Buscar

noçõesde-direito-constitucionalpara-agentee-escrivãoda-polícia-federal-pósedital--aula-3

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 82 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 82 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 82 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 02 
 
1 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Constitucional - Auditor Fiscal da Receita Federal 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 01 
Noções de Direito Constitucional – Teoria 
Geral dos Direitos e Garantias 
Fundamentais 
Polícia Federal 
Prof. Nathalia Masson 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
2 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
Sumário 
SUMÁRIO .................................................................................................................................. 2 
TEORIA GERAL DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ........................................... 3 
(1) RECADO INICIAL .............................................................................................................................................. 3 
(2) PRIMEIRAS PALAVRAS .................................................................................................................................... 3 
(3) CONCEITO DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS .......................................................................... 11 
(3.1) CONCEITO E DISTINÇÃO: “DIREITOS FUNDAMENTAIS” E “DIREITOS HUMANOS” ............................... 11 
(3.2) CONCEITO DE GARANTIAS FUNDAMENTAIS ............................................................................................ 13 
(4) DESTINATÁRIOS DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS.............................................................. 14 
(5) CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS .................................................................................. 19 
(6) GERAÇÕES (DIMENSÕES) DE DIREITOS FUNDAMENTAIS ........................................................................ 26 
(7) APLICABILIDADE DAS NORMAS DEFINIDORAS DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ............. 37 
(8) EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS (EFICÁCIA HORIZONTAL E 
DIAGONAL) ................................................................................................................................................................... 39 
(9) COLISÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS ..................................................................................................... 45 
(10) DIREITOS FUNDAMENTAIS: LIMITE DOS LIMITES .................................................................................. 49 
(11) QUESTÕES RESOLVIDAS EM AULA .............................................................................................................. 54 
(12) OUTRAS QUESTÕES: PARA TREINAR ......................................................................................................... 66 
(13) RESUMO DIRECIONADO .............................................................................................................................. 77 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 82 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
3 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
TEORIA GERAL DOS DIREITOS E GARANTIAS 
FUNDAMENTAIS 
(1) Recado inicial 
Lembre-se que esta aula foi produzida para o concurso da Polícia Federal, sendo datada de 
janeiro de 2021. Como o conteúdo de Direito Constitucional é o que mais se altera no mundo jurídico 
(em razão das constantes mudanças legislativas e, em especial, das incessantes novas decisões do 
STF), não desperdice seu tempo ou arrisque sua aprovação estudando um material desatualizado. 
Busque sempre a versão oficial da aula no site do nosso curso! 
(2) Primeiras palavras 
Olá, meu caro! Animado para iniciarmos o nosso estudo sobre o importante tema “Direitos e 
Garantias Fundamentais"? 
Acredito que uma boa maneira de começarmos a estudar esse relevante e muito cobrado tópico é 
verificando a estrutura da nossa Constituição Federal de 1988. Abra seu documento constitucional e 
verifique que ele está dividido em Títulos. No Título I, que é composto por 4 artigos, temos os 
“Princípios Fundamentais”. Já no Título II, foco dessa nossa aula, temos os “Direitos e Garantias 
Fundamentais”. 
Avance em sua análise e note que tal Título é subdividido em cinco capítulos que abrigam, nesta 
ordem, (i) os direitos e deveres individuais e coletivos, (ii) os direitos sociais, (iii) os direitos de 
nacionalidade, (iv) os direitos políticos e (v) o regramento a respeito dos partidos políticos. 
Com este breve olhar podemos facilmente perceber que o texto constitucional estabeleceu os 
direitos e garantias fundamentais como gênero do qual os demais direitos são espécies. 
DIREITOS E GARANTIAS 
FUNDAMENTAIS 
(Título II, CF/88)
Dos Direitos e Deveres Individuais 
e Coletivos 
(Capítulo I - art. 5º)
Dos Direitos Sociais 
(Capítulo II - arts. 6º ao 11)
Da Nacionalidade
(Capítulo III- arts. 12 e 13)
Dos Direitos Políticos e dos Partidos 
Políticos 
(Capítulos IV e V - arts. 14 a 17 )
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
4 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
Nesta nossa aula, iremos tratar apenas do gênero “Direitos e Garantias Fundamentais”, cuidando 
dos aspectos que envolvem a Teoria Geral do assunto, sem abordar profundamente suas espécies, pois 
estas são estudadas em outras aulas específicas (inclusive, em nossa Aula inaugural 00, já falamos do 
tema “Nacionalidade”). No entanto, queria repassar com você, de forma breve e rápida, a ideia geral de 
cada uma delas. Vejamos: 
✓ Direitos e deveres individuais e coletivos (capítulo I): são aqueles 
destinados à proteção não só dos indivíduos (direitos individuais), mas também dos 
diferentes grupos sociais (coletivos). Estão estritamente vinculados ao conceito de 
pessoa humana e da sua própria personalidade (a vida, a liberdade, a honra, a 
dignidade). 
✓ Direitos sociais (capítulo II): têm por finalidade não só a melhoria das 
condições de vida das pessoas hipossuficientes, mas também a promoção da 
igualdade social, através de normas que, por exemplo, protegem o trabalhador, 
garantem o direito à educação, à saúde, à previdência etc. 
✓ Direito de nacionalidade (capítulo III): enquanto vínculo jurídico-político que 
explicita a ligação entre um indivíduo e determinado Estado, a nacionalidade 
apresenta-se como direito básico que capacitará o indivíduo a exigir proteção do 
Estado e o sujeitará ao cumprimento de alguns deveres. 
✓ Direitos políticos (capítulo IV): regulamentam o direito democrático de 
participação popular na formação da vontade política do Estado diretamente ou por 
meio dos seus representantes. 
✓ Dos partidos políticos (capítulo V): prevê normas de organização do 
instrumental necessário para concretizar o sistema representativo. 
Para finalizar essas considerações iniciais, gostaria de destacar uma informação MUITO 
importante. Apesar de o Poder Constituinte Originário ter organizado os direitos e garantias 
fundamentais no Título II da Constituição, existem outros artigos fora desse título que também 
consagram direitos fundamentais. Um bom exemplo são os artigos 205 e seguintes que tratam do 
direito fundamental à educação. Quer outro exemplo? O STF já nos disse que o art. 150, III, ‘b’, da 
CF (que prevê o princípio da anterioridade tributária) representa uma garantia individual do 
contribuinte (ADI 939, Rel. Min. Sydney Sanches), sendo, portanto, uma garantia fundamental. 
Destarte, fica fácil entender porque a doutrina defende que existem “direitos fundamentais 
catalogados” (uma vez que estão relacionados no rol do Título II) e, de outro lado, existem os 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
5 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal“direitos fundamentais não catalogados” – que são aqueles inseridos no documento constitucional 
de 1988, todavia, em outros dispositivos que são externos ao Título II. 
Ademais, não custa adicionar aqui nesses comentários, o entendimento que a doutrina tem 
da chamada “Cláusula material de abertura”, do § 2° do art. 5° da CF/881, segundo a qual “Os 
direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos 
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil 
seja parte”. Este dispositivo constitucional nos confirma que o rol dos direitos e garantias 
fundamentais enunciado pelo Título II da nossa Constituição não é taxativo, não é estático, mas 
dinâmico, vez que podem ser identificados outros direitos e outras garantias que não estão 
previstos expressamente em nosso documento constitucional – mas são decorrentes do regime 
(como, por exemplo, o “direito de resistência”) e dos princípios por ela adotados (como, por 
exemplo, o “direito à identidade pessoal” ou o “direito ao esquecimento”) ou, ainda, dos tratados 
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. 
Aliás, falando de tratados ou convenções internacionais, precisamos entender, de uma vez 
por todas, como eles podem ser incorporados em nosso ordenamento (para valerem como normas 
internas). 
De início, futuro servidor da Polícia Federal, você terá que avaliar o conteúdo desse tratado 
internacional. Serão duas as opções: ou ele versará sobre “Direitos Humanos”, ou sobre um outro 
tema qualquer, que não seja referente aos “Direitos Humanos”. 
Pois bem. Se esse tratado tiver por conteúdo um assunto qualquer que não se relacione com 
os “Direitos Humanos”, ele será incorporado pelo rito ordinário e entrará em nosso ordenamento 
como lei ordinária (ou seja, como uma norma infraconstitucional, que se situa, como você bem 
sabe, abaixo da Constituição). 
De outro lado, caso esse tratado trabalhe com o tema “Direitos Humanos”, serão dois os ritos 
de incorporação possíveis: o rito especial (do art. 5°, § 3°, CF/88) e o rito ordinário. Como são dois os 
ritos de incorporação, claro que também serão dois os status possíveis que o tratado terá ao entrar 
em nosso ordenamento (pois o status do tratado tem relação direta com o rito de incorporação que 
 
1. Saiba, meu caro aluno, que esse nosso parágrafo foi inspirado na emenda IX feita à Constituição Federal dos Estados 
Unidos da América (uma das poucas reformas que atingiu o texto magno daquele país). Tal emenda influenciou muitas 
outras Constituições pelo mundo afora, pois traduz o entendimento de que os direitos fundamentais não se esgotam num 
elenco meramente exemplificativo formalizado em uma Constituição, pois eles são, acima de tudo, direitos que se destacam 
pela sua substancialidade. Há, portanto, para a doutrina e jurisprudência norte-americana (assim como há para a brasileira), 
direitos fundamentais que não estão expressamente previstos no texto constitucional. 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
6 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
tenha sido usado). Falemos dos dois ritos possíveis: 
(i) Rito especial: foi introduzido em nossa Constituição no ano de 2004, por meio da EC nº 45 
(reforma do Poder Judiciário) – que inseriu o § 3° no art. 5°, CF/88. Esse rito exige que o tratado seja 
aprovado nas duas Casas do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), em 
dois turnos de votação em cada Casa; nos quais a maioria de aprovação será de 3/5 dos membros. 
Ou seja: seguiremos a “regra do 2235” (2 casas; 2 turnos; maioria de 3/5). Repare que esse rito é 
idêntico ao rito de feitura de uma emenda constitucional, conforme você pode ler no art. 60, § 2°, 
CF. Assim, nossa conclusão só pode ser a seguinte: esse tratado sobre direitos humanos 
incorporado segundo esse rito especial entrará em nosso ordenamento com o status de emenda 
constitucional! 
 Em resumo, veja o esquema explicativo: 
 
 
 
E antes que você se pergunte se esse rito já foi utilizado em algum momento no direito pátrio, 
eu lhe digo: sim! Vejamos os exemplos. Em 2009 foram aprovados sob o rito especial previsto no 
§3º, do art. 5º, a Convenção da ONU sobre os direitos das pessoas com deficiência e seu protocolo 
facultativo. Possuem, portanto, em nosso ordenamento pátrio, o status normativo equivalente ao 
de emenda constitucional. Em outubro de 2018, o Decreto nº 9.522 promulgou o Tratado de 
Marraqueche para facilitar o acesso a obras publicadas às pessoas cegas, com deficiência visual ou 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
7 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
com outras dificuldades, para ter acesso ao texto impresso, firmado em Marraqueche, em 27 de 
junho de 2013. Eis outro tratado que também ingressou em nosso ordenamento pátrio com o status 
normativo equivalente ao de emenda constitucional. 
(ii) Rito ordinário: se o tratado ou convenção internacional versar sobre direitos humanos, mas não 
for incorporado pelo rito especial mas, sim, pelo rito ordinário, ele ingressará em nosso 
ordenamento como um status intermediário, ou seja, como norma supralegal! O que isso significa? 
Ora, significa que estará abaixo da Constituição (porque não é norma constitucional), mas acima 
das leis (porque também não tem status de lei ordinária, é superior a elas). Esse é o status que o 
Pacto de São José da Costa Rica possui em nosso ordenamento. É um tratado internacional que 
versa sobre direitos humanos, mas não foi incorporado pelo rito especial (que, aliás, nem existia na 
época da incorporação, no início dos anos 90) e, sim, pelo rito ordinário. Então, em 2008, no 
julgamento do RE nº 466.343, o STF confirmou que este tratado tinha status supralegal. 
Bom, em finalização a este item, vou lhe propor duas coisas: (1) que você avalie o esquema 
posto logo a seguir2, que sintetiza os ritos de incorporação e a hierarquia dos Tratados e 
Convenções Internacionais; (2) que verifiquemos juntos de que forma as conclusões acima 
apresentadas podem ser exigidas em provas. Vamos lá: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: Juspodivm, 2021. 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
8 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
Questões para fixar 
[CESPE - 2009 - MMA - Agente Administrativo] A respeito dos direitos e garantias fundamentais, julgue o 
próximo item: 
Os direitos e garantias fundamentais encontram-se destacados exclusivamente no art. 5º do texto 
constitucional. 
Comentário: 
Eis uma assertiva falsa, cujo erro pode ser identificado com tranquilidade. Para começar, os direitos e as 
garantias fundamentais estão enunciados em rol bastante amplo da nossa Constituição (que se inicia no art. 
5º e vai até o art. 17). Portanto, o art. 5° não é o único a listar direitos fundamentais. Ademais, ainda que o 
examinador tivesse dito que só existem direitos individuais no art. 5°, teríamos também um erro, pois tal 
artigo não lista um conjunto exaustivo, sendo possível encontrarmos outros direitos individuais ao longo do 
texto constitucional e, até mesmo, implícitos. Vou lhe dar dois exemplos: o princípio da anterioridade da lei 
eleitoral (art. 16) e o princípio da anterioridade tributária (art. 150, III, b). Quando pensar nos direitos e nas 
garantias fundamentais, caro aluno, nunca se esqueça da nossa cláusula de abertura, do art. 5°, § 2°, CF/88. 
Gabarito: Errado 
[CESPE - 2014 - Instituto Rio Branco - Diplomata] Julgue o item que se segue, acerca dos direitos e garantias 
fundamentais: 
O catálogo de direitos fundamentais na CF inclui, além dos direitos e garantias expressos em seu texto, 
outros que decorremdo regime e dos princípios por ela adotados, ou de tratados internacionais em que a 
República Federativa do Brasil seja parte. 
Comentário: 
O item é verdadeiro, pois em completa consonância com a previsão do art. 5º, §2º da CF/88. 
Gabarito: Certo 
[CESPE - 2011 - STM - Técnico Judiciário - Segurança] A respeito dos direitos e garantias fundamentais, 
julgue o próximo item: 
Os direitos e as garantias expressos na Constituição Federal de 1988 (CF) excluem outros de caráter 
constitucional decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, uma vez que a enumeração 
constante no artigo 5º da CF é taxativa. 
Comentário: 
Fácil notar que a assertiva é falsa, pois em desacordo com o que prevê o art. 5º, §2º da CF/88: “Os direitos e 
garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela 
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.” 
Gabarito: Errado 
[COPS-UEL - 2011 - PGE/PR - Procurador do Estado] O entendimento de que existem direitos fundamentais 
“fora de catálogo”, ou seja, de que é possível extrair direitos fundamentais de outras normas constitucionais, 
além daquelas do Título II (Dos Direitos e Garantias Fundamentais), tendo em vista a abertura material do 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
9 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
catálogo dos direitos fundamentais da Constituição, é afirmado pela jurisprudência do Supremo Tribunal 
Federal em relação: 
A) à extradição; 
B) à assistência judiciária; 
C) à anterioridade tributária; 
D) ao devido processo legal 
Comentário: 
Excelente questão! De fato, os direitos e as garantias fundamentais não se esgotam no Título II da CF/88, e 
realmente temos decisão do STF nesse sentido, como ilustra o pronunciamento da nossa Corte Suprema na 
Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 939, relatada pelo Min. Siney Sanches. Naquela ocasião, o STF 
afirmou que a anterioridade tributária, prevista no art. 150, III, “b” da CF/88, ou seja, fora do rol do Título II, é 
uma garantia individual do contribuinte – razão pela qual a alternativa ‘c’ deverá ser marcada. 
Para complementar a resolução, é importante destacar que todas as demais alternativas trazem direitos e 
garantias que encontram respaldo no art. 5º da CF/88 (nos incisos LI e LII; LXXIV; LIV): 
(a) A extradição está prevista no Título II da Constituição Federal, no art. 5º, incisos LI e LII; 
(b) A assistência judiciária é um direito fundamental que está previsto no rol do Título II da CF/88, no art. 5º, 
inciso LXXIV; 
(d) Encontra-se no Título II da Constituição Federal, no art. 5º, LIV. 
Gabarito: C 
[TRT 15ªR - 2013 - TRT 15ªR - Juiz do Trabalho - Adaptada] Na ordem jurídica brasileira, à luz da Constituição 
da República, das leis complementares que a regulamentam e da jurisprudência dominante no Supremo 
Tribunal Federal, analise e julgue a assertiva abaixo: 
O rol do artigo 5º da Constituição não exaure os direitos e garantias individuais no âmbito constitucional. 
Comentário: 
A assertiva é verdadeira! O rol do art. 5º da CF/88 não é exaustivo, ou seja, existem direitos e garantias 
individuais fora deste dispositivo, como, por exemplo, o princípio da anterioridade tributária (contemplado 
no art. 150, III, “b” da CF/88, conforme decidido na ADI 939-DF) e o princípio da anterioridade eleitoral (art. 16 
da CF/88, conforme decidido na ADI 3.685-DF). 
Gabarito: Correto 
[TRT 16ªR - 2015 - TRT 16ªR - Juiz do Trabalho Substituto] Considerando as afirmações abaixo, julgue os 
itens: 
I- A abertura material do catálogo constitucional permite o reconhecimento de direitos fundamentais 
implícitos, decorrentes do sistema como um todo. 
II - Essa mesma abertura, porém, não enseja o reconhecimento de direitos fundamentais fora do catálogo do 
art. 5º da CF, uma vez que, a partir de uma perspectiva topográfica, o legislador buscou estabelecer os 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
10 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
direitos expressos a partir de um critério sistemático. 
Comentário: 
O item I é verdadeiro, enquanto o item II é falso: o rol de direitos e garantias apresentados no Título II não é 
exaustivo, ou seja, existem direito e garantias fundamentais elencados fora da lista feita pela Constituição, 
que vai do seu art. 5º ao 17. 
Gabarito: I) Correto / II) Errado 
[VUNESP - 2018 - Câmara de Campo Limpo Paulista - SP - Procurador Jurídico - Adaptada] A respeito dos 
direitos e garantias fundamentais, julgue a assertiva: 
Os tratados de direitos humanos aprovados por processo legislativo ordinário são incorporados no direito 
brasileiro com natureza supralegal, suspendendo a eficácia das normas infralegais que com eles sejam 
conflitantes. 
Comentário: 
Aqui temos uma questão que cobrou um entendimento do STF sobre a internalização dos tratados e 
convenções internacionais sobre direitos humanos. Nossa Suprema Corte entendeu, no julgamento do RE 
466.343, que o status normativo supralegal dos tratados internacionais de direitos humanos subscritos pelo 
Brasil torna inaplicável a legislação infraconstitucional com ele conflitante, seja ela anterior ou posterior ao 
ato de adesão. Dessa forma, em razão de a assertiva estar em conformidade com o referido entendimento, 
podemos marca-la como verdadeira. 
Gabarito: Correto 
[CESPE - 2018 - STJ - Conhecimentos Básicos - Cargo: 1] A respeito dos direitos e garantias fundamentais, 
julgue o item que se segue, tendo como referência a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 
O rol dos direitos fundamentais previsto na Constituição Federal de 1988 é taxativo, isto é, o Brasil adota um 
sistema fechado de direitos fundamentais. 
Comentário: 
A assertiva é claramente falsa. O rol dos direitos e garantias fundamentais não é taxativo, outros direitos 
podem vir a ser inseridos no texto constitucional, como ocorreu, por exemplo, com o art. 5º, LXXVIII, CF/88 – 
que prevê a razoável duração do processo – incluído pela EC nº 45/2004. Outros exemplos podem ser 
extraídos dos tratados internacionais que foram incorporados pelo rito especial do art. 5°, § 3°, CF/88. 
Gabarito: Errado 
[IESES - 2018 - TJ-AM - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Provimento - Adaptada] Conforme o 
disposto na Constituição Federal no Título II “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, julgue a assertiva: 
Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do 
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes 
às emendas constitucionais. 
Comentário: 
Marcou essa assertiva de que forma? Identificou com tranquilidade que ela é verdadeira? Bastaria você 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
11 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
recordar do que diz o art. 5º, § 3º, CF/88: Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos 
que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos 
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. 
Gabarito: Correto 
[Quadrix - 2020 - CREFONO - 1ª Região - Profissional Administrativo] A Constituição Federal de 1988 traz, 
em seu Título II, denominado “Dos Direitos e das Garantias Fundamentais”, disposições relacionadas aos 
direitos e aos deveres individuais e coletivos, aos direitos sociais, à nacionalidade, à cidadania, aos direitos 
políticos, entre outras. Com base no ordenamento constitucional, julgue o item: 
Os direitos e as garantias expressos na Constituição excluem outros decorrentes de tratados internacionais 
em que a República Federativa do Brasil seja parte. 
Comentário:A assertiva é falsa, por estar em desacordo com o que prevê o art. 5º, §2º da CF/88, que possui a seguinte 
redação: “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e 
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja 
parte.” 
Gabarito: Errado 
 
Bom, agora o próximo passo é estudar o significado das expressões “direitos fundamentais” e 
“garantias fundamentais”. Vamos avançar! 
(3) Conceito de Direitos e Garantias Fundamentais 
(3.1) Conceito e distinção: “direitos fundamentais” e “direitos 
humanos” 
Fundamentais são aqueles direitos considerados indispensáveis à existência digna de todo e 
qualquer ser humano. Por isso, diversos autores usam a expressão “direitos fundamentais” como 
sinônimo de direitos humanos. Mas fique atento: apesar dessas duas locuções serem realmente muito 
próximas (pois tanto os direitos fundamentais quanto os direitos humanos buscam assegurar e 
promover a dignidade da pessoa humana) a maioria da doutrina destaca algumas importantes 
diferenças entre elas. 
A primeira diferença é que a ideia de direitos humanos é considerada mais ampla e mais abstrata 
do que a ideia de direitos fundamentais. Isto porque os direitos humanos estão relacionados ao gênero 
humano como um todo e são válidos para todos os povos, sem distinção. Em razão disso, a expressão 
“direitos humanos” traduz também o conjunto de direitos aceitos pela comunidade internacional como 
essenciais à vida digna da humanidade como um todo. 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
12 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
Neste ponto, já podemos mencionar a segunda diferença. A doutrina majoritária usa 
frequentemente a expressão “direitos humanos” para designar os direitos fundamentais que estão 
previstos em tratados e acordos internacionais firmados entre Estados ou entre Estados e 
Organizações. Em outras palavras, poderíamos dizer, então, que os direitos humanos correspondem 
aos direitos fundamentais previstos em normas de Direito Internacional. 
É importante lembrar que nosso texto constitucional prevê o princípio da prevalência dos direitos 
humanos como norteador das relações internacionais estabelecidas entre o nosso país e outros Estados 
(art. 4º, II). Esta regra impõe ao Brasil, no plano internacional, o dever de adotar posicionamento 
contrário às práticas violadoras de direitos humanos que eventualmente ocorram em outros Estados. 
Agora, vamos investigar o sentido e o alcance da expressão “direitos fundamentais” e suas 
diferenças em relação aos “direitos humanos”. 
Prevalece o entendimento de que os direitos fundamentais têm um sentido menos abrangente, 
pois seu alcance limita-se ao plano interno de um país. Além disso, sua previsão estará não em tratados 
internacionais, mas nas normas constitucionais internas de cada Estado e sua observância estará 
restrita ao âmbito do território correspondente. Por esta razão, consideram-se direitos fundamentais o 
conjunto de direitos e liberdades que foram institucionalmente reconhecidos e garantidos pelo Estado. 
E por que alguns consideram as duas expressões sinônimas? Ora, porque muitas vezes os direitos 
humanos e os direitos fundamentais representam os mesmos direitos. 
Para exemplificar, vamos ver o que dispõe o artigo 24 da Convenção Americana de Direitos 
Humanos (conhecida também como Pacto de San José da Costa Rica): 
Artigo 24. Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, têm direito, sem discriminação, 
a igual proteção da lei. 
Agora vamos lembrar o que fala o caput do art. 5º da nossa Constituição de 1988: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade (...) 
É fácil perceber a semelhança entre os dois dispositivos. O que faz do primeiro um direito humano 
e o segundo um direito fundamental é simplesmente o tipo de instrumento normativo em que estão 
previstos: o primeiro está em um Tratado Internacional e o segundo na Constituição da República 
Federativa do Brasil. 
Atenção! Nem sempre um direito humano estará consagrado como um direito fundamental na 
Constituição de um país ou um direito fundamental de um país será necessariamente um direito 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
13 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
humano. Um exemplo é art. 5º, inciso LVIII da Constituição Federal que estabelece “o civilmente 
identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”. No âmbito 
interno do nosso país, esse dispositivo é um direito fundamental que, no entanto, não encontra paralelo 
(por enquanto) em qualquer tratado internacional de direitos humanos. Portanto, trata-se de um 
direito fundamental que ainda não foi consagrado como direito humano. 
(3.2) Conceito de garantias fundamentais 
Vencida essa primeira parte referente ao conceito da expressão “direitos fundamentais”, vamos 
agora avançar para a compreensão do significado da locução “garantias fundamentais”. 
As garantias fundamentais são normas que funcionam como instrumentos de proteção ou defesa 
dos direitos fundamentais. O texto constitucional prevê para cada direito fundamental uma garantia 
respectiva. Exemplificando, se uma pessoa for indevidamente presa, ela poderá utilizar o remédio 
constitucional chamado habeas corpus (art. 5º, LXVIII, CF/88) para ser libertada e, assim, garantir que 
seu direito fundamental à liberdade de locomoção (art. 5º, XV, CF/88) seja respeitado. 
Poderíamos dizer, portanto, que os direitos fundamentais são os bens protegidos 
constitucionalmente (é o que se passa, por exemplo, com o direito à liberdade, à vida, etc.). 
Já as garantias, por seu turno, são os mecanismos que a Constituição cria para proteger/tutelar esses 
mesmos bens. 
Vejamos uma questão sobre o tema: 
Questão para fixar 
[Quadrix - 2018 - CRM-DF - Serviço Administrativo] Julgue o item seguinte a respeito dos direitos e das 
garantias individuais na Constituição Federal de 1988 (CF): 
Enquanto os direitos fundamentais traduzem viés declaratório, as garantias possuem caráter instrumental, 
ou seja, constituem os meios segundo os quais se pretende assegurar os direitos. 
Comentário: 
Eis um item verdadeiro! Os direitos fundamentais são normas de conteúdo declaratório, ou seja, os direitos 
fundamentais são os bens protegidos constitucionalmente; enquanto as garantias são meios que têm como 
objetivo assegurar (proteger/tutelar) o exercício desses direitos. Como exemplos de direitos fundamentais 
podemos citar o direito à vida, à propriedade, à informação, entre outros. Em relação as garantias 
fundamentais, podemos citamos como exemplo o mandado de segurança, o habeas data e o habeas corpus, 
que são instrumentos utilizados para garantir o exercício dos direitos fundamentais. 
Gabarito: Correto 
 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
14 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
(4) Destinatários dos Direitos e Garantias Fundamentais 
Vamos iniciar o estudo desse ponto com a pergunta: quem são os titulares dos direitos e as 
garantias fundamentais previstos na Constituição Federal? 
A resposta ao questionamento parece estar inscrita já no caput do art. 5º. Vejamos sua redação: 
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos seguintes termos: (...)” 
Ao ler o dispositivo acima, pode parecernatural compreender que apenas as pessoas humanas 
que sejam brasileiras ou as estrangeiras que residam no Brasil são destinatárias dos direitos e garantias 
fundamentais. Tal conclusão, contudo, está equivocada. 
Para ilustrar, vamos analisar uma situação hipotética. Imagine que um importante empresário 
paraguaio (que mora em Paris) venha ao Brasil passar férias em Florianópolis e que, enquanto passeava 
por uma praia, foi preso por policiais que o confundiram com um criminoso foragido. Neste caso, o 
turista terá o direito de impetrar habeas corpus para proteger o seu direito de locomoção? Se prevalecer 
essa interpretação restritiva do caput do art. 5º, o paraguaio não poderá utilizar a garantia 
constitucional (habeas corpus) para atacar a prisão injusta de que foi vítima, uma vez que não é 
residente do Brasil. Contudo, a resposta correta é a afirmação de que o turista pode usar o HC, pois é 
também destinatário de direitos e garantias fundamentais previstos no texto constitucional. 
A resposta correta decorre da interpretação dada pela doutrina e pelo STF ao caput do art. 5º, que 
reconhece que todas as pessoas, inclusive os estrangeiros sem domicílio no Brasil (ou os apátridas), são 
possuidoras de todas as prerrogativas básicas que lhe assegurem a preservação da dignidade. 
Fique atento, entretanto, a um detalhe: nem todos os direitos do art. 5º são aplicáveis a todas as 
pessoas. Podemos trazer como exemplo a ação popular, prevista no art. 5º, LXXIII, que é uma garantia 
constitucional que admite como autor apenas os cidadãos brasileiros. Portanto, um estrangeiro não 
poderia manejar essa ação, pois só um cidadão (um nacional no exercício dos seus direitos políticos) é 
legitimado para propor uma ação popular. 
E quanto às pessoas jurídicas? Será que elas também são destinatárias de direitos e garantias 
fundamentais constantes da CF? 
Essa pergunta já foi objeto de muitas discussões. Inicialmente, prevalecia o entendimento de que 
tais direitos eram destinados apenas às pessoas físicas. Contudo, atualmente, a maioria reconhece que 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
15 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
as pessoas jurídicas também são titulares de certos direitos e garantias elencados no texto 
constitucional que sejam compatíveis com sua natureza. Ex.: direito de propriedade. 
A jurisprudência reconhece, inclusive, que as pessoas jurídicas possuem os direitos fundamentais à 
honra (objetiva) e à imagem, que se forem violados podem gerar o direito à reparação pecuniária. 
Nesse sentido, é o enunciado da súmula 227 do STJ que prevê: “A pessoa jurídica pode sofrer dano 
moral”. 
Cumpre destacar, também, que muito embora as pessoas jurídicas sejam consideradas titulares 
de vasto rol de direitos, alguns são exclusivos das pessoas físicas. Isso porque a natureza de certas 
garantias, como a que diz respeito à prisão (art. 5º, LXI CF/88), e também aos direitos políticos – como o 
de votar e o de ser eleito para cargo político – ou aos direitos sociais, como o de assistência social, é 
determinante para que as pessoas físicas sejam percebidas como únicas destinatárias. 
Em conclusão, meu caro aluno, você deve notar que em nossa Constituição Federal de 1988 
temos: 
(i) direitos fundamentais voltados para as pessoas naturais, jurídicas e estatais (o direito de propriedade 
é um ótimo exemplo – art. 5º, XXII); 
(ii) direitos fundamentais que poderão ser fruídos por pessoas naturais e também pessoas jurídicas 
(para ilustrar: assistência jurídica gratuita e integral – art. 5º, LXXIV); 
(iii) direitos fundamentais exclusivamente voltados para a pessoa natural (direito de locomoção, por 
exemplo – art. 5º, XV); 
(iv) direitos fundamentais que ficam restritos aos cidadãos (ação popular, por exemplo – art. 5º, LXXIII); 
(v) direitos fundamentais voltados exclusivamente para a pessoa jurídica (direito de existência das 
associações, direitos fundamentais dos partidos políticos – art. 5º, XIX, e art. 17, respectivamente); 
(vi) direitos fundamentais voltados exclusivamente para o Estado (direito de requisição administrativa, 
por exemplo – art. 5º, XXV). 
Então, fique muito atento, estimado aluno! Apesar de parecer suficiente afirmar que são as 
pessoas humanas os titulares dos direitos e das garantias fundamentais previstos no texto 
constitucional, as informações acima mencionadas não podem ser esquecidas, pois demonstram que a 
resposta correta é um pouco mais detalhada do que essa. 
A resolução de algumas questões vão te auxiliar a compreender melhor o tema: 
 
 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
16 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
Questões para fixar 
[CESPE - 2012 - TJ-AL - Cargos de Nível Superior] A respeito dos direitos e garantias fundamentais, julgue a 
assertiva: 
O regime jurídico das liberdades públicas protege as pessoas naturais brasileiras e as pessoas jurídicas 
constituídas segundo a lei nacional, às quais são garantidos os direitos à existência, à segurança, à 
propriedade, à proteção tributária e aos remédios constitucionais, direitos esses que não alcançam os 
estrangeiros em território nacional. 
Comentário: 
Os direitos fundamentais, uma vez que são necessários para garantir a dignidade da pessoa humana, têm por 
destinatários todas as pessoas, indistintamente, ainda que o caput do art. 5º pareça dispor que a titularidade 
dos direitos e garantias fundamentais pertença apenas aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país. 
Isso porque, em razão do entendimento firmado pelo STF, mesmo o estrangeiro ‘em trânsito’ por nosso país 
(de passagem por aqui), sem domicílio no Brasil, é possuidor de todas as prerrogativas básicas capazes de lhe 
assegurar a preservação de sua dignidade. 
Atente-se, entretanto, à seguinte informação: alguns direitos são assegurados a todos, independentemente 
da nacionalidade, porque são intrínsecos ao princípio da dignidade humana. Cite-se como exemplo a 
garantia do habeas corpus, que pode ser manejada por estrangeiro em trânsito no território nacional (turista) 
se eventualmente sua liberdade de locomoção tiver sido violada. Noutro giro, existem direitos que são 
dirigidos ao indivíduo enquanto cidadão, portanto apenas aos brasileiros que estejam exercendo seus direitos 
políticos, como, por exemplo, a propositura de uma ação popular (art. 5º, LXXIII, CF/88). No mesmo sentido, 
direitos sociais, como alguns direitos referentes ao trabalho, são compreendidos como não acessíveis aos 
estrangeiros sem residência no país. Concluindo, a assertiva deverá ser marcada como falsa. 
Gabarito: Errado 
[CESPE - 2012 - TC-DF - Auditor de Controle Externo] Julgue o item que se segue, acerca dos direitos e 
garantias fundamentais: 
Embora a CF estabeleça como destinatários dos direitos e garantias fundamentais tanto os brasileiros quanto 
os estrangeiros residentes no país, a doutrina e o STF entendem que os estrangeiros não residentes (como os 
que estiverem em trânsito no país) também fazem jus a todos os direitos, garantias e ações constitucionais 
previstos no art. 5° da Carta da República. 
Comentário: 
A assertiva está errada uma vez que informa que os estrangeiros não residentes fazem jus a todos os direitos, 
garantias e ações constitucionais previstos no art. 5º da Constituição Federal. De fato, via de regra, os 
direitos e garantias fundamentais se aplicam aos brasileiros e estrangeiros, residentes ou não no país. 
Todavia, nem todos os direitos do art. 5º da CF/88 são aplicáveis aos estrangeiros. Ex.: a ação popular, 
prevista no art. 5º, LXXIII, é uma ação constitucional que admite como autor apenas os cidadãos brasileiros. 
Sendo assim, é falsa. 
Gabarito: Errado 
[TRT 15ªR - 2013 - TRT 15ªR - Juiz do Trabalho - Adaptada] Na ordem jurídica brasileira, àluz da Constituição 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
17 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
da República, das leis complementares que a regulamentam e da jurisprudência dominante no Supremo 
Tribunal Federal, analise assertiva abaixo: 
O rol do artigo 5º da Constituição, por tratar de direitos e garantias individuais, não contempla direitos ou 
posições jurídicas extensíveis a pessoas jurídicas. 
Comentário: 
A alternativa é claramente falsa! Alguns dos direitos previstos no art. 5º da CF/88 beneficiam, também, as 
pessoas jurídicas, desde que compatíveis com sua natureza. São exemplos: o princípio da isonomia, o 
princípio da legalidade, o direito de resposta, o direito de propriedade, o sigilo da correspondência e das 
comunicações em geral, o direito social à segurança, dentre tantos outros. Não nos esqueçamos, ademais, 
que as pessoas jurídicas possuem direitos fundamentais até mesmo referentes à honra e à imagem, que, 
violados, podem culminar em reparação pecuniária, (STJ súmula nº 227 – “A pessoa jurídica pode sofrer dano 
moral”). 
Gabarito: Errado 
[TRF 3ªR - 2016 - TRT 3ªR - Juiz Federal - Adaptada] Analise a proposição abaixo: 
Os direitos e deveres individuais e coletivos estendem-se aos estrangeiros que apenas estão em trânsito pelo 
Brasil. 
Comentário: 
A assertiva é verdadeira! É certo que uma interpretação literal do caput do art. 5º da CF/88 parece indicar que 
ele somente referencia, de modo expresso, como titulares dos direitos fundamentais, os brasileiros – natos 
ou naturalizados – e os estrangeiros residentes no país. Entretanto, a doutrina mais abalizada e a Suprema 
Corte têm realizado interpretação do dispositivo na qual o fator meramente circunstancial da nacionalidade 
não excepciona o respeito devido à dignidade de todos os homens, de forma que os estrangeiros não 
residentes no país, assim como os apátridas, devam ser também considerados destinatários dos direitos 
fundamentais. 
Em outras palavras, os direitos e deveres individuais e coletivos estendem-se também aos estrangeiros que 
somente estão transitando (e não residindo) em nosso país. 
Gabarito: Correto 
[MPE-PR - 2019 - MPE-PR - Promotor Substituto - Adaptada] Sobre direitos fundamentais, julgue a assertiva: 
As pessoas jurídicas de direito público são titulares de direitos fundamentais apenas de cunho processual (por 
exemplo, o contraditório e a ampla defesa), sendo incompatíveis com sua natureza direitos de natureza 
estritamente material. 
Comentário: 
O item é falso. Uma breve pesquisa no texto constitucional confirma que muitos dos direitos de natureza 
material, que estão enumerados nos incisos do art. 5º, são extensíveis às pessoas jurídicas, tais como o 
direito de propriedade, o sigilo da correspondência e das comunicações em geral e a inviolabilidade do 
domicílio. Até mesmo os direitos fundamentais à honra e à imagem que, violados, podem culminar em 
reparação pecuniária, são titularizados por pessoas jurídicas – consoante preceitua a súmula 227 do STJ (“A 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
18 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
pessoa jurídica pode sofrer dano moral”). 
Gabarito: Errado 
[Quadrix - 2018 - CRM-DF - Serviço Administrativo] Julgue o item seguinte a respeito dos direitos e das 
garantias individuais na Constituição Federal de 1988 (CF): 
São destinatários da proteção conferida pelos direitos fundamentais as pessoas naturais e jurídicas, nacionais 
e estrangeiras. 
Comentário: 
Marcou essa assertiva como verdadeira? Parabéns! Apesar de o caput do art. 5º da CF/88 parecer referenciar 
de modo expresso como titulares dos direitos fundamentais somente os brasileiros e os estrangeiros 
residentes, bem sabemos que os direitos fundamentais beneficiam, também, estrangeiros não residentes, 
apátridas e pessoas jurídicas (brasileiras e estrangeiras) atuantes em nosso país. 
Gabarito: Correto 
[SIPROS - 2018 - PGE-PA - Técnico em Procuradoria - Direito - Adaptada] Leia a assertiva a seguir e julgue se 
é verdadeira ou falsa: 
Incluem-se os estrangeiros não residentes no Brasil no elenco de titulares dos direitos fundamentais, 
notadamente daqueles direitos inequivocamente fundados na dignidade da pessoa humana. 
Comentário: 
O item é verdadeiro. Sabemos que a doutrina mais abalizada e a nossa Suprema Corte têm realizado 
interpretação do art. 5°, caput na qual o fator meramente circunstancial da nacionalidade não excepciona o 
respeito devido à dignidade de todos os homens, de forma que os estrangeiros não residentes no país, assim 
como os apátridas, devam ser considerados também destinatários dos direitos fundamentais. 
Gabarito: Correto 
[COSEAC - 2018 - Prefeitura de Maricá - RJ - Procurador do Município] A respeito dos direitos e garantias 
fundamentais, de acordo com a Constituição Federal de 1988 e do entendimento consolidado dos Tribunais 
Superiores, julgue o próximo item: 
Os direitos e garantias fundamentais não são aplicáveis aos estrangeiros não residentes no país, mesmo que 
a violação ocorra enquanto estão em território brasileiro. 
Comentário: 
Já sabemos que estamos diante de uma assertiva falsa. Como vimos anteriormente, os estrangeiros, 
residentes no país ou em trânsito, são destinatários dos direitos e garantias fundamentais. 
Gabarito: Errado 
 
 
 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
19 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
(5) Características dos Direitos Fundamentais 
É uma tarefa indiscutivelmente complexa listar características para os direitos fundamentais que 
sejam sempre válidas – em todo lugar, em qualquer momento. No entanto, grande parte da doutrina 
indica qualidades que podem ser associadas a esses direitos de forma corriqueira. Vejamos quais são 
elas: 
(i) Universalidade 
Esta característica aponta a existência de um núcleo mínimo de direitos que deve estar presente 
em todo lugar e para todas as pessoas, independentemente da condição jurídica, ou do local onde se 
encontra o sujeito – uma vez que a mera condição de ser humano é suficiente para a titularização desse 
conjunto básico. 
Note, meu caro e estudioso aluno, que essa é uma característica relacionada à titularidade, que 
nos indica que toda a coletividade é detentora de direitos fundamentais, numa definição que, a 
princípio, não admite discriminação de qualquer espécie e abarca todos os indivíduos, independente da 
nacionalidade, raça, gênero ou outros atributos. 
Mas, como já vimos nessa aula, é certo que nem todos os direitos podem ser universalmente 
realizados por todas as pessoas, afinal é perfeitamente adequado que a Constituição limite aos 
detentores de certas particularidades – como, por exemplo, ser cidadão, ser nacional, ser trabalhador, 
ser pessoa física, dentre outros atributos – o exercício de algumas prerrogativas. Isso significa, como 
indica Gilmar Mendes, que no rol enunciado na Constituição brasileira “há direitos de todos os homens 
– como o direito à vida –, mas há também posições que não interessam a todos os indivíduos, 
referindo-se apenas a alguns – aos trabalhadores, por exemplo”.3 
(ii) Historicidade 
Entenda, prezado aluno, que os direitos fundamentais não surgiram todos ao mesmo tempo e em 
um idêntico momento histórico. 
Os direitos fundamentais são proclamados em certa época, podem desaparecer em outras ou 
serem modificados com o passar do tempo, apresentam-se como um corpo de prerrogativas que 
somente fazem sentido se contextualizadas num determinado período histórico. 
Isso nos permite concluir que os direitos fundamentais são direitos dotados de caráter histórico-
evolutivo, que não nascem todos de uma só vez – pois são o resultado de avanços jurídico-sociais 
 
3. MENDES,Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet; COELHO, Inocêncio Mártires. Curso de Direito Constitucional. 
5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 316. 
file:///F:/�%20Trabalhos/Editora%20Juspodium/2016/1%20-%20janeiro/4%20-%20Manual%20de%20Direito%20Constitucional/03-Texto%20p%20diagramacao/�%20Textos%20para%20inserir/javascript:PesquisaAutor();
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
20 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
determinados pelas lutas do povo em defesa de novas liberdades em face de poderes antigos ou em 
face das novas afeições assumidas pelo antigo poder –, tampouco são compreendidos da mesma 
maneira durante todo o tempo em que compõem o ordenamento. Vê-se, pois, que direitos 
fundamentais não são obra da natureza, mas das necessidades humanas, e eles podem ser ampliados 
ou restringidos a depender das circunstâncias. 
Novamente citarei o Min. Gilmar Mendes4, para lhe lembrar que é o caráter da historicidade que 
justifica que os direitos sejam proclamados em certa época, desapareçam em posteriores, ou se 
modifiquem com o transcurso do tempo, o que revela, sem dúvida, a índole evolutiva desses direitos. 
Como exemplo da mudança de compreensão que um direito fundamental pode sofrer, cite-se a 
jurisprudência do STF, que durante muitos anos admitiu “a extradição para o cumprimento de penas de 
caráter perpétuo”, jurisprudência somente revista em 200456. 
(iii) Indivisibilidade 
Essa característica revela que não podemos compartimentalizar os direitos fundamentais, seja na 
tarefa interpretativa, seja na de aplicação às circunstâncias concretas. Isso porque tais direitos formam 
um sistema harmônico, coerente e indissociável. 
(iv) Imprescritibilidade, inalienabilidade 
Essa característica nos lembra que os direitos fundamentais não são passíveis de alienação, deles 
não se pode dispor, tampouco prescrevem. 
Inalienabilidade é característica que exclui os atos de disposição, seja ela material – destruição física 
do bem –, seja ela jurídica – renúncia, compra e venda ou doação. Deste modo, um indivíduo, tendo em 
conta a proteção constitucional que recai sob sua integridade física, não pode vender parte do seu corpo 
ou dispor de uma função vital sua, muito menos se mutilar voluntariamente. 
Como a indisponibilidade justifica-se pela proteção que devemos dar à dignidade da pessoa 
humana, nem todos os direitos fundamentais devem ser interpretados como absolutamente 
indisponíveis. Indisponíveis seriam tão somente os direitos que visam preservar a vida biológica – sem a 
qual não há substrato físico para o desenvolvimento da dignidade – ou que visam resguardar as condições 
ordinárias de saúde física e mental, assim como a liberdade de tomar decisões sem coerção externa. Em 
 
4. MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet; COELHO, Inocêncio Mártires. Curso de Direito Constitucional. 
5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 317. 
5. Admitindo a extradição para cumprimento de pena perpétua: Extr. 598-Itália, Extr. 669-0/EUA e Extr. 711-Itália, 
julgamento em 18-2-1998. A jurisprudência muda com a Extr. 855, julgada em 26-8-2004, Rel. Min. Celso de Mello. 
6. MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet; COELHO, Inocêncio Mártires. Curso de Direito Constitucional. 
5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 318. 
file:///F:/�%20Trabalhos/Editora%20Juspodium/2016/1%20-%20janeiro/4%20-%20Manual%20de%20Direito%20Constitucional/03-Texto%20p%20diagramacao/�%20Textos%20para%20inserir/javascript:PesquisaAutor();
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
21 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
nossa percepção, o correto é analisar a indisponibilidade perante cada situação, afinal, muito embora 
seja inaceitável a disposição irrevogável dos direitos fundamentais, em certas ocorrências fáticas nada 
impedirá que o exercício dos direitos seja restringido em prol de uma finalidade aceita ou tolerada pela 
ordem constitucional. Assim, “a liberdade de expressão, v.g., cede às imposições de não-divulgação de 
segredos obtidos no exercício de um trabalho ou profissão. A liberdade de professar qualquer fé, por 
seu turno, pode não encontrar lugar propício no recinto de uma ordem religiosa específica”7. Outro 
exemplo: em programas de televisão intitulados “Reality Shows” (o “Big Brother Brasil” bem ilustra 
esse tipo de entretenimento), os participantes, no intuito de receberem as compensações financeiras 
ofertadas como prêmio, dispõem, temporariamente (durante a exibição do programa) do seu direito à 
inviolabilidade da imagem e da privacidade (art. 5º, X, CF/88). 
Por último, lembremos que os direitos fundamentais são imprescritíveis, eis que a prescrição é 
instituto jurídico que apenas alcança a exigibilidade de direitos de cunho patrimonial, nunca a de 
direitos personalíssimos. Estes últimos são sempre exercitáveis, de forma que o fato de o sujeito não ter 
fruído seu direito fundamental durante grande lapso temporal não será argumento para impossibilitá-
lo de agora exerce-lo, porque esse direito não estará prescrito. 
(v) Relatividade 
Você já ouviu dizer que o exercício de um direito fundamental pode ocasionar conflitos com 
outros direitos constitucionalmente resguardados? Certamente sim! Tal fato se deve à circunstância de 
nenhum direito ser absoluto ou prevalecer perante os demais em abstrato. Como todos os direitos são 
relativos, eventualmente podem ter seu âmbito de incidência reduzido e ceder (em prol de outros) em 
casos concretos específicos. Nestas hipóteses, de aparente confronto e incompatibilidade entre os 
diferentes direitos, caberá ao intérprete decidir qual deverá prevalecer, sempre tendo em conta a regra 
da máxima observância dos direitos fundamentais envolvidos, conjugando-a com a sua mínima 
restrição8. 
Para exemplificar essa característica, pensemos no direito à vista, pressuposto elementar para a 
fruição de todos os demais direitos. Nem mesmo esse direito, por mais basilar e essencial que seja, é 
considerado como absoluto! Nossa Constituição, por exemplo, em seu art. 5°, XLVII, ‘a’, permite a pena 
de morte em caso de guerra formalmente declarada. 
Há, no entanto, autores (Norberto Bobbio) que defendem a existência de alguns direito com 
 
7. MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet; COELHO, Inocêncio Mártires. Curso de Direito Constitucional. 
5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 320. 
8. LENZA, PEDRO, Direito Constitucional Esquematizado. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 672. 
file:///F:/�%20Trabalhos/Editora%20Juspodium/2016/1%20-%20janeiro/4%20-%20Manual%20de%20Direito%20Constitucional/03-Texto%20p%20diagramacao/�%20Textos%20para%20inserir/javascript:PesquisaAutor();
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
22 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
‘valor absoluto’, em especial, a dignidade da pessoa humana e alguns direitos que a concretizam de 
forma mais efetiva e direta (como, por exemplo, o direito a não ser escravizado, que implica na 
eliminação do direito a possuir escravos, o direito de não ser torturado, que resulta na inexistência do 
direito de torturar alguém... 
Por fim, acho importante já deixar firmado que de todas as características que serão apresentadas 
nesse item, a relatividade é, disparadamente, a mais exigida nas provas. Você verá isso quando 
começarmos a treinar por meio de questões. 
(vi) Inviolabilidade 
Esta característica confirma a impossibilidade de desrespeito aos direitos fundamentais por 
determinação infraconstitucional ou por atos de autoridade, sob pena de responsabilização civil, 
administrativa e criminal. 
(vii) Complementaridade 
Muito próxima da indivisibilidade (alguns autores não as diferenciam), a complementariedade 
indica que os direitos fundamentais nãosão interpretados isoladamente, de maneira estanque; ao 
contrário, devem ser conjugados, reconhecendo-se que compõem um sistema único – pensado pelo 
legislador com o fito de assegurar a máxima proteção ao valor “dignidade da pessoa humana”. Essa 
complementaridade também se faz sentir quando do exercício dos direitos, que igualmente pode ser 
cumulativo: por exemplo, quando um jornalista transmite certa notícia (direito de informação) e, 
simultaneamente, emite uma opinião (direito de opinião)9. 
(viii) Efetividade 
A atuação dos Poderes Públicos deve se pautar (sempre) na necessidade de se efetivar os direitos 
e garantais institucionalizados, inclusive por meio da utilização de mecanismos coercitivos, se 
necessário for. 
(ix) Interdependência 
Em que pese a autonomia, as previsões constitucionais que se traduzem em direitos 
fundamentais possuem interseções/ligações, com o intuito óbvio de intensificar a proteção engendrada 
pelo catálogo de direitos. Estes estão todos interligados, associados – a liberdade de locomoção, por 
exemplo, está intimamente vinculada à garantia do habeas corpus, bem como a previsão de que a 
prisão válida somente se efetivará em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da 
autoridade judicial competente. 
 
 
9. LENZA, PEDRO, Direito Constitucional Esquematizado. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 672. 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
23 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
Um esquema, que nos ajude na visualização da explicação é sempre bem-vindo, concorda? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bom, com as características centrais dos Direitos Fundamentais já mapeadas, podemos seguir 
resolvendo mais um conjunto de questões, que bem irão ilustrar o modo como o tema será explorado 
pelo seu examinador! 
Questões para fixar 
[CESPE - 2014 - SUFRAMA - Nível Superior] A respeito dos direitos e garantias fundamentais, julgue o 
próximo item: 
O direito à vida, assim como todos os demais direitos fundamentais, é protegido pela CF de forma não 
absoluta. 
Comentário: 
A assertiva é verdadeira. O direito à vida, bem como todos os demais direitos fundamentais previstos em 
nosso ordenamento, não é um direito absoluto. Isto é, poderá sofrer limitações pela Constituição Federal. 
Para exemplificar, lembremos que existe a previsão de aplicação da pena de morte em caso de guerra 
formalmente declarada, nos termos do art. 5°, XLVII, ‘a’, CF/88. Cabe lembrar que os direitos fundamentais 
poderão, ainda, tem seu âmbito de incidência reduzido em casos de colisão com outros direitos 
fundamentais resguardados pelo texto constitucional (como, por exemplo, a colisão entre o princípio da 
liberdade de imprensa e o direito à privacidade). 
Gabarito: Correto 
PRINCIPAIS 
CARACTERÍSTICAS DOS 
DIREITOS FUNDAMENTAIS 
Universalidade 
Historicidade 
Indivisibilidade 
Imprescritibilidade 
Inalienabilidade 
Relatividade 
Inviolabilidade 
Complementaridade 
Efetividade 
Interdependência 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
24 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
[CESPE - 2011 - AL-ES - Procurador] Julgue o item que se segue, acerca dos direitos e garantias 
fundamentais: 
Os direitos fundamentais, pela sua própria relevância, não são suscetíveis de renúncia nem tampouco de 
autolimitações. 
Comentário: 
Pode marcar a assertiva como falsa. Por não possuírem caráter patrimonial, os direitos fundamentais são 
considerados indisponíveis, vale dizer, insuscetíveis de renúncia absoluta. Contudo, é juridicamente 
permitida ao autor a limitação voluntária ao exercício de certos direitos fundamentais. Ex.: em reality shows, 
os participantes dispõem temporariamente do seu direito à intimidade e à vida privada. 
Gabarito: Errado 
[CESPE - 2014 - TJ-SE - Analista Judiciário] Julgue o item que se segue, acerca dos direitos e garantias 
fundamentais: 
A historicidade, como característica dos direitos fundamentais, proclama que seu conteúdo se modifica e se 
desenvolve de acordo com o lugar e o tempo. Por isso, os direitos fundamentais podem surgir e se 
transformar. 
Comentário: 
A assertiva apresentada pelo CESPE é verdadeira. Uma vez que os direitos fundamentais são fruto de 
processos históricos, refletindo o contexto da época em que foram reconhecidos. Um exemplo é a 
consagração dos direitos civis e políticos clássicos, frutos da luta pela superação do Estado absolutista. 
Gabarito: Correto 
[CESPE - 2011 - STM - Cargos de Nível] Julgue a assertiva abaixo: 
As liberdades individuais garantidas na Constituição Federal de 1988 não possuem caráter absoluto. 
Comentário: 
Pode marcar essa assertiva como verdadeira. Os direitos e garantias fundamentais podem ser limitados pela 
própria Constituição ou até mesmo por uma lei infraconstitucional. Poderão, ainda, ter seu âmbito de 
incidência reduzido diante da ocorrência de fatos que demonstrem uma colisão com outros direitos 
constitucionalmente resguardados. Ex.: colisão entre o princípio da liberdade de imprensa e o direito à 
privacidade. 
Gabarito: Correto 
[MPE-PR - 2019 - MPE-PR - Promotor Substituto - Adaptada] Sobre direitos fundamentais, julgue a assertiva: 
O princípio da universalidade significa que todas as pessoas, pelo fato de serem pessoas, são titulares dos 
direitos fundamentais consagrados na Constituição, sendo ilegítima qualquer distinção entre nacionais e 
estrangeiros. 
Comentário: 
Conseguiu identificar que a assertiva é falsa? Realmente, por força do princípio da universalidade dos direitos 
fundamentais, há um núcleo mínimo de direitos que deve estar presente em todo lugar e para todas as 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
25 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
pessoas, independentemente da condição jurídica, ou do local onde se encontra o sujeito – porquanto a mera 
condição de ser humano é suficiente para a titularização. Todavia, nem todos os direitos podem ser 
universalmente realizados por todas as pessoas, afinal é perfeitamente aceitável que a Constituição limite 
aos detentores de certas particularidades – como, por exemplo, ser cidadão, nacional, trabalhador, pessoa 
física, dentre outros atributos – o exercício de algumas prerrogativas. Nesse sentido, a assertiva se torna falsa 
ao afirmar que é “ilegítima qualquer distinção entre nacionais e estrangeiros”. Não, não é ilegítimo 
diferencia-los. 
Gabarito: Errado 
[IDHTEC - 2018 - CRQ - 19ª Região (PB) - Advogado] São características dos direitos fundamentais, exceto: 
A) Inalienabilidade 
B) Universalidade 
C) Imprescritibilidade 
D) Irrenunciabilidade 
E) Ilimitabilidade 
Comentário: 
Nossa reposta é a da letra ‘e’, já que todos os direitos fundamentais são relativos e podem, eventualmente, 
ter seu âmbito de incidência reduzido e ceder (em prol de outros) em ocorrências fáticas específicas. Então, é 
a relatividade dos direitos fundamentais e a possibilidade de os mesmos sofrerem restrições que impede o 
reconhecimento da característica mencionada na letra ‘e’. 
Gabarito: E 
[FUNDATEC - 2018 - DPE-SC - Analista Técnico] Segundo a doutrina majoritária, NÃO deve ser 
reconhecido(a) como uma característica dos direitos fundamentais: 
A) Historicidade. 
B) Inalienabilidade. 
C) Imprescritibilidade. 
D) Irrenunciabilidade. 
E) Ser absoluto. 
Comentário: 
Eis uma questão bem fácil para você que já sabe que não existem direitos absolutos e que a relatividade é 
justamente uma marca dos direitos fundamentais. Pode assinalar a letra ‘e’. 
Gabarito: E 
[VUNESP - 2018 - IPSM - Procurador - Adaptada] Tendo em vista a importância dos direitos fundamentais no 
ordenamento jurídico brasileiro, julgue a assertiva: 
A universalidade, historicidade, inalienabilidade,imprescritibilidade, irrenunciabilidade e ilimitabilidade são 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
26 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
características dos direitos fundamentais. 
Comentário: 
De fato, a universalidade, a historicidade, a inalienabilidade, a imprescritibilidade e a irrenunciabilidade são 
características dos direitos fundamentais. Entretanto, a ilimitabilidade não poderia ser listada como 
característica dos referidos direitos, especialmente tendo em conta a possibilidade de eles serem 
restringidos. A assertiva é, portanto, falsa. 
Gabarito: Errado 
 
(6) Gerações (dimensões) de Direitos Fundamentais 
Os direitos fundamentais não surgiram todos de uma só vez, em um mesmo e único momento 
histórico – como já bem sabemos, já que vimos no item anterior a característica da historicidade. Sua 
evolução e fortalecimento ocorreram aos poucos e são o resultado de diversas demandas e lutas 
surgidas em diferentes épocas. 
A partir dessa evolução histórica, a doutrina moderna classificou os direitos e garantias 
fundamentais em gerações de direitos. Essa divisão tem uma proposta didática, pois procura delinear 
as características comuns dos direitos que foram conquistados em uma determinada época. 
Foi Paulo Bonavides o autor pátrio que mais se destacou ao traçar um perfil histórico-temporal 
desse desenvolvimento dos direitos, reunindo-os em diferentes grupos, denominados gerações10. O 
primeiro autor a falar em uma teoria das gerações, contudo, foi o jurista francês de origem checa Karel 
Vasak, em uma Conferência proferida no Instituto Internacional de Direitos Humanos de Estrasburgo, na 
França, em 1979, tendo nesta oportunidade classificado os direitos humanos em três gerações11. 
Vale destacar, também, que o vocábulo “geração” não está isento de críticas. Para muitos, é um 
termo que remete à ideia de superação, significando que uma nova “geração” sucede a outra, tornando-a 
ultrapassada, o que, sabemos, não ocorre. Em verdade, a sucessão de “gerações” deve ser vista como uma 
evolução que amplia o catálogo de direitos fundamentais da anterior, sendo possível, inclusive, modificar o 
modo de interpretá-los. Desta forma, não podemos falar em sedimentação de direitos por “geração”, 
tampouco em substituição da “geração” antecedente pela posterior. 
Outra questão: em que pese a crítica ao termo “geração” e a proposta de uma nova palavra que a 
substitua – a saber, “dimensão” –, o vocábulo “geração” segue sendo largamente utilizado, não só pela 
 
10. BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 15ª ed. São Paulo: Malheiros, 2004, p. 563. 
11. RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 55. 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
27 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
doutrina, como também pelas bancas examinadoras de concurso. 
No mais, não existe consenso sobre o número de gerações/dimensões. A classificação mais 
tradicional afirma a existência de três gerações de direitos fundamentais, existindo outras classificações 
que reconhecem até seis gerações. Aqui, vamos estudar apenas as mais conhecidas e que são as mais 
prováveis de serem cobradas em sua prova. Aliás, acerca delas, preceituam os constitucionalistas 
pátrios12 que podem ser organizadas temporalmente a partir do revolucionário lema do século XVIII: 
“liberdade, igualdade e fraternidade”. 
Comecemos com os direitos de primeira geração/dimensão. São os que consagram os direitos 
civis e políticos clássicos, essencialmente ligados ao valor liberdade. Esses direitos nasceram das 
conquistas obtidas pelas Revoluções Liberais que marcaram o século XVIII e contestaram a tirania dos 
governos absolutistas da época. 
Seus principais marcos históricos são a independência dos Estados Unidos, e criação de sua 
Constituição (em 1787), e a Revolução Francesa, iniciada em 1789 e que resultou na Declaração dos 
Direitos do Homem e do Cidadão. 
Para que possamos melhor compreender o momento histórico que originou os direitos de 
primeira dimensão, precisamos recordar alguns detalhes importantes a respeito do absolutismo. Em 
Estados absolutistas, o comando era inteiramente centralizado na figura do rei que, por ser o 
representante de Deus na terra, tinha o direito divino de governar de acordo com a sua livre vontade, 
pois esta seria a vontade da entidade divina. O exercício desse poder, portanto, era ilimitado e, por 
óbvio, não se submetia a qualquer regramento ou lei. E foi justamente como uma tentativa de impor 
restrições ao poder absoluto do Estado – que se revelava muitas vezes opressor – que as Revoluções 
Liberais eclodiram. 
Os revolucionários (que eram em sua maioria burgueses) pretendiam principalmente impedir a 
interferência estatal ilegítima na vida dos indivíduos. Essa demanda deu origem aos direitos de primeira 
geração que estabeleceram o dever de abstenção (de “não fazer”; de “não agir”) do Estado em favor 
das liberdades públicas, impondo limites à intromissão dos governantes na vida dos governados. Por 
isso é comum que se diga que tais direitos têm natureza negativa. 
Vale lembrar, ainda, que esse momento histórico revolucionário marcou também a conquista de 
direitos políticos, viabilizando a participação ativa dos cidadãos na vida do Estado. 
 
12. BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 15ª ed. São Paulo: Malheiros, 2004, p. 562. 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
28 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
Alguns exemplos de direitos que foram consagrados nessa época são o direito à vida, à liberdade, 
à propriedade, à liberdade de expressão, à liberdade de religião, à participação política, dentre outros. 
Em resumo, vamos organizar quais seriam os principais pontos a serem lembrados a respeito dos 
direitos de primeira geração/dimensão: 
1) Nasceram no contexto histórico das Revoluções Liberais do século XVIII; 
2) São direitos que visavam impor restrições ao poder absoluto do Estado; 
3) São direitos civis (ligados ao valor liberdade) e políticos (que viabilizaram a participação das pessoas 
na vida política do Estado); 
4) Tais direitos são marcadamente de caráter negativo, pois impõem um dever de abstenção do Estado, 
impedindo a intromissão indevida na vida dos indivíduos. 
Sigamos agora com a nossa conversa avançando para os detalhes a respeito das circunstâncias 
históricas que deram origem à segunda geração/dimensão de direitos. 
A primeira informação que você deve guardar a respeito dela é que esse movimento deu origem 
aos chamados direitos de igualdade, representados pelos direitos sociais, econômicos e culturais. Aqui, 
ao contrário da primeira geração, não se buscava o afastamento do Estado da vida das pessoas, mas a 
sua atuação positiva para redução das desigualdades sociais que se acentuaram muito no século XIX – 
em razão principalmente da Revolução Industrial que promoveu profundas mudanças econômicas no 
sistema de produção e submeteu as pessoas a péssimas condições de trabalho e remuneração. 
Isto ocorreu porque as políticas de não-intervenção do Estado liberal, instituído pelas Revoluções 
do século XVIII estudadas anteriormente, fez com que este assumisse uma postura passiva em relação 
às práticas brutais e desumanas de exploração do trabalho. Os abusos da industrialização envolviam 
jornadas de trabalho extenuantes em ambientes insalubres que expunham as pessoas a inúmeros riscos 
de acidentes, sem falar dos salários miseráveis e da exploração generalizada do trabalho infantil. 
Foram essas circunstâncias que geraram movimentos das classes de operárias que exigiam condições 
melhores que garantissem um mínimo de dignidade para o trabalhador. 
Perceba, futuro servidorpúblico, que as Revoluções Liberais que deram origem aos direitos de 
primeira geração tiveram como atores principais os burgueses que estavam descontentes com o Estado 
absolutista que limitavam sua liberdade de forma despropositada. Por outro lado, nos movimentos da 
segunda geração de direitos, estamos em um contexto no qual os burgueses são os donos das 
indústrias e os atores centrais das reivindicações são os trabalhadores que se insurgem exigindo do 
Estado uma atuação positiva para melhorar suas condições de vida. 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
29 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
Assim, devemos lembrar que os direitos de segunda dimensão visam alcançar a igualdade 
(material) entre os homens, sendo chamados também de "direitos do bem-estar". Eles exigem do 
Estado uma atuação positiva (um fazer; um agir), pois sua implementação depende de políticas 
públicas estatais. Alguns direitos básicos que foram conquistados nesse período são: saúde, educação, 
trabalho, habitação, previdência e assistência social. 
Um outro importante detalhe que devemos guardar é que as primeiras Constituições que previram 
tais direitos foram a Constituição mexicana de 1917 e a Constituição alemã de 1919 (a Constituição de 
Weimar). No direito brasileiro, a primeira Constituição a prever direitos sociais foi a de 1934. 
Para finalizar essa geração, vamos agora destacar os principais pontos a respeito dos direitos de 
segunda geração/dimensão, fazendo novamente um breve resumo: 
1) Nasceram no contexto histórico das Revolução Industrial do século XIX; 
2) Exigiam a atuação (um fazer) do Estado para melhorar as condições das classes menos favorecidas; 
3) Instituíram direitos sociais (ligados ao valor igualdade); 
4) Tais direitos são de caráter positivo, pois impõem um dever de atuação do Estado para garantir 
direitos básicos e as condições mínimas de igualdade para todos. 
Avançando, vejamos as características referentes à terceira geração. É neste momento que 
nascem os direitos de fraternidade ou solidariedade, em respostas às guerras ocorridas ao longo do 
século XX e as atrocidades cometidas pelos regimes totalitários nazista e fascista. 
Essa geração engloba, entre outros, os direitos ao desenvolvimento, ao progresso, ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado, à autodeterminação dos povos, à propriedade sobre o 
patrimônio comum da humanidade, à qualidade de vida, os direitos do consumidor, da infância e 
juventude e o direito de comunicação. Complementando, vejamos o que diz o professor Marcelo 
Novelino sobre o tema: 
O surgimento de direitos ligados à fraternidade (ou solidariedade) teve como causa a constatação 
da necessidade de atenuar as diferenças entre as nações desenvolvidas e subdesenvolvidas, por 
meio da colaboração de países ricos com os países pobres. Dentre os direitos integrantes desta 
dimensão, Paulo BONAVIDES destaca os relacionados ao desenvolvimento (ou progresso), ao meio 
ambiente, à autodeterminação dos povos, bem como o direito de propriedade sobre o patrimônio 
comum da humanidade e o direito de comunicação. Trata-se de um rol apenas exemplificativo, por 
não excluir outros direitos decorrentes do dever de solidariedade. 
O momento histórico que marcou o surgimento de tais direitos é o fim da Segunda Grande Guerra 
Mundial, ocasião em que foi realizada uma reflexão a respeito do triste saldo dos conflitos e verificou-se 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
30 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
uma profunda preocupação com as futuras gerações, o que revelou a necessidade de afirmar uma visão 
fraternal e solidária da humanidade. Perceba que esta terceira geração de direitos, portanto, não se 
destina à proteção de interesses de indivíduos ou de um determinado grupo da sociedade, pois é aqui 
que nasce a ideia de direitos difusos (ou metaindividuais), os quais não pertencem a uma pessoa 
determinada, mas a toda a coletividade – um ótimo exemplo é o direito ao meio ambiente equilibrado. 
Os principais pontos da terceira geração/dimensão, em resumo, são os seguintes: 
1) Nasceram no contexto histórico do pós-Segunda Guerra Mundial (segunda metade do século XX); 
2) Resultaram da reflexão da comunidade internacional a respeito do saldo lamentável dos conflitos do 
século XX e da necessidade de proteger as gerações futuras; 
3) Instituíram direitos difusos ou metaindividuais (ligados ao valor fraternidade ou solidariedade); 
4) Tais direitos não são titularizados por uma pessoa ou um grupo de pessoas determinado, mas por 
toda a coletividade. 
Pois bem. Considerando que já conhecemos as três mais importantes dimensões ou gerações de 
direitos, vamos visitar, a seguir, os direitos de quarta e quinta geração – que são reconhecidas por 
apenas alguns autores. 
A quarta geração/dimensão é representada pelos direitos à democracia, à informação e ao 
pluralismo, resultado da globalização política. Esse grupo de direitos abarca também os referentes à 
biotecnologia, à bioética e à regularização da engenharia genética, sendo fruto dos avanços 
tecnológicos e da globalização da informação. Um bom exemplo que envolve os direitos dessa quarta 
dimensão são as discussões e polêmicas envolvendo a utilização de células tronco-embrionárias para 
fins terapêuticos. 
Por fim, a quinta geração/dimensão, cuja existência é reconhecida apenas por alguns teóricos, 
abarca o direito à paz13, necessário à boa convivência humana e para a própria conservação da nossa 
espécie. Paulo Bonavides é um importante nome da doutrina nacional que tem defendido a existência 
dessa dimensão de direitos. Segundo ele, a paz é um direito fundamental de quinta geração que 
legitima o estabelecimento da ordem, da liberdade e do bem comum na convivência dos povos. Em 
suma ele reserva ao direito à paz o papel central de supremo direito da humanidade e entende que tal 
direito, dada a sua relevância, não pode ficar alocado na 3ª geração com tantos outros, sendo 
merecedor de uma dimensão própria, que dê a ele seu merecido destaque. 
 
13. Vale destacar que, para a doutrina tradicional, que somente reconhece três gerações de direitos, o direito à paz encontra-
se na 3ª geração. 
nicolas kurz - 01560520086
Prof. Nathalia Masson 
 Aula 01 
 
31 de 82| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Direito Constitucional – Polícia Federal 
O esquema posto abaixo, vai lhe ajudar a fixar as informações essenciais que foram transmitidas 
neste item acerca das principais gerações. Vamos conferir? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Com as gerações já apresentadas, podemos treinar o tema por meio de questões emblemáticas. 
Vamos conhecê-las! 
Questões para fixar 
[MPE-PR - 2011 - MPE-PR - Promotor de Justiça] A respeito dos direitos e garantias fundamentais, julgue o 
próximo item: 
De acordo com autorizada doutrina, os interesses transindividuais se inscrevem entre os direitos 
denominados de primeira geração. 
Comentário: 
Eis algo muito comum nas provas: o examinador apresentar um direito específico e trocar a geração 
correspondente. A assertiva é falsa, pois os direitos transindividuais (que ultrapassam o indivíduo e 
pertencem à coletividade), são direitos relacionados à solidariedade e podem ser classificados como 
integrantes da terceira geração, e não da primeira, como menciona a assertiva (os direitos da primeira, não 
custa relembrar, são os que consagram direitos civis e políticos clássicos, ligados ao valor liberdade). 
Gabarito: Errado 
[CESPE - 2014 - Câmara dos Deputados - Consultor Legislativo] Julgue a assertiva abaixo: 
Historicamente, os direitos fundamentais de primeira dimensão pressupõem dever de abstenção pelo 
Estado, ao contrário dos direitos fundamentais de segunda dimensão, que exigem, para sua concretização,

Outros materiais