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CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA 05 – CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA / CRIMES CONTRA AS FINANÇAS / CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO E LEI DE LAVAGEM DE DINHEIRO Caros alunos, sejam bem vindos à nossa quinta aula!!! Hoje trataremos de temas interessantes e importantes para a sua PROVA. Começaremos a aula tratando dos delitos contra a administração da justiça e, assim, finalizaremos o tema crimes contra a Administração Pública (questão quase certa em sua PROVA). Posteriormente, analisaremos os crimes contra as Finanças Públicas os quais também estão definidos no Código Penal. Posteriormente, iremos fechar o Código e iniciar a análise dos crimes relativos ao sistema financeiro e, por fim, trataremos da lei de lavagem de dinheiro, abordando aquilo que é relevante para a sua PROVA. Vamos começar! Bons estudos!!! ************************************************************************** 5.1 DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA Futuro (a) Aprovado (a), a partir de agora passaremos a analisar os crimes contra a Administração da Justiça e, como você perceberá, é um tema bem amplo. Desta forma, abordarei aquilo que você precisa saber para sua PROVA sob a ótica do CESPE. Assim, concentre seus estudos ao que está sendo apresentado. Nesta reta final, como conversamos na aula demonstrativa, a objetividade será fundamental e, portanto, evite aprofundamentos desnecessários e divergências doutrinárias que em nada acrescentarão para sua PROVA. Vamos começar a adquirir conhecimento! CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 2 CRIME CONDUTA OBSERVAÇÕES REINGRESSO DE ESTRANGEIRO EXPULSO Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso. Trata-se de crime próprio, pois o tipo exige qualificação especial do sujeito ativo, qual seja, a de estrangeiro. O delito consuma-se no momento em que o estrangeiro expulso de nosso território, nele penetra. É admissível a tentativa. DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de invés- tigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade adminis- trativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente. Este delito não se confunde com a calúnia. Na calúnia o sujeito somente atribui falsamente ao sujeito passivo a prática de um fato descrito como delito. Na denunciação caluniosa ele, além de atribuir à vítima, falsamente, a prática de um delito, leva tal fato ao conhecimento da autoridade e, com isso dá causa a instauração de inquérito policial ou de ação penal. O delito se consuma com a instauração da investigação policial, o processo penal etc. A tentativa é admissível como, por exemplo, no caso em que a autoridade policial não leva a sério a falsa comunicação. TIPOS QUALIFICADO E PRIVILEGIADO: A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto. A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU DE CONTRAVENÇÃO Provocar a ação de autoridade, comunican- do-lhe a ocorrência de crime ou de contraven- ção que sabe não se ter verificado. Este delito não pode ser confundido com a denunciação caluniosa. Nesta, como vimos, o sujeito indica uma determinada pessoa como suposta autora. Diferentemente, na comunicação falsa, o indivíduo apenas noticia à autoridade um fato que não ocorreu, deixando de lhe apontar a autoria. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 3 Assim, para sua PROVA, pense: 1 - APONTOU AUTORIA Î DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA. 2 - SÓ COMUNICOU UM FATO Î COMUNICAÇÃO FALSA. Consuma-se o delito com a ação da autoridade e a tentativa é possível. AUTO-ACUSAÇÃO FALSA Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem. O objeto da auto-acusação deve ser crime. Se for contravenção, o fato será atípico. A conduta deve ocorrer perante autoridade (policial, judicial ou administrativa). Se ocorrer perante funcionário público, não há caracterização do delito A consumação ocorre quando a autoridade toma conhecimento da auto-acusação. A tentativa é possível na auto-acusação realizada por escrito. FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemu- nha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral. Trata-se de crime próprio, pois só pode ser cometido por testemunha, perito, contador, tradutor e intérprete. Há uma grande divergência doutrinária quanto à possibilidade da existência de concurso de pessoas nesta espécie de delito. A maioria da doutrina inclina-se pela impossibilidade de co- autoria e participação. Mas qual o entendimento do CESPE? Vamos conhecer: (CESPE / Analista - TRE-BA / 2010) Francisco, renomado advogado eleitoral, em audiência, induziu a testemunha José a fazer afirmação falsa em processo judicial, instruindo-o a prestar depoimento inverídico, com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em ação penal em curso. Com base nessa situação hipotética, julgue o CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 4 item que se segue: Segundo os tribunais superiores, não se admite a participação de Francisco no crime de falso testemunho, por se tratar de crime de mão própria, isto é, somente José pode ser seu sujeito ativo. GABARITO: ERRADA Assim, concluímos que, para o CESPE, admite- se a participação no crime de falso testemunho. O falso testemunho se consuma com o encerramento do depoimento e a tentativa é admissível (Ex: O depoimento, por qualquer circunstância, não se encerra). A falsa perícia se consuma com a entrega do laudo à autoridade. É admissível a tentativa. FIGURAS TÍPICAS AGRAVADAS: As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se: 1. O crime é praticado mediante suborno; 2. O crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal; 3. O crime ocorre em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta. RETRATAÇÃO: O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 5 CORRUPÇÃO ATIVA DE TESTEMUNHA, PERITO, CONTADOR, TRADUTOR OU INTÉRPRETE. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação. Consuma-se no momento em que o sujeito dá, oferece ou promete o objeto material, independentemente de qualquer resultado. A forma tentada só é admitida nos casos em que o sujeito emprega a forma escrita para dar, oferecer ou prometer a vantagem. Exemplo: Carta com a promessa é interceptada pela autoridade policial. FIGURA TÍPICA AGRAVADA: As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta COAÇÃO NO CURSODO PROCESSO Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autorida- de, parte, ou qualquer outra pessoa que funcio- na ou é chamada a inter- vir em processo judicial, policial ou administrati- vo, ou em juízo arbitral. Trata-se de crime de forma vinculada, ou seja, que só pode ser praticado mediante violência ou grave ameaça. O processo pode ser judicial, administrativo ou em curso em juízo arbitral. Também se inclui o inquérito policial. A consumação ocorre com o emprego da violência ou grave ameaça, não importando que o sujeito consiga o fim que objetiva. Admite-se a tentativa. EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite. Exige-se, para a caracterização do delito, a legitimidade da pretensão ou, ao menos, que o sujeito suponha legítima a sua pretensão com base em razões convincentes. Assim, se o dono de imóvel alugado invade a casa, a fim de obter, através de objetos do inquilino, o aluguel devido, teremos o exercício arbitrário das próprias razões e não o furto. O delito consuma-se com o emprego dos meios executórios para a satisfação da pretensão. É admissível a tentativa. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 6 AÇÃO PENAL: Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa, ou seja, a ação será privada. SUBTRAÇÃO OU DANO DE COISA PRÓPRIA EM PODER DE TERCEIRO Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa pró- pria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção. Trata-se de crime próprio que só pode ser cometido pelo proprietário do objeto material. Tem sua consumação no momento em que o sujeito subtrai, destrói, suprime, ou danifica o objeto material. Admite-se a tentativa. FRAUDE PROCESSUAL Inovar artificiosamente, na pendência de proces- so civil ou administrati- vo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito. Este delito também é denominado de “estelionato processual”. A diferença entre a fraude processual e o estelionato reside no fato de que neste (estelionato) a fraude objetiva permitir que o sujeito venha a obter vantagem ilícita em prejuízo alheio. Na fraude processual a intenção é enganar o Juiz ou Perito. Não havendo modificação no mundo externo, ou seja, não se inovando (alterando) um local (lugar), uma coisa (móvel ou imóvel) ou pessoa (fisicamente), sem transformar seu o estado original, real, não haverá crime. Neste sentido, vale transcrever o seguinte entendimento que versa sobre a inovação: “(...) inovar artificiosamente o estado de lugar, coisa ou pessoa, escreve Heleno Cláudio Fragoso, citando Manzini, significa provocar em lugar, coisa ou pessoa modificações materiais, extrínsecas ou intrínsecas, de forma a alterar o aspecto ou outra propriedade probatória que o lugar, coisa ou pessoa tinha precedentemente, e idôneas para induzir o juiz ou perito.” No mesmo sentido, importante se faz constar o entendimento abaixo: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 7 “Inova-se artificiosamente: o estado de lugar, quando, por exemplo, se abre um caminho, para inculcar uma servidão ‘itineris’; o estado de coisa, quando, ‘verbi gratia’, se eliminam os vestígios de sangue numa peça indiciária da autoria de um homicídio, ou se coloca um revólver junto a uma vítima de homicídio, para fazer crer em suicídio; o estado (físico) de pessoa, quando, ‘in exemplis’, se suprimem, mediante operação plástica, certos sinais característicos de um individuo procurado pela justiça’.” Cabe ressaltar que, se for a fraude tida como grosseira, constatável à primeira vista, não se configurará o crime, pois o artigo 347 do CP trás em sua redação a palavra “artificiosamente” o que integra seu tipo. Por iguais razões, não incorrerá no crime aqui tratado o agente que, mesmo intencionalmente, corta ou deixa crescer seus cabelos, extrai seu bigode, passa a usar óculos ou pratica qualquer ato similar com o intuito de não ser reconhecido onde, portanto, tais condutas não configuram o tipo penal, ou seja, a inovação artificiosa. Quanto à consumação, apesar de haver divergências, para a sua PROVA entenda que ocorre com a inovação, não sendo necessário que o sujeito engane o Juiz ou Perito. A tentativa é admissível. FAVORECIMENTO PESSOAL Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pú- blica autor de crime a que é cominada pena de reclusão. Distingue-se a conduta do agente que presta auxílio ao criminoso daquele que exerce a co- autoria ou participação no crime. No crime aqui tratado o agente presta auxílio desempenhando qualquer ação que vise a subtração do criminoso à ação da autoridade. É indispensável, para a existência do crime, que o auxílio não tenha sido prestado ou prometido antes ou durante o crime precedente, pois, de outro modo, o que haveria a reconhecer, como é claro, seria a co-participação. As ações mais comuns que levam o agente a incorrer no crime de favorecimento pessoal são, entre outras, ocultar o criminoso dando-lhe abrigo CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 8 (esconderijo); auxiliá-lo a disfarçar-se, fornecer- lhe transporte para evasão. Em relação às condutas que levam o agente a incorrer no crime, cabe transcrever o seguinte entendimento jurisprudencial: “O favorecimento pessoal pode ser praticado por qualquer meio, desde que traduza uma ação positiva e direta, com referência ao escopo pretendido, podendo ser considerado como modalidade de auxilio o fato de subtrair o criminoso às diligências realizadas pela autoridade para encontrá-lo.” O sujeito ativo do crime poderá ser qualquer pessoa, excetuado o co-autor do delito precedente, ainda que sua participação no crime se tenha limitado à promessa de auxiliar, após a prática criminosa. A consumação opera-se no momento da prestação do auxílio que subtraiu o criminoso à autoridade. É admissível a tentativa. FIGURA TÍPICA PRIVILEGIADA: Quando imposta abstratamente ao crime antecedente pena de detenção. ESCUSA ABSOLUTÓRIA: Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. FAVORECIMENTO REAL Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tor- nar seguro o proveito do crime. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de FAVORECIMENTO REAL X PESSOAL: No real o agente objetiva tornar seguro o proveito do delito. Diferentemente, no pessoal, visa tornar seguro o autor do crime antecedente. Por “proveito do crime” devemos entender qualquer vantagem, material ou imaterial. A título de exemplo podemos citar como vantagem material a posse do objeto furtado anteriormente, e imaterial o valor pago pela CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 9 aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisio- nal. pratica, ou seja, a coisa (dinheiro) que veio a substituir o objeto do material do crime. FAVORECIMENTO REAL X RECEPTAÇÃO: Na receptação o proveito deve ser econômico enquanto no favorecimento real pode ser econômico ou moral. Na receptação o agente age em proveito próprioou de terceiro, que não o autor da conduta anterior. No favorecimento real age, exclusivamente, em favor do autor do crime antecedente. No favorecimento real a ação do sujeito visa ao autor do crime antecedente enquanto na receptação a conduta recai no objeto material do delito anterior. O crime de favorecimento real não comporta a modalidade culposa, pois o agente uma vez exprimindo sua vontade em auxiliar o autor de crime, sabedor se tratar da ilicitude do objeto, exerce vontade consciente, dolosa. Consuma-se com a prestação do auxílio e a tentativa é admissível. EXERCÍCIO ARBITRÁRIO OU ABUSO DE PODER Art. 350 - Ordenar ou executar medida privati- va de liberdade individu- al, sem as formalidades legais ou com abuso de poder. Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcionário que: I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a estabelecimento destinado a execução de pena privativa de liberdade ou de medida de segurança; II - prolonga a execução de pena ou de medida de Há divergências quanto à revogação do art. 350 do CP pela lei de abuso de autoridade. O entendimento majoritário é o de que não houve revogação total, mas apenas do inciso III do citado dispositivo. De qualquer forma, devido a estas divergências, dificilmente este delito aparece em PROVAS do CESPE e, para você, basta uma noção geral das condutas descritas nos incisos I, II e IV. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 10 segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de executar imediatamente a ordem de liberdade; III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência. FUGA DE PESSOA PRESA OU SUBMETIDA À MEDIDA DE SEGURANÇA Promover ou facilitar a fuga de pessoa legal- mente presa ou submeti- da a medida de seguran- ça detentiva. Para a caracterização do delito é necessário que a pessoa esteja legalmente presa ou submetida a medida de segurança. Caso a prisão ou medida de segurança seja ilegal, não haverá o delito por atipicidade do fato. TIPOS QUALIFICADOS: Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão, de dois a seis anos. A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso ou o internado. FORMA CULPOSA No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três meses a um ano, ou multa. A consumação ocorre no momento da fuga e a tentativa, salvo na modalidade culposa, é admissível. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 11 EVASÃO MEDIANTE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa. Trata-se de crime próprio, pois só pode ser cometido por preso ou indivíduo submetido à medida de segurança. A consumação ocorre com o emprego da violência física contra a pessoa. Observe que a tentativa é admissível, mas, como é tratada no próprio tipo penal (“tentar evadir-se”), tem a mesma pena da forma consumada. ARREBATAMENTO DE PRESO Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de quem o tenha sob custódia ou guarda. Este crime praticamente não aparece nas provas do CESPE. Consuma-se com o arrebatamento do preso e a tentativa é admissível. Obs.: Arrebatar significa tirar, arrancar, tomar. MOTIM DE PRESOS Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou disciplina da prisão. Este crime, assim como o anterior, também não vem sendo muito exigido em provas do CESPE. Trata-se de crime próprio que só pode ser cometido por presos. Atinge sua consumação com a efetiva perturbação da ordem ou disciplina e admite-se a forma tentada. PATROCÍNIO INFIEL Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado. Trata-se de crime próprio que só pode ser praticado por advogado regularmente inscrito na OAB ou por estagiário de advocacia nos termos do art. 3º do Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil. Consuma-se com a produção do prejuízo e é admissível a tentativa na forma comissiva. PATROCÍNIO SIMULTÂNEO OU TERGIVERSAÇÃO Incorre na pena deste artigo o advogado ou procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. Trata-se de crime praticado por advogado ou procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. O sujeito ativo só pode ser o advogado, regularmente inscrito na OAB ou procurador CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 12 judicial (estagiário ou provisionado inscrito na Ordem). A disposição não inclui os membros do Ministério Público e os Procuradores do Estado. O tipo penal prevê duas condutas: 1. Patrocínio simultâneo; e 2. Patrocínio sucessivo das partes contrárias (tergiversação). No primeiro caso, o advogado, ao mesmo tempo, defende interesses, na mesma causa, de partes contrárias. Não é necessário que seja no mesmo processo, uma vez que a figura penal fala “na mesma causa”, pois uma causa pode ter mais de um processo. Na segunda hipótese, o advogado, após defender um litigante, passa a defender o outro. As parte contrárias são as pessoas com interesses diversos na mesma causa (pessoas físicas ou jurídicas, autor, réu, ofendido etc.), não sendo suficiente que haja colisão de interesses, pois é necessário que as partes sejam contrárias. Como “mesma causa” deve-se entender a mesma pretensão jurídica, ainda que ela se estenda em processos diversos, como, por exemplo, a cobrança de alimentos por períodos sucessivos. A consumação ocorre com a efetiva prática de ato processual no interesse simultâneo de partes contrárias. O consentimento exclui a ilicitude da conduta. É admissível a tentativa na modalidade de defesa simultânea, mas não na de patrocínio sucessivo. Exemplo: Em uma separação consensual, no qual o advogado defende interesses de ambos os CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 13 cônjuges há inexistência de crime, podendo os cônjuges contratar o mesmo advogado, pois inexistem partes contrárias. Em uma separação litigiosa, o advogado que defende ambos os cônjuges pratica o crime de patrocínio simultâneo. SONEGAÇÃO DE PAPEL OU OBJETO DE VALOR PROBATÓRIO Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou procurador Este crime quase não é encontrado em provas do CESPE e, para sua PROVA, basta o conhecimento da conduta típica. EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretex- to de influir em juiz, jurado, órgão do Ministé- rio Público, funcionário de justiça, perito, tradu- tor, intérprete ou teste- munha. Trata-se de delito bem parecido com o tráfico de influência que analisamos na aula passada. A diferença reside no fato de que aqui a lei expressamente cita as pessoas que servem à justiça (em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor,intérprete ou testemunha). O rol é taxativo. A consumação ocorre com a solicitação ou recebimento e a tentativa é admissível no caso de solicitação por escrito e no recebimento. TIPO QUALIFICADO: As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas no dispositivo legal. VIOLÊNCIA OU FRAUDE EM ARREMATAÇÃO JUDICIAL Impedir, perturbar ou fraudar arrematação Judicial; afastar ou procurar afastar concor- rente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou ofere- cimento de vantagem. Este crime quase não é encontrado em provas do CESPE e, para sua PROVA, basta o conhecimento da conduta típica. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 14 DESOBEDIÊNCIA A DECISÃO JUDICIAL SOBRE PERDA OU SUSPENSÃO DE DIREITO Exercer função, ativida- de, direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial Trata-se de crime próprio, pois só pode ser cometido por quem foi suspenso ou privado por decisão judicial, de exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus. Consuma-se o delito no momento em que o sujeito desobedece a decisão judicial e passa a exercer atividade, direito, função etc. Admite-se a tentativa. 5.2 DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS Os crimes contra as Finanças Públicas foram introduzidos no Ordenamento Jurídico Penal brasileiro através da Lei n° 10.028, de 19 de outubro de 2000, ao acrescentar os art. 359-A a 359-H (Título XI, Capítulo IV) no Código Penal. As condutas típicas definidas no CP são: 1. Aumento de despesa total com pessoal no último ano do mandato ou legislatura; e 2. Oferta pública ou colocação de títulos no mercado. 3. Prestação de garantia graciosa; 4. Assunção de obrigação no último ano de mandato ou legislatura 5. Não cancelamento de restos a pagar; 6. Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar; 7. Contratação de operação de crédito 8. Ordenação de despesa não autorizada; Para efeito de PROVA é necessário ao menos um conhecimento básico da nomenclatura das tipificações que compõe os crimes contra as finanças e muitas vezes a tentativa de “decorar” é um incentivo “AO PÂNICO” dos concurseiros. Exatamente por isso, a fim de facilitar o aprendizado, basta que você tenha conhecimento desta expressão: “AO PANICO”, CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 15 pois, conforme você pode observar acima ela contêm a primeira letra dos delitos que você precisa saber que compõe o grupo dos crime contra as finanças. São crimes de ação penal incondicionada e também crimes próprios por exigir qualidade especial do sujeito ativo (agente público). A descrição desses crimes no Código Penal representa uma forma de dar efetividade à Lei Complementar número 101/00, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal. Vamos, agora, começar a analisar os tipos penais: 5.2.1 CONTRATAÇÃO DE OPERAÇÃO DE CRÉDITO O delito encontra previsão no Código Penal nos seguintes termos: Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, interno ou externo, sem prévia autorização legislativa: Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. A título de conhecimento, operação de crédito, nos termos do art. 29, III da LC 101/00 é: “compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros”. A operação de crédito será interna quando tiver como contraparte instituição financeira, órgão ou entidade nacional e externa se for contratada com organismo internacional. A autorização legislativa mencionada no dispositivo consiste em autorização específica do Poder Legislativo para a realização da operação. Portanto, visa o dispositivo punir o desrespeito à exigência legal de autorização legislativa por parte dos agentes responsáveis pelos atos de gestão financeira. 5.2.1.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 16 1. SUJEITO ATIVO: É crime próprio, só podendo cometer o delito aquele que possui competência par autorizar/ordenar a contratação de operação de crédito. 2. SUJEITO PASSIVO: União / Estados / Municípios / Distrito Federal. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Ordenar Î Ex: Tício manda Mévio realizar determinada operação de crédito. • Autorizar Î Ex: Tício permite que Mévio realiza operação de crédito. Perceba que aqui o agente não tem a iniciativa da contratação do crédito, mas lhe concede validade. • Realizar Î Ex: Tício resolve esquecer o Mévio e colocar a “mão na massa”, ou seja, ele próprio realiza a operação. 2. SUBJETIVO: • Dolo; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. Trata-se de crime de MERA CONDUTA, consumando-se com a ordem, autorização ou realização da operação de crédito 2. É admissível a tentativa somente na modalidade “realizar”. Quanto aos verbos “ordenar” e “autorizar”, como é impossível fracionar a conduta, impossível a tentativa. • FORMAS SECUNDÁRIAS Nos termos do parágrafo único do art. 359-A, incorre na mesma pena quem ordena, autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou externo: 1. Com inobservância de limite, condição ou montante estabelecido em lei ou em resolução do Senado Federal; e CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 17 CONHECER PARA ENTENDER!!! O conceito de Restos a Pagar esta ligado aos Estágios da Despesa Pública, representados pelo Empenho, Liquidação e Pagamento. O Empenho é o primeiro estágio da despesa pública e de onde se origina o processo de Restos a Pagar. Portanto, sendo emitido o empenho, fica o Estado obrigado ao desembolso financeiro, desde que o fornecedor do material ou prestador dos serviços atenda a todos os requisitos legais de autorização ou habilitação de pagamento. A Liquidação é o segundo estágio da despesa pública e consiste na verificação do direito adquirido pelo credor, tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito. O Pagamento é o terceiro estágio da despesa e resulta na extinção da obrigação. Quando o pagamento deixa de ser efetuado no próprio exercício, procede-se, então, a inscrição em Restos a Pagar. 2. Quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o limite máximo autorizado por lei. 5.2.2 INSCRIÇÃO DE DESPESAS NÃO EMPENHADAS EM RESTOS A PAGAR A descrição típica encontra-se no art. 359-B que define: Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar, de despesa que não tenha sido previamente empenhada ou que exceda limite estabelecido em lei: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. O AGENTE, EMBORA TENHA AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA PARA A CONTRATAÇÃO DE CRÉDITO, VAI ALÉM DOS LIMITES PERMITIDOS. O AGENTE, ATRAVÉS DA CONTRATAÇÃO DA OPERAÇÃO DE CRÉDITO, DESRESPEITA O LIMITE MÁXIMO DO MONTANTE AUTORIZADO. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 18 O que visa garantir o Código Penal é que a inscrição em restos a pagar respeite os limites estabelecidos em lei e que sempre haja prévio empenho. 5.2.2.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crimepróprio só podendo ser cometido por quem é competente para assumir obrigação de despesa, incluindo-a em restos a pagar 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Ordenar; e • Autorizar. 2. SUBJETIVO: • Dolo; 3. NORMATIVO: • Está na expressão “que exceda o limite legal estabelecido em lei”. • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. É delito de mera conduta, consumando-se com a vigência da ordem ou autorização para inscrição de despesa em restos a pagar. 2. Não é admissível a figura tentada. • Inscrição em restos a pagar de despesa não empenhada. • Inscrição de despesa acima do limite legal. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 19 5.2.3 ASSUNÇÃO DE OBRIGAÇÃO NO ÚLTIMO ANO DO MANDATO OU LEGISLATURA Caro(a) aluno(a), imagine que você recebeu um cartão de crédito com limite de R$100,000,00. Todo mês você realiza compras e paga a sua fatura. Ocorre que em determinado dia você fica sabendo que a partir do mês que vem um outro indivíduo vai ser responsável pelo pagamento de tudo que você gastar... Agora, me responda, sinceramente, você vai economizar ao máximo ou vai “fazer a festa (dos lojistas do shopping)”? Caso você tenha respondido a segunda opção, fazendo uma analogia, é exatamente para evitar esse tipo de situação, que ocorria constantemente na sucessão de cargos políticos, que o legislador penal achou por bem tipificar a seguinte conduta: Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Esse dispositivo visa impedir atos de gestores do dinheiro público que resultem em prejuízo para seus sucessores e para a regularidade da gestão fiscal do Estado. 5.2.3.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime próprio só podendo ser cometido pelo titular do mandato. 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 20 • Ordenar; e • Autorizar. 2. SUBJETIVO: • Dolo; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. É delito de mera conduta, consumando-se com a ordem ou autorização de indevida assunção de obrigação. 2. Não é admissível a figura tentada. A assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa. JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ DOIS ÚLTIMOS QUADRIMESTRES ÉÉ IIMMPPOORRTTAANNTTEE PPEERRCCEEBBEERR QQUUEE PPAARRAA AA CCAARRAACCTTEERRIIZZAAÇÇÃÃOO DDOO CCRRIIMMEE DDEEVVEE SSEERR VVEERRIIFFIICCAADDAA AA DDAATTAA DDAA AASSSSUUNNÇÇÃÃOO DDAA OOBBRRIIGGAAÇÇÃÃOO EE NNÃÃOO AA DDOO AATTOO AADDMMIINNIISSTTRRAATTIIVVOO DDEE OORRDDEEMM OOUU AAUUTTOORRIIZZAAÇÇÃÃOO.. AASSSSIIMM,, SSEE TTÍÍCCIIOO,, PPRREESSIIDDEENNTTEE,, EEMMIITTEE UUMM AATTOO AADDMMIINNIISSTTRRAATTIIVVOO DDOOIISS AANNOOSS AANNTTEESS DDOO TTÉÉRRMMIINNOO DDOO MMAANNDDAATTOO,, AASSSSUUMMIINNDDOO UUMMAA OOBBRRIIGGAAÇÇÃÃOO PPAARRAA OO ÚÚLLTTIIMMOO QQUUAADDRRIIMMEESSTTRREE DDEE SSUUAA PPEERRMMAANNÊÊNNCCIIAA,, OO DDEELLIITTOO EESSTTAARRÁÁ CCAARRAACCTTEERRIIZZAADDOO.. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 21 5.2.4 ORDENAÇÃO DE DESPESA NÃO AUTORIZADA Para disciplinar a gestão financeira no tocante à criação de despesas, é necessário a existência de lei orçamentária. Caso o gestor ordene despesa sem previsão legal estará cometendo o crime de ordenação de despesa não autorizada. O delito encontra-se tipificado no art. 359-D do Código Penal nos seguintes termos: Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 5.2.4.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime próprio só podendo ser cometido por quem possui competência para ordenar despesas. 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Ordenar (despesa não autorizada por lei) 2. SUBJETIVO: • Dolo; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. É delito de mera conduta, consumando-se a emissão do ato administrativo de ordem. 2. Não é admissível a figura tentada. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 22 5.2.5 PRESTAÇÃO DE GARANTIA GRACIOSA O delito encontra-se tipificado no art. 359-E do Código Penal nos seguintes termos: Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito sem que tenha sido constituída contragarantia em valor igual ou superior ao valor da garantia prestada, na forma da lei Segundo a lei de responsabilidade fiscal a garantia estará condicionada ao oferecimento de contragarantia, em valor igual ou superior ao da garantia a ser concedida, e à adimplência da entidade que a pleitear relativamente a suas obrigações junto ao garantidor e às entidades por este controladas. Traduzindo isto tudo que foi dito, ou seja, deixando claro para sua PROVA, o que você precisa saber é que a lei veda as ações “gentis” (graciosas) dos gestores na hora de prestar garantia em operação de crédito. O administrador público não pode confiar em uma suposta adimplência daqueles que contratam com o poder público devendo constituir contragarantia em valor igual ou superior ao da garanta prestada. 5.2.5.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime próprio só podendo ser cometido por quem possui competência para prestar garantia em operação de crédito. 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Prestar (garantia em operação de crédito, sem contragarantia em valor igual ou superior.) 2. SUBJETIVO: • Dolo; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 23 1. É delito de mera conduta, consumando-se quando o agente concede a garantia sem constituir a contragarantia exigida por lei. 2. Não é admissível a figura tentada. 5.2.6 NÃO CANCELAMENTO DE RESTOS A PAGAR Como já vimos, os Restos a Pagar são as despesas que foram empenhadas e não foram pagas até o fim do exercício financeiro, ou seja, 31 de dezembro do ano em curso. Dentre estes empenhos distinguem-se os empenhos de despesa já liquidada e despesa não liquidada. As despesas liquidadas são aquelas onde o implemento de condição da constituição de obrigação de pagamento já se cumpriu, enquanto que as não liquidas, ainda pedem deste mesmo implemento de condição. Todos aqueles restos a pagar que tiverem origem em despesas assumidas pelo gestor do mandato anterior, nos últimos dois quadrimestres e que não tinham provisionamento de caixa em 01 de janeiro do exercício subseqüente, devem ser cancelados pelo atual gestor, sob pena de incorrer no crime tipificado no art. 359F: Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor superior ao permitido em lei: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos5.2.6.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime próprio só podendo ser cometido por quem possui competência para corrigir o desvio do montante de restos a pagar. 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Deixar de ordenar; • Deixar de autorizar; O cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor superior ao permitido em lei CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 24 • Deixar de promover 2. SUBJETIVO: • Dolo; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. É delito omissivo próprio e, portanto, atinge a consumação com a conduta negativa (omissiva) do agente. 2. Não é admissível a figura tentada. 5.2.7 AUMENTO DE DESPESA TOTAL COM PESSOAL NO ÚLTIMO ANO DO MANDATO OU LEGISLATURA Situação muito comum antigamente era a ocorrência de aumentos salariais ao término do mandato. O governante que estava deixando o cargo deixava todos felizes com o aumento, menos um...O novo governante que teria que suportar o encargo financeiro. Exatamente para evitar este tipo de situação, hoje, com base na Lei de Responsabilidade Fiscal, prevê o Código Penal: Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da legislatura: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Conforme leciona Damásio: “ Tutela-se, pois, a regularidade das contas públicas, no tocante à rotatividade dos gestores das finanças públicas, titulares de mandato.” 5.2.7.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime próprio só podendo ser cometido por titulares de mandato com competência para ampliar a despesa com pessoal. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 25 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Ordenar; • Autorizar; • Executar. 2. SUBJETIVO: • Dolo; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. É delito de mera conduta e consuma-se com o ato que ocasiona o aumento de despesa total com pessoal 2. Não é admissível a figura tentada nas modalidade “ordenar” e “autorizar”. Diferentemente, com relação ao verbo “executar”, é admitida a tentativa. 5.2.8 OFERTA PÚBLICA OU COLOCAÇÃO DE TÍTULOS NO MERCADO O delito encontra previsão no art. 359-H do Código Penal nos seguintes termos: Ato que acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da legislatura. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 26 Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pública ou a colocação no mercado financeiro de títulos da dívida pública sem que tenham sido criados por lei ou sem que estejam registrados em sistema centralizado de liquidação e de custódia: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Torna-se crime, portanto, a ação irregular de administradores na movimentação do mercado financeiro, por intermédio da emissão de títulos da dívida pública. 5.2.8.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime próprio só podendo ser cometido por agentes públicos responsáveis pela ordenação, autorização ou promoção das condutas descritas no tipo penal. 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Ordenar; • Autorizar; • Promover. 2. SUBJETIVO: • Dolo; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. No que diz respeito ao ato de ordenar e autorizar, trata-se de delito de mera conduta, consumando-se com o aperfeiçoamento do ato administrativo. A oferta pública ou a colocação no mercado financeiro de títulos da dívida pública sem que tenham sido criados por lei ou sem que estejam registrados em sistema centralizado de liquidação e de custódia. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 27 Com relação à modalidade “Promover”, consuma-se o crime quando o agente promove a oferta pública ou a colocação de títulos da dívida pública no mercado financeiro. É delito de mera conduta. 2. Não é admissível a figura tentada nas modalidade “ordenar” e “autorizar”. Diferentemente, com relação ao verbo “promover”, é admitida a tentativa. Para finalizar, esquematizando os delitos: CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS CRIME CONDUTA OBSERVAÇÕES CONTRATAÇÃO DE OPERAÇÃO DE CRÉDITO Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, interno ou externo, sem prévia autorização legislativa. Incide na mesma pena quem ordena, autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou externo: I – com inobservância de limite, condição ou montante estabelecido em lei ou em resolução do Senado Federal; II – quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o limite máximo autorizado por lei. INSCRIÇÃO DE DESPESAS NÃO EMPENHADAS EM RESTOS A PAGAR Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar, de despesa que não tenha sido previamente empenhada ou que exceda limite estabelecido em lei. RESTOS A PAGAR Dentre as várias limitações à atividade administrativa impostas pela LRF, encontra-se a que veda o gestor público contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro de seu mandato "ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito”. Estas obrigações, denominadas "restos a pagar", têm como raiz a organização da atividade financeira. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 28 ASSUNÇÃO DE OBRIGAÇÃO NO ÚLTIMO ANO DO MANDATO OU LEGISLATURA Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa. ORDENAÇÃO DE DESPESA NÃO AUTORIZADA Ordenar despesa não autorizada por lei. PRESTAÇÃO DE GARANTIA GRACIOSA Prestar garantia em operação de crédito sem que tenha sido constituída contragarantia em valor igual ou superior ao valor da garantia prestada, na forma da lei. NÃO CANCELAMENTO DE RESTOS A PAGAR Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor superior ao permitido em lei. AUMENTO DE DESPESA TOTAL COM PESSOAL NO ÚLTIMO ANO DO MANDATO OU LEGISLATURA Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da legislatura. OFERTA PÚBLICA OU COLOCAÇÃO DE TÍTULOS NO MERCADO Ordenar, autorizar ou promover a oferta pública ou a colocação no mercado financeiro de títulos da dívida pública sem que tenham sido criados por lei ou sem que estejam registrados em sistema centralizado de liquidação e de custódia. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 29 5.3 CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO Os crimes contra o sistema financeiro nacional estão previstos na Lei nº 7.492/86. Mas o que quer dizer a expressão “sistema financeiro nacional”? O sistema financeiro compreende o conjunto de instituições, sejam monetárias,bancárias e sociedades por ações, e o mercado financeiro de capitais e valores mobiliários. Em seu artigo 1º a Lei º 7.492/86 define o que se compreende como instituição financeira. Observe: Artigo 1º Considera-se como instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito público ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros (vetado) de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de valores mobiliários. Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira: I- a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou recursos de terceiros; II- a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas neste artigo, ainda que de forma eventual. Antes de prosseguirmos tratando das particularidades da norma que define os crimes contra o sistema financeiro nacional, vamos traçar um panorama geral da Lei nº 7.492/86 a fim de que você consiga organizar as idéias. A citada lei possui 35 artigos, organizados da seguinte maneira: • O primeiro artigo, como vimos, conceitua, para fins penais, instituição financeira; • Os artigos 2º ao 24, estabelecem “os crimes contra o sistema financeiro nacional”; e • Os artigos 25 ao 35 cuidam “da aplicação e do procedimento criminal”. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 30 É claro, caro (a) aluno (a), que o mais importante para a sua PROVA são as condutas definidas nos arts. 2º ao 24, pois definem as criminalizações. Ressalto que o CESPE, quanto aos crimes contra o sistema financeiro, restringe-se a exigir do candidato o conhecimento das condutas, não sendo necessário adentrarmos em particularidades referentes aos delitos. Sendo assim, atenção total com o nosso próximo tópico: 5.3.1 CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL Podemos resumir o tema para a sua PROVA da seguinte forma: CRIME CONDUTA OBSERVAÇÕES IMPRESSÃO OU PUBLICAÇÃO NÃO AUTORIZADAS Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em circulação, sem autorização escrita da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro documento representativo de título ou valor mobiliário. Incorre na mesma pena quem imprime, fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir prospecto ou material de propaganda relativo aos papéis referidos. DIVULGAÇÃO FALSA OU INCOMPLETA DE INFORMAÇÃO Divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira. GESTÃO FRAUDULENTA OU TEMERÁRIA Gerir fraudulentamente instituição financeira. Observação: Apesar, da afronta a inúmeros princípios constitucionais devido a vagueza absoluta com que descreve o crime, os Tribunais têm reconhecido a validade do dispositivo, tratando de prenchê-los por meio de conceitos doutrinários e produção jurisprudencial. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 31 Dessa forma, podemos definir gestão fraudulenta como a prática de atos de gestão que envolvam qualquer espécie de fraude, ardil, embuste, falcatrua ou desfalque. Podemos exemplificar este tipo de prática com a falsificação de balanços com o objetivo de enganar investidores, passando a impressão de uma falsa saúde financeira. APROPRIAÇÃO INDÉBITA E DESVIO DE RECURSOS Apropriar-se, quaisquer das pessoas mencionadas no art. 25 (abaixo reproduzido), de dinheiro, título, valor ou qualquer outro bem móvel de que tem a posse, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio. Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado). § 1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Vetado) o interventor, o liqüidante ou o síndico. Incorre na mesma pena qualquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, que negociar direito, título ou qualquer outro bem móvel ou imóvel de que tem a posse, sem autorização de quem de direito. SONEGAÇÃO DE INFORMAÇÃO Induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou repartição pública competente, relativamente a operação ou situação financeira, sonegando-lhe informação ou prestando-a falsamente. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 32 EMISSÃO, OFERECIMENTO OU NEGOCIAÇÃO IRREGULAR DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou valores mobiliários: I - falsos ou falsificados; II - sem registro prévio de emissão junto à autoridade competente, em condições divergentes das constantes do registro ou irregularmente registrados; III - sem lastro ou garantia suficientes, nos termos da legislação; IV - sem autorização prévia da autoridade competente, quando legalmente exigida. EXIGÊNCIA DE REMUNERAÇÃO ACIMA DA LEGALMENTE PERMITIDA Exigir, em desacordo com a legislação, juro, comissão ou qualquer tipo de remuneração sobre operação de crédito ou de seguro, administração de fundo mútuo ou fiscal ou de consórcio, serviço de corretagem ou distribuição de títulos ou valores mobiliários: FRAUDE À FISCALIZAÇÃO OU AO INVESTIDOR Fraudar a fiscalização ou o investidor, inserindo ou fazendo inserir, em documento comprobatório de investimento em títulos ou valores mobiliários, declaração falsa ou diversa da que dele deveria constar. DOCUMENTOS CONTÁBEIS FALSOS OU INCOMPLETOS Fazer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela legislação, em demonstrativos contábeis de instituição financeira, seguradora ou instituição integrante do sistema de distribuição de títulos de valores mobiliários. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 33 CONTABILIDADE PARALELA Manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela legislação. O delito traz no bojo a figura do “caixa dois”, ou seja, pune a movimentação escusa de recursos sem que haja qualquer espécie de registro da atividade indepen- dentemente da finalidade que pode ser satisfazer despesas não demonstráveis, majorar indevidamente os lucros de diretores ou gerentes sem a devida incidência tributária. OMISSÃO DE INFORMAÇÕES Deixar, o ex-administrador de instituição financeira, de apresentar, ao interventor, liquidante, ou síndico, nos prazos e condições estabelecidas em lei as informações, declarações ou documentos de sua responsabilidade. DESVIO DE BEM INDISPONÍVEL Desviar (Vetado) bem alcançado pela indisponibilidade legal resultante de intervenção, liqüidação extrajudicial ou falência de instituição financeira. APRESENTAÇÃO DE DECLARAÇÃO OU RECLAMAÇÃO FALSA Apresentar, em liquidação extrajudicial, ou em falência de instituição financeira, declaração de crédito ou reclamação falsa, ou juntar a elas título falso ou simulado. MANIFESTAÇÃO FALSA Manifestar-se falsamente o interventor, o liquidante ou o síndico, (Vetado) à respeito de assunto relativo a intervenção, CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 34 liquidação extrajudicial ou falência de instituição financeira. OPERAÇÃO DESAUTORIZADA DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRAFazer operar, sem a devida autorização, ou com autorização obtida mediante declaração falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou de câmbio. EMPRÉSTIMO A ADMINISTRADORES OU PARENTES E DISTRIBUIÇÃO DISFARÇADA DE LUCROS Tomar ou receber, qualquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, direta ou indiretamente, empréstimo ou adiantamento, ou deferi-lo a controlador, a administrador, a membro de conselho estatutário, aos respectivos cônjuges, aos ascendentes ou descendentes, a parentes na linha colateral até o 2º grau, consangüíneos ou afins, ou a sociedade cujo controle seja por ela exercido, direta ou indiretamente, ou por qualquer dessas pessoas. Incorre na mesma pena quem: I - em nome próprio, como controlador ou na condição de administrador da sociedade, conceder ou receber adiantamento de honorários, remuneração, salário ou qualquer outro pagamento, nas condições referidas neste artigo; II - de forma disfarçada, promover a distribuição ou receber lucros de instituição financeira. VIOLAÇÃO DE SIGILO BANCÁRIO Violar sigilo de operação ou de serviço prestado por instituição financeira ou integrante do sistema de distribuição de títulos mobiliários de que tenha conhecimento, em razão de ofício. OBTENÇÃO FRAUDULENTA DE FINANCIAMENTO Obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é cometido em detrimento de instituição financeira oficial ou por ela credenciada para o repasse de financiamento. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 35 APLICAÇÃO IRREGULAR DE FINANCIAMENTO Aplicar, em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato, recursos provenientes de financiamento concedido por instituição financeira oficial ou por instituição credenciada para repassá-lo. FALSA IDENTIDADE Atribuir-se, ou atribuir a terceiro, falsa identidade, para realização de operação de câmbio. Incorre na mesma pena quem, para o mesmo fim, sonega informação que devia prestar ou presta informação falsa. EVASÃO DE DIVISAS Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do País. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição federal competente. PREVARICAÇÃO FINANCEIRA. Omitir, retardar ou praticar, o funcionário público, contra disposição expressa de lei, ato de ofício necessário ao regular funcionamento do sistema financeiro nacional, bem como a preservação dos interesses e valores da ordem econômico- financeira. 5.3.2 PROCEDIMENTO CRIMINAL Ao começar a tratar sobre o procedimento dos crimes contra o sistema financeiro nacional dispõe a lei que são penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de instituição financeira. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 36 Posteriormente a lei trata do instituto da delação premiada e define que nos crimes previstos na Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. Quanto a competência, e aqui temos um ponto importante para a PROVA de vocês, dispõe a lei que a ação penal dos delitos descritos na lei será promovida pelo Ministério Público, perante a JUSTIÇA FEDERAL. Ressalta-se que, para os crime contra o sistema financeiro nacional não há cabimento da ação penal privada subsidiária da pública, pois, segundo o art. 27, quando a denúncia não for intentada no prazo legal, o ofendido poderá representar ao Procurador-Geral da República, para que este a ofereça, designe outro órgão do Ministério Público para oferecê-la ou determine o arquivamento das peças de informação recebidas. Assim, reafirmando, a competência para o julgamento dos crimes contra o sistema financeiro cabe a Justiça Federal, que já dispõe de varas especializadas em alguns Estados da Federação objetivando punir esses crimes. Já ocorreram questionamentos com relação à validade dessas varas especializadas, vejamos o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça: Vale ressaltar que o artigo 28 da Lei nº 7.492/86 estabelece que o Banco Central do Brasil ou a Comissão de Valores Mobiliários - CVM, no exercício de suas atribuições legais, verificando a ocorrência de crime previsto na referida lei, deverá informar ao Ministério Público Federal, inclusive enviando-lhe os documentos necessários à comprovação dos fatos. Habeas corpus. Processo Penal. Crimes contra o sistema financeiro nacional e de “Lavagem de dinheiro”. Especialização da 11ª Vara Federal da Seção Judiciária do Ceará. Resolução 10-A/2003 do TRF da 5ª Região. Resolução 314 do Conselho da Justiça Federal. Denúncia não oferecida. Redistribuição. Possibilidade. Ofensa aos princípios da reserva de lei, da separação dos poderes e do juiz natural. Inocorrência. Ordem denegada. 1.A especialização de vara Federal para processamento e julgamento dos crimes contra o sistema financeiro nacional e de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, por meio da Resolução 10-A/2003 do TRF da 5ª Região e da Resolução 314 do Conselho da Justiça Federal, não ofende os princípios da reserva de lei, da separação dos poderes e do juiz natural. 2.Se a denúncia ainda não havia sido oferecida quando da especialização da 11ª Vara Federal para julgamento de tais crimes impõe-se a redistribuição do feito. 3.Ordem denegada.( STJ -HC 41643/CE - Rel. Ministro Hélio Quaglia Barbosa -DJ 03.10.2005, p. 338) CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 37 Por fim, cabe tratar da prisão preventiva estabelecida no art. 30 da lei. Como você já sabe, a prisão preventiva, ao lado da liberdade provisória, é uma das medidas cautelares pessoais previstas no processo penal brasileiro. Para sua imposição incidem duas ordens de pressupostos: uma delas de natureza probatória (o fumus comissi delicti expresso no art. 312 do estatuto processual penal pela prova do crime e da autoria) e outra de natureza cautelar (o periculum libertatis, também expresso pelo mesmo art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, garantia da ordem econômica, conveniência da instrução criminal e asseguramento da aplicação da lei penal). Nos crimes contra o sistema financeiro nacional, o art. 30 da Lei 7.492/86, ostenta um pressuposto específico para a prisão preventiva: a magnitude da lesão causada. Tal pressuposto pode tanto apresentar natureza probatória quanto cautelar. Na doutrina há quem assuma posição no sentido de que o legislador quis aí elencar mais um pressuposto de natureza probatória em razão da não ostentação de qualquer finalidade cautelar pelas expressões em destaque. O argumento é defensável na medida em que possa ser oposto ao Estado pelo imputado por infrações contra o sistema financeiro e que demonstrem pouca lesividade, como, por exemplo, aquela do artigo 19 da lei (obtenção de empréstimo em instituição financeira mediante fraude). Portanto, à prova da autoria e da infração deve-se somar a prova de alta densidade da lesão para que se mostrem presentes os pressupostos de natureza probatória. Entretanto, o ponto de vista prevalente tem sido no sentido de que, com um pressuposto específico, quis a lei estabelecer um referencial mais ou menos objetivo, indefectivelmente ligadoa finalidades cautelares extraprocessuais. Assim, na verdade, o contido no dispositivo legal em destaque nada mais traz do que um referencial expressivo da gravidade da infração. E esse é o entendimento que tem sido acatado tanto pela doutrina quanto pela jurisprudência, passando ao largo do critério como atentatório ao princípio constitucional da presunção de inocência. **************************************************************************************************** FUTURO(A) APROVADO(A), MUITO BOM!!! AQUI VOCÊ ACABA DE FINALIZAR MAIS UM IMPORTANTE TEMA RUMO À TÃO SONHADA APROVAÇÃO. A CADA INSTANTE VOCÊ ESTÁ ADQUIRINDO MAIS E MAIS CONHECIMENTO E É ISSO QUE FARÁ A DIFERENÇA NO DIA DE COLOCAR O ESFORÇO EM PRÁTICA. DITO ISTO, RESPIRE FUNDO, RECARREGUE AS SUAS ENERGIAS E VAMOS À LUTA COM O ÚLTIMO TEMA DE NOSSA AULA!!! **************************************************************************************************** CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 38 5.4 LEI DE LAVAGEM DE DINHEIRO A lei nº. 9.613/98 dispõe sobre os delitos de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores. Mas o que é esta tal de “lavagem de dinheiro”? LAVAGEM DE DINHEIRO Î É UMA EXPRESSÃO QUE SE REFERE A PRÁTICAS ECONÔMICO- FINANCEIRAS QUE TÊM POR FINALIDADE DISSIMULAR OU ESCONDER A ORIGEM ILÍCITA DE determinados ATIVOS FINANCEIROS OU BENS PATRIMONIAIS, DE FORMA A QUE TAIS ATIVOS APARENTEM UMA ORIGEM LÍCITA. É DAR FACHADA DE DIGNIDADE A DINHEIRO DE ORIGEM ILEGAL. É muito comum a divisão do processo de lavagem em três fases ou etapas: 1. Colocação; 2. Ocultação; 3. Integração. No processo de Colocação, o dinheiro é introduzido no Sistema Financeiro, através de depósitos ou pequenas compras de ativos. Na segunda etapa, a Ocultação, os valores são transferidos sistematicamente entre contas ou entre as aplicações em ativos de maneira a despistar o tráfego e ao mesmo tempo, concentrar os valores, aglutinando-os progressivamente. Finalmente, na Integração, os valores são introduzidos na economia formal, sob a forma de investimentos - geralmente isso acontece em praças onde outros investimentos já vêm sendo feitos ou estão em crescimento, de forma a confundir-se com a economia formal. Segundo a referida lei, em seu artigo 1º, constitui crime, penalizado com reclusão de três a dez anos e multa, ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de crime: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 39 1. DE TRÁFICO ILÍCITO DE SUBSTÂNCIAS ENTORPECENTES OU DROGAS AFINS; 2. DE TERRORISMO E SEU FINANCIAMENTO 3. DE CONTRABANDO OU TRÁFICO DE ARMAS, MUNIÇÕES OU MATERIAL DESTINADO À SUA PRODUÇÃO; 4. DE EXTORSÃO MEDIANTE SEQÜESTRO; 5. CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 6. CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL; 7. PRATICADO POR ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA; 8. PRATICADO POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Para a caracterização do delito, importa sobremaneira a caracterização do elemento subjetivo do tipo – o dolo específico. Deve haver indícios suficientes de que o agente efetivamente pretenda “ocultar” ou “dissimular”, e não somente “guardar”, o provento do crime. “Mas, professor...Como assim?” Imagine que o agente recebe R$ 100.000,00 proveniente de corrupção e o gasta em roupas, restaurantes e deposita parte em sua conta bancária com o mero intuito de em seguida gastá-lo. Neste caso, teremos o delito em questão? A resposta é negativa, pois não terá agido com o elemento subjetivo do tipo. A falta do dolo específico desfigura a prática do crime de lavagem de dinheiro. Se, ao contrário, apanha o dinheiro e deposita em conta de terceira pessoa (um parente, amigo ou testa-de-ferro), para depois repassá-lo à sua própria conta, haverá fortes indícios de que tenha buscado “dissimular” a verdadeira origem do dinheiro, configurando, em tese, a prática criminosa. Ainda no art. 1º da lei em questão temos disposição de que incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de qualquer dos crimes acima citados: A pena será aumentada de um a dois terços, nos casos previstos nos itens 1 a 6, se o crime for cometido de forma habitual ou por inter- médio de organização criminosa. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 40 • OS CONVERTE EM ATIVOS LÍCITOS; • OS ADQUIRE, RECEBE, TROCA, NEGOCIA, DÁ OU RECEBE EM GARANTIA, GUARDA, TEM EM DEPÓSITO, MOVIMENTA OU TRANSFERE; • IMPORTA OU EXPORTA BENS COM VALORES NÃO CORRESPONDENTES AOS VERDADEIROS. • UTILIZA, NA ATIVIDADE ECONÔMICA OU FINANCEIRA, BENS, DIREITOS OU VALORES QUE SABE SEREM PROVENIENTES DE QUALQUER DOS CRIMES ANTECEDENTES REFERIDOS; • PARTICIPA DE GRUPO, ASSOCIAÇÃO OU ESCRITÓRIO TENDO CONHECIMENTO DE QUE SUA ATIVIDADE PRINCIPAL OU SECUNDÁRIA É DIRIGIDA À PRÁTICA DOS CRIMES ACIMA CITADOS. Para finalizar, cabe ressaltar que com relação aos delitos até agora tratados, embora previstos em lei especial, a tentativa é punida nos termos do parágrafo único do art. 14 do Código Penal segundo o qual se pune a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. Além disso, são efeitos da condenação: • A perda, em favor da União, dos bens, direitos e valores objeto do crime, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé; • A interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer natureza e de diretor, de membro de conselho de administração ou de gerência das pessoas jurídicas referidas na lei (ainda veremos), pelo dobro do tempo da pena privativa de liberdade aplicada. 5.4.1 DELAÇÃO PREMIADA A Lei n°. 9.613/98, que dispõe sobre o crime de lavagem de dinheiro estabeleceu em seu art. 1º § 5º o instituto da chamada delação premiada nos seguintes termos: § 5º A pena será reduzida de um a dois terços e começará a ser cumprida em regime aberto, podendo o juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la por pena restritiva de direitos, se o autor, co-autor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais e de sua autoria ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 41 Prevê-se o supracitado parágrafo a redução de um a dois terços da pena, começando esta em regime aberto, podendo o Juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la por pena restritiva de direitos. Para que a redução da pena em virtude da delação premiada possa ocorrer, o autor, co- autor ou partícipe devem colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais e de sua autoria ou à localização dos bens direitos ou valores objeto do crime. É importante ressaltar que embora o texto legal traga duas possibilidades de cabimento da redução em virtude da delação premiada, basta um só dos elementos para caracterizar a colaboração: Ou a facilitação da apuração das infrações e sua autoria ou a localização dos bens. 5.4.2 PESSOAS SUJEITAS ÀS OBRIGAÇÕES DEFINIDAS NA LEI Nº. 9613/98 Futuro(a) aprovado(a), neste tópico veremos uma série de pessoas que estão sujeitas a determinadas obrigações definidas nos arts. 10 e 11 da lei de lavagem de dinheiro. Aqui, cabe uma leitura atenta, mas não recomendo que tentem “decorar” tudo, pois creio ser perda de tempo. “Mas professor, perda detempo? Quer dizer que este tema não cai muito em prova?” Infelizmente, este assunto é exigido pelo CESPE, todavia as questões não exigem pequenos detalhes, mas um conhecimento geral do tema, ou seja, basta ler atentamente e ter uma noção geral dos indivíduos que são citados no art. 9º da lei em tela. Para facilitar os estudos, vou sublinhar os itens que mais são exigidos em PROVA. Vamos conhecê-los: DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO Entende-se pelo cumprimento do regime aberto aquele fundado na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, já que permanece ele em liberdade, sem custódia ou vigilância durante o dia, para trabalhar, freqüentar qualquer curso ou exercer qualquer outra atividade autorizada. Só deve recolher-se à casa do albergado ou outro estabelecimento no período noturno e nos dias de folga. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 42 Segundo a lei de lavagem de dinheiro, sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas jurídicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não: • A captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira; • A compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou instrumento cambial; • A custódia, emissão, distribuição, liquidação, negociação, intermediação ou administração de títulos ou valores mobiliários. Sujeitam-se às mesmas obrigações: • As bolsas de valores e bolsas de mercadorias ou futuros; • As seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de previdência complementar ou de capitalização; • As administradoras de cartões de credenciamento ou cartões de crédito, bem como as administradoras de consórcios para aquisição de bens ou serviços; • As administradoras ou empresas que se utilizem de cartão ou qualquer outro meio eletrônico, magnético ou equivalente, que permita a transferência de fundos; • As empresas de arrendamento mercantil (leasing) e as de fomento comercial (factoring); • As sociedades que efetuem distribuição de dinheiro ou quaisquer bens móveis, imóveis, mercadorias, serviços, ou, ainda, concedam descontos na sua aquisição, mediante sorteio ou método assemelhado; • As filiais ou representações de entes estrangeiros que exerçam no Brasil qualquer das atividades listadas neste artigo, ainda que de forma eventual; • As demais entidades cujo funcionamento dependa de autorização de órgão regulador dos mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de seguros; • As pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que operem no Brasil como agentes, dirigentes, procuradoras, comissionárias ou por qualquer forma representem interesses de ente estrangeiro que exerça qualquer das atividades referidas neste artigo; • As pessoas jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra e venda de imóveis; • As pessoas físicas ou jurídicas que comercializem jóias, pedras e metais preciosos, objetos de arte e antigüidades. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 43 • As pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor ou exerçam atividades que envolvam grande volume de recursos em espécie. Bom, agora você já sabe quais as pessoas estão sujeitas às obrigações definidas na Lei de Lavagem de Dinheiro, mas que obrigações são essas? Vamos conhecê-las também! As pessoas acima apresentadas: • Identificarão seus clientes e manterão cadastro atualizado, nos termos de instruções emanadas das autoridades competentes; • Manterão registro de toda transação em moeda nacional ou estrangeira, títulos e valores mobiliários, títulos de crédito, metais, ou qualquer ativo passível de ser convertido em dinheiro, que ultrapassar limite fixado pela autoridade competente e nos termos de instruções por esta expedidas; • Deverão atender, no prazo fixado pelo órgão judicial competente, as requisições formuladas pelo Conselho criado pelo art. 14, que se processarão em segredo de justiça. • Dispensarão especial atenção às operações que, nos termos de instruções emanadas das autoridades competentes, possam constituir-se em sérios indícios dos crimes de lavagem de dinheiro; • Deverão comunicar, abstendo-se de dar aos clientes ciência de tal ato, no prazo de vinte e quatro horas, às autoridades competentes: Art. 14. É criado, no âmbito do Ministério da Fazenda, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, com a finalidade de disciplinar, aplicar penas administrativas, receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas de atividades ilícitas previstas nesta Lei, sem prejuízo da competência de outros órgãos e entidades. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 44 1. Todas as transações constantes do inciso II do art. 10 que ultrapassarem limite fixado, para esse fim, pela mesma autoridade e na forma e condições por ela estabelecidas, devendo ser juntada a identificação a que se refere o inciso I do mesmo artigo; 2. A proposta ou a realização de transação prevista no inciso I do art. 11. 5.4.3 CONSELHO DE CONTROLE DE ATIVIDADES FINANCEIRAS O Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, órgão de deliberação coletiva com jurisdição em todo território nacional, criado pela Lei nº. 9.613/98, integrante da estrutura do Ministério da Fazenda. Tem por finalidade disciplinar, aplicar penas administrativas, receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas de atividades ilícitas previstas em sua Lei de criação, sem prejuízo da competência de outros órgãos e entidades. É composto por servidores públicos de reputação ilibada e reconhecida competência, integrantes do quadro de pessoal efetivo do BACEN, da Comissão de Valores Mobiliários(CVM), da Superintendência de Seguros Privados, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional,da Secretaria da Receita Federal, de órgão de Inteligência do Poder Executovo, do Departamento de Polícia Federal, do Ministério das Relações Exteriores e da Controladoria-Geral da União, atendendo, nesses quatro últimos casos, à indicação dos respectivos Ministros de Estado. Art. 10. As pessoas referidas no art. 9º: I - identificarão seus clientes e manterão cadastro atualizado, nos termos de instruções emanadas das autoridades competentes; II - manterão registro de toda transação em moeda nacional ou estrangeira, títulos e valores mobiliários, títulos de crédito, metais, ou qualquer ativo passível de ser convertido em dinheiro, que ultrapassar limite fixado pela autoridade competente e nos termos de instruções por esta expedidas; I - dispensarão especial atenção às operações que, nos termos de instruções emanadas das autoridades competentes, possam constituir-se em sérios indícios dos crimes previstos nesta Lei, ou com eles relacionar-se; CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL TEORIA P/ ANALISTA PROCESSUAL DO MPU PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 45 Apenas a título de facilitar o entendimento, observe a atual estrutora do COAF: O COAF poderá requerer aos órgãos da Administração Pública as informações cadastrais bancárias e financeiras de pessoas envolvidas em atividades suspeitas e quando concluir pela existência de crimes comunicará às autoridades competentes para a instauração dos procedimentos cabíveis. Art. 14 [...] § 3o O COAF poderá requerer aos órgãos da Administração Pública as informações cadastrais bancárias e financeiras de pessoas envolvidas em atividades suspeitas. O presidente do COAF será nomeado pelo Presidente da República, por indicação do
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