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Unidade 02 - Introdução à Condução LEI DE FOURIER (Equação da Taxa de TRC por Condução) É uma lei fenomenológica; ou seja, foi desenvolvida a partir da observação do fenômeno ao invés de deduzida a partir de princípios fundamentais. Ao se modificar o material (por exemplo, trocando o metal por madeira), verifica-se que a proporcionalidade encontrada continua válida. Entretanto, para os mesmos valores de A, de ∆x e de ∆T observa- se que o valor de qx é menor na madeira do que no metal. Isto sugere que a proporcionalidade pode ser convertida numa igualdade pela introdução de um coeficiente característico do material. k- condutividade térmica [W/m.K] x TAqx ∆ ∆α x TAkqx ∆ ∆−= Figura 2.1 - Experiência de condução de calor em regime permanente. Introdução à Condução No limite, quando ∆x → 0, tem-se que a taxa de TRC por condução é dada por: e o fluxo de calor por: NOTA: O sinal negativo é necessário pois a TRC ocorre sempre no sentido das temperaturas decrescentes e k é um valor positivo. O fluxo de calor é uma grandeza direcional, ou seja, sua direção é sempre normal às superfícies de temperatura constante (isotermas). dx dTAkqx −= dx dTk A qq xx −==′′ Figura - Relação entre o sistema de coordenadas, a direção do fluxo de calor e o gradiente de temperatura. Introdução à Condução Reconhecendo que o fluxo de calor é uma grandeza vetorial, a equação mais geral da Lei de Fourier toma a seguinte forma: onde ∇ (nabla) é o operador tridimensional Del e T(x,y,z) é o campo escalar de temperaturas. Outra forma da Lei de Fourier é dada por: onde é o fluxo de calor numa direção n normal a uma isotérmica. O vetor do fluxo de calor pode ser resolvido em suas componentes; assim, em coordenadas cartesianas: onde: Cada uma dessas expressões relaciona o fluxo térmico, por unidade de área de uma superfície, ao gradiente de temperatura na direção perpendicular à superfície. Essas equações são válidas para um meio isotrópico; nele, o valor da condutividade térmica é independente da direção. nq ′ ∂ ∂+∂ ∂+∂ ∂−=∇−=′′ z Tk y Tj x TikTkq rrr n Tkqn ∂ ∂−=′′ ′ zyx qkqjqiq ′′+′′+′′=′′ rrr z Tkq y Tkq x Tkq zyx ∂ ∂−=′′∂ ∂−=′′∂ ∂−=′′ Introdução à Condução PROPRIEDADES TÉRMICAS DA MATÉRIA a) Condutividade térmica de sólidos, líquidos e gases Pela Lei de Fourier, a condutividade térmica é definida por: De modo geral, a condutividade térmica é maior nos sólidos do que nos líquidos, sendo, por sua vez, esta maior do que nos gases. Essa tendência deve-se principalmente às diferenças de espaçamento intermoleculares. ( )xT qk x∂∂ ′′−= Figura 2.4 - Domínio das condutividades térmicas de diversos estados da matéria em temperaturas e pressões normais. Introdução à Condução PROPRIEDADES TÉRMICAS DA MATÉRIA Nos sólidos Na concepção moderna da estrutura dos materiais, um sólido é constituído de elétrons livres e por uma rede de átomos com arranjo espacial periódico. Assim, o transporte de energia térmica se deve à sobreposição de dois efeitos: movimento de elétrons livres e ondas de vibração na rede. Como esses efeitos são aditivos: Nos metais puros: ke >> kl . O valor ke é inversamente proporcional à resistividade elétrica, que nesses materiais é baixa. Valor de kl é desprezível. Nas ligas metálicas: ke > kl . A resistividade elétrica é bem maior do que nos metais puros e a contribuição de kl para k não é desprezível. Nos sólidos não-metálicos: kl >> ke . O valor de k é determinado principalmente por kl , que depende da freqüência de interações dos átomos da rede. Materiais cristalinos como o quartzo (rede bem ordenada) têm k maior do que materiais amorfos (vidro). Em materiais como o diamante e o óxido de berílio, o valor de kl é tão grande que excede o valor de k de bons condutores, como o alumínio. le kkk += Introdução à Condução PROPRIEDADES TÉRMICAS DA MATÉRIA A figura abaixo mostra a dependência de k com a temperatura para alguns sólidos metálicos e não metálicos. Introdução à Condução PROPRIEDADES TÉRMICAS DA MATÉRIA Nos sistemas isolantes Isolamentos térmicos são sistemas constituídos por materiais de baixa condutividade térmica. Nesses sistemas, o material sólido (fibras, pós e escamas) está finamente disperso num espaço de ar (qualquer outro gás ou vácuo). Sua condutividade térmica efetiva, depende da condutividade térmica e das propriedades radiativas da superfície do material sólido, e também da natureza e da fração volumar do espaço vazio (ar). A densidade mássica (massa de sólido/volume total) é um parâmetro muito importante do sistema, e depende da maneira pela qual o material sólido está agregado. Isolamento Celular: Os pequenos espaços vazios estão isolados uns dos outros pelo material sólido fundido, formando um elemento rígido. Ex: espumas, isopor, lã-de-vidro. Isolamento Refletivo: Compostos por multicamadas de folhas delgadas (películas) com refletividade elevada para devolver o calor à fonte emissora. O espaçamento entre as camadas é calculado de modo a restringir o movimento de ar (dentro da própria camada e entre camadas adjacentes). Introdução à Condução PROPRIEDADES TÉRMICAS DA MATÉRIA Nos fluidos Nos fluidos (gases e líquidos), o espaçamento intermolecular é maior do que nos sólidos. Isso torna o movimento das moléculas mais caótico e reduz o transporte de energia térmica. Gases A teoria cinética dos gases é usada para explicar a dependência da condutividade térmica de um gás com a temperatura, a pressão e sua natureza química. De modo geral, a condutividade de um gás aumenta com a elevação de temperatura em pressões normais (figura abaixo) e com a redução da massa molecular. Introdução à Condução PROPRIEDADES TÉRMICAS DA MATÉRIA Líquidos As condições moleculares associadas ao líquido são mais difíceis de descrever e os mecanismos físicos para explicação da condutividade térmica não são ainda bem entendidos. Em geral, nos líquidos não-metálicos, a condutividade térmica diminui com a elevação da temperatura ou da massa molecular (exceções: água e glicerina) e não é afetada pela pressão. Os líquidos metálicos são usados em aplicações que exigem fluxos térmicos elevados, pois sua condutividade térmica é muito maior do que dos não-metálicos. Introdução à Condução PROPRIEDADES TÉRMICAS DA MATÉRIA b) Outras propriedades relevantes Geralmente, são denominadas de propriedades termofísicas. Incluem as propriedades de transporte ( k - condutividade térmica em TRC e ν - viscosidade cinemática em transferência de momento) e a propriedades termodinâmicas ( ρ - densidade e cp - calor específico) que se referem aos estados de equilíbrio do sistema. O produto ρ cp [J/m3.K], denominado capacidade calorífica volumar, mede a capacidade de o material armazenar energia térmica. Em geral, sólidos e líquidos são bons armazenadores (ρ cp >1 MJ/m3.K); já os gases, são pouco apropriados (ρ cp≈ 1 kJ/m3.K). A razão entre a condutividade térmica e a capacidade calorífica é uma propriedade importante denominada difusividade térmica [m2/s]. Esta propriedade mede a relação entre as capacidades de o material conduzir e acumular energia térmica. Quanto maior o valor de α mais rápida é sua resposta ao ambiente térmico e vice-versa. Materiais com α pequeno levam mais tempo para atingir outras condições de equilíbrio térmico. pc k ρ=α Introdução à Condução EQUAÇÃO DA DIFUSÃO DO CALOR Numa análise de condução o objetivo mais importante é determinar a distribuição de temperatura no meio, resultantes das condições impostas em suas fronteiras. Conhecida essa distribuição, o fluxo de calor em qualquer ponto do meio ou de suas fronteiraspode ser calculado pela Lei de Fourier. Utilidade da distribuição de temperatura: a) Determinação de tensões, expansões e deflexões térmicas para avaliação da integridade estrutural; b) Otimização da espessura de materiais isolantes; c) Verificar a compatibilidade entre revestimentos ou adesivos especiais e o material. Figura - Volume de controle infinitesimal, dx dy dz para análise de condução em coordenadas cartesianas. Introdução à Condução A equação de conservação da energia, para o VC diferencial é dada por: onde: Substituindo os termos no balanço de energia, tem-se: e como: dz z qqq dy y q qq dx x qqq z zdzz y ydyy x xdxx ∂ ∂+= ∂ ∂+= ∂ ∂+= + + + dzdydx t Tc qqqdzdydxqqqq p dzzdyydxxzyx ∂ ∂= =−−−+++ +++ ρ & acumuladasaigeradaentra EEEE &&&& =−+ dzdydxqEgerado && = dzdydxt TcE pacumulada ∂ ∂= ρ& zyxentra qqqE ++=& dzzdyydxxsai qqqE +++ ++=& Introdução à Condução dzdydx t Tc dzdydxqdz z qdy y q dx x q p zyx ∂ ∂= =+∂ ∂−∂ ∂−∂ ∂− ρ & z Tdydxkq y Tdzdxkq x Tdzdykq z y x ∂ ∂−= ∂ ∂−= ∂ ∂−= A equação do balanço de energia, assume a forma: As taxas de condução de calor podem ser dadas pela Lei de Fourier: Substituindo essas parcelas na última forma da equação do balanço de energia, e dividindo por dx dy dz, tem-se: t Tcq z Tk zy Tk yx Tk x p ∂ ∂=+ ∂ ∂ ∂ ∂+ ∂ ∂ ∂ ∂+ ∂ ∂ ∂ ∂ ρ& FORMA GERAL DA EQUAÇÃO DA DIFUSÃO DE CALOR EM COORDENADAS CARTESIANAS Introdução à Condução SIMPLIFICAÇÕES DA EQUAÇÃO DA CONDUÇÃO 1) Condutividade térmica constante 2) Regime permanente 3) Unidimensional sem geração de energia NOTA: Esta última simplificação mostra um resultado importante: Em regime permanente unidimensional e sem geração de energia, o fluxo de calor é constante. pc k t T k q z T y T x T ραα =∂ ∂=+∂ ∂+∂ ∂+∂ ∂ ,12 2 2 2 2 2 & 0=+ ∂ ∂ ∂ ∂+ ∂ ∂ ∂ ∂+ ∂ ∂ ∂ ∂ q z Tk zy Tk yx Tk x & 0= dx dTk dx d 0=′′ dx qd x Introdução à Condução COORDENADAS CILÍNDRICAS COORDENADAS ESFÉRICAS t Tcq z Tk z Tk rr Tkr rr p ∂ ∂=+ ∂ ∂ ∂ ∂+ ∂ ∂ ∂ ∂+ ∂ ∂ ∂ ∂ ρφφ &2 11 t TcqTk r Tk rr Tkr rr p ∂ ∂ρ=+ θ∂ ∂θθ∂ ∂ θ+ φ∂ ∂ φ∂ ∂ θ+ ∂ ∂ ∂ ∂ &sen sen 1 sen 11 222 2 2 Introdução à Condução CONDIÇÕES DE CONTORNO Estabelecem matematicamente as condições físicas existentes nas fronteiras do meio e, quando a situação é dependente do tempo, as que existem num certo instante inicial. A equação da condução é de segunda ordem nas coordenadas espaciais e são necessárias duas condições de contorno para cada coordenada espacial. Esta equação é de primeira ordem no tempo, e portanto basta que uma condição inicial seja especificada. Unidade 02 - Introdução à Condução
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