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Anna Maria Marques Cintra Maria de Fátima Gonçalves Moreira Tálamo Marilda Lopes Ginez de Lara Nair Yumiko Kobashi Para entender as linguagens documentárias Esta obra apresenta os aspectos fundamen tais das linguagens documentárias: sua nature za, sua estrutura e suas funções. Aborda, de ma neira especial, as questões lingüísticas e lógicas que fundamentam sua elaboração. Incorpora, nesta segunda edição, um novo item - a Intro dução - em que se ressaltam o caráter sistêmico das linguagens documentárias e seus aspectos culturais. Além disso, foi inteiramente revista, de modo a eliminar imperfeições. Cada vez mais as linguagens documentárias vêem se mostrando como importantes ferramen tas de organização e distribuição de informação. Elas já são hoje consideradas imprescindíveis para agregar valor à informação especializada, na medida em que, por seu intermédio, a tarefa de organizar tematicamente a informação tor na-se mais consistente. Mas além de seu caráter organizacional, as linguagens documentárias viabilizam o compar tilhamento de informações produzidas por dife rentes instituições. Decorre daí o fato de os sis temas ou redes cooperativos de informação não prescindirem de algum tipo de vocabulário con trolado para a constituição de seus dispositivos informacionais, sejam eles de uso local ou disponibilizados para públicos amplos, através de redes eletrônicas. A utilização crescente de linguagens docu mentárias baseia-se na evidência de que, sem uma linguagem compartilhada, não é possível a comunicação entre serviços de informação e seus usuários. Em vista disso, as linguagens docu mentárias se oferecem como instrumentos po derosos de socialização da informação. E a in fom1ação, na medida em que está diretamente relacionada ao conhecimento, tem papel deci sivo na mudança dos destinos da humanidade. Espera-se que sua leitura contribua para apri morar a formação daqueles que já atuam ou atuarão profissionalmente no vasto campo da or ganização e transferência da informação. Anna Maria Marques Cintra Maria de Fátima Gonçalves Moreira Tálamo Marilda Lopes Ginez de Lara Nair Yumiko Kobashi 1PARA ENTENDER AS LINGUAGENS DOCUMENTARIAS 2J edição revista e an1pliada ! editora polis 2002 Copyright CD 2002 das autL)ras Capa: Ivone Cludzal 1/ustraçiio da capa: Ben Nicholson, Agosto de 1956 (Vaid'Orcia). Rcvi5,fo: N3.ir Yumiko Kobashi e Marcos Frederico Editoraç5.o eletrônica: Editora Pulis Ficli,1 catalugr,ític;1 CI1'-:TR,\ .'\11,1 M,1ria t'l ;1[. Paril cnkmkr ns lingu;igc11s ducu mrnt;íri;1s. 2cd r-cv. e ampl.. - 5:ill l',rnlo l'ulis, 2002. ISBN 83-7228-00 12-X 1 Linguc1gcns ducurncnLíri;is. I. Título. Direi tos rtscn·,1dos pcb EL)]TORA POLIS lTDA CDD - 025.4 CDU - 025.4 Rua Car.1n1Lirll, 1196 - Sa(1dc - 04138-00:2 - Szio Pnulo SP Tcl.: ( 11 )5 : "" Nt-7 6tl 7 e ( 11):275-7 5 tl6 - F,lX ( 11)l75- 75 8 6 e-mail: polis(éê cdi tom polis .com. \Jr O .scnticlo Ili/Oi 11w1rn llln:1 eFiclência. Ed,,v:1rJ Lopes Sumário Apresentação 9 Introdução 13 ... � .. 1. Conhecimento, informação e linguagem 19 1.1 Conl1ecimcnto e informZJçiio 19 1 2 Linguagem: car.JclerísticZJs gcrZJis 26 2. Linguagens documentó.rias 33 21 NZJtun-zZJ, especificicbde e fun\'Õcs 3.3 2 2 ConfigurZJçi'io d.Js linguagens documentárias 42 3. Sistem<.1 nocional 49 3.1 Rdüçõcs hierárquirns 55 3 .1. 1 Relaç,1o genérica 5 8 3 12 Rebçi'ío pürtitiva 61 3 2 Relações ni'ío-lmrárquicas ou seqi.lfnci.Jis 62 4. Relaçôes lingüísticas e docurnent,1ç,1o 6 7 4.1 PolisscmiZJ e ambigL1icbdc 70 4.2 Sinonímia 74 4.3 1-!iponírniJ 11 Bibliografia 8 7 7 Apresentação O homem vive entre os c.:1mpos scmiológicos No seu cotidiano, c1minha de um p,1r<1 oulro, consciente ou incons cientemente. Enreda-se nas construções :1rquitetônic:1s, p:1s Si1 por escull ums (Zis vezes sem ver), ouve "sons" perdidos de músicas ou de grilos, restos de conversi.1S - agressiv,1s ou c:irinliosos. C1da um desses campos pelos quais ele transiL1 diari,1mentc tem seu código específico. E ele trans-ita nu Sêll lido primeiro: vüi através de (trans) um crnninho (ito) que as gerações passadas conslruíram parn ele e que su,1 própria condiçR.o de humano lhe pl:Tmi�e "receber" de v6rios mudos: cm um dos pólos, não "percebendo" a cxlcnsZio do mundo cm que vive; no oulro pólo, "pcrccbcm!o" tal cxtensZio, apro priando-se dele e mm!ificmdo-o, construindo novo mundo, novos mundos. Re-conslruinclo-sc no faur. l:sscs Ci1mpos scmiológicos, com seus cóLhgos próprios, muilos deles nZio-vcrbnis, cntrd.:.1çil111-se e manifcst:1111, na vcrcbde, n conc!içfü> da sociedade naquele momento históri co. Essa inter-rcbçiio cnlrc os c;_impos, essa "costura" é 1Ta liz,1da pelo código vcrbill, pelo signo verld, pclzi p,1bvra Ou SCJ<L os cnmpos semiológicos -;iiu m,111ifcst:1�:ões sócio cul ur;ús de uma dacb sociedade. Emliorn com suas espe- 9 cificidzidcs, eles revelam a cu]t ura cbquela sociedade, n;:iquc la et<1pa de desenvolvimento. E a culturn é lransmitidâ, pre dominantemente, peln palnvra Por isso, só a palavrZJ lem ..1 condiç5o de penetrar lodos eles, de "interpenetr;í-los". Esse é um cios motivos porque se afirma a import5ncizi da pzilavra Su.:i condiç:io dt." plasticidade permite-lhe ser o suporte do conhecimento. Sem conhecimento, o homem per manece sempre muito próximo do pólo dos que não perce bem a exlens.'io do mundo em qllc vivem, cm que circulnm. E aí está um dos aspectos d.:i import."lnci.:i di.l informaçéfo. Nesse sentido, parece que a infonnaç5o cumpre papel de cisi1'0 na 111uclança lias clcst.irws da humanidade, uma Fez que ela está clirctarnmtc li.gacía ao conhecimento e ao dc scm•olvirncnto de cada wna elas áreas elo sabcr,já que todo co11/1ecirncnto começa por algum tipo ele i1forrnaçiio e se constitui cm i11formaçc'io ( .. )E para que o conhecimento ela sociec/J.de não se perca e possa ser compartilhado, ele é re gistrado num claclo suporte: l.ivm, imaw111, fulo, disco ele. passanclo a se constituir num documento. A informaç5.o n3o é \1111 e/ado. Ela se constrói no encon tro de duas din5rnic.:1s: .:i din5mica de quem "emite", di: quem "rrnmci.:i" (o cnunci,Hlor) e a din.Rrnic.:1 de quem "recebe" o cnunci.:ido (o enunciütáriLl). Eb ocorre sempri: num espaço onde as posições de quem "fob" e de qllem "ouvi:" s,10 intcrcambiadas, num jogo de forças perm;rnente. Aí começa a linguagem clocumcntária. Corno conseguir que o conhecimento �1eumuléiJo niio se perca, que se lenha acesso .:i rlc, de tal modo que 11.10 seja necessó.rio "reinvent.1r a roda" é:1 rnda gernç5o? A memória coletiva, a tr,msmissão 10 oral da cultura são aspectos fundament,lis, mas como, nas nrcas científicas, fazer conhecer o conteúdo de aproximadn mC'nte 60.000 revistas científicas e cerca de um milh5o de artigos individu,1is? Esses dados, citados neste livro, rcvebrn ;:i estimativa de 1960. Certamente a produçi'io cienlífica é mui to maior. Ninguém ousaria pensar que é possível conhecer to(b �1 produçi'io de um;:i determinacb área cio so.ber. Mas é nccess.:í rio, pelo menos, ter acesso ;:i seus o.v;:inços e po.rlir deles 110. construçJo do novo conhecimento. Eis aí, de novo, ;:i lingua gem documentária. Os desafios s5o numerosos. Num mundo cm que, <10 (JllC parece, o homem "nJo diz", ,iprnns "é dito" pelas p,1la vr;is; em que se tem, prcdomini.mtfmente, "a voz do dono" f n."io o homem como "dono da voz"; cm qne os discurSl)S ele rnúscar.:i circulam corno mcrc.:idori.J.s de maior valor, como trabalkir zi linguagem clocumentúria? Afinzil, el;i pressupõe, por nm ];:ido, a irnportf1ncia da divulgaçJo cb i1'.form<1ção p;:irn que o homem assuma sua própriavoz; por outro lado, ela pressupõe o sujeito que v;Ji "püssür" o conhecimento cirntífico, cbborndo na linguagem polissfrnic1, para outra - a linguagem d.ocumc11tciria. A pal,1v1'i1 carreg.:i J. próticJ social cb sociedadf, enfrixc1 os valores de um determin;:1do momento histórico. É sub-n'/ll fria Atuél, sem que tenhamos consciência de seu papel. Este s10eito ri11e v,1i "!rndm:ir" o texto científico p:.ira c1 linguagem c/ocu- 111cntiÍria rnrrcga consigo essa formaçJo. T<1mbérn o stijeito que cbborou o texto científico. N;_1 condiçJo de Sl�jeito, cad.:i um tcri.'í seu universo de v,1lorcs, que lhe foi tr,msmiticlo peL1 culturJ. Como cvit.:ir os desvios nessa lr<1duçã.o? 1J Como dizfm as autoras, de um sistema de relações que se caracteriza pela virtualidude, a LN (Língua Nutural), usa da pelo sqjcito do texto cirntífico e pelo sujcilo que f"ar:i. a ··trnduçifo" (e ;1indt1 pelo sujeito que "receber,/' a informaç/io, é bom não esquecer) 1x1ss;1-sf para um sistema de rebçõcs 11.10-virt uni - a LD (Lingu,1gem D0cumenl.íri;1J i\1Ias, cliferc11tcmc11le ela LN, o sistema ele relações elas LNs niio € virtuaL hem como seus mecanismos ele articulaçiio s,10 cxtrcma111c11tc precários, cmfncc claCJucles existentes nas línguas, cm geral. Hcn, ao cont drio, elementos dessa li11gua ge111 cspccí(ica são selecionados ele universos cletcnninilclos e seu sistcnlél clt: rclilç6cs { construíâo, sendo inclispcns.ivd, para ui i/iz;-í-la, a o:ist(;ncia de rt'gras cxplfcitns. Por esse motirn, as LYs siio linguugrns CtJnstruíclas. O mundo contemporâneo se dcsnucl.1 cm sua comple xidade: todos os povos lutam paru ter vez e voz no concerto das n,1çõcs. A constituiç.10 de ptJ]os hcgcmônicos consolida se a partir uo conhecimento. [ ;1 linguagem clocwncntâria jogi..l p;:_1pd decisivo nessa re.1lid,1dc. O des,1fiu é grande. .r\s pi1bvrns, "suspensas no ,:ir", pu rarn su,1 da11(,:;:_1. i\ll;1s ,1s ,1Llll)réls desse livro, com cifr1ei,1 e cornpdfnciJ, top,1111 o dcsnl"io. E vcnctm. t ler p;1rn crer. 12 Alaria 1lparccida Bacce,ga Profrssora Livrc-d,.>ernll' da E,,:ol,1 dt: Con1trnic;1çÕêS ,, ,·\t'les d;:i llnivcrsid, de (k São Pm!lo Introducão ) Se no 1x1ss,Klo :1s diCcffntes form.1s de nomc,1r o �1rco-íris entre povos, ou .:is rebções diversas entre língu:1s p:ir:1 dizer "cu estou com dor de c1beç:1" eram percebidas como c,1sos par t iculn rcs ou idiotismos, hoje, sJo en t endi(lé1s como 111�1- nifrsL:içõcs naturais, gera(bs pelas diferenças de signific.:.mll' e de subst.ínci:1 semJnlic.1, um.1 vez que o signifiG1do compôe, indíssociavelmenle, i.1 tmid.1de numa cfod,1 língu:1 Com ef'cito, enq11,mto n:1 nossa cultura distinguimos sele cores no :1 rco-íris, entre os brct:'ios e os gauleses esse 11(1mcro cai pJr.:.1 quntro, por exemplo, 11;1 zon:1 onde distin guimos :1zul e verde, des idcnt ific:1111 ,1pcn:1s o ºgl:is" E, de form:1 semelh:rnte ?1 noss.1 expressJo ''Eu tenho um:1 dor de c:1bcç:1" correspondem cm fr:111cês ou em it:ili:1110 outr:1s rc- 1.:içõcs: "J'ai 111;:il ?! b U:te" ou "J'vli dt1olc il c:1po". Ev1denlementc, cm muitos rnsos pode-se ter .1 ilus:'io de mer:1 t r:rnsposiçiio de ncimcs ou t roc:1 de significan lcs, corno cm "ciio: dog/chien". EntrcL111lo, a esses sig11ific.1 11tcs corres pondem signific,1dos rcbcion:1clos ,1 tocb expcriêncin cultu r:11 dos fol.:intes de c.:.1(1::! língun, o que Icv:ir:í, irrcmedi,1vcl- 111cnle, .1 signific1dos diferentes, portanto ,1 signos diferentes. Pode-se, pois, dizer que cada língua néltural - LN - ana lisa os dados da experiência segundo padrões que dependem da trmliç.:'io culturéll e do momento social do povo que a fala. Isso fziz com que possamos dizer que cada LN f, J. rigor, umé1 ilnálise da sociedade, cio homem particip.:i.nte de um grupo e de suJ. cultura. MJ.rtinet (1969) diz: "Urna línguu é um instrumento de comunicação segundo o qual de modo vc1rióvel de comu nicbcle p,ffél comunicbcle se anc1lis3 3 experiênciJ. hurnAnél em unidzides provi<lc1s de conteúdo semâ.nlico e de expressão fônica e em unidades clistintiv.:is sucessivas". Mils isso n3o permite dizer que rn1rnél. mesmn comuni cbde as cstruturéls lingüístic1s sc;jarn homogêneéls. focilmcntc obscrvzt-sc que as pessoas de umi1 mesmél comunidade lin gt"ríslica nno falam do mesmo modo. Entretanto, desde que essc1s difrrcn�·as scjc1m tais que n3o impeço.ma comunicação, dizemos q11e estamos diante de uma mesma língua. Seguramente, se fizéssemos uma an6.lise cios sons pro duzidos pelas pessoas de um grupo culturztlmente homogê neo e de mesma língu:1, encontrnrí.Jmos inúmeré.lS difercn ç.::is No entonto, essüs diferenças de timbre, de intcnsicL::ide, de c1ltur:1 etc., n5o s3o, freqüentemente, sentidas nem pelo emissor, nem pelo receptor, nem tampouco como impeditivas de comunicnção. /\ "posiç3o" rebtivc1 do signo explicitc1 a noção de valor. O.llémdo dizemos que umc1 peça ele abbastro Vi1le x, dizemos que cb pode ser trocada por um outro ol�jeto de nal ureza diferente dinheiro, ouro ele. Portanto seu poder de trocc1 esló condicionado a relações fixéls existcn tes entre ele e objetos dc1 14 mesma natureza, como outras peçns de nlabastro, prove nientes de outros lugnres. Na LN, o elemento ele troca é o signo lingüístico, que associa um significante (imagem ncúslicJ.) a um significado (conceito). Seu poder de troca esUí ligé!do ao falo de poder servir para designilr urna realidade lingüística que lhe é es tranha (reillidnde atingic!J. por intermédio de seu significado, mas que n3.o é seu significado). Méls esle poder significativo que constitui o signo é eslrilamenle condicionéldo pelas re lações que o unem aos oulros signos da língua, de sorle que n.10 se pode escolhê-lo sem o recolocilr numa rede de relações intra-lingüísticas. Com os limites próprios de umél linguagem construída, as linguagens clocumenUirias � LDs � se valem de quase to dos os conceitos apresentados para a LN, constituem sisternns onde as unicb.des se organizam cm rel,1ç·õcs de dependência. No entanto, n3.o se pode dizer que s�jil.m signos, urnn vez que faltürn a suas unidades caraclerísticüs bi\sicas ele sig no: significante e significado articulados segundo pmlrões sócio-culturais com clisponibilidaclcs virtuais de significaç3.o. Também n.'io dependem nem da lradiç3.o cultural, nem do momento social e sim de convenções cstélbclccidas no cem junto do próprio sistema que é, por isso, est:ílico e homogêneo. N3.o se processa com essas Iinguügens uma cornunicél ção no sentido estrilo. Processa-se, antes, urna decodificação purél e simples, à rn,meira de códigos csUílicos. Ivlas, a utilização de unidades retiradas da LN, dá às LDs um carMer parlicubr que as lorna, de certa forma, diferen tes dos sistemos esltilicos. Na sua utilizaçôo h;:í, como que uma contnrninüção da mobilidade da LN, passnda via esco- 15 lbzis lexicais que se tr<1nsform<1m cm unidzidcs clocu mcntárié.ls. Assim, JS LDs n5o se livrarn completamente de interferências culturais que acahnm por exigir um trabalho qu<'.1se permanente de atu,1lizaçiio. O c.1rátcr sistémico fica garuntido com zi impossibilidade de se ler uma unicbdc cm scpar;)do. De foto, c.:lll.1 unid;-1de só pode ser ''lida" 11,1 sua relação com élS demziis unicbdcs com ponentes do sistema. Por serem sistemas cunstruíclos, ns LDs sfio cconômic.1s. Só que 11;10 se trata da ,1plicaçZio cio princípio de cconomiu da LN e sim de t1rn,1 r.1cion,1liz.:içJo de escollws e de procedimen tos, que pcrrnit:1111 um,1 utilizac_:;.1.0 eficaz do sistcm.1. ;\s rcluçê5cs pé1r,1digrnáticas e sintagmáticil.s também ocorrem, só que de forma basl:mtc rcstritn, especi,1lmentr n;_is construçôes dos sinlélgm,1s. No cnL:rnto, n.is LDs fic.:1 evidenteo poder de troc.i di1S unidades, num,1 posiçi'io bastante próxim,1 d,1 LN. Cad,1 uni d;idc don1111cntária clcsign,1 t1m<1 re;:i]idadc drntro do sistema construído, o que lornü. evidente o v.ilor e él possihilid,1de de troca, de representação. !)e toda fornw, as LDs sfio trihut,irias da LN, n;i rncdidd cm que silo construíd.is a p;_irtir deb. Embora haja um esfor Çl) de ncutraliz.içZio de tTi-lÇOS que fazem da LN um sistema aberto, hetcrogrneo e multiforme, ,is l.Ds ac;1ham por assirni J:cir nlgum;_1s particul.iridades, um:1 vez que se vokm de uni dades chi l.N e sfio m:mipubd,1s, freqüentemente por seres que têm nc1 LN c1lgo, nutur;1lrnc11tc. incorpora.do ci su,1 existência. /\ funç;10 da I.D {: trnt;ir o conhecimento dispondo-o como infornwç.'iu Em outr:1s p.il:nTns, compete i1s Ll)s trans formar estoques ele conhecimentos cm informilções a.dcqu.1- 16 cbs nos diferentes segmentos sociais. É esse partilhamento que esló. na b.Jse do cm6.ter público da inforrnaçi'i:o e que não pode ser obtido nu a.usência de 11rna LD. De f,.1to, duranle muito tempo acreditou-se que a disponibilização dos esto ques seria. suficiente pari1 .:1 sua socialização. Mas, allu:il menle, o fundamenl,11 é a existência de uma forma de or g;rnizüção que güranta o partilk1rnento. Ess;:i org;:iniz.:1ç,10 é ,, LD. Coya.ud (1972) c1ponti1va, na rebç:i.o entre a Lingüísti- ca e n Documentação, ilquilo que consider.wa ser 11111 gr;in de defeito: por 11111 belo, os teóricos cb Lingúíslirn ac1hav;im lrab;ill1,111do sobre questões ahstrnt;is, ficarnlo inlciramcnle ausentes inf'orrna�:õcs sobre as línguas concrct;is. A seu ver os lingüistas poderiam ser divididos cm dois grupos: os teó ricos que pendiam pziri-1 ;i lógica, p,1r<1 a busca de L111ivl'Tsais dü li11g1wgem, ignor;indo mesmo i.lS línguas concretas; e os especialistas numu dada língua que ,1rnbarn por se fechar nclu e por força de um terminologia prôprÍ3 chcg�1Varn ao limite da inconrnnic;ibi!iclade, até mesmo com o grupo lcó nco. Entre estes dois extremos 11,wia um v,1zio. Evidentemente que esto quest}o nem é l,fo simples, nem li'io clara. De todn forma, parecem faltar lrahal11os de rnrá lcr extcnsiLll1é11 que poss;:irn f.1zcr de for111a produtiv.:1 a lign çJo de teorias conlemporé1neas com prMicas soci,lis. Conhecer primeiro os meandros cb linguc1gern p,1rcce ser pré-requisito, r;iúi.o pela qu;il fori1111 introduzidos nesse livro conceitos qur pcr111Íli1111 ;iprof'undar conhecírncnlos Ji.1 ,1c11mulaclos. Oo ponto de vist;i cb lingu,1gcrn três aspectos rncrecnn dest;ique: ;i de111,1rc;içJo, a signific1çJo e a comunic.1ção. 5,°io l 7 esses aspectos que, segundo Kristevo (1969:14), permitem dizer que todas élS µr6.ticas human;_is sJo tipos de linguagens. Quanto us linguagens documentários, é necessário que scjJ.rn vislAs, simultJ.ne:uncnte, como sistemas e como prá ticas sociois com lod;_is as suas implicações que vão de seu aspecto moteriol, consubstanciado cm codeias ele unidades, ?! sua 11::-ilurcz,1 comunicativa que pressupõe acordo entre su jeitos que dela se valem. !\!esse sentido, urna LO n:'io se apre sent<1 como uma construçil.o univcrsol, segue princípios (mi cos, mas reflete práticas soci<1is distintas relacion;:ic!as 1150 só às nccessicbdcs cspecífic<1s de informação dos v{trios scg rn enlos sociais mas também aos vjrios consensos que os rnracteriz:1m. O livro orgonizil-sc, além d.1 Introcluçi:io, em quatro ca pítulos O primeiro trnz considerações, como o título sin<1li z<1, sobre conhecimento, informnção e linguilgcm vcrb.Jl ou natural - LN. O segundo enfoca asµeclos importantes das linguagens JocumenUírias - LDs. O terceiro discute relüções intervenientes nas linguagens document.:írias e o qumto re lomi:l conceitos de se111ilntic;1 lingüístirn que têm µapel f un d<1rnenlal n<1 construçi'io de LDs. 18 1 Conhecimento, informação e linguagem .. � ... 1 .1 CONHECIMENTO E INFORivl:\Çi\O Em est:ido dicionário informação significa "aç3o ou efei to de informar", "instruçâo", "indagélçJo", "investigc1ção", "notícia". O significêido de i1!formaç/ío implic.J a presençi-1 de serné.ls que envolvem apresentaçJo, representação ou criação de idéia, segundo uma forma. Em sumi1, a informação constitui, ela mesmc1, um conhecimento potencialmente tro.nsmissível. Sob outro ângulo, pode-se dizer que a i,formação rela ciom1-se ,?i identifirnção de um ''sinal" e supõe umil "forma" p;:1ssívrl de ser interprelé:1dé.1 como mensagem. De outr;:i ótirn, ainda, sabe-se que a i,�formação se cons titui, ni.l sociedade modern<1, em ingrediente indispensável do dia-<1-dia dc1s pessoas, graças, de modo especial, aos veículos de comunicação de mass<1 Entretanto, é em sentido específico de algum tipo de co nhecimento produzido no nível do mundo científico e tecnológico que interessa fazer considerações. Dü mesma forma que a informação acontece nos dois 19 cxtn-mos do circuito da comunicnção, o conhecimento Jcon tece no extremo do emissor, responsável peb criaçiio cm si e no extremo do receptor, onde se e.ló. il recepção du inform<1ção criach Neste sentido, 1x.1rcce indiscutível que il infonnaç.io cum pre p:ipel decisivo na mudanç:i dos destinos dü llllmanicbde, uma vez que ela está, dirct1mcnte, ligada ao conhecimento e ;10 desenvolvimento ck cadn um.:i das ,Ín'as do saber, )<"i que todo conhfcirnento começi.1 por algum tipo de infonn;1çôo e se constitui em inforrnilçi'io. A purtir da déc1cb de 1970, a noção de informaçiio, hem como os lermos que ;1 represcntnm tomam vulto, seja 11;1 constituiçJ.o dos discursos, seja n.1 crinç.:io de disciplinas cs pecífico1s. ;\credita-se mesmo que a sua expansifo represente, na sociedade ocidt'nl�1l, um elos maiores sucessos de uma p:i lavra no século XX. i\ utilizaçJo rccorrrntt' da p<1bvra gerou, como é natu ral, urn<.1 variaç5o conceit u<1l. Assim, fab-se do conceito de informação em diferentes áreas de conhecimento, podendo a rel<1ção infon11;1ção/conhecimento ser observadJ ;1 partir de trfs aspectos que se complcmcnt;1m: • engu;rnto o conhecimento é estruturado, coerente e frcgiientemcnle univcrs,1!, il inforrn:1ção é atomizada, fra.gmenladc1 e p,1rticular; • cngu;mto o conhecimento é ele duração significc1.tiv.1, a informação é lcrnporáriil, transitória, U1lvcz mes mo efêmera; • enquanto o Clll1hccimcnto é um estoque, �1 inforrné1- ção t um fluxo de mensagens. 20 Com efeito, o estoque de conhecimentDs é alterado com o input ele novas informações, em virtude ele adições, reestru turnç·ões ou mudanç<1s. l'vlas, para que o conhecimento <ln sociedade não se perc.1 e possa ser compartilhé!do, ele é registrado num do.do su porte: livro, imagem, foto, disco etc., passando ;-1 se consti tuir um documento. O desenvolvimento científico e tecnológico tem proporcionado ;'i sociccbde um.1 massn enorme de inforrn;-1- 1;:ôes ger,1doras de conhecimentos, portanto de documentos, que precisam ser tratados ,1dequadamc11te para que h,�j;i n.io só a sua divulgaçJo, como também .:.1 criaçJo de novos co nhecimentos, cumprindo ;1ssim a rotina natur.:.11 d,1 própri.:.1 ciência. Daí o papel fundilmcntal da {irea de documentuçiio, respons;ívcl pela tri,1gem, orgzrnização e c011scrv.:.1çJo cb in formaçc°io, bem como pela viabi!i7.élç:io a seu acesso. Hé'í que se considerar que i'l massa considerável de docu mentos em papel que constitui volume consider.ível vêm se jtmLmdo, de forma t<1mbém crescente, documentos cm ou tros suportes como disco, fotogr;if'i.1, fit.1 111;1gnétic1, vídeo etc. Scgt111do Waddington (1975), é pr:1ticamcnte impossível cbr uma imagem do mundo moderno, ciue chegue próxim.1 da cxzitidiio, cm termos Jc conhecimentosacunll!bdos. En trel,mto, pode-se chegar a ter uma idéia parci,.1! do probk n1:1, qunnclo se consideram os estudos sobre o crescimento d:1 inlormziçJo científica e técnica nos últimos dois séculos, ;Jl r,1vés só das publicações Je rcvistc1s especializadas desses ,luis campos. As dui.15 primeirns revistils inteiramente dedicadas ;'i ciên- 2] eia começaram em 1665: The Philosophical Transactions of thc Royal Society of London e Journal eles Sçavants (frança). A partir de 1760, houve uma implcmcntaç5o de publicações desta natureza que, pouco él pouco, prt1ticamcntc duplica r,1m i1 cada quinze anos. Sabe-se que ;:i.té meados da segunda metade do século XX. for.::1111 fund.::idas mais de ·100.000 rcvistns cicniífirns. No entanto, n5o se sabe qu;:inLJs dcsapareccr;im e, hoje, é pratiGl- 111.ente impossível dizer o número ddns. Para se ter uma idéia, em 1938, c;ilculou-se ern 33.000 o número de revistas cien tíficns publicadas, sendo que no final dos ;inos "J 960, ele atin gi;i cerca de 60.000, com um milh5o de artigos in<lividun.is por ,u10 Estimava-se, cm 1996, que havia 200 000 perió dicos em circulação, número que continun crescendo pri11ci p,.1lmentc <1 pürlir de sua difusão em formato eletrônico Os cbdos s.'i:o, sem dúvidn, imprecisos, méls suficientes para demonstrar a dimensão do probkrna ct�jo desdobra mento pode ser observado por meio da criação de revist;:i.s secundárias e terciárias, do fenômeno da "redcscoberlé1" cien tífic1, da tendência.:) cspeci,1liz<1ção e d;i rApida obsolescência da informaçno Com efeito, i1 primeira revisla secundária, n�ja fun�·Jo é resumir e sintetizar os artigos publicados nas revisL:is pri mártas, surgiu na A.lcm,111ha em 1714. De b par<1 có, esse tipo dr periódico veio aumcnt.:rndo, cheg,rndo mesmo é1 mul tiplicar-se com, praticamente, ,1 mesma taxél exponencial d,1s revistas prím:.irias. Em 1960, czilcu!ou-se em 1.900 o nú mero desL1s revist.1s secumtirias. O volume de revist<ts sccund.:í.rias levou à cri,içJo de re visléls tercüírias que informavam sobre as revist<1s de sín- 22 tese. Sob essa mesmi'l perspectiva, criou-se o Sistema Uni versal de lnformaçiio Científica (UNIS!ST), com o patrocínio dé1s Nações Unidns, com .:, tarefa central de arm.:1zené1r toda a informJção científirn em um comJmlJdor central, dotado de um sistema de busca. O terceiro desclobré1mento diz respeito il um frnômeno muito comum hc�je: é mnis fócil redescobrir J.lgo que saber se zilguérn jtí o descobriu antes. /\creditam alguns que este fenômeno cb "rcdescobcrt:1" poss:1 tornar-se um dos princi pais fotores limit:.H.lores da li.1xa de .:iv;_rnc,:o da ciênciil na so ciedade contemporé'\nc:1. H;:í, por vezes, um dispêndio enor me de recursos ln1111anos e materíélis p,1rzi drscohrir o j6 descoberto /\ trndênciil fi rspccic1liJ;:.1dc constituiu um;_1 c.1r;_1eterís tica muito presente 11,1s décad.:is p�1ss,1<las, chegando mesmo :1 motivar filósofos e cduc1dorcs p,1r;_1 discutir ;1 questão da intcrdisciplinaricbcle. Nos úllimos anos, embora oinda per sista, com s;_1liência, esln c.:iracterística, assish:-sc a urna for te reaçilo à alta especialidade, de modo pélrticular com os movimentos denominados pós-modernos. ;\ velocicbde de procliH;,"ío ele inforrn.:içilo tem como con scqiif'ncia quase imcdiat:1 ,1 obsolcscênciil de conhecimentos. De .Soll:1 Pricc discutiu isto cm krrnos cio que ck chzunou de coeficiente de irncdialismo: se ,1 qu;:mlicfade de infor111.1ç'i'10 dobra cm quinze anos, rb sCTin ,r\ no início deste período e lA no fim do mesmo período O acdscimo de A é A e o coeficiente de imecli<1tismo é i\./21\ = 1/2. lslo é, ao c.1bo de quinze ;_mos, 50% chs i11forrn;1\·õrs disponíveis ser3o fruto de descohcrL1s rcaliLi1cli1s durc111lc o pcríudo cm qucst.:io (Pricc, ·1965) '.)� __ ) Não é difícil perceber que em áreas de awmço muito veloz, como n computaç.10, o período de duplicaçJo não é 15 anos, mas muito menor, talvez 4, o que ampli,� b.1stante o índice de obsolescfnci.J. /\.ssim, cieiro esl{i que ninguém pode, nem mesmo numn área de especiulidadc, avenl urar-se a "conhecer" ludo o que se publica. f'vfas também é cbro que uma pessoa pode conseguir informações p,nciais em níveis satisfolórios, gri..lps aos meios desenvolvidos pnrn gu:irda e rccuperaç.10 e.la informaçiio. As necessidades, 11.:üurülmrnte, v.:iriam de um domínio parJ. outro, de um grupo para outro, segundo o eslé.Ígio de Jcst'nvolvimenlo da .íreo., a n.:itureza cios usu.:ít·ios, seus ob jetivos A.pesar dessas variações, é preciso que as informa ções srj;:im confiAvcis, atuais e inwcfoltamcnle disponíveis. Para se chrgar i.l isso é indispens,1vel um trabalho sistc míltico que se compõe de um conjunto de opernções cm ca dei,1, isto é, operações marcadas por íntima relação entre cada urna das etapas: .:is últinrns oper;-1ções estão ligadas .:)s pri meiras e as primeiras v.10 conduzindo às últimas. Numa extrc111id�1de da rnciciJ. estJo os documentos que seriio [ralados e, na outra, os resultados desse processo ex pressos em produtos docume11l,írios cio tipo: rdcrêncii.ls, des crições de documentos, publicações secuncli5ri.:is e terciéÍrias. O processo começa peln opcraçi=io ele coleta Jc dados que se constillli num procedimento ele alimcntaçi'io, por meio do con1unto de documentos que p,1ss;1rn a intcgri1r umJ. unida Jc ele informc.1çfio A primeiri1 rJ.se que se decompõe em éllgumJ.s eli.1p�1s sucessiv,1s (loc;ilizaçâo de documentos, triagem e escolha, procedimentos de üquisiç<lo propriamente ditos) exige pro-· 24 fissionais atualizados em relação à evolução <lo conhecimento e à produção no domínio considerado, o que supõe que a unidndr dr informação esteja bem integra.da no circuito cien tífico nacion:.11 e internacional, formal e informal. Quando se trüta de publicações disponíveis no merca do, a coktn npóia-sc em fontes identificáveis e acessíveis: dc pósilo leg.Jl, bibliografias nacionais, G1ti.Í]ogos de editores, ou c:1tólogos coletivos, índices, repertórios, bibliografids de toda espécie. Mas, quando se trata de localizm um.:i lilerntura dita sublcrrânca, é fund,1mcntdl que se poss.J dispor de umél rede de perrnul;1 e de aquisição sistern.ítica, o que implica inte gração no circuito científico da ,írc�1. A scgundn fase do processo consiste cm opernções de controle e registro do materi,11. Nesta fase, é frito o tratü mcnto intelcctlwl dos documentos, por meio <le descriç,10 lii bliogrófica. descrição do conteúdo, cstoc�1gem, busca e difu são. Todüs essas opt.>rações visam cncontrnr, de imedi,ito, a informnção necessúria pari1 responder à dcrnand,1. i\ tmefo inicial consiste cm proceder à idrntific1ção do documento, o que é feito por intermédio de urna dcscriç5o hi bliogrMiG1 ou de u1Lílogo que explicita Slli.1S c:11-;_1cteríslicas for m.:i.is: autor. título, fonte, formato, língua, data da ecliçJo etc. Em scguicb, é frit:1 a descrição do conteúdo, dcnomina cb análise clocumcnlária. Esta etap.:i. recobre oper<1ções de des crição das informac,-õcs que trazem o documento, e i1 trndu ç.3.o dessas informações 11u111<1 formubçâo aceiLí.vel pelo sistema adolado. Daí nasce il rclé1ção cb ciência da inforrnaçZín com a lin guagem nnturnl, rclnr,10 que p1-ccisc1 ser ;111<1lis;1da do iln gulo dil guarda e da recuperação dos documentos, por meio 25 de sistemas que fazem a representação dJ inform;:içiio que veiculam conhecimento. Não só o volume de documentos constituídos cm lin guagem natural, corno também a nJ.turezJ. da linguagem verbal, justificam um;i reflex."io e specífica 1.2 LINCUAGEM: CAR,-\CTERÍSTlCAS GERAIS A linguagem, enquanto ol�jeto de reflexão, perde-se no tempo; entrelirnto,enquanto objeto de uma ciência, é relati vamente recente. O rnrcJ.tcr científico deu à lingungem um.1 f"orp t"1l que, hoje, pode-se dizer que da é tornadiJ como chave ele acesso do home m moderno .:'is leis do funcionamento social (Kristeva, 1969). Embora, desde sempre, da tenha sido considcrad.:1 na sué.l articulação hornt'm/socicd"1dc, hoje, busca-se um isola mento metodológico na tentativa de vê-b corno ol�cto par ticulJ.r em si mesmél. O homem como que se distancia, se descola dn Jinguagrm que o constitui e obriga-se n "dizer o modo como diz". (Kristeva, I 969, p. 14) Neste esforço de m:lis e melhor conhecer .:1 lingw1gcm, os primeiros aspectos que se sobressaem s3o ,1 dcrnarcaç.10, a significação e .:1 comunic.:1ção. Em primeiro lugar, é preciso dizer que todJ.s as pdti c;:1s humanas s:io tipos dt' linglli1gcns, j;í qut' cbs têm :1 fun ç5o de c.lcm,irc1r, significar e comunicar. Entrd:111to, como c1ssi11:1b Barlhes (1964), C]lli1lqucr sistem:1 scmiológico repas sa-se de linguagem verbal. 26 Ao longo <los tempos, a concepção <le linguagem foi se modificando, à mercê do saber constituído e <la ideologia rei nante. J\lé o século XVIII, predominou uma concepção teoló gica que colocava cm primeiro plano sua origem e as regras universais da sua lógica. O século XIX foi marc1do por uma concepçô.o liisloricisla que via a linguagem como um pro cesso cm cvoluç.:io alr.Jvés dos tempos. Hoje predominam as concepções <la linguagem corno sistema ern funcionamento. J\ prática da linguagem é marcc1dc1 por umc1 tendência n.Jtural do homem: compreender, governar e modificar o mundo. Com efeito, o homem busca, incansavelmente, e11- ccmtr,1r um.:i ordem para as coisas, j.5. que um mundo caóti co seria incompreensível, insuportável; por isso ele busca encontrar, em meio n aparência caóliG1, uma ordem mesmo que sul�jacenle, uma estruluré1 capaz de explicar JS coisns. Nél sua busca ref1exiva, o homem trabalha com umn es trutura que é, a um só tempo, estMica e dini'imica, isto é, que permite .J fixaç.:io de cada c1parência dentro do esquema geral de referência, ao mesmo tempo em que deixa esp,1ço para que essa mesn1,1 aparência su1ja num outro ponto do quadro, a partir de outras relações, repelindo o mesmo processo. /\ssim, situa-se numa ponta a .:_1preensão e, na outra, a compreensz"i.o O primuro esforço, o de fixaçô.o, equivale ,1 uma Céltalogaçô.o do mundo. O segundo, o de coordenação, equivale a uma hierarquizaç.'io do mundo E dentre :1s coisas a conhecer, provavelmente, seja a lin gu.:1gem verbal uma das mais 111trigilntcs, jó. que ela se foz presente no dia-,1-dia, de forma inalienável, participando do processo e do produto deste conhecer. Como é feita <le palavras, a grande maioria dos dados 27 de que o homem dispõe, daquilo que forma seu intelecto, p.::in:cc importante pensar a p;:ilavrn, unidade recoberta por inúmeras dificuldades, entre élS quais pode-se cit;:ir o fato de nem todJs as línguas possuírem escrita e, portanto, ;:i idcn tificaçiio da 1x1lavr;:i com o espaço em branco ser, cm alguns cé:lsos, inviável. f!usser (1963, p. 22) lenta atingir um nível de explirn ção pélra a palavra, construimlo uma imagem que tenta ex pressar él passogem das sensações para a lingu.::igern. Diz ck: "Há, ap;_irenternente, um,1 insU\ncia entre sentido e intelec to, que transforma dado cm p3!.:lVrél. O intelecto sensu stricto é uma tecel<1gem que usa pabvr;:is como fios. O intelecto smsu lato tem uma ante-s<1la n:1 qual funciona uma fü1çi-'io que tr,rnsform,1 o.lgod.'io bruto (dados dos sentidos) em fios (p,1lavras). A maioriz1 Uél m:1 téria-prima, porém, jA vem cm forma de fios." Para ele, :10 se dd"inir realid<1de como conjunto de dados, se estéí concebendo que .1 vid.i do homem se passa numa du pli:1 realidade: por um lado, ,� re.:1lid<1dc cbs palavrns; por ou tro, a rei1lidack dos dac.los brutos ou imediatos. Co11siderc1ndo que os e.lodos brutos oliqj;:im o intelecto nJ. forma de p,1la vrJs, pode-se dizer que a rco.lidacJc se f;iz com p;1bvrns e p<1- bvr.1s in statu nasccncli. Na prcítica da linguilgcm !1é.llural, sabe-se que ;is p:1la vras chegam até ,1s pessoo.s por intermédio cios sentidos de forma org,rniz;i(b, isto é, si'io agrupadas ele acordo com re gras preestahclecicJas, formando frnses. De um bdo, entJo, ;1 língua pode ser vist;:i como um sistema cuj;is unidades se articul:1m nu pbno da expressão e do conteúdo, planos que se unificam como o ímico modo de 28 ser do pensamento, a sua realidade e a sua rc<1lizaçô.o. As sim, a língua integra o universo mais amplo da linguagem e atua corno elemento fundamental na comunicaç5o social. Da mcsrnél forn,il que não há socied;-i<le sem linguagem, nzio há sociedélde sem comunicação. "Tudo o que se produz como linguagem tem lugm· nél trnc.:1 soci;1l para ser comuni cado" (Flusser, 1963, p. 12). Nél comunicação, ohserva-se que todo f,1Lmte assume o cluplo pélpcl de destinador e destinaUírio Jc mensagem, pois �10 mesmo tempo cm que é capaz de emiti-Ias, sabe decifrá Lis. Ou sejél, na situação natur;1l de cornunicaçJ.o, o fa!.,mtc n;:io emite mensagem que ele nôo sc:ja capaz ele decifrar. Assim se introduz o fobntc no complexo domínio do sL�jcito, isto é, no universo ela sua constituiçJ.o e da sua rrla ç;fo com o outro. Na rclé1Çi10 consigo mesmo e com o outro fabnlc, opera com o ato de nomrnr que é frito com ,1 língua, exterior élo indivíduo e submissa a umél espécie de contrato soci;1] firmado, n,:lluralmente, para garantir J comunicação . .r\ língua é, pois, um sisternél de signos e regras com binütórias que, de fato, nzi:o se rrnliza completamente na fola ele nenhum sujeito. Ele, só existe completamente na massa, no co11JU1lto de uma socied,1c!c. Mas t;imbérn é um sislemél ele relações virtuais cm permanente disponibi!i(bclc para o folante. Enqu,mto realizaçzi:o, pode-se dizer que, qu.:mdo as pa bvL1s s.'io percebidas, percebe-se uma realid,xle ordenada, um cosmo, o que permite di7.er que a língua é também o coi'.junto de frases percebidas e perceptíveis Por outro lado, as p;1bvr;1s sJo aprccmlidas e compreen didas como símbolos, isto é, como tendo significado, por- 29 que, por meio de um <lcordo entre vários contratantes, elas substituem algo, apontam para algo, são "procuradoras" de algo. É, pois, <l partir de um acordo entre st�jeitos que os sinélis são apreendidos e compreendidos, reJ.lizando, em sociedmle, o GHi.'íter simbólico cl.J. língua, condição do pensamento. Tradicionalmente, são distinguidéls as palavras él pü.rtir de seus significJ.dos em substantivos, acljetivos, verbos etc. A mesma tradiçJ.o ensina que substantivos significam "subs- 15.ncias", que acljetivos signific.J.m "qualidades", que verbos signifirnm "processos modific.J.nclo substilnciéls", que prepo sições e conjunções significam "relações" entre substâncias Essa classif'irnç:ão, nJ.o obstante ser enfatizada, oferece pontos de conflito muito evidentes. A.ntes de mais nada, ela pressupõe umél realidade absolut<l, um universo uniforme mente ordeno.do, urna estrutura rígida de mundo, e'.Spclhada na estrutura da língua. É mais ou menos como na concep ção platônica em que o fenomen.J.l espelha a estrutura do mundo cl<ls idéias. Se <l realid.J.de rn,iis ampla mostrn línguas como o chinês e, de resto, as língu;is ,iglutinadas f assil{1bicas onck esta divi são não faz sentido, <l. presença mais imedi3ta da língu.J. m.J. lern3 mostra reéllidades que põem cm cheque esta divisão. Enquanto n<l. frase "Isto é uma caixa grande", "caixa" e "grande" são expressões .J.utênticas, respectivamente,das sig- 11ifiu1ç:ões substâncii.l e qualidade, n,1 frnse "Isto é um cai xão" a qualicl.J.de como que vem engolicl.J. pela substância. J{J nil frase "Viver é luti.lr" observam-se processos assumidos como substil.ncias. Os exemplos poderiam ser multiplicados, 1jara mostrar 30 que a cla.ssifirnção absoluta n3o corresponde à re<1lidade. Entrclémto, é preciso éldmitir que a classificação tradicional, mesmo com possíveis defeitos, oferece vantagens, na medi da cm que e!J. permite ver a língua corno um sistema de símbolos apontando parél <1lgo, ou significando <1lgo. Na rez1lidade, a línguél não se constitui num cortjunto de símbo los equivJkntcs, rnc1s, antes, num conjunto de símbolos hiern.rquicamcnte difcrenciJc!os. O signific<1clo de c;1cla sím bolo só se torna compreensível dentro do conjunto do siste- 1m1 inteiro. A língua não é funçJo do sL0eito falante nem sucessão de pé1lavr,1s correspondentes ü outras equiv,1lentcs. É um sis tem,1-estrulura de valores e formns. Os sistcmJs de v.Jlores nfio sZío construções p<1rticubres de um indivíduo; s.10, ,m ies, o resultado de todo um contexto socioh1stórico que de terrnin.:i ;.1s condições de produç.10 do discurso. 31 2 Linguagens documentárias 2. N:\TLIREZA, ESPECIFICIDADE E FLIN<_:ÔES llrn rJpido retrospecto sohre a ií.re.i da documentaç,.fo moslr,1 que, nas décadas de 1950 e 1960, com o crescimento do conlwcirncnto científico e tecnológico, houve dificuldades para arm.izenar e rccuper:ir informações. A soluç:'io foi en contrada com uma mud:inça do enfoque e da nmccituaçJo da recupcro.ç3o da informa1,::'io. Com efeito, foi 3.Jxrndonada él JKrspecliva preferencial de rccuper.:içõ:o bibliogrófica e nor- malização cli1ssiricatória e descritivo., buscando-se a cons trução de linguagens próprias. Vem dest.1 époc,1 a ulilizaç.'io de Linguagens Docu rnent,írias - LDs, par:1 ,1 recupernçi'io Ja informaçZio. Essas lingu,1gens sJo, pois, construícbs para indexaç:10, arma ZfI1<1rnento e rccupcraç:'io da i11formdçiio e correspondem ,1 sistemas de símbolos destinados a "tu.1duzir" os conteúdos dos documentos Como decorrênciil destil 111 ucbn�·a de conu:il uaçZio da 6rea, houve grande concentraçJo cm cst udos de Lingüística e de Eslillística, especi,1lmente para viabilizor ,1 ;mtomc1çi:i.o do tratamento cfa informc1ç,10. Com os estudos de Ling i.iístirn esprrava-se resolver pro- 33 blemas de vocabuljrio, tendo em vista a construçno de ins trumentos nrnis adequndos Estes estudos lev.::m:im a an;'íli ses de conteúdos e.la Linguagem N;:itural - LN, a buscas de métodos de padronizaçõ.o relativos à pass<1gem d.1 LN p<1rn a LlJ, ;.io estabelecimento de mecanismos para é1 est rut urciç3o de campos scrn.5.nticos, df c;:impos associativos e de c.1tego ri;_1s funcionc1is. /\ EstAtística, por su;:i vez, foi tom.1dc1 como instrumento de apoio, tendo cm vist.1 determinar freqüênciéls de descri tores, mapeamento Jc ocorrências e <111iÍ!ise de citações, o que levou élO desenvolvimento da Bibliomctria. No .1mplo universo da linguagem, éls LDs possuem um status muito p;:irticul,ir: por meio delas pode-se representar, de 111z111cira sintética, as informações materiéilizacbs nos textos. Tal como a LN, as LDs são sistem,,s simbólicos instituí dos que visam facilitélr a cornunicaç3o. Sua funçJo cnrnuni Céltiv.:.i, entretanto, é restrita a contextos document;'írios, ou sej.:i, ns L.Ds devem torn;_ir possível a comtmirnç5o usu,-írio sistema. Grande pc1rte das discussões teóricas sobré' LDs inserem sr no 5mbito cb /\nólise Documrntjria que, por su,1 vez, se define corno uma atividade mclodo!ógicé1 específicé1 no inte rior d.1 Documcntaç5.o, que trata d.:.i análise, síntese e repre scntaç.10 da inform.:içâo, com o objetivo de recuperá-la e clisseminá-b. Nesse contexto, as LDs são, pois, instrumentos inter mediários, ou instrumentos de comutação, através dos quais se realiza a "tr;.idução" d<.1 síntese dos textos e das perguntas dos usuários. Estél "tradução" é feita em unidades infor- 34 macionais ou conjunto de unidades aptas a integrar siste mas documenti'írios. !\ formalização d<1s perguntas dos usuá rios é feitzi rn.1 linguagem do próprio sistema. É por esta ra zão que as LDs podem ser concebidas como instrumentos de comutação documentária. Ivl3s, diferentemente da LN, o sistema de relações das LDs não é virtual, hem corno seus rneGmismos de articub çii:o s.10 extremamente precários, em frice daqueles existen les nas língu.:is em geral. Bem uo contréÍrio, elementos dessa linguagem específica sBo selecionados de universos determi n.:1dos e seu sistema c.le rclaçües é construído, sendo indis pens:i.wl, para utilizj-Ja, n existência de regras explícitas Por esse motivo, as LDs são linguagens construídas. C.:ida LD específirn representa, por outro Indo, um pon to de vist.1 p;:irticubr sobre a rcalidé1de. Como sistem.:i de rclaçües construído, o signific1do c.le cada um de seus ele mentos vai estar direL'..1mente subordinado às definições cor respondentes .:ios elementos colocados nas posições supe riores do sistema. Segundo Gardin, uma LO é um conjunto ele termos, pro vidos mi n-10 de regras sintiitici.1s, utilizadas pnra represen tar conteúdos de documentos técnico-científicos com fins de clé1ssific.1ção ou busc;1 relrospectivn de inform.:içõcs (Gardin ct al, ]968). Para o autor, umél. LD deve integrnr três ekrnentos b;isicos: • um léxico, identificado como urna list.::i de elementos descritores, devidnmente filtrados e depurndos; • urna rede paradigrn.:ítica pnra traduzir certzis relações essenciais e, geralmente estáveis, entre descritores. Essa 35 rcclc lógico-sem5.ntirn, corresponde i'1 org;:mizaç3o clos descritores numa forma que, lato sensu, poder-se-ia chamar classificaçJo; e • uma rede sint<1grn;Hiu-1 destinada a express.:ir as re!u ções contingentes cntrc os descritores, rcluções que s<"i.o v,ílidas no contexto particllbr onde aparecem. A cons truç.:io de "sinlagm.1s" é feita por meio de regrns sin táticas destinadas J. coorden.:ir os termos ciue dão conl,1 do tema. Embora 11.1 LN haja diferl'nça conceitua] clara entre lé xico, vocabul.írio, nomencblura e terminologia, observurn se usos sinonírnicos dC' léxico e voc,1bul:.írio por um lado, e nomencbt ura e lerminologi,1 por outro. Nas LJJs, por sua vez, é bastante freqi"icntc o uso inJiscriminziclo destas p,1lavr;1s, o que pode compromder o próprio conceito ele reprcsent,içiio clocumcntária, na medida cm que a cada lermo deveria corresponder urna funç.:io dife rente dentro du linguagem. Entret.1nto, cadél urna dess.:is pnlavras remele ,1 conceitos específicos, o que nos permite dizer que cada umn tem c;ir;iclcrísticJs e funções própri,1s, fator suficiente p;_ir�1 im pedir sua lltilizé1çôo indiscriminadél. Embor�1 mesmo nos L'St udos das ciênci.1s d.:i linguagem h;�j;1, eventualmente, refcrênci..1 a léxico e vocahul,írio como conjunto de pabvr,1s de uma língua CHI de um autor, de um,1 arte otl de um meio social, a rigor, léxico design,1 o conjunto de unidades re.:iis e virtu,1is que formam a língua de uma comtmid,HJc, algo como um depósito de dcrnentos cm C'sla do irlua.l e dt' regras que permitem a construçi'io ck novas unidmlcs, ncccssJri;1s para a atividade lrnm,rna da fala. 36 Já vocabulário refere-se ao conjunto de ocorrênciéJs que integrom um determinado corpus discursivo, como uma lista de unicbdes d.::i fzt!a (Duhois ct al., 1973) Assim, pode se fribr no voc;ilnil,írio que encontr,1mos no trilbalho de Cu11ha, rebtivc1mcntc i1s ocorrências rcgistmdas nos discur sos sobre polílicn colonial de 1\driano J\11oreiro (Cunb.::i, 1990), ou no vocabul6rio médico, a partir de lcva11larncnlo cm dcterminacbsobras médirns, por exemplo. Em termos de L!Js, nâo foz. sentido folar nC'm cm léxico, nem cm vocabulário nas :1cepções d,1 Lingüístirn, uma vez que esses ekmcntos s.10 específicos da LN. As LDs, lingu:1- gcns construícbs que s:io, com finalidades espccffic1s de rcprcscntaç:io Jocument;'iria, nJo sJo suíicicntcmcntc ,1rli cubdns, 11cm se constituem cm unidades geradoras de no vos elementos. Também !l:i.o inlegr,rn1 vocabulírios propriamcnlc di los porque suo formadas de 1x1bvr;1s preferenciais, comhi n,1ndo pabvr�1s de vornbul,írios de dctermi11aclos domínios e palavras utiliz:-icfas pelos us11Jrios. Desta forma, englolx11n vúrios voc:ibul.írios, representativos ele vúrios discursos /\s sim qu:rndo :1 p,1bvr�1 vocabutírio rdffr-sc ?t LD, eleve ser entendida segundo esta úllim:1 :1cepçiio, que privilegi:1 um,1 constituição a partir de origens diferentes Urna 11oml'ncliltura, por sua vez, como sugere ,1 própri;1 p,1l,1vra, diz respeito ú açZio de cl1arnm algo por seu nome. ,·\ssim, se constitui cm list:1 de nomrs que- st1põem biuní vocidade dn rcbçJo significudo-signilic,rnte (Dubois ct ai., 1973). T1lvez se poss,1 melhor car<.1ctcrizar uma nomencb luri-1 como ctiquctils que dcsign;irn coisas ou conceitos pré cxislcnlcs, como a nomcnclatur,1 d,1 QuímiG1, por exemplo, 37 fül qual, independentemente de um sistema nocional porti cular, algo se cbamél ouro, nitrogênio ou potássio. Diferentemente de um.1 nomenclatura, uma terminologia refere-se élO conjunto de termos de um.1 área, termos rclacio n.:1dos e definidos rigorosamente para designar as noções que lhe são úteis (idem, ibidem). Assim, por exemplo, a termino logia da educação hrnsileira pode ser encontrada no Glossá rio de termos em educaç3o (Br.1sil, Ministério da Edurnção e Cultura, 1980). Trata-se de um sisternél de termos orgt1nizc1- dos a partir de noções particulares. É bom lembrar que todo conhecimento Lécnico-cienlí fico desdobra-se num universo de linguzigem. ,\ lingua gem condiciona o conhecimento objetivo, determina os li mites e su.:1 formulação (Grangcr, 1974). As linguagens construídas exigem formulações rigoros,1s de sentido <"i me did.1 que a próprin ;:itividade se encontro subordinoda lt articulação da linguagem. Desse modo, c1 atividade termi nológica é parte constitutiva da ativid.1de lécnico-científirn e diz respeito, dirct.J.mentc, a um conjunto de termos organizados. Tod.Js as defi nições c1nalísadas anteriormente ifv,1111- nos a concluir que as LDs nfío se confundem com léxicos, vocc1bul6.rios, nomenclaturas e terminologias, embora in corporem elementos dl' todos eles. É importante que ess.J difcrenciüção sejJ. feita, para melhor delimitélr suas carnctc rístirns em f,1ce d.1 funçZio que devem desempcnl 1c1r 11;1 re presentação da informaçâo documentária. A represenl<1çi'io documentári;i é obtida por meio de um processo que se inici,1 pela éln,íli�e do texto, com o objdivo ele identific;.1r conteúdos pertinentes em função diJS finali- 38 dades do sistema - e da representação desses conteúdos - numa forma sintética, padronizada e unívoca. A síntfsf f i1 representnç3.o documentárias <1dvindas do processo de .:mzilise podem apresent.:i.r-se, geralmente, sob du:-is formas: o resumo, que é feito sem n intermcdiélÇJO de um;_1 LD e o índice, que , para maior qualidade, deve ser ela borado a partir de uma LD. A opcr.:iç.10 de traduç3.o de textos cm LN para um.:1 LD denomina-se indexaçJo. lnfrente .:io processo de index;içJo c,t3.o oper.1çcJes de cbssificaç5o. As várias Cases do processo an,1lítico apresent.:1111 uma complexicfadc considerável, pois n.1.0 se trata de adquirir os documentos e armazenéÍ-los numa ordem lógic;i /\ docu mcnU1çZio é memória, seleção de idéias, reagrupamento de noções e de conceitos, síntfse de dados Trata-se de tri,1r, de av::1!i.Jr, de analisar, de "trnduzir", de encontrar respost;:is para necessidades específicas. A utilizaç3o da LN neste processo leva, seguri.lmente, ;'i incompreensão e ?1 confus.10, devido a fenômenos nilturaís como il redundânci.:i., a ;1mhigüidade, i1 polissemi;1 " ;1s va riações idioletais. A condiçZio p.:ira se obter resultados positivos na busc;1 de inf"ormaç,'io é que i1 pcrguntil e é1 resposta sejam /"ormub lbs no mesmo sistema. J\ssirn, é neccssé'írio converter t1111,� pergunta frita cm LN par.:i o sistcm.:i cm que foi traduzido o conteúdo do documento, isto é, parn uma LD. Dito de outro modo, uma LD é utilizadi1 na entrada do sistema, quando o documento é analisado p<.1ra registro. Seu conteúdo é idcntiricado e "trnduzido", de acordo com os ter mos da LI) utilizada e segundo él política de indcx.Jçiio 39 estabelecida. É da mesma forma utilizado à saída do sistema, quando, a partir da solicit.1ção da informação pelo usuiírio, é feita a reprcscnt .. 1çJo para busca. Assim, seu pedido é an.1- lisat.lo, seu conteúdo identific.1do e devidamente "lr:1duzido" nos termos cb l.D ulilizé1da. Para realiwr lêlis funções de intermediaçi'io, as LDs de vem ser construídas <lc tal forrn;1 qur seja possível o contro le sobre o vocabulcírio. Tal controle é necess;_frio pnrJ que, ;1 rnda tmidé1de preferencial integrnda numa LD, correspondo um conceito ou noçJo Essa correspondênci;1 só é assegura da por intermédio das terminologias de espcci.:1lid.::1Je. Vale Jernbr<lr que, isolad.:1s, élS palavras nJo lrrn signifi rndo ou lêm tod,)s os signiCirndos possíveis. É só no discur so, ou sc_:j;1, no uso, que as p;1bvrns .:1ssumcm signific1dos p3rliculares. Como, vi,1 de regrn, os ckmcnlos das LDs sJo desvincubdos dos contextos omk ilj).lIYcem, pode-se correr o risco de que as p;1]avras que as inlegr;im ;1ssum.:.H11 todos ou nenhum significado. Por meio das terminologias de espc c:i,1licfade, .is p,.1bvras pass,1rn a ser lermos, assumindo sig nificados vincut1dos ;1 sistemas dt' conceitos delcrrnin,1dos. CDnfrre-sc, desse modo, rdáênci.::i /is p,11Jvr:1s, CJlll' passam a signilicnr segundo delcrmin.:idos sistemas nocion;lis, ,1.s scgur;1mlo interprcl,1ções pertinentes. 1\s LDs m;iis c,rnbecidas são os tcsauros e os sistemas de cbssilirnç:êio lJihliogré'lfirn (Gomes, 1990). 1\s clifcrcnç;_1s cnt re esses dois tipos de l.Ds residem no 111:1ior ou menor grau de reproduç5o das rebçõcs presentes nc1 LN e no uni verso de conhccirncnlo que prclendem cobrir. Os pnmóros sistemas ck classific;1ç:êio bibliográfica co nhecidos são de natureza enciclopéclico, corno a CDD - Dei-vcy 40 Decimal Class(fication, a CDU - Classificação Decimal Univer sal C: él LC - Lilm.uy of Congrcss, f visam cohrir lodo o C:speclro do conhccimcnlo. Sislcm;-is posteriores como ,is cbssificaçõcs faccladas desenvolvidas a p.:irlir do CRG - Class1fication Rcscarch Group, com base 11;1 Colon ClassU"ication, de R;-in g,malhan, visam a domínios parlicubres. l)s les,1uros, por seu lado, originaram-se de cbssificações fa.celadas com um;:i. prcocupaç3o adicio11;1l: ;:i do controle Jo voc;1bulúrio. Historicamenle, verifica-se conlínua progressão das L.Ds a c,1minho dé1 cspeci,1lização. Conseqt"ienlcmenlc, ab;.rndona se ,1 prelensii.o de cobrir lodo o universo do conhccimenlo para vollnr-se a domínios c;.1da vez m;.1is específicos. Todns as LDs, cnlrelanlo, si'io ulili1.adas para rcprcsen ti1r o conlet'1do dos lcxlos, rn;-is 1130 os lexlos eks mC:smos. A funçJo ele represcnl;1çJo deve ser entendida, neste conlcx lo, como sendo de nalurezil eminenlemenle rcfcrenci.::il: ;is unid;1dcs de umJ LD devem ser utilizadas como índices reb livos a assunlos lr,1L1dos nos lcxtos, nJo lendo, porl;mto, ,1 funç.:io de subslituí-los. Os produtos oblidos por meio d;i intcrmedia�:Jo d,1s LDs s3o, desse modo, gcncr:díz,111lcs. 1"130 se rcprcscnlao texto individual, 111,1s :1 cl:isse ck ;1ssu11lo Z1 qu,11 ele se refere. /\ m,iior ou menor espcciticid:1ck cio assunto a ser representado depende cb m,iior ou menor correspondência d,1 Ln com o sislcma nocional dos domínios de cspccialilbde. /\ssim, por mlcrméclio de um sislem,1 de clnssificaç.:io enciclopédico, tC'x los muito específicos sJn cbssificados cm classes de assunto mais gcr,.1is; a rcprcse11t,1çiio cll cspecificidilclc dos assunlos de L1is Lexlos é mais \'i,ívcl com o uso de uma UJ voltada, cspccificomcntc, porn o domí1110 correspondcnlc. 41 Os estudos das LDs têm avançado progressivamente, nc1 direção dc1 definiç3o dos constil uintes e de sué:ls in terrebções, ger;mdo vári.is lingu.igcns, de acordo com o domínio de es pecialidade. lsto, por um bdo, permite que a :í.rca se libere do monopólio das classificações universais; por outro, tem mostrado inúmeros problemcJ.s ligados n falta de rigor na construção de LDs. Tais problemas referem-se n clefiniç3o do conjunto de termos que comporJo c1 lista de descritores; n orgzrniznç:io dos termos nurn.1 rede pnradigrnátirn (úrvores d.1ssificatórias ou refações vertic.Jis) péirél reunir descritores; ao estabelecimento clé1 rrde sintagméltica (rclc1ções horizon tais entre descritores e mecanismos de sintaxe) para permi tir maior possibilidade de reprcsenlução de novos conceitos e a agilizaç3o na recupcraç3o de assuntos; à definiç3o das cha ves de acesso ao sistemo (compatibilizaçi:io ele linguc1gem usuário/sistema). 2.2 CONFICUR!\C,:/\0 0/\S LINGUA.CENS D0CUJ'v1ENTÁRIA':i 1\s LDs mais consistentes para a representação docu rncn Uiria dispõem de um vocahul;1rio que integra elementos, de um bdo, d:1 linguagem de especicJ.lidade e das termino logic1s e, lk outro, da LN que é a linguagem dos usuários. Essas unicbdes, acornp;rnhadas ou n.:io de urna notação, constituem o ''léxico" cbs LDs, denominadas, diferentemente, conforme o sistema e a époccJ., corno: pabvrzis-cbavc, descri tores, c.1beçzill10s de assunto etc. O vocabul6rio Jocumenló.rio tem por objetivo reunir unidades depuradas de tudo aquilo que possa obscurecer o 42 sentido: ambigüidade de vocábulo ou de construção, sinonímiél, pobreza informJ.tiva, redundâncizi etc. Além dis so, ek é fixado de tal f'ormJ. que seu uso, hem como su;:is relações estrut11r.:i.is szio codifirndos e não podem mudor ao sabor dos usuArios. Assim, chegJ.-se J. um instrumento re btivamente est;.ívd. Toda LD tem, também, uma sintJ.xe. Ela é bJ.stanle ru dimentar nos sistem<1s de cbssifirnção bibliográfiG1 (/ldd no tes, na CDD; uso ele + / , : na CDU, por exemplo) e m.iis desenvolvida nos tesauros, com 3 utilizaçzi.o de operc1dores boolcJ.nos. O esquema sintático de t1ma LO permite n deli miL1ção mais precisi.1 de um üssunto, por meio dzi combin.1- çAo de seus elementos. Nos sistemas de classifiG1ç.10 convencionais, 11.1011,í gr.111- de preoctqx1çâo com o controle do voc.1b1116.rio. J� freqüente a utiliz.:içno de frnses, como ocorre, por exemplo, na CDU. J(í nos tcsauros, a funçé'1o de controle do vocabul.írio está m.iis presente. Par.:i este fim, as LDs incorporam procedimentos de normnlizaç.'io grc1m.:1tical e sem5ntic.:i.. A normalização grzi matirnl refere-se à forma de apresentaçi10 dos seus elemen tos quanto .:10 gêm:To (geralmente masculino), <10 número (uso de singular ou plural) e ,10 gr.:1t1 (Par.:i. rnnis informa ções, ver Comes, 1990) ;\ norm;_ilizc1çi'i.o scmântirn procura garantir a univocicbck na rqJresentnção dos conceitos de éÍrens dr cspeci:1lidade, pm meio d.:1s relaçl>cs lógico-scmântic1s. O co1�junto noc:ion:11 b6sico é .:i.prcscntado cm hierar quias (na vertical), cm torno das quais se ngregam ;-1s uni d.:idcs informacionais que se relacionam liorizont .. 1lmente. Nenhuma llnidzide pode figurar n11ma LD sem que est�ji.l re lacionada a uma outrn unidade d.i mesma linguagem. 43 Nos t sauros, os dif'ercntes lipos de relações rnlrc as uni dades sZio 111.:iis clar.::nnente .:1prcsentados enquanto sistemas de classificaç.:io bibliogri.fficn, n5o raras vezes é1malgarnam, numa mesma hierarquia, rebções de natureza diferente. As varinçõrs na form,1 de ;1prcsent.1ção dns LDs devfm se ,1 m;iior Oll menor incorpornçi10 dos difcrrntcs Lipos ele rcbções existentes rntre .1s paléJvr:1s n;1 LN e rnlrc os termos de espccialid;cick. T;ris v:iri,1çôes exprimem, télmbém, o llli.lÍl)r Oll menor .:-1primornmento d.1 funç:io de reprcsenlaç5o documcntúrio. Algumas LDs foram construídas visimdo, principéllmcn te, il organização dos documentos rn1s fstnntes, sendo que sua funçJo de rcpresent.:içJo deve ser difcrenci:1da: a rcpre senlação nesse caso (.kvc ser entendidü como ,1 identiricaçi'io de documentos com cbsses genérirns de assuntos lradicio tlillmentc reconhecidos. A. estruturn b,ísic:1 de um.:1 LD é d:id:i por rebçõcs hie r{irquirns, que podem ser gcnéric;is, específirns ou parlilivns. ( rebções genéricas r relações p.1rtit iv.1s Sfr.10 t rati::idas no Cil pítu lo 3). O vértice de c:1cb liieLirquia é o gêmro ou o todo A.s suhdivisües sucessivas 11�1 liier.:irqui,1 constituem os rspécirs e/ou :1s p;1rlcs, qur podem, nov,1rncnle, se subdivi dir. As rebçc>cs hier,írcp1iG1s provêem as unidéldcs supcror Je11ndas e ,1s unidades subordin:1LL1s. Uni(bdcs subordinad,1s ,w mesmo vértice, quirndo no mesmo nível d.:i cadri,1, drno rninam-sc coordcnad;1s. Nos sistcmns de cbssific;1ção bibliogrMica, ,1 estrutura hicr;írquicJ é d:i(b pela not;1çc10 (decirmil, no c.::iso cb CDD e da CDU). O vértice d:is c;1deias hierJ.r(Juic,1s é constiluído J)l)l" disciplinas cunvcncion:lis que se subdividem sucessivamen- 44 Nos lesauros, os diferentes tipos de rebções enlre as uni dades são mais claramenlc apresent.1dos enquo.nlo sistemas de cl;issifiG1ç3o bibliográfica, n:fo r;_iras vezes amalgam;1m, num;_\ mesma hicr:irquia, rcbçõcs ele natureza difrrenle. As variações na form;_1 de ;�presenlaçi'io das Ll)s devem se ,1 m,1ior ou menor incorporação dos difrrentes tipos de rcbçõcs cxistentes cnlre as palavras na LN e enlre os lermos de cspeci;1lidade. ·1:lis variações exprimem, também, o maior ou menor aprimor:1mcnlu da função de rcprcscnlaç.10 documenlóri,1. Algum;_1s LDs for;1m conslruícbs visando, principzilmcn h:, A urg,miz,1çô:o dos clucumcnlos n.is cslantcs, sendo que sua funçôo de rcprcsentaç-:io deve ser dih:Tcnci,1da: ,1 rcpre scnlaçJo nesse caso deve ser cnlendid,1 crnno ;1 idenlif"ic1çJo ck documentos com classes genéric.is de assunlos lri1dicio n,1lmcnle reconhecidos. ;\ e:=;trulura lxísic;1 de uma LIJ é daLb pur rebçôes hie rárqlliG1s, que podem ser genériG1s, especffiG1s ou p;:irtitivas. (rd,1ções gcnéricns e rel:1ções p;irlil1v;1s scri'io lr;Jt<1Lbs no ca píl ulo 3). O vértice de cada liiernrquia é o gênero ou o todo. i\S subdivisões sucessivas n;-i liier,1rquia constitt1cm ;1s espécies e/ou ;:1s p,nles, que podem, ntJv;1rncnle, se subdivi dir. i\S relaçêks 1I icr6rquirns provêcm ;1s unid,1dcs st1pcrnr dcn�1di1s e as unicbdcs stliJordinndas. Unid;1des suhordin,Hbs <10 mesmo vértice, quandu no mesmo nívL·I c..b cncki;1, deno minam-se coordenadas Nos sistemas de classificnç3o bibliogrMica, a cslrnlura hier6rquica é dada pelei notaçzio (decimal, no caso d,1 CDD e da (DU). O vértici.> c.bs c1dcias Iiicrárquic<1s é constituído por disciplinas convencion;iis que se subdividem succssiv.imcn- 44 te. /\ indicação dos assuntos é feit;:i por meio ela notação nu mérica ou ;:ilfa-numérica, conforme o tipo de sistema. A organiz,1ção b6sica dos lesauros também é hicr:1rq11i c;1, existindo l,mtos vértices, que cqLiivalem a cbsses, quantos forem os aspectos escolhidos p.1ra org:mizar o domínio deespeci,1lic.bde. Nos tesauros mais modernos, tais vértices s?io denornin<.1dos Top Tcrms e não constil uem descritores, mas idcntific;1111 ,1s classes escolhicbs par,1 reunir os descritort's. Vi:1 de regra, são utilizadas not;içôes numéricas :1pcn:1s p.:ira apresentar as hiernrqui:1s b;isirns e suas princip;ús subdivi sões. Ji1is notaçc"ies, entrclzmlo, rar<.1rnenlc s5o utilizad,1s [Klri.l descrever o conteúdo dos textos 1\ lig<.1ç.°10 lógico-liicr:.írqui rn fntre descritores é, no u1so dos tesauros, mais cLir:1, uma vez que é ide11tific1c.b pelos códigos TG crermo Genérico ou ·rtrmo Geral), T[ ('[ermo Específico). Alguns tes:1uros utili zam, t1mhém, os códigos TCI' (Termo Genérico l\1rtitivo) e T[P crermo Específico P;:irtitivo) para aprcsc11l.:.1r ,1s rebçõcs hier,írquirns do tipo todo/1xirte. As LDs ;1prescnt;1m, aincb, unidades que si.io rebcion;_1- lbs ele form;1 n?io-liicrúrquic:1. As rcbções n::io-hinárquicas são, norm:1lmente, de11orninad,1s ;issocialivJs, muilo cml)l) r;i ni.io se poss:1 afirm:1r que :is rcl.içôes hier:'IrquiG1s também n:io o sc_j;m1. É preciso kmbr;ir, enlrcl:rnto, que :1s relações hier;írquic.1s representam :1ssociaçõcs m:iis esl:.íveis entre ti:T mos, cnqu.into que .1s relações nôo-hicr:.írquicas ex pressam outro gênero de proxirnic.bde entre os lermos Os rel;1cion:1- mcntos não-hier,írquicos indicam ;1 ligaç,10 entre termos que est?io cm campos semânticos distintos, porém próximos. Cacb termo relacionado pode se constituir no ponto de partid<1 p,ir:1 uma fomíli:1 de lermos aparentados. 45 A porlir das noções de geral/particular e de todo/parte, él aniílisc e.li-is rel.:1.çôcs liier{irquirns mostra, pelo menos, três tipos característicos: as rel;:1çõcs genéricas, as relações espe cífirns e é1S relações partitiv.1s que, como os nomes indic:un, marcam rebçõcs de oêncro llOrlanto o lohais ou ªL'r"i· c; 1·D_ t"> ' n t, n ., t: laçôes ck espécie, logo parliculan."s e relações de parir de um todo. i\s rel;ições genéricas definem-se como rebções liirr.:í.r quiG1s, basczidéls 11;1 idcnticbclc parci:11 do conjunto de Glrac terístic.1s cbs noc,_·ões superorclenacbs e subordinadas 11el.1s envolvidas. O gênero, nesse sentido, é entcnclido como no ção supcrordenada que cornporl;1 <-1s mesm,1s Cé1ractrríslic1s das noções subon!in,1d;is, a p:irlir dela. . J ,í as rebções específicas definem-se como reL\:Ões liier,írquicas su!Jordinacbs que, rilém de comp.1.rtilli,1r UZ!s mesmas ciraclerístiG1s da noção que lhes f superorden;:ida, Ziprcscnt.1, pelo menos, uma rnré1cterística .1. mais que as diferencia. l·\ noç,10 genfric1 impõe-se, portanto, como cortjunçJo de carnctcrístiG1s comuns, enqwmto que 3 noção espccffirn eslé1belece uma diajun�<fo, ,3 p,1rtir cb con_1t111çiio clé1da. /\ noção espccífic;i é, port;-rnto, urn.1 noçi:io subordinada que indicé1 a existência de uma dífercnçZl, cm f;Ke de um conjunto de carncterístic;is comuns. /\o mesmo tempo, aprc scnt1 élS car,1Clcrísliu1s comuns e, pelo menos, um,1 rnr.:1cte ríslica que a di/"crrnci,1 da noçJo gcnérirn Assim, por exemplo, ;io subdividir o conjunto dos mél míferos cm racion�1is e irrncil)n<1is, afirtné1-se, simultanea mente, a exislf'nci;1 de uma diferença. (r,3cion;1l e irr,1cional) sobre um plano comum ou semelhzmte (mamíferos) 52 A (marnikro) Supcrordcnação 1 (so.:melhança) 1 h e (racional) (irracio,wl) ,._ _______ ____. Coordc.:n:içiio Fig 2 - [squc111.1 iÍL' rel.içãv senérica. NoçClO gen0rica 1 Subordinação (diferenças) No�ões l:spccíficas Na rebçiio genfric:1, a supcrordena�:.10 caminh;:i cbs di ferenças para ,is semelhanças, ou sej,1, da espécie para o gê nero e, invers.1.mcntc, ;i subordi11;1ç."io cami11k1 das semclhan- v1s p;:ir;1 as diferenps, a partir d;:is primeiras, islo é, do gênero JJi.lI\J éJS espécies. Exemplificmdo: ;i noç5o de "embarcaçii.o" subclivide-se, segundo o "tipo", cm noções mais cspecífirns como a de iate, jangada, canoél, navio, chata etc Em rclaçJu é1 essas últimé1s, a noçJo específic1 "embarcação" é ;i noç3o s11perorclrn,1da. É <1 p .. 1rlir dessas relé1ções que se pode afirmar que iate é uma espécie de "cmharrnção; que ·'embarcaç;:io" {: um gênero; e que iate e canoa são noções coorden:id.is. .1,í a rcbç}o p:irliliva é um lipo de rclaç,10 hicrárquirn, n;:i qual a noção superordenada refere-se a um objeto consi der:1do corno um todo e as noções subonlin,1das a o�jctos consider,-1dos como suas pi1rles_ Em relaç.:io a "navio", a no ç3o de "casco" é um.:i noçJo específic.1 1x1rtiliva, denotando que n,1vio é umél noçfio rd"crentc ao Lodo (supcrorclenud.1.) e quc ,;G1sco" é urn.1 noç.'Jn rcCcrl'nte o. parte (subordinad.1). Do mesmo modo, él noç3o "convés" denota uma subdivisão 53 te. A. indico.ção dos o.ssuntos é feita por meio da notaç5o nu mérica ou alfo-nurnérica, conforme o tipo de sistema. J\ orgnnizaç5o b;.ísica dos tesauros também é hierúrqui c,1, existindo t;mlos vértices, que equivalem a ci,Jsses, qu;rnlos forem os aspectos escolhidos para orga.nizar o <lomínio de CSJ)('Cié.1licbde. Nos tes;rnros mais modernos, tais vértices s:=io denominados Top 'frrn1s e n5o constituem descritores, mos ic.knlificam .:is cbsses escolhi<las para reunir os descritores. Vi:i. de regra, são utilizadas notações numéricas apcn.is par.i ;1presrnlm as hier.irquias b.1sirns e stws principais su!Jdivi sôcs. "fois notações, entretanto, r:1ramentc silo utilizadas para descrever o conteúdo dos textos. J\ ligaçJo lógico-hier:irqui GJ entre Jescritorcs é, no rnso dos tesü.uros, mc1is cbra, umél. vez que é idcnlifiG1d.:.1 pelos códigos TG crermo Genérico ou ·1crmo Ccr:1!), TE (Termo Específico). Alguns lesauros tilili z;im, li.m1bé111, os códigos TCP (Termo Genérico P.:.1rlitivo) e TU' /Termo Específico Partitivo) 1x1ri.l aprcsenlm ,1s relnçôcs hicr.:írquirns do tipo lodoip.:.1rtc. As LDs aprrsenUun, c1inJa, unidades que s.iio relé1ciona das de forma nzio-hierzírquica. As rebções n50-hicr.:1rquic;.1s sã.o, norrn;:ilrnenlc, dcnomin<1cbs ;1ssoci.:.1Livas, muito cmho- ra n5o se possa afirmar que ,1s relações hiedrquicas também n:io o sej,1111. É prCL:iso km\Jr;1r, enlrcLrnto, que i!S rcbções llicr.:irquic;1s representam .:1ssociac;ões mnis esti.Ívcis entre ler mos, cnqu.1nlo que ,1s relações n.10-hierúrquic;is expressam outro gênero de proximidmk entre os lermos. Os rcbcion.:1- mcnlos n,10-liirr{irquicos indirnm a ligaçJo entre termos que esl3o cm campos semânticos distintos, porém próximos C1eb lermo relacionado pode se constituir no ponlo de partid,1 p�1r,1 uma fomília de lermos aparentados. 45 Nos sistemas de classificação bibliográfica, os relacio namentos não-hierárquicos, quando ocorrem, são erronea mente ''enrnixados" nas hierarqt1ias. É só nos tesauros que estas rebçõcs são explicitamente identificadas pelo código TR (Termo Relacionado). Adicionalmente, é1S LDs apresentam relações de equiva lência. Este tipo de relacionc1mento entre os termos permite a compatibilidade entre a linguagem do sistema e a do usu{i rio, operando no nível da sinonímia. Desse modo, criam-se as remissivas, indicc1cbs nos tesc1.uros pelas expressões USE (Use) e l!P (Usado Para), quase inexistentes nos sistemas de cbssificziç3o bibliogr6fica. As relações de equivalência reme tem o conjunto dos não-termos ou não-descritores para o conjunto dos termos ou descritores /\ finalidade dessas re missivas é encaminhar o usu(irio para os termos preferidos pelo sistem,1. Constitui-se, desse modo, um.1 chave de aces so ao sistema. O co1"Dunto de relações que constitui a estrutura do tesauro é "um elemento importante para que ele possa cum prir sua funç3o: ela permite ao usu(irio (indexador ou consulente) encontrar o(s) tcrmo(s) mais adcquado(s),mes mo si::m Si.lbcr, de início, o nome específico pc:ir;1 representar a idéia ou o conceito que ele procura. A p;1rtir de um termo que o l1Sllé1rio conhece, o tesauro, através de sua estrutura, mostra diversos outros que podem ser ti'io oportunos ou mnis do que aquele que lhe veio à mente" (Gomes, 1990, p.16). Vale ressaltar, ;1inda, que no uso das LDs, podem ser construídns novns relações entre os termos a partir do con junto de operadores sintfiticos disponíveis, como, por exem- 46 pio, as adcl notes, na CDD; + / : ::, no caso da CDU; opera dores booleanos, no caso dos tesauros. Uma vez elaboradas e postas em uso, as LDs mais desenvolvidas como os tcsa11ros, sJ:o permanentemente atuéJ lizildils, mediante operações de supressão de termos em de suso, re.:i.grupamento de descritores em funçiio ela existência de palavras raramente utilizadas e/ou adiçi'io de termos no vos. Só .:i.ssim as 1.Ds se rnJ.ntêm como instrumentos dinf\ rnicos capazes de incorporar os avanços do conhecimento e as modific.Jções de significado de lermos jú existentes. 47 3 Sistema nocional :\ todo e qualquer rnmpo de conhecimrnlo corresponde um conjunto Jc noções que lhe é próprio i\s .:íreas cspe cializad;is J,1 experiênci.1 humané:l elevem ler seu universo nocional dcvicbmenle identificado J partir de um dado pon to de vista, püra que seja possível organizó.-lo de forma sis temMicé!, 011 s�ja, inler--relacionada. Só a organização no cional de um;.1 5rrn permite ;:i ulilizaç5o de instrnrnentos eficazes para o tratZimento e recupcrnç5o cb informê!ç.:'io. A aus�ncio. de um sislemél de noções devidamente siste m�1lizado, invi;::ibilizo. o empreendimento de dar formZI a um conjunto de pahwms, nJ medida em que esharrn, neccss;::iria mentc, cm dificuldades é!dvincbs cb folta de comprecnsiio ou da compreensão incorretJ d�1s possibilicbdcs de relacionamen to entre terrnüs. Consickrzrnclo que as LDs, normalmente, funcionam a partir do controle do "vocabulário" ela áreZI, pode-se facil mente depreender que o sistemZI nocional de umcJ área cons titui-se em um pur5metro básico, ou em umJ viga-meslrn de sustentaçJo das LDs. 1\ssirn, na pró.tirn, êl aus0nciu de um sistema nocional compromete não só a indexação, mas também, é) economia 49 da próprio ntivicbde documentiiria, fragmenl;:111do-a com q11estões relativils ao significado e à compreensão dos ler mos. Além disso, nJo raro, as respostas às questões formu ladas submetem-se a varinções, segundo o entendimento CJllC cada indexador lem da .:írea, ou segundo o humor no morncnlo cbquek qt1e opera com a inforrnnçào, o que, fa talmente, introduz deformações, descaracteriznn<lo os ins lrumentos docurnent.:írios. Desta mancirc1, faz-se necessiirio estabelecer, a priori, que ,1 utilização ele qualquer LO supõe é1 explicitac,:Jo nocional da ;írca i1 que se refere e é1 su;i organiznç5o na f'orrnc1 de um sistema. Segundo a norma ISO 108 7, um sislcma nocion;il ckfi- 11e-sc como um '·conjunlo estrulurndo de noçôcs que rcflele as relações cslahclecidéls entre ,is noçôcs que o compõem e no qual cada noç5o é dctcrrninnda pela sua posiçào no siste ma". Nii.o hast;i, porlnnto, recuperar as noções, enurnernn do-,1s. É preciso ir além e estc1beleccr suc1s posições relativas, o que se oblém por meio da cklerminaç5o dc1s relaçôes que .1.s associam. J\ noção ou o co11ccito, por suo vez, define-se corno ·'unidade de pcns;imento constituído por propriedades co muns :1 um.:i cbssc de objetos"(ISO 108 7). Emborn n.10 estc j.:1rn lig .. 1déls é1 línguas específicas, ;is noções s5o express<1s por termos e símbolos, sendo influenci;idas pelo contexto sócio-cultt1r.:il. i\s noções, devidamente relacionadé1s, constituem, pois. o :1rcabouço fundarnent:1! parn ;:i organiz:iç5o de uma áreé1, na medicb em que pl)ssihililam um ponto de vislé1 rnuteric1- lizmlo no sistemc1 de noções, para o trabalho documfntário. 50 As relações entre as noções materializam o sistema de noções, que se express;:im, documentariamente, em relações hierárquicas e relações não-bierórquicJ.s. As relações hierárquicas são aquelas que se definem en tre noções subordinadas em um ou viírios níveis (]SO 108 7) Dilo de outra forma, as relações bied.rquic;:1s são aquelas que acontecem entre termos de um conjunto, onde cada ter mo é superior ao termo seguinte, por uma característica de natureza normativa No conjunto das relações hierárquicas, hú que se levar em conta o conceito de ordem e de subordinação i\ ordem deve ser observnd;:i como urn;:i superordennçiio que consiste na possibilid;:ide de subdivisão de uma noção hirr2írquica mais alla em um certo número de noções de nível inferior, chil madas noções subordinadas. É este processo de subdivis.'io que se denomina subordinc1c;ão. Invers<1rnente, a noçiio su bordinada é a noç5o que, num "sistem;i hierárquico", pode ser agrupada com uma cm mais noções do mesmo nível (no ções coordenadas entre si), pi.lra formar urna noção de nível superior (ISO 108 7), ou seja, umc1 superordenação . Supen>nknaç:10 r . ·\ > l b f ..._. - - - - - - - _.,.. 1 S" 'º"' ü,c,çáo Fig 1 - Esqurma de rdaçôi:5 hierárquicas. 51 , \ 1'·" 111 .J.1:-. 11oi;ões de geral/pnrticular e de todo/parte, a ,::mj!ise dns 1Tlações hicrúrquicas mostra, pelo menos, três tipos c;1racterísticos: as relações genfricas, as relações espe cífirns e as relações p<1rtitiw1s que, como os nomes indic.:un, mé11rcam rcb<;ões de gênero, portanto glolx1is ou gerais, re ];1\·ôcs de espécie, logo particulares f relações de parte> de t1111 l\1du. As relaçêSes genC'ricas definem-se como relações hier,ír quicas, baseadíl.s na identid;1dc parcial do conjunto de carac tfríslicas das noções supfrorden.:1d.1s f subordinadas nelas envolvidds. O gênero, nesse sentido, é entendido como no çJ.o superordcnada que comporta as mesmas carc1clerístic1s dDs noçc"5cs subordin.:1das, i1 p,irtir dela Jj as reiaç("5cs t?specíficas definem-si? como relações hicrúrquirns subordina<l;:is que, .:ilém de cornpmti\11ar c_fas mcsm.:is característic;1s da noçi.i.o que lhes é supcronlcnada, e1prescnL:i, pelo menos, urna car,1ctcrística a mais que as di fercncia. J\ noç.'io genérica impõe-se, portanto, como conjunçJo de car;1cteríslicas comuns, enqtwnlo que a noçJo espccífirn esta!Jekce urna disjunç.'io, a partir d,1 co11il111çiio dada. A noç,10 cspecífic1 é, pl)rtrn1 to, uma noção subordi nnda que indica a cxislênciél de uma diferença, cm focc de um corüunlo de características comuns. 1\0 mesmo tempo, ;.1prc senta as características comuns e, pelo menos, uma caracte rísticél que a di!crcnci,1 da noçi'io genérica. Assim, por exemplo, ao subdividir o conjunto dos rna mífcros cm racion:1is e irracionais, élfirmél-se, sirnultanca mcnte, a existênci;i de uni;1 difcrenp (r;1cionc1I e irr,,cional) sobre um plano comum ou scmclh.:rntc (mamíferos). 52 Supcrordcnação 1 scmel lwni;a) /\ (mamíkrn) r (racional) (irracional) .-----------. Coordcnai;ão Fig 2 - Es,1uc11w de rclaçiio genérica. Noçiio genérica 1 Subordinação ( di fcrcnças) Na relação genérica, a superordenação caminha d.1s diferenças para as semelhanças, ou seja, dil espécie pélr,1 o gênero e, inversamente, a subordinaçJo caminha das semelhanças pdra as diferenças, a partir das primeiras, isto é, do gênero para as espécies Exemplificando: a noçJo de "embarcaçJo" subdivide-se, segundo o "lipo", em noções m,lis específicas como a de iate, jangada, canoa, navio, chata ele. Em relação a essas últimas, a noçJo específica "embarcação" é a noçJo superordenmb. É a p.Jrlir dessas relações que se pode afirmar que iate é uma espécie de "embarc1çJo;
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