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Direito Penal Art. 138 a 160 - Análise.

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Dos crimes contra a Honra
Art. 138 - Calúnia 
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
Exceção da verdade
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
1.  Objeto Jurídico – Na tutela da honra objetiva da pessoa (que é o conceito dela perante terceiros) a norma penal coíbe a conduta de imputar (divulgar, tornar público, indicar, atribuir etc...) falsamente a alguém a prática de algum crime.
O delito de calúnia se caracteriza pela imputação falsa à autoria de um crime, quando se afirma que alguém praticou uma conduta individualizada, igualmente adequável à norma penal como delito.
Logo, o autor do delito de calúnia pratica tal crime quando narra uma conduta certa, determinada e também prevista como criminosa, imputando ao caluniado sua autoria, mesmo ciente da falsidade da acusação.
Um exemplo:
- Chamar alguém de “ladrão” de modo puro e simples, sem referências ao fato que ensejou tal acusação, não configura o crime de calunia, já que não há qualquer descrição da conduta desonrosa, prevista como criminosa. Esta seria a hipótese de injúria.
Contudo, dizer que “sicrano” subtraiu um par de calçados da vítima “beltrano” acaba por caracterizar o delito, já que o caluniante narrou a prática do delito de furto, imputando falsamente à vítima (sicrano) a autoria de dito crime contra o patrimônio. Disso advém a ofensa à honra objetiva da pessoa, que provoca a incidência do artigo 138 do Código Penal.
2. Sujeitos Ativo e Passivo – Será autor do delito de calúnia qualquer pessoa que prolate imputação falsa de crime.
Havia norma penal específica definindo, ao menos abstratamente, sanção mais severa para calúnia praticada na atividade jornalística (pena máxima maior – artigo 20 da Lei n.º 5.250/67).
Não obstante, o texto legal que a previa não foi recepcionado pelo regime constitucional. Isso foi o que entendeu o pleno do Supremo Tribunal Federal no julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n.º 130/DF julgada procedente em 30/04/2009, para fins de declarar a inconstitucionalidade da Lei de Imprensa.
Daí que, para efeito de responsabilidade criminal, os jornalistas equiparam-se a qualquer outro autor de crime de calúnia, passíveis, então das sanções do artigo 138 do Código Penal.
Atualmente é considerado crime comum, portanto.
O entendimento sobre a matéria (jornalista não mais como sujeito ativo do delito do artigo 20 da Lei de Imprensa, pela inconstitucionalidade desta) aplica-se aos demais crimes contra a honra previstos na lei de imprensa, pois esta já não tem vigência. Assim, não se cogita mais qualquer diferenciação quanto ao sujeito ativo, tanto no crime de calúnia como no de difamação e de injúria.
Quanto ao sujeito passivo, qualquer pessoa pode ser vítima do delito em questão. Inclusive pessoas jurídicas.
Estamos cientes do argumento, aparentemente convincente, de que, por estar o artigo 138 do Código Penal no título dos crimes contra a pessoa, na Parte Especial do Código Penal, apenas as pessoas naturais poderiam ser vítimas dele.
Contudo, a premissa não é verdadeira, porquanto o crime contra a violação de correspondência comercial (artigo 152 do Código Penal), igualmente contido no mesmo Título I da Parte Especial do Código Penal, tem como sujeito passivo justamente pessoas jurídicas de direito privado.
Logo, vê-se que o rigor normativo propugnado pela doutrina não foi observado pelo legislador. Então, resta inaplicável na hipótese tal critério hermenêutico.
Não bastasse, há importante divergência doutrinária no sentido de que a denominação do Título I da Parte Especial do Código Penal não está a distinguir entre pessoas naturais e jurídicas, significando que ela apenas designa os “...crimes contra a pessoa”.
Podem ser sujeitos passivos, portanto, tanto as pessoas físicas como as jurídicas (estas quando falsamente apontadas autoras de crimes ambientais, pela responsabilidade penal que a Lei n.º 9.605/98 já lhes impõe).
Os inimputáveis, embora livres da responsabilidade penal, podem ser vítimas do delito de calúnia, por também possuírem a honra objetiva tutelada pela norma.
3. Elemento Subjetivo – Exige-se o animus caluniandi, a vontade livre e consciente de caluniar a pessoa (RT 752/532).  Consoante jurisprudência, a certeza ou a fundada suspeita da autenticidade da imputação, que ao final se mostra errônea, acaba por caracterizar o erro de tipo, afastando o dolo e, por consequência, também o crime, já que não há modalidade culposa para o crime de calúnia (RT 538/335, JTACRIM 29/317 e outros tantos).
4. Consumação e tentativa – O crime se consuma na imputação chegada ao conhecimento de terceiro, pois, tratando-se de honra objetiva, haverá lesão ao bem jurídico quando outrem (aquele que pode formar juízo negativo de valor da vítima) toma conhecimento da imputação feita contra o caluniado.
Será tentado nas ocasiões em que, quando escrita, a informação não chega a conhecimento de terceiros por circunstâncias alheias à vontade do autor.
5. Propalação ou divulgação da calúnia – O § 1.º do artigo 138 do Código Penal estende a incidência da norma a quem, também sabendo da falsidade na imputação, contribui para sua divulgação, espalhando a outras pessoas a notícia da falsa delinquência. Contudo, exige-se o dolo, a consciência da falsidade na imputação. Novamente o erro ou a fundada suspeita da autenticidade na imputação descaracterizam o crime, posto não haver dolo nestas hipóteses.
6. Calúnia contra os mortos – É punível a ofensa à honra objetiva dos mortos na hipótese de calúnia. Contudo, os ofendidos serão seus herdeiros.
7. Exceção da verdade – Ressalvadas as hipóteses previstas nos incisos do parágrafo 3.º do artigo 138 do Código Penal, o autor pode oferecer defesa no sentido de provar a autenticidade dos fatos criminosos que imputou ao caluniado, o que se chama de exceção da verdade.
Contudo, na hipótese da imputação de crime de ação penal privada, a exceção não será admitida enquanto não condenado o caluniado, de modo irrecorrível, ou, na hipótese de ação penal pública, ele restar absolvido.
Também contra o Presidente da República ou contra chefe de Estado estrangeiro não se admite a prova da autenticidade das imputações, em qualquer hipótese.
8. Ação penal – De regra será privada (mediante queixa-crime), mas quando a calúnia for dirigida contra o Presidente da República ou chefe de Estado estrangeiro procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, já quando a vítima for funcionário público, em razão de suas funções, procede mediante representação.
Artigo 139 – Difamação 
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
1 – Objeto Jurídico: Na tutela da honra objetiva da pessoa, considerada como o conceito que terceiros têm sobre ela, a norma penal também considera crime a mera imputação de fato desonroso, torpe, imoral etc., desde que suficientemente apto para denegrir a imagem da vítima no meio social.
Entretanto, diferentemente da falsa imputação criminosa (conduta típica da calúnia), neste dispositivo se coíbe apenas a imputação sobre a prática de um fato desonroso contra a vítima, que macule sua imagem no meio social.
À configuração do delito, pouco importa a autenticidade do fato atribuído à vítima, pois a norma não faz qualquer exigência nesse sentido.Basta que seja vexatório em seu conteúdo, sendo indiferente se ocorreu ou não.
Há exceção, contudo, admitindo-se a prova da verdade dos fatos quando o difamado é funcionário público e a imputação é relacionada ao exercício de função inerente ao seu cargo (parágrafo único do artigo 139 do Código Penal), ganhando relevo, aqui, o interesse da sociedade no esclarecimento dos eventos difamantes.
2 – Sujeito ativo e passivo: Atualmente trata-se de crime comum, já que a norma não impõe qualquer qualidade pessoal ao autor ou à vítima. Então, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo e passivo do crime de difamação.
Nesse aspecto, aliás, cabem aqui as mesmas observações a respeito da inconstitucionalidade da Lei de Imprensa, reconhecida na ADPF n.º 130/DF. Situação jurídica ora a sujeitar jornalistas apenas aos tipos previstos no Código Penal, no que toca aos crimes contra a honra.
E pessoas jurídicas também podem ser vítimas do delito, tais como podem ser sujeitos passivos do artigo 138 do Código Penal. Neste aspecto, o mesmo raciocínio do artigo anterior se aplica à hipótese, justamente pelas razões expostas no item “1” dos comentários daquele, em relação aos quais é sugerida a leitura.
3 – Elemento subjetivo: Constitui-se no dolo, que no caso é materializado pelo animus diffamandi, em evidência quando a conduta do autor tem o objetivo de ofender a honra da vítima.
O delito não se configura quando verificada apenas a culpa na prática do ato, justamente por não haver previsão legal à repressão de difamação culposa.
4 – Consumação e tentativa: Fica consumado o delito quando a imputação desonrosa contra a vítima, articulada por qualquer meio (p. ex. diálogo, carta, gravação, mensagens etc.), chega ao conhecimento de terceiros.
A doutrina cogita possível a tentativa quando a imputação (v.g. mensagem escrita, gravação etc.) não chega a conhecimento de terceiros por circunstâncias alheias à vontade do autor.
5 – Exceção da verdade: Como já referido, só a difamação propter officium tolera a prova da autenticidade do fato desonroso, verificando-se nos casos em que atinge funcionário público no exercício de suas funções. Justamente pelo interesse público na apuração da lisura da conduta do servidor difamado. Nos termos do parágrafo único do artigo 139 do Código Penal.
6 – Ação Penal: Como regra geral a ação penal será privada, por meio de queixa crime.
Não obstante, será pública, condicionada à representação do ofendido, quando a vítima for funcionário público no exercício de suas funções. A ação penal pela difamação praticada contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro dependerá de requisição do Ministro da Justiça.
Art. 140 - Injúria 
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997)
1 – Objeto: A tutela da honra da pessoa sob seu aspecto subjetivo (o prestígio que ela tem de si mesma) é o que a norma pretende assegurar quando tipifica a conduta da injúria, repreendendo o ato que resulta na simples ofensa contra a dignidade ou o decoro.
A ofensa pode ser a atributos, morais (dignidade) ou correção moral (decoro).
Daí que a tipificação do delito prescinde a imputação da autoria de fato criminoso (calúnia) ou de evento degradante, imoral (difamação), contentando-se com uma mera ofensa, desvinculada a qualquer circunstância fática infamante. Apenas uma opinião ofensiva sobre a pessoa.
Para a configuração do delito basta que o autor impute à vítima algum atributo pejorativo, humilhante etc.
2 – Sujeito ativo e passivo: Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do delito de injúria, pois a norma não exige uma qualidade especial do seu autor.
Contudo, há considerações importantes quanto ao sujeito passivo, pois o delito não ocorre quando dirigido a incapazes de compreender o caráter injuriante da ofensa. Parte-se da premissa de que a lesão à honra subjetiva pressupõe compreensão pela vítima do real sentido das palavras que lhe são opostas. Caso falte capacidade para tanto (para compreender o conteúdo imoral da ofensa), então não há lesão ao bem jurídico, sendo atípica a conduta.
Pessoas jurídicas, porque também não possuem consciência e capacidade para se sentirem ofendidas, não podem ser consideradas sujeitos passivos do delito em questão.
3 – Elemento subjetivo: É a intenção de ofender a dignidade ou o decoro da vítima. O animus injuriandi configura-se quando o autor manifesta opinião ofensiva contra a vítima, em evidente intenção de macular sua honra.
4 – Consumação e tentativa: A consumação do delito ocorre quando o ofendido toma conhecimento da injúria que lhe foi dirigida, cogitando-se possível a tentativa nos casos em que frustrado o conhecimento da ofensa por aquele, em razão de circunstâncias alheias à vontade do autor.
5 – Perdão Judicial: O § 1.º do artigo 140 do Código Penal trata do perdão judicial, quando faculta ao Juízo deixar de aplicar a pena se demonstrado que a injúria adveio de provocação da vítima (inciso I) ou de que ela foi seguida de retorção imediata, consistente noutra injúria proferida pela vítima, em razão da primeira pronunciada pelo autor (inciso II).
O Direito Penal não cogita a possibilidade de compensação de culpas. Não obstante, por razões de política criminal e considerando a menor lesividade da ofensa em si, entendeu-se por admitir possível a dispensa na imposição de pena nas situações dos incisos do § 1.º do artigo 140 do Código Penal.
Trata-se de hipótese de extinção da punibilidade (artigo 107, inciso IX, do Código Penal).
6 – Injúria real: O § 2.º do artigo 140 do Código Penal prevê sanção mais severa porque as consequências do delito são mais graves neste caso, com implicações em violência ou vias de fato, se consideradas a natureza do ato ou o meio empregado.
Quando se trata de injúria real consistente em violência, cogita-se possível seu concurso com crimes de lesão corporal, em razão da parte final do § 2.º do artigo 140 do Código Penal.
Entretanto, a ofensa consistente em vias de fato resulta na absorção do da contravenção do artigo 21 Decreto-Lei n.º 3.668/41.
7 – Ação penal: De regra, a ação penal é iniciada por queixa crime, sendo privada, portanto (caput do artigo 145 do Código Penal).
Contudo, na injúria real, a que resulta em lesões corporais ou vias de fato, a ação penal será pública incondicionada, por não se perceber expressa exigência de representação nesse caso, ainda que atualmente, em face do crime de lesões corporais, a ação penal dependa de representação do ofendido (parte final do caput do artigo 145 do Código Penal).
Também deverá ser pública condicionada à representação do ofendido, quando a injúria for dirigida contra funcionário público, no exercício de suas funções e também nas hipóteses do § 3.º do artigo 140 do Código Penal (injúria com elementos de raça, cor etnia, religião ou origem, assim como as que contam elementos referentes à condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência).
Contra o Presidente da República ou chefe de Governo estrangeiro a ação penal dependerá de requisição do Ministro da Justiça.
Art. 141 - Disposições Comuns – Hipóteses Qualificadas 
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governoestrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
1 - Objeto: Para o aumento de um terço da pena no caso do inciso I do artigo 141 do Código Penal se considera apenas a qualidade da vítima, enquanto Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro, pelo que eventual desvinculação da ofensa em relação às funções próprias dos cargos em nada impede o acréscimo.
Nos casos do inciso II, contudo, além de se exigir que a ofensa seja contra funcionário público, deve ter relação com a função pública exercida por ele.
Por sua vez, o meio empregado à prática do crime também tem importância para esta hipótese qualificadora, aumentando-se a pena nos casos em que praticado o crime de modo a agravar a extensão da ofensa (várias pessoas – três ou mais; meio de facilite a divulgação – panfletagem, pintura mural, divulgação pública em autofalantes etc.), sendo esta a hipótese do inciso III do artigo 141 do Código Penal.
Acrescido pelo Estatuto do Idoso, o inciso IV do artigo 141 do Código Penal também ampliou o rol de situações em que incide o aumento de um terço. Aplica-se, então, à calúnia e à difamação dirigida contra pessoa maior de 60 anos ou portadora de deficiência, sendo que as situações de injúria foram excluídas na hipótese, porque não incluídas no dispositivo.
Por fim, a aplicação da pena será em dobro quando o crime contra a honra for mercenário, motivado pelo pagamento de recompensa ou pela simples promessa dela, nos termos do parágrafo único do artigo 141 do Código Penal.
Art. 142 - Exclusão do crime 
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
1 – Objeto: Sem embargo à divergência sobre o tema, compreende-se prevalente o entendimento no sentido de que as situações do artigo 142 do Código Penal são abstratamente amoldáveis às excludentes gerais da ilicitude, previstas no artigo 23 da Parte Geral do Código Penal, tendo a mesma natureza destas, portanto. No caso, contudo, possíveis apenas para os crimes de difamação e injúria (artigos 139 e 140 do Código Penal).
Logo, a contrario sensu, não seria de se admitir tais hipóteses como excludentes do crime de calúnia.
Entretanto, a juridicidade na falsa imputação de fato definido como crime (artigo 138 do Código Penal) pode ser residualmente amparada pelas disposições excludentes da Parte Geral do Código Penal, exatamente pela ampla eficácia do artigo 23 do CP. 
1.1 – Imunidade Judiciária: A hipótese do inciso I é denominada imunidade judiciária por não considerar criminosa a injúria ou difamação pronunciadas em juízo, no debate da causa, pelas partes ou por seus procuradores. É importante destacar que nos termos do artigo 133 da Constituição Federal o advogado é inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão.
Quanto ao Juízo, quando for oposta a ele alguma suspeição, também será considerado parte.
1.2 – Imunidade da Crítica: A rigor as obras artísticas, intelectuais e científicas submetem-se à crítica e, por isso, há um interesse cultural em se tolerar algum atributo negativo dito em face delas. Então, aparente excesso nesse sentido acaba não implicando na antijuridicidade da conduta. Mas isso apenas quando não se evidenciar na opinião crítica o intuito de difamar ou injuriar o autor.
1.3 – Imunidade por conceito desfavorável de funcionário público – Tal como na hipótese de imunidade da crítica. Conceitos negativos emitidos por funcionário público, em razão da função que exercem, também não fazem incidir a antijuridicidade em face dos delitos de difamação e de injúria, mas desde que não se evidencie o intento de ofender a honra da vítima.
O conceito de funcionário público, aqui, é o definido pela própria norma penal, no artigo 327 do próprio Código.
1.4 – Exclusão da imunidade na divulgação - A imunidade judicial e a por conceito de funcionário público não aproveitam quem dá publicidade a elas. A estes, então, incide plenamente as sanções dos delitos dos artigos 139 e 140 do Código Penal. Tal é o objetivo do parágrafo único do artigo 142.
A imunidade por crítica, por sua vez, não é afastada quando divulgada a suposta ofensa desta natureza.
1.5 – Imunidade parlamentar: Enquanto expressa garantia constitucional, parlamentares também possuem imunidade em face dos crimes contra a honra, já que são invioláveis por suas opiniões, palavras ou votos.
Vereadores apenas serão imunes enquanto procederem no exercício de suas atividades e na circunscrição de seu Município (arts. 53, caput, 27, § 1.º, e 29, inciso VIII, todos da Constituição Federal).
Art. 143 - Retratação 
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
1.  Objeto: A isenção de pena descrita pelo artigo 143 indica autêntica causa de extinção da punibilidade, que, nesse sentido, vai ao encontro do inciso VI do artigo 107, ambos do Código Penal, fazendo-se incidir quando o autor da ofensa desdiz integralmente o que havia afirmado, voltando atrás no que mencionou de ofensivo sobre a vítima. Retrata-se, portanto, desde que assim o faça até antes da sentença, considerada como tal a proferida em primeira instância, pelo Juízo a quo.
A retratação deve ser feita pessoalmente, ou mediante procurador com poderes especiais.
Considera-se possível a retratação pelo autor apenas nas hipóteses de calúnia e de difamação, sendo inviável, então, nos crimes de injúria.
Por mencionar a condição do autor do fato, dando-o como querelado, conclui a doutrina por inaplicável a retratação nas ações públicas condicionadas à representação, como são atualmente as baseadas na hipótese do artigo 140, § 3.º, e 141, incisos II, ambos do Código Penal, em que ele é tido como réu.
Art. 144 - Pedido de explicações 
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
1. Objeto: O artigo 144 do Código Penal faz referência a um direito do ofendido, que é o de interpelar o autor do fato a fim de que este esclareça o teor das afirmações que efetuou, quando elas não pareceram claras em seu conteúdo ou imprecisas sobre contra quem foram dirigidas.
Esse direito deve ser exercido pelo ofendido perante o Juízo competente para o conhecimento da ação penal e o reconhecimento da suficiência das explicações é atribuição do magistrado competente para o conhecimento da respectiva ação penal.
Art. 145 – Ação penal 
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3º do art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.033. de 2009)
1. Objeto: Embora já destacado nos tipos penais a ação penal possível em face de cada um deles, reitera-se o que já foi dito a respeito do tema.
Como regra a ação penal será privada.
Entretanto,será pública incondicionada quando o crime de injúria real (resultar em lesão corporal).
Será pública, condicionada à representação do funcionário público, quando a calúnia, a difamação ou a injúria for dirigida contra ele no exercício de suas funções. Do mesmo modo quando a injúria tiver conteúdo ofensivo a elementos de raça, cor, etnia, religião, origem ou à condição de idoso ou de portador de deficiência.
Dependerá de requisição do Ministro da Justiça quando os crimes contra a honra previstos no código forem contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro, ocasião em que também será pública.
Dos crimes contra a Liberdade Individual
Art. 146 - Constrangimento Ilegal 
Constrangimento ilegal
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Aumento de pena
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas.
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;
II - a coação exercida para impedir suicídio.
1 – Objeto Jurídico: Cuida-se de norma voltada à tutela da autodeterminação da pessoa, sua liberdade pessoal de escolha e ação, como corolário lógico do princípio constitucional da liberdade.
A própria redação do tipo penal repete, em essência, a garantia da liberdade pessoal sob a égide da legalidade prevista no artigo 5º inciso II, da Constituição Federal. Justamente a prerrogativa de se autodeterminar em consonância com as liberalidades toleradas pelo ordenamento jurídico.
A conduta de constranger alguém a não fazer algo que a lei permite ou fazer o que esta não manda resulta em autêntica coação, em imposição a realização de ato contra a vontade da vítima, que pode ocorrer sob a forma de ameaça ou de efetiva violência, contra ela própria ou terceiro.
O constrangimento pautado no estrito cumprimento do dever legal não configura o crime, já que nessa hipótese a força ou a imposição à realização do ato está em consonância com o ordenamento jurídico.
Já a coação voltada ao cumprimento de um dever legal da vítima, exigível judicialmente, pode resultar na prática do crime de exercício arbitrário das próprias razões.
A coação à subtração, à obtenção de vantagem ilícita, à pratica de ato libidonoso etc. subtrai a incidência da norma, pois nestes casos o constrangimento se torna parte integrante de outros crimes (roubo, extorsão, estupro), pelo que então se compreenderá subsidiário tipo penal previsto no artigo 146 do Código Penal.
2 – Sujeito Ativo/Sujeito Passivo:
É considerado delito comum, não se exigindo do autor ou da vítima qualquer atributo ou qualidade especial.
O sujeito passivo, a vítima, só será assim considerado quando detiver efetiva consciência ou capacidade de se determinar de acordo com ação cuja prática lhe foi indevidamente exigida. O interdito, então, não é considerado sujeito passivo.
3 – Elemento Subjetivo:
Prevê o Código Penal para o delito em tela apenas o dolo, a vontade livre consciente de constranger a vítima à pratica de ato inexigível. Um dolo específico, pois. O constrangimento “gratuito” não direcionado à vulneração da vontade legítima da vítima resultará em simples ameaça, lesões corporais, vias de fato etc.
4 – Consumação e tentativa:
Materializa-se o crime quando a vítima realiza o ato que a lei não manda ou não faz o que esta permite, e assim cumpre a ordem do autor. O delito é consumado quando resta satisfeita a exigência do autor.
A tentativa é configurável quando a vítima opõe resistência ao constrangimento do autor, deixando de realizar o comando que lhe foi oposto, apesar da violência ou grave ameaça promovidas.
5 – Constrangimento Ilegal Qualificado:
A prática do crime por mais de três pessoas (quatro ou mais) ou mediante emprego de arma de fogo, mesmo de brinquedo, enquanto simulacro, autorizam o cômputo cumulativo e em dobro da pena.
6 – Subsidiariedade:
Considera-se que o crime em questão será subsidiário enquanto não integra infração mais grave, (estupro, roubo etc.). De outro lado, restará descaracterizado o constrangimento ilegal quando desassistido do dolo específico de atentar contra a liberdade individual da vítima (tratando-se então de simples ameaça, vias de fato etc.).
7 – Concurso com outros crimes:
O §2º do artigo 146 autoriza o cômputo do concurso material entre o constrangimento e eventuais delitos configurados a partir da violência contra a vítima, compreendendo-se aqui a lesão corporal e a lesão corporal seguida de morte, sendo assim cumuláveis.
8 – Causas excludentes:
Há no § 3º do dispositivo em debate a descrição de duas causas excludentes de antijuridicidade: I – quando o constrangimento consiste em intervenção médica, justificada pelo iminente perigo de vida; e II – quando com ele se pretende impedir o suicídio.
Contudo, a preocupação do legislador nestes casos não pode ser compreendida como impeditiva de outras situações verificáveis no caso concreto, previstas na Parte Geral (artigo 23 do Código Penal).
Art. 147 - Ameaça 
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
        Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
        Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
1 - Objeto Jurídico:
Para tutelar a liberdade individual, a paz social, assim como a urbanidade nas relações interpessoais, a lei estabelece como criminosa a conduta de intimidar outrem, prometendo o dano, lesão ou prejuízo injusto, mediante manifestação vocal, escrita ou simbólica (“palavra, escrito ou gesto”).
A gravidade da ameaça deve ser igualmente relevante, tendo importância nas relações jurídicas da vítima (incolumidade física, patrimônio, intimidade etc.), assim como injusta, em contrariedade ao direito (ex: a ameaça de cobrança judicial de dívida não caracteriza o delito, pois o acesso ao Poder Judiciário é garantia de todos).
2 – Sujeito Ativo/Passivo:
Não é crime próprio porque falta exigência de uma qualidade especial do autor. Assim, qualquer um pode ser sujeito ativo da conduta, tratando-se assim de crime comum. A vítima também pode ser qualquer pessoa física.
O destaque, aqui, quanto ao sujeito passivo, é no sentido de que ele deve ter consciência e compreensão sobre o conteúdo e a consequência da ameaça que lhe foi dirigida, devendo deter mínima capacidade para tanto. A criança incapaz de compreender o conteúdo da ameaça não é considerada vítima.
3 – Elemento Subjetivo:
É indiferente para o crime que autor pretenda, em seu íntimo, levar a cabo ou não a ameaça, sendo suficiente a vontade intimidar para a satisfação do elemento subjetivo. E nisto se caracteriza o dolo. Não há previsão para ameaça culposa.
4 – Consumação e Tentativa
O crime se considera consumado quando a vítima toma ciência da ameaça.
Embora seja considerado crime formal, fica configurada a tentativa quando frustrada a ação no iter criminis, como no caso da carta ameaçadora que não chega ao destinatário, embora raros os casos em que, de fato, este episódio ocorra na realidade.
5 – Subsidiariedade: Não incidirá o delito do artigo 147 do Código Penal quando a ameaça se tratar de apenas um ato empregado para a prática de outros crimes, a exemplo dos casos de roubo e de extorsão, sem a exclusão de outras hipóteses. Portanto, é considerando um delito subsidiário.
A ameaça remanesce residualmente, também, com relação ao crime de Constrangimento Ilegal, já que não pressupõe um dolo específico de se exigir da vítimaa realização ou abstenção de determinado ato.
Art. 148 - Sequestro e Cárcere Privado 
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; 
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; 
V – se o crime é praticado com fins libidinosos.
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
1 – Objeto Jurídico:
Ainda na tutela da liberdade individual, o artigo 148 do Código Penal criminaliza atos de constrangimento ao direito de ir e vir da vítima, mediante sequestro ou cárcere privado.
A definição de sequestro é ampla, pois nela se consideram atos não definidos de retenção da vítima, de supressão de sua mobilidade.
O cárcere privado, de outro lado, materializa-se na clausura da pessoa, no confinamento da vítima em ambiente fechado, do qual ela não possa se libertar.
O consentimento da vítima obsta a tipicidade, pois se considera que, diante da anuência do sequestro ou do cárcere privado, sua vontade de ali permanecer não foi suprimida, antes pelo contrário, sua liberdade restou respeitada.
Também não pode ser considerada criminosa a involuntária privação da liberdade da pessoa portadora de sofrimento psíquico, enquanto medida autorizada judicialmente, pois se trata de modalidade prevista na Lei nº 10.216/10.
2 – Sujeito Ativo/Passivo:
Cuida-se de delito comum, pois qualquer pessoa pode praticá-lo, também não se exigindo da vítima alguma qualidade ou atributo especial.
Se a vítima é criança ou adolescente, incide o crime previsto no artigo 230 do Estatuto da Criança e do Adolescente.
3 – Elemento Subjetivo: É a vontade livre e consciente de restringir a liberdade da vítima, sua vontade, não se exigindo uma finalidade especial em relação ao delito previsto no caput do dispositivo.
Não há previsão para modalidade culposa do crime.
4 – Consumação: O delito se consuma com a efetiva supressão da liberdade da vítima, a partir do momento em que ela tem embaraçado seu direito de livre trânsito.
Também se considera possível a tentativa em situações nas quais a ação do autor é frustrada por ato da própria vítima ou de outrem, também  por circunstâncias alheias à vontade daquele. Enquanto crime é plurissubsistente, com um iter criminis a ser fracionado, a falha em qualquer das etapas da ação criminosa pode frustrar seu êxito, sendo possível, assim, a tentativa.
5 – Formas qualificadas  - § 1º - pena de reclusão 02 (dois) a 05 (cinco) anos:
Inciso I – A proximidade familiar entre vítima e autor determina a incidência da figura qualificada por pressupor um maior dever de solidariedade familiar do cônjuge, do ascendente e do descendente na tutela dos direitos da vítima.
Impõe-se compreensão de que a norma não admite interpretação extensiva a outros parentes diversos daqueles ali previstos, não se descartando, contudo, entendimento em sentido diverso, pois companheiro é equiparado a cônjuge e o filho adotivo também não pode sofrer distinção em relação à prole natural, em razão de expressa previsão constitucional.
Quando a vítima for juridicamente idosa (maior de 60 anos) também incidirá o delito previsto no inciso I, a partir da Lei nº 10.741/10 (Estatuto do Idoso).
Inciso II – Quando o meio empregado para o sequestro ou o cárcere se dá pela internação da vítima em casa de saúde, notadamente nas hipóteses de internações que contrariem a Lei nº 10.216/10.
Inciso III – A privação da liberdade superior a 15 dias merece maior reprimenda justamente pelo excessivo prazo de sequestro ou encarceramento imposto à vítima.
Inciso IV – Também se considera qualificado o crime quando a vítima é menor de 18 anos, pois considerada, aqui, sua fragilidade, a incapacidade dela de opor resistência ao autor do crime e à ação criminosa.
Inciso V – A finalidade libidinosa do crime também autoriza pena mais severa, não se exigindo que o ato libidinoso em si venha a ser praticado. Aliás, a realização deste poderá implicar na prática de crime contra a liberdade sexual, em cumulação ao do artigo 148 do Código Penal.
          § 2º - pena de reclusão - 02 (dois) a 08 (oito) anos:
          A pena mais severa para o delito do artigo 148 do Código Penal é reservada à conduta praticada de modo que os maus-tratos ou a própria maneira de execução do crime resultam em grave sofrimento físico ou moral à vítima (a exemplo do sequestro em que há privação de agasalho contra o frio, exposição dela a situações vexatórias etc.).
Art. 149 - Redução a Condição Análoga à de Escravo 
       Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:        (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
        Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.        (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
        § 1o Nas mesmas penas incorre quem:          (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
        I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho;         (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
        II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.        (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
        § 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:        (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
        I – contra criança ou adolescente;          (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
        II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.          (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
1 - Objeto Jurídico:
 O art. 149 do Código Penal propõe a tutela liberdade do indivíduo quando se ele fica sujeito ao poder de outro, em situação análoga à escravidão, quando a liberdade da vítima é exposta, de modo invencível, à vontade de outra pessoa.
        A Lei nº 10.803/03, ao dar nova redação ao artigo 149 do CP, delimitou as hipóteses de incidência do tipo penal, restando doravante configurado apenas quando a condição análoga à escravidão resultar em sujeição da vítima a trabalhos forçados, a jornada exaustiva, a condições degradantes ou mediante restrição de seu direito de locomoção, em razão de dívida com empregador ou preposto.
 
 Trabalhos forçados podem ser considerados aqueles impostos à vítima contra a sua vontade, por força da ação do autor do crime, assim como aquelas tarefas cujo esforço expõe a vítima a exaustão.
 A jornada de trabalho exaustiva é a que extrapola os limites máximos tolerados pela legislação trabalhista.
 A caracterização da sujeição à situação análoga à escravidão também poderá se configurar, alternativamente, com a exposição da vítima a situações vexatórias, desonrosas e humilhantes, pelo que daí se destacará a condição degradante.
 A última hipótese, comum nos casos em que se restringe a liberdade dos trabalhadores da agricultura enquanto não pagarem despesas oriundas de acomodações e alimentos que usam quando vão efetuar tarefas em lavouras, pressupõe uma obrigação mercantil entre o empregador, ou o preposto, e a vítima, mesmo que, no caso concreto, esta obrigação seja fraudulenta, ou apenas um engodo. A norma também menciona o direito de locomoção, considerando-seassim, então, a restrição ao uso de um meio de transporte não se exigindo propriamente, uma vedação ao direito de ir e vir. Também considera a indevida retenção de documentos pessoais como meio para a prática do crime
 A Lei não estabelece um modo específico para a prática do delito, pelo que ele pode ocorrer mediante violência ou grave ameaça, capazes de suprimirem a resistência da vítima.
2 - Sujeito Ativo/Passivo:
 É crime comum, que pode ser cometido por qualquer pessoa, assim como qualquer um, desde que detentor do direito a liberdade, pode ser vítima.
3 - Elemento Subjetivo:
 Não se compreende delituosa a conduta praticada culposamente, o que pressupõe, então, a vontade livre e consciente do autor de expor a vítima a situação equivalente à escravidão.
4 - Consumação e Tentativa:
 O delito se consuma quando seu autor subjuga a vítima, quando a mantém submissa às suas ordens. Se a vítima depois de submetida a tal condição, logra a própria liberdade, ainda assim o crime restou consumado, já que antes disso o autor satisfez todos os elementos da definição legal do fato típico.
5 - Formas Equiparadas (§ 1º):
 Ainda que fosse possível cogitar a co-autoria para o delito em questão, tratou a lei de estender o alcance do crime, determinando expressamente que também se submete a sanção penal aquele que dificulta o acesso da vítima a um meio de transporte, bem como o que mantém vigilância no local do crime e o que mantém a custódia dos documentos do sujeito passivo.
6 - Causa de aumento (§ 2º):
 A condição etária da vítima, enquanto criança ou adolescente, assim como a motivação de raça, de etnia, de cor, religião ou origem, são determinantes do aumento da pena em metade.
Art. 150 - Violação de Domicílio 
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
        Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
        § 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas:
        Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência.
        § 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.
        § 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências:
        I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência;
        II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser.
        § 4º - A expressão "casa" compreende:
        I - qualquer compartimento habitado;
        II - aposento ocupado de habitação coletiva;
        III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.
        § 5º - Não se compreendem na expressão "casa":
        I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior;
        II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
1 – Objeto Jurídico:
            
A tutela da liberdade individual também alcança a proteção ao domicílio da pessoa, seu local de descanso privado, de resguardo de sua tranquilidade. O conceito de casa, aqui, ganha contornos mais restritos que o de domicílio da Lei Civil, sendo assim compreendido pelo próprio legislador a partir dos §§ 4º e 5º do artigo 150 do Código Penal.
Esta definição, aliás, é recepcionada pela própria Constituição Federal, a partir de seu artigo 5º, inciso XI: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem o consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”.
Em resumo, a norma penal quer repreender a invasão da moradia da pessoa.
As dependências da casa compreendem garagens, jardins e outros espaços, enquanto devidamente cercados e com acesso restrito aos moradores.
São repreendidos, então, os atos de ingresso e de permanência na casa alheia ou suas dependências.
A entrada desautorizada é o ato de invasão no domicílio, enquanto que a permanência pressupõe prévio ingresso autorizado pela vítima, pelo que a partir de determinado momento a continuidade do autor do fato no local deixou de ser consentida, recusando-se ele a sair de lá.
Havendo vários moradores convivendo na casa em igualdade de condições, a contrariedade de um deles é suficiente para que o delito se configure. Contudo, a recusa dos filhos submetidos ao poder familiar e também os maiores de idade, residentes, não obsta que estranhos ali permaneçam, mediante consentimento dos demais residentes.
2 – Sujeito Ativo/Passivo:
Não se exige alguma condição especial da vítima ou do autor para ocorrência do delito, pelo que se classifica como um crime comum.
Considere-se, contudo, que o sujeito passivo deve ser o morador do local.
3 – Elemento Subjetivo:
Pune-se apenas a conduta praticada dolosamente, motivada pela vontade consciente de ingressar ou permanecer sem consentimento na casa da vítima. Não havendo previsão legal para a figura culposa, oriunda de negligência, imprudência ou imperícia.
4 – Consumação:
A consumação ocorre com a simples entrada ou permanência do autor na residência da vítima, sem a autorização dela, sendo possível cogitar, também, a tentativa, quando a ação daquele é frustrada.
5 – Forma Qualificada - § 1º (detenção de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência):
Ganha maior rigor penal a violação do domicílio praticada de modo que se considera reduzida a possibilidade da vítima de opor resistência à ação criminosa, nas seguintes maneiras:
- Durante a noite, período compreendido entre o pôr-do-sol e a alvorada;
- Lugar ermo, como aquele despovoado;
- Mediante emprego de violência, aqui se considerando a violência física, ou arma, não necessariamente de fogo;
- crime cometido por duas ou mais pessoas, quando ao menos duas pessoas cooperam entre si para a prática do crime.
6 – Causa de aumento § 2º (aumenta-se a pena de um terço):
A norma parece destinada aos funcionários públicos responsáveis pelo cumprimento de mandados judiciais, que violam as condições exigidas para o ingresso na casa da vítima, fora das hipóteses permitidas em lei, sem mandado judicial ou em contrariedade às condições postas à execução da ordem. O funcionário deve agir sob tal condição para que a causa de aumento incida.
7 – Excludentes da ilicitude:
Cuidou o legislador de estabelecer expressamente algumas situações em que o fato não pode ser considerado criminoso (durante o dia, para cumprimento de ordem legal e, na noite, em situações de flagrante delito ou na iminência da pratica de um crime). Por óbvio, elas não excluem outras causas possíveis, a partir do estabelecido nas excludentes de ilicitude previstas na Parte Geral do Código Penal.
8 – Conceito de Casa (§§ 4º e 5º):
O § 4º cuida de estabelecer, em seus incisos, o que deve ser compreendido como casa, para efeitos penais, enquanto o § 5° propõe-se a restringir o alcance da norma.
Art. 155 - Furto 
        Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
        Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
        § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
        § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
        § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
        Furto qualificado
        § 4º - A pena é dereclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
        I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
        II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
        III - com emprego de chave falsa;
        IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
        § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. 
        § 6o  A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração.
1.       Objeto Jurídico:
A Parte Especial do Código Penal destaca no seu Título II a defesa do patrimônio, e não apenas a propriedade. Considere-se, então, que a norma não vigora apenas em defesa do domínio sobre determinado bem, também alcançando outros aspectos jurídicos da vida privada da vítima. O patrimônio, aqui, deve ser considerado em sentido amplo, como um conjunto de relações jurídicas tituladas a um particular.
A partir disso, na lei vai elencado um rol de condutas lesivas que se consideram determinantes da aplicação das sanções penais. O início da repressão aos crimes contra o patrimônio, no Código Penal, dá-se com a conformação jurídica que o artigo 155 dá ao crime de furto.
Então, descreve-se a subtração como verbo nuclear do delito, que consiste na tomada, a retirada, a apropriação de coisa de terceiro, sem a ciência ou anuência dele e sem se estabelecer um modo específico de praticar o delito para que este se configure, também por isso se considera um crime de ação livre.
O tipo penal dá defesa à coisa móvel, a ser considerada a concepção jurídica, em diferenciação da imóvel.
A coisa abandonada e a que a ninguém pertence não é objeto do crime de furto. Contudo, no caso do bem perdido, que restar subtraído, resta caracterizado o delito.
Outra consideração, ainda que a jurisprudência dê destaque à insignificância de algumas condutas, para compreendê-las atípicas, quando ponderado o valor do prejuízo patrimonial suportado pela vítima, parte da doutrina considera que a expressão patrimonial da res é dispensável para que o crime se configure, bastando que a coisa tenha um valor extrapatrimonial ou alguma utilidade ao ofendido.
Aparentemente essa segunda corrente não está encontrando esteio na prática forense, quando considerados os crimes de bagatela, justamente porque no entendimento dos tribunais, o valor pecuniário da coisa subtraída tem relevância para a tipificação da conduta.
2.               Sujeito Ativo/Passivo: É crime comum, pois a norma não exige qualquer qualidade ou atributo especial do autor. 
A vítima pode ser qualquer pessoa, desde que titular da coisa subtraída.
3.           Elemento Subjetivo: Consiste na vontade livre e consciente de subtrair coisa alheia móvel, não se estabelecendo criminoso o fato cometido culposamente.
4.         Consumação/Tentativa: Aqui se considera consumado o crime com a efetiva subtração da coisa, a ocorrer no momento em que o autor do fato obtém a posse da res, ainda que momentânea. Além disso, prescinde-se a tranquilidade ou não da posse ou o fato de ela se dar de modo desvigiado da vítima, bastando que o autor logre se apoderar do bem. Considera-se no caso a Amotio ou Teoria da Apprehensio (Ex. STF – HC 104.593 e HC 114.329).
A tentativa se afigura possível quando, apesar dos esforços do autor, ele não logra o apossamento da coisa, nas condições necessárias ao reconhecimento da consumação.
5.          § 1º - Majorante (1/3) – Repouso Noturno: Não se confunde com o conceito de noite, que é o período compreendido entre o crepúsculo e a alvorada. Assim, deve ser considerado o momento no qual as pessoas se recolhem ao descanso noturno, conforme os costumes locais, pouco importando se havia a presença de pessoas repousando no local no delito, a exemplo do crime realizado em residência.
6.             § 2º - Furto Privilegiado, de pequeno valor ou furto mínimo: Trata-se de direito do autor de ser submetido a penas mais brandas, quando considerada sua primariedade (não reincidente), tal como o valor da coisa subtraída, no limite de um salário mínimo, ao tempo do crime.
7.             § 3º Furto de Energia: A norma trata de estender o conceito de coisa móvel para compreender típico o furto de energia elétrica ou outra passível de valoração econômica (como poderá ser eventualmente a energia térmica e outras), a partir da colocação de fiação clandestina na rede elétrica instalada. Também é possível que se considere como estelionato a adulteração ou a fraude no leitor de energia, a fim de que o aparelho deixe de medir o consumo efetivamente realizado na unidade consumidora, sem embargo à circunstância de que, na hipótese de ser considerado furto, o destaque à figura qualificada do delito (inciso II do § 4º do artigo 155 do CP).
8 -               §§ 4º, 5º e 6º - Furto qualificado: 
8.1 - §4º - I – Destruição ou rompimeno de obstáculo à subtração da coisa: Normalmente se dá pelo emprego de métodos voltados à supressão dos impeditivos à subtração, destruindo-os ou os rompendo. Se a coisa destruída ou rompida  não se tratava de um óbice à subtração, é de se cogitar o concurso do crime de furto com o de dano.
8.2 - §4º - II – Abuso de confiança, fraude, escalada ou destreza: O abuso de confiança se dá quando o autor faz uso de relações preestabelecidas com a vítima para lograr a prática do crime, a exemplo da relação entre patrão e empregado. A fraude é o emprego de estratagema com o fim de distrair ou reduzir a vigilância da vítima sobre a coisa. A escalada pressupõe o emprego de um esforço extraordinário para lograr acesso à coisa a subtrair, a exemplo do salto a um muro de dois metros, enquanto a destreza pressupõe uma habilidade especial do autor, incomum às pessoas em geral, cujo uso permitiu a prática do crime (exemplo do punguista, do batedor de carteira, que subtrai bolsas e carteiras sem que a vítima perceba).
8.3 - §4 – III – Emprego de chave falsa: Chave falsa é a que imita a verdadeira, aquela apta a destravar mecanismo de segurança sem danificá-lo.
8.4 - §4º - IV – Mediante concurso de duas ou mais pessoas: Aqui não tem relevância eventual inimputabilidade de algum dos que concorreram à prática do crime, tampouco o modo, a intensidade na participação de cada um dos agentes, para que incida a qualificadora, basta a atuação de ao menos duas pessoas.
O crime de quadrilha se consuma com a simples associação criminosa de três ou mais pessoas, para fins criminosos, pelo que não incide a hipótese de bis in idem, quando ponderado com esta qualificadora. Logo, a prática do crime de furto não impede eventual responsabilização por formação de quadrilha.
8.5 - §5º - Veículo automotor a ser transportado a outro Estado: Considere-se o veículo automotor aquele dotado de autopropulsão, cujo furto será qualificado caso sua destinação seja outro Estado da Federação ou para o Exterior.
8.6 - §6 – Furto de animal em produção: O furto de animal criado em produção, destinado ao consumo e uso, também passou a ser considerado qualificado, com pena de 02 a 05 anos de reclusão.
9 - Furto de Uso: O crime de furto tem um dolo específico do autor, com o objetivo de se apoderar definitivamente da coisa para si ou para outrem.
Logo, há entendimento no sentido de que a subtração da coisa apenas para um uso momentâneo, com sua posterior devolução no mesmo estado e condições em que encontrada, já não caracteriza crime, que é denominado, então, furto de uso.
Art. 156 - Furto de coisa comum 
     Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:
        Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
        § 1º - Somente se procede mediante representação.
       § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quotaa que tem direito o agente.
      1 - Objeto Jurídico: O crime descrito no artigo 156 do Código Penal também poderia ser chamado de "furto de coisa em comum", pois é justamente a titularidade sobre esta que se pretende tutelar. Tem-se, então, que a subtração da coisa em condomínio, integrante de espólio ou de sociedade, pelo respectivo condômino, herdeiro ou sócio, enquadra-se na hipótese do artigo 156 do Código Penal.
      Também não se diz que a tutela aqui é com relação ao direito de propriedade, pois em tese esta é comum ao autor e à vítima, mantendo-se indefinida entre eles. O resguardo aqui é em relação ao uso e ao direito de posse da coisa em comum.
      2 - Sujeito ativo/passivo: O peculiar neste tipo penal é justamente a preexistência de uma relação jurídica de condomínio, de vocação hereditária/testamentária ou de sociedade entre o autor e a vítima.
      Noutros termos, há uma qualidade especial do autor e da vítima para que o crime ocorra, que é justamente a posição de condômino, herdeiro ou sócio..
      3 - Consumação e tentativa: A consumação do delito, salvo melhor entendimento, ocorre de modo idêntico ao exigido no artigo 155 do Código Penal, dando-se no momento em que o autor toma para si, exclusivamente, a coisa em comum, não se exigindo, para tanto, que a posse oriunda desta subtração se dê pacificamente.
     A tentativa é possível.
      4 - Elemento Subjetivo: Consiste no dolo, na vontade de possuir exclusivamente a coisa em comum com a vítima.
       Não há previsão para o crime em sua modalidade culposa.
      5 - Exclusão do crime: O § 2º dispõe textualmente que a conduta deixa de ser punível, enquanto a parte subtraída for fungível e não extrapolar o direito do agente sobre o todo em comum.
      Contudo, neste caso a doutrina pondera que a conduta deixa de ser considerada criminosa, sendo o caso, então, de exclusão do crime, pois o autor está se apossando da parte que lhe pertence, ao menos idealmente. Isso sem olvidar o destaque de que tal situação só se aplica aos bens subtraídos que forem considerados fungíveis.
Don roubo e da extorção
Art. 157 - Roubo 
Do Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; 
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. 
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.
1              1.       Objeto Jurídico:
       Para este tipo penal, tal como também se conclui da análise do crime de furto, o destaque da norma é a defesa do patrimônio. No caso, contudo, considerando que o apossamento ou a obtenção da coisa pelo autor se dá com o emprego de grave ameaça ou de violência à pessoa, disso também resultando potencial lesivo contra sua segurança e incolumidade, o legislador considerou mais acentuada a gravidade da conduta, então lhe dispensando definição própria. Eis o roubo previsto no artigo 157 do Código Penal.
         No caso da grave ameaça, compreende-se como tal aquela apta a causar um justo receio de lesão a determinado bem jurídico, podendo se dar mediante palavra ou gesto, como no caso do assaltante que gesticula a possível posse de arma de fogo debaixo de sua roupa.
        Quanto ao emprego de violência, esta se materializa mediante emprego de força física, da vis absoluta voltada contra a pessoa, mas com o objetivo de lograr a obtenção da coisa, mediante subjugo do ofendido.
           Há entendimento no sentido de que o direcionamento da agressão deve ser contra a vítima, visando suprimir sua resistência à subtração da coisa, pelo que a violência apenas contra a coisa desclassificaria a conduta para o delito de furto. Os exemplos trazidos nesse sentido se referem à hipótese da trombada, do punguista, que colide com a vítima de modo a não resultar sequer vias de fato ou outra agressão a ela, objetivando levar um colar, uma carteira ou um objeto, remanescendo assim o delito de furto.
2              2.       Sujeito Ativo/Passivo:
          Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de roubo, já que a norma não impõe um atributo especial ao seu autor. Assim também à vítima.
          Quanto ao sujeito passivo, é possível que não apenas o titular da coisa subtraída seja vítima do crime, mas também um terceiro ameaçado ou agredido pelo autor, a fim de que se obtenha o objeto da subtração. 
3              3.       Elemento subjetivo:
Admite-se apenas o dolo para a conduta, pois ausente a previsão do crime em sua modalidade culposa.
4              4.       Consumação e tentativa:
No caso do caput do artigo 157, o crime se consuma quando o autor se apodera da coisa, independentemente da pacificidade e da duração de sua posse. Assim, a prisão em flagrante, por si só, não resulta em impeditivo à consumação do crime.
No caso de roubo impróprio (§ 1º), a consumação se realiza com a subtração e posterior grave ameaça ou violência.
Neste caso, cogitar-se-ia a tentativa se, depois de se apoderar da coisa, o autor não lograsse ameaçar ou agredir a vítima, com o fim de garantir a impunidade ou o êxito da subtração. Contudo, neste caso remanesceria o delito do artigo 155 do Código Penal. Então, o entendimento prevalente é no sentido de que não é possível a tentativa para o crime de roubo impróprio, pois em verdade ele seria apenas furto.
5.                  Roubo Impróprio (§ 1º do art. 157):
É uma situação possível de se enquadrar ao menos no início, em teoria, como furto, mas que o legislador entendeu por equiparar ao roubo, considerando que as ameaças ou violências também se fizeram presentes, mas posteriores à subtração.
Trata-se, então, daquele roubo no qual a violência ou a grave ameaça vêm depois da subtração, tendo por objetivo a garantir a impunidade e o êxito da subtração. Assim, tem-se o instante da ameaça ou da violência, assim como o objetivo destas, como determinante da incidência do roubo impróprio.
6.                  Causas especiais de aumento de pena (§ 2º do artigo 157 do Código Penal):
Parte da doutrina assim denomina porque não considera adequado denominá-las figuras qualificadas para o crime de roubo, já que não detêm relativa autonomia em relação ao delito previsto no caput, apenas orientarão o julgador na terceira fase da dosimetria da pena (aumento da pena de um terço até metade)
6.1.            Emprego de arma (inciso I do § 2º):
Não se trata apenas de arma de fogo, considerando-se qualquer objeto apto a ser manejado ofensivamente contra a vítima (ex: barra de ferro, pedaço de pau, facão, faca, canivete etc.).
6.2.            Concurso de duas ou mais pessoas (inciso II do § 2º):
Exige a colaboração entre de ao menos duas pessoas no ato da subtração para que incida essa causa de aumento, sendo indiferente eventual inimputabilidade de uma delas.
6.3.            Transporte de valores (inciso III do § 2º):
Exige-se que a atividade da vítima esteja vinculada ao transporte de valores mobiliários, assim como a ciência do autor do fato a respeito desta condição.
6.4.            Roubo de veículo automotor (inciso IV do § 2º):
Os mesmos comentários a respeito do § 5º do artigo155 são cabíveis aqui, sendo necessária a demonstração de que o destino do bem subtraído é outro Estado da Federação ou outro país.
6.5.            Privação da liberdade da vítima (inciso V do § 2º):
Compreende-se deste inciso que a supressão da liberdade da vítima deve ter como objetivo a obtenção dos valores ou a garantia de êxito da conduta criminosa ou da impunidade. Conduto, não é aplicável aos casos de sequestro-relâmpago, em que a vítima é obrigada a praticar conduta que não lhe é exigível (como revelar a senha do cartão). Este caso, em verdade, amolda-se à hipótese de extorsão.
7.                  Roubo qualificado pela lesão corporal grave ou morte (latrocínio)(§ 3º):
Configuram situações de crimes preterdolosos, nos quais, embora a vontade de lesionar e de matar possa estar presente, esta é inexigível para que se responsabilize o autor pelo resultado mais grave, sendo suficiente sua culpa. Em ambos os casos, ainda é necessário que se verifique o nexo causal entre a conduta e o resultado mais lesivo (lesão corporal grave ou morte).
Art. 158 - Extorsão 
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. 
§ 3o  Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
1.            Objeto Jurídico – Pela posição temática do dispositivo, incluído Capítulo II do Título II da Parte Especial do Código Penal, nele prepondera a tutela do patrimônio, com repercussão também na liberdade individual da pessoa que, enquanto vítima, é constrangida a favorecer o autor do fato, ou outrem, com ação que resulte em indevida vantagem econômica em proveito deles. 
O verbo nuclear da conduta é o ato de constranger, impor, coagir etc. Enfim, exigir da vítima a realização de algo que trará indevida vantagem patrimonial ao autor do fato ou a terceiro. De regra, mas não necessariamente, ocorrerá em prejuízo à própria vítima.
São recorrentes as teses ponderando a diferenciação entre os crimes de roubo e de extorsão, dando-se destaque, neste último tipo penal, a uma atuação mais efetiva da vítima, pois coagida a colaborar na obtenção de vantagem indevida em proveito do autor. Neste caso é exigida a participação dela, pois então será compelida para que faça, deixe de fazer ou tolere “alguma coisa”, enquanto que no crime de roubo ela assume uma posição passiva, na qual o autor do fato simplesmente subtrai, mediante violência ou grave ameaça, não se pressupondo qualquer conduta do sujeito passivo do crime (vítima).
A contribuir com o debate, crê-se possível também a diferenciação entre os crimes de constrangimento ilegal e o de extorsão, já que em ambas as hipóteses legais há uma exigência indevida à vítima, para que faça algo ou deixe de fazê-lo.
No que são semelhantes:
No constrangimento ilegal (art. 146): “Constranger... a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda.”
Na extorsão (art. 158): “Constranger... a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa.”
Diferenciam-se apenas no que toca à indevida vantagem patrimonial, ausente no constrangimento ilegal, estando presente no caso de extorsão.
Por fim, cumpre destacar aparente impropriedade do legislador ao dispor no artigo 158 que a vítima deve fazer ou não “alguma coisa”, pois sob o aspecto jurídico uma coisa é um bem corpóreo, apropriável pelo homem, e não uma conduta em si. Seria mais claro se, ao final, apenas dissesse “...a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer algo.”
Eventualmente, até se poderia cogitar que a imprecisão do legislador não poderia ser invocada em prejuízo ao réu no caso concreto. Isso, inclusive, pode justificar uma discussão mais aprofundada sobre o tema.
No caso de estelionato, a diferença se estabelece no ânimo da vítima, que será ludibriada a conceder voluntariamente indevida vantagem econômica, enquanto que na extorsão, de antemão, ela tem ciência do intento do autor, porquanto coagida a fazer o que não quer.
2 – Sujeito Ativo/Passivo – É crime comum, não exigindo qualquer enquadramento jurídico especial do autor ou da vítima. Qualquer um pode ser seu autor, assim como qualquer pessoa pode ser vítima.
3 – Elemento Subjetivo – A vontade livre e consciente de praticar o crime caracteriza o dolo na conduta. Não há previsão legal de extorsão culposa.
A intensão de constranger deve estar direcionada a uma ação, omissão ou tolerância da vítima, a fim de que se obtenha uma vantagem patrimonial indevida. Isso agrega uma nuance peculiar ao elemento subjetivo, tratando-se, assim, de um dolo específico.
4 – Consumação/tentativa – O delito é meramente formal e se consuma com o simples constrangimento, sendo indiferente a obtenção, ou não, da vantagem indevida, para que a conduta se considere plenamente realizada.
A tentativa se afigura possível quando, apesar da ação do autor, a vítima não se constrange, resistindo às exigências que lhe foram opostas.
5 – Causa especial de aumento de pena (§ 1º) – O crime praticado por duas ou mais pessoas pressupõe uma ação conjunta de constrangimento, não se tratando propriamente de concurso. E quanto ao emprego de arma, vão reiteradas aqui as considerações sobre o tema, no texto que trata do crime de roubo (vide comentários ao § 2º, inciso I, do artigo 157).
6 – Extorsão qualificada pelo resultado (§ 2º) – Em síntese, o dispositivo estabelece que o resultado da extorsão pode destacar as mesmas sanções previstas ao roubo qualificado, previsto no § 3º do artigo 157 do Código Penal: a reclusão de 07 a 15 anos e multa, quando resultar em lesão corporal grave, assim como reclusão de 20 a 30 anos e multa, caso resulte em morte.
7 – Extorsão qualificada mediante restrição da liberdade e pelo resultado (§ 3º) – A extorsão prevista no § 3º se estabelece como um minus em face do crime do artigo 159, caput, do Código Penal, afigurando-se inicialmente qualificada quando considerado o modo de execução do crime.
      Há na hipótese um embaraço parcial da liberdade da vítima (sem seu encarceramento), como condição à obtenção de vantagem indevida (ocupou-se o legislador de cuidar das hipóteses de sequestro relâmpago), cuja pena será de 06 a 12 anos de reclusão.
    Veja-se a restrição à liberdade como meio para constranger a vítima, coagindo-a a colaborar com o autor na obtenção da vantagem indevida.
O parágrafo também agrega qualificadoras pelo resultado. Na hipótese de resultar em lesão corporal grave, ou morte, equivale-se aos sequestros qualificados previstos nos § 2º e 3º do artigo 159 do Código Penal, com penas de 16 a 24 anos e 24 a 30 anos, respectivamente.
Art. 159 - Extorsão Mediante Sequestro 
Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90   (Vide Lei nº 10.446, de 2002)
        Pena - reclusão, de oito a quinze anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
        § 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90     (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
        Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
        § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de naturezagrave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
        Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
        § 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
        Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
        § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996)
1.               Objeto Jurídico: O património e a liberdade do indivíduo são garantias máximas de nosso regime constitucional e apenas o Estado, por sua soberania, detém prerrogativas suficientes para suprimi-los do particular. Mais, assim pode agir somente dentro de um devido processo legal regularmente preestabelecido (inciso LIV do artigo 5º da Constituição Federal).
Logo, já não incumbindo sequer ao próprio Estado, manu militari, a tomada da liberdade e do patrimônio da pessoa, sem observância das garantias individuais, com muito menos propriedade pode assim agir o particular.
E tal é a sensibilidade de desses bens jurídicos (liberdade e patrimônio) em nosso regime democrático, que sua defesa permeia disposições da Carta Magna e da legislação ordinária, inclusive para estabelecer como criminoso qualquer atentado violação a esses.
Aliás, o crime de extorsão mediante sequestro é originalmente concebido como hediondo (inciso IV do artigo 1º da Lei nº 8072/90).
Tem-se no tipo do artigo 159 uma fusão de delitos, porém considerado como crime contra o patrimônio, especialmente porque a liberdade violada é um simples meio à obtenção da vantagem econômica.
Juridicamente o sequestro deve ser considerado como a absoluta privação da liberdade, especialmente porque o legislador pretendeu uma responsabilização mitigada do “sequestro relâmpago”, a partir do § 3º do artigo 158 do Código Penal, a estabelecer limites mais brandos para a pena.
Aqui também pouco importa se a vantagem é devida ou não, já que a lei assim não exigiu. Portanto, o delito também se configura quando o crime é cometido como exigência de pagamento de dívida regularmente estabelecida.
De outro lado, a vantagem a obter deve ser econômica, pois o delito está contido no Título Dos Crimes Contra o Patrimônio.
2. Sujeito Ativo/Sujeito Passivo: Qualquer pessoa pode ser autor do crime e assim também serão considerados todos aqueles que contribuem para o cárcere da vítima.
Igualmente, a norma não pressupõe uma condição especial para a vítima, pelo que qualquer um pode ser considerado sujeito passivo. Aliás, será vítima tanto a pessoa sequestrada como aquela que entrega a vantagem econômica.
3. Elemento Subjetivo: A caracterização do crime pressupõe a vontade livre e consciente de sequestrar a vítima com o objetivo de se obter a vantagem econômica, tratando-se do dolo propriamente dito. Não há previsão para a extorsão mediante sequestro culposa.
4. Consumação e tentativa: O crime se consuma com o efetivo sequestro, pouco importando se a vantagem econômica foi obtida ou não, já que esta é compreendida apenas como o dolo específico do crime.
5. Formas qualificadas: A duração do sequestro (mais de 24 horas), a condição etária da vítima (menor de 18 ou maior de 60 anos de idade) ou sua prática por grupo criminoso (bando ou quadrilha), fazem com que o crime seja repreendido com maior rigor (reclusão, de doze a quinze anos) - §1º.
A definição do que é bando ou quadrilha advém da própria legislação penal (artigo 288 do Código Penal).
Os crimes qualificados previstos nos parágrafos 2º e 3º têm incidência estabelecida pelo resultado do crime. 
Se a vítima restar gravemente lesionada (lesão corporal de natureza grave) o crime é qualificado, com sanção de reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos - § 2º (art. 129, §§ 1º e 2 º, do Código Penal).
Se a vítima vier a óbito, a reclusão será de vinte e quatro a trinta anos - § 3º.
6. Colaboração premiada/Delação Premiada: O § 4º estabelece uma causa de redução de pena, devida ao criminoso que colabora eficazmente com a autoridade policial para a libertação da vítima.
Art. 160 - Extorsão Indireta 
Objeto Jurídico: O crime no qual o autor quer garantia espúria de que a vítima pagará sua dívida.  Com o objetivo de resguardar a liberdade e o patrimônio da pessoa, também compreendeu o legislador por considerar criminosa a conduta na qual o credor exige ou recebe da vítima documento que pode dar causa a procedimento criminal contra ela ou terceiro, isso como garantia de recebimento de dívida.
Pelas peculiaridades contidas no tipo, difere-se da extorsão prevista no artigo 158 do Código Penal em vários aspectos, já que, diversamente daquela, a exigência ou o recebimento do documento incriminador não se dão mediante violência ou grave ameaça, também não se exigindo aferição sobre a origem da dívida, a se tratar de crédito (vantagem) indevido ou não.
O crime pode se materializar em duas oportunidades distintas, uma no momento em que há exigência do documento e noutra por ocasião de seu efetivo recebimento.
A se considerar documento qualquer registro de informações apto a retratar a situação nele descrita, assim podendo ser considerada uma carta, um cheque, uma declaração escrita, inclusive por meio eletrônico etc.
Na hipótese, o tipo penal também exige uma vítima em condição de vulnerabilidade, uma situação que a torne passível de exploração, pois ou autor deve agir “...abusando da situação de alguém”.
Sujeito ativo/passivo: Trata-se de crime comum, já que o tipo penal não exige uma qualidade especial da autora na exigência ou recebimento da garantia do crédito.
O sujeito passivo é aquele que sofre a exigência ou que entrega o documento garantidor da dívida, também podendo assim ser considerado o terceiro passível de responder procedimento criminal.
Elemento Subjetivo: É a vontade de exigir ou receber o documento, nas condições descritas no tipo penal, não se admitindo a conduta culposa por ausência de previsão legal.
Consumação e tentativa: Os dois verbos nucleares da conduta (exigir ou receber) acomodam consumação e tentativa em ocasiões distintas, pois a exigência se consuma no momento em que a vítima é cientificada de dita cobrança, podendo se cogitar a tentativa em hipóteses nas quais, embora proferida dita cobrança pelo autor do fato, aquela não toma ciência do que lhe foi oposto. Na hipótese de recebimento, a consumação ocorre com a efetiva entrega do documento, ocorrendo a tentativa quando a vítima recusa a tanto. 
Extorsão indireta
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

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