Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Glomerulonefrite Difusa Aguda ou Síndrome Nefrítica Quadro clínico representado por: Início abrupto de edema (presente em 60-80% dos casos principalmente periorbitário matutino inicialmente, podendo evoluir para anasarca) Hipertensão (70% dos casos, em 10% dos casos pode evoluir para encefalopatia hiperestensiva) Hematúria (micro presente em 100% dos casos, macro presente em 50-60% dos casos, origina-se nos glomérulos comprometidos). Essa hematúria é de hemácias deformadas, fragmentadas e hipocrômicas porque as hemácias vão do interior dos glomérulos para o sistema tubular, passando por poros estreitos. Da mesma forma, o cilindro hemático, patognomônico de nefrite, se origina quando uma proteína secretada pela alça de Henle e é depositada nos túbulos tem hemácias aderidas a ela e forma partículas que moldam-se em cilindros. Ele precisa ser verificado na urina recém coletada, porque some. Oligúria ( menos de 50% dos casos, origina-se da diminuição da TFG – taxa de filtração glomerular) Proteinúria subnefrótica (menor que 3,5g em 24h no adulto) – até 2 cruzes normalmente, depois síndrome nefrótica (pode ser concomitante) Azotemia (retenção de uréia e creatinina) Cefaléia, mal estar, dor no flanco e febre Eliologias: Síndrome pós infecciosa S. pós-estreptococcica Bacteriana, viral, parasitária Causadas por doenças multissistêmicas Lúpus eritematoso sistêmico Púrpura de Henoch-Schonlen Primárias do glomérulo Doença de Berger Patogenia pode ser: Anticorpos de membrana antiglomerular: deixam a circulação e interagem com antígenos que estão presentes na membrana basal do glomérulo Depósto de complexo antígeno-anticorpo circulante: complexos antígeno-anticorpo do sangue ficam presos (mais comum) Essas duas situações convergem para : Ativação do plasminogênio e consumo do complemento Reação inflamatória com proliferação de células mesangiais, endoteliais e epiteliais + acúmulo e exsudação de PMN Lesão renal de intensidade variável por vários mecanismos: Ativação do complemento Infiltração celular Ativação de fatores de coagulação Produção de linfocinas Produção de radicais livres de O2 O processo inflamatório provoca a obliteração dos capilares Redução da TFG (queda do Kf) Oligúria Hipervolemia Mais catabólicos do metabolismo proteico HAS e EDEMA (insuficiência renal – creatinina, até 1,2 na criança, aumenta quando há lesão renal) Ruptura dos capilares glomerulares – hematúria, leucocitúria, cilindros hemáticos, proteinúria. A reação inflamatória é de causa limitada, mas é preciso evitar complicações – encefalopatia hipertensiva e insuficiência cardíaca. Aumento de uréia (normal até 40), que aumenta na insuficiência pré-renal (desidratação, hemorragias, perdas gastrointestinais, insuficiência cardíaca por baixo débito, uso excessivo de diuréticos e anti-hipertensivos) Pós-estreptocóccica (GNPE) Sexo masculino > sexo feminino (3/2) Infecções de pele Crostas/impetigo (ao contrário das bolhas de estafilococos) Cepa 49 mais comum Latência de 3-4 semanas Faringe Cepa 12 mais comum 1-2 semanas de latência (em média 10 dias) Pico de incidência aos 7 anos A partir dos 3 anos de idade – se acontece antes, paciente provavelmente é respirador bucal Diagnóstico laboratorial *importante* Densidade urinária aumentada Proteinúria: 1 ou 2 cruzes Hematúria variadas Leucocitúria (PNM) – nefrite, nefrose, inf. do trato urinário (baixa – cistite, alta – pielonefrite) Cilindros hialinos Cilindros leucocitários – pielonefrite Cilindros hemáticos – patognomônico de nefrite, mas some depois de um tempo. Pesquisa de Streptococcus Swabs de orofaringe e do impetigo – sem valor diagnóstico (A positividade de uma cultuta de orofaringe, nos pacientes sob suspeita, pode traduzir apenas um estado portador. Para documentar uma inf. esteptocócica de maneira adequada, deve-se sempre confirmar um ter um título elevado de anticorpos contra antígenos estreptocócicos). Sorologia ASO ou ASLO: considerado positivo de 200,250 ou 333 U Todd. Geralmente se elevam de 2-5 semanas após a infecção estreptocócica, decaindo ao longo de meses. Na pós impetigo se encontra frequentemente negativo. Anti-DNAse B: mais sensível para pós-impetigo Complemento Queda de C3 (normal 85-185) CH50 (normal 65-145) C1q, C4 (normal 24-58), C2 e C5 são normais C4 diminuído pode indicar lúpus Normalização até oitava semana Hemograma Anemia (hemodiluição/hemólise discreta) Leucocitose VHS aumentado Uréia e creatinina podem estar elevados Sódio normal ou levemente diminuídos. Potássio elevado RX de tórax: congestão pulmonar ou derrames, aumento da área cardíaca US: rins normais ou levemente aumentados, aumento da ecogenicidade cortical Diagnóstico diferencial GNDA pós infecciosa não estreptocócica SN por lesão mínima (?) Nefropatia por IgA (Doença de Berger) Causa mais frequente de hematúria glomerular Hematúria microscópica monossintomática Surtos precipitados por inf. viróticas ou bacterianas de VAS sem período latente Complemento sérico normal Cursa sem edema, HÁ ou alteração da função renal A longo prazo pode evoluir para proteinúria maciça e perda progressiva da função renal GN da púrpura de Henock Schönlein (vasculite) Exantema purpúrico no abdome, nádegas e MMII Sangramento intestinal Artralgia Complemento sérico normal Sem história estreptococcia anterior Nefríte Hereditária (p.ex.: Síndrome de Alport) Hematúria é o principa achado Complemento sérico normal Perda progressica da audição e da função renal História da doença renal grave na família GN secundária a LES Adolescentes, principalmente meninas Artralgias, erupção cutânea e febre prolongada Anemia e plaquetopenia Complemento persistentemente baixo (fração C4) Solicitar pesquica de Ac antinucleares Insuficiência Renal Aguda Litíase Tratamento Manuseio domiciliar (com assistência médica até normalizar sintomas e exames) – controle dietético e repouso (restrição de líquido). Indicações de internação: HAS de difícil controle Encefalopatia hipertensiva Insuficiência cardíaca IRA com azotemia importante, oligúria, hipercalemia ou acidose Tratamento: Antibiótico (limitar disseminação): A antibioticoterapia não previne nem influencia o andamento de uma GNPE, mas deve ser indicada em todos aqueles que se desenvolvem esta complicação, não para solucionar ou melhorar quadro agudo de glomerulite, mas apenas com o intuito de eliminar da orofaringe (ou pele), as cepas nefritogênicas do estreptococos, evitando uma possível reincidência futura. Penicilina benzatina <20 kg – 600 000 U >20 kg – 1 200 000 U Obs: macrolídeos em alérgicos Repouso – hipertensão e congestão circulatória Restrição hídrica (na fase aguda) – 20 ml/kg ou 400 ml/m2(SC)/dia, depois acrescentar volume correspondente a diurese no dia anterior Restrição de sódio e potássio – na fase de oligúria, edema e hipertensão Restrição protéica e de potássio – nos casos de insuficiência renal aguda oligúrica Edema e congestão circulatória significativos: Furosemida na dose de 1 a 2 mg/kg/dose de 6/6h (máx: 8mg/kg/dia) EV no início. Tratamento de hipertensão: Leve (p=95) Dieta, restrição e repouso. Sem melhora = furosemida VO Moderada (p>95) Internação, restrição hídrica e de sal, repouso e: Furosemida: 1 a 2mg/kg/dose EV ou IM + Nifedipina retard: 0,25 -5mg/kg/dia em 2 a 3x/dia; manutenção: 3mg/kg/dia VO ou Captopril: 0,3 - 5mg/kg/dia em 2 a 3x/dia ou Hidralazina: 0,1 a 0,2 mg/Kg/dose IM ou IV; manutenção: 0,25 a 1 mg/kg/dose VO Grave (>percentil 99) Acesso venoso e monitorar PA Risco de AVC/IAM/EAP Diazóxido: 1 a 3 mg/Kg , IV, até 150 mg rápido a seguir de 6/6horas Nifedipina de ação rápida: 0,1 a 0,2 mg/kg/dose Nitroprussiato: 0,5 a 10 μg/kg /min em UTI Labetalol: 0,5 a 3 mg/kg/hora Esmolol: 50 a 300μg / kg/ min Tratamento dialítico Edema agudo de pulmão Hipertensãorefratária Hipercalemia persistente Acidose com pH<7.3 com hipercalemia Uremia sintomática Biópsia renal Proteinúria maciça persistente Complemento baixo após 8 semana Hematúria macroscópica > 3 sem Hipertensão arterial > 3 sem Piora progressiva da função renal > 4 sem Sinais de doenças sistêmicas Microscopia por imunoflorescêscia (MI) – padrão granular de imunoglobulinas (IgG) e complemente realçando os contornos capilares. Microscopia eletrônica (ME) – corcovas (hump) eletrodensas devido a complexos imunes na membrana basal do glomérulo Síndrome nefrótica Nesse caso, não existe invasão glomerular por células inflamatórias (glomerulite), mas sim uma importante alteração da permeabilidade dos glomérulos, que passam a não ser mais capazes de reter as macromoléculas, especialmente as proteínas. Caracteriza-se por: Hipoalbuminemia Edema Gravitacional progressivo (ganho de peso) com tendência a anasarca Periorbitário (particularmente ao acordar) como primeiro sinal Do escroto, pernas e tornozelos Ascite Dispnéia em decorrência de derrames pleurais e distensão abdominal Hiperlipidemia Aumento da síntese hepática de lipoproteínas estimulado pela hipoalbuminemia Utilização e degradação defeituosa dos lipídeos Mobilização aumentada da gordura de depósito Síntese aumentada de colesterol Diminuição da atividade da lipase lipoprotéica LDL e VLDL Lipidúria Sedimento urinário passa a conter corpos graxos ovalados e cilindros graxos (gotículas de gordura) Proteinúria maciça OBS: Definições de proteinúria Proteinúria = > 4mg/m2/h Proteinúria maciça = superior a 3,5g/1,73m2/24h em adultos ou 50mg/kg/dia ou 40 mg/m2/h em crianças Remissão = < 4 mg/m2/h ou fita teste negativa por 3 dias consecutivos Reicidiva = > 40 mg/m2/h ou fita teste com traços carregados por 3 dias consecutivos Mecanismo de proteinúria: Perda das sialoproteínas da membrana basal glomerular (as sialoproteínas, que revestem todos os componentes do capilar glomerular, especialmente o endotélio, membrana basal e os podócitos e formam uma barreira às moléculas negativas) Alteração da carga elétrica da membrana capilar glomerular Barreira de carga atingida - Proteinúria seletiva, praticamente apenas à custa da albumina (que tem carga negativa e não consegue passar pela barreira de carga) – é o caso da SNLM Alteração do tamanho e número de poros Barreira de tamanho atingida – proteinúria não seletiva com perda proporcional de todas as macromoléculas proteicas do plasma (albumina, globulinas....) Hipoalbuminemia: apesar da queda dos níveis de albumina estimular a síntese hepática dessa proteína, não é suficiente para evitar que se desenvolva uma hipoalbuminemia acentuada, característica marcante. Provoca edema. Perda de antitrombina – hipercoagulabilidade (risco de trombose). Tendência a hipercoagulabilidade Também baixos níveis de plasminogênio e de proteínas envolvidas na fase inicial da coagulação e da fibrinólise Perda de imunoglobulinas – maior susceptibilidade a infecções. Maior perda urinária de IgG e de dois fatores do complemente (fator B e properdina) que predispõem a infecção por bactérias encapsuladas (streptococcus pneumoniae) Embora não façam parte da síndrome, as alterações do sedimento urinário do tipo hematúria microscópica, dismórfica e cilindros hemáticos podem ser detectados em algumas glomerulopatias nefróticas. Função renal geralemente preservada e não há oligúria Hipertensão arterial é um achado variável, dependendo do tipo de glomerulopatia, não fazendo também parte da síndrome. Alteração de humor (irritabilidade), diminuição do apetite e da atividade Dor abdominal e diarreia Tendência a hipovolemia na SNLM (SN de Lesão mínima) Ao contrário da síndrome nefrítica, que geralmente se inicia de modo abrupto, a síndrome nefrótica é muitas vezes insidiosa Epidemiologia Doença incomum Início entre os 2 e 6 anos Meninos 3 : 2 meninas Pode ser precedida por virose Ocorrência familiar – 2 a 8¢ História de alerdias/ imunizações prévias Pode ser secundáro a doenças sistêmicas como a PHS, vasculite, lúpus eritomatoso sistêmico, infecções, malária ou alérgenos. Há evidências que sugeram um distúrbio do sistema imune: Remissão com sarampo, corticoterapia e outras drogas citotóxicas Ocorrência em doença de Hodgkin Incidência de doença alérgica aumentada Diminuição dos níveis de imunoglobulinas Etiologia 90% idiopática: 85% Síndrome nefrótica com lesão mínima (SNLM) (90% responsíveis a corticóides) 5% SN proliferação mesangial (SPM) (maioria responde) 10% SN esclerose focal (SNEF)(80% irresponsíveis) 10% mediada por alguma forma de glomerulonefrite (mais difícil tto): GN membranoproliferativa (GNMP) (95% irresponsíveis) GN membranosa (GNM) (pobre resposta) GN proliferativa (GNP) e GN crônica (GNC) (irresponsíveis a quaisquer terapias) Em mais de 90% das crianças a proteinúria desaparece sob terapia com corticoesteroides e essas crianças não progridem com insuficiência renal, ao contrário de algumas 10% restantes que têm s. nefrótica resistente à esteróides. Diagnóstico laboratorial Urina Proteinúria (>50 mg/kg/dia ou > 1g/m2/dia) Índice proteinúria/creatinúria > 2 Leucocitúria Cilindrúria Gotículas de gordura Hematúria microscópica em 20% dos casos Sangue Albumina < ou = 2,5g% (hipoalbuminemia) Eletroforese de proteínas: aumento de alfa 2 globulina e diminuição de gamaglobulina Aumento do fibrinogênio Trombocitose Hiponatremia, hipocelemia e hipocalcemia Leucocitose Hiperlipidemia- hipercolesterolemia (>250mg/dL) e hipertrigliceridemia Diagnóstico diferencial (outras causas de edema) Doença hepática Insuficiência cardíaca Síndrome nefrítica Kwashiorkor Arlegia Complicações Infecção (septicemia, peritonite, celulite, pneumonia) S. peneumoniae, gram negativas e H. influenzae Pacientes em remissão: vacina pneumocócica polivalente ou antibiótico profilático (?) Insuficiência renal rara Insuficiência circulatória (choque) Fenômenos tromboembólicos Níveis plasmáticos de vit. D reduzidos Tromboembolismo/hipovolemia Tratamento Mobilização (minimizar estase venosa e diminuir o risco de trombose) Dieta hipossódica (1 a 2g/dia de sal) Ingestão hídrica livre (exceto em insuficiência renal) Não necessita aumentar ingestão protéica Hospitalização: edema grave, peritonite, celulite ou outra infecção grave Informação aos pais: Evolução Frequência de recidivas Prognóstico Importância das infecções Prednisona (corticoide imunossupressivo) – interrompido antes se houver remissão 60mg/m2/dia (máx de 60-80 mg/dia) todos os dias por 4, 6 ou 8 semanas. A seguir, o esquema deve ser mudado para 40mg/m2/dia em dias alternados por 2 ou 3 meses Seguir diminuindo 10 mg/semana até suspender Diuréticos (para tto do edema) Com cuidado (risco de hipovolemia) – furosemida: 1-5 mg/kg/dia Em edemas intensos: Hidroclorotiazida 3mg/kg/dia (túbulo distal) + furosemida (alça) Espirolactona (poupador de potássio) 1-3mg/kg/dia Diuréticos + albumina para edema intenso (anasarca) – albumina humana IV (0,5-1 g/kg/dia) em uma hora e furosemida 1-2mg/kg/dose a cada 30 min INFECÇÕES GRAVES Peritonite e sepse : S peneumonie e E coli – avaliar ceftriaxona Celulite: estafilococos – oxacilina ou cefalosporina de primeira geração Varicela (exposição e doença) – VZIG e aciclovir Tuberculose: PPD e avaliar quimioprofilaxia Metade dos pacientes que responderam aos corticoides com interrupção da proteinúria nunca mais desenvolverão a doena, ou então desenvolverão raros casos que voltarão a responder bem aos corticoides(desta segunda vez com remissão permanente). A outra metade desenvolverá uma forma reincedivante frequente (reincidivas com intervalos inferiores a 6 meses), podendo se tornar dependentes de corticoterapia. Nesses últimos, pode-se tentar a associaçãode corticoides aos imunossupressores (diminui os ECs dos corticoides porque abaixa-se a dose). Ciclofosfamida (2,5mg/kg/dia),por 8 a 12 semanas + corticóde em dias alternados EC: depressão M, cistite hemorrágica, azoospermia e infertilidade. Clorambucil (0,1 a 0,2 mg/kg/dia) por 8 a 12 semanas EC: toxicidade hematológica, fibrose pulmonar e toxicidade gonadal Em pacientes córtico-resistentes ou com recidivas frequentes, deve haver a supervisão de um nefrologista pediátrico, havendo outros tratamentos: Pulsoterapia Outros agentes alquilantes (ciclosporina A e tracolimus) Agentes imunomoduladores (levamisol) Indicações de biópsia renal: Início no primeiro ano de vida Hematúria macroscópica inicial, na ausência de infecção C3 baixo Insuficiência renal não atribuível a hipovolemia Criança > 10-12 anos Córtico-resistência Recidivas frequentes/córtico dependentes Prognóstico bom para córtico-sensíveis: 1/3 – episódio único 1/3 – recorrências frequentes 1/3- córtico-dependentes Dificilmente perdem a função renal Pior prognóstico para córtico-resistentes Geralmente portadores de GESF (glomeruloesclerose focal e segmentar) ?? Tendem a perda progressiva da função renal e ficam expostos à complicações da síndrome
Compartilhar