de todo o ordenamento jurídico interno: a Constituição. 
O presente estudo será voltado ao delineamento da trajetória histórica dos 
Direitos Fundamentais, evolução além de fazer um profundo na característica da 
inexauribilidade, bem como de suas perspectivas para o futuro. 
 
CONCEITO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
Poderíamos definir os direitos fundamentais como os direitos considerados 
básicos para qualquer ser humano, independentemente de condições pessoais 
específicas. São direitos que, conforme CAVALCANTE FILHO (2012), compõem um 
núcleo intangível de direitos dos seres humanos submetidos a uma determinada ordem 
jurídica. Para SILVA (1994), direitos fundamentais do homem constitui a expressão 
mais adequada, porque, além de referir-se a princípios que resumem a concepção do 
mundo e informam a ideologia política de cada ordenamento jurídico, é reservada para 
designar, no nível do direito positivo, aquelas prerrogativas e instituições que ele 
concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas. 
Uma visão mais pragmática enxerga os direitos fundamentais como aqueles 
direitos do ser humano que são reconhecidos e positivados na esfera do direito 
constitucional de um determinado Estado. 
A doutrina, conforme LENZA (2013), costuma classificar os direitos 
fundamentais em gerações de direitos. Lembra-nos ainda o doutrinador de uma 
preferência da doutrina mais atual pela expressão “dimensões” dos direitos 
fundamentais, no sentido de que uma nova dimensão não abandonaria as conquistas da 
dimensão anterior e, em razão disso, a expressão se mostraria mais adequada. 
Na primeira dimensão dos Direitos fundamentais está presente de modo mais 
marcante o direito de liberdade, pois no século XVIII acontece uma mudança de Estado 
Absolutista, autoritário, de grande concentração de poder – nas mãos de um ou de 
poucos – para o Estado Liberal, de Direito, que visava a preservar a liberdade. Nesta 
época foram publicados documentos de relevo para o estudo dos direitos fundamentais, 
como a Declaração dos Diretos do Homem e do Cidadão de 1789, que continha em si a 
ideia central dos chamados direitos civis e políticos. 
A segunda dimensão se fez sentir no século XX, no bojo do chamado Estado 
Social de Direito, que prestigiou os chamados direitos sociais, econômicos e culturais. 
O Estado investe dinheiro da economia para amparar as pessoas, não havendo mais tão-
somente a preocupação com a intervenção estatal típica da primeira dimensão, mas 
também na situação em que se encontra a sociedade, prezando a satisfação social. 
A terceira dimensão se identifica com os direitos de solidariedade e 
fraternidade. É fruto da reflexão em torno de grandes mudanças mundiais, como o 
avanço tecnológico e científico. É nessa dimensão que se prestigia os direitos coletivos 
lato senso e assuntos universais, como a questão ambiental, a comunicação e a paz entre 
os povos. Foca-se no ser humano compreendido dentro de uma comunidade. 
Em resumo, tem-se, com LEITE (2012, p. 03), ancorada nas lições do Ministro 
Celso de Mello (STF, Pleno, MS 22.164/SP, rel. Min. Celso de Mello, DJ, Seção I, 
17/11/1995), que 
 
“[...] enquanto [os] direitos de primeira geração (direitos civis e políticos), 
que compreendem as liberdades clássicas ou formais, realçam o princípio da 
liberdade, os direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e 
culturais) que se identificam com as liberdades positivas, reais e concretas, 
acentuam o princípio da igualdade; [e] os direitos de terceira geração 
materializam os poderes de titularidade coletiva, consagrando o princípio da 
solidariedade e constituim o crucial momento do desenvolvimento, expansão 
e reconhecimento dos direitos humanos, mormente identificados como 
valores fundamentais indisponíveis [...]. 
 
Na esteira da ideia de inexauribilidade dos direitos fundamentais – que será 
mais bem estudada à frente –, já se fala em uma quarta e em uma quinta dimensões, que 
compreenderiam aqueles direitos surgidos em especial na última década, devido ao grau 
avançado de desenvolvimento tecnológico da humanidade, sendo estes, por ora, ainda 
meras pretensões de direitos. 
No caso da quarta geração, pode-se compreendê-la albergando os direitos 
ligados à pesquisa genética, surgida da necessidade de se impor controles à manipulação 
do genótipo dos seres, em especial do serhumano. No caso dos direitos da quinta 
geração, são geralmente associados ao avanço da cibernética. 
O precursor da ideia de outras dimensões além da terceira é, entre nós, Paulo 
Bonavides. Afirma o doutrinador, no que tange aos direitos de quarta e quinta geração 
que "longínquo está o tempo da positivação desses direitos, pois compreendem o futuro 
da cidadania e o porvir da liberdade de todos os povos. Tão somente com eles será 
possível a globalização política” (1997, p. 526). 
 
A INEXAURIBILIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
É comum a afirmação doutrinária de que os direitos fundamentais são 
marcados pelas notas da historicidade, da universalidade, da limitabilidade/relatividade, 
da concorrência, da irrenunciabilidade, da inalienabilidade e da imprescritibilidade. 
A inexauribilidade é mais uma das características desta importante categoria de 
direitos. 
Falar de inexauribilidade consiste em falar na qualidade do que é inexaurível. 
Segundo o minidicionário da língua portuguesa de Aurélio Buarque Holanda Ferreira 
(2002, p. 386), inexaurível significa aquilo que não se acaba, que é inesgotável, que não 
pode chegar ao fim. 
Aplicada aos direitos fundamentais, a ideia de inexauribilidade consiste, 
basicamente, na constatação de não se saber até onde a humanidade pode chegar no que 
diz com a compreensão de tais direitos. Não se sabe o que se pode alcançar. Não são 
conhecidos, enfim, os limites dos direitos fundamentais. 
Tratando justamente desta característica, o Procurador da República Walter 
Claudius Rothenburg (1999, p. 59) esclarece que 
 
São também, os direitos fundamentais, dotados de abertura, no sentido de que 
têm possibilidade de expandir-se (expansibilidade dos direitos fundamentais). 
A interpretação dos direitos fundamentais deve ser ampliativa, buscando a 
leitura mais favorável que deles se possa fazer. Essa propriedade também é 
dita eficácia irradiante dos direitos fundamentais [...]. 
O catálogo previsto de direitos fundamentais nunca é exaustivo 
(inexauribilidade ou não-tipicidade dos direitos fundamentais), a ele podendo 
ser sempre acrescidos novos direitos fundamentais. Um novo aporte pode 
advir de normas internacionais (abertura externa), além da revelação de 
direitos fundamentais - expressos ou implícitos - no íntimo do próprio 
sistema jurídico nacional (abertura interna). Exatamente nessa linha, a dicção 
do parágrafo 2º do art. 5º da Constituição brasileira de 1988, traduzindo uma 
“cláusula de abertura”. 
 
Foi dito acima que os chamados direitos fundamentais modernos, das novas 
dimensões já assimiladas e daquelas em fase de afirmação, têm por base as dimensões 
anteriores. Ou seja, a cada avanço não é e não será descartada a abordagem da geração 
anterior. Há, assim, uma progressiva ampliação/expansão destes direitos 
intrinsecamente relacionada aos avanços sociais e à maturação das reflexões em torno 
desta importante categoria de direitos. 
Num cenário como este, é intuitivo que a própria ideia de gerações em 
construção e futuras pode ser creditada à ideia de inexauribilidade. 
De fato, esta abertura consiste em expandir a leitura e a compreensão destes 
direitos para que se tenha um caminho sem fim, imprevisível no que diz com a 
quantidade e com as possibilidades. Pela ideia de inexauribilidade, sempre haverá uma 
forma de mais e novos direitos virem a habitar as consciências sociais e jurídicas no 
futuro. 
 
OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO PASSADO E DO PRESENTE; E A 
INEXAURIBILIDADE ENQUANTO MARCA DOS DIREITOS DO FUTURO 
Da referência a dimensões de direitos fundamentais é possível haurir uma 
classificação que enxerga os direitos fundamentais do passado, do presente e do futuro. 
Os direitos do passado e do presente já foram abordados brevemente quando se 
falou das dimensões já consolidadas e em fase de consolidação. 
Quanto aos direitos fundamentais do futuro, é de se relembrar a ideia de que 
não se sabe exatamente aonde se poderá chegar com tais direitos. Feita a advertência, 
tentaremos aqui, com alguma liberdade metodológica, expor algumas ideias acerca de 
direitos que poderão, no futuro, gozar do status de fundamentalidade. 
Pode-se destacar, de início, o acesso à internet. A PEC (Proposta de Emenda à 
Constituição) 479/2010 que está tramitando em regime especial no Congresso Nacional, 
de autoria do Deputado Sebastião Bala Rocha, tem por objetivo acrescentar o inciso 
LXXIX ao art. 5º da Constituição Federal, incluindo assim o acesso à internet em alta 
velocidade entre os direitos fundamentais do cidadão. 
Além do acesso à internet, fala-se também em uma neutralidade da rede e 
liberdade de expressão, ou seja, não poderá haver qualquer tipo de limitação por parte 
do governo. 
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou em relatório, divulgado no 
seu endereço eletrônico institucional, no dia 3 de junho de 2011, que o acesso à internet 
é um direito fundamental e também um meio de comunicação e, por isso, governos que 
restringem o acesso da população à internet estão violando direitos humanos. Países 
como a França e o Reino Unido foram criticados, pois segundo o relatório de 22 
páginas, proibir o acesso à internet como forma de punição vai de encontro aos direitos 
humanos e serviria como uma espécie de "inibidor" da liberdade de expressão. O 
documento também critica ações como a do ex-ditador do Egito, Hosni Mubarak, que 
bloqueou a internet do país depois que diversas manifestações contra a sua estadia no 
poder foram arquitetadas através de redes sociais como o “Twitter” e o “Facebook”. 
Outro direito fundamental bastante discutido em dias atuais é o direito à 
felicidade. 
A felicidade é tema que já foi esmiuçado e estudado por muitas artes e ciências 
humanas, como a filosofia e poesia. Trata-se de uma noção indefinível, tamanha sua 
amplitude e complexidade, altera-se de pessoa à pessoa, mas é buscada por todos. 
Sendo conceito individual, é dever do Estado, com a evolução das gerações de Direito, 
garantir o mínimo essencial para que o homem possa buscar a sua felicidade, por meio 
da concretização dos Direitos Sociais. 
No Brasil buscou-se a positivação da felicidade por meio da PEC nº 19/2010, 
popularmente conhecida como “PEC da Felicidade”. A PEC em questão, proposta pelo 
então Senador da República Cristovam Buarque, visou a alterar o art. 6º da Constituição 
da República Federativa do Brasil para incluir o direito à busca da felicidade por cada 
indivíduo e pela sociedade, mediante a dotação pelo Estado e pela própria sociedade das 
adequadas condições de exercício desse direito. Assim, passaria o art. 6º da Constituição 
Federal a vigorar com a seguinte redação: “São direitos sociais, essenciais à busca da 
felicidade, a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a 
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados, na forma desta Constituição”. 
Ressalta-se que a Proposta em questão não encontra impedimento no art. 60, 
§4º de nossa Carta Magna, uma vez que não há supressão de qualquer direito gravado 
em cláusula pétrea. Salienta-se que a garantia expressa do direito do indivíduo de buscar 
a sua felicidade deve ser concretizada pelo dever que tem o Estado de cumprir 
corretamente suas obrigações para com a sociedade, prestando os serviços pessoais 
garantidos na Constituição Federal. Segundo o projeto de emenda, a busca individual 
pela felicidade pressupõe a observância da felicidade coletiva, evidenciado na 
observância dos itens que tornam mais feliz a sociedade, ou seja, a garantia e efetivação 
dos direitos sociais. 
Desta forma, uma sociedade mais feliz é uma sociedade desenvolvida, ondetodos tenham acesso aos serviços públicos básicos de saúde, educação, previdência 
social, cultura, lazer, entre outros. Não se trata de ensejar direito do particular em buscar 
sua felicidade de forma egoística, mas sim de afirmar que os direitos sociais previstos 
no art. 6º da CF/88 - educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, lazer, segurança, 
previdência social, proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados 
– são essenciais para que se alcance uma felicidade em sentindo coletivo, com reflexos 
na vida do particular. 
Dentro da ideia de felicidade, será possível no futuro, vislumbrar um direito 
fundamental a cirurgias de caráter estético, que teriam a finalidade de fazer o ser 
humano sentir-se bem com seu próprio corpo. Essas cirurgias poderiam ser custeadas, 
no Brasil, pelo SUS (Sistema Único de Saúde). A sociedade mundial vê-se às voltas 
com ideias de beleza cada vez mais inatingíveis às pessoas comuns, ideais estes que 
muitas vezes só são alcançados pelos financeiramente mais abastados, deixando as 
pessoas sem condições financeiras infelizes com o próprio corpo. Cabe ressaltar, porém, 
que o SUS só poderia custear essas cirurgias para pessoas sem condições financeiras. 
Ainda no que diz com o direito à saúde enquanto direito fundamental, tem-se 
que, hoje, no Brasil, o SUS paga o custeio de algumas próteses e aparelhos ortopédicos 
simples, como, por exemplo, pernas e braços mecânicos, aplicação de tecidos 
cartilaginosos, cadeiras de rodas comuns e dispositivos auditivos e visuais, conforme 
portarias do Gabinete do Ministro da Saúde, a exemplo a portaria nº 1.272, de 25 de 
junho de 2013. 
Sabe-se, porém, que durante o curso imprevisível da vida, muitas pessoas 
acabam adquirindo doenças ou deficiências mais graves. Em casos tais, próteses e 
equipamentos mais simples não trazem de volta o mínimo de conforto para tais pessoas. 
Existem pessoas que, para continuar vivendo com dignidade, necessitam de próteses 
especiais, de valor econômico bem elevado. Vislumbra-se aqui a possibilidade de tornar 
o fornecimento de próteses especiais a tais pessoas um direito fundamental. Sabe-se que 
algumas pessoas, através do Judiciário, já conseguiram próteses especiais para continuar 
vivendo. Como direito fundamental e reconhecimento do poder público, principalmente 
do poder executivo, não haveria necessidade e desgaste de as pessoas terem que recorrer 
ao Judiciário para este fim. 
Muitas pessoas não sentem-se bem com sua sexualidade. Uns nascem homens 
e desejam serem mulheres e vice versa. O direito de escolha é dos direitos fundamentais 
básicos inerentes ao ser humano. Com a finalidade de garantir o mínimo de felicidade 
para estas pessoas, o Estado, em futuro próximo, poderia garantir cirurgias de mudança 
de sexo e aplicação gratuita de hormônios femininos em homens que desejam ser 
mulheres e hormônios masculinos em mulheres que desejam ser homens. Atualmente o 
SUS cobre apenas para um determinado grupo de pessoas, os transexuais e travestis, 
conforme Portaria nº 2.803, de 19 de novembro de 2013. 
No plano da educação, a CF/88, em seu título II [dos Direitos e Garantias 
Fundamentais], no Capítulo II [Dos Direitos Sociais], em seu art. 6º, coloca a educação 
como direito fundamental. Porém, sabe-se que no Brasil o acesso ao ensino superior 
gratuito conta com um filtro, uma peneira, onde só os melhores conseguem uma vaga 
nas universidades públicas federais e estaduais. Um possível direito fundamental do 
futuro será a matricula no ensino superior gratuito como direito de todos, eliminando as 
peneiras, seleções e filtros, o que acontece atualmente na Argentina, onde não existe 
vestibular. 
Por fim, e sem querer esgotar as possibilidades – algo que iria contra a ideia de 
inexauribilidade –, poder-se-ia cogitar, no futuro, de uma proibição de discriminação 
salarial entre servidores públicos de esferas diferentes. Pregamos aqui a unificação do 
serviço público, ao menos em nível salarial, de remuneração. Não existiria o servidor 
público municipal, estadual, e federal, e sim o servidor publico do Brasil. É uma 
injustiça remuneratória que um agente administrativo municipal de nível médio receba 
de remuneração o salário mínimo nacional, enquanto que a mesma função, com as 
mesmas atribuições, no serviço público federal, seja remunerada por quantias em muito 
superiores. Uma discrepância enorme. 
A proposta acima é algo descompromissada no que diz com rigores científicos 
e metodológicos, mas não é ingênua. Não se desconhece que a concretização de muitos 
destes direitos fundamentais do futuro, em especial aqueles relacionados à saúde, passa 
pelo problema da falta de recursos. Há uma inerente tensão entre estes aspirantes a 
direitos fundamentais e a chamada reserva do financeiramente possível que não pode ser 
simplesmente desprezada. 
Já não se discute, contudo, que há uma brutal mudança de paradigmas em 
curso a exigir a devida atenção do jurista. Pretender, pensar alto, é o primeiro passo. À 
medida que evolui a consciência quanto ao conteúdo essencial da dignidade da pessoa 
humana, aumenta-se naturalmente o espectro daquilo que se tem por mínimo existencial 
e, via de consequência, cresce o rol de direitos marcados pela nota da fundamentalidade. 
O tempo cuidará em dizer qual ou quais das propostas acima virará realidade. 
 
CONCLUSÃO 
O escopo deste trabalho foi mostrar que o campo dos direitos fundamentais 
goza de inexauribilidade, além de projetar metas para possíveis direitos fundamentais do 
futuro. O rol dos direitos fundamentais nunca está fechado, nunca está concluído. Neste 
diapasão, dimensões de direitos fundamentos modernas vão abarcando dimensões de 
direitos fundamentais antigos e já consolidados. A CF/88 trata da inexauribilidade em 
seu artigo 5º, §2º, quando diz que “os direitos e garantias expressos nesta Constituição 
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos 
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”. Importante 
a contribuição de MAZZUOLI (2008, p. 740) nesse sentido: 
 
[...] inexauríveis, no sentido de que têm a possibilidade de expansão, a eles 
podendo ser sempre acrescidos novos direitos, a qualquer tempo, exatamente 
na forma apregoada pelo §2º do art. 5º, da Constituição brasileira de 1988, 
segundo o qual “os direitos e garantias expressos nesta Constituição não 
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou 
dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja 
parte” (...) Percebe-se, aqui, que a Constituição (pela expressão “não excluem 
outros...”) diz serem duplamente inexauríveis os direitos nela consagrados, 
vez que os mesmos podem ser complementados tanto por direitos decorrentes 
do regime e dos princípios por ela adotados, como pelos dos tratados 
internacionais de direitos humanos em que o Brasil seja parte. 
 
Tratou-se aqui do conceito, evolução e classificação de direitos fundamentais. 
Ao final, tratou-se da inexauribilidade e de potenciais direitos fundamentais do futuro, 
tema novo, algo futurístico, mas não impossível ou improvável, que merece interesse e 
atenção por parte da doutrina, visto que se trata de assunto pouco explorado nos 
compêndios de direito constitucional. A busca incessante do ser humano por novos 
direitos é inerente à pessoa humana, o que ao longo da história alargou e certamente 
alargará ainda mais, de forma progressiva, o rol dos direitos fundamentais. 
Espera-se que este trabalho dê alguma contribuição para a abertura das 
discussões sobre a inexauribilidade dos direitos fundamentais e suas perspectivas para o 
futuro. 
 
REFERÊNCIASPFAFFENSELLER, Michelli. Teoria dos direitos fundamentais. Revista Jurídica, 
Brasília, v. 9, n. 85, jun./jul, 2007. Disponível em 
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Acesso em jun 2014. 
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TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2010.

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