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Constipação Constipação intestinal foi definida de acordo com o consenso de Roma III, que se baseia em seis critérios: esforço ao evacuar, fezes endurecidas ou fragmentadas, sensação de evacuação incompleta, sensação de obstrução ou bloqueio anorretal, manobras manuais para facilitar as evacuações e menos de três evacuações por semana. Considera-se que o indivíduo apresenta constipação intestinal quando ele apresenta, em condições naturais (sem uso de laxante ou chás), dois ou mais desses critérios, nos últimos seis meses em pelo menos 25% das evacuações. Avaliação clínica A Queixa principal pode ser referida pelo paciente como: “prisão de ventre”, “obstipação intestinal”, “intestino preso”, “ressecamento”, “dificuldade de evacuar”. O primeiro e mais importante cuidado na avaliação do paciente constipado é excluir a presença de causas secundárias: doenças endócrinas, metabólicas, neurológicas e causas medicamentosas. Causas primárias se devem a alterações funcionais. A história clínica e as queixas devem ser muito bem detalhadas, com o objetivo de identificar características que possam direcionar o raciocínio clínico e criar hipóteses diagnósticas consistentes com a etiologia. É preciso caracterizar como eram os hábitos intestinais antes do início dos sintomas e como está atualmente, realizando uma evolução cronológica detalhada. Além disso, deve-se questionar a forma de início e duração dos sintomas, e assim diferenciar se é um problema crônico ou recente (congênito, desde a infância, ou adquirido, vida adulta). A idade em que houve aquisição de hábitos higiênicos e controle do esfíncter também deve ser questionada. Mediante anamnese, é necessário determinar a natureza, a frequência e a consistência das fezes, estas podem estar apenas um pouco mais duras ressecadas ou em cíbalos (pequenas bolas, como nos caprinos). Deve-se, também, investigar se há relação com alguma modificação de comportamento ou rotina diária, como: limitação à atividade física, alterações na dieta e situações que inibem o desejo de evacuar (exemplo: ida para a escola em crianças; mudança de horário ou ambiente de trabalho), uma vez que essas podem desencadear a obstipação. A avaliação da idade e do sexo é muito importante, visto que a queixa é mais comum em mulheres e idosos. Em idosos pode estar ligado com alterações da motilidade colônica, alterações dietéticas ou períodos de imobilização impostos pela senectude. Nas mulheres costuma ser mais frequente, principalmente em sua forma mais grave e com pior resposta ao tratamento, caracterizando distúrbios de motilidade denominados inércia colônica. Além disso, é indispensável investigar a ocorrência de sinais de “alarme” ou “alerta”, tais como: hemorragia retal, dor abdominal intensa, perda de peso, anorexia, tenesmo e febre. A queixa de constipação também pode apresentar relação com outras doenças e medicações em uso, portanto esses aspectos devem ser questionados, bem como a ocorrência de automedicação, que costuma ser comum e deve ser caracterizada (tipo, quantidade, frequência, início, duração). Outro ponto bastante importante é a avaliação do estado emocional do paciente, visto que estudos comprovam a alta ocorrência de constipação em indivíduos com distúrbios psicológico. Recomenda-se inclusive a aplicação de testes, como MMPI (Inventário Multifásico Minnesota De Personalidade) e SCL-90-R. História Familiar É necessário investigar, além da ocorrência de doenças crônicas ou graves, a presença do mesmo tipo de queixa, de pólipos (crescimento irregular de tecido em uma membrana mucosa) e de câncer nos parentes mais próximos, que incluem cônjuge, filhos, avós, tios e primos paternos e maternos. Antecedentes pessoais e patológicos Deve ser questionado a idade de aquisição de hábitos higiênicos e controle do esfíncter, a ocorrência de doenças graves e/ou crônicas e se houve algum tipo de abuso sexual, principalmente na infância. Hábitos de Vida Caracterização da dieta, questionando principalmente sobre o consumo de alimentos à base de carboidratos, proteínas, gorduras, fibras, bem como de água e outros líquidos. Além disso, deve-se caracterizar a prática de atividades físicas diárias e regulares, descrevendo o tipo, a intensidade, a frequência, o início e a duração de tais atividades, caso o paciente pratique. Uma dieta pobre em fibras, um baixo consumo de água e o sedentarismo são fatores que influenciam o surgimento de constipação.
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