Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ENG01140 – Turma C (Prof. Alexandre Pacheco) 16 5 TRAÇADO DE DIAGRAMAS DE SOLICITAÇÕES INTERNAS A seguir, se verá duas abordagens diferentes para se traçar os diagramas de solicitações internas em estruturas: de forma analítica, i.e., determinando-se funções que definem as solicitações para trechos da estrutura; e por inspeção, baseando-se as determinações de pontos que definem os diagramas nas características do carregamento e nas relações entre as solicitações. Abordagem Analítica: Para o traçado dos diagramas de solicitações internas de um elemento estrutural segundo uma abordagem analítica, primeiramente devem-se determinar as funções que definem cada uma destas solicitações internas ao longo do elemento. Para a determinação destas funções, pode-se lançar mão de duas técnicas que usam o método das seções: calcular diretamente o efeito das forças, à esquerda ou à direita, na seção de corte; ou usar as equações de equilíbrio da mecânica. A grelha abaixo é utilizada para ilustrar as duas técnicas. Empregando-se o método das seções no trecho BC da grelha, e considerando-se somente as ações e reações à esquerda, obtém-se: Assim, calculando-se diretamente o efeito destas ações e reações à esquerda da seção de corte, obedecendo-se a convenção de sinais para a determinação de solicitações positivas e negativas, obtém-se que: V(x) = 10 – (5)(2) = 0 M(x) = (10)(x) – (5)(2)(x – 2) = 20 T(x) = – (5)(2)(1) = – 10 5 10 2 2 A B F x 5 10 10 10 10 2 2 2 2 2 A B C D E F ENG01140 – Turma C (Prof. Alexandre Pacheco) 17 Para empregarem-se as equações de equilíbrio da mecânica, indica-se os sentidos positivos das solicitações pertinentes na seção de corte para, em seguida, empregarem-se as equações de equilíbrio com parcelas positivas segundo as direções indicadas. O desenho abaixo reproduz o anterior, porém com as solicitações pertinentes indicadas. Assim, o cálculo das funções de solicitações na seção de corte fica: +↓ ∑ F = 0 : – 10 + (5)(2) + V = 0 ⇒ V = 0 + ∑ M = 0 : – (10)(x) + (5)(2)(x – 2) + M = 0 ⇒ M = 20 + ∑ T = 0 : + (5)(2)(1) + T = 0 ⇒ T = – 10 confirmando os resultados anteriores. O próximo passo, após a determinação de todas as funções para cada trecho da estrutura, seria o traçado dos diagramas propriamente dito. Abordagem algébrica ou “por Inspeção”: Para o traçado dos diagramas de solicitações internas de um elemento estrutural segundo uma abordagem “por inspeção”, deve-se saber identificar importantes “pistas” que são dadas pelo carregamento da estrutura analisada, pela vinculação externa e interna, bem como por relações existentes entre os próprios diagramas e o carregamento dado. Estas “pistas” são, em sua grande parte, dadas por estas relações, que são comentadas a seguir. a) Relações entre carga distribuída, força cisalhante e momento fletor: Admitindo que o corpo indeformável ilustrado abaixo (e que representa uma estrutura qualquer submetida a cargas e reações vinculares) esteja em equilíbrio, utiliza-se o método das seções para isolar um segmento de comprimento ∆x entre os pontos B e C onde não ocorrem cargas concentradas nem binários. D x A w ∆x C B 5 10 2 2 A B F x M T V ENG01140 – Turma C (Prof. Alexandre Pacheco) 18 Este segmento é exibido na figura abaixo. Para que o seu equilíbrio seja mantido, as solicitações internas mostradas são necessárias. A carga distribuída pode ser substituída por sua equivalente concentrada que, dependendo da forma da distribuição, imputará diferentes valores para a constante k mostrada. Por exemplo, se a distribuição de carga for constante, k valerá 1/2. Aplicando-se as duas equações da estática abaixo, obtém-se que: +↑ ∑ Fy = 0 : V – (V + ∆V) – w(x) ∆x = 0 ⇒ ∆V / ∆x = – w(x) + ∑ M0 = 0 : – M – V ∆x + (M + ∆M) + w(x) k ∆x2 = 0 ⇒ ∆M / ∆x = V – w(x) k ∆x Fazendo-se com que o comprimento ∆x seja tão pequeno quanto se queira, as variações tornam-se diferenciais e o termo multiplicado por dx pode ser desprezado, resultando, as duas expressões em: ∫−=⇒−= C B BC dxxwVxwdx dV )()( ∫=⇒= C B BC VdxMVdx dM Logo, a integral da carga distribuída (área sob a curva) com o sinal trocado é igual à variação do cortante no trecho considerado, sendo esta variação positiva se a carga tiver sentido negativo (para baixo). Ainda, a integral do diagrama cisalhante no trecho (área sob a curva) é igual à variação do momento fletor no mesmo trecho. Outro aspecto a considerar, analisando as expressões com diferenciais, é que a declividade dos diagramas de cortantes e de momentos fletores são dados, respectivamente, pelos valores de carga com o sinal trocado e pelos valores do diagrama cisalhante. Fora do trecho BC da estrutura aparecem, além da carga distribuída considerada até agora, também cargas concentradas e momentos de binários aplicados. O efeito de cada um destes tipos de carregamentos é esclarecido a seguir. V V + ∆V M M + ∆M ∆F = w(x) ∆x k ∆x ∆x 0 ENG01140 – Turma C (Prof. Alexandre Pacheco) 19 b) Descontinuidades nos diagramas de força cisalhante e momento fletor: Isolando-se um segmento da estrutura antes do ponto B, onde aparece uma carga concentrada, e excluindo-se, para efeito de análise, a carga distribuída, obtém-se a situação ilustrada abaixo. Uma equação de equilíbrio vertical também pode ser escrita: +↑ ∑ Fy = 0 : V – (V + ∆V) – F = 0 ⇒ F = – ∆V Isolando-se o segmento de estrutura onde aparece o momento de um binário aplicado, tem-se a situação abaixo, donde também se pode escrever uma equação de equilíbrio: + ∑ M0 = 0 : – M + (M + ∆M) – M0 – V ∆x = 0 ⇒ M0 = ∆M Das equações escritas, se conclui que as cargas concentradas e os momentos de binários provocam variações ou descontinuidades nos diagramas de cortante e momento fletor, respectivamente, nos seus pontos de aplicação. Com as informações coletadas, se consegue traçar os diagramas de V e M sem determinar suas funções. Isto é mostrado na seqüência a seguir, onde o mesmo exemplo que ilustrou a abordagem analítica é usado novamente. Para a determinação de cada vértice dos diagramas, fez-se um caminhamento sempre da esquerda para a direita, obedecendo-se sempre a convenção de sinais. As duas barras transversais, no entanto, tiveram seus diagramas de momentos fletores determinados da direita para a esquerda. V V + ∆V M M + ∆M ∆x M0 0 V V + ∆V M M + ∆M ∆x F ENG01140 – Turma C (Prof. Alexandre Pacheco) 20 Como se vê, ambos os diagramas são obtidos integrando-se áreas e somando- as algebricamente aos valores nos pontos anteriores. Para o diagrama de momentos fletores, nota-se as descontinuidades nos pontos de encontro das barras transversais com o eixo longitudinal. Estas descontinuidades estão em conformidade com o diagrama de momentos torçores: 5 10 10 10 10 2 2 2 2 2 A B C D E F + 10 + 10 + 0 – 10 + 10 + 0 – (5)(2) + 10 + 0 – (5)(2) + 10 + 0 – (5)(2) + 0 + 10 + 0 – (5)(2) + 0 – 10 Ou: –10 + 0 + 10 + 0 – (5)(2) + 0 – 10 + 0 Ou: –10 + 0 + 0 + 10 + 0 – (5)(2) + 0 – 10 + 0 + 10 Ou: –10 + 0 + 0 + 10 V + + – – 0 0 + (10)(2) 0 + (10)(2) + 0 0 + (10)(2) + 0 – (10)(2) M 0 – (10)(2)/2 0 – (10)(2) 0 0 – – + + + T + – –10 -10 + 20
Compartilhar